Farmacologia - Letícia Castellani - UNIGRAN
Aula 01
Conceitos Básicos de
Farmacologia
Vocês sabem definir Farmacologia? Podemos definir a Farmacologia como
ciência que estuda a ação das substancias químicas, estruturalmente definidas e denominadas
fármacos, num organismo vivo (LARINI, 2008).
Antes de iniciarmos nossos estudos é necessário que vocês compreendam a importância
do estudo da Farmacologia para o profissional fisioterapeuta.
A Farmacologia consiste no estudo da ação das substâncias químicas promovida nos
compartimentos dos sistemas biológicos. Como consequência, para completo entendimento
destas ações, a estrutura química da molécula deve ser definida e deve-se ter o conhecimento
das características físico-químicas, da absorção, distribuição, metabolização e excreção das
moléculas (RANG et al., 2004; LARINI, 2008). Ela é uma disciplina integrante de diversas áreas
da Saúde e que engloba o conhecimento de outras disciplinas, como Microbiologia, Patologia,
Bioquímica, Genética, Fisiologia, dentre algumas e é de suma importância para o fisioterapeuta
para que o mesmo possa obter maior êxito na reabilitação do paciente, quando o mesmo está
fazendo uso conjunto de medicamentos com a intervenção da fisioterapia.
Para continuarmos nossos estudos é necessário que vocês aprendam alguns conceitos
básicos.
Iniciemos, então!
Como em outras áreas, nesta há terminologias fundamentais e que são utilizadas comumente pelos diversos autores. Desta forma, na sequência deste texto serão apresentados alguns
destes termos para o conhecimento inicial de vocês.
•
Fármaco: é a substância química, estruturalmente definida, utilizada para a
prevenção ou tratamento de patologias. No Quadro 1.1 são mostrados exemplos de fármacos e
alguns nomes comerciais do medicamento (WILLIAMS, LENKE, 2002).
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•
Droga: é a substância de origem natural (vegetal, animal ou mineral) da qual é
possível se extrair e isolar um ou mais princípios ativos. Desta forma, as substâncias sintéticas
biologicamente ativas não são consideradas drogas.
•
Medicamento: é o produto final administrado ao paciente, o qual contém o fármaco
e outras substâncias adjuvantes. Consiste na especialidade farmacêutica contendo o fármaco, o
qual apresentará atividade no organismo como comprimido, cápsula, solução, creme, dentre algumas. As associações medicamentosas consistem no medicamento que apresenta dois fármacos
ou mais.
Quadro 1.1 – Apresentação de alguns fármacos e seus nomes comerciais disponíveis
no mercado nacional.
Fármaco
Nome comercial do medicamento
ranitidina
Antak®, Logat®, Zylium®
diclofenaco
Cataflam®, Voltaren®, Biofenac®, Diclofen®
tenoxicam
Tilatil®
paracetamol
Tylenol®, Acetofen®, Dôrico®, Sonridor®
•
Efeitos colaterais: representam os sinais e sintomas que ocorrem nas doses
terapêuticas recomendadas, estando relacionados às propriedades farmacológicas do fármaco.
Conclui-se, portanto, que o efeito colateral é previsível durante a administração dos fármacos.
Assim, a escopolamina, a qual é um antiespasmódico devido às suas ações anticolinérgicas,
ocasiona retenção urinária como efeito colateral.
•
Reação adversa: consiste em resposta nociva, indesejada e não intencional do
organismo frente ao fármaco administrado em doses terapêuticas. Os antiinflamatórios não esteróides, como é o caso do diclofenaco, mesmo administrados em doses terapêuticas promovem
hemorragia gástrica.
•
Posologia: trata-se da substância ativa prescrita pelo médico em quantidade por
administração, a via pela qual o medicamento será administrado e frequência. A Figura 1.1 ilustra
um exemplo hipotético de receita médica prescrita contendo a posologia do medicamento.
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Figura 1.1 – Modelo de prescrição médica contendo posologia. A flecha indica onde consta a
posologia para o medicamento 1, ou seja, a substância, a quantidade em gramas ou miligramas, a quantidade por administração e a sua frequência ao dia, neste caso.
•
Via de administração: a dose eficaz de um fármaco pode variar de acordo com a
forma farmacêutica e a via de administração. Medicamentos administrados por via intravenosa
vão, completa e diretamente, à circulação sistêmica. Já os medicamentos administrados pela via
oral, raramente são absorvidos completamente devido às diversas barreiras fisiológicas, físicas
e químicas, as quais devem ser consideradas, tanto em relação ao organismo, como relacionadas ao fármaco. Há várias vias utilizadas para a administração de medicamentos no organismo
humano, como via oral, via sublingual, via tópica, via transdérmica, via retal, via vaginal, via
parenteral, dentre algumas (Quadro 1.2) (ALLEN JR. et al., 2007; LARINI, 2008).
Quadro 1.2 – Algumas vias de administração de medicamentos.
Termo
Local
Oral
Boca, gastrintestinal
Sublingual
Sob a língua
Parenteral
Intravenosa
Veia
Intra-cardíaca
Coração
Intradérmica
Pele
Subcutânea
Sob a pele
Intramuscular
Músculo
Tópica
Superfície da pele
Transdérmica
Superfície da pele
Ocular
Olho
Nasal
Nariz
Auricular
Orelha
Pulmonar
Pulmão
Os efeitos locais são obtidos por meio da aplicação direta do medicamento no local de
administração, como pele, nariz, orelha ou olho. Em contrapartida, os efeitos sistêmicos resultam
da entrada do fármaco na circulação sistêmica e distribuição até o local de ação. A velocidade
e o grau de absorção de um fármaco são variáveis, dependendo da via pela qual ele é administração. Desta forma, quando se deseja desenvolver medicamentos com um mesmo ativo, porém
administrados por vias diferentes, como pela via oral e outro pela via retal, tem-se dois medicamentos diferentes, embora seja utilizado o mesmo fármaco nos dois medicamentos. O Quadro
1.3 demonstra este aspecto para a nitroglicerina formulada em diferentes formas farmacêuticas.
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Quadro 1.3 – Concentração e cinética da nitroglicerina em várias formas farmacêuticas.
Forma
Dose Usual
Início de Ação
Pico de Ação
Farmacêutica
(mg)
(min)
(min)
Sublingual
0,3 – 0,8
2–5
4–8
Oral
6,5 – 19,5
20 – 45
45 – 120
Pomada (2%)
0,5 - 2
15 - 60
30 - 120
Adesivo transdérmico 5 - 10
30 - 60
60 - 180
A ação de fármacos no organismo depende, basicamente, de três etapas distintas:
1- Fase Farmacêutica: consiste na fase de disponibilidade farmacêutica do fármaco
ao organismo. As características físico-químicas do fármaco, bem como da forma farmacêutica
são determinantes nesta fase para que o fármaco desempenhe seu efeito biológico. Desta forma,
características como o tamanho da partícula, solubilidade do fármaco no meio fisiológico, técnicas empregadas para produção do medicamento, podem ocasionar variações consideráveis na
biodisponiblidade. Assim, um estudo utilizando o ibuprofeno como fármaco antiinflamatório,
quando administrado aos pacientes pela via oral através de comprimidos de 400 mg, proporciona
concentração máxima no plasma de 35 g/mL, enquanto quando administrado por via oral através
de cápsulas moles, na mesma dose de 400 mg, proporciona pico de concentração no plasma de
58 g/mL (LARINI, 2008).
2- Fase Farmacocinética: compreende a absorção, a distribuição, o metabolismo
ou biotransformação e a excreção do fármaco e de seus subprodutos de biotransformação do
organismo (BRUNTON et al., 2010).
3- Fase Farmacodinâmica: esta fase estuda os processos que envolvem a interação
do fármaco e/ ou subprodutos nos locais de ação do organismo (BRUNTON et al., 2010).
A Figura 1.2 resume as três fases imprescindíveis para que um fármaco formulado em
um medicamento exerça seu efeito biológico.
Figura 1.2 – Fases importantes para a ação de fármacos.
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Finalizamos a aula de hoje reforçando a importância da farmacologia no dia a dia do
fisioterapeuta. Vejamos... Um paciente poli traumatizado, em recuperação pós-operatória necessitará para sua recuperação de tratamento medicamentoso e fisioterapia.
Você não acha importante saber como o medicamento age, a melhor forma de administração, quais as influências exercidaspara a ação do medicamento visando o êxito do tratamento
total do paciente?
Para que vocês possam compreender as classes de fármacos e a atuação de cada uma
delas no organismo humano é necessário que dominem os conceitos descritos anteriormente.
É importante reforçar o aprendizado lendo as bibliografias indicadas nas referencias
bibliográficas.
Bom estudo e até a nossa próxima aula!
___Referências Bibliográficas
ALLEN JR., L.V.; POPOVICH, N.G.; ANSEL, H.C. Formas farmacêuticas e sistemas de
liberação de fármacos. 8.ed. Porto Alegre: Artmed, 2007, 776 p.
BRUNTON, L. et al. Goodman & Gilman: manual de farmacologia e terapêutica. Porto
Alegre: AMGH, 2010. 1219 p.
LARINI, L. Fármacos & medicamentos. Porto Alegre: Artmed, 2008. 408 p.
RANG, H.P. et al. Farmacologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 904 p.
WILLIAMS, D.A.; LEMKE, T.L. Foye’s principles of medicinal chemistry. 5.ed. Baltimore:
Lippincott Williams & Wilkins, 2002, 1114 p.
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