ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL
Ano 21 – No 79 – novembro de 2012 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical
Trabalhador pressiona patrão e
conquista aumento real
Com mobilização nas empresas,
os trabalhadores fecharam
acordos prevendo índices
de reajuste de até 10%
e 3,36% de ganho real
.............................................................................. págs.
6e7
Conjuntura
econômica
O governo prepara
mudanças na economia
para reativar o crescimento
e gerar empregos
. ........................................................................ pág.
MEMÓRIA SINDICAL
Fundado em 1932, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo
tornou-se uma referência na luta dos trabalhadores . ...............................pág.12
Hoteleiros – Os empregados
em hotéis nas cidades onde serão
realizados os jogos da Copa do
Mundo estão procurando outras
atividades por causa dos baixos
salários pagos pelo setor
..............................................................................................................pág.
5
3
O balanço é positivo, mas há grandes desafios
A
Bob Wolfenson
Força Sindical, e suas
Reforçamos a unidade ao
entidades filiadas, enchamar as demais Centrais,
frentaram grandes desafios
empresários e políticos para
este ano, que fortaleceram
engrossar a luta contra a deas relações entre a nossa
sindustrialização, pelo corte
Central e suas bases, estreide impostos e pela redução
tou ainda mais a unidade na
dos juros, entre outras proluta do movimento sindical e
postas. O governo Dilma
confirmou as Centrais como
Rousseff atendeu quase toda
uma das principais interlocua Agenda Econômica Trabatoras da sociedade nas ne- Paulo Pereira da Silva (Paulinho) lhista. Porém, ela tratou o
gociações com o governo.
movimento sindical com desPresidente da Força Sindical
Com organização e luta, a
caso, pois sempre se recuForça Sindical e os Sindicatos alcançaram
sou a receber e a dialogar com os repreimportantes vitórias. Promoveram campasentantes dos trabalhadores.
nhas salariais que resultaram na ampliação
Nossa luta envolveu a sociedade. Code benefícios e na conquista de aumento
meçou em abril com manifestações em
real. Pesquisa do Dieese mostra que 98%
várias cidades do País, exigindo do
das negociações salariais acabaram em
governo medidas para impedir a
acordos com ganho real de salário. Foi um
importação desenfreada. Em frendos melhores desempenhos dos Sindicate à Assembleia Legislativa de São
tos nas últimas décadas.
Paulo, o ato reuniu 80 mil trabalha-
dores. Houve também passeatas dos metalúrgicos na Rodovia Anchieta, atos pela
redução da jornada de trabalho sem o corte
nos salários. Digno de registro foi o ato no
Congresso Nacional, que culminou com o
enterro simbólico do Fator Previdenciário.
Mas a luta continua. Temos de pressionar
o Congresso para garantir a extinção, ainda
este ano, do Fator Previdenciário, que reduz o valor das aposentadorias. Para 2013,
o maior desafio será emplacar a pauta trabalhista, pressionando patrões e governo.
Além do fim do Fator, precisamos fortalecer ainda mais as entidades sindicais,
manter a unidade para garantir e ampliar
os nossos direitos e aprovar no Parlamento a jornada de 40 horas semanais.
expediente
FUNDADOR:.......................... Luiz
Antonio de Medeiros
PRESIDENTE:....................... Paulo
SECRETÁRIO-GERAL:....... João
TESOUREIRO:....................... Luiz
pereira da silva (paulinho)
Carlos Gonçalves (Juruna)
Carlos Motta
artigo
Terceirização na construção
pesada
de empregos formais no setor, o Ceará continua enfrentando o problema da
terceirização, que, no nosso entendiemos tido, nos últimos anos, um mento, só vem aumentar a precarizaacréscimo significativo no volume ção das relações laborais pela redução
de obras de infraestrutura em nosso de salários e pela falta de qualificação
País. No Estado do Ceará, as principais profissional, além da piora nas condiobras, hoje, são: a reforma do Estádio ções de saúde e segurança.
Combater a terceirização é papel
Castelão, a Usina Termoelétrica Pecém
e a Companhia Siderúrgica Pecém, fundamental dos órgãos competentes, mas, infelizmente,
além das obras do PAC (Transnão temos exemplos
nordestina, Eixão das Águas,
de mudanças prátiMetrofor e Saneamento).
cas para citar, além da
Estes são os projetos resconstante e intensa
ponsáveis pela grande geraluta sindical. O Sinteção de empregos no setor da
pav-CE atua de forma
construção pesada em nosso
incisiva para garantir
Estado. Segundo dados da
que as empresas terRAIS/MTE, o número de traceirizadas sejam alberbalhadores formais em 2011,
gadas pela CCT e ACT,
com relação a 2010, teve um
e, passem a cumprir as
aumento de 9,21%.
Raimundo Nonato Gomes
normas legais, como
Embora tenhamos obtido Presidente Sintepav-CE
os direitos trabalhistas.
bons resultados na geração e da Força Sindical-CE
Arquivo Força Sindical
T
2
jornal da força sindical — no 79
www.fsindical.org.br
conjuntura econômica
é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICAL
Rua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010 – Fone: (11) 3348-9000 – S. Paulo/SP – Brasil
Diretor responsável:............. João
Carlos Gonçalves (Juruna)
Diniz (MTb: 12967/SP)
EDITOR DE ARTE:............................ Jonas de Lima
Redação:......................................... Dalva Ueharo e Val Gomes
revisão:........................................... Edson Baptista Colete
AssistenteS:.................................. Fábio Casseb e Rodrigo Telmo Lico
Jornalista responsável:...... Antônio
Governo adota agenda econômica das
Centrais
P
or determinação da Presidência da
República, o Ministério da Fazenda
pretende mudar a condução da política econômica com o objetivo
de acelerar o desenvolvimencesso da luta estará ligado
to do País, o crescimento do
ao nível de mobilização e de
Produto Interno Bruto (PIB) e
organização dos trabalhadovalorizar o trabalho, como deres, além da representativisejam a sociedade e as Cendade de seus Sindicatos.
trais Sindicais.
Portanto, o momento é
O tripé que sustentou a
adequado para mudanças
economia nos últimos anos
na condução da economia.
— câmbio flutuante, supeSegundo o economista da
rávit primário das contas púsubseção Dieese da Força
blicas e sistemas de metas Danilo sugere privilegiar
Sindical, Airton dos Santos,
para a inflação — dá sinais de o crescimento e o emprego
há indícios de que o governo
esgotamento, razão pela qual
vá flexibilizar a política econão responde mais aos anseios dos traba- nômica. Ele citou a redução sistemática
lhadores brasileiros. É que a economia não da taxa básica de juros (hoje em 7,5% ao
sai do lugar, patina, apesar de o desempre- ano), a desvalorização cambial e o incrego ter se mantido em queda.
mento do investimento estatal. O corte
dos juros, na medida em que diminui a
quantidade de recursos necessários para
Hora de mudar
Caso as mudanças sejam bem-suce- rolar a dívida pública, gera poupança para
didas, os trabalhadores poderão se be- o Estado aumentar seus investimentos.
Estas iniciativas, aliadas às medidas de
neficiar do processo, pois haverá mais
empregos e um melhor cenário para a estímulo ao crédito e de proteção à indúsnegociação salarial e para a conquista de tria nacional, adotadas pelo governo em
benefícios sociais e trabalhistas. O su- resposta aos apelos do movimento sindiArquivo Força Sindical
editorial
cal, deverão fazer o PIB evoluir
em torno de 4% em 2013, bem
acima do crescimento econômico de 1,5% esperado para este
ano. “É melhor conviver com um pouco
mais de inflação, desde que haja crescimento, geração de emprego e renda”, observa o presidente da Força Sindical-SP,
Danilo Pereira da Silva.
Investimento
Daqui para a frente, o governo Dilma
Rousseff sinaliza que a ordem é alavancar
o investimento produtivo para promover
o crescimento, em contraposição aos estímulos à demanda (consumo), que sustentaram o aquecimento da economia até
dias atrás. Para Airton dos Santos, consumo e investimento devem crescer juntos,
utilizando o potencial do mercado interno
num contexto de crise internacional e desaquecimento da economia chinesa.
Para o economista do Dieese, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
e o Programa de Investimentos em Logística (PIL), são indicadores de que o governo alterou sua posição em relação ao investimento público e, portanto, à política
fiscal neutra.
Tiragem desta edição: 10.000 exemplares
DIRETORIA EXECUTIVA:
Melquíades Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Almir Munhóz, Paulo Ferrari,
João Batista Inocentini, Levi Fernandes Pinto, Abraão Lincoln, Luiz Carlos Pedreira,
Wilmar G. Santos,Terezinho Martins, Ivandro Moreira, Maria Augusta S. Marques,
Sérgio Luis Leite (Serginho), Valclécia Trindade, Edson Geraldo Garcia, Francisco Sales,
Miguel Padilha, Minervino Ferreira, Herbert Passos, Nilton S. Silva (Neco), Antonio Vítor,
Geraldino Santos Silva, Mônica O. Lourenço Veloso, Oscar Gonçalves, Carlos R. Malaquias,
Antonio Farias, Luciano M. Lourenço, Cícero Firmino (Martinha), José Pereira, Ari Alano,
Nelson Silva de Souza, Arnaldo Gonçalves, Cídia Fabiane C. Santos, Elvira Berwian Graebin,
Paulo Zanetti, João Peres Fuentes, Cláudio Magrão, Maria Auxiliadora, Maria Susicléia,
Jeferson Tiego, Francisca Lea, Vilma Pardinho, Gleides Sodré Almazan, Adalberto Galvão,
Maria Rosângela Lopes, Ruth Monteiro Coelho, Raimundo Nonato, Severino Augusto da Silva,
José Lião, Lourival F. Melo, Mara Valéria Giangiullio, Neusa Barbosa, Evandro V. dos Santos,
Reinaldo Rosa, Antonio Silvan, Defendente F. Thomazoni, Valdir Lucas Pereira, Carlos Lacerda,
Antonio Johann, Ezequiel Nascimento, Elmo Silvério Lescio, Leodegário da Cruz Filho,
Daniel Vicente, Manoel Xavier, Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira, Mauro Cava,
Milton Batista (Cavalo), Núncio Mannala, Luis Carlos Silva Barbosa, Moacyr Firmino dos Santos
Brasil: taxas de crescimento do PIB e do emprego formal
2003 a 2011
(%)
Propostas do movimento
sindical adotadas pelo
governo federal
• Desvalorização cambial
•R
edução drástica dos juros
•A
umento do índice de nacionalização
da produção automotiva
FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS: (presidentes)
Albegemar Casimiro Costa (AL), Aldo Amaral de Araújo (PE), Alexandro M. Costa (ES),
Antonio do Amaral (RO), Carlos Augusto M. de Oliveira (TO), Danilo Pereira da Silva (SP),
Cláudio R. Guimarães Silva (Janta) (RS), Epaminondas Lino de Jesus (DF), Nair Goulart (BA),
Fabrício Dourado Gonsalles (PI), Francisco Dal Prá (RJ), Francisco de Assis Torres (RN),
Idelmar da Mota Lima (MS), Irani de Oliveira Nunes (AP), Ivo Borges de Freitas (PA),
José Porcino Sobo (PB), José Ribamar Frazão Oliveira (MA), Luiz Anute dos Santos (AC),
Manoel Antonio dos S. Santana (RR), Manoel de Souza (MT), Osvaldo Olavo Mafra (SC),
Raimundo Nonato Gomes (CE), Rodrigo Alves Carvelo (GO), Rogério Fernandes (MG),
Sérgio Butka (PR), Vicente de Lima Fillizola (AM), Willian Roberto Cardosa Arditti (SE)
roteção comercial diante de produtos
•P
importados
im da ‘Guerra dos Portos’
•F
•A
umento da competitividade
da empresa nacional
AssesSORIA Política:
Antonio Rogério Magri, Hugo Perez, João Guilherme Vargas e Marcos Perioto
• I senção e redução tributária
ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL em BRASÍLIA:
•D
iminuição da dívida pública
em relação ao PIB
o
SCS (Setor Comercial Sul) – Quadra 02 – Ed. Jamel Cecílio – 3 andar – Sala 303
ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Telefone: (61) 3202-0074
Fonte: IBGE e MTE-CAGED
• I ncremento do investimento estatal
(PAC/PIL)
novembro de 2012
3
legislação
Luta faz a
renda crescer
4% no primeiro
semestre
Arquivo Força Sindical
Competitividade
Força Sindical repudia
a proposta de flexibiliSegundo o instituto, “um
zação da Consolidação
país torna-se competitivo
das Leis do Trabalho (CLT),
quando possui um sistema
por meio da qual passa a vafinanceiro a serviço do finanler o princípio de que o neciamento do capital de giro,
gociado prevalece sobre o lee de longo prazo, com taxas
gislado. Na prática, busca-se
de juros acessíveis; redes
atacar os direitos trabalhisde institutos de pesquisas e
tas e sociais conquistados ao
universidades voltadas para
longo de anos de luta.
o desenvolvimento técnico e
Juruna: o momento é de
A matéria está em análi- luta pelo fim do Fator
tecnológico; população com
se na Casa Civil. O governo
alta escolaridade; trabalhaargumenta que o objetivo é aumentar
dores especializados e infraestrutura dea competitividade do País. Para o movisenvolvida”.
mento sindical, a proposta vai abrir uma
Para o secretário-geral da Central, João
brecha na CLT, e será capaz de impulsioCarlos Gonçalves, o Juruna, o momento
nar um processo generalizado de corte
também não é oportuno para este debade direitos.
te, pois as principais bandeiras dos traPara o Dieese, o diferencial da compebalhadores são: o fim do Fator Previdentitividade dos países não está no custo
ciário, a desoneração de tributos sobre
da mão de obra. Se assim fosse, os Esa Participação nos Lucros ou Resultados
tados Unidos e o Japão estariam entre
(PLR) e a redução da jornada de trabaas nações menos competitivas do munlho, sem o corte nos salários. “Nossa
do, pois o custo desses países está enprioridade é negociar a pauta trabalhista
tre os maiores do planeta.
elaborada pelas Centrais”, disse.
O
jornal da força sindical — no 79
rendimento dos trabalhadores
contabilizou aumento real de
4% de janeiro a setembro de 2012 nas
seis principais regiões metropolitanas
do País, segundo dados da Pesquisa
Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
A comparação é com o mesmo
período do ano passado.
Em um quadro marcado por
desemprego baixíssimo, e por
uma economia com crescimento
insignificante, a renda cresceu acima
da inflação na indústria (4%), no
comércio (4%), na construção civil
(5%), nos serviços domésticos
(8,1%) e nos chamados outros
serviços, que incluem alojamento,
transporte, limpeza urbana
e serviços pessoais (4,5%).
O rendimento na indústria sobe
com força neste ano, mesmo com
o desempenho capenga do setor.
De janeiro a setembro, a renda dos
trabalhadores teve um aumento real
de 4%, a despeito de a produção
industrial ter recuado 3,5%
no período.
Na opinião do presidente
da Fequimfar, Sérgio Luiz Leite,
o Serginho, a renda tem evoluído
por causa da organização e da
luta dos trabalhadores durante a
Campanha Salarial. “Levantamento
do Dieese
mostra que
97% dos 370
reajustes
analisados
ficaram acima da
inflação aferida
pelo INPC
no primeiro
semestre
deste ano”,
Serginho: o Dieese
comprova o desempenho
lembra.
O
Arquivo Fequimfar
Jaélcio Santana
manifestação
A Força Sindical, e as demais Centrais, realizaram um ato em solidariedade aos
trabalhadores e sindicalistas europeus que fizeram greve geral no dia 14 de
novembro. O ato foi realizado em frente ao Consulado Geral da Espanha. Segundo
João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, é inadmissível
que, para combater a crise, os trabalhadores percam seus empregos e direitos.
“A solução para os problemas enfrentados pelos trabalhadores não só europeus,
mas do mundo inteiro, passa pela unidade de ação demonstrada neste ato.”
Empregado à
procura de novas
oportunidades
SALÁRIO
s trabalhadores do sePlano Brasil Maior
tor de hotelaria em
Os dirigentes sindicais cicidades onde serão retaram o baixo salário como
alizados os jogos da Copa do
principal desafio da categoMundo, como Rio de Janeiria, ao comentarem a notícia
ro, Belo Horizonte e Recife,
de que a Federação Brasileiestão migrando para outras
ra de Hospedagem e Alimenatividades por causa dos
tação (FBHA) reivindicou a
baixos salários pagos pelas
inserção dos bares, restauempresas do setor. Segunrantes e similares no Plano
do apurou o “Jornal da Força Hélio: o pessoal tem ido para
Brasil Maior, desenvolvido
Sindical”, o piso salarial varia as usinas de cana-de-açúcar
pelo governo e negociado
de R$ 651,00 a R$ 750,00
com empresários e trabalhanos Estados e cidades que abrigarão es- dores para alavancar vários setores ecotas competições esportivas.
nômicos, principalmente a indústria.
Por isso, os profissionais da hotelaria
“Os funcionários da hotelaria, que trabuscam novas oportunidades, que pa- balham sete dias por segam salários mais generosos, no comér- mana, estão indo para oucio, usinas de cana-de-açúcar, constru- tros setores para ganhar
ção civil, setor químico e indústria naval. mais. As mulheres têm
É avaliação comum entre os dirigentes dois domingos de folga
sindicais que: “quem está dentro (tra- no mês e, o homem,
balhando no hotel) quer sair, mas quem uma folga”, afirmou
está fora não quer entrar”.
Os salários são baixos, mas os
gastos com a produção visual dos
empregados em hotelaria são altos, enquanto em outras profissões estes custos são bem menores. É o caso do servente de
pedreiro, que pode ganhar R$ 1,2
mil, bem mais do que o empregado em hotelaria.
Em duas grandes cidades, Belo
Horizonte e Rio de Janeiro, por
exemplo, o piso salarial dos hoteleiros chega a R$ 700,00. A informação é dos vice-presidentes
dos Sindicatos dos Hoteleiros
de BH e RJ, Antenor Pinheiro de
Souza e Conceição Cassiano.
Arquivo Força Sindical
Flexibilizar a CLT é atacar
os direitos trabalhistas
A
4
www.fsindical.org.br
HOTÉIS
Conceição, do Sindicato do Rio de Janeiro.
A defasagem salarial é tão acentuada em
Campo Grande (MS) que os trabalhadores
estão se transferindo para o comércio e
para as usinas de cana-de-açúcar, revelou
Hélio Amâncio Pinto, presidente do Sindicato dos Hoteleiros da cidade. O piso da
categoria é de R$ 671,00.
Nordeste
No Recife existem quatro pisos, e a média deles é R$ 690,00, disse Antonio Noronha de Andrade, vice-presidente do Sindicato da categoria. Em Natal, o presidente
do Sindicato, José Cruz Lemos, disse que
70% da categoria ganha R$ 662,00, e 30%
recebe R$ 1.800,00.
Em Ribeirão Preto, os patrões não
acham mão de obra disposta a trabalhar
nos hotéis porque o valor do piso (R$
750,00) não atrai pretendentes. “Os empresários recusam sistematicamente reajustar os nossos salários”, declarou Donizete da Silva, presidente do Sindicato.
Já Eurípedes Balsanufo Cruzeiro, presidente do Sindicato dos Hoteleiros de
Caldas Novas (GO), contou que tem
lutado para aumentar os salários, cujo
piso é R$ 651,00, mas os patrões têm
se mantido irredutíveis, alegando elevação de custos.
novembro de 2012
5
www.fsindical.org.br
campanha salarial
Trabalhador pre ssiona e conquista
Alimentação
Os 150 mil trabalhadores do setor de
Plúrimo conquistaram reajuste de 8%, em
ação da Fetiasp (Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação do Estado de SP), presidida por Melquíades de
Araújo, e Sindicatos filiados. Conquistaram
piso de R$ 1.012,30, cesta básica de R$ 70
e cláusula para as empresas implantarem
PLR até fevereiro.
A Fetiasp e os sindicatos filiados fecharam um dos melhores
acordos salariais neste ano no
Brasil, segundo Wilson Vidoto
Manzon, secretário-geral da entidade. Por exemplo, para quem
recebe o piso, que é de R$
1.165,00, o ganho anual chega a
R$ 10.406,70, ou seja, aproximadamente nove salários a mais no
ano. Para Melquíades de Araújo, presidente da Fetiasp, as
conquistas obtidas mostram
que é importante manter a caAssembleia dos metalúrgicos aprova as propostas negociadas com os grupos da Fiesp
6
jornal da força sindical — no 79
Araújo diz que o acordo
com a Nestlé foi um dos
melhores do País
Semestre passado
é exemplo para
comerciários
P
tegoria mobilizada. O reajuste salarial foi
de 7,8% e a PLR é composta de 98% do
salário nominal mais uma parcela fixa de
R$ 4 mil. Isso significa que a menor PLR
será que R$ 5.141,70.
Os trabalhadores do setor de massas e
biscoitos, em luta do Sindicato dos Empregados em Empresas de Industrialização
Alimentícia de São Paulo e Região, conquistaram reajuste de 8,5%. O Sindeeia,
presidido por Carlos Vicente de Oliveira,
negocia agora acordo na BrFoods.
Vigilante/Edifícios
O SindForte, presidido por
João Passos, conquistou reajuste de 6,36% para os salários em geral. O piso do vigilante de transporte de valores
no Estado de SP chega a R$
2.822,29 (já incluso adicional
de risco de vida de 30%). O
reajuste para administrativos
e Sala de Valores: 10,98%. O
tíquete-refeição passa para
R$ 19,25. Vigilante de carro-
forte mantém o direito a dois tíquetes adicionais/mês. O acordo beneficia em torno
de 10 mil trabalhadores em todo o Estado.
Os trabalhadores do setor de Edifícios
conquistaram 10% de reajuste nos pisos,
8% nos salários acima dos pisos, 23% no
valor da cesta básica e tíquete refeição
de R$ 5. A mobilização foi conduzida pelo
Sindifícios, presidido por Paulo Ferrari.
Químicos
Com 115 mil trabalhadores na base, a
Fequimfar e seus Sindicatos filiados fecharam acordo com os patrões
prevendo aumento de 9,55%
no piso salarial da categoria,
o que corresponde a 3,36%
de ganho real, na data-base,
informou o presidente da
entidade, Sergio Luiz Leite.
Para os empregados com salários mais altos, o aumento
chegou a 7,8% (aumento real
de 1,71%), enquanto a PLR
será reajustada em 13,7%
Dorneles fechou acordo com
(ganho real de 7,27%).
2% de aumento real
ara Luiz Carlos Motta, presidente
da Federação dos Comerciários do Estado
de SP, o balanço das negociações do primeiro
semestre vai balizar a campanha salarial
dos 2,5 milhões de comerciários. Os práticos
de farmácia de São Paulo conseguiram
6,5% de reajuste, e os comerciários de
concessionárias reajuste de 8,5% e avanços,
como garantia de emprego ao portador de HIV.
Nilton Souza da Silva, o Neco, presidente
do Sindicato dos Comerciários de Porto
Alegre, dirige a luta dos 116 mil comerciários
por aumento real. “Defendemos também a
regulamentação da profissão, o fim do Fator
Previdenciário e melhores condições de vida
para a categoria”.
Daniela Sandi, economista do Dieese do
Sindicato, diz que o consumo forte medido
pelo crescimento da renda e a oferta de
crédito apontam o bom momento para
aumentos salariais.
O crescimento do
emprego no comércio
também evidencia o
quadro positivo.
“Para o próximo ano
estão previstos
aumentos do piso
regional, que valoriza
o trabalhador, e a
continuidade da
política de salário
Motta: campanha reúne
mínimo nacional”.
2,5 milhões de comerciários
novembro de 2012
7
Arquivo Força Sindical
Tiago Santana
entidade, e técnicos do Dieese, para avaliar as campanhas pelo Brasil afora. “Precisamos estar bem informados para fazer
uma campanha forte, com participação
efetiva de todos”, diz Luiz Carlos Miranda,
presidente da entidade.
A presidenta do Sindicato dos Metalúrgicos do Vale do Sapucaí, Maria Rosângela
Lopes, destaca o reajuste de 8% na Mega
Cabos, de Cachoeira de Minas, com manutenção das cláusulas, PLR e alimentação
sem desconto na folha de pagamento.
André Nojima
O
no piso e na PLR. “Um protess 800 mil metalúrgicos,
to de duas horas sacramenrepresentados pela Fetou a vitória”, diz o presidente
deração dos Metalúrgida Federação dos Metalúrgicos do Estado de SP, fechacos do Paraná, Sérgio Butka,
ram quase todos os acordos
junto nas negociações com
com os grupos patronais,
o Sindicato dos Metalúrgicos
prevendo aumento salarial
de Irati. Os metalúrgicos de
de 8% de reajuste salarial,
Curitiba conquistaram nas
abonos, benefícios e outras
autopeças reajuste de 8,75%
conquistas com os grupos
(aumento real de 3%).
patronais. “Avançamos por Miguel: foi preciso
causa do forte apoio nas por- ameaçar fazer greve
tas de fábrica”, diz Cláudio
Gravataí
Magrão de Camargo Cre, presidente da
O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí
Federação. “Foi preciso muita pressão e conseguiu 7,5%. “Isto representa 2% de
avisar que a categoria faria greve nas em- ganho real”, diz o diretor Edson Dorneles.
presas dos grupos que ainda não haviam
O Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão
apresentado proposta”, ressalta Miguel lançou o slogan “Caititu fora da manada é
Torres, presidente do Sindicato dos Meta- papá de onça”, que, para Carlos Albino, inlúrgicos de São Paulo.
centiva a categoria na luta pelo reajuste.
Os metalúrgicos da Yazaki, em Irati, conO Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinquistaram aumento real de 3% e avanços ga (MG) reuniu diretores e advogados da
Arquivo Fetiasp
As categorias intensificaram a luta e fecharam bons acordos salariais,
nos quais prevaleceram a reposição da inflação e aumento real.
Assim, os sindicalistas repetiram o cenário do primeiro semestre,
em que 97% dos acordos negociados ficaram acima da inflação.
trabalho infantil
Persistem os ataques contra a
O Sindicato tem
de entrar nesta luta
A
Eduardo Metrovich
com relação à situação de trabalho infanto-juvenil no âmbito doméstico. “Nossas
crianças e adolescentes têm de estar na
escola”, diz Vilma.
Dados de 2010 da OIT revelam que há
250 milhões de crianças trabalhando no
mundo, sendo que 150 milhões estão
envolvidas em alguma forma de trabalho
perigoso. Geir Myrstad, diretor-adjunto
do Programa Internacional para a Erradicação do Trabalho Infantil da OIT, afirmou
que o Brasil tem sido um exemplo para o
mundo inteiro por ter “um sistema de tribunais do trabalho, parte preponderante
desta história de avanços na luta contra o
trabalho infantil”.
ocupação
Total de comerciárias supera
o de domésticas no País
P
jornal da força sindical — no 79
Na opinião do sindicalista, a redução do
fluxo migratório dos mais pobres das
regiões Norte e Nordeste também conEnsino – A universalização dos ensinos
tribuiu para a diminuição do trabalho
médio e básico também foi fundamental para
doméstico.
a redução do trabalho doméstico, pois cada ano de estudo
Neco entende que o aucorresponde a um aumento de
mento da escolaridade, e
15% no salário médio. As mua fixação das populações
lheres já representam 51,5%
em suas regiões de origem,
da população brasileira (100,5
devem-se aos projetos de
milhões, de um total de 195,2
desenvolvimento do País inimilhões de pessoas), segundo
ciados pelos governos, princia Pnad. Mas ainda pertencem
palmente a partir de meados
ao grupo com maior dificulda década de 1980. Outros
dade para encontrar trabalho
fatores que também contri(59% dos desocupados, em
buíram foram a implemen- Neco: o resultado já era
2011, eram mulheres).
tação de políticas públicas esperado pelos Sindicatos
Arquivo Força Sindical
ela primeira vez a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad/
2011) , do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprovou
que o trabalho doméstico deixou de ser
a principal ocupação das mulheres brasileiras. O maior empregador passou a ser
o comércio. O percentual de domésticas
caiu de 17% para 15,7% das trabalhadoras, de 2009 a 2011. Já o de mulheres no
varejo subiu de 16,5% para 17,6%.
Segundo o presidente do Sindicato
dos Comerciários de Porto Alegre, Nilton Souza da Silva, o Neco, o resultado
da pesquisa já era aguardado pelo movimento sindical em razão do aumento
da escolaridade da população brasileira.
de distribuição de renda, o
programa de aumentos reais para o salário mínimo e a
valorização do trabalho. “Assim, a mulher é estimulada
a estudar para conseguir um
emprego decente”, destaca o
dirigente dos comerciários.
A saída é pressionar o
Congresso Nacional para
Tiago Santana
organização sindical
Jaélcio Santana
rigentes e assessopesar de o trabalho infantil ter caíres sindicais. Temos
do para 8,6% em 2011, ainda trabaque ter força para
lham no País cerca de 3,7 milhões
cobrar fiscalização
de crianças e adolescentes de 5 a 17
e soluções para o
anos, segundo dados da Pesquisa Nacioproblema”, diz Gleinal por Amostra de Domicílios (PNAD) do
des. Durante a Copa do Mundo, em 2014,
IBGE. A secretária nacional de Políticas
e as Olimpíadas, em 2016, Gleides sugere
para a Criança e o Adolescente da Forum “olhar muito focado” na proteção, preça Sindical, Gleides Sodré Almazan, que
venção e enfrentamento das
prefere a expressão “criansituações de trabalho infantoças e adolescentes em sijuvenil e de violência sexual
tuação de trabalho”, diz que
nas áreas de influência das
diversos setores da socie“grandes obras”.
dade têm responsabilidade
A 1ª secretária nacional
para acabar com a explorade Políticas para a Criança
ção, como governo, empree o Adolescente da Força
sários e movimento sindical.
Sindical, Vilma Pereira Pardi“Nossa contribuição é parnho, defende também a inticipar dos debates, dos divertensificação do trabalho de
sos órgãos de defesa da crianconscientização da classe
ça e do adolescente e das Gleides: a responsabilidade
trabalhadora e das famílias
oficinas de capacitação de di- é de todos
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PRÁTICA ANTISSINDICAL
aprovar projeto de lei,
elaborado pelas Centrais
Nair: empresas e Estado
perseguem os trabalhadores
T
rês anos atrás, dirigentes das principais Centrais Sindicais brasileiras
estiveram na sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em
Genebra, para formalizar denúncias de
práticas antissindicais. Até hoje, nada
mudou, pois persistem os ataques do
Estado e dos empresários contra a organização sindical, os trabalhadores e contra os sindicalistas. Esta postura ameaça
a democracia e afronta a Constituição da
República, que garante o direito à organização sindical.
O documento das Centrais relatava
três práticas antissindicais correntes no
País: o uso do interdito proibitório para
inviabilizar greves e mobilizações; perseguição e assassinato de dirigentes
sindicais; e a atividade do Ministério
Público do Trabalho de acionar a Justiça para proibir as formas de custeio dos
Sindicatos.
“Embora condenável, estas práticas
vêm sendo reiteradamente usadas por
diversas empresas e pelo Estado, que
discriminam, perseguem e demitem os
trabalhadores combativos, que participam da luta por maiores salários e melhores condições de trabalho e de vida”,
critica Nair Goulart, presidenta da Força
Sindical-BA.
Sindicais e OIT, com vistas a
regulamentar a organização
dos trabalhadores nos locais
de trabalho e o pleno exercício
da atividade sindical
Atitude corriqueira
São atitudes corriqueiras impedir a
greve de trabalhadores fazendo uso
da violência ou do interdito proibitório,
medida que impede os Sindicatos de
realizarem manifestações em frente às
empresas. Somam-se a isto as multas
sobre as entidades, para forçá-las a acabar com a paralisação, além de demissões de dirigentes.
Outros exemplos são a tentativa de
inviabilizar as contribuições dos trabalhadores, a partir das intervenções do
Ministério Público, além das ameaças
contra os sócios do Sindicato, o isolamento de ativistas nas empresas, a não
regulamentação da Convenção 151 da
OIT e a lentidão da Justiça em resolver
as pendências trabalhistas.
Cesar Augusto de Mello, consultor jurídico da Fequimfar e da Força Sindical
SP, diz ser legítimo e essencial lutar para
manter a estrutura de luta dos Sindica-
Ruth: Centrais têm projeto para
regulamentar a OLT
tos. Ruth Coelho Monteiro, secretária de
Cidadania e Direitos Humanos da Força
Sindical, lembra que há um anteprojeto
de lei, elaborado pelas Centrais junto à
OIT, para regulamentar a organização sindical nos locais de trabalho, diminuir as
práticas antissindicais e garantir o pleno
exercício da atividade sindical.
Nair Goulart relatou o caso de um
servidor público que, eleito presidente
do Sindicato da categoria em Canudos
(Bahia), foi demitido pelo prefeito. O advogado Antonio Rosella, da Força Sindical, lembra que, entre os direitos fundamentais reconhecidos mundialmente,
destacam-se a proteção à dignidade do
trabalhador e o direito à organização em
associações sindicais, segundo a Convenção 98 da OIT.
“Não pode haver ingerência do empregador na Cipa, na representação dos
trabalhadores, nas conquistas coletivas
e nas ações por trabalho decente, saúde
e segurança, e eliminação de riscos de
acidentes”, diz Rosella. Para ele, devem
ser repelidos as práticas desleais e os
mecanismos que impeçam a vontade
coletiva e o exercício do direito de greve. “Os Sindicatos devem encaminhar
denúncias à Central Sindical e aos órgãos internacionais”.
novembro de 2012
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CONSTRUÇÃO
Operários cruzam os braços por .
melhores condições de trabalho
Empregado ganha mal
e trabalha muito
O
setor cresceu na última década, mas a
construção ainda é uma opção para os
trabalhadores com baixo nível de instrução. Em 2011, em Fortaleza, 62,2%
dos ocupados tinham até o ensino fundamental incompleto. É claro que houve
aumento da parcela das pessoas com
o ensino superior completo na década
passada, embora em proporção reduzida: em Recife, apenas 3,5% dos ocupados na construção tinham concluído o
ensino superior.
Emprego protegido
Entre os aspectos que caracterizam a
força de trabalho está o emprego protegido, que é aquele com carteira assinada no setor privado e público. O levantamento mostra que, em 2011, apenas em
Fortaleza e Recife o emprego protegido
não alcançou a metade dos ocupados.
Na demais regiões, o percentual variou
entre 60,9% (Belo Horizonte) e 50,7%
(Salvador). Mas persiste ainda a ocupação sem registro em carteira no setor
privado e público. Em Fortaleza e Recife,
onde a presença do emprego protegido
é menor, prevalecem os maiores percentuais de trabalhadores em empregos
ilegais (sem carteira): 13,1% e 12%, respectivamente.
Proporção de ocupados absorvidos pela Construção
Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011
Arquivo Força Sindical
Pedro Tinôco
N
os últimos anos greves
têm pipocado nas obras
do setor da construção
pesada no País, especialmente nos projetos do Programa
de Aceleração do Crescimento, o PAC. Rebelados, os
operários reivindicam direitos
básicos, como o cumprimento da Convenção Coletiva, ganhar maiores salários, ter melhores condições de trabalho
e saúde, higiene e segurança
nos locais de trabalho.
Cruzaram os braços os 50
mil trabalhadores do Com- Trabalhadores comparecem em massa a uma assembleia realizada durante a greve de julho deste ano no pátio da Refinaria Abreu Lima
plexo Industrial Portuário de
Suape, em Pernambuco, que agrupa a equiparação salarial. “Salário igual para Transnordestina
Refinaria Abreu Lima e as instalações a mesma função consta da nossa ConOutro movimento grevista, na obra da
da Petroquímica; os cerca de 3.500 em- venção Coletiva de agosto passado, po- Transnordestina, no Ceará, para pela sepregados da obra da Transnordestina, no rém os patrões se recusam a cumprir”, gunda vez um dos principais projetos do
Ceará; os 14 mil funcionários do Consór- denuncia o sindicalista, ao revelar que é governo federal. Os trabalhadores quecio Belo Monte (CCBM), nas margens a sexta greve em dois anos.
rem apenas o cumprimento do Acordo
Segundo Roginel Gobbo, vice-presi- Coletivo de Trabalho firmado entre Sindido Rio Xingu, no Pará, que estão em
campanha salarial; e os 300 operários dente do Sindicato dos Trabalhadores cato e patrões. Eles reivindicam aumenda construção pesada responsáveis pela nas Indústrias da Construção Pesada do to salarial de 15%, pagamento da anteampliação do Aeroporto de Viracopos, Pará (Sintrapav), a proposta é equiparar cipação salarial, Participação nos Lucros
o salário de Belo Monte ao oferecido ou Resultados (PLR), índice de produtiem Campinas.
Todos estes movimentos têm uma nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antô- vidade, plano de saúde, pagamento de
coisa em comum: são revoltas de traba- nio. “Isto significa aumentar em 33% o horas extras e folga no dia do pagamenlhadores submetidos a uma exploração salário que atualmente é pago para os to, entre outros itens.
perpetrada por empresários atrasados trabalhadores da usina de Xingu.
Nos outros movimentos, os trabalhado- Campinas
politicamente e desprovidos de experiência sobre negociações entre capi- res cruzaram os braços exigindo reajuste
Os 300 empregados das obras de amsalarial,
benefícios
sociais,
tal e trabalho. “Os patrões
pliação do Aeroporto de Viracopos crumelhores condições de tra- zaram os braços para exigir que o paainda não adquiriram expebalho, higiene e segurança. gamento dos salários seja antecipado
riência de negociar com os
Para Aldo de Araújo, os tra- do quinto para o primeiro dia útil, já que
seus empregados”, avalia
balhadores lutam pelo de- não recebem o adiantamento salarial,
o secretário-geral da Força
senvolvimento do País, para conforme prevê a Convenção Coletiva.
Sindical, João Carlos Gonque a riqueza acumulada seja Segundo o presidente do Sindicato dos
çalves, o Juruna.
melhor distribuída e pela va- Trabalhadores na Construção Pesada
Em Suape, o presidente
lorização do trabalho. “A luta de São Paulo (Sintrapav), Antonio Bekedo Sintepav-PE e da Foré justa porque maiores salá- redjian, a categoria quer também PLR,
ça Sindical estadual, Aldo
rios provocam aumento da plano de saúde, alimentação, banheiro
Amaral de Araújo, explicou
produção e do crescimento químico e chuveiros, além de outras reique a paralisação come- Aldo luta por
do País”, destaca Juruna.
çou em 31 de outubro por equiparação salarial
vindicações.
s trabalhadores do setor da construção (construção e incorporação
de edifícios e obras de infraestrutura) têm baixos rendimentos e estão submetidos a extensas jornadas de trabalho
em comparação com o total de ocupados
nas sete principais regiões metropolitanas do País. Pesquisa do Dieese, realizada com dados de 2011, mostra que o
rendimento dos 1,488 milhão de empregados variou de R$ 857,00 (Fortaleza) a
R$ 1.707,00 (Distrito Federal). No mesmo
ano, a jornada média de trabalho, em Recife, chegou a 47 horas por semana.
Do total de pessoas ocupadas na Região Metropolitana de São Paulo, 7,2%
foram absorvidas pela construção, enquanto na Região de Belo Horizonte o índice alcançou 8,6%. Em Salvador, 9,2%.
Homem negro (88%), chefe de família,
com idade avançada e com baixa escolaridade é o perfil do trabalhador do setor.
Segundo o Dieese, no Distrito Federal
91,9% dos empregados eram homens,
percentual que atingiu 97% em Fortaleza. Porém, o estudo detectou a presença
das mulheres no Distrito Federal (8,1%),
Belo Horizonte (7%), São Paulo (5%) e
Recife (4,7%).
O Dieese apurou também que o nível
de escolaridade dos trabalhadores do
10
jornal da força sindical — no 79
(em %)
notas
Trabalhador rechaça
medidas de austeridade
Trabalhadores de 13 países são contrários
às medidas de austeridade implementadas
pelos governos para resolver a crise
financeira. A pesquisa, encomendada
pela CSI, mostra que os povos sabem que
os bancos querem jogar a crise sobre os
ombros dos assalariados.
Governo freia
registros sindicais
O governo federal vai ampliar as exigências
para a liberação de registros sindicais, entre
as quais estabelecer um número mínimo de
trabalhadores nas assembleias e provas de que
os fundadores são da categoria.
Objetivo: impedir a proliferação de Sindicatos.
Centrais defendem
unificação do piso
A Força Sindical e as demais Centrais negociam
com a Assembleia Legislativa de São Paulo a
unificação do piso mínimo regional para
R$ 775,00 em 2013. O movimento sindical
entende que a existência de três faixas
salariais, como ocorre hoje, cria uma injustiça
entre as categorias profissionais.
Benefícios para
empregado doméstico
Jornada de 44 horas semanais, hora extra
e adicional noturno poderão ser estendidos
às domésticas, babás, cozinheiras e outros
trabalhadores em residências. Estes direitos
podem entrar em vigor de imediato se o
Congresso aprovar a PEC 478/10.
Diminui o desemprego
entre os jovens
Fonte: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego – Elaboração: DIEESE
O desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos
caiu de 14% de janeiro a setembro de 2011 para
12,8% no mesmo período deste ano. No mesmo
período, o desemprego entre os trabalhadores
adultos passou de 5% para 4,7%, apesar de a
desocupação entre os jovens ainda ser maior do
que entre os adultos.
novembro de 2012
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Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo
Este breve artigo limita-se a destacar alguns pontos, até o ano de 1985,
sobre a história do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo,
criado em 27 de dezembro de 1932, cujo primeiro presidente foi Vicente Guilherme.
Arquivo CMS
a 8
n 0
o
s
memória sindical
por: Carolina
Maria Ruy*
E
m primeiro lugar, depois de fundado, o Sindicato vivenciou os oito
anos de repressão política do Estado
Novo de Getúlio Vargas. Suas atividades normais foram retomadas com
o fim da ditadura, em 1945. Mas, foi
em janeiro de 1951, quando a chapa
encabeçada por Joaquim Ferreira, composta por
militantes de esquerda, assumiu a diretoria, que
o Sindicato rompeu com a conservadora “velha
guarda ministerialista”. A ascensão daquele grupo de socialistas, comunistas e populistas foi
expressiva e duradoura, sobretudo sob direção
de Remo Forli, que venceu as eleições de 1953,
sendo reeleito várias vezes.
Em segundo lugar, nas eleições sindicais de
1963 foi eleita a chapa da situação, empossada em outubro daquele ano, tendo o comunista
Affonso Delellis como presidente e José Araújo
Placido como secretário-geral. Entretanto, em
decorrência da chamada “Rebelião dos Sargentos”, Delellis e Placido foram presos em dezembro. Ao serem libertados, em janeiro de 1964,
eles não reassumiram a direção do Sindicato,
e passaram para a ação clandestina. Em depoimento dado ao Centro de Memória Sindical na
década de 1980, Delellis afirmou que o golpe
militar começou, no Sindicato, com a prisão
dele e de Araújo, em dezembro de 1963.
E, em terceiro lugar, em 6 de abril de 1964,
cinco dias depois do golpe militar, tomou posse
12
jornal da força sindical — no 79
Sindicato dos
Metalúrgicos
de São Paulo na
campanha pelas
‘Diretas Já!’, em
1984, junto com as
forças populares e
democráticas
o primeiro interventor do Sindicato, Carlos Ferreira dos Santos. Sua
gestão durou pouco, pois, depois de
muita pressão, em janeiro de 1965,
foram regulamentadas eleições sindicais, com diversas ressalvas por
parte do governo. Era consenso entre os metalúrgicos de São Paulo que, para atuar
no Sindicato, a melhor saída naquele momento
seria compor com o chamado “grupo do Joaquim”. Desta forma, o metalúrgico Joaquim dos
Santos Andrade, o Joaquinzão, foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São
Paulo, e tomou posse em 31 de agosto de 1965.
Esta eleição iniciou uma nova etapa na vida do
Sindicato, marcada pela tentativa de viabilizar a
ação sindical dentro dos padrões impostos pela
ditadura (Carmen Evangelho, 1992. p143).
Joaquinzão dirigiu o Sindicato durante toda a
ditadura militar, concluindo sua gestão em 1987,
dez anos antes de falecer por insuficiência respiratória em fevereiro de 1997 (Veja, nº1482).
Entre as tantas passagens importantes deste período destaco três: a primeira, em 1977,
quando a denúncia da manipulação dos índices oficiais da inflação, pelo Dieese, retomou
de vez a ação sindical, que já havia dado sinais
de vida em Osasco e Contagem, em 1968.
A notícia de que o salário dos trabalhadores
estava sendo continuamente desvalorizado
desencadeou uma onda de greves a partir de
1978, levando o Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo a optar por abrir um processo na
Justiça Federal, reivindicando as perdas salariais. Ele demonstrou, com isto, coragem em
enfrentar os militares e compromisso com a
classe trabalhadora.
A segunda, em 1984, quando o Sindicato participou da campanha pelas Diretas Já!, sendo
Joaquim uma das personalidades do comando
daquele movimento.
E a terceira, que encerra esta seleção de
fatos históricos relacionando-os com os dias
atuais, em 1985, quando o Sindicato retomou
a campanha salarial unificada, realizando uma
greve de dois dias, conquistando a redução da
jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais. Este movimento influenciou a pauta trabalhista da Constituição de 1988, que consagrou a jornada de 44 horas no País.
Em 2012, já no governo de Dilma Rousseff, o
Sindicato, sob a presidência de Miguel Eduardo
Torres, continua a luta pela redução da jornada
de trabalho para 40 horas semanais, sem redução salarial, assim como mantém firme as lutas
pelo trabalho decente, pela correção da tabela
do Imposto de Renda, por um reajuste digno
para os aposentados, pelo fim do Fator Previdenciário e pela valorização do salário mínimo.
*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de
projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical
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Jornal ed nº 79 - Força Sindical