COMENTÁRIOS EQUIPE INSTITUTO ANÁLISE - A informação que temos de Brasília é que a pauta da Câmara não tem nada de relevante para ser votado até as eleições; - Isso se reflete no noticiário político cuja ênfase é a eleição municipal, em particular a de São Paulo; - A tendência é que depois do primeiro turno a Câmara faça um esforço concentrado para votar inúmeras medidas provisórias que ficarão paradas neste período; - Essa é a realidade, além do grande número de deputados que são candidatos a prefeito os que não são precisam apoiar os prefeitos agora pensando na reciprocidade para 2014. GOVERNO DILMA Senado conclui votação e MPs do Brasil Maior vão à sanção presidencial O Senado aprovou ontem os projetos de lei de conversão resultantes das medidas provisórias 563 e 564, com medidas de incentivo à indústria nacional previstas no Plano Brasil Maior. Os senadores mantiveram os textos aprovados pela Câmara antes do recesso parlamentar, porque as MPs perderiam a validade se não fossem votadas até o dia 15. Ontem foi o primeiro dia de votações do esforço concentrado do Senado. Os textos vão à sanção presidencial. A MP 563 prevê redução de impostos e desoneração da folha de pagamentos de alguns setores, na tentativa de estimular o crescimento da economia. A oposição tentou suprimir o artigo 73, que muda a Lei de Licitações (8.666, de 21 de junho de 1993). O texto permite dispensa da licitação na contratação de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), em que houver transferência de tecnologia. Os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Álvaro Dias (PSDB-PR), líder da bancada tucana, alertaram para o risco que a proposta traz à lisura de compras. Para os tucanos, a redação não restringe a dispensa de licitação a medicamentos, já que fala em "produtos estratégicos" a serem definidos por uma comissão. "Estraçalha a Lei de Licitações", disse Dias. Derrotada na tentativa de suprimir o artigo, a oposição votou a favor da MP, mas, sobretudo da parte do senador Aécio Neves (PSDB-MG), houve críticas à falta de conexão entre as matérias tratadas pela MP. "São 27 temas absolutamente sem conexão", disse, protestando contra a demora da Câmara dos Deputados de deliberar sobre Proposta de Emenda Constitucional (PEC) aprovada pelo Senado alterando o rito de tramitação das medidas provisórias. Editada pela presidente Dilma Rousseff, em 3 de abril deste ano, com 54 artigos, a MP sai do Congresso com 79. Entre os assuntos tratados, a MP estabelece nova fonte de recursos para a prevenção e o combate ao câncer e para a prevenção e a reabilitação da pessoa com deficiência, promove a inclusão digital nas escolas das redes públicas de ensino, incentiva a infraestrutura de acesso à internet em banda larga, estimula a indústria nacional, com foco na competitividade, na agregação de conteúdo nacional, no investimento, na inovação tecnológica, na produção local, na exportação e na diminuição dos encargos sobre alguns setores. O relator na comissão mista que analisou a MP, senador Romero Jucá (PMDB-RR), lembrou terem sido acatadas, parcialmente ou totalmente, 32 emendas, e apresentadas outras 23, de autoria do relator. http://valoronline.com.br Eleição 2012 Promessas de rivais na área de transporte são criticadas Os candidatos a prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) fizeram ontem promessas para a área dos transportes consideradas controversas por engenheiros ouvidos pela Folha. O petista prometeu criar um Bilhete Único mensal, com tarifa fixa de até R$ 150 e sem restrição de horário. Ele afirmou que a proposta custaria mais R$ 400 milhões anuais em subsídios às empresas de ônibus --um aumento de 50% em relação ao que a prefeitura prevê repassar às companhias em 2012. O impacto da medida seria de cerca de 1% do Orçamento. O custo para o município é um dos principais problemas apontados por especialistas. Para Cláudio Barbieri da Cunha, professor de planejamento e operação de transportes da Escola Politécnica da USP, o investimento não deveria ser uma prioridade. "Pelo contrário. Parece mais prioritário investir esses recursos em corredores de ônibus, por exemplo", afirma. "É uma política tarifária que cria uma facilidade, mas não altera a mobilidade", diz Sérgio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes. Segundo Cunha, a medida vai ainda na contramão da ideia de descentralizar a cidade. Em outros locais que adotaram o sistema, o valor da taxa mensal é maior para quem mora mais distante do centro. "Em São Paulo, a variação de tarifa seria um contrassenso. Mas o modelo sem ela pode estimular as pessoas a morar cada vez mais longe dos empregos", diz. Hoje o Bilhete Único, vitrine da gestão petista de Marta Suplicy (2001-2004), permite até quatro viagens num período de três horas. A tarifa básica está fixada em R$ 3. Segundo o candidato, a ampliação permitiria mais viagens para lazer e cultura. Em visita ontem às obras da estação Oratório do monotrilho em construção na zona leste, Serra prometeu destinar verbas municipais para novos trechos: Morumbi-Congonhas e Jardim Ângela. O tucano defende a ampliação do modelo, que já apoiou quando era governador. Diz que o monotrilho custa menos que o metrô e fica pronto mais rápido. O consultor Ejzenberg discorda. "Como a capacidade do monotrilho também é menor, o custo por passageiro é mais caro que o do metrô." Nos cálculos dele, o metrô transporta quatro vezes mais passageiros que o monotrilho. Quando lançou o projeto, o Estado prometeu duplicar a capacidade do modelo. O consultor alerta também para dois outros problemas: o impacto visual e urbanístico dos elevados e a possibilidade de degradação da área. No primeiro debate na TV, na semana passada, Serra fez dobradinha com o candidato Levy Fidelix (PRTB) na defesa do modelo do monotrilho. http://edicaodigital.folha.com.br Julgamento Mensalão Acusados de operar mensalão tentam se desvincular de Valério Quatro acusados de integrar o núcleo operacional do mensalão buscaram ontem, no quarto dia de julgamento, se desvincular do empresário Marcos Valério de Souza. A linha da defesa foi atribuir a ele a responsabilidade pelas operações consideradas ilícitas pela Procuradoria-Geral da República. Os advogados argumentaram que seus clientes ou agiam a mando de Marcos Valério ou não tinham conhecimento de irregularidades. Ontem se manifestaram as defesas de Cristiano Paz e Rogério Tolentino, apontados como sócios de Valério, de Simone Vasconcelos e Geiza Dias, respectivamente diretora e gerente financeiras da agência do publicitário. Eles foram acusados pelo procurador-geral Roberto Gurgel de, sob o comando de Valério, fazer parte de uma quadrilha responsável por negociar os empréstimos nos bancos Rural e BMG e montar o esquema de distribuição dos recursos a partidos e parlamentares. Todos negam as acusações. O advogado de Paz, Castellar Modesto Guimarães Filho, diz que seu cliente, na época, era responsável pela criação, sem ingerência na parte financeira da SMPB, da qual era sócio de Valério. Já o advogado de Rogério Tolentino, Paulo Sérgio Abreu e Silva, argumentou que seu cliente nunca foi sócio de Valério, tendo sido apenas seu advogado. Tolentino foi acusado de ter tomado empréstimo de R$ 10 milhões do BMG, recursos que teriam sido repassados a parlamentares do PP. Seu advogado, no entanto, afirmou que o empréstimo foi entregue a Valério, sem saber o destino do dinheiro. Os advogados de Simone Vasconcelos e Geiza Dias argumentaram que elas obedeciam ordens de Valério. "Ela era uma funcionária mequetrefe, Geiza cumpria ordens, trabalhava no terceiro ou quarto escalão", disse Abreu e Silva, que também fez a defesa da ex-gerente. Já o advogado de Simone, Leonardo Yarochewsky, argumentou que ela trabalhava num andar conhecido como "porão" e que ser diretora não tem grande relevância numa agência. Outro a falar ontem foi o defensor da dona do Banco Rural, Kátia Rabello, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias. Ele negou que o banco tinha responsabilidade sobre operações de Valério e afirmou que a instituição foi vítima de sua transparência. Kátia era presidente do banco na época e hoje é sua principal acionista. Segundo a defesa, ela é "injustiçada", "está vivendo um inferno" e não pode ser responsabilizada por atos que não praticou. O advogado disse que o Rural seguiu todas as normas e que os contatos com Valério eram feitos com José Augusto Dumont, ex-vice-presidente do banco, já morto. Rabello teria apenas assinado a renegociação contratual. Dias disse ainda que os saques feitos pelas empresas de Valério foram informados ao Coaf. http://edicaodigital.folha.com.br Mensalão não desgasta projeto do PT, diz ministro O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) disse ontem que se decepcionarão aqueles que apostam no julgamento do mensalão como um instrumento de desgaste eleitoral do PT e de seu projeto político. Até então comedido nos comentários -dentro de estratégia fixada pelo PT para minimizar o impacto eleitoral do julgamento- Gilberto Carvalho decidiu sair da defensiva. Suas declarações foram dadas um dia depois da visita da presidente Dilma Rousseff ao antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo. "Temos convicção de que aqueles que apostam nesse processo como um desgaste desse projeto político se decepcionarão", disse Carvalho, comparando o cenário político atual ao da eleição de 2006. Naquele ano, Lula foi reeleito presidente apesar da CPI para investigar o mensalão. "Se decepcionarão (sic) muito aqueles que apostam em tirar um proveito, e que parcializam os julgamentos e as opiniões, pensando que isso poderá gerar um grande prejuízo, inclusive eleitoral", afirmou Carvalho. http://edicaodigital.folha.com.br Equipe: Alberto Almeida [email protected] Carlos Lopes [email protected] Aline Santos [email protected] Instituto Análise | São Paulo | Telefone (11) 3097 - 0129 | www.institutoanalise.com