ADRIANA DE PAULA LACERDA SANTOS ESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS PARA VIABILIZAR A IMPLANTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia, Curso de Pós-Graduação em Construção Civil, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. PhD Silvio Aurélio de Castro Wille Co-orientador: Prof. PhD Aguinaldo dos Santos Curitiba 2002 i TERMO DE APROVAÇÃO ADRIANA DE PAULA LACERDA SANTOS ESTRUTURAÇÃO DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS PARA VIABILIZAR A IMPLANTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no Curso de Pós-Graduação em Construção Civil, pela comissão formada pelos professores: Prof. Silvio Aurélio de Castro Wille Ph.D - Colorado State University Orientador ________________________________ Prof. Aguinaldo dos Santos Ph.D - University of Salford Co-orientador Prof. Ney Augusto Nascimento Ph.D - University of New Mexico Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil - UFPR BANCA EXAMINADORA Prof. Belmiro Valverde Jobim Castor Ph.D - University of South California Prof. Antônio Edésio Jungles Dr - Universidade Federal de Santa Catarina Curitiba, 09 de abril de 2002 ii Ao meu marido Mauro Lacerda Santos Filho e para o meu querido filho Bruno Lacerda Santos, fontes da minha inspiração e da minha vontade de continuar ... iii AGRADECIMENTOS Ao professor Silvio de Castro Wille, pela atenção, senso crítico e orientação do trabalho; Ao professor Aguinaldo dos Santos, pelo seu acompanhamento intensivo e atenção durante a co-orientação realizada neste trabalho; Ao todo o pessoal do PPGCC que estiveram comigo durante estes últimos anos; À Soeli e Maristela, pelo prestativo atendimento na secretaria do curso de Pós-Graduação; Ao Lactec pelo patrocinío da minha bolsa de mestrado; Às empresas que abriram suas portas para a realização deste trabalho; Ao Mauro, pela compreensão, por acreditar e investir em mim e, principalmente, por estar ao meu lado ajudando a vencer mais um desafio; Ao meu filho Bruno, por existir e trazer muita felicidade para a minha vida; Aos meus pais, pela minha existência e por acreditarem em mim; A Deus, pela incrível sensação de estar ao meu lado todo o tempo e sempre me dar coragem para enfrentar novos desafios. iv SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. iv SUMÁRIO..................................................................................................................................................... v Lista de figuras.............................................................................................................................................. ix Lista de quadros ............................................................................................................................................. x Resumo ........................................................................................................................................................ xii Abstract.......................................................................................................................................................xiii Capítulo 1 .......................................................................................................................................................... 1 1.1 Justificativa do Trabalho........................................................................................................................ 2 1.2 Problema de pesquisa............................................................................................................................ 5 1.3 Objetivos e Hipóteses ........................................................................................................................... 5 1.4 Limitações do Trabalho ........................................................................................................................ 6 1.5 Estrutura do Trabalho ............................................................................................................................ 7 1.6 Resumo ................................................................................................................................................. 8 Capítulo 2 .......................................................................................................................................................... 9 2.1 Panorama geral ............................................................................................................................. 10 2.2 A CADEIA DE SUPRIMENTOS ................................................................................................ 10 2.2.1 Introdução ................................................................................................................................ 10 2.2.2 a importância da formação de parcerias na cadeia de suprimentos.......................................... 12 2.3 O PROCESSO DE COMPRAS de materiais................................................................................ 14 2.3.1 A visão tradicional do Processo de Compras de materiais....................................................... 16 2.3.2 a visão Estratégica do processo de compras de materiais ........................................................ 20 2.4 implicações do pensamento enxuto no processo de compras de materiais ................................... 27 2.4.1 qualidade total.......................................................................................................................... 28 2.4.1.1 A qualidade total na visão Japonesa.................................................................................... 28 2.4.2 O "just-in-time"........................................................................................................................ 31 2.4.2.1 A visão de processo no sistema "just-in-time" .................................................................... 31 2.4.2.2 A visão de perdas no sistema "just-in-time"........................................................................ 32 2.5 exemplos de Iniciativas internacionais com implicações em compras ......................................... 34 2.5.1 Private Finance Initiative ......................................................................................................... 34 2.5.2 Project Management Institute (PMI)........................................................................................ 37 2.5.3 O Process Protocol ................................................................................................................... 39 2.5.4 diferenças de ênfases entre as diretrizes do PFI, PMI e Process Protocol................................ 41 2.6 RESUMO...................................................................................................................................... 43 Capítulo 3 ........................................................................................................................................................ 44 3.1 panorama geral....................................................................................................................................... 45 3.2 contexto histórico do comércio eletrônico ............................................................................................. 45 3.2.1 o advento da internet....................................................................................................................... 45 3.2.2 ferramentas de tecnologia da informação para apoio à organização ............................................... 48 3.3 O Comércio Eletrônico .......................................................................................................................... 50 3.3.1 tipologias de Comércio Eletrônico.................................................................................................. 51 3.3.2 a magnitude econômica do b2b....................................................................................................... 54 3.3.3 Tipos de Comércio Eletrônico B2B ................................................................................................ 55 3.3.3.1 Electronic Data Interchange (EDI)........................................................................................... 56 3.3.3.2 Eletronic mail (e-mail) ............................................................................................................. 57 3.3.3.3 Canal Eletrônico....................................................................................................................... 58 3.3.3.4 Portal horizontal....................................................................................................................... 58 3.3.3.5 Portais verticais........................................................................................................................ 59 3.3.3.6 Agregador de Demanda ........................................................................................................... 60 3.3.3.7 Agregador de Fornecimento..................................................................................................... 61 3.3.3.8 Discussão ................................................................................................................................. 61 3.3.4 Aspectos de Funcionalidade e Segurança do Comércio Eletrônico ................................................ 63 3.3.5 Benefícios oferecidos pelo Comércio Eletrônico............................................................................ 66 3.3.5.1 Benefícios estratégicos gerais .................................................................................................. 66 3.3.5.2.1 Ganhos devido à escala ......................................................................................................... 67 3.3.5.2.2 Melhor relacionamento entre empresas................................................................................. 68 3.3.5.2.3 Ganhos em atuar no mercado competitivo ............................................................................ 69 v 3.3.5.2.4 Maior Qualidade no Processo ............................................................................................... 69 3.3.6 requerimentos para a implantação do comércio eletrônico ............................................................. 70 3.3.6.1 Contexto geral.......................................................................................................................... 70 3.3.7 SELEÇÃO E IMPLANTAÇÃO DA SOLUÇÃO B2B .................................................................. 71 3.6.8 as soluções de B2B aplicadas na construção civil........................................................................... 73 3.6.8.1 Discussão ................................................................................................................................. 74 3.6.9 resumo................................................................................................................................................. 75 Capítulo 4 ........................................................................................................................................................ 75 4.1 Panorama Geral ............................................................................................................................ 76 4.2 Caracterização do Problema de pesquisa ...................................................................................... 76 4.2.1 a necessidade de melhorias no processo de compras nas empresas de construção ......................... 77 4.2.2 O COMÉRCIO ELETRÔNICO COMO MECANISMO DE MELHORIA DO PROCESSO DE COMPRAS .............................................................................................................................................. 79 4.3 descrição detalhada do Método de pesquisa adotado.................................................................... 80 4.3.1 Limitações do método adotado ....................................................................................................... 82 4.4 visão geral da estratégia de pesquisa ............................................................................................ 83 4.5 Critério de seleção dos estudos de caso ........................................................................................ 85 4.6 Protocolo de coleta de dados ........................................................................................................ 86 4.6.1 Primeiro contato.............................................................................................................................. 87 4.6.2 Visita exploratória........................................................................................................................... 87 4.6.3 Reunião ........................................................................................................................................... 88 4.6.4 Coleta de dados............................................................................................................................... 88 4.6.4.1 Coleta de documentos .............................................................................................................. 89 4.6.4.2 Entrevistas Semi-estruturadas .................................................................................................. 89 4.6.4.3 Fluxograma do processo .......................................................................................................... 91 4.6.4.4 Diagrama do fluxo de informações x áreas .............................................................................. 92 4.6.4.5 Listagem de problemas e soluções ........................................................................................... 93 4.6.5 Relatório ......................................................................................................................................... 93 4.7 Estratégia de análise ..................................................................................................................... 94 4.7.1 Análise Individual dos Estudos de Caso ......................................................................................... 95 4.7.1.1 Perfil do processo de compras de materiais ............................................................................. 96 4.7.1.2 Desenvolvimento dos sistemas de informação......................................................................... 97 4.7.1.2 Competência do comprador ..................................................................................................... 98 4.7.2 Análise em conjunto dos Estudos de Caso.................................................................................... 100 4.8 resumo ........................................................................................................................................ 103 Capítulo 5 ...................................................................................................................................................... 104 5.1 Panorama geral .................................................................................................................................... 105 5.2 introdução ............................................................................................................................................ 105 5.3 estudo de caso 1 ................................................................................................................................... 107 5.3.1 Descrição do processo de compras ............................................................................................... 107 5.3.2 Descrição das etapas do processo de compras e dos problemas mais freqüentes ......................... 111 5.3.2.1 Etapa 1 - Requisição de compras ........................................................................................... 111 5.3.1.2 - Etapa 2 - Verificação do Estoque ........................................................................................ 112 5.3.1.3 Etapa 3 - Cotação e Negociação............................................................................................. 113 5.3.1.4 Etapa 4 - Aprovação............................................................................................................... 114 5.3.1.5 Etapa 5 – Efetivação da compra............................................................................................. 115 5.3.1.6 Etapa 6 - Recebimento do material ........................................................................................ 115 5.3.2 Análise dos resultados da empresa estudo de caso 1 ................................................................... 117 5.3.2.1 Análise da Etapa 1 - Requisição de compras ......................................................................... 119 5.3.2.2 Etapa 2 - Verificação do estoque ........................................................................................... 120 5.3.2.3 Etapa 3 - Cotação e negociação ............................................................................................. 120 5.3.2.4 Etapa 4 - Aprovação............................................................................................................... 121 5.3.2.5 Etapa 5 - Efetivação da compra ............................................................................................. 121 5.3.2.6 Etapa 6 - Recebimento do material ........................................................................................ 122 5.3.3 considerações finais sobre o estudo de caso 1 .............................................................................. 122 5.4 Estudo de caso 2 .................................................................................................................................. 123 5.4.1 Descrição do processo de compras da empresa estudo de caso 2 ..................................................... 124 5.4.1.1 Etapa 1 - Concorrência........................................................................................................... 127 4.4.1.2 Etapa 2 - Centro de custos...................................................................................................... 128 vi 4.4.1.3. Etapa 3 - Necessidade ........................................................................................................... 128 4.4.1.4 Etapa 4 - Recebimento do Pedido .......................................................................................... 129 4.4.1.5 Etapa 5 - Cotação e Negociação............................................................................................. 130 4.4.1.6 Etapa 6 - Aprovação............................................................................................................... 130 4.4.1.7 Etapa 7 - Efetivação da compra ............................................................................................. 131 4.4.1.8 Etapa 8 - Recebimento do material ........................................................................................ 132 5.4.2 Análise dos resultados da empresa estudo de caso 2 ................................................................... 132 5.4.2.1 Análise da etapa 1 - Concorrência ......................................................................................... 134 5.4.2.2 Análise da etapa 2 - Centro de custos .................................................................................... 135 5.4.2.3 Etapa 3 - Necessidade ............................................................................................................ 135 5.4.2.4 Análise da etapa 4 - Recebimento do pedido ......................................................................... 136 5.4.2.5 Análise da etapa 5 - Cotação e negociação ............................................................................ 136 5.4.2.6 Análise da etapa 6 - Aprovação ............................................................................................. 137 5.4.2.7 Análise da etapa 7 - Efetivação da compra ............................................................................ 137 5.4.2.8 Análise da Etapa 8 - Recebimento do material ...................................................................... 138 5.4.3 considerações finais sobre o estudo de caso 2 .............................................................................. 138 5.5 Estudo de caso 3 .................................................................................................................................. 139 5.5.1 Descrição do processo de compras do estudo de caso 3 ............................................................... 140 5.5.1.1 Etapa 1 - Compras negocia condições de compra com os fornecedores ................................ 142 5.5.1.2 Etapa 2 - Disponibilização no Sistema................................................................................... 143 5.5.1.3 Etapa 3 - Emissão das solicitação de compras ....................................................................... 143 5.5.1.4 Etapa 4 - Aprovação............................................................................................................... 144 5.5.1.5 Etapa 5 - Notificação do fornecedor ...................................................................................... 144 5.5.1.6 Etapa 6 - Acompanhamento ................................................................................................... 144 5.5.1.7 Etapa 7 - Entrega dos materiais.............................................................................................. 145 5.5.1.8 Realização do catálogo de materiais ...................................................................................... 145 5.5.1.9 Administração do catálogo de materiais ................................................................................ 146 5.5.1.10 Controle de Fornecedores .................................................................................................... 146 5.5.1.11 Gestão de Contratos ............................................................................................................. 147 5.5.1.12 Etapa 10 - Pesquisa de Mercado .......................................................................................... 147 5.5.1.12 Estratégia de Compras ........................................................................................................ 147 5.5.2 acompanhamento do processo de compras realizado pelo estudo de caso 3................................. 148 5.5.3 Análise dos resultados da empresa estudo de caso 3 .................................................................... 149 5.5.4 considerações finais sobre estudo de caso 3 ................................................................................. 153 5.6 CONCLUSÃO SOBRE OS ESTUDOS DE CASO ................................................................................ 153 5.7 resumo.................................................................................................................................................. 154 Capítulo 6 ...................................................................................................................................................... 156 6.1 Panorama geral .................................................................................................................................... 157 6.2 estruturação do capítulo ....................................................................................................................... 157 6.3 concepção da estrutura das diretrizes................................................................................................... 158 6.5 detalhamento das Diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais visando a implantação do comércio eletrônico............................................................................................................................... 161 6.6.1 Etapa 1 – atuação em Projetos e Especificações ........................................................................... 164 6.6.1.1 Entradas para a etapa de projetos e especificações ................................................................ 166 6.6.1.2 Ferramentas e Técnicas necessárias na etapa de projetos e especificações............................ 167 Após as devidas alterações nos projetos e especificações preliminares, decorrentes da análise do projeto x previsão de custos, os projetistas ficam responsáveis pela realização dos projetos definitivos. Um jogo de projetos típicos constituí-se do seguinte:........................................................................ 167 6.6.2 Etapa 2 – criação de parcerias com os fornecedores ..................................................................... 168 6.6.2.1 Entradas para etapa de relacionamento com fornecedores..................................................... 169 Conforme descrito na etapa 1............................................................................................................. 169 Conforme descrito na etapa 1............................................................................................................. 169 Conforme descrito na etapa 1............................................................................................................. 169 6.6.2.2 Ferramentas para a etapa de relacionamento com fornecedores ............................................ 170 6.6.2.3 Saídas da etapa de relacionamento com fornecedores ........................................................... 172 6.6.3 Etapa 3 – atuação no Planejamento das Obras.............................................................................. 172 6.6.3.1 Entradas da etapa de Planejamento das Obras ....................................................................... 173 3.6.6.2 Ferramentas e Técnicas necessárias para a etapa de Planejamento das Obras ....................... 174 6.6.3.3 Saídas da etapa de Planejamento das Obras........................................................................... 176 vii 6.6.4 Etapa 4 – realização do Planejamento das Aquisições.................................................................. 176 6.6.4.1 Entradas para o Planejamento das Aquisições ....................................................................... 177 6.6.4.2 Ferramentas e técnicas para o Planejamento das Aquisições................................................. 178 6.6.4.3. Saídas do Planejamento das Aquisições............................................................................... 178 6.6.5 Etapa 5 – negociação e aprovação das condições de compra............................................................ 179 6.6.5.1 Entrada da etapa de negociação com os fornecedores ........................................................... 181 6.6.5.2 Ferramentas e Técnicas para a etapa de negociação com os fornecedores............................. 181 6.6.5.3 Saídas da etapa de negociação com os fornecedores ............................................................. 182 6.6.6 Etapa 6 – realização do Catálogo de Materiais ............................................................................. 182 6.6.6.1 Entradas da etapa de realização do Catálogo de Materiais..................................................... 183 6.6.6.2 Ferramentas e técnicas necessárias para a etapa de realização do Catálogo de Materiais...... 184 6.6.6.3 Saídas da etapa de realização do Catálogo Eletrônico de Materiais....................................... 184 6.6.7 Etapa 7 - emissão da solicitação de entrega e comparação com o planejamento .......................... 184 6.6.7.1 Entradas da etapa de emissão da solicitação de entrega e comparação com o planejamento 185 6.6.7.2 Ferramentas e Técnicas necessárias para a etapa de requisição de compras .......................... 185 6.6.7.3 Saída da etapa de requisição de entrega ................................................................................ 186 6.6.8 Etapa 8 – Aprovação da solicitação e envio para o fornecedor..................................................... 186 6.6.8.1 Entradas da etapa de aprovação da solicitação de entrega ..................................................... 188 6.6.8.2 Ferramentas e técnicas necessárias para a aprovação da solicitação de entrega .................... 188 6.6.8.3 Saídas da etapa de aprovação da requisição de compras........................................................ 189 6.6.9 Etapa 9 - Entrega do material........................................................................................................ 189 6.6.9.1 Entradas da etapa de entrega dos materiais ............................................................................ 190 6.6.9.2 Ferramentas e técnicas necessárias para a etapa de entrega dos materiais ............................. 190 6.6.9.3 Saídas da etapa de entrega dos materiais ............................................................................... 191 6.6.10 funções organizacionais e equipamentos necessários para as diretrizes ..................................... 192 6.7 Análise em conjunto das empresas estudos de caso............................................................................. 194 6.8 pré-requisitos necessários para a implantação das diretrizes nas empresas de construção .................. 198 6.8.1 aspectos gerais .............................................................................................................................. 198 6.8.2 pré-requisitos para implementar as diretrizes em uma construtora ............................................... 199 6.9 estratégia de desenvolvimento do projeto de comércio eletrônico....................................................... 200 6.9.1 seleção e implantação da solução b2b........................................................................................... 202 6.9.2 utilização do sistema ..................................................................................................................... 203 6.9 pré-requisitos para a inserção do comércio eletrônico nas empresas de construção ............................ 204 6.8.3 cenário de funcionamento do processo de compras com a implantação do comércio eletrônico.. 206 6.8.3.1 Alterações geradas no processo de compras após implantação do comércio eletrônico ........ 207 6.9 Resumo ................................................................................................................................................ 211 Capítulo 7 ...................................................................................................................................................... 213 7.1 conclusões gerais ................................................................................................................................. 214 7.2 fundamentos teóricos ........................................................................................................................... 217 7.3 diretrizes propostas .............................................................................................................................. 218 7.4 os estudos de caso ................................................................................................................................ 220 7.5 sugestões para trabalhos futuros .......................................................................................................... 220 Anexo 1.......................................................................................................................................................... 230 Anexo 2.......................................................................................................................................................... 232 Anexo 3.......................................................................................................................................................... 244 viii LISTA DE FIGURAS Figura 1- A função de compras de materiais................................................................................................... 15 Figura 2 - Visão do processo de compras de materiais como um Relacionamento Transacional...................17 Figura 3 - Relacionamento Mútuo...................................................................................................................21 Figura 4 – Envolvimento do Processo de Compras nos vários níveis de decisão............................................23 Figura 5 - Enfoque da Produção ......................................................................................................................32 Figura 6 - Esquema da Ligação entre Organizações até 1993.........................................................................46 Figura 7 – Comunicação via Internet...............................................................................................................47 Figura 8 - Negócios na era digital....................................................................................................................49 Figura 9 - Dinâmica do Comércio Eletrônico utilizando a Rede Internet....................................................... 50 Figura 10 - Processo de transferência de dados através de operações de EDI................................................ 56 Figura 11 - Dinâmica do B2B utilizando o Canal Eletrônico..........................................................................58 Figura 12 - Dinâmica do Comércio Eletrônico através do Portal horizontal..................................................59 Figura 13 - Dinâmica do Comércio Eletrônico utilizando portais verticais....................................................59 Figura 14 - Dinâmica do Comércio Eletrônico através do Agregador de Demanda........................................60 Figura 15 - Dinâmica do Comércio Eletrônico através do Agregador de Fornecimento.................................61 Figura 16 - Relação entre o número de fornecedores e clientes por tipo de comércio eletrônico B2B............62 Figura 17 - Estrutura geral da pesquisa.............................................................................................................83 Figura 18 - Protocolo de coleta de dados..........................................................................................................86 Figura 19 - Procedimento típico de coleta de dados........................................................................................89 Figura 20 - Esquema básico do fluxograma utilizado.......................................................................................91 Figura 21 - Esquema básico do diagrama de fluxo de informações x áreas utilizado......................................92 Figura 22 - Forma de análise da coleta de dados..............................................................................................94 Figura 23 - Exemplo de componentes que fazem parte de uma etapa das diretrizes do processo de compras de materiais desenvolvido....................................................................................................................................152 Figura 24 - Estruturação do capítulo 6............................................................................................................157 Figura 25 - Distribuição das diretrizes em etapas............................................................................................163 Figura 26 - Entradas e saídas das etapas das diretrizes desenvolvidas............................................................167 Figura 27 - Necessidades da etapa de projetos e especificações.....................................................................172 Figura-28 Necessidades da etapa de criação de parcerias...............................................................................174 Figura 29 - Necessidades da etapa de planejamento de obras.........................................................................181 Figura 30 - Necessidades da etapa de planejamento das aquisições...............................................................182 Figura 31 - Necessidades da etapa de negociação e aprovação das condições de compra..............................183 Figura 32 - Necessidades da etapa de realização do catálogo de materiais.....................................................186 Figura 33 - Necessidades da etapa de solicitação de entrega e comparação com o planejamento..................188 Figura 34 - Necessidades da etapa de aprovação da solicitação e envio para o fornecedor............................191 Figura 35 - Necessidades da etapa de entrega de materiais.............................................................................193 Figura 36 - Nível de utilização das empresas estudo de caso 1, estudo de caso 2 e estudo de caso 3 Figura 37 - Nível de utilização das diretrizes seguindo uma ordem de gravidade decrescente.....................201 Figura 38 - Estratégia para implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais das empresas de construção...................................................................................................................................205 Figura 39 - Cenário do processo de compras de materiais após implantação da compra pró-ativa e do comércio eletrônico.........................................................................................................................................211 Figura 40 - Modelo de carta de apresentação utilizado no protocolo de coleta de dados...............................248 Figura 41 - Fluxograma detalhado das atividades do estudo de caso 1..........................................................251 Figura 42 - Fluxograma detalhado das atividades do estudo de caso 2...........................................................253 ix LISTA DE QUADROS Quadro 1– Tendência de Melhoria no Processo de Compras ..................................................................................3 Quadro 2- Benefícios e riscos envolvidos na formação de parcerias.....................................................................14 Quadro 3 - Potencial do processo de compras de materiais...................................................................................16 Quadro 4 - Etapas do processo de compras de materiais tradicional .....................................................................19 Quadro 5 - Características da Compra reativa e compra pró-ativa .......................................................................24 Quadro 6 - Etapas do processo de compras de materiais atuando de forma pró-ativa ...........................................26 Quadro 7 - Interpretação da Dinâmica do Processo de Compras de Materiais utilizando as diretrizes do PFI .....36 Quadro 8 – Interpretação da Dinâmica do Processo de Compras de Materiais utilizando as diretrizes do PMI ...38 Quadro 9 – Interpretação da Dinâmica do Processo de Compras de Materiais utilizando as diretrizes do Process Protocol.............................................................................................................................................39 Quadro 10 - Características dos métodos de pesquisa ...........................................................................................81 Quadro 11 - Questionário utilizado durante as entrevistas ....................................................................................89 Quadro 12 - Estágios de desenvolvimento da função suprimentos........................................................................97 Quadro 13– Estágios dos Sistemas de Informação aplicáveis ao Processo de Compras de Materiais...................98 Quadro 14 - Matriz de competência do comprador ...............................................................................................99 Quadro 15 - Dinâmica do processo de compras de materiais atual da empresa estudo de caso 1 .......................100 Quadro 16 – Matriz de Inter-relacionamentos do Processo de Compras no Estudo de Caso 1 ...........................110 Quadro 17 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados: Etapa 1 - CASO 1 .......................................112 Quadro 18 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 2 - caso 1) .........................................113 Quadro 19 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 3 - caso1) ..........................................114 Quadro 20 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 4 - Caso 1).........................................114 Quadro 21 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 5 - caso 1) .........................................115 Quadro 22 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 6 - Caso 1).........................................116 Quadro 23 - Problemas constatados pela pesquisadora na etapa de projetos.......................................................117 Quadro 24 - Problemas constatados pela pesquisadora na etapa de planejamento ..............................................117 Quadro 25 - Estágio do processo de compras de materiais da empresa estudo de caso 1....................................118 Quadro 26 - Esquema do Processo de Compras de Materiais Atual da empresa estudo de caso 2......................125 Quadro 27 – Representação do Fluxo de Informações do Processo de Compras de Materiais da empresa estudo de caso 2 ...........................................................................................................................................126 Quadro 28 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 1 - caso 2) .........................................127 Quadro 29 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 3 - Caso 2).........................................129 Quadro 30 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 4 - Caso 2).........................................129 Quadro 31 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 5 - Caso 2).........................................130 Quadro 32 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 6 - Caso 2).........................................131 Quadro 33 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 7 - Caso 2).........................................132 Quadro 34 - Problemas e soluções apontados pelos entrevistados (Etapa 9 - Caso 2).........................................132 Quadro 35 - Diagnóstico do processo de compras de materiais da empresa estudo de caso 2 ............................133 Quadro 36- Dinâmica do Processo de compras de materiais indiretos da empresa estudo de caso 3 ..................141 Quadro 37 - Representação do Fluxo de Informações do Processo de Compras de Materiais da empresa estudo de caso 3 ...........................................................................................................................................142 Quadro 38- Diagnóstico do processo de compras de materiais da empresa estudo de caso 3 .............................149 Quadro 39 – Etapas do Processo de Compras de Materiais para preparar a empresa de construção para a implantação do comércio eletrônico ............................................................................................................162 Quadro 40 - Etapa 1 - Entradas............................................................................................................................166 Quadro 41 - Etapa 1 - Ferramentas e Técnicas ....................................................................................................167 Quadro 42 - Etapa 1 - Saídas ...............................................................................................................................168 Quadro 43 - Etapa 2 - Entradas............................................................................................................................169 Quadro 44 - Etapa 2 - Ferramentas e Técnicas ....................................................................................................171 Quadro 45 - Etapa 2 - Saídas ...............................................................................................................................172 Quadro 46 -Etapa 3 - Entradas.............................................................................................................................173 Quadro 47 - Etapa 3 - Ferramentas e Técnicas ....................................................................................................174 Quadro 48 - Etapa 3 - Saídas ...............................................................................................................................176 Quadro 49 - Etapa 4 - Entradas............................................................................................................................177 Quadro 50 - Etapa 4 - Saídas ...............................................................................................................................178 Quadro 51 - Necessidades da etapa de negociação e aprovação das condições de compra .................................180 Quadro 52 - Etapa 5 - Entradas............................................................................................................................181 x Quadro 53 - Etapa 5 - Saídas ...............................................................................................................................182 Quadro 54 - Etapa 6 - Entradas............................................................................................................................183 Quadro 55 - Etapa 6 - Ferramentas e Técnicas ....................................................................................................184 Quadro 56 - Etapa 6 - Saídas ...............................................................................................................................184 Quadro 57 - Etapa 7 - Entradas............................................................................................................................185 Quadro 58 - Etapa 7 - Ferramentas e Técnicas ....................................................................................................185 Quadro 59 - Etapa 7 - Saídas ...............................................................................................................................186 Quadro 60 - Etapa 8 - Entradas............................................................................................................................188 Quadro 61 - Etapa 8 - Ferramentas e Técnicas ....................................................................................................188 Quadro 62 - Etapa 8 - Saídas ...............................................................................................................................189 Quadro 63 - Etapa 9 - Ferramentas e Técnicas ....................................................................................................190 Quadro 64 - Etapa 9 - Saídas ...............................................................................................................................191 Quadro 65 - Sugestão de funções organizacionais e equipamentos necessários para cada etapa das diretrizes ..193 Quadro 67 - Treinamento dos fornecedores.........................................................................................................209 Quadro 68 - Administração do Catálogo de materiais .........................................................................................209 Quadro 69 - Treinamento dos usuários ................................................................................................................210 xi RESUMO O processo de compras de materiais tem papel fundamental dentro das empresas de construção civil, visto que, por este processo passam grandes somas de recursos das empresas e, também, tem grande impacto no cronograma da obra. Estudos mostram que a empresa que busca a melhoria contínua deve ter a área de compras voltada para um foco estratégico. Neste modelo de estruturação do processo de compras de materiais, os esforços dos envolvidos com compras são gastos em atividades que realmente agregam valor a este processo, tais como: envolvimento no planejamento das obras, realização do planejamento das aquisições, busca de novos materiais e fornecedores, grandes negociações e avaliação dos fornecedores. Este trabalho objetivou a elaboração de diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais, de forma pró-ativa, visando a implantação do comércio eletrônico na indústria da construção. Para tanto, foi realizado uma revisão bibliográfica sobre os assuntos inerentes ao processo de compras de materiais e também ao comércio eletrônico. Para efetuar tal proposição de diretrizes, levantou-se a rotina do processo de compras de materiais de duas empresas de construção e também de uma empresa de outro setor industrial, que utiliza o comércio eletrônico neste processo. Este trabalho mostrou que nível de maturidade do processo de compras de materiais das duas empresas de construção é baixo (em torno de 60%). A principal razão desse baixo índice é que estas empresas focam o processo de compras de materiais em atividades operacionais, tais como: administração das requisições de compras, pequenas cotações e negociações e também no gerenciamento de notas fiscais. De maneira geral, verificou-se que o processo de compras de materiais das empresas estudadas tem um grande potencial para melhorias, visto que, em ambos os casos o processo de compras de materiais possui problemas de estruturação quando comparados a um modelo de estruturação com foco estratégico. xii ABSTRACT The supplies purchasing process holds a very important position inside the topics dealing within the internal procedures of any construction industries. This happens due to the fact that it deals with a large amount of financial resources and has a great impact to the building operation, including the efficiency and rationality of the construction site. Researches show that the company is searching indoor process improvements must have a purchasing process with strategic focus. This way, the activities developed by the involved in this process are changed. The buyers pass to do activities that really add value to the purchasing process such as: it participating in the construction plan, it doing the purchasing plan, it searching new suppliers and materials, it making big negotiations and it evaluating the suppliers. Several studies show that the companies which look forward the continuous improvement of the whole business process must have the purchasing process with strategic focus. In this model, the efforts of the team involved in this process must be developed in actions which aggregate value to the process itself, such as: be involved in the construction planning, supplying planning, searching for new materials and suppliers, with evaluation, dealing and contracting of them. This work aims to establish the guidance to engineer the supplies purchasing process in order to apply the e-commerce in the construction industry. A bibliographic review was performed to complete the task, including information about the purchasing process and the using of e-commerce in the general industry. The proposal of the rules was based on the definition of the activities which comply the purchasing procedures in two construction companies, and the comparison with the procedures of another enterprise from other industrial area which uses the ecommerce. The results of the research, show that the purchasing process of the construction companies present a very low correspondence with the guidance lines developed in the study, such as around 60% of the rules are obeyed in those cases. The main reason of this poor result is that the construction companies major their purchasing activities in operational actions like managerial operations, small prices search procedures, and so on. Moreover, it was verified by the research, that the supplies purchasing procedures of the construction companies has a large ground for improvement. In both case studies the basic operational topics for the increment of guide developed have been established, lacking the activities that will make the purchasing process reach the model of strategic focus. xiii Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais Capítulo 3 O Comércio Eletrônico Capítulo 4 Método de Pesquisa Capítulo 5 Estudos de Caso Capítulo 6 Proposta de Diretrizes para Estruturar o Processo de Compras de Materiais Capítulo 7 Conclusão Capítulo 1 Introdução 1 1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO A crescente busca por alta qualidade, baixo custo, maior rapidez e flexibilidade têm sido observadas em vários setores industriais, incluindo o setor da construção civil (FARACO, 1998). Estas pressões competitivas têm apresentado repercussões no estilo de gestão de todas as funções organizacionais, desde recursos humanos até o gerenciamento da produção. Na construção civil, um dos processos organizacionais que têm recebido atenção especial é o processo de compras de materiais, visto que através deste circulam grande parte dos recursos financeiros da empresa construtora. Os recentes esforços para obtenção da certificação ISO, o advento do comércio eletrônico, assim como, os esforços na promoção de parcerias com fornecedores têm aumentado ainda mais as atenções para este processo (GRILO, 1998). O gerenciamento efiacaz e eficiente do processo de compras de materiais pode representar uma contribuição significativa para o alcance dos objetivos estratégicos das empresas do setor da construção, promovendo a maior agilidade das operações e a melhoria contínua da qualidade dos materiais que estão sendo adquiridos (PALACIOS, 1995). O sucesso demonstrado por organizações que adotam esta postura está estimulando a gestão estratégica deste processo e a adesão de um número cada vez maior de empresas na busca de um processo de compras mais enxuto (DUMOND, 1996). Várias abordagens e conceitos gerenciais modernos têm sido apontados como potenciais focos de desenvolvimento do processo de compras de materiais, como por exemplo (BAILY et al, 2000): a) Maior intensidade da prática do "benchmarking": processo contínuo que avalia a diferença de performance com relação a melhores práticas e identifica meios de introduzir criativamente estas práticas no processo da empresa (SANTOS, 1997); 2 b) "TQM" e ""just-in-time"": visam a obtenção do material no momento certo, nas quantidades certas, com o melhor custo e a maior qualidade sem gerar estoques; c) Gestão estratégica da cadeia de suprimentos: foca o processo em atividades que agregam valor ao processo de compras como: grandes negociações e formação de parcerias com fornecedores; d) Promoção de parceria com fornecedores: isto é fundamental durante a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais. Outra razão para o aumento da importância e do reconhecimento do processo de compras de materiais é a necessidade de redução dos custos administrativos em relação ao volume de recursos sendo adquiridos. As organizações estão buscando gastar menos com salários e despesas indiretas. O Quadro 1 abaixo indica algumas as ações mais comumente observadas em empresas buscando esta redução de custos. AÇÕES VOLTADAS À REDUÇÃO DE CUSTOS Mão-de-obra e Gastos Indiretos Gastos Diretos 1. Busca de maior automação do escritório 1. Crescimento das políticas de terceirização (foco nas competências (sistemas computacionais); centrais da empresa); 2. Busca de trabalho mais eficiente 2. Desenvolvimento de fornecedores (racionalização); especializados (acesso mais fácil ao 3. Aplicação das melhores práticas de mercado mundial de suprimentos); gerenciamento ("just-in-time", TQM, 3. Coordenação mais estreita com etc.); fornecedores chave. 4. Maior especialização e treinamento dos funcionários envolvidos no processo. QUADRO 1– TENDÊNCIA DE MELHORIA NO PROCESSO DE COMPRAS (ADAPTADO DE: BAILY et. al. 2000). As ações citadas no Quadro 1 devem ser implantadas de forma sistêmica, para que dessa forma seja possível promover a melhoria contínua do processo de compras de materiais e, por conseqüência, buscar a eficiência na aplicação dos recursos da empresa. Uma ferramenta que pode auxiliar bastante na promoção da melhoria contínua no processo de compras de materiais é o comércio eletrônico. O comércio eletrônico pode ser definido como a compra e venda de materiais através de rede (ex: Internet) utilizando-se da integração do gerenciamento da cadeia de suprimentos com os demais processos da organização 3 sendo que existe automatização de boa parte do processo de compras (GRILO, 1998). O comércio eletrônico está em franco crescimento. Segundo o último relatório do "eMarketer" as receitas gerais com comércio eletrônico na América Latina representaram US$ 3,6 bilhões, em 2000. O Brasil, sozinho, representa mais de metade do volume total da região. Dado esta importância econômica, vários programas governamentais de nível nacional estão investindo no desenvolvimento do comércio eletrônico (EMARKETER, 2001). Um bom exemplo está na iniciativa do governo em implantar o e-gov (comércio eletrônico a nível governamental) que objetiva ampliar os níveis de democracia no país. Com a implantação do e-gov pretende-se organizar as informações e serviços públicos, disponibilizando-os na Internet. Para tanto é necessário primeiramente realizar uma padronização das informações públicas no que se refere à compra de materiais e contratação de serviços (GOVERNO, 2001). Na construção civil também existem programas de abrangência nacional que visam a melhoria do setor. Como exemplo estão o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na habitação - PBQP-H e o Programa Construbussiness. O programa PBQP-H tem o objetivo de apoiar a promoção da qualidade e produtividade do setor da construção habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele produzidos, estimulando projetos que melhorem a qualidade do setor (PBQP-H, 2001). O PBQP-H tem um projeto que visa certificar as empresas quanto o controle da qualidade dos principais materiais que envolvem a construção civil (areia, brita, tijolos, aço entre outros). O Construbusiness também é um Programa de nível nacional que tem como objetivo integrar as diferentes instituições ligadas a cadeia produtiva da indústria da construção, no sentido de aumentar a produção e a produtividade deste segmento (CONSTRUBUSINESS, 2001). Devido a isto, pesquisas como esta, que visam a integração e melhoria dos processos que envolvem a cadeia de suprimentos, tem um grande potencial de desenvolvimento a nível nacional. 4 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA Esta dissertação visa responder o seguinte problema de pesquisa: "Como deve ser estruturado o processo de compras de materiais na indústria da construção civil para viabilizar a implantação do comércio eletrônico?" 1.3 OBJETIVOS E HIPÓTESES O objetivo principal desta pesquisa é elaborar diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais visando a implantação do comércio eletrônico na indústria da construção. A seguir apresenta-se os objetivos específicos e as hipóteses de trabalho. Objetivo 1: realizar um levantamento da sistemática atual do processo de compras de materiais que está sendo utilizada em empresas representativas do setor da construção. Hipótese: o processo de compras de materiais das empresas de construção estudadas está direcionado para atividades operacionais, ou seja, apresenta baixo enfoque estratégico. Objetivo 2: Verificar o nível de maturidade dos sistemas de informação e identificar o estágio estratégico do processo de compras de empresas construtoras; Hipótese: O nível de maturidade dos sistemas de informação utilizados pelas empresas de construção estudas é baixo. Isto porque grande parte das atividades que fazem parte do processo de compras de materiais não estão integradas e padronizadas. As decisões de compras são focadas no preço, sendo que o comprador age como um mero executor de pedidos. 5 Objetivo 3: Desenvolver diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais das empresas de construção para possibilitar a implantação do comércio eletrônico neste setor; Hipótese: A rotina do processo de compras de materiais das empresas de construção estudadas é insuficiente para implantar o comércio eletrônico neste processo. 1.4 LIMITAÇÕES DO TRABALHO O presente trabalho não tem o objetivo de esgotar o assunto abordado mas sim fornecer referenciais a outros estudos de caráter mais específicos que eventualmente venham a ser realizados. Devido a grande abrangência do tema e a sua relativa novidade no ambiente da construção este trabalho ficou restrito as seguintes limitações: a) O principal foco desta dissertação é o processo de compras de materiais das empresas de construção e não os aspectos inerentes à Tecnologia da Informação (TI) que abrangem o comércio eletrônico; b) Os levantamentos da situação corrente do processo de compras das empresas de construção são difícil de serem executados devido a pouca abertura destas empresas para pesquisas desta natureza; c) Devido a escassez de trabalhos referentes à implantação do comércio eletrônico na indústria da construção civil, verificou-se grande escassez de referências bibliográficas para o setor; d) As diretrizes desenvolvidas para estruturar o processo de compras de materiais não foram testadas. Isto ocorreu devido a dois motivos: a necessidade de recursos não disponíveis para esta pesquisa e a necessidade de um grande período de tempo para a sua realização. 6 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO O presente capítulo visou justificar o tema escolhido, expor os objetivos e hipóteses adotadas, o escopo e limitações do trabalho além da sua estrutura. O desenvolvimento desta dissertação foi estruturado por meio de sete capítulos distribuídos da seguinte forma: Capítulo 2: trata dos aspectos teóricos do processo de compras de materiais focando na diferenciação entre a "compra reativa" e a "compra pró-ativa". Apresentam-se ainda nesse capítulo três abordagens internacionais que visam a estruturação do processo de compras; Capítulo 3: são apresentados os aspectos teóricos relacionados com o comércio eletrônico, a realidade dos modelos existentes para a construção civil na Internet e ainda são relatadas algumas vantagens e necessidades organizacionais para a implantação do comércio eletrônico; Capítulo 4: é apresentado em detalhes o desenvolvimento do método de pesquisa adotado para a realização do estudo do processo de compras de materiais das empresas estudo de caso; Capítulo 5: é relatado o levantamento de dados realizado nas três empresas estudo de caso e também a análise individual de cada um destes estudos de caso; Capítulo 6: apresenta-se de forma estruturada as diretrizes para viabilizar a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais, extraídos a partir da bibliografia encontrada, dos estudos de caso realizados e também da experiência profissional da autora. Este capítulo também relata a análise em conjunto dos estudos de caso, mensurando-se o nível de maturidade do processo de compras das empresas em relação às diretrizes desenvolvidas; Capítulo 7: são apresentadas as conclusões do presente trabalho na qual se discute as diretrizes desenvolvidas e apresenta-se recomendações para trabalhos futuros envolvendo o uso do comércio eletrônico na indústria da construção. 7 1.6 RESUMO O processo de compras de materiais tem um papel fundamental dentro das empresas construtoras, devido principalmente, ao grande volume de recursos que passa por este processo. O gerenciamento eficaz do processo de compras pode gerar contribuições competitivas significativas para a empresa de construção. Uma ferramenta que pode auxiliar o gerenciamento mais ágil e enxuto deste processo é o comércio eletrônico, visto que, esta tecnologia pode realizar grande parte das atividades operacionais que envolvem o processo de compras de materiais. Neste contexto, esta pesquisa tem o objetivo de responder o seguinte problema de pesquisa: "Como deve ser estruturado o processo de compras de materiais das empresas de construção para viabilizar a implantação do comércio eletrônico? Este capítulo apresentou as diretrizes adotadas para a realização deste trabalho que tem como objetivo estruturar o processo de compras de materiais para viabilizar a implantação do comércio eletrônico na indústria da construção. Como hipóteses de trabalho considerou-se que as empresas de construção possuem o processo de compras focado em atividades operacionais e também que não existem diretrizes que auxiliem estas empresas a implantarem o comércio eletrônico redundante. Outra hipótese de trabalho refere-se ao baixo nível de maturidade do sistema de informações das empresas de construção e também ao baixo envolvimento da área de compras nos aspectos estratégicos que envolvem a empresa. No final do capítulo apresenta-se as limitações deste trabalho e também a estrutura desta dissertação. 8 Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais Capítulo 3 O Comércio Eletrônico Capítulo 4 Método de Pesquisa Capítulo 5 Estudos de Caso Capítulo 6 Diretrizes Propostas para Estruturar o Processo de Compras de Materiais Capítulo 7 Conclusão Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais 9 2.1 PANORAMA GERAL O capítulo anterior apresentou as diretrizes adotadas para a realização desta dissertação através da caracterização do problema de pesquisa e justificativa para o tema escolhido, da apresentação dos objetivos e hipóteses adotadas bem como a estruturação desta dissertação. No presente capítulo serão apresentados os aspectos teóricos referentes ao processo de compras de materiais baseando-se principalmente na comparação entre a "compra reativa" (tradicional) e a "compra pró-ativa" (com foco estratégico), resultado da revisão bibliográfica realizada. O objetivo maior deste capítulo é mostrar as implicações desta mudança de paradigma no processo tradicional de compras de materiais. No capítulo seguinte estas informações servirão para direcionar a escolha da categoria de comércio eletrônico que será adotado nesta dissertação, bem como dar subsídios teóricos sobre as necessidades de cada etapa do processo de compras de materiais para com esta tecnologia. 2.2 A CADEIA DE SUPRIMENTOS 2.2.1 INTRODUÇÃO A atenção à cadeia de suprimentos tem aumentado nos últimos anos. Este fato acontece porque na indústria, em geral, a compra de materiais representa um custo na ordem de 50% do custo da produção. Além disso, os custos de logística (custos de distribuição e transporte) associados com a entrega de produtos dos fornecedores tem tido importante atenção devido a busca contínua de redução de custos para viabilizar o comércio internacional (SLACK et al, 1997). 10 Uma cadeia de suprimentos pode ser definida como um grupo de empresas que fornecem todos os produtos ou serviços necessários para a fabricação de um bem. No caso da construção a cadeia inicia-se com a matéria-prima e termina com a reciclagem dos produtos acabados após a sua demolição. (DAVIS et al, 2001, BOWEN et al, 2001). Por exemplo, se o produto entregue é uma porta de madeira, então a cadeia de suprimentos, partindo do processo de fabricação até o cliente é a seguinte: a reflorestadora que plantou a árvore, a empresa que cortou a árvore, a transportadora da madeira até a madeireira, a empresa que beneficiou a madeira, a transportadora da madeira beneficiada, a empresa fabricante das chapas, a transportadora das chapas, a empresa que fabrica a porta, a empresa de transporte que entrega a porta, o revendedor da porta, a empresa de construção, o cliente final, a empresa demolidora da edificação, a empresa responsável pela disposição da porta e, finalmente, a empresa responsável por reciclar este material. O gerenciamento eficaz da cadeia de suprimentos é apresentado na literatura como uma característica das empresas mais competitivas (TOWILL, 1996). O papel e a contribuição do gerenciamento desta cadeia tem crescido com bastante firmeza durante a segunda metade do século XX, sendo que o maior interesse pela atividade vem ocorrendo em anos recentes. Existem razões para essa mudança de importância e reconhecimento como exemplo estão os conceitos (ex: produção enxuta) das modernas abordagens de gerenciamento (ARNOLD, 1999). As organizações que adotam estas modernas práticas na administração de materiais estão colocando em prática idéias de integração, como a utilização do MRP - Materials Requirements Planning agregado ao JIT - "just-in-time", do comércio eletrônico, do gerenciamento do relacionamento com o cliente dentre outros, que são baseadas no papel estratégico e integrado da cadeia de suprimentos. O sucesso demonstrado por essas organizações está estimulando um maior interesse de outras organizações (BOWEN et al, 1999). 11 A viabilidade de integração e o sucesso da cadeia de suprimentos está diretamente ligada à formação de parcerias com os envolvidos nesta cadeia. Na seção seguinte aborda-se quais são os impactos que a criação de parcerias pode gerar para a cadeia de suprimentos. 2.2.2 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DE PARCERIAS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS Muitos elementos são obrigatórios para a implementação bem-sucedida de um programa de gerenciamento da cadeia de suprimentos. Entretanto, o elemento essencial para isso é a formação de alianças estratégicas ou parcerias entre a empresa e seus fornecedores chave (ÜNAL, 2000, ANDERSEN et al, 1999). Segundo DUMOND (1996) a formação de parcerias não deve ser realizada com todos os fornecedores. Segundo este autor, o Princípio de Pareto aplica-se bem a esses casos. Geralmente, constata-se que 80% das compras são realizadas junto a 20% dos fornecedores e também é provável que estes são os fornecedores com os quais são gastos grandes somas de dinheiro. Para que a formação de parcerias obtenha sucesso é necessário que exista alguns elementos chaves entre os envolvidos na cadeia como: confiança, relações de longo prazo e o compartilhamento de informações (SAFAYENI et al, 2000). Sem confiança, nenhum dos demais elementos de uma parceria são possíveis de serem implementados. A confiança permite que os fornecedores participem e contribuam para o ciclo de desenvolvimento dos produtos da empresa de forma mais comprometida . Da mesma forma, para que seja possível obter sucesso durante a formação de parcerias, é necessário desenvolver relações de longo prazo com os fornecedores afim de gerar um visão estratégica compartilhada. Isto pode ser traduzido no estabelecimento de contratos de longo prazo, que implicam na renovação automática da parceria com os fornecedores que atingiram o desempenho desejado. 12 Se uma empresa inicia uma relação de longo prazo com um fornecedor, então passa a ser importante para ela que este fornecedor permaneça no mercado por um longo período de tempo. Desta forma, um bom cliente irá trabalhar com seu fornecedor para garantir que o mesmo tenha lucro e permaneça forte financeiramente (SAFAYENI et al, 2000). O terceiro elemento fundamental para o estabelecimento de parcerias de acordo com SAFAYENI et al (2000) envolve o compartilhamento de informações entre fornecedores e clientes. Essas informações podem incluir questões desde especificações de projeto de novos produtos até o planejamento e a programação da capacidade, ou o acesso a uma base de dados completa do cliente. A implementação dos três fundamentos do conceito de parceria apresentados acima aumentam o sucesso de ampliar o nível de valor agregado e a redução do desperdício através da cadeia de suprimentos. Contudo, mesmo com estes fundamentos em prática em uma empresa, é importante frisar que existem riscos inerentes ao processo de desenvolvimento de parcerias, como apresentado no Quadro 2 a seguir. 13 Comprador (empresa) Vendedor (Fornecedor) Benefícios Redução de custos de produção; Aumento da qualidade; Redução da complexidade e dos custos de montagem e aquisição; Garantia de fornecimento; Relações cooperativas com os fornecedores; Previsão de contratos; Transparência quanto a informações de custos de fornecedores; Redução de preços negociada durante a vida do contrato. Benefícios Previsão de contratos; Mão-de-obra e produção mais estáveis; Aumento da eficácia dos esforços de pesquisa e desenvolvimento; Suporte do "status" da empresa por parte de aliados na empresa compradora; Assistência por parte do comprador; Influência nos processos de decisão do comprador; Informação quanto às decisões relacionadas a compras pelo comprador. Riscos Maior dependência de fornecedores; Implantação de um novo estilo de negociação; Menor competição entre os fornecedores; Demanda de um maior uso de ferramentas gerenciais para administrar e desenvolver fornecedores; Redução da mobilidade de pessoal; Aumento nos custos de comunicação e coordenação; Maior apoio ao fornecedor; Novas estruturas de recompensa aos fornecedores; Perda de contato direto com fornecedores secundários. Riscos Transparência das informações de custos; Pressão para assumir as cargas de todas as fases desde o projeto até a garantia, enquanto aumenta-se a qualidade e reduz-se os custos; Menor autonomia; Insegurança quanto à possibilidade da extinção da parceria. QUADRO 2- BENEFÍCIOS E RISCOS ENVOLVIDOS NA FORMAÇÃO DE PARCERIAS (LYONS E KRACHENBERG, 1990). Finalmente, a busca de parcerias deveria ser uma ação constante dentro das empresas, visto que, a formação destas parcerias tem um grande impacto no momento da busca de vantagens competitivas (nicho de mercado, diferenciação, custo do produto) tanto para a empresa quanto para o fornecedor (PORTER, 1986). 2.3 O PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS O processo de compras de materiais tem a responsabilidade de suprir as necessidades de materiais, planejá-las quantitativamente e qualitativamente e ainda, satisfazê-la no momento certo com as quantidades corretas, além de verificar se o cliente recebeu efetivamente o que foi comprado (DIAS, 2000). Por isso, esse 14 processo tem um papel fundamental dentro do gerenciamento da cadeia de suprimentos. Tradicionalmente, o responsável por gerenciar e realizar o processo de compras de materiais é a função de compras da empresa de construção. Esta função é o principal elo de ligação entre a empresa construtora e a cadeia de suprimentos, conforme ilustra a Figura 1. Financeiro Clientes Contabilidade Força de Vendas Obra Construtora Cadeia de Suprimentos Compras Planejamento Orçamentos Projetos e Especificações FIGURA 1- A FUNÇÃO DE COMPRAS DE MATERIAIS É comum dentro das empresas de construção direcionar os esforços de melhoria para funções que podem gerar lucro de forma direta para a empresa, como é o caso da função de vendas ou de produção. Uma parte considerável das empresas de construção não tem conhecimento que a função de suprimentos também tem um enorme potencial para aumentar os lucros da empresa, podendo tornar-se também um centro de lucros (ARNOLD, 1999). Por exemplo, imagine que uma empresa despende 50% de sua receita na compra de materiais e exibe um lucro líquido de 10% antes da taxação de impostos. Para cada 100 unidades monetárias de vendas, a empresa recebe $10 de lucro e 15 gasta $50 nas compras. Outras despesas correspondem a $40. Para este exemplo, suponha-se que todos os custos variassem de acordo com as vendas. Para aumentar os lucros em 1 unidade monetária, o que significa um aumento de 10% nos lucros, as vendas devem ser aumentadas para $110. Despesas de compras e outras despesas aumentam para 55 e 44 dólares, respectivamente. Entretanto se a empresa pudesse reduzir o custo das compras de $50 para $49, o que significa uma redução de 2%, teria o mesmo ganho de 10% nos lucros. Nesse exemplo em particular, uma redução de 2% no custo de compras tem o mesmo impacto nos lucros sobre as vendas, que é da ordem de 10%, conforme ilustra o Quadro 3. Declaração de renda 1° caso 2° caso $ 100 $ 110 Vendas $ 55 $ 50 Compras $ 40 $ 44 Outras despesas $ 10 $ 11 Lucro antes da taxação 3°caso $ 100 $ 49 $ 40 $ 11 QUADRO 3 - POTENCIAL DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS (QUADRO ADAPTADO DE ARNOLD, 1999) Desta forma, é de suma importância o direcionamento dos esforços para o aprimoramento do processo de compras de materiais, visto que este pode se transformar em um importante aliado na busca da competitividade e lucratividade da empresa de construção. 2.3.1 A VISÃO TRADICIONAL DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS A visão tradicional do processo de compras de materiais entende que este processo deve ser focado no mero ato de comprar, que consiste em encontrar um fornecedor que esteja disposto a trocar bens ou serviços por determinada soma de dinheiro. Essa visão também é conhecida como a "visão transacional" (Figura 2) e está baseada na idéia que o ato de comprar diz respeito somente a trocas, com 16 comprador e vendedor interagindo entre si diretamente (BOWEN et al, 2000). O interesse básico do comprador nesse cenário é adquirir o volume máximo de recursos pela menor quantia de dinheiro que for necessário pagar. Dinheiro Comprador Vendedor Trabalho FIGURA 2 - VISÃO DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS COMO UM RELACIONAMENTO TRANSACIONAL Os fundamentos que permeiam o processo tradicional de compras de materiais, embora nem sempre admitidos, são marcados por adversidades entre o fornecedor e o comprador. O relacionamento típico entre o comprador e fornecedor, durante a visão tradicional do processo de compras de materiais, é caracterizado pelas seguintes práticas e princípios (TEÓFILO NETO, 2000): a) O comprador não deve demonstrar simpatia pelo vendedor, mas dizer que ele é seu parceiro; b) O fornecedor deve ser considerado um adversário do comprador; c) O comprador nunca deve aceitar a primeira oferta, deve deixar o fornecedor argumentar, pois isso dá margem para maior negociação; d) O comprador deve usar sempre o lema: "Você pode fazer melhor que isto!"; e) O comprador deve cadastrar o menor preço do material adquirido e sempre deve pedir mais descontos ao fornecedor; f) O comprador não deve fazer concessões sem contrapartida; g) O fornecedor que procura razões sólidas para contra-argumentar, em geral é mais organizado e esclarecido. O comprador deve usar o seu tempo para explorar os vendedores desorganizados; 17 h) O comprador não deve hesitar em usar argumentos falsos, como exemplo o de que os concorrentes do fornecedor sempre têm ofertas melhores; i) O comprador deve repetir as mesmas objeções, mesmo que sejam absurdas de tanto ouvi-las, o fornecedor acaba acreditando; j) O comprador deve pedir coisas impossíveis ao fornecedor, deixá-lo esperando, não cumprir os horários e principalmente ameaçar romper a negociação a qualquer momento; k) Se o fornecedor demorar para dar resposta sobre a negociação, o comprador deve dizer que fechou o negócio com o concorrente; l) Quanto mais desinformado for o fornecedor, mais ele acreditará no comprador; m) O comprador deve sempre usar o lema: "Vendo tudo o que compro, nem sempre compro o que vendo"; Por fim, TEÓFILO NETO (2000) deixa uma sugestão para o comprador que busca esta visão tradicional: "Não perca tempo com fornecedores profissionais. Invista seu tempo com fornecedores despreparados. Não se assuste com as grandes marcas. Por trás de uma grande marca pode estar um fornecedor despreparado, que só conta com a marca. Invista seu tempo no fornecedor que não faz cálculos, que cede facilmente, que quer entrar ou que tem medo de perder o cliente." Esta visão do relacionamento entre fornecedor e comprador apresentado por TEÓFILO NETO (2000) ilustra claramente a baixa importância que é dado à criação de parcerias durante o processo tradicional de compras de materiais. De fato, relações adversárias entre comprador e fornecedor são percebidas durante as etapas do processo de compras de materiais realizada de forma tradicional. NO Quadro 4 a seguir, é apresentado como os conceitos que envolvem a visão tradicional são utilizados durante o processo de compras. 18 1 2 3 4 5 6 7 8 Etapas do processo de compras de materiais tradicional Receber as requisições de compra O usuário emite uma requisição de compras conforme a sua necessidade de material. A área de compras só é envolvida no momento do recebimento dessas requisições. Analisar as requisições de compra A área de compras verifica se o que foi solicitado na requisição de compras pode ser atendido de acordo com as necessidades do usuário. Caso haja alguma não-conformidade, a área negocia com o usuário novas condições para compra e entrega do material que está sendo solicitado. Selecionar fornecedores Tendo em mãos a requisição de compras, o comprador verifica quais são os fornecedores disponíveis e emite estas requisições para cada um tendo a finalidade de realizar cotações de preço. Os fornecedores preenchem os valores dos materiais e devolvem para o comprador, o qual realiza a análise das cotações e seleciona o fornecedor mais apropriado. Negociar o preço Depois de selecionar o fornecedor, o comprador negocia melhores condições de compra com este, afim de reduzir o valor da compra e também conseguir melhores condições de pagamento e entrega do material. Emitir pedidos de compra Tendo as condições da compra acertadas, o comprador emite um pedido de compra e o envia para o gerente aprovar. Após isso, o fornecedor é informado sobre o fechamento do negócio, o pedido é arquivado e é informado ao usuário quando a compra foi efetuada. Fazer um acompanhamento Para garantir que os prazos de entrega sejam cumpridos a área de compras realiza um acompanhamento do pedido junto ao fornecedor. Receber e aceitar as mercadorias O usuário é o responsável por receber e aceitar os materiais comprados. Nesse momento é comparado o pedido de compras com a nota fiscal dos materiais que estão sendo entregues. Se tudo estiver correto, o usuário recebe o material, caso contrário o comprador é acionado para resolver as discordâncias entre o pedido e o material recebido. Aprovar a fatura para pagamento do fornecedor Junto com a entrega do material, é enviado a nota fiscal referente ao material entregue para que seja efetuado o pagamento ao fornecedor. É de responsabilidade da área de compras conferir esta nota e também enviá-la à área financeira. QUADRO 4 - ETAPAS DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS TRADICIONAL (ADAPTADO DE ARNOLD, 1999). BAILY et al (2000) afirma que este modelo de estruturação do processo de compras de materiais já está ultrapassado e que é necessário agregar maior ao mesmo para torná-lo mais ágil e eficiente. De fato, esta estruturação apresenta algumas desvantagens que contribuem para a falta de credibilidade da função suprimentos, tais como (ARNOLD, 1999): a) Pressão por eficiência e redução de custos, mantendo o mesmo quadro de pessoal; 19 b) Compras de materiais de baixo valor unitário possuem grandes custos por transação, gerando um desperdício de recursos humanos; c) Desgaste com colaboradores devido a elevada duração do ciclo de compra e a necessidade de realizar um acompanhamento exagerado do pedido para garantir que o material seja entregue no momento desejado; d) O planejamento estratégico fica comprometido visto que o pessoal envolvido com compras gasta todo o seu tempo realizando atividades operacionais. PORTER (1986) afirma que a competitividade da empresa está diretamente ligada à forma como a organização está estruturada. Devido a isto, acredita-se que esta visão tradicional do processo de compras de materiais já está ultrapassada e que é necessário dar maior visão estratégica a este processo. 2.3.2 A VISÃO ESTRATÉGICA DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS Um dos principais problemas enfrentados pelo processo de compras de materiais em muitas organizações tem sido o fracasso em desenvolver seu papel estratégico pró-ativo (PORTER, 1986; HERBIG et al, 1996). Desde os anos de 80, as organizações tornaram-se mais conscientes dos ganhos que as atividades com foco estratégico podem gerar ao processo de compras de materiais (DIAS, 2000). Em anos recentes, tem sido dedicada muito maior atenção ao desenvolvimento de relacionamentos mútuos entre fornecedores e compradores, em que os benefícios de fazer negócios decorrem de idéias de compartilhamento (PORTER, 1986; DUMOND, 1996). Em um relacionamento mútuo, a ênfase está em construir um resultado satisfatório conjunto em assuntos tais como tecnologia, conforme ilustra a Figura 3. Com a implantação de uma abordagem estratégica ao processo de compras de materiais, as organizações envolvidas procuram estar próximas para identificar interesses comuns (BAILY et al, 2000). 20 Comprador Confiança Tecnologia Compromisso Eficiência Informação Apoio Vendedor FIGURA 3 - RELACIONAMENTO MÚTUO (FONTE: BAILY et. al. 2000) As principais razões para o crescimento do envolvimento do processo de compras de materiais na tomada de decisões estratégicas são os seguintes (MILES et al, 1997): a) O processo de compras é visto como uma área de agregação de valor, não simplesmente de redução de custos; b) A inovação rápida do produto exige uma equipe gerencial mais integrada, que envolva todas as funções e adote uma abordagem de processo em vez de funcional para a administração; c) Há um movimento para a visão holística em relação à integração de fluxos de materiais e de informações, tanto interna quanto externamente, como, por exemplo: I. Conceitos da cadeia de suprimentos, como a administração da produção enxuta; II. Envolvimento ativo do fornecedor pode reduzir custos; III. Empenho com custos estratégicos de materiais em vez de focar os preço em curto prazo; IV. "Benchmarking" em relação a empresas que viram o processo de compras como importante fator estratégico; V. Maior consciência do crescimento do gasto em materiais e do potencial de lucro das compras. 21 Com o aumento da atenção dedicado ao processo de compras de materiais, segundo a visão pró-ativa o trabalho tende a tornar-se mais estratégico, agregando às atividades gerenciais a contextualização dos impactos no longo prazo (BOWEN et al, 1997; MILES et al, 1997). As decisões estratégicas do processo de compras de materiais devem ser definidas em sintonia com o conteúdo e direção das decisões estratégicas empresariais (PORTER, 1986; HERBIG et al, 1996). Este enfoque estratégico implica que os envolvidos com a área de compras devem concentrar grande parte de seus esforços em atividades de negociação de relacionamentos a prazos mais longos, desenvolvimento de fornecedores e redução de custo total de pacotes de compra, ao invés de efetuar cada pedido de forma isolada e sem visão estratégica (PORTER, 1986, MILES et al, 1997, DUMOND, 1996). O papel estratégico do processo de compras é muito afetado pelo estágio de maturidade gerencial que atingiu a organização. Quanto mais desenvolvida a organização, mais provável é que ele seja uma atividade estratégica interfuncional que agrega valor e dá vantagem competitiva à organização (DUMOND, 1996). Este novo paradigma aplicado ao processo de compras de materiais implica no aumento do foco das operações para atividades de planejamento e, simultaneamente, redução proporcional dos esforços em atividades operacionais de compras propriamente dita. A Figura 4 mostra o envolvimento das compras em níveis estratégico, tático e operacional de planejamento. 22 Nível Estratégico Pesquisa de compras Planejamento em longo prazo Previsão e disponibilidade Determinação de política Nível Tático Métodos de compras Negociação Orçamento Nível Operacional Desenvolvimento de interface Expedição Desenvolvimento de funcionários Manutenção do registro e sistemas Contratação Cobrança de faturas Técnicas de redução de custos Manipulação de requisição Investigações / cotações Determinação de preço Devoluções FIGURA 4 – ENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE COMPRAS NOS VÁRIOS NÍVEIS DE DECISÃO (QUADRO ADAPTADO DE BAILY et. al., 2000). Segundo BOWEN et al (1999) os compradores de grandes empresas como IBM, Nissan, Ford, Hewlett Packard despedem apenas parte do seu tempo em atividades administrativas e burocráticas. A maior parte de suas atividades concentra-se no estabelecimento e desenvolvimento de relacionamentos apropriados com fornecedores. A ênfase destas empresas tem evoluído para uma abordagem pró-ativa do processo de compras de materiais visando à melhoria das operações da empresa em todos os níveis. A compra pró-ativa possui grandes diferenças em relação a compra tradicional, principalmente no que se refere à atividades de longo prazo. Algumas destas diferenças entre a compra reativa (paradigma tradicional) e a compra próativa estão descritas no Quadro 5. 23 Compra reativa O processo de compras é um centro de custos; Compra pró-ativa O processo de compras pode adicionar valor (centro de lucro); Os envolvidos com compras recebem as O envolvidos com compras e os fornecedores contribuem especificações; para as especificações; O usuário rejeita materiais defeituosos; Os envolvidos com compras trabalham para evitar os materiais defeituosos; O processo de compras subordina-se à área de O processo de compras tem importante função gerencial e finanças ou de produção; atua de forma estratégica; Os compradores respondem às condições do mercado; Os envolvidos com compras contribuem para o desenvolvimento dos fornecedores; Os problemas são de responsabilidade do fornecedor; Os problemas são de responsabilidade compartilhada; Preço é a variável chave; O custo total e valor são variáveis chaves; Ênfase no hoje; Ênfase na estratégia (longo prazo); Sistema de informações independente de O sistema de informações pode ser integrado aos sistemas fornecedores; de fornecedores; As especificações são feitas por projetistas ou Compradores e fornecedores contribuem para as usuários; especificações; Negociações tipo ganha-perde; Negociações tipo ganha-ganha; Muitos fornecedores = segurança; Muitos fornecedores = perda de oportunidades; Estoque excessivo = segurança; Excesso de estoque = desperdício; Informação é poder. A informação é valiosa e compartilhada. QUADRO 5-CARACTERÍSTICAS DA COMPRA REATIVA E COMPRA PRÓ-ATIVA (BAILY et. al, 2000). Para DIAS (2000) com a implantação da compra pró-ativa no processo de compras de materiais, este processo passa a ter outros objetivos além de encontrar um fornecedor que esteja disposto a trocar bens ou serviços por determinada soma de dinheiro. Os objetivos do processo de compras focado na compra pró-ativa podem ser descritos da seguinte forma: a) Assegurar continuidade de compras para manter relacionamentos efetivos com fontes existentes, desenvolvendo outras fontes de fornecimento alternativo, ou para atender a necessidades emergentes ou planejadas, selecionando os melhores fornecedores; b) Manter relacionamentos cooperativos sólidos com as outras funções organizacionais, fornecendo informações e aconselhamentos necessários para assegurar a operação eficaz de toda a organização; c) Desenvolver funcionários, políticas, procedimentos e organização para assegurar o alcance dos objetivos previstos; 24 d) Manter o equilíbrio correto de qualidade e valor, obtendo mercadorias e serviços na quantidade e qualidade necessária pelo menor custo; e) Monitorar as tendências do mercado; f) Negociar eficazmente as condições de compra para trabalhar com fornecedores que buscam benefício mútuo por meio de desempenho economicamente superior; g) Desenvolver e manter boas relações com os fornecedores além de desenvolver fornecedores potenciais; h) Emitir e administrar pedidos de compra. A seguir é apresentado o processo de compras realizado de forma próativa dentro das empresas de construção, através da adaptação dos conceitos descritos pelo autor BAILY et al (2000). 25 Etapas do processo de compras de materiais atuando de forma pró-ativa Criação de parcerias com fornecedores Para viabilizar a implantação da compra pró-ativa no processo de compras de materiais é necessário a criação de parcerias com os fornecedores. Esta parceria deve ser do tipo ganha-ganha onde ambos contribuem para o aprimoramento do outro e realizam negócios a longo prazo. 2 Realização do planejamento das aquisições O objetivo de planejar as aquisições é saber, o que (qual material), quanto (quantidades), de que forma (qualidade) e quando (entregas pontuais) os materiais serão necessários em cada obra tendo como finalidade aumentar o poder de negociação dos compradores com os fornecedores. 3 Negociação das condições de compra Tendo em mãos o planejamento das aquisições é possível realizar as negociações em grandes lotes com os fornecedores, conseguindo que as entregas e pagamentos aconteçam de acordo com a necessidade da obra (em pequenos lotes). Essa negociação deve abranger, além do preço, as seguintes características: qualidade, flexibilidade de entrega e condições de pagamento. 4 Aprovação das condições de compra Nesta etapa a diretoria analisa criteriosamente as condições do negócio e a situação financeira do projeto (obra). Neste momento é possível analisar o montante de investimento que será necessário investir para adquirir aqueles determinados materiais durante toda a obra. 5 Emissão das requisições de compra O usuário emite uma solicitação de compras de materiais de acordo com a necessidade da obra, sendo que o material que será solicitado deve estar previsto no planejamento das aquisições. 6 Recebimento e análise das requisições de compra O usuário emite uma requisição de compras conforme a sua necessidade de material sendo que estes materiais devem fazer parte do planejamento das aquisições aprovado. A área de compras verifica se o que foi solicitado na requisição de compras faz parte do planejamento das aquisições e se este pode ser atendido de acordo com as necessidades do usuário. 7 Aprovação da requisição Tendo as condições da compra acertada com os fornecedores para todos os materiais que constam do planejamento das aquisições, o comprador emite o pedido de compra e o envia para o fornecedor. 8 Envio da requisição de compras para o fornecedor O fornecedor confirma o recebimento do pedido e agenda a entrega dos materiais, conforme já especificado durante as negociações. 9 Realização do acompanhamento (Follow-up) Fica a responsabilidade do fornecedor realizar o acompanhamento de entrega dos pedidos, informando a cada período de tempo a situação do pedido e também confirmando a entrega do pedido. 10 Entrega dos materiais O usuário é o responsável por receber e aceitar os materiais adquiridos além de efetuar a avaliação do fornecedor. Nesse momento é comparado o pedido de compras com a nota fiscal dos materiais que estão sendo entregues. Após o recebimento do material, o usuário envia a nota fiscal para a área financeira, visto que, este gasto já foi aprovado e deve estar previsto no desembolso da empresa. 1 QUADRO 6 - ETAPAS DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS ATUANDO DE FORMA PRÓATIVA (QUADRO ADAPTADO DE BAILY et. al., 2000. Conforme descrito por DIAS (2000), com a implantação da compra próativa, o processo de compras de materiais fica focado nas atividades estratégicas, 26 isto é, na realização do planejamento das aquisições e, também, no relacionamento com os fornecedores. Com isto, a etapa operacional torna-se mais ágil que no modelo tradicional e, também, vai de encontro com as necessidade do cliente final, isto é, entregar o material nas quantidades certas, no momento certo e também nas melhores condições de compra. 2.4 IMPLICAÇÕES DO PENSAMENTO ENXUTO NO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS O pensamento enxuto pode ser definido como sendo a busca de alternativas para o processo produtivo afim de utilizar menor quantidades de recursos e aumentar o valor agregado da produção (WOMACK et al, 1990). Os pilares que fundamentam o pensamento enxuto são o ""just-in-time"" (JIT) e o "Total Quality Management" (TQM). Estas filosofias de gestão tem introduzido novos conceitos ao gerenciamento do processo de compras de materiais. O pensamento enxuto defende que o produto entregue por cada etapa do processo deve ser feito de forma tal a eliminar a necessidade de retrabalho nas operações das etapas a jusante. Outro aspecto importante desta filosofia é a busca pela redução de variabilidade no produto durante o processo e não ao final do mesmo (KOSKELA, 1995). Um outro diferencial encontrado no pensamento enxuto diz respeito ao gerenciamento do processo de compras de materiais é a relação entre a empresa e o fornecedor. No âmago do processo de compras enxuto reside um sistema diferente de estabelecer preços e conjuntamente analisar custos. A empresa com o processo de compras enxuto introduz um acordo de longo prazo com o fornecedor, estabelece uma estrutura racional de análise de custos, define os preços, define os patamares de lucro e promove o desenvolvimento de produtos e processos de forma conjunta (WOMACK, 1990; MILES et al, 1997). A seguir serão apresentados os principais aspectos do TQM e do "just-intime" no que dizem respeito ao processo de compras de materiais. 27 2.4.1 QUALIDADE TOTAL O conceito de qualidade teve uma evolução considerável ao longo do tempo. GARVIN (1992) divide o "Movimento da Qualidade" em quatro etapas: "inspeção", "controle estatístico", "garantia" e "gerenciamento estratégico da qualidade". O primeiro estágio da qualidade foi fortemente utilizado pelo sistema norte-americano de produção até o início da década de 30. Já o controle estatístico foi grandemente influenciado pela necessidade de maior confiabilidade da indústria bélica durante a Segunda Guerra Mundial. A partir da década de 60 surgiram movimentos que visavam o controle total da qualidade buscando-se alcançar o defeito zero. Na década de 80 a evolução do pensamento em qualidade passou a ser mais holístico e a incorporar o gerenciamento estratégico em seu arcabouço de pensamento (PORTER, 1986). O gerenciamento da qualidade total tem como base os seguintes princípios (PMI, 1996): a) Satisfação do cliente: todas as expectativas do cliente devem ser atendidas, para tanto deve ser entregue exatamente o que foi projetado e aprovado pelo cliente; b) Prevenção ao invés de inspeção: o processo deve ser focado de forma pró-ativa, isto é, através da prevenção e não da inspeção; c) Melhoria contínua: o ciclo repetitivo de planejar, fazer, checar e agir (PDCA) descrito por Deming deve fazer parte da rotina do gerenciamento dos processos. O fundamental é que estes princípios sejam buscados continuamente dentro das empresas, para que desta forma seja possível manter a qualidade total na organização. 2.4.1.1 A qualidade total na visão Japonesa Após a Segunda Guerra Mundial, as indústrias japonesas tinham o objetivo de aumentar a sua competitividade perante o mercado mundial. Para tanto, os japoneses investiram maciçamente em esforços voltados para o gerenciamento da qualidade total da produção (WOMACK, 1990). 28 O "Sistema Toyota de Produção" é um excelente exemplo da aplicação do Controle da Qualidade Total (TQC - "Total Quality Control"). O TQC contribuiu fortemente para o alcance do objetivo maior da Toyota, que era eliminar totalmente as perdas desse sistema de produção. CAMPOS (1992) apud ISATTO (1996) elenca os seguintes princípios que regem o Controle da Qualidade Total (TQC) segundo a visão japonesa: a) Produzir e fornecer materiais e/ou serviços que atendam concretamente às necessidades do cliente; b) Garantir a sobrevivência da empresa através do lucro contínuo adquirido pelo domínio da qualidade; c) Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo com a mais alta prioridade; d) Falar, raciocinar e decidir com dados e com base em fatos; e) Gerenciar a empresa ao longo do processo e não por resultados; f) Reduzir metodicamente a ocorrência de problemas, através do isolamento de suas causas fundamentais; g) O cliente é o rei, portanto, não deve ser permitido a venda de produtos defeituosos para ele; h) Procurar prevenir a origem de problemas cada vez mais à montante; i) Nunca permitir que o mesmo problema se repita pela mesma causa; j) Respeitar os empregados como seres humanos independentes; k) Definir e garantir a execução da visão estratégia da alta direção da empresa. A visão sistêmica japonesa do TQC aprimorou o relacionamento da empresa-fornecedor. Os problemas de fornecimento dos materiais ultrapassavam as barreiras da empresa, originando-se muitas vezes em estágios anteriores da cadeia produtiva (SHINGO, 1996). Desta forma, os japoneses decidiram adotar mecanismos de garantia da qualidade além das barreiras da empresa, como sendo a única solução para a efetiva melhoria na produção. Esta ação não estava voltada somente para garantia do lucro, mas principalmente, como uma forma de assegurar a qualidade do fornecimento de matérias primas. Então, o foco voltado à 29 padronização e a qualidade total da produção passou a incorporar ações para toda a organização. ISHIKAWA (1995) apud ISATTO (1996) formulou dez princípios que deverão reger os relacionamentos entre empresas fornecedoras e compradoras em um cenário futuro, sob a ótica da garantia da qualidade. a) Fornecedor e comprador são responsáveis pela aplicação do controle da qualidade, com entendimento e cooperação ente seus sistemas de controle da qualidade; b) Fornecedor e comprador devem ser mutualmente independentes e prover a independência do outro; c) O comprador é responsável por entregar as informações e exigências adequadamente, para que seja possível o fornecedor conhecer o que realmente deve entregar; d) Fornecedor e comprador devem estabelecer o nível de qualidade, o preço, as condições de entrega e pagamento dos materiais durante as negociações; e) O fornecedor é responsável pela garantia da qualidade que dará satisfação ao comprador, sendo este responsável pela disponibilização necessária para o fornecedor; f) Fornecedor e comprador devem trocar informações necessárias à melhoria contínua do controle da qualidade; g) Fornecedor e comprador devem realizar de forma satisfatória as atividades do negócio de cada um como pedido, planejamento de compras, trabalho administrativo para garantir que o relacionamento seja mantido numa base amigável e satisfatória; h) Fornecedor e comprador devem sempre levar em consideração o interesse do consumidor final. Enfim, na busca da melhoria contínua do processo de compras de materiais das empresas de construção, deve ser dado grande importância ao relacionamento com fornecedores, visto que este é um dos condicionantes para garantir o sucesso da implantação da compra pró-ativa no processo em lide. 30 2.4.2 O "JUST-IN-TIME" As idéias que compõe a filosofia ""just-in-time"" surgiram inicialmente no Japão, a partir da década de 50. Em japonês as palavras "just-in-time" significam no momento certo, oportuno (OHNO, 1988). "Just-in-time" não está ligado somente ao tempo de entrega, pois isso poderia estimular a superprodução antecipada e resultar esperas desnecessárias. Um dos princípios do "just-in-time" é produzir com estoque zero, o que eqüivale dizer que cada processo deve ser abastecido com os itens necessários, na quantidade necessária, no momento necessário, ou seja, no tempo certo sem a geração de estoques (SHINGOb, 1996). O "just-in-time" revolucionou a gestão de produção, visto que, os métodos de gestão tradicionais ("Just-in-Case"), defendidos por Adam Smith, na sua publicação "A Riqueza das Nações", por Frederick W. Taylor em "Princípios Gerais da Administração Científica" e mais tarde por Henry Ford através da produção em massa. Estes métodos refletem na adoção de significativos volumes de estoques, ao longo da cadeia, cujos custos são transferidos aos consumidores finais, condicionando desta forma a competitividade da cadeia de suprimentos. A filosofia JIT não abandonou todos os conceitos da Administração Científica proposta por Taylor, mas sim adaptou-se à nova realidade que acontecia no Japão após a Segunda Guerra Mundial (SHINGOa, 1996). Aquela mesma realidade de escassez de recursos e necessidade de maior valor agregado faz com que hoje no mundo ocidental as empresas estejam também buscando o "just-intime". 2.4.2.1 A visão de processo no sistema "just-in-time" SHINGOa (1996) propôs a visualização do processo produtivo através de dois eixos ortogonais de natureza distinta que constituem aquilo que ele denomina “Mecanismo da Função de Produção” (MFP). Segundo esta visão, existem duas óticas básicas que permitem a observação e análise dos fenômenos que ocorrem na produção, seja ela industrial ou de serviços. 31 Em síntese, esse autor distingue de duas maneiras a forma de ver a produção: processos e operações. Processo refere-se ao caminho pelo qual a matéria prima é transformada em produto consistindo basicamente em quatro fatores: processamento, inspeção, transporte e estocagem. As operações referem-se às ações efetuadas sobre o material (SHINGOa, 1996 pg 37). Desta forma, todas as atividades produtivas podem ser decompostas em duas componentes: o fluxo de informações ou materiais no tempo e no espaço (processos) e o fluxo de trabalhadores e equipamentos no tempo e no espaço (operações), vistas através de dois eixos principais os quais se cruzam ao longo da produção, seguindo uma lógica como mostrado na Figura 5. Sistema de Produção Processo (Fluxo de Materiais / Informações) Operação (Pessoas / Equipamentos) FIGURA 5 - MECANISMOS DA FUNÇÃO PRODUÇÃO (ISATTO, 1998) Neste enfoque, a simples melhoria das operações não pode, por si só, assegurar as melhorias no processo ou no contexto global da produção. É necessário que os processos sejam o alvo de análise na busca de melhorias de eficiência da produção, através de ações direcionadas a ele. 2.4.2.2 A visão de perdas no sistema "just-in-time" No sistema "just-in-time", "perdas" significa ao trabalho que não é necessário para realizar a etapa do processo produtivo e são passíveis de eliminação (OHNO, 1988; SHINGO, 1996). O Sistema Toyota de Produção, através do conceito de perdas formulada por OHNO (1988) e SHINGO (1996) identificam sete tipos de perdas que podem acontecer durante o processo produtivo: 32 a) Perda por superprodução: refere-se a produção em quantidades superiores ao efetivamente necessário; b) Perda por espera: refere-se ao período de tempo em que os trabalhadores e máquinas estão parados, embora seus custos estejam sendo pagos; c) Perda por transporte: refere-se à atividades de movimentação de materiais ou informação que geram custos e não adicionam valor ao processo; d) Perda por processamento: refere-se àquelas atividades de processamento que são desnecessárias para que o produto atinja suas necessidades básicas de qualidade; e) Perda por estoque: refere-se a mobilização de capital na compra de materiais antecipadamente e também na execução de processos e produtos acabados antes do tempo necessário; f) Desperdício nos movimentos: refere-se a movimentos desnecessários realizados pelos trabalhadores durante o processo produtivo; g) Desperdícios na elaboração de produtos defeituosos: refere-se a fabricação de produtos que não atendam as especificações descritas pelo cliente; No que se refere a construção civil, pode ser incorporado a esta lista as perdas das seguintes naturezas: h) Perdas por condições de trabalho deficientes: refere-se a postos de trabalhos mal preparados, trabalhos fora de seqüência e excessivas paradas durante a execução das atividades (KOSKELA, 1999); i) Perdas por substituição: refere-se à substituição dos materiais que foram especificados por outros de custos mais elevados ou pela utilização de trabalhadores mais qualificados do que o necessário para a realização daquela determinada tarefa (SANTOS, 1999). Portanto, depois de tudo que foi apresentado conclui-se que a aplicação do JIT durante o processo de compras de materiais é de suma importância, pois somente desta forma é possível atender as necessidades básicas de cada cliente que é: entregar os materiais necessários, na quantidade certa com a qualidade desejada, no momento certo, sem a geração de estoques. 33 2.5 EXEMPLOS DE INICIATIVAS INTERNACIONAIS COM IMPLICAÇÕES EM COMPRAS Na busca de bibliografia referente ao processo de compras de materiais foram encontradas três abordagens de reconhecimento internacional, que aplicam algumas práticas mencionadas anteriormente: Guide to the PFI Procurement Process – (Private Finance Initiative - PFI), Project Management Body of Knowledge (Project Management Institute - PMI) e o Process Protocol (Universidade de Salford). Estas abordagens possuem diretrizes que envolvem o processo de compras de materiais. A ênfase dessas abordagens está no gerenciamento do processo de compras de materiais de forma estratégica, isto é através da utilização da compra pró-ativa. A seguir serão apresentadas as características de cada uma dessas iniciativas sob a ótica do gerenciamento do processo de compras de materiais. 2.5.1 PRIVATE FINANCE INITIATIVE Os procedimentos propostos pela Iniciativa de Financiamento Privado (“PFI – Private Finance Iniciative”) são uma das alternativas utilizadas pelo governo inglês para comprar materiais ou contratar serviços para projetos de grande porte. As primeiras diretrizes do PFI foram publicadas pelo “Her Majesty’s Treasury” em 1992, desde então houve avanços no processo de aquisição de materiais e serviços de responsabilidade do governo inglês (TRESURE TASKFORCE, 1996). O "Private Finance Initiative" (PFI) surgiu com um propósito de encorajar a iniciativa privada a trazer propostas ao setor público que ajudassem o governo a identificar as barreiras para a realização de seus projetos. O objetivo do PFI é que os setores públicos e privados trabalhem mais próximos, tornando-se parceiros, gerando uma inversão de papéis: o governo passa a ser o cliente e o setor privado assume os riscos do empreendimento (TREASURE TASKFORCE, 1996). As diretrizes do PFI preocupam-se com toda a vida do empreendimento, isto é, a concepção, planejamento, execução, manutenção e demolição, sendo que em todas 34 essas atividades os envolvidos estão diretamente ligados (TREASURE TASKFORCE, 1999). O principal diferencial das diretrizes do PFI às práticas tradicionais, é que busca-se trabalhar em conjunto com todos os envolvidos no projeto (obra, projetistas, fornecedores, compradores) durante todo o gerenciamento do processo de compras de materiais (TREASURE TASKFORCE, 1999). A dinâmica do processo de compras através da interpretação das diretrizes do PFI acontece da seguinte forma (Quadro 6). 35 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Etapas do processo de compras de materiais - PFI Definição dos objetivos Nesta etapa busca-se todas as características do empreendimento (especificações, projeto inicial) e analisa-se essas informações com profundidade com a finalidade de conhecer os materiais que serão utilizados, as novas tecnologias para estabelecer as mudanças necessárias para viabilizar o investimento. Investigação do mercado Primeiramente é verificado se os materiais que irão ser utilizados no projeto são vendidos por fornecedores parceiros. É realizada uma análise do mercado, verificando os fornecedores potenciais e alternativas de uso de novos materiais ou tecnologias. Elaboração das diretrizes estratégicas Nessa etapa todos os materiais e fornecedores que serão necessários já foram contatados e os projetos e especificações já estão definidos. O resultado dessa etapa é um relatório com as definições e estratégias definidas e relatadas. Mobilização das equipes Esta é a fase responsável por mobilizar o pessoal que deverá participar do projeto e fazer a interação desse pessoal com as definições já tomadas. O pessoal não deve ser somente os responsáveis pela compra dos materiais mas também representantes de outras áreas que fazem parte do projeto (obra, projetos). Deve ser definido quem será o gerente do projeto, quem serão os usuários, quem serão os técnicos que serão envolvidos, entre outros, com a finalidade de gerar comprometimento e responsabilidade com as tarefas que serão realizadas. Atuação em projetos e especificações Nessa fase as especificações do projeto já foram desenvolvidas e não haverá mais alterações de escopo. É realizado um estudo profundo dessas especificações, por pessoal capacitado, para gerar um entendimento dos materiais que serão necessários comprar e quais serão as novas tecnologias que serão utilizadas no projeto. Criação de parcerias com fornecedores A mobilização dos fornecedores deve ser realizada na etapa de investigação do mercado. A etapa de busca de fornecedores refere-se a confirmação das condições de pagamento e condições burocráticas para fechamento do negócio. Negociação e aprovação das condições de compra Refere-se a discussão de detalhes sobre as especificações do projeto, já apresentadas anteriormente aos fornecedores, e ao acerto de detalhes de produção e tecnologia que serão empregada para produzir os materiais. Análise dos orçamentos Refere-se à análise crítica dos orçamentos dos fornecedores focada não somente no preço mas sim no histórico do cliente, nas condições do mercado, no prazo de entrega, no método de execução entre outros. Negociação / contratação Esta fase é a responsável por definir qual será o fornecedor contratado. É relatada a condição da concorrência e porque determinado fornecedor não foi contratado, fornecendo um feedback para todos os fornecedores. É realizado um contrato focando as condições do negócio e aspectos burocráticos para compra do material.. Gerenciamento do contrato Refere-se ao follow-up, isto é, a verificação das condições acertadas em contrato durante a produção, entrega e utilização do material, mantendo um contado estreito entre o comprador e o fornecedor. Revisão e feedback do contrato Após o término do processo (produção até utilização da edificação) é realizada uma análise de satisfação do cliente final focando as características dos produtos adquiridos por determinado fornecedor. Esta análise servirá para alimentar o banco de dados de fornecedores parceiros e contribuir ou não na recontratação desse fornecedor. QUADRO 7 - INTERPRETAÇÃO DA DINÂMICA DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS Um fator marcante nos procedimentos do PFI é que se busca trabalhar com condições (desenhos, materiais e mão-de-obra) de alta qualidade, visto que a garantia dos serviços é dada para toda a vida útil da edificação (TREASURE 36 TASKFORCE, 1996). Desta forma, os envolvidos com compras têm um grande comprometimento no momento da escolha do fornecedor e dos materiais que serão adquiridos, pois se a escolha for indevida, a responsabilidade e os gastos serão compartilhados entre a empresa e o governo. 2.5.2 PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI) O Project Management Institute (PMI) é uma instituição que direciona seus esforços para o desenvolvimento de diretrizes que venham contribuir para o eficaz e eficiente gerenciamento de projetos. O objetivo do PMI é criar diretrizes para auxiliar o gerente de projetos a finalizar os seus projetos dentro do prazo, do custo e dos recursos humanos preestabelecidos (PMI, 1996). As diretrizes do PMI estão descritas em uma das suas publicações, o PMBOK (Project Management Body of Knowledge) (PMI, 1996). O PMBOK relata os procedimentos que devem ser desenvolvidos durante a execução dos trabalhos. Essa publicação possui um capítulo sobre a gerência das aquisições o qual descreve um método para estruturar o processo de compras de materiais com foco no cliente final. Este método é dividido em seis etapas que possuem a seguinte dinâmica: 37 1 2 3 4 5 6 Etapas do processo de compras de materiais - PMI Realização do planejamento das aquisições O planejamento das aquisições envolve considerações sobre quando, como, o que, quanto, e onde compra cada material especificado. As informações necessárias para realizar o planejamento das aquisições referem-se a: a) declaração do escopo do projeto descrevendo os limites atuais do projeto, descrição do produto do projeto que deve fornecer informações importantes sobre qualquer questão técnica ou preocupação que necessitariam ser consideradas durante o planejamento das aquisições; b) a fonte de recursos, as condições do mercado (que produtos e serviços estão disponíveis no mercado, quais são os fornecedores, e sob que termos e condições); c) as restrições são fatores que limitam as opções do comprador; d) as premissas são fatores que, para fins do planejamento, serão consideradas verdadeiras, reais, ou corretas. Etapas do processo de compras de materiais - PMI Preparação das aquisições A preparação das aquisições envolve preparar os documentos necessários para suportar o processo de compras de materiais. A preparação das aquisições deve ser intimamente vinculada ao cronograma do projeto. Os documentos de aquisição devem ser estruturados para propiciar respostas corretas e completas por parte dos fornecedores. Eles devem sempre incluir a especificação do trabalho, uma descrição da forma desejada de resposta, e quaisquer cláusulas contratuais necessárias. Os documentos de aquisição devem ser rigorosos o bastante para garantir consistência, e respostas equivalentes, mas ao mesmo tempo flexíveis o suficiente para permitir sugestões dos fornecedores quanto às melhores formas de atender aos requerimentos. Obtenção das propostas A obtenção de propostas envolve a obtenção de informação (coletas de preços e propostas) dos fornecedores potenciais quanto ao atendimento das necessidades do projeto. Para a realização dos trabalhos é necessário realizar reuniões com os fornecedores potenciais antes da preparação da proposta. Elas são usadas para assegurar que todos os fornecedores tenham uma compreensão clara e comum do processo de compra. Os resultados dessa etapa do processo são as propostas preparadas pelos fornecedores que descrevem a sua capacidade e a possibilidade de fornecer o produto solicitado. Criação de parcerias com fornecedores A seleção de fornecedores envolve a recepção de coletas de preços dos materiais e a aplicação dos critérios de avaliação para selecionar um fornecedor. As informações necessárias para realizar essa etapa do processo referem-se a: propostas, critérios de avaliação, políticas organizacionais. Nesta fase é realizada uma negociação com os fornecedores que não abrange somente preços, ma também técnica e condições especiais. O resultado dessa etapa é o contrato com o melhor fornecedor. Gerenciamento do contrato A administração dos contratos é o processo de assegurar que o desempenho do fornecedor está adequado aos requerimentos contratuais. Em grandes projetos, com diversos fornecedores de produtos e serviços, um aspecto chave da administração dos contratos é gerenciar as interfaces entre os diversos fornecedores. As informações necessárias para a realização dessa etapa são: contrato e resultados do trabalho do fornecedor. O resultado dessa etapa é o pagamento dos fornecedores, relatório de desempenho dos fornecedores. Encerramento do contrato O encerramento do contrato envolve tanto a verificação da aplicação do material quanto o fechamento administrativo. As informações necessárias para encerrar o contrato são: documentação do contrato, que inclui o próprio contrato junto com todos os cronogramas de suporte, mudanças contratuais requisitadas e aprovadas, qualquer documentação técnica desenvolvida pelo fornecedor, relatórios de desempenho do fornecedor, documentos financeiros tais como faturas e registros de pagamentos, e os resultados de quaisquer inspeções relacionadas ao contrato. O resultado dessa etapa é o arquivo do contrato, aceitação formal e fechamento. QUADRO 8 – INTERPRETAÇÃO DA DINÂMICA DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS UTILIZANDO AS DIRETRIZES DO PMI 38 Da mesma forma que as diretrizes utilizadas pelo PFI, as diretrizes adotadas pelo PMI pressupõe o desenvolvimento de todos os trabalhos com todos os envolvidos no projeto (obra, projetistas, fornecedores, compradores) (PMI, 1996). Na literatura referente aos procedimentos do PMI verificou-se que o objetivo subliminar destas diretrizes é gerar maior padronização de procedimentos e, também, possibilitar o controle das informações geradas durante o gerenciamento do projeto. 2.5.3 O PROCESS PROTOCOL O Process Protocol é uma iniciativa da Universidade de Salford, Inglaterra, visando estabelecer procedimentos para o desenvolvimento e gerenciamento de projetos de engenharia. O modelo proposto no “Processo Protocol” é resultado da colaboração de sete empresas que estão envolvidas com a indústria da construção civil, desde empresas de projetos até empresas de manutenção. A filosofia do Process Protocol busca promover a parceria com o Cliente, Construtor, Fornecedor e Projetistas, tornando-os parceiros e não somente prestadores de serviços (COOPER et.al, 2000). O escopo do Process Protocol abrange todo o ciclo de vida do projeto, isto é, pré-projeto, projeto, pré-construção, construção, e pós-construção. Essas etapas foram dividas em sete fases, sendo em que cada uma existe um responsável pela avaliação da fase anterior. 39 Etapas do processo de compras de materiais - Process Protocol Atuação em projetos e especificações Durante a fase de “necessidades do projeto” faz-se a identificação de todos os envolvidos no projeto e identificam-se todos os requerimentos necessários para realizar o cadastramento dos novos fornecedores. Realização do planejamento das aquisições É realizado um planejamento da necessidade de compras de materiais colocando os custos no tempo. Logo após, é realizado uma análise "custo x beneficio" dos materiais que se deseja utilizar no projeto com os custos que serão necessários desembolsar. O resultado dessa etapa é uma prévia de definições sobre as especificações dos materiais que serão adquiridos durante o projeto com uma estimativa de custos global. Durante a fase de finalização dos desenhos e especificações é realizada uma análise do planejamento executado, tentando não fugir das condições já definidas. O resultado dessa etapa é um planejamento definitivo das compras de materiais com todas as especificações e detalhes já definidos. Criação de parcerias com os fornecedores Tendo em mãos o planejamento das aquisições, começa-se a busca dos fornecedores. Se os fornecedores desejados não são cadastrados, realiza-se a avaliação desse fornecedor para posteriormente começar a negociação. O resultado desta etapa é uma lista de fornecedores cadastrados. Cotação e análise de orçamentos Depois de definido todas as especificações e desenhos e também estabelecido a lista de fornecedores, fazem-se cotações com os fornecedores já cadastrados, procurando trabalhar em lotes de compra e com grupos de fornecedores. Aprovação das condições de compra Após as devidas negociações dos materiais que se deseja comprar, é realizado um contrato com o fornecedor focando as condições do negócio e aspectos burocráticos para compra do material. Gerenciamento do contrato Durante o período estabelecido como prazo de entrega é realizada o acompanhamento dos trabalhos junto ao fornecedor, desde característica do produto até confirmação da entrega dos materiais adquiridos. O processo de aquisição de materiais só é finalizado quando o material é utilizado e testado, tendo o objetivo de monitorar a qualidade em relação às condições que o material foi adquirido. A avaliação do fornecedor e dos materiais é realizada pelo pessoal que utilizou os materiais e pelo pessoal que o adquiriu (comprador). Revisão e feedback Cada etapa do processo de compras de materiais é responsável por realizar uma avaliação da etapa anterior para que seja possível aprimorar o processo e gerar o comprometimento entre os envolvidos no processo de compras. QUADRO 9 – INTERPRETAÇÃO DA DINÂMICA DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS UTILIZANDO AS DIRETRIZES DO PROCESS PROTOCOL O principal diferencial do Process Protocol em relação ao PFI e o PMI está da importância que é dada na avaliação de cada fase que faz parte destas diretrizes. Ao término de cada fase existe um responsável por realizar a sua avaliação. Dependendo no nível de pendências que existam nesta determinada fase pode se dar continuidade ao processo ou não (COOPER et al, 2000). 40 Por exemplo: se uma operação é crítica para o processo de compras de materiais, como é o caso do planejamento das aquisições, utilizando o conceito de "atividades críticas" do Process Protocol, não é possível efetuar a compra dos materiais. Entretanto, se a operação que está sendo avaliada refere-se a iniciar a busca de fornecedores antes de finalizar o planejamento das aquisições, utilizando o conceito de "atividades não críticas" é possível da continuidade ao processo. Enfim, dependendo quão crítica é a operação que envolve cada fase do empreendimento, é necessário parar e alterar o que está sendo solicitado pelo avaliador da fase anterior ou dar continuidade ao processo atentando-se para a conclusão das pendências. 2.5.4 DIFERENÇAS DE ÊNFASES ENTRE AS DIRETRIZES DO PFI, PMI E PROCESS PROTOCOL A literatura encontrada referente às diretrizes do PFI, PMI e Process Protocol não fornece dados suficientes para o estabelecimento de diferenças entre estes procedimentos. Entretanto, foi possível identificar durante esta análise é que existe uma maior ou menor ênfase em cada etapa do processo de compras de materiais de acordo com o perfil de cada abordagem. Durante a etapa de "Necessidade do projeto" o PFI dá grande ênfase na busca e no envolvimento dos fornecedores. Na etapa referente ao "Planejamento das aquisições" verificou-se que o PFI está direcionado para a definição dos objetivos, investigação do mercado, elaboração de diretrizes iniciais e definição de diretrizes estratégicas. Já as diretrizes do Process Protocol dão maior ênfase à análise de custo x benefício e a definição das especificações dos materiais. Já os procedimentos do PMI estão focados na determinação do que e quando contratar. Na etapa referente a "Revisão do Planejamento das Aquisições" percebeuse que o PFI está voltado para o desenvolvimento de especificações, as diretrizes do Process Protocol estão direcionadas para a análise do planejamento executado e 41 para a realização do planejamento definitivo. Já a abordagem do PMI está focada na análise do planejamento desenvolvido. Na etapa referente ao "Envolvimento de fornecedores" verificou-se que as diretrizes do PFI estão voltadas para a busca de fornecedores e para a discussão de especificações com fornecedores. O Process Protocol visa nesta etapa a identificação dos envolvidos no projeto e dos requerimentos necessários para realizar o cadastramento dos novos fornecedores. Os Procedimentos do PMI focam a busca de fornecedores e a discussão de especificações com fornecedores. Durante a etapa de "Preparação das aquisições" percebeu-se que tanto o PFI, como o Porcess Protocol e o PMI estão direcionados para a realização de cotação de materiais e serviços (orçamento base). Na etapa referente a "Obtenção das propostas" verificou-se que as diretrizes do PFI estão voltadas para a avaliação dos orçamentos, elaboração de diretrizes finais, enquanto os procedimentos do Process Protocol e do PMI estão direcionados somente para a análise dos orçamentos. Durante a etapa referente a "Negociação", percebeu-se que as diretrizes do PFI, do PMI e do Process Protocol procuram trabalhar com pacotes de trabalho durante as contratações. Já durante a fase de "Administração do contrato" percebeuse que os procedimentos do PFI estão direcionados para o monitoramento de custos e qualidade (feedback). As diretrizes do Process Protocol e do PMI estão focados na realização de acompanhamento dos trabalhos junto ao fornecedor. Na etapa referente à "Administração do contrato (pós-obra)" verificou-se que as diretrizes do PFI estão voltadas para o monitoramento de custos e qualidade (feedback) e na etapa referente à "Manutenção (pós-obra)" estes procedimentos estão voltados para o gerenciamento do contrato. Durante a etapa de "Encerramento do contrato" verificou-se que as três diretrizes tem a preocupação de realizar formalmente a comunicação aos envolvidos no projeto da finalização do contrato. 42 Finalmente, analisando as diretrizes adotados pelo PFI, PMI e pelo Process Protocol para gestão do processo de compras de materiais percebeu-se que para todos eles as etapas que envolvem decisões estratégicas são as mais importantes deste processo, e também, são as etapas onde devem ser direcionados a maior parte dos esforços. 2.6 RESUMO No início deste capítulo apresentou-se a definição da cadeia de suprimentos e qual é a importância da formação de parcerias com fornecedores para obter uma cadeia de suprimentos bem-sucedida. A seguir, foi definido o que é o processo de compras de materiais e qual é a sua relação com esta cadeia de suprimentos. Posteriormente, relata-se as diferenças entre a visão tradicional de compras (compra reativa) e o papel estratégico que o processo e compras pode ter (compra pró-ativa). Na seção seguinte foi apresentado as implicações que o pensamento enxuto pode gerar para o processo de compras de materiais. Neste tópico, apresentou-se os conceitos principais que envolvem o relacionamento entre a empresa e fornecedor no que diz respeito à qualidade total e ao "just-in-time". Por fim apresentou-se três diretrizes utilizadas por instituições de renome internacional, que apresentam características da abordagem pró-ativa, que são utilizadas na Inglaterra e também nos Estados Unidos, o PFI, o PMI e o Process Protocol. 43 Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais Capítulo 3 O Comércio Eletrônico Capítulo 4 Método de Pesquisa Capítulo 5 Estudos de Caso Capítulo 6 Proposta de Diretrizes para Estruturar o Processo de Compras de Materiais Capítulo 7 Conclusão Capítulo 3 O Comércio Eletrônico 44 3.1 PANORAMA GERAL O capítulo 2 relatou os aspectos teóricos pertinentes ao processo de compras de materiais. No presente capítulo é apresentado os aspectos teóricos referentes ao comércio eletrônico. Primeiramente, são relatadas as mudanças que a realização dos negócios realizados via digital geraram para as organização e a evolução histórica desta forma de realizar transações. A seguir apresenta-se o comércio eletrônico propriamente dito e também as tipologias existentes. Na seção seguinte aborda-se o cenário atual da modalidade foco desta dissertação, o comércio eletrônico B2B ("business-to-business"). Finalmente, relatam-se os aspectos de funcionalidade e segurança do comércio eletrônico para as organizações e também os aspectos referentes a implementação do sistema e benefícios que as empresas podem obter com a utilização desta ferramenta. 3.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO O comércio eletrônico é uma ferramenta da tecnologia da informação que apoia a organização no sentido de facilitar a troca de informações entre esta empresa e seus parceiros. Com o advento da Internet, o comércio eletrônico tornouse mais acessível às organizações em todo o mundo, como será descrito nas seções seguintes. 3.2.1 O ADVENTO DA INTERNET Um dos adventos de maior significância para a viabilização técnica do comércio eletrônico em larga escala em todo o mundo foi o desenvolvimento da Internet. Em 1992 o serviço "WorldWideWeb", popularmente chamado de "Internet Comercial", foi concebido e desenvolvido no CERN (Centro Europeu de Pesquisas 45 Nucleares), em Genebra. No início a WWW só era acessível para militares, um pouco depois foi disponibilizada para acadêmicos (THELWALL, 2000). Já nas empresas, até o ano de 1993, a forma mais usual para interligar o escritório central de uma organização com as filiais ou fornecedores era o de conectar o seu computador central (mainframe) a terminais distribuídos por todas as suas filiais e sedes regionais de produção ou vendas (Figura 6). Essa ligação era feita através de uma rede privada, o que tornava essa ferramenta bastante onerosa para as empresas interessadas nesta ferramenta (ANGELES et al, 2000). Fábrica Centro de distribuição Escritórios Filiais Força de Vendas MATRIZ Distribuidores Fornecedores Consumidores Representantes Revendas Clientes Corporativos FIGURA 6 - ESQUEMA DA LIGAÇÃO ENTRE ORGANIZAÇÕES ATÉ 1993 (BLUMENSCHEIN e FREITAS, 2000) A Internet comercial mudou drasticamente o quadro da comunicação da empresa, tanto internamente como com o restante da cadeia produtiva. Esta rede tornou-se acessível ao grande público, contendo o conjunto de recursos e procedimentos tecnológicos que permitem a qualquer um (pessoa física ou jurídica) exibir textos e imagens a partir de um microcomputador. Esta transmissão acontece de um usuário A para o usuário B, utilizando-se de redes telefônicas das localidades de A e B, a Infra-estrutura Global de Informação (IGI) e provedores de acesso à Internet nas localidades A e B, conforme ilustra a Figura 7 (KAMPAS, 2001). 46 IGI Provedor de acesso A Telefônica local Internet IGI IGI – Infraestrutura Global de Informação A IGI é composta por satélites, cabeamento local ou internacional e estações terrestres de microondas. Provedor de Acesso Empresa especializada em interligar os usuários à Internet através de IGI. Provedor de acesso B Telefônica local Usuário Local Pessoa física ou jurídica que utiliza a rede Internet para se conectar com outros usuários em qualquer parte do mundo através de ligação telefônica. Usuário local Usuário local FIGURA 7 – COMUNICAÇÃO VIA INTERNET (ADAPTADO DE BLUMENSCHEIN e FREITAS, 2000). Com a Internet as informações podem ficar disponíveis em tempo real. Dispondo apenas de uma linha telefônica comum, um microcomputador e com um canal de comunicação (ex: modem, fibra ótica) e com um conjunto de softwares necessários para se conectar e se comunicar, qualquer pessoa ou empresa tem a possibilidade de enviar mensagens comerciais ou pessoais para todas as partes do globo, sempre com o custo de uma ligação telefônica urbana simples ou as vezes zero (VENKATRAMAN, 1991). Após o surgimento da Internet, e em grande parte graças à facilidade de sua operação, esta se expandiu no mundo a taxas nunca vistas por nenhum outro meio de comunicação. Assim, se o rádio levou 38 anos para cobrir 50 milhões de pessoas e a televisão levou 13 para atingir igual público, a Internet ultrapassou esse limite com apenas quatro anos de idade (WILLCOCKS, 2000). Hoje a Internet tem aproximadamente 380 milhões de usuários no mundo, sendo que o Brasil representa 2% destes usuários (WEBMARKETING, 2001). O próximo item relata como a Internet contribuiu para a evolução dos negócios dentro das organizações. 47 3.2.2 FERRAMENTAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA APOIO À ORGANIZAÇÃO Os negócios na era digital necessitam de ferramentas para dar apoio às organizações tendo como objetivo maior possibilitar o aumento da competitividade interna e externa à organização. ALBERTIN (2001) aponta os seguintes componentes adicionais para essa nova realidade (Figura 8): a) Organização - deve ter os processos estruturados, para garantir a qualidade das informações através da utilização das seguintes ferramentas, tais como: "Enterprise Resource Planning" (ERP): é um sistema de informação empresarial que tem o objetivo de propiciar informações, sem emendas e em tempo real para todos os funcionários que as necessitam em toda a organização. Este sistema abrange informações tanto internas como externas à empresa. Materials Resource Planing (MRP) - O MRP é entendido na literatura através de duas formas: o MRP I e o MRP II. O MRP I é um sistema de gerenciamento da produção e inventário, isto é direcionado para atividades operacionais. Já o MRP II, refere-se a um sistema de gerenciamento que tem o objetivo de associar as informações da produção com as demais áreas da empresa (compras, contabilidade, vendas, engenharia). MEREDITH et al (2002) afirma que o MRP é bastante eficiente no momento de monitorar o sistema, isto é, para verificar se o montante produzido correponde ao desejado. Este autor também defende que o MRP torna-se mais eficiente para a organização no momento em que a mesma trabalha junto com o "just-in-time". b) Comércio eletrônico (CE) - realização de alguma transação utilizando o ambiente eletrônico; c) Sistemas de apoio a decisão (SAD): é um processo de coleta, análise e distribuição de dados para melhorar a decisão de negócios, levando as informações para um número grande de usuários dentro da organização; 48 d) Sistemas de gestão do conhecimento (SGC): é a organização de informações de fontes distintas num contexto que reflete o negócio, suas decisões e processos. Gerenciamento de Informação Comunidades Virtuais CE CE Organização ERP / MRP Fornecedores Clientes SGC e SAD SGC e SAD Parceiros Resposta Eficiente ao Consumidor Gerenciamento da cadeia de suprimentos Gerenciamento do relacionamento com clientes FIGURA 8 - NEGÓCIOS NA ERA DIGITAL (ADAPTADO DE ALBERTIN, 2001). É de grande importância para as empresas que tem interesse em aumentar a competitividade no mercado, conhecer a evolução no ambiente empresarial em que atuam, no que diz respeito a utilização da tecnologia da informação. O entendimento das ferramentas citadas acima pode possibilitar a identificação das oportunidades e desafios que as empresas tem no novo ambiente empresarial dos negócios. Nesta dissertação, focou-se nesta revisão da bibliografia, os aspectos que dizem respeito somente ao comércio eletrônico, sem aprofundar os conhecimentos nas outras ferramentas da tecnologia da informação apontadas por ALBERTIN (2001). Isto porque este trabalho tem o objetivo principal de elaborar diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais visando a implantação do comércio eletrônico na indústria da construção. 49 3.3 O COMÉRCIO ELETRÔNICO O Comércio Eletrônico de maneira geral pode ser definido como a realização dos processos de negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa da tecnologia de comunicação e de informação (ALBERTIN, 2001). Com o uso da Internet, a comunicação entre as empresas deixa de ser vinculada a uma rede privada e passa a ser realizada através de uma rede pública que está a disposição de todos (Figura 9). Este fato possibilita a adoção do comércio eletrônico de forma menos onerosa no momento da interligação entre empresas x fornecedores. Esta também é uma das principais vantagens freqüentemente mencionas pelas empresas que adotaram o comércio eletrônico para realizar negócios (MCLOUGHLIN, 1995). Hoje... Revendas Consumidores Clientes Centros de Distribuição Distribuidores Internet Representantes MATRIZ Fornecedores Força de Vendas Filiais Fábricas FIGURA 9 - DINÂMICA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO UTILIZANDO A REDE INTERNET A adoção do comércio eletrônico altera o comportamento das empresas (CROSS, 2000). Esta transformação é determinada por três fatores (GRILO, 1998; BORDERS, 2001): a) do relacionamento entre as empresas: nível de parceria entre os fornecedores e compradores; 50 b) das características individuais de cada empresa: foco de atuação (pró-ativo ou reativo); c) das características da rede que as empresas estão envolvidas: refere-se ao tipo de arquitetura dos sistemas que são utilizados pelas empresas. A transformação do comportamento das empresas que adotam o comércio eletrônico também está diretamente ligada ao nível de utilização e abrangência que será dada na organização para esta ferramenta. A este respeito, o comércio eletrônico tem uma variedade de aplicações dentro das organizações tais como (KALAKOTA et al, 1996): a) Gerenciamento da cadeia de suprimentos: gerenciamento da cadeia produtiva desde o fornecimento da matéria- prima até a rede de distribuição dos produtos; b) Banco remoto: pagamento de contas, transferência de dinheiro via Internet; c) Compra de materiais e serviços: aquisição de bens via mercado eletrônico; d) Marketing e propaganda on-line: distribuição direcionada de propaganda para clientes; e) Entretenimento - permite que o usuário entre em lojas de entertenimento "virtuais" e escolha, por exemplo, um filme do catálogo. Após isso, este usuário fornece o número do seu cartão de crédito, utilizando mensagem criptografada. A seguir, a loja virtual transfere o filme para a sua televisão; f) Compras de pessoa física - permite que o usuário entre em lojas virtuais, olhe os produtos, experimente roupas virtuais e compre o produto com entrega imediata, através do pagamento em cartão de crédito; Na sessão seguinte apresenta-se as diferentes tipologias de comércio eletrônico que podem ser utilizados pelas organizações. 3.3.1 TIPOLOGIAS DE COMÉRCIO ELETRÔNICO O volume de investimento em um sistema de comércio eletrônico depende das características do negócio da organização (ex: mercado alvo, grau de 51 exigências) e consequentemente do tipo de informações que esta empresa troca com os seus clientes e fornecedores (CROSS, 2000). BLUMENSCHEIN (2000) apresenta quatro modalidades de transferências de dados que podem ser incorporadas na arquitetura de um sistema de comércio eletrônico, como apresentado a seguir: a) Transações comerciais: incluem documentos como cotações de preço, pedidos, confirmação (follow-up), instruções de entrega, notas de recebimento, fatura, nota de crédito e extrato de conta; b) Informações técnicas: incluem especificações do produto, dados de objetos de realidade virtual, dados de desempenho. No setor de manufatura, os engenheiros de "design" das empresas compradoras necessitam comunicar-se diretamente de suas estações de trabalho com os sistemas de CAD/CAM de seus principais fornecedores; c) Pergunta-resposta: é o sistema utilizado pelas linhas aéreas que permite acesso aos preços e à disponibilidade de assentos para passageiros e de espaço de carga. As reservas são feitas após a confirmação. Sistemas similares permitem que um comprador acompanhe o andamento de um pedido de fábrica e na seqüência da distribuição; d) Transferência de dinheiro: refere-se aos sistemas de transferência eletrônica de dinheiro por computador, evitando a emissão de cheques ou a remessa de ordem de pagamento pelo correio. Como exemplos estão os sistemas de compensação bancária, o pagamento eletrônico de faturas, a transferência eletrônica de fundos nos terminais de ponto-de-venda e o pagamento por cartão de crédito. Os critérios para definir o modelo de transferência de dados a ser adotado por uma empresa depende diretamente do tipo de negócio da empresa e também das operações que ela deseja realizar via ambiente eletrônico. Nesta dissertação serão focadas as transferências denominadas "transações comerciais", visto que, o foco do trabalho é a realização de compras de materiais via comércio eletrônico. 52 Com a finalidade de simplificação da análise, considera-se que as soluções de comércio eletrônico podem ser basicamente divididas em oito tipos, que dependem da natureza dos negócios que são realizados entre as partes envolvidas (FARACO, 1998; AMBLER, 1997; AMORIN, 1999; CROSS, 2000; PAPAZOGLOU et al, 2000; PEPPERS et al, 2000; KAMPAS, 2001): a) Business-to-Business - B2B (empresa-empresa): aplicáveis aos clientes que necessitam estabelecer um relacionamento comercial entre unidades próprias ou com parceiros de negócio (pessoas jurídicas): distribuidores, representantes, revendas, fornecedores, associados, clientes corporativos e outros. O segmento “business to business” (B2B) é composto por empresas que utilizam a Internet como ambiente de negócios; b) Business-to-Consumer - B2C (empresa-consumidor): são aplicáveis aos clientes que necessitam estabelecer um relacionamento comercial com consumidores finais (pessoas físicas). Negócios B2C envolvem interações entre uma corporação e um indivíduo ou grupo de indivíduos. Em geral, as empresas que compõem este segmento são aquelas que comercializam produtos em pequena quantidade (varejo) e também aquelas com foco informativo; c) Business-to-Employee - B2E (empresa-empregado): são aplicáveis aos clientes que necessitam estabelecer um relacionamento de colaboração e compartilhamento de informações entre os seus próprios funcionários; d) Consumer-to-Business - C2B (consumidor-empresa): é composto pelos "sites" que disponibilizam informações provenientes de pessoas físicas, destinadas às pessoas jurídicas. Um exemplo deste tipo de negócio são as bolsas de empregos, nas quais pessoas interessadas em conseguir uma nova ocupação disponibilizam suas informações para possíveis empresas interessadas em contratá-las; e) Consumer-to-Consumer - C2C (consumidor-consumidor): envolve "sites" que intermediam transações entre duas pessoas físicas. Um exemplo deste tipo de "site" são os leilões, onde qualquer pessoa interessada em negociar um bem pode disponibilizar informações sobre o mesmo, incluindo um preço inicial para os possíveis interessados, que devem então dar “lances” para adquiri-los, iguais ou 53 maiores ao valor inicial proposto; f) Government-to-Bussiness - G2B (Governo-Empresa): é aplicável quando a empresa pública necessita estabelecer um relacionamento comercial com outras empresas (privada ou pública). Um exemplo deste modelo de comércio eletrônico são as licitações para construção de obras públicas; g) Government-to-Consumer - G2C (Governo-Consumidor): é aplicável quando a empresa pública necessita estabelecer um relacionamento comercial com pessoas físicas. Um exemplo deste modelo de comércio eletrônico são os leilões eletrônicos para a venda de imóveis pertencentes ao Governo; h) Business-to-Government - B2G (Empresa-Governo): caracteriza-se pelos "sites" que disponibilizam informações de empresas privadas, destinadas diretamente à empresa pública. Desta forma, a empresa pública pode acessar e verificar se a empresa que se deseja contratar possui as condições necessárias para a sua contratação. Como o objetivo deste trabalho é direcionado para o relacionamento entre empresas do setor privado (construtora e fornecedores) durante uma parte da cadeia produtiva da construção civil, o processo de compras de materiais, a categoria de comércio eletrônico que será abordada nesta dissertação será a do tipo Business-toBusiness (B2B). 3.3.2 A MAGNITUDE ECONÔMICA DO B2B O mercado de B2B está em crescimento. Segundo o último relatório do eMarketer, as receitas gerais com e-commerce na América Latina representaram US$ 3,6 bilhões, em 2000. Aproximadamente 80% deste valor representa as transações “business-to-business” ficando para as outras tipologias de comércio eletrônico os 20% restantes (EMARKETER, 2001). O Brasil, sozinho, representa mais de metade do volume total da região. A empresa de consultoria eMarketer prevê um avanço significativo do e-commerce na região, motivado pelo crescimento do segmento business-to-business (EMARKETER, 2001). Corrobora a esta afirmação o estudo realizado pelo 54 GARTNER GROUP (2001), o qual prevê que até 2004 o mercado de B2B represente 6,9% da economia global, o que significa US$ 7,3 trilhões. Quanto ao mercado paranaense, segundo pesquisa "Termômetro Empresarial", realizada pela empresa ARTHUR ANDERSEN (2001), 91% das 79 empresas que responderam à pesquisa (em universo de 445 procuradas) têm capital nacional e somente 9% possuem controle estrangeiro. Segundo esta pesquisa, o faturamento total da amostra equivale a 14% do PIB paranaense. A pesquisa mostra que 93% das empresas que responderam a pesquisa, têm a intenção de colocar 21% do capital nacional em seu negócios no Brasil (ARTHUR ANDERSEN, 2001). Na construção civil a nível nacional, existem iniciativas da criação de portais horizontais públicos que permitem a realização de compras de materiais para construção. Como exemplo dessas iniciativas estão os sites: "construtivo", "naobra ", "superobra " entre outros (CONSTRUTIVO, 2001; NAOBRA, 2001; SUPEROBRA, 2001). 3.3.3 TIPOS DE COMÉRCIO ELETRÔNICO B2B Existem diversos formas de efetuar negócios utilizando-se do comércio eletrônico B2B. Este local onde as negociações acontecem chamam-se na língua inglesa "Marketplaces", isto é "local de negócios" (KAMPAS, 2001). Segundo THELWALL (2000) estes "marketplaces" podem ser divididos em duas categorias: a) Marketplace público: é um modelo inter-empresarial que liga múltiplos compradores e fornecedores, que tem como foco a geração de receitas e lucros através da oferta de serviços com valor agregado. Este tipo de marketplace pode ser dividido em dois segmentos: Marketplace vertical: é voltado para vários membros de um segmento da indústria; Marketplace horizontal: fornece serviços para uma ampla gama de segmentos; 55 b) Marketplace privado: refere-se a solução de marketplace implementada individualmente por uma organização para integrar seus processos de negócios com seus parceiros. Para facilitar o entendimento da diferenciação dos modelos de comércio eletrônico B2B, a seguir serão focados os sete tipos de marketplaces mais utilizados atualmente: 3.3.3.1 Electronic Data Interchange (EDI) O Eletronic Data Interchange (EDI) realiza a transferência de dados estruturados de um computador para outro usando uma comunicação padrão. Este tipo de sistema refere-se a um "marketplace privado", conforme ilustra a Figura 10 (ANGELES et al, 2000). As informações recebidas via EDI podem ser diretamente usadas pelo usuário sem necessitar de processamento e análise humana sobre o arquivo MCLOUGHLIN (1995). Proprietária de rede Documentos contábeis Pagamentos e recebimentos Lista de produtos e preços Material de suporte a vendas Posição de estoque / remessa Projetos em P & D FIGURA 10 - PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE DADOS ATRAVÉS DE OPERAÇÕES DE EDI A maneira que o EDI trabalha é simples: um emissor gera um documento que se deseja enviar, sem necessitar a impressão, ele passa este documento para o software de transação que converte as informações em uma estrutura padrão. Essa 56 mensagem é enviada através do EDI, onde essa ferramenta atua sobre a mensagem e a envia para o destinatário que deve estar na rede cadastrada. O sistema EDI transmite a mensagem para o destinatário colocando-a na caixa de mensagem dele. O destinatário recebe a mensagem através de ferramentas do EDI e a mensagem é repassada para o "tradutor" a fim de converter o formato da mensagem para o sistema do computador receptor (GRILO, 1998). Para utilizar o EDI é necessário o pagamento de uma licença e de assinatura anual para acessar a rede, além disso, existem custos de software e hardware que tornam esta ferramenta bastante onerosa para a organização (MCLOUGHLIN, 1995). 3.3.3.2 Eletronic mail (e-mail) No sistema de comércio eletrônico utilizando e-mail, um emissor transmite uma mensagem do seu computador para uma central e esta o direciona para a caixa de entrada do destinatário. O sistema notifica o destinatário que a mensagem encontra-se na sua caixa de entrada e o destinatário se encarrega de salvar e ler a mensagem em seu computador (COLLIN, 1995). De acordo com GIMENEZ (2000) o sistema e-mail pode ser classificado em dois tipos: a) Sistema de e-mail público: são aqueles localizados em WANs (Wide-Area Networks). Esse serviço é realizado por empresas que transferem as informações entre computadores distantes, por exemplo entre empresas regionais e a matriz. b) Sistema de e-mail privado: são aqueles localizados em LANs (Local-Area Networks) ou por mainframes. Este tipo é bastante utilizado por empresas com necessidade de comunicação internacional. A característica básica do e-mail é que ele permite a comunicação entre as empresas mas não permite a interação entre elas. Este modelo de comércio eletrônico é bastante utilizado em conjunto com outros que possibilitam a interação entre os usuários. 57 3.3.3.3 Canal Eletrônico O canal eletrônico é semelhante ao EDI convencional, porém caracterizado pela transação direta entre o Fornecedor e Comprador através da Internet, conforme ilustra a Figura 11 (MONÇORES, 2001). O canal eletrônico é um exemplo do marketplace privado. Comprador Internet Fornecedor FIGURA 11 - DINÂMICA DO B2B UTILIZANDO O CANAL ELETRÔNICO O canal eletrônico elimina a intermediação entre o fornecedor e comprador e pode proporcionar a integração da cadeia de suprimentos (VERKATRAMAN, 1991). O diferencial entre o canal eletrônico e o EDI convencional é que para implantar o primeiro, não há necessidade de investir grandes somas de recursos em sistemas de informação. Exemplos de empresas que utilizam este modelo: Dell (DELL, 2001), Cisco (CISCO, 2001), Pão de Açúcar (PAO DE AÇUCAR, 2001) e Eletrolux (ELECTROLUX, 2001). 3.3.3.4 Portal horizontal O Portal horizontal caracteriza-se pelo envolvimento de vários fornecedores de vários setores industriais, portal e comprador dos mais variados setores, conforme ilustra a Figura 12 (MONÇORES, 2001). Os compradores e fornecedores só podem utilizar o portal após a disponibilização das informações 58 sobre a sua empresa no "site". A retenção de informações sobre os clientes tem como finalidade gerar propagandas e envio de material promocional de acordo com o perfil de cada empresa (KAMPAS, 2001). Exemplos de empresas que utilizam este modelo: "construtivo.com" (CONSTRUTIVO, 2001), "naobra.com" (NAOBRA, 2001), "superobra.com" (SUPEROBRA, 2001). Comprador 1 Comprador 2 Comprador n Ambiente Internet Portal Setor Industria 1 Setor Industrial 2 Setor Industrial N FIGURA 12 - DINÂMICA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ATRAVÉS DO PORTAL HORIZONTAL 3.3.3.5 Portais verticais Caracteriza-se pelo envolvimento de vários fornecedores com vários compradores que trabalham dentro de um mesmo setor industrial, conforme ilustra a Figura 13 (MONÇORES, 2001). Este é um exemplo de "marketplace público". Comprador 1 Comprador N Portal Ambiente Internet Setor Industrial 1 FIGURA 13 - DINÂMICA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO UTILIZANDO PORTAIS VERTICAIS 59 Os portais verticais têm como característica a criação de mercados especializados. Ainda, garantem a credibilidade às transações e a logística dos materiais através de acordo pré-acertados com os parceiros do portal (KOTHANDARAMAN et al, 2001). Exemplos de empresas que utilizam este modelo são: "e-steel.com"(ESTEEL, 2001) e "foodservice.com" (FOODSERVICE, 2001). 3.3.3.6 Agregador de Demanda É definido como o local ("site") onde pequenos compradores se agregam formando cooperativas. Este tipo de modelo também é um outro exemplo de marketplace público. Caracteriza-se pelo envolvimento do fornecedor, da empresa gestora do portal e vários compradores (MONÇORES, 2001). O agregador de demanda (site) é responsável por unir os fornecedores e gerenciar o processo de compras dentro do "site". Geralmente organizados na forma de portais, estas cooperativas conseguem o aumento do poder de barganha do comprador, o ganho de escala e o aumento de eficiência no processo de compras. Exemplo de empresa que utiliza este modelo: "accompany.com " (MERCATA, 2001). Pequeno Comprador 1 Pequeno Comprador 2 Agregador Pequeno Comprador N Ambiente Internet Fornecedor 1 FIGURA 14 - DINÂMICA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ATRAVÉS DO AGREGADOR DE DEMANDA 60 3.3.3.7 Agregador de Fornecimento Refere-se ao envolvimento de vários fornecedores, agregador de fornecimento e comprador, conforme ilustra a figura a seguir. Este modelo é um outro exemplo de "marketplace público" (MONÇORES, 2001). Compradores Agregador Ambiente Internet Fornecedor 1 Fornecedor 2 Fornecedor N FIGURA 15 - DINÂMICA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ATRAVÉS DO AGREGADOR DE FORNECIMENTO O agregador de fornecimento tem como ponto focal o mercado "demandador" e o escoamento da produção excedente. A diferença entre o agregador de demanda e o agregador de fornecimento é que no segundo tipo de comércio eletrônico, as cooperativas são feitas entre os fornecedores. Este modelo é freqüentemente utilizado por empresas transportadoras. Exemplos de empresas que utilizam este modelo: "webtrans.com" (WEBTRANS, 2001) e "excesschanel.com" (EXCESS CHANEL, 2001). 3.3.3.8 Discussão Como efeito de simplificação de entendimento das diferenças entre os tipos de comércios eletrônicos apresentados, optou-se por criar uma relação teórica comparando o potencial de novos negócios que podem ser gerados para a organização de acordo o tipo de comércio eletrônico B2B. O gráfico a seguir ilustra esta relação. 61 Agregador de demanda Agregador de fornecimento Portal Canal eletrônico e-mail EDI Potencial de novos contatos Tipos de B2B FIGURA 16 - RELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE FORNECEDORES E CLIENTES POR TIPO DE COMÉRCIO ELETRÔNICO B2B O gráfico ilustrado na Figura 16 mostra conceitualmente as diferenças entre os tipos de comércio eletrônico quanto ao potencial de efetivação de novos negócios. O EDI, o e-mail e o canal eletrônico são modalidades de comércio eletrônico caracterizados por uma tendência linear de realizar novos negócios, isto é, as relações entre o comprador e fornecedor acontecem de forma "um para um" (um comprador para um fornecedor). O gráfico da Figura 16 ilustra que o portal é o tipo de comércio eletrônico com o maior potencial para aumentar o número de negócios da empresa. Isto acontece porque as relações entre comprador e fornecedor acontecem de forma "um para muitos" (um comprador ou fornecedor para muitos fornecedores ou compradores), isto é, os contatos tem uma tendência de aumentar de forma exponencial (HALPER, 1999). 62 Esta figura também ilustra o comportamento do agregador de fornecimento e o agregador de demanda em relação ao potencial de novos contatos. Analisando o conceito referente a estas duas modalidades de comércio verifica-se que estes também têm uma tendência de crescimento exponencial, entretanto num patamar menor que os portais. Os agregadores tem um potencial menor de realizar novos contatos que os portais devido ao número de clientes (empresas pequenas) que utilizam estes "sites". Segundo CROSS (2000), as soluções de agregadores ainda não estão bem estruturadas e boa parte dos pequenos fornecedores da indústria em geral não estão preparados internamente para utilizar esta nova ferramenta. 3.3.4 ASPECTOS DE FUNCIONALIDADE E SEGURANÇA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO Mesmo quando não se trata de operações comerciais com grande magnitude, dois fatores muito importantes para o comércio eletrônico têm de ser igualmente satisfeitos pelo modelo de comércio eletrônico B2B: funcionalidade e segurança (KYE, 2001). O primeiro deriva diretamente das características centrais da política de marketing adotada e diz respeito ao tipo de utilização que a empresa fará do modelo de comércio eletrônico. O segundo é item fundamental para toda a empresa, seja no que diz respeito à garantia de informações (fidedignidade, privacidade de informações), seja no que toca à proteção de valores transitados eletronicamente (CROSS, 2000). A rede Internet foi concebida para atuar como uma rede de abrangência múltipla, na qual todos poderiam se comunicar com todos, os níveis de segurança eram bastante baixos em seu início (BLUMENSCHEIN, 2000). Todavia com o uso crescente de suas possibilidades de comunicação por empresas de todos os portes, nos últimos anos o tema segurança passou a ter importância crucial para as empresas (PIMENTA, 1998). Por algum tempo o desenvolvimento de procedimentos de segurança mais eficazes foi barrado por pressões governamentais 63 de inúmeros países, principalmente as organizações policiais dos Estados Unidos. Aos poucos, a pressão de companhias e conglomerados legalmente operantes veio sendo intensa o suficiente para que se desenvolvessem sistemas de proteção realmente seguros para a comunicação, via Internet (VENKATRAMAN, 1991). Segundo BLUMENSCHEIN (2000) e HICKSON (2000) as quatro principais necessidades de segurança de qualquer empresa são as seguintes: a) Segurança na identidade: como os interlocutores não estão face a face e nem sua voz ou assinatura podem ser reconhecidas com facilidade, ambas as empresas envolvidas precisam estar seguras da exata identidade de quem está na outra ponta do fluxo de comunicação; b) Segurança na privacidade: como a rede Internet é uma rede pública e mundial, ambas as empresas envolvidas necessitam estar seguras de que seu fluxo de comunicação comercial não será conhecido por ninguém senão pelo interlocutor de cada mensagem; c) Segurança na informação: como inúmeros dos procedimentos convencionais podem ser realizados na rede Internet, cada empresa necessita estar segura de que a mensagem transitada seja reconhecida como válida, no caso de acertos comerciais entre vendedor e comprador e para o caso de acertos e pendências jurídicas. Isto é o que se chama “garantia de não repúdio”, isto é, de que ambas as partes não possam negar o conteúdo de cada mensagem trocada. d) Segurança nas transações de fundos: os pagamentos e recebimentos de valores financeiros podem ser feitos pela rede Internet, da mesma forma que são realizados através de redes proprietárias de comunicação de dados. As ferramentas mais usuais criadas pela tecnologia da informação para garantir essas necessidades dos usuários são as seguintes: a) Autenticação segura: a autenticação refere-se a um certificado que é fornecido por um agente público ou privado que possui autoridade de certificação. Um certificado é uma declaração digitalmente assinada por um agente de 64 certificação que provê confirmação dos dados de uma pessoa que tem assinatura digital (THELWALL, 2000). b) Proteção criptográfica: as senhas de proteção criptográfica são elaborados apartir de códigos que “embaralham” mensagens inteiras impedindo o trânsito eletrônico por quem não tenha a “chave” de “desembaralhamento” das mensagens (HICKSON, 2000). Estas senhas garantem a identidade dos interlocutores na Internet, impedem o conhecimento de conteúdo por quem não tenha as chaves de leitura e oferecem credibilidade suficiente para qualquer mensagem transitada (CUNNINGHAM, 2000). Os sistemas seguros de pagamento, desenvolvidos para o setor bancário, garantem a possibilidade de envio de ordens de pagamento via Internet (ANGELES, et al, 2000). c) Protocolo de Transação eletrônica: é um protocolo utilizado na transferência de pagamentos com cartão de créditos criptografados. Este modelo estabelece um padrão técnico único para proteger as compras com pagamentos em cartão realizadas na Internet. Os objetivos da transação eletrônica segura de pagamento são: prover autenticação aos portadores de cartão, vendedores e compradores; prover confidencialidade dos dados de pagamento; preservar a integridade dos dados de pagamento (HICKSON, 2000). d) Firewall: refere-se a um equipamento entre a rede e a Internet para controlar e monitorar todo o tráfego entre o mundo externo e a rede local (KYE, 2001). Tipicamente, o equipamento permite que as pessoas de dentro da organização tenham acesso total aos serviços independente do local aonde estão (interno ou externo à empresa). O acesso a estes serviços é baseado em identificadores (login, senha, endereço, IP) . ALBERTIN (2001) afirma que devido aos baixos volumes de fraudes civis registrados sobre a Internet, a sua reputação de ser um local propício para fraudes é injusta. Segundo dados internacionais, a ocorrência de fraudes ou a quebra de segurança em comunicações protegidas na rede Internet é bem pouco significativa. De fato, grandes bancos em todo o mundo já oferecem a seus clientes a possibilidade de operação de contas correntes através do serviço de Internet Banking (AMBER, 1997). 65 3.3.5 BENEFÍCIOS OFERECIDOS PELO COMÉRCIO ELETRÔNICO 3.3.5.1 Benefícios estratégicos gerais Segundo PORTER (1986), as empresas criam vantagem competitivas percebendo e descobrindo novos e melhores meios de competir num setorinovações tecnológicas são exemplos destas oportunidades. Inovação pode ser definida como a inclusão de melhorias em tecnologia e melhores métodos de fazer as coisas (ALBERTIN, 2001). Uma das formas típicas de inovação é a utilização de tecnologia para a criação de novas possibilidades, por exemplo, para a criação de novos canais de distribuição e novos produtos. BLOCH et al (1996) apud ALBERTIN (2001) utilizaram o trabalho de PORTER (1986) sobre estratégia competitiva para análise do comércio eletrônico sob o ponto de vista estratégico e relacionaram os componentes do negócio via comércio eletrônico em: a) Três estratégias competitivas: Liderança em custo; Diferenciação; Segmentação. b) Novos entrantes e produtos substitutos c) Desintermediação durante a cadeia produtiva Com isso, BLOCH et al (1996) apud ALBERTIN (2001) formularam nove proposições dos efeitos benéficos do comércio eletrônico na dinâmica de uma indústria. a) A utilização de sistemas de comércio eletrônico na Internet ... .... proporciona uma vantagem em custos por meio da promoção de produtos a menores custos, canais de distribuição mais baratos e economias diretas. ... auxilia uma empresa a se diferenciar não somente pelo preço, mas também por meio de inovação de produtos, tempo para comercializar e serviços a clientes. 66 ... permite estratégias com ênfase em clientes por meio de melhores relacionamentos com eles. b) A utilização de sistemas de comércio eletrônico na Internet ou sistema similar ... ... permite mais facilmente a entrada em alguns mercados, tradicionalmente difíceis de acessar, graças à promoção mais fácil de produtos, novos canais de promoção e requerimentos reduzidos de capital. ... permite estabelecer as barreiras de entrada em alguns mercados por meio de aprendizagem extensiva de clientes, diferenciação de produtos e experiência. ... auxilia a introdução de produtos substitutos num mercado, graças a inovação de produto. c) A utilização de sistemas de comércio eletrônico na Internet ou sistema similar ... ... torna mais fácil a eliminação de um intermediário numa rede de distribuição, graças ao contato direto com o cliente e à utilização de uma infra-estrutura publicamente compartilhada. ... torna mais fácil vir a ser um novo intermediário numa indústria, por prover um serviço de valor adicionado por meio de gerenciamento de informação, como, por exemplo, integradores ou fornecedores de serviços básicos. ... torna possível enfrentar concorrentes, graças à maturidade de algumas tecnologias e experiências aprendidas, e é crítica para não perder terreno durante as mudanças nas dinâmicas de mercado. Além das vantagens citadas por BLOCH et al (1996) apud ALBERTIN (2001), os autores PIMENTA (1998), CROSS (2000), THELWALL (2000), KOTHANDARAMAN (2001), MARIOTTI et al (2001), PEPPERS et al (2000) e CISCO et al (1999) citam os seguintes benefícios que o comércio eletrônico pode oferecer para as organizações: 3.3.5.2.1 Ganhos devido à escala a) Volume de transações: devido ao volume de transações que pode ser realizado com a utilização do comércio eletrônico é possível melhorar as negociações com os fornecedores e conseguir reduções de preços consideráveis; b) Dimensionamento de estoques: com o fluxo fácil e contínuo de comunicação entre a empresa, os clientes e os fornecedores, a empresa dimensiona seus 67 estoques de forma a não imobilizar capital e, ao mesmo tempo, não deixar de atender à demanda; c) Redução de gastos: comunicando-se com qualquer mercado do mundo através de ligações locais e da rede Internet, a empresa obtém redução substancial dos gastos interurbanos e internacionais de comunicação entre filiais, parceiros, clientes e fornecedores; d) Maior eficiência administrativa: com registros mais precisos de encomendas, posições de pagamento, previsão de entrega ou disponibilidade de produtos em estoque, fichas cadastrais e tabelas de preços, a empresa consegue maior eficiência de seu pessoal administrativo; e) Substituição de funções: mudança na estrutura de distribuição da indústria, principalmente em relação aos intermediários. O comércio eletrônico pode substituir algumas das funções tradicionalmente desempenhadas pelos intermediários e até mesmo eliminar estas funções. 3.3.5.2.2 Melhor relacionamento entre empresas a) Fornecimento mais adequado: graças à possibilidade de acompanhar as necessidades de seus clientes em tempo real, a empresa adquire (ou produz) e fornece suprimentos de forma mais adequada; b) Informação ágil: parcerias relevantes, conhecimento de mercado, eficiência na cadeia de distribuição, integração horizontal e vertical. Com a possibilidade de comunicação fácil e constante com os clientes, a empresa segue de perto qualquer flutuação do mercado e das condições vigentes; c) Aproveitamento de recursos humanos: graças ao atendimento automatizado, a empresa pode aproveitar melhor o seu pessoal interno em outras funções que não apenas a de dar suporte aos clientes atuais, concentrando-se em vendas para novos mercados, por exemplo; d) Controle do fluxo de caixa: pela integração do fluxo administrativo, a empresa agiliza seu processo de entrega e faturamento de pedidos e pode manter um fluxo de caixa mais ajustado, com vários ganhos financeiros. 68 3.3.5.2.3 Ganhos em atuar no mercado competitivo a) Atualização de clientes: presença no setor, aceitação da comunidade, eficiência de processos, credibilidade e neutralidade (aceitação de empresas do exterior), aumento de serviços financeiros e liquidez. A empresa ganha bastante ao atualizar com facilidade cada cliente sobre novos itens de estoque, alteração de tabelas de preços ou lançamento de novos produtos ou versões de produtos; b) Agilidade nas pesquisas: a empresa pode pesquisar regularmente as necessidades da clientela ganhando poder competitivo em relação à concorrência além de poder disponibilizar catálogos de produtos, ofertas especiais e divulgação de ações promocionais diretamente no sistema, agilizando desta forma as vendas e aumentando a satisfação da clientela; c) Interação com clientes: o sistema da empresa pode interagir com cada cliente de forma particular num relacionamento personalizado mas automático e protegido. 3.3.5.2.4 Maior Qualidade no Processo a) Confiabilidade das informações: o registro automatizado de operações diminui a necessidade de conciliações, visto que ao reduzir a possibilidade de erros de entrada ou processamento de dados. Este sistema controla a plena integridade dos dados, dando maior confiabilidade às informações comerciais e gerenciais necessárias o dia-a-dia empresarial; b) Agilidade do fluxo: o fluxo administrativo torna-se mais ágil ao ser integrado (um pedido desencadeia uma ordem automática de análise cadastral, de faturamento, de expedição e, até mesmo, de reposição de estoque); c) Redução do ciclo de compras: com a automatização de processos pode ocorrer uma redução significativa do ciclo de compras além de promover a democratização deste processo e a distribuição de responsabilidades que juntos geram a liberação da área de compras para tarefas de maior valor agregado. 69 Finalmente, ressalta-se que a obtenção dos benefícios do comércio eletrônico mencionados acima dependem principalmente do seguintes fatores: comprometimento das equipes da empresa, principalmente da diretoria; equipe de suporte para o sistema e influência no mercado entre outros (GRILO, 1998). 3.3.6 REQUERIMENTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO 3.3.6.1 Contexto geral A análise de viabilidade de implantação do comércio eletrônico nas empresas do mercado em geral, incluindo as do setor da construção, deve focar em dois aspectos principais: os referentes à utilização do comércio eletrônico e as contribuições que a utilização do comércio eletrônico oferece às organizações. ALBERTIN (1998) apresenta um conjunto de aspectos que devem ser considerados nos estudos e nas aplicações de comércio eletrônico. Estes aspectos podem ser divididas em nove necessidades: a) Adoção: o comércio eletrônico está diretamente ligado a adoção deste tipo de tecnologia por parte dos clientes. Existem problemas de resistência a sua implantação, de deficiências na aprendizagem e na falta de infra-estrutura durante esta adoção; b) Relacionamento: o relacionamento com clientes e fornecedores sofre grandes alterações durante a implantação do comércio eletrônico. Isto acontece devido a eliminação de intermediários, diminuição da interação pessoal, integração eletrônica disponível e facilmente acessível e maior informações sobre os clientes; c) Adequação: a venda e distribuição possibilitadas pelo comércio eletrônico 70 necessitam da adequação nas formas de divulgação, venda e distribuição. Entretanto, os produtos e serviços nem sempre se adequam a essa nova realidade de realizar negócios; d) Comprometimento organizacional: o sucesso do comércio eletrônico está baseado no comprometimento da organização. Este comprometimento pode ser medido pelo volume de investimentos para criação e manutenção de sistemas; e) Privacidade e segurança: as principais preocupações dos clientes na adoção do comércio eletrônico são a privacidade e a segurança. A falta destes, pode gerar uma reação contra a utilização desta tecnologia; f) Aspectos legais: os aspectos legais podem restringir a adoção do comércio eletrônico. Por exemplo, se um setor obriga a apresentação de documentos e presença física e não aceita a nova forma de negócios do comércio eletrônico, isto pode ser suficiente para inviabilizar a adoção deste sistema; g) Aspectos de implementação: o comércio eletrônico necessita estar alinhado com a organização e adequada à tecnologia externa, visto que uma tecnologia sozinha não resolve nem cria vantagens. Após refletir acerca das diretrizes que envolvem a implantação do comércio eletrônico, conclui-se que a organização deve buscar pessoal capacitado (interno ou externo à empresa) para realizar uma pesquisa no mercado das alternativas tecnológicas existentes, visto que a dinâmica deste processo é alterado a todo momento (CUNNINGHAM, 2000). 3.3.7 SELEÇÃO E IMPLANTAÇÃO DA SOLUÇÃO B2B Não existe um único modelo ideal universal de comércio eletrônico B2B. Estes modelos diferem-se de acordo com o tamanho, tecnologia e complexidade envolvidos. O fundamental é que exista um planejamento, por parte dos responsáveis da Tecnologia da Informação na empresa, do desenvolvimento ou escolha do modelo de comércio eletrônico que a empresa de construção irá utilizar. 71 O ciclo de vida de um planejamento de qualquer projeto de um sistema de informação, inclusive o comércio eletrônico, deve conter: definição do projeto, estudo do sistema, projeto, programação, implantação e manutenção (acompanhamento). Durante e escolha da solução de comércio eletrônico B2B é necessário cumprir as seguintes etapas até chegar a sua implantação (REZENDE et al, 2000): a) Levantamento de necessidade de informação e aplicações que serão realizadas via comércio eletrônico; b) Desenvolvimento do modelo de informações empresariais, relatando todas as informações necessárias para que o sistema atenda as especificações dos requisitos funcionais desejados; c) Identificação e seleção das possíveis empresas desenvolvedoras do sistema ou de produtos já comercializados no mercado; d) Solicitação de proposta contendo análise e o projeto do sistema a ser desenvolvido; e) Seleção da proposta mais adequada ao perfil da empresa pelo estabelecimento de critérios de avaliação; f) Execução do desenvolvimento do sistema; g) Testes e revisões das especificações; h) Implantação do sistema; i) Pós-implantação. É importante salientar que quando estes serviços forem realizados por terceirizadas, a empresa que deseja implantar o comércio eletrônico deve possuir uma metodologia de controle, a fim de avaliar a qualidade de desenvolvimento, a adequação e a satisfação do projeto. Com os marcos definidos, contendo os pontos de avaliação de qualidade e aprovação do projeto, a gestão da terceirização de desenvolvimento do modelo de comércio eletrônico é facilitada. 72 3.6.8 AS SOLUÇÕES DE B2B APLICADAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL A dinâmica que envolve as soluções de comércio eletrônico tem grande variação, e o seu mapeamento não faz parte do escopo desta dissertação. Entretanto, independentemente do tipo de solução de comércio eletrônico B2B, não há como mudar a essência das informações básicas que são demandada no comércio, isto é, o que comprar, quando comprar, em que quantidades e por quanto comprar. Existem aspectos estáveis que já podem ser identificados como de alta prioridade de uso em qualquer solução futura de implantação de comércio eletrônico. Verificando as demandas de informação dos "sites" que trabalham com o setor da construção pode-se ter um primeiro mapeamento dos itens mais frequentes de informação demandadas. Consultando os "sites" da "Piniweb" (PINI, 2001, "Construtivo" (CONSTRUTIVO, 2001), "Bidare" (BIDARE, 2001) e "Clicon" (CLICON, 2001), verificou-se que as informações mais frequentemente solicitadas são: a) Características da empresa construtora e fornecedora e aprovação do cadastro; b) Definição do tipo de transação (leilão, cotação) e das condições do negócio; c) Descrição e definição das quantidades de produtos a serem adquiridos; d) Indicação de fornecedores pelo comprador, quando desejado; e) Disponibilização do catálogo de produtos pelos fornecedores cadastrados; f) Datas limites de cotação. No "site" do "Construtivo" e do "Bidare" existe a possibilidade de um fornecedor fazer uma oferta de um lote de produtos com o preço fechado, que pode ser adquirido por mais de um comprador, em volumes mínimos pré-definidos pela empresa ofertante. Através de uma pesquisa nos portais horizontais do "Construtivo", "Bidare", "Piniweb" e "Clicon" verificou-se também que existe uma rotina para o processo de compras de materiais dentro destes ambientes eletrônicos. Através da síntese das informações obtidas nestes "sites" percebeu-se a seguinte rotina para o processo de compras de materiais: 73 1° Etapa: o comprador disponibiliza o volume e descrição dos materiais que deseja adquirir; 2° Etapa: o comprador disponibiliza a lista de materiais para o fornecedor desejado ou para o administrador do leilão ("site") e estipula um prazo para recebimento da cotação; 3° Etapa: os fornecedores verificam a lista de materiais que está sendo solicitada e decidem se participarão da cotação ou do leilão; 4° Etapa: o comprador espera o retorno dos fornecedores; 5° Etapa: o fornecedor encaminha as suas cotações; 6° Etapa: o comprador e fornecedor negociam condições da transação; 7° Etapa: o comprador e o fornecedor definem a logística de entrega dos materiais; 8° Etapa: as partes fecham acordo com os termos do orçamento, registra-se o contrato da operação no "site" e este fica responsável pela emissão das confirmações para o comprador e fornecedor. 9° Etapa: o site após a conclusão da transação classifica a transação como “concluída” no seu banco de dados. 10° Etapa: o "site" emite uma fatura da taxa de transação para o vendedor e uma fatura mensal para o comprador. 3.6.8.1 Discussão Através da interação realizada com os "sites" "Construtivo", "Bidare", "Piniweb" e "Ciclon" verificou-se que estes ambientes eletrônicos estão em fase de implantação e necessitam ainda de grandes esforços em relação ao cadastro de fornecedores, padronização de materiais, agilidade de operação e principalmente na busca de clientes potenciais. Verificou-se também que alguns destes "sites" analisados não tinham uma infra-estrutura financeira adequada, visto que, dois dos quatro sites de construção analisados já desapareceram. Este é o caso do Bidare, que apesar de pertencer a uma 74 empresa de reconhecimento nacional (Promon) encerrou suas atividades devido a problemas em conquistar clientes e também cadastrar novos fornecedores (BIDARE, 2001). Contudo, a pesquisadora constatou que o comércio eletrônico tipo B2B está se instalando paulatinamente no mercado nacional e que a indústria da construção civil tem ainda que investir recursos para conseguir obter um modelo de comércio eletrônico que satisfaça suas peculariedades. 3.6.9 RESUMO Este capítulo apresentou os aspectos teóricos inerentes ao comércio eletrônico. A princípio, é relatado a transformação que a Internet comercial gerou para o modelo de negócios eletrônicos utilizado até então, isto é, as diferenças entre a utilização de uma rede privada (ex.EDI) e uma rede pública (ex. Internet). Com a evolução dos negócios para a era digital novos conceitos começaram a fazer parte das organizações como: ERP/MRP, comércio eletrônico, gerenciamento do relacionamento com os clientes e também o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Nesta dissertação reporta somente as questões referentes ao comércio eletrônico, visto que, isto já é um grande avanço para as empresas de construção. O comércio eletrônico pode ser definido como a realização de negócios num ambiente eletrônico. Esta ferramenta tem uma grande variedade de aplicações dentro das organizações. O comércio eletrônico pode ser classificado em oito tipos: B2B (empresaempresa), B2C (empresa-consumidor), B2E (empresa-empregado), C2B (consumidor-empresa), C2C (consumidor-consumidor), G2B (governo-empresa), G2C (Governo-consumidor) e B2G (empresa-governo). Como o objetivo deste trabalho é focado no relacionamento entre empresas-fornecedores, o tipo de comércio eletrônico que foi abordado é o B2B. 75 Existe um variedade de tipos de comércio eletrônico B2B. Neste capítulo focou-se nos sete mais conhecidos (EDI, e-mail, canal eletrônico, portal horizontal e vertical, agregador de demanda e o agregador de fornecimento) classificando-os como "marketplace privado" ou "marketplace público". Na seção seguinte apresentou-se os aspectos de funcionalidade e segurança que envolvem o comércio eletrônico os benefícios que a implantação desta tecnologia pode gerar para as empresas do mercado em geral, incluindo as do setor da construção civil. No final do capítulo foi relatado os requerimentos necessários para a implantação do comércio eletrônico, uma forma de realizar a seleção e implantação da solução B2B e também, as soluções atuais de B2B aplicadas na construção civil. 76 Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais Capítulo 3 O Comércio Eletrônico Capítulo 4 Método de Pesquisa Capítulo 5 Estudos de Caso Capítulo 6 Proposta de Diretrizes para Estruturar o Processo de Compras de Materiais Capítulo 7 Conclusão Capítulo 4 Método de Pesquisa 75 4.1 PANORAMA GERAL O capítulo 3 apresentou os aspectos teóricos relacionados com o comércio eletrônico. A princípio foi apresentado o impacto que o surgimento da Internet comercial gerou na forma de se realizar o comércio eletrônico entre empresas. Após isso, apresentaram-se os diferentes tipos de comércio eletrônico "business to business", suas características e também suas diferenças. Por fim, apresentou-se uma listagem, defendida por autores de renome na área, a respeito das vantagens e desvantagens que a implantação do comércio eletrônico pode gerar para as empresas do mercado em geral, incluindo o setor da construção. Este capítulo tem o objetivo de apresentar o método de pesquisa utilizado para a realização desta dissertação. A princípio apresenta-se a caracterização do problema e um panorama geral da pesquisa. Nos ítens seguintes é explicado como foram realizadas a revisão bibliográfica, a coleta e análise dos dados e também a estratégia para escolha das empresas estudo de caso. Finalmente, apresenta-se com foi desenvolvido as diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais. No capítulo seguinte (capítulo5) serão apresentados com detalhes, os três estudo de casos realizados, abordando-se as respectivas características e o nível de maturidade no que se refere ao processo de compras de materiais de cada empresa levantada. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA O problema de pesquisa que fundamenta este trabalho está baseado principalmente na necessidade de melhorias no processo de compras tradicional, e também, na preparação das empresas construtoras para a utilização do comércio eletrônico como um catalisador de melhorias apresenta-se o panorama geral deste processo. 76 para este processo. A seguir 4.2.1 A NECESSIDADE DE MELHORIAS NO PROCESSO DE COMPRAS NAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO A importância representada pelos materiais nos custos de produção das empresas de construção é em geral elevada (PALACIOS, 1995). Desta forma, cada vez mais a área de compras de materiais das empresas de construção vem sendo pressionada por buscar maiores reduções de custos, e também, aumentar a qualidade do processo de compras de materiais (BAILY et al, 2000). Uma condução adequada das transações comerciais geradas pelo processo de compras pode representar um aumento nas margens de lucro destas empresas (ARNOLD, 1999). As compras de materiais “não críticos”, são as compras que necessitam uma maior atenção dos esforços de melhoria. Estes materiais são aqueles que possuem baixo valor unitário, como é o caso das ferragens, do material de escritório, das peças para manutenção, das ferramentas, do material de limpeza, de suprimentos de informática, do material elétrico e do hidráulico. Esse tipo de compra possui custos operacionais elevados devido ao tempo gasto pela equipe de compradores, equiparando-se ao tempo gasto em transações de maior valor agregado (ISATTO, 1996). Desta forma, os colaboradores que atuam no processo de compras de materiais ficam envolvidos com repetitivas tarefas operacionais. Este tipo de compra representa um gasto significativo de tempo e dinheiro para a empresa (DIAS, 2000). A seguir são listados os principais problemas que fazem parte deste processo (PALACIOS, 1995; ALBERTIN, 2001): a) Falta de controle: devido ao grande fluxo de compras de materiais e o baixo valor unitário da maioria das requisições, boa parte das empresas de construção optam por não investir em controle. Essas empresas acreditam que não há necessidade de realizar acompanhamento de cada compra ou checagem sobre o seu destino após a entrega. Isto acontece devido ao baixo impacto que esses materiais tem no custo total das obras; 77 b) Centralização das compras: os compradores são responsáveis por realizar as compras de materiais, este fato tem grande contribuição para a elevada duração do ciclo de compra dos materiais (desde o pedido do material até a sua entrega). São realizadas inúmeras cotações a cada pedido, por mais simples que sejam, contribuindo desta forma para a morosidade do processo; c) Relacionamento conflitante entre a obra e o escritório: o desgaste gerado entre a área de compras e os usuários (obras) que requisitam os materiais é enorme. O volume de ligações cobrando a situação das requisições e das aprovações necessárias é igualmente grande. Os usuários tendem a rotular a equipe de compras como “indiferente”, “pouco eficiente” e “burocrata”; d) Falta de tempo para negociações: devido a grande quantidade de tarefas operacionais, os compradores não conseguem tempo para negociar e avaliar adequadamente cada fornecedor. Muitas vezes se estabelecem negócios com o mesmo fornecedor por mera comodidade. Tarefas de planejamento estratégico de compras são normalmente comprometidas, quando não completamente desprezadas; e) Desconhecimento do planejamento estratégico da empresa: a política de compras é freqüentemente desconhecida, confusa e desatualizada pelos usuários e compradores. A seguir será apresentado como a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais pode auxiliar na resolução destes problemas listados acima. 78 4.2.2 O COMÉRCIO ELETRÔNICO COMO MECANISMO DE MELHORIA DO PROCESSO DE COMPRAS Uma forma de reduzir substancialmente os problemas do processo tradicional de compras de materiais está na implantação do comércio eletrônico (CUNNINGHAM, 2000). O comércio eletrônico pode ser definido como a compra e venda de suprimentos através de rede (ex: Internet) utilizando-se da integração do gerenciamento da cadeia de suprimentos com os demais processos da organização sendo que existe automatização de boa parte do processo de compras (GRILO, 1998). Utilizando um catálogo eletrônico de compras válido para toda a empresa, a equipe de compradores pode negociar antecipadamente contratos de médio e longo prazo de fornecimento em termos de preço, prazo de entrega e qualidade, em condições muito mais vantajosas devido ao volume envolvido (ALBERTIN, 2001). Com isso, se acaba com as decisões baseadas em relações pessoais, pesquisa manual intensa ou visões departamentais limitadas. Esta descentralização da compra de materiais pode trazer uma oportunidade ímpar de auto-atendimento rápido e eficiente, dentro das políticas de compras adotadas na empresa (BLUMENSCHEIN, 2000). A implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais pode proporcionar uma distribuição de responsabilidades que no processo tradicional são de responsabilidades da equipe de compras. Desta forma é possível liberar a equipe para atividades de maior valor agregado e de maior conteúdo estratégico, tais como análise da estratégia de compras, realização de um planejamento de compras de longo prazo e o gerenciamento do relacionamento com fornecedores (FARACO, 1998). Com a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais também se torna possível reduzir os custos por transação (CUNNINGHAN, 2000). Automatizando todo o processo (requisição de compra, 79 autorização, cotação, integração com o sistema corporativo, pedido ao fornecedor e entrega do produto) a empresa de construção pode reduzir drasticamente o ciclo de compras e os custos por transação, bem como reduzir o fluxo de papéis (GRILO, 1998). Diagnósticos acurados da situação do processo de compras de materiais no setor da construção civil com relação ao comércio eletrônico são raros tanto no Brasil como no exterior. Esta pesquisa tem o objetivo de contribuir para o avanço do conhecimento nesta área. Para tanto durante a realização deste trabalho buscarse-á respostas para o seguinte problema de pesquisa: Como deve ser estruturado o processo de compras de materiais para viabilizar a implantação do comércio eletrônico na indústria da construção? 4.3 DESCRIÇÃO DETALHADA DO MÉTODO DE PESQUISA ADOTADO A escolha do método adotado nesta pesquisa está diretamente relacionada com as seguintes características (GIL, 1999): a) no tipo de questão de pesquisa proposto; b) na extensão do controle que o pesquisador tem sobre eventos comportamentais efetivos; c) no grau de enfoque em acontecimentos históricos em oposição a acontecimentos contemporâneos. A seguir são apresentadas as principais características de cada método de pesquisa que poderiam ser utilizados para a realização deste trabalho. 80 Focaliza acontecimentos contemporâneos Exige controle sobre os eventos comportamentais? Forma da questão de pesquisa Estratégia Características segundo o autor ROBSON (1993) Pesquisa bibliográfica Pesquisa Estudo de documental caso Levantamento Experimento Segundo o autor YIN (2001) como, por que sim quem, o que, onde, quantos, quanto não como, por que não quem, o que, onde, quantos, quanto não como, por que não sim Baseia-se na determinação de um objeto de estudo, definindo a metodologia para controlá-lo e a forma de observação das reações que as variáveis exercem sobre o objeto. É realizada uma comparação entre parâmetros para verificar quais são aqueles que influenciam no objeto de estudo. Baseia-se na interrogação direta das pessoas que estão envolvidas nos problemas que se deseja estudar, em seguida realiza-se uma análise quantitativa para obter as conclusões sobre os dados sim coletados. A estatística é uma ferramenta bastante utilizada em levantamentos porque não se podem analisar grupos sem que haja uma análise estatística do todo. Caracteriza-se pelo estudo profundo do objeto de análise de modo que permita o seu amplo conhecimento. O estudo de caso pode ser definido como um conjunto de informações que sim descrevem uma etapa ou totalidade do processo de uma unidade que pode ser uma pessoa, uma família ou uma empresa. Difere-se da pesquisa bibliográfica porque na pesquisa documental utilizam-se materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou aqueles que permitem alguma reelaboração segundo os sim / não objetivos da pesquisa que se deseja realizar. não É a pesquisa desenvolvida exclusivamente a partir de material existente como livros e artigos científicos. A pesquisa bibliográfica baseia-se em fontes bibliográficas que podem ser definidas como: livros de leitura corrente, livros de referência, publicações periódicas e impressos diversos. QUADRO 10 - CARACTERÍSTICAS DOS MÉTODOS DE PESQUISA (ADAPTADO DE YIN, 1994). O objetivo da pesquisa é entender e aprofundar os conhecimentos referentes ao processo de aquisição de materiais dentro das empresas de construção e verificar a possibilidade de implantação o comércio eletrônico nesse processo. Devido a isto, a questão que mais se adapta a esse objetivo refere-se a "Como fazer isto?". Segundo YIN, 2001 os métodos de pesquisa que se enquadram a esse tipo de questão são o experimento, a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso. 81 Devido o nível de controle sobre os eventos que fazem parte da dinâmica do processo de compras de materiais existe uma grande dificuldade em tratá-lo como um experimento, devido a isto, foram escolhidos como métodos de pesquisa o estudo de caso mesclado com a pesquisa bibliográfica. O estudo de caso foi o principal método de pesquisa utilizado. A pesquisa bibliográfica foi realizada com a finalidade de conhecer novas abordagens para gerenciar e estruturar o processo de compras de materiais. 4.3.1 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ADOTADO Embora o estudo de caso seja uma forma distintiva de investigação empírica, muitos pesquisadores demonstram um certo receio para com esta estratégia. Os principais argumentos utilizados para combater o uso do estudo de caso como método de pesquisa são (YIN, 2001): a) Freqüente falta de rigor: este argumento é baseado na flexibilidade em que o pesquisador tem em negligenciar os fatos e aceitar as evidências equivocadas ou visões tendenciosas, o que pode influenciar o significado das descobertas e das conclusões; b) Dificuldades em generalizar: este argumento refere-se à generalização dos resultados a partir de um número limitado de estudos de caso, visto que estes representam uma quantidade muito pequena do universo investigado; c) Grande demora na obtenção de resultados: este argumento baseia-se no tempo necessário para realizar todas as entrevistas e observações necessárias ao estudo de caso, pois freqüentemente resultam em volume de informação excessivo e de difícil entendimento por parte das pessoas não envolvidas com a pesquisa. Entretanto, YIN (2001) e GIL (1999) argumentam que estas limitações do estudo de caso são facilmente contornáveis a partir do momento em que o pesquisador projeta o estudo de caso e principalmente aprende a trabalhar sistematicamente durante a coleta e análise dos dados. 82 4.4 VISÃO GERAL DA ESTRATÉGIA DE PESQUISA Este trabalho utilizou “estudo de caso” e “pesquisa bibliográfica” como os principais métodos de pesquisa para investigar o processo de compras de materiais das empresas de construção. Segundo YIN (2001) estudo de caso pode ser definido como uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. Pesquisa bibliográfica é definida por ROBSON (1993) como uma investigação de fenômenos já evidenciados que estão relatados em material existente como: livros de leitura corrente, livros de referência, publicações periódicas e impressos diversos. A Figura 17 a seguir ilustra a estrutura geral da pesquisa em que as atividades citadas foram realizadas. Piloto Revisão bibliográfica Processo de compras Comércio eletrônico Estudo de Caso 2 Resultados Análise Relatório Análise Busca de referências Estudo de Caso 3 Resultados Análise Revisão bibliográfica Adicional FIGURA 17 - ESTRUTURA GERAL DA PESQUISA 83 Conclusão Resultados Análise Relatório Estudo de Caso 1 Considerações Finais exploratória Procedimentos para Estruturar o Processo de compras de materiais Revisão bibliográfica Para conhecer as necessidades e a situação atual do processo de contratação de serviços e materiais das empresas brasileiras, foi realizado um estudo de caso piloto em uma empresa de construção civil. No segundo estudo de caso adotou-se o mesmo protocolo de coleta e análise dos dados deste estudo piloto, por isso esta empresa passou a ser considerado nesta pesquisa como o Estudo de Caso 1. Neste primeiro estudo de caso percebeu-se que grande parte da insatisfação dos clientes (obras) e dos funcionários da empresa era gerado durante o processo de compras de materiais e não durante o processo de contratação de serviços. A partir deste estudo piloto foi possível limitar o problema de pesquisa somente ao processo de compras de materiais. Durante a fase inicial da pesquisa, o interesse da pesquisadora estava em analisar o processo contratação de serviços e compras de materiais das empresas de construção. Para isso foi realizada uma pesquisa bibliográfica exploratória, sobre esse assunto, em publicações que relatavam a estratégia usada em países que estão avançados quanto à contratação de serviços e compra de materiais, como a Inglaterra e os Estados Unidos. A segunda fase da pesquisa foi a realização de uma revisão da literatura focada no problema de pesquisa. Esta revisão bibliográfica abrangeu os assuntos referentes ao processo de compras de materiais e também ao comércio eletrônico. Este conhecimento permitiu identificar quais eram as diretrizes estratégicas a serem seguidas para estruturar o processo de compras de materiais para possibilitar a implantação do comércio eletrônico. No entanto, apenas a revisão bibliográfica e as informações de campo obtidas no Estudo de Caso 1 não foram suficientes para que as hipóteses descritas no capítulo 1 desta dissertação fossem testadas. Entendeu-se, então que era necessário a realização de um segundo estudo de caso em uma empresa de construção para aumentar a validade das análises e conclusões. Mesmo com a revisão bibliográfica e com os dois estudo de caso 84 percebeu-se a necessidade de conhecer a realidade de uma empresa que de fato utilizava o comércio eletrônico no processo em questão. Com isso, buscou-se uma empresa em outro setor industrial que já apresentava o pleno uso do comércio eletrônico na rotina do processo de compras de materiais. Finalmente, através do conhecimento adquirido na bibliografia e do estudo realizado nas três empresas foi elaborado um conjunto de diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais visando à implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais da empresas do setor da construção, conforme será visto no capítulo 6. 4.5 CRITÉRIO DE SELEÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO O critério para seleção das empresas estudo de caso baseou-se principalmente no porte das empresas, visto que a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais, na época desta pesquisa, dependia de investimentos de recursos significativos. Outro critério importante e imprescindível para a seleção das empresas para os estudos de caso, era que elas possuíssem uma área de compras responsável pela compra dos materiais das obras, visto que esse é a unidade de análise dessa pesquisa. Buscaram-se empresas sediadas em Curitiba, Paraná, devido à facilidade geográfica para realização dos trabalhos. O estágio de desenvolvimento do processo de compras de materiais também teve uma importância relevante no momento da escolha da terceira empresa estudo de caso. Isto se deve ao fato de que esta empresa faria o papel de empresa de referência para o processo de compras de materiais das empresas de construção. Adicionalmente a isto, foi levado em consideração às informações coletadas em revistas técnicas e a opinião dos professores do Programa de Pós Graduação em Construção Civil (PPGCC) sobre as empresas que deveriam ser escolhidas. 85 4.6 PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS Segundo ROBSON (1993), um projeto de pesquisa utilizando o método de “estudo de caso” necessita da formulação de um protocolo para coleta de dados. Este protocolo tem o objetivo de reduzir a chance do esquecimento de coletar dados importantes à pesquisa e também aumentar o rigor e, também, a possibilidade de comparar as generalizações obtidas. Nesta pesquisa foi desenvolvido um protocolo de coleta de dados que seguiu a estrutura ilustrada na Figura 18. Primeiro contato Visita exploratória Reunião Coleta de dados Relatório Documentos / entrevistas FIGURA 18 - PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS O primeiro estágio do protocolo de coleta de dados era o estabelecimento do primeiro contato com a empresa para verificar se ela tinha interesse de participar da pesquisa. O segundo estágio ocorria no momento em que era realizada uma visita exploratória na empresa para verificar a situação do processo de compras de materiais de forma superficial. Após esta etapa, era realizada uma reunião com o gerente de compras. Esta reunião tinha a finalidade de mostrar quais seriam as contrapartidas e benefícios da pesquisa para a empresa após a realização do trabalho. Após aprovação da realização da pesquisa, começava-se a coleta e leitura dos documentos internos relativos ao processo de compras de materiais. A seguir iniciava-se a realização das entrevistas com os envolvidos neste processo. O trabalho nas empresas estudo de caso era finalizado a partir do momento em que era entregue e apresentado aos envolvidos um relatório que reportava à análise crítica da situação atual do processo de compras, incluindo-se neste documento algumas propostas de melhorias. 86 A seguir será apresentado de forma detalhada cada estágio do protocolo realizado. 4.6.1 PRIMEIRO CONTATO O primeiro contato com as empresas estudo de caso era realizado por professores do Programa de Pós-graduação em Construção Civil da UFPR. Somente no terceiro estudo de caso a pesquisadora foi a responsável por realizar o primeiro contato. Em ambos os casos, este contato acontecia via telefone. O professor apresentava o projeto de pesquisa de uma maneira geral e descrevia de maneira sucinta os benefícios que esse trabalho poderia gerar para a empresa. Neste momento também era mencionado que o projeto não teria custos para a empresa e que os trabalhos não teriam grande duração, isto é, não se tomaria grande tempo dos funcionários. Foram procuradas cinco empresas para participar da pesquisa, entretanto destas, somente três aceitaram participar do projeto. 4.6.2 VISITA EXPLORATÓRIA A primeira visita à empresa tinha o objetivo de situar a pesquisadora com relação ao estágio de desenvolvimento do processo de compras de materiais. Além disto, buscava-se através desta visita a familiarização da pesquisadora com o ambiente organizacional da empresa. De modo geral, o representante das empresas estudo de caso fazia parte de áreas diferentes (financeiro, qualidade). Por isso, em todos os casos esta primeira visita tinha duração de no máximo trinta minutos e também tinha um foco bem abrangente sobre como a organização entendia o processo de compras de materiais em uso. 87 4.6.3 REUNIÃO Após a primeira visita as empresas estudo de caso, o representante da empresa agendava uma reunião da pesquisadora com o gerente de compras. Durante a reunião com esse gerente, eram apresentados os objetivos do trabalho e também as responsabilidades da empresa e da pesquisadora através de uma carta formal à empresa (Anexo 1). Nesta reunião o gerente de compras junto com a pesquisadora definiam quem seriam os entrevistados e quem seria o funcionário responsável por agendar as entrevistas e providenciar os documentos que fossem solicitados pela pesquisadora. Para a realização dos trabalhos eram entrevistados os principais envolvidos no processo de compras tais como: o gerente de obras, os compradores, o gerente de projetos, o gerente de compras, o encarregado de planejamento entre outros. Nessa reunião o gerente apresentava a dinâmica de trabalho que fazia parte do processo de compras de materiais atual. O resultado dessa reunião era um planejamento dos trabalhos que seriam realizados durante a permanência da pesquisadora na empresa e também a definição das pessoas que seriam entrevistadas. 4.6.4 COLETA DE DADOS Os objetivos da coleta de dados eram entender a dinâmica atual do processo de compras de materiais das empresas estudo de caso e também aprofundar o conhecimento acerca da rotina diária da área de compras de cada empresa estudada. Além desses dois objetivos citados acima, a coleta de dados visava conhecer o sistema de informações utilizado para gerenciar o processo de compras de materiais e também qual era o seu nível de sofisticação. 88 A coleta de dados realizada nas empresas estudo de caso seguia o Coleta de dados regular (+- 2 meses) protocolo típico que está ilustrado na Figura 19. Coleta de documentos Realização das entrevistas Realização do Fluxograma do processo Realização do diagrama fluxo informações x departamentos Listagem de problemas / soluções por operação FIGURA 19 - PROCEDIMENTO TÍPICO DE COLETA DE DADOS O método para coletar os dados foi dividido em cinco etapas que serão descritas a seguir: 4.6.4.1 Coleta de documentos Após a reunião com o gerente de compras, começava-se a busca de documentos sobre o processo de compras de materiais como por exemplo: os procedimentos da empresa referente a programas de qualidade como ISO 9000 e também o PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Habitação). 4.6.4.2 Entrevistas Semi-estruturadas Para dar maior confiabilidade às entrevistas, foi desenvolvido o questionário ilustrado no quadro 14. 89 Roteiro de Entrevista Fase Inicial Explicação do trabalho e qual será o produto entregue à empresa. Entrevista 1. Pode explicar quais são as atividades que você realiza dentro do processo de aquisição de materiais da empresa? 2. Quais são as informações que você recebe diariamente para a realização das atividades sob sua responsabilidade? 3. De onde vêm essas informações? 4. O que é feito com a informação recebida? 5. Quais são os tipos de decisões que são tomadas de posse dessas informações? 6. Quais são os departamentos da empresa que você tem algum relacionamento durante realização das atividades? Por que? 7. O sistema computacional que você utiliza atende todas as suas necessidades? O que precisa melhorar? 8. Existe algum tipo de informação que é necessária para a realização do seu trabalho em que você tem dificuldade para coletar? 9. Como você acha que deveria ser o processo de compras de materiais dentro da empresa? 10. Gostaria de acrescentar alguma coisa que ainda não foi comentado? QUADRO 14 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO DURANTE AS ENTREVISTAS Este questionário tinha o objetivo de focar as respostas dos entrevistados para o apontamento das vantagens, problemas e soluções de cada atividade em que estavam envolvidos. Após a resposta dos entrevistados para cada pergunta do questionário eram realizadas as cinco perguntas complementares a seguir: 1. Quais são as vantagens desse procedimento? 2. Quais são os problemas que envolvem essa atividade? 3. Qual é a freqüência desses problemas (esporádica, mensal, diário)? 4. Qual é a gravidade destes problemas (baixa, média, alta)? a) Gravidade baixa: os problemas tem um impacto pontual e não interferem na qualidade final do processo de compras; b) Gravidade média: os problemas geram transtornos e retrabalho durante a execução das operações que envolvem o processo de compras; c) Gravidade alta: os problemas comprometem a qualidade final do processo de compras; 5. Como estes problemas poderiam ser resolvidos? 90 No início da entrevista apresentava-se o objetivo do trabalho, qual era a sua duração e quais eram os produtos que seriam entregues à empresa estudo de caso. No momento seguinte começava-se o questionamento ao entrevistado seguindo o questionário desenvolvido. Após a realização das entrevistas, o entrevistado mostrava no seu posto de trabalho como cada operação era realizada. A cada término das entrevistas, a pesquisadora realizava uma interpretação dos dados coletados. Essa interpretação era realizada através da produção de um mapeamento do processo e também através da realização de um diagrama do fluxo de informações x áreas. 4.6.4.3 Fluxograma do processo O fluxograma do processo tinha o objetivo de mostrar todas as etapas do processo de compras de materiais que o entrevistado estava envolvido. Esse fluxograma obedecia a seguinte lógica: cada retângulo do fluxograma continha uma atividade e também o responsável pela sua realização. Cada losângulo continha uma pergunta e o responsável pela sua realização, conforme ilustra a Figura 20. Atividade responsável N INÍCIO Atividade responsável Pergunta responsável S Atividade responsável Fim FIGURA 20 - ESQUEMA BÁSICO DO FLUXOGRAMA UTILIZADO Então, através das etapas listadas por cada entrevistado e também de acordo com as premissas que deveriam ser realizadas antes da conclusão dessas etapas, elaborava-se o fluxograma parcial do processo de compras de materiais. 91 Após conclusão da coleta de dados nas empresas, fazia-se a ligação desses fluxogramas parciais que tinha como resultado um fluxograma geral do processo de compras de materiais da empresa estudo de caso. O fluxograma geral, em cada estudo de caso, era constituído de forma acumulativa, isto é gradativa. 4.6.4.4 Diagrama do fluxo de informações x áreas Já o diagrama de fluxo de informações x áreas tinha o objetivo de mostrar quais eram as áreas envolvidos em cada etapa do processo de compras de materiais, bem como o fluxo destas informações. Este fluxo de informações obedecia a seguinte lógica: as setas com linha contínua representavam as áreas que eram envolvidos em cada atividade do processo de compras de materiais; as linhas contínuas indicavam as atividades que agregavam valor ao processo de compras e as linhas pontilhadas representavam as atividades que não agregavam valor a este processo, conforme ilustra a Figura 21. Como atividades que não agregavam valor ao processo de compras de materiais foram considerados o retrabalho, transporte de informações (manual), inspeção e esperas indevidas (SHINGO, 1996). DEPARTAMENTOS ATIVIDADES QUE FAZEM PARTE DO PROCESSO DE COMPRAS FIGURA 21 - ESQUEMA BÁSICO DO DIAGRAMA DE FLUXO DE INFORMAÇÕES X ÁREAS UTILIZADO Então, através das operações listadas por cada entrevistado e do envolvimento de cada área, elaborava-se o diagrama de fluxo de informações x áreas parcial do processo de compras de materiais. Após conclusão da coleta de dados na empresa, fazia-se a ligação desses diagramas de fluxos parciais tendo 92 como resultado um diagrama de fluxo de informação geral do processo de compras de materiais da empresa estudo de caso. 4.6.4.5 Listagem de problemas e soluções A etapa seguinte da coleta de dados era a realização de uma listagem que continha todos os problemas, soluções, gravidade e freqüência apontados pelos entrevistados. A listagem geral era realizada também de forma cumulativa, de acordo com a evolução das entrevistas contendo todos os problemas, soluções, gravidade e freqüência apontados pelos entrevistados. 4.6.5 RELATÓRIO A fase final da etapa de coleta de dados na empresa acontecia com a realização do relatório final. Este relatório apresentava a análise da situação atual do processo de compras de materiais, sob a ótica da pesquisadora, e também algumas propostas de melhorias. Além disso, eram anexadas ao relatório uma revisão bibliográfica sintetizada sobre os itens abordados nas propostas de melhoria bem como, apresentava-se neste anexo o modelo de entrevista utilizado e o fluxograma do processo e o diagrama de fluxo de informações x áreas resultado do levantamento. Depois de concluído este relatório era realizado uma reunião com todos os envolvidos no processo de compras para apresentação do trabalho realizado. Essa reunião tinha o objetivo de mostrar a situação levantada do processo de compras de materiais na empresa em relação às práticas identificadas na literatura, também apresentar melhorias para este processo, e também, obter "feedback" da empresa. Após a apresentação, era realizada uma discussão sobre o relatório e também da viabilidade de implantação das melhorias no processo de compras de materiais atual. 93 O terceiro estudo de caso foi enfocado como um referencial para o processo de compras de materiais, sendo assim, decidiu-se não entregar o relatório com a situação atual da empresa, visto que, eles já possuíam um material de conteúdo semelhante desenvolvido por uma empresa de consultoria. 4.7 ESTRATÉGIA DE ANÁLISE Antes de explicitar qual foi a estratégia de análise utilizada faz-se necessário definir qual foi a unidade de análise desta pesquisa. Segundo YIN (2001) é fundamental que seja definido durante o estudo de caso qual é a unidade de análise da pesquisa. As unidades de análise podem ter diferentes naturezas como: organizações, indivíduos, grupos, eventos entre outros. A definição da unidade de análise determina os limites da coleta e análise dos dados. Na pesquisa em lide, a unidade de análise é o processo de compras de materiais das empresas, desde o seu inicio (pedido de materiais pela obra ou pelo gerente do empreendimento) até a sua finalização (entrega do material na obra). A análise dos dados obtidos durante a coleta de dados nas empresas estudo de caso foi realizada de duas formas: de forma individual e em conjunto. A primeira refere-se à análise de cada estudo de caso isoladamente, analisando criticamente este processo de compras com as práticas encontradas na bibliografia. A segunda forma de realizar a análise dos dados foi baseada na comparação de todos os estudos de caso com as diretrizes, conforme ilustra a Figura 22. 94 Estudo de caso 2 Estudo de caso 3 Análise em conjunto Análise Individual Análise Individual Diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais Estudo de caso 1 Análise Individual Bibliografia FIGURA 22 - FORMA DE ANÁLISE DA COLETA DE DADOS 4.7.1 ANÁLISE INDIVIDUAL DOS ESTUDOS DE CASO Os elementos individuais de cada estudo de caso foram comparados à patamares de referências encontrados na bibliografia que focam o nível de maturidade do processo de compras de materiais e também o sistema de informação utilizado pelas empresas. Essa análise teve o objetivo de comprovar ou não as três hipóteses que fundamentam esta pesquisa que foram descritas no capítulo 1. Estas hipóteses são: 1. O processo de compras de materiais das empresas de construção está direcionado para atividades operacionais, 2. O nível de maturidade dos sistemas de informação utilizados pelas empresas de construção é baixo. Grande parte das atividades que fazem parte do processo de compras de materiais são realizadas manualmente. Além disso, as decisões de compras são focadas no preço, sendo que o comprador age como um "fazedor" de pedidos sem considerar os aspectos estratégicos que envolvem este processo; 3. As empresas de construção não tem diretrizes que visam a estruturação do seu 95 processo de compras de materiais; BAILY et al (2000) afirma que a mensuração do estágio de desenvolvimento atingido por uma organização pode indicar se ela está preparada para as necessidades do mercado. Por exemplo, pode ser totalmente inadequado esperar que uma organização essencialmente reativa possa adotar conceitos de classe mundial, deste modo o fracasso da implementação de tais idéias seria inevitável. Assim, é útil identificar o estágio de desenvolvimento atingido pelo processo de compras de materiais das empresa estudadas, para que as futuras ações possam ser planejadas. Para tanto, a análise individual qualitativa dos estudos de caso baseou-se nos três seguintes aspectos: a) Perfil do processo de compras de materiais; b) Estágio de desenvolvimento dos sistemas de informação; c) Estágio de competência do comprador. 4.7.1.1 Perfil do processo de compras de materiais A análise dos dados referentes ao perfil do processo de compras de materiais foi baseada nas respostas dos envolvidos no processo em lide para as perguntas 1 e 2. De acordo com as respostas de todos os envolvidos no processo de compras entrevistados era possível avaliar o perfil que se encontrava o processo de compras de materiais de cada empresa estudo de caso. Esta avaliação foi baseada na matriz descrita por JONES (1983) que divide o processo de compras de materiais em quatro estágios de desenvolvimento mensuráveis: primitivo, desenvolvimento, maturação e avançado, conforme ilustra o quadro a seguir. 96 Estágio de desenvolvimento Primitivo – Estágio 1 Desenvolvimento Estágio 2 Maturação – Estágio 3 Avançado – Estágio 4 Ações Compra em pequenos lotes, cotações por pedidos. Controle e desenvolvimento das condições de preço de compra / negociação. Realização de planejamento das aquisições. Compradores especializados. Início da administração da base de fornecedores. Transferência da compra dos materiais para os usuários. Compras em grandes lotes. Administração da cadeia de suprimentos. Contribuições organizacionais Nenhuma ou baixas. Reduções de custos na faixa de 5 a 10%. Reduções de custos na faixa de 10 a 20%. Redução do custo de administração na faixa de 30%. QUADRO 11 - ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO SUPRIMENTOS (ADAPTADO DE JONES, 1983). Essa matriz é baseada nas ações que os envolvidos no processo de compras de materiais, principalmente os compradores, executam durante a realização das atividades em que estão envolvidos. Segundo JONES (1983), dependendo da forma como o processo de compras de materiais está estruturado é possível obter uma maior ou menor redução de custos. Por exemplo: se a negociação dos materiais acontece em pequenos lotes, isto é, a cada requisição de materiais, torna-se inviável obter uma redução de custos significativa junto ao fornecedor. A partir do momento que se tem um planejamento das aquisições agregando todas as obras o fornecedor começa a conhecer o potencial de compras da empresa de construção e pode reduzir substancialmente os custos dos materiais, visto que o negócio passa a tornar-se atrativo para ambos. 4.7.1.2 Desenvolvimento dos sistemas de informação A análise dos dados referentes ao sistema de informação utilizado pelas empresas estudo de caso foi baseada nas respostas dos envolvidos no processo de compras de materiais para as perguntas 3, 5, 6, 7, 8. . De acordo com as respostas de todos os entrevistados era possível avaliar qual era o estágio de desenvolvimento do sistema de informação que a empresa utilizava para gerenciar o processo de compras de materiais. Esse estágio era mensurado de acordo com a matriz desenvolvida por BAILY et al (2000) que divide 97 o desenvolvimento dos sistemas de informações em cinco estágios: primitivo, conscientização, desenvolvimento, maturação e avançado, conforme ilustra o Quadro 12. Estágios do processo Estagio do sistema de informação de compras Trabalho de escritório simples, não adequadamente integrado. Manutenção Primitivo de poucos registros. Reconhecimento de informações importantes no processo de compras; Conscientização sistema manual melhorado. Início do uso de sistemas informatizados, mas não integrados com outros sistemas da empresa. Início da utilização de sistemas mais integrados, como o Materials Desenvolvimento Requirement Planning (MRP). Integração do sistema informatizado de suprimentos com outros sistemas da empresa. Banco de dados totalmente integrados na organização. Todas as Maturação informações de suprimentos são geradas por computador. Os bancos de dados totalmente integrados estão conectados via comércio Avançado eletrônico com os fornecedores e clientes QUADRO 12– ESTÁGIOS DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICÁVEIS AO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS (ADAPTADO DE BAILY et. al., 2000). Conforme ilustra o quadro acima, o nível de maturidade do sistema de informação das empresas dependem exclusivamente da existência de sistemas de informação e da forma como estes são utilizados. Por exemplo: se em uma empresa qualquer realiza o processo de compras de materiais de forma manual, isto é, o usuário faz a solicitação da compra de materiais através de um ofício escrito e entrega nas mãos dos compradores. Caso estes mesmos compradores realizam as cotações via telefone ou fax e solicitam a cada pedido a aprovação da gerência ou diretoria para posteriormente efetuar a compra dos materiais. Segundo a matriz de BAILY (2000) encontra-se no estágio “primitivo” de desenvolvimento. 4.7.1.2 Competência do comprador A análise dos dados referentes à sofisticação dos compradores que atuam no processo de compras de materiais das empresas estudo de caso foi baseada nas 98 respostas dos envolvidos no processo de compras de materiais para a pergunta 3 do questionário ilustrado no Quadro 13. De acordo com as respostas de todos os entrevistados, principalmente os compradores, era possível avaliar qual era a competência dos compradores que efetuavam a compra de materiais. Esse estágio de competência era mensurado de acordo com a matriz desenvolvida por Barnes e McTavish (1983). Os autores dividem o nível de sofisticação dos compradores em três estágios: nível 1, nível 2 e Feedback do Avaliação e Busca de desempenho seleção de fornecedores fornecedores Reconhecimento e análise das Atividades necessidades nível 3 conforme ilustra o Quadro 13.. Nível 1 Processo informal de suprimentos dominado pelo preço, o comprador age como fazedor de pedidos O comprador recebe requisições da diretoria e faz os pedidos O comprador recebe passivamente os catálogos de fornecedores Níveis de sofisticação do comprador Nível 2 Nível 3 Processo de compras mais Processo avançado de compras, os avançado, o preço e outros aspectos estratégicos das compras fatores são considerados, o são considerados, o comprador tem comprador desfruta de maior pleno poder de decisão poder de escolha O comprador participa da fase O comprador participa plenamente de especificação e desfruta de do processo de compras e integra a algum poder de escolha equipe de diretores para a tomada de decisão sobre as aquisições O comprador inicia algum contato com os fornecedores e recebe dados sobre as aquisições O comprador adquire o que está especificado ao menor preço O comprador está preocupado com fatores não com preços. Está envolvido com o custo total para a empresa, não apenas com o preço Não há envolvimento do Alguma participação na análise comprador; a avaliação é feita de feedback pelas áreas usuários O comprador efetua comunicações nos dois sentidos com os fornecedores O comprador está preocupado com a importância estratégica da aquisição para a empresa e com a negociação em grande lotes O comprador está plenamente envolvido na atividade de avaliação QUADRO 13 - MATRIZ DE COMPETÊNCIA DO COMPRADOR (ADAPTADO DE BARNES e MCTAVISH, 1983). Esta matriz está baseada na forma como os compradores atuam no processo de compras de materiais. Por exemplo: o comprador recebe as requisições 99 da gerência e faz os pedidos junto aos fornecedores cadastrados. Não existe uma busca efetiva de novos fornecedores por parte da empresa, os fornecedores enviam catálogos e se for do interesse da empresa, é agendado uma reunião de apresentação do novo produto. Segundo a matriz de BARNES E MCTAVISH (1983) este relato é uma situação típica da empresas que possuem compradores que estão no nível 1 de maturidade. Outro caso similar acontece após a compra do material, onde o comprador só irá se envolver novamente ao processo se o pedido que chegar ao seu destino estiver errado (quantidades, preço, local de entrega), caso contrário, à avaliação do material e dos fornecedores é feita pelas áreas usuárias. 4.7.2 ANÁLISE EM CONJUNTO DOS ESTUDOS DE CASO A análise em conjunto dos estudos de caso foi baseada na comparação de todos os estudos de caso com as diretrizes desenvolvidas para estruturar o processo de compras de materiais de uma empresa de construção. Estas diretrizes referem-se a um processo de compras de materiais genérico, que foi baseado nos dados obtidos a partir das três seguintes fontes: a) na situação atual das empresas estudo de caso: refere-se no levantamento da situação atual do processo de compras de materiais bem como nas propostas de melhorias para este processo descritos pelos entrevistados; b) na revisão bibliográfica desenvolvida: baseia-se na revisão bibliográfica desenvolvida que apontou novas abordagens para gerenciar o processo de compras de materiais; c) na experiência profissional da pesquisadora: refere-se à experiência profissional da pesquisadora durante cinco anos de atuação no processo de planejamento e compras de materiais para obras de construção civil. Estas diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais genérico foram divididas em etapas para facilitar o seu desenvolvimento e o seu 100 entendimento. A análise em conjunto das empresas foi realizada da seguinte forma: comparava-se cada etapa da estruturação do processo de compras de materiais desenvolvido com a situação atual das empresas estudadas. Para gerar uma comparação quantitativa entre o processo de compras genérico desenvolvido e o processo de compras das empresas estudo de caso a autora adotou a seguinte fórmula: Os componentes realizadas (OR) referem-se ao número de componentes (atividades, pessoas ou equipamentos) de cada etapa do processo de compras de materiais, das empresas estudo de caso, de conteúdo similar aos componentes que fazem parte das diretrizes de estruturação do processo de compras de uma empresa genérica desenvolvido. Os componentes necessárias (ON) referem-se ao número total de componentes de cada etapa das diretrizes desenvolvidas para estruturar o processo de compras de materiais de uma empresa de construção genérica. É importante citar que a lógica para o desenvolvimento desta fórmula seguiu o mesmo critério que SANTOS et al. (2001) utilizou para mensurar quantitativamente os dados que ele obteve durante o desenvolvimento de uma pesquisa estudo de caso. A lógica da fórmula desenvolvida pela autora funciona da seguinte forma: por exemplo, as diretrizes referentes a etapa que trata da "aprovação da solicitação" tem um total de 15 "componentes" que a empresa genérica necessita realizar para que esta etapa do processo de compras alcance um nível de maturidade máximo. Estes 15 componentes foram divididas em cinco grupos: entradas, colaboradores, equipamentos, ferramentas e técnicas e saída (Figura 23). 101 Aprovação da Entra das 8E1. Planejamento da obra 8E2. Planejamento das aquisições 8E3. Solicitação de materiais Funções organizacionais 8F1. Compradores 8F2. Fornecedores 8F3. Gerente de Obras 8F4. Almoxarife 8F5. Gerente de compras 8F6. Encarregado de planejamento Equ ipamentos 8Q1. Computador para cada colaborador 8Q2. Software de gestão de compras 8Q3. Software de planejamento Ferramentas e Técnicas Saí 8FT1. Confrontação da com o planejamento 8S1. Notificação da obra do fornecedor 8FT2. Envio para os responsáveis FIGURA 23 - EXEMPLO DE COMPONENTES QUE FAZEM PARTE DE UMA ETAPA DAS DIRETRIZES DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS DESENVOLVIDO Por exemplo: se uma empresa de construção não realiza o planejamento das obras, não tem um sistema de gerenciamento de compras e não realiza o planejamento das aquisições, o seu nível de utilização (NU) nesta etapa é o seguinte: ∑ componentes de cada etapa Nível de utilização = ∑ componentes necessários em cada etapa ∑ OR NU = _______ ∑ ON 12 NU = ________ 15 NU = 80% Para gerar maior confiabilidade a fórmula desenvolvida, foi considerado como operações com conteúdo similar somente àquelas em que todas as diretrizes descritas eram efetivamente realizadas pelas empresas estudo de caso. 102 4.8 RESUMO Este capítulo apresentou o método de pesquisa utilizado para a realização deste trabalho. Como o objetivo da pesquisa é estruturar o processo de compras de materiais para viabilizar a implantação do comércio eletrônico, o método de pesquisa que melhor se enquadra a esse perfil é o estudo de caso. Em razão das limitações que este tipo de método de pesquisa possui, decidiu-se trabalhar também com a pesquisa bibliográfica. A união desses métodos teve o objetivo de gerar maior confiança e credibilidade para a pesquisa em lide. Este capítulo também apresentou o protocolo de coleta de dados utilizado durante a pesquisa, o qual teve como objetivos conhecer o processo de compras de materiais atual das empresas estudos de caso e obter a familiarização com a rotina da empresa. A seguir apresentou-se a estratégia de análise que foi adotada para a realização da pesquisa. Esta estratégia foi dividida em duas etapas. A primeira refere-se a análise da coleta de dados das empresas estudo de caso individualmente, através da análise qualitativa do processo de compras de materiais. No final do capítulo apresentou-se a lógica utilizada para realizar a análise em conjunto das empresas estudo de caso. Esta análise foi realizada de forma quantitativa através da utilização da relação entre a somatória do número de componentes efetivamente realizadas pelas empresas estudo de caso (OR) e o a somatória do número de componentes necessárias para estruturar o processo de compras de materiais para preparar a empresa para a implantação do comércio eletrônico (ON). Estes componentes necessárias referem-se ao número total de componentes descritos em cada etapa do processo de compras de materiais desenvolvido pela pesquisadora que está apresentado com detalhes no capítulo 6. 103 Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais Capítulo 3 O Comércio Eletrônico Capítulo 4 Método de Pesquisa Capítulo 5 Estudos de Caso Capítulo 6 Proposta de Diretrizes para Estruturar o Processo de Compras de Materiais Capítulo 7 Conclusão Capítulo 5 Estudos de Caso 104 5.1 PANORAMA GERAL O capítulo 4 apresentou o método de pesquisa utilizado para a realização desta dissertação. O presente capítulo relata os resultados do levantamento da situação atual do processo de compras de materiais de três empresas estudo de caso. Primeiramente, é descrito o estudo realizado em uma empresa de construção civil de grande porte (Estudo de Caso 1), no qual buscou-se conhecer a dinâmica do processo de compras de materiais de uma empresa de construção e também verificar o seu grau de maturidade. A seguir é descrito o levantamento que foi realizado em uma empresa de construção pesada de grande porte (Estudo de Caso 2), o qual possibilitou investigar se o processo de compras de materiais diferenciava-se de acordo com o segmento de atuação das empresas de construção. Por fim, descrevese o levantamento que foi realizado em uma empresa de eletrodomésticos de grande porte (Estudo de Caso 3). Este último levantamento teve o objetivo de mapear o processo de compras de materiais de uma empresa que utilizava efetivamente o comércio eletrônico. No capítulo seguinte serão apresentadas as diretrizes desenvolvidas para estruturar o processo de compras de materiais de uma empresa de construção genérica, bem como será relatado uma análise conjunta dos três estudos de caso realizados. 5.2 INTRODUÇÃO Conforme explicado com detalhes no capítulo 4 desta dissertação, o protocolo utilizado para coleta de dados nas empresas estudo de caso obedeceu a seguinte seqüência: a) Coleta de documentos: teve o objetivo de conhecer os procedimentos internos referente ao processo de compras de materiais; 105 b) Realização das entrevistas: foi baseada no questionário estruturado desenvolvido. O objetivo das entrevistas era obter informações sobre as etapas e componentes que fazem parte da rotina do processo de compras das empresas estudo de caso. Durante esta etapa do protocolo de coleta de dados, também, foi verificado as necessidades do processo de compras, no que diz respeito à tecnologia da informação; c) Realização do fluxograma do processo: tinha o objetivo de ilustrar o envolvimento do entrevistado em cada etapa do processo de compras e proporcionar o entendimento da rotina deste processo; d) Realização do diagrama informações x áreas: tinha o objetivo de ilustrar o envolvimento de cada área da empresa no processo de compras, bem como a direção do fluxo de informações durante este envolvimento; e) Listagem de problemas e soluções: refere-se aos problemas e soluções apontados pelos entrevistados durante as entrevistas. Nesta etapa do protocolo de dados os entrevistados apontavam a freqüência (esporádica, diária, mensal) e a gravidade (baixa, média, alta) de cada problema. A seguir serão descritos os resultados obtidos durante a coleta de dados nas três empresas estudo de caso estudadas. Primeiramente serão apresentadas as características de cada organização quanto a sua estrutura e o nível de utilização do comércio eletrônico, caso existente na empresa. Posteriormente será realizada uma análise individual qualitativa de cada empresa, focando os seguintes aspectos: a) Perfil do processo de compras de materiais; b) Estágio de desenvolvimento do sistemas de informação; c) Nível de competência do comprador. Finalmente, apresentam-se as considerações gerais sobre o processo de compra de cada empresa estudo de caso estudada, bem como o seu potencial de melhorias. 106 5.3 ESTUDO DE CASO 1 A empresa Estudo de Caso 1 é uma empresa familiar de grande porte que atua no setor de construção civil a dezenove anos. Esta empresa é especializada na construção de obras verticais, industriais e comerciais, além de atuar em obras de terraplanagem e pavimentação. Esta empresa já entregou mais de 3000 imóveis de alto padrão perfazendo um total de aproximadamente 800.000 m2 de obras construídas. A construtora possui uma faturamento médio anual de R$ 84 milhões e conta com a colaboração de aproximadamente 600 funcionários com vínculo direto. Quanto a utilização do comércio eletrônico, o Estudo de Caso 1 não possui nenhum projeto de implantação em andamento. O processo de compras atual é realizado de forma manual com alguns componentes realizadas via computador. É importante salientar que para a realização deste trabalho foram entrevistados os principais envolvidos no processo de compras: o gerente de obras industriais, o gerente de obras prediais, os compradores, o gerente de projetos, o gerente de comprass, o técnico de compras e os engenheiros de compras, num total de 10 pessoas. 5.3.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE COMPRAS A empresa Estudo de Caso 1 já havia criado um fluxograma do processo de aquisição de materiais previamente a esta pesquisa, o que facilitou o entendimento do processo em lide. Esse fluxograma faz parte do procedimento preliminar de compras de materiais que a área de compras da empresa escreveu, como parte das atividades desenvolvidas para obtenção da certificação ISO 9002 no início do ano de 2001. Este fluxograma preliminar, desenvolvido pela empresa, era dividido em quatro etapas: 1° Etapa - Necessidade: refere-se à solicitação do material pelo administrador da obra e a análise desse pedido pelo engenheiro de compras; 107 2° Etapa - Verificação do Estoque: refere-se à verificação da existência de estoque do material solicitado no depósito da empresa; 3° Etapa - Negociação: refere-se à realização da cotação dos materiais (3 cotações), à negociação com os fornecedores e à autorização para fechamento do negócio; 4° Etapa - "Follow-up": refere-se à elaboração do pedido de compras e a sua distribuição (fornecedor, obra, arquivo); ao recebimento do material pela obra; à verificação da nota fiscal com o pedido de compras e ao aceite do material. Com o objetivo de certificar a validade das informações obtidas no fluxograma apresentado pela empresa foram realizadas entrevistas com os principais envolvidos no processo de compras e também foram coletados documentos que poderiam comprovar, ou não, a veracidade das informações deste fluxograma. Através dos dados coletados nas entrevistas e nos documentos observouse que muitas das atividades realizadas pela área de compras não estavam descritas no fluxograma desenvolvido pela empresa. Por isso, a partir dos dados coletados a pesquisadora elaborou um outro fluxograma englobando todas as atividades que de fato faziam parte do processo de aquisição de materiais. Foi realizado um fluxograma detalhado, utilizando para tal operação o software MS Visio, onde ilustrou-se todas as etapas do processo de compras, bem como, os responsáveis pela execução de cada uma delas (Anexo 3). A seguir, ilustra-se de forma esquemática, o fluxo real do processo de compras, de acordo com a interpretação das entrevistas, tendo como parâmetro as etapas do processo de compra de materiais desenvolvido por BAILY et al (2000) (Erro! Fonte de referência não encontrada.). O objetivo de relacionar as etapas dos estudos de caso com a abordagem desenvolvida por este autor, é verificar se o processo de compras de materiais atual de cada estudo de caso era realizado de forma pró-ativa. 108 Etapa Compra pró-ativa (BAILY et al, 2000) Etapa Empresa estudo de caso 1 N° DE COLABORADORES: 6 TEMPO DE CICLO: 20 DIAS - RELACIONAR-SE COM FORNECEDORES PLANEJAR AS AQUISIÇÕES I NEGOCIAR AS CONDIÇÕES DE COMPRA II - APROVAR AS CONDIÇÕES DE COMPRA V O USUÁRIO EMITE UMA REQUISIÇÕES DE COMPRA 1 A OBRA EMITE UMA REQUISIÇÃO DE COMPRAS 2 É VERIFICADO SE EXISTE MATERIAL NO ESTOQUE RECEBER E ANALISAR AS REQUISIÇÕES DE COMPRA 3 COMPRAS REALIZAR A COTAÇÃO E NEGOCIA OS ORÇAMENTOS A SOLICITAÇÃO É ENVIADA PARA APROVAÇÃO, QUANDO NECESSÁRIO 4 COMPRAS SOLICITA A APROVAÇÃO É ENVIADO A REQUISIÇÃO DE COMPRAS PARA O FORNECEDOR 5 III X FAZER O ACOMPANHAMENTO (FOLLOW-UP) - I II O FORNECEDOR ENTREGA OS MATERIAIS DA GERÊNCIA COMPRAS NOTIFICA O FORNECEDOR VIA FAX E CONFIRMA VIA TELEFONE - 6 FORNECEDOR EFETUA A ENTREGA DOS MATERIAIS QUADRO 14 - DINÂMICA DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS ATUAL DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 1 A dinâmica do processo de compras de materiais do Estudo de Caso 1, que tinha um tempo de ciclo de 20 dias, funcionava da seguinte forma: a obra emitia uma requisição de materiais e a entregava nas mãos do engenheiro de compras; este profissional analisava o pedido e verificava a data de entrega. Quando a requisição estava de acordo com os procedimentos da área de compras, ele a entregava para o técnico de compras, quando não, era devolvida ao engenheiro. O técnico verificava o estoque junto ao almoxarifado e emitia um relatório referente ao estoque atual. A seguir, a requisição de materiais era entregue ao comprador o qual tinha a responsabilidade de orçar, analisar e fechar o pedido com o fornecedor. Posteriormente este pedido era aprovado pela gerência da área e o técnico de compras encarregava-se de enviar uma cópia do pedido para a obra, outra para o 109 fornecedor e a terceira era anexada na pasta da obra. Além da elaboração do fluxograma que envolve todas as atividades do processo de compras de materiais, durante o protocolo de coleta de dados, também foi realizada um diagrama que demonstra o "fluxo das informações x áreas" que tinham envolvimento com este processo, conforme ilustra o Quadro 15. Este diagrama representa a dinâmica real das informações dentro do processo de compras de materiais de acordo com as informações obtidas durante as entrevistas. É importante ressaltar que as linhas pontilhadas referem-se a atividades de retrabalho no processo de compras observado. A verificação de estoque, por exemplo, é uma atividade que não adiciona valor ao cliente do processo de compras, ou seja, a obra. Somado a isto, verificou-se excesso de retrabalhos dentro desta atividade, tal como ilustra o Quadro 15 . Contabilidade Financeiro Fornecedor Depósito Gerente Comprador Tecnico Engenheiro Almoxarife Engenheiro Responsável Orçamentos Projetos ATIVIDADES QUE FAZEM PARTE DO PROCESSO DE COMPRAS Planejamento DEPARTAMENTOS Obra Suprimentos Necessidade Verificação do estoque Cotação e negociação Aprovação Efetivação da compra Recebimento do material Gerenciamento das faturas QUADRO 15 – MATRIZ DE INTER-RELACIONAMENTOS DO PROCESSO DE COMPRAS NO ESTUDO DE CASO 1 110 A seguir é feita a descrição detalhada do fluxo do processo de compras ilustrado no Quadro 15. Nas perguntas constantes no questionário utilizado durante as entrevistas buscou-se investigar a gravidade e freqüência dos problemas relacionados a cada etapa do processo de compras. Assim, associado à descrição de cada etapa do processo são apresentados os principais problemas identificados e soluções apontados pelos entrevistados: 5.3.2 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO PROCESSO DE COMPRAS E DOS PROBLEMAS MAIS FREQÜENTES 5.3.2.1 Etapa 1 - Requisição de compras A Etapa 1 refere-se à solicitação do material pelo administrador da obra, à análise desse pedido pelo engenheiro de compras, o qual faz a separação dos pedidos convencionais dos especiais. Nesta etapa foi observado que não existia um procedimento padronizado de solicitação do material, isto é, no momento de solicitar o material, cada obra realizava esta atividade de acordo com as diretrizes do seu administrador. Alguns administradores de obras solicitavam com antecedência os materiais, enquanto outros deixavam para pedir os materiais sem obedecer às datas preestabelecidas para os pedidos. A análise dos pedidos de compras baseava-se no conhecimento intuitivo do andamento da obra, não existia um mapa da situação atual de cada obra nem um mapa do planejamento das aquisições. De acordo com o diagrama representado no Quadro 15, existe uma operação durante a etapa de requisição de materiais que não agrega valor ao processo de compras. Esta operação refere-se quando o engenheiro responsável pela obra anota os materiais necessários e passa para o almoxarife da obra, este preenche novamente a solicitação e a devolve para o engenheiro que fica 111 responsável por levá-la até a área de compras. Este contexto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos entrevistados Dificuldades de gerenciar o processo de compras de materiais Pedidos antecipados ou atrasados Descumprimentos de datas preestabelecidas para pedido de material Análise intuitiva dos pedidos de compras Freqüência Gravidade diária alta diária alta diária média diária média Solução apontada pelos entrevistados Padronizar o processo de compras Padronizar o processo e efetuar o treinamento dos administradores de obras Padronizar o processo e efetuar o treinamento dos administradores de obras Padronizar a análise e treinar os engenheiros de suprimentos QUADRO 16 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS: ETAPA 1 CASO 1 5.3.1.2 - Etapa 2 - Verificação do Estoque Esta etapa refere-se à verificação da existência de estoque do material que está sendo solicitado, junto ao depósito da empresa. Foi observado que durante essa etapa era despendido grande tempo na realização de operações secundárias (passar fax, buscar informações em arquivos, ligar para o almoxarifado) devido ao excesso de burocracia. Os pedidos eram digitados um a um no sistema computadorizado e, posteriormente, era consultado neste mesmo sistema a situação dos materiais em depósito. Os dados deste sistema não eram atualizados instantaneamente, necessitando, desta forma, de confirmação via telefone. A área de compras imprimia os relatórios referentes à situação dos materiais em estoque e enviava ao depósito (o depósito não era habilitada para realizar essa tarefa); o depósito devolvia esse relatório após as devidas análises. Após todas essas operações, as quais tinham duração aproximada de uma semana, era então repassado o relatório para os compradores para iniciarem as cotações. 112 O Quadro 15 ilustra que nesta etapa, existe uma atividade que não agrega valor ao processo de compras: a consulta ao depósito para verificar o estoque e também a impressão do relatório somente pela área de compras. Este contexto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos entrevistados Morosidade do processo Descontentamento na realização das tarefas Gastos com telefone, papel e pessoal Freqüência Gravidade diária alta diária alta diária média Solução apontada pelos entrevistados Implantar um sistema de compras integrado com o almoxarifado Implantar um sistema de compras integrado com o almoxarifado Implantar outro meio de comunicação QUADRO 17 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 2 CASO 1) 5.3.1.3 Etapa 3 - Cotação e Negociação Esta etapa refere-se à realização das cotações dos materiais; à análise do mapa de cotação; à negociação com os fornecedores. Foi verificado que rotineiramente eram realizadas três cotações de materiais, com variações de procedimentos de comprador para comprador, isto é, não existia um critério preestabelecido para a realização desta atividade. Existia excesso de utilização do fax e do telefone em razão de serem as únicas formas de comunicação com os fornecedores. O mapa de cotação era classificado manualmente e o processo de negociação com os fornecedores não possuía um procedimento, isto é, cada compra era o reflexo do estilo do comprador. O Quadro 15 mostrado anteriormente mostra que a seguinte operação contribuía para a morosidade do processo de compras: o comprador entrava em contato com cada fornecedor e solicitava os orçamentos. Estes fornecedores enviavam os orçamentos e aguardavam a negociação. Todas estas atividades eram realizadas manualmente, via telefone. Este contexto gerava as situações descritas no 113 : Problema apontado pelos entrevistados Maior ou menor negociação de preços Maior ou menor busca de novos fornecedores Gastos em excesso com telefone e pessoal Análise intuitiva Freqüência Gravidade diária média diária média diária média diária média Solução apontada pelos entrevistados Padronizar o processo de compras e treinar os compradores Padronizar o processo de compras e treinar os compradores Implantar outro meio de comunicação Padronizar o processo de compras e treinar os compradores QUADRO 18 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 3 CASO1) 5.3.1.4 Etapa 4 - Aprovação Esta etapa refere-se ao pedido de autorização para fechamento do negócio, à análise do custo do pedido, das condições de pagamento e do cronograma da obra e à negociação, quando necessário, com os fornecedores. Foi verificado que a autorização para fechamento do negócio era baseada no histórico das compras anteriores e na análise (intuitiva) do fluxo de caixa da empresa. Nesta etapa também existia uma atividade que não agrega valor ao processo de compras de materiais: o comprador entregava o pedido para ao gerente e este, depois de aprová-lo, devolvia para o comprador, o qual dava continuidade ao processo. Os problemas e soluções apontados pelos entrevistados eram as seguintes: Problema apontado pelos entrevistados As compras eram realizadas indevidamente (prazos, valores) Pouco tempo para negociação de preços e valores Sobrecarga de aprovações para a gerência Freqüência Gravidade esporádica alta esporádica alta diária média Solução apontada pelos entrevistados Realização de um planejamento das compras Realização de um planejamento das compras e acesso ao mapa referente ao fluxo de caixa da empresa Descentralização das aprovações QUADRO 19 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 4 CASO 1) 114 5.3.1.5 Etapa 5 – Efetivação da compra Esta etapa refere-se à elaboração do pedido de compras e a sua distribuição (fornecedor, obra, arquivo). Foi verificado que existia excesso de papel envolvido na etapa de elaboração do pedido de compras, isto é, uma cópia do pedido era enviada via fax para o fornecedor, outra via era deixada no escaninho da obra e a última era arquivada. O tempo para arquivar toda a documentação de um pedido era grande em virtude da quantidade de pedidos que ficavam em circulação diária. Os problemas e soluções apontados pelos entrevistados eram as seguintes: Problema apontado pelos entrevistados Morosidade do processo Freqüência Gravidade Gasto excessivo com pessoal, telefone e papel Dificuldades de gerenciar o processo diária média diária média diária média Solução apontada pelos entrevistados Gerenciamento eletrônico de documentos Implantar outro meio de comunicação Gerenciamento eletrônico de documentos QUADRO 20 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 5 CASO 1) 5.3.1.6 Etapa 6 - Recebimento do material Esta etapa refere-se ao recebimento do material pela obra, a verificação da nota fiscal com o pedido de compras, ao aceite do material e a sua utilização. Foi verificado que não existia um procedimento para recebimento de materiais na obra, isto é, não existia almoxarife em todas as obras, ficando a cargo de qualquer profissional da obra receber os materiais. Nesta etapa acontecia a seguinte situação: quando o material entregue não estava de acordo com o pedido, a obra entrava em contato com o comprador, e este informava o ocorrido ao fornecedor. Depois de acertado as condições da nova entrega, o comprador entrava em contato com a obra. Também foi verificado que não existia um procedimento para recebimento de notas fiscais, isto é, algumas vezes era enviado para a obra e outras para a área de compras gerando complicações no gerenciamento desse fluxo. 115 Outra falha nessa etapa refere-se ao envolvimento da área de compras em negociações de faturas com os fornecedores em virtude de dificuldades com o fluxo de caixa da empresa na época da pesquisa. Nesta etapa acontecia a seguinte situação: a nota fiscal ia para a área financeira e, algumas vezes, retornava para a área de compras negociar com o fornecedor o prazo de pagamento da fatura. Além desta atividade não agregar valor ao processo de compras de materiais, era gerado uma situação desagradável para a área de compras junto ao fornecedor. Este contexto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos entrevistados Recebimento de materiais indevidos (de outras obras) Desperdício de tempo e dinheiro durante o processo de devolução desse material Extravio de notas fiscais Dificuldades em gerenciar o processo Constrangimento perante o fornecedor Freqüência Gravidade esporádica alta esporádica alta esporádica diária alta alta esporádica alta Solução apontada pelos entrevistados Delegar a atribuição de receber os materiais para um único profissional Realização de conferência do pedido de material com a nota fiscal por pessoal treinado Padronizar o processo Padronizar o processo Realizar um planejamento de acordo com o fluxo de caixa da empresa QUADRO 21 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 6 CASO 1) Além desses problemas encontrados em cada etapa do processo de compras de materiais atual da empresa estudo de caso 1, foi constatado que a origem das falhas começava na etapa de projetos. Verificou-se que a área de compras não tinha a devida participação. Havia, apenas, uma consulta à área e não uma participação efetiva dela durante a elaboração do projeto e nem durante a elaboração das especificações. É importante salientar que estas constatações foram obitdas pela própria pesquisadora, visto que as pessoas entrevistadas não apontaram isto como um problema. Foi observado nesta etapa os problemas descritos no Quadro 22. 116 Problemas constados pela pesquisadora Pedidos de compras de materiais incompletos, devido à falta de especificações e detalhamento importantes durante a compra do material Perda de poder de negociação com os fornecedores, isto é, aumento de custo em virtude de que muitos dos materiais especificados têm características especiais necessitando de fornecedores especiais QUADRO 22 - PROBLEMAS CONSTATADOS PELA PESQUISADORA NA ETAPA DE PROJETOS Na etapa de planejamento foi observado que as obras não possuíam um planejamento adequado para garantir o planejamento das aquisições. Utilizavam apenas um cronograma macro para acompanhar o andamento dos serviços, visto que, não existia um planejamento de médio prazo (mensal) nem um planejamento de curto prazo (semanal) estruturado. Isto gerava as seguintes conseqüências: Problemas constados pela pesquisadora Pedidos de compras com prazos atrasados ou antecipados Pedido de materiais com urgência Acúmulo de materiais na obra Desembolso antecipado de recursos financeiros Falta de tempo para negociação e busca de novos fornecedores QUADRO 23 - PROBLEMAS CONSTATADOS PELA PESQUISADORA NA ETAPA DE PLANEJAMENTO 5.3.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 1 Através do levantamento realizado, foi verificado que apesar do processo de compras de materiais da empresa estudo de caso 1 possuir pontos fortes, tais como: pessoal com elevada capacitação, conscientização dos funcionários e boa infra-estrutura local, isto não se mostrou suficiente para que esta empresa tivesse um alto nível de maturidade gerencial e de tecnologia do processo de compras de materiais. O Quadro 24 ilustra este nível de maturidade do processo em lide tendo como parâmetro o perfil do processo de compras de materiais, o estágio de desenvolvimento dos sistemas de informação e o estágio de competência do comprador (BAILY et al. 2000). 117 Nível de maturação Perfil do processo de compras de materiais Processo de Compras de Materiais Atual Primitivo Desenvolvimento Maturação Avançado Estágio de desenvolvimento dos sistemas de informação Primitivo Conscientização Desenvolvimento Maturação Estágio de competência do comprador Nível 1 Nível 2 Nível 3 Avançado QUADRO 24 - ESTÁGIO DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 1 Durante a realização da entrevistas verificou-se que o processo de compras do Estudo de Caso 1 era focado em negociações fragmentadas, isto é, as negociações eram realizadas a cada requisição de compras da obra. Segundo JONES (1997) esta é uma característica típica do "estágio primitivo" de desenvolvimento do processo de compras de materiais, onde as economias durante as negociações ficam na ordem de 5% do custo do material. Os próximos estágios de maturidade apontados na matriz proposta por JONES (1983) referem-se ao "controle e aperfeiçoamento das negociações", a "realização de um planejamento das aquisições" e também à "transferência da compra dos materiais para os usuários". Quanto ao sistema de informações, verificou-se que o atual não atende as necessidades básicas do processo de compras de materiais que é entregar o material no momento certo, na quantidade certa, com a qualidade desejada pelo cliente e sem a geração de estoque (OHNO, 1988). As operações do processo de compras da empresa em lide são realizadas, na maior parte do tempo, manualmente, tendo também poucos registros e manutenção das informações. Segundo BAILY et al, (2000), esta forma de estruturação do processo de compras de materiais caracteriza o sistema de informação como sendo um exemplo típico do "estágio primitivo" de maturação. Os próximos estágios de maturidade referem-se ao uso de sistemas informatizados, ao uso do Just-in-time/MRP integrado a outros bancos de dados da empresa e também a troca de informações com clientes e fornecedores via ambiente eletrônico. 118 Quanto ao estágio de competência dos compradores, verificou-se que estes trabalham de forma passiva, isto é, o comprador recebe requisições da diretoria e faz os pedidos, o comprador recebe os catálogos de fornecedores e o comprador adquire o que está especificado ao menor preço. Foi verificado também que não há o envolvimento do comprador durante a avaliação dos fornecedores, esta avaliação é feita pelas áreas usuárias. Segundo BARNES E MCTAVISH (1983) estas características enquadram a competência dos compradores no "nível 1" de maturidade. O próximo estágio desta matriz desenvolvida por BARNES E MCTAVISH (1983) refere-se à consideração de aspectos estratégicos no momento da realização das compras. A análise do processo de compras desta empresa também mostrou excessiva ênfase dos funcionários em atividades operacionais. Segundo ARNOLD (1999) este processo é característico da visão tradicional do processo de compras de materiais. A relação entre o comprador e o fornecedor utilizado pela empresa Estudo de Caso 1 também reflete as características do processo tradicional descrito por TEÓFILO NETO (2000), onde não existe a formação de parcerias entre o comprador e fornecedor. A seguir é analisado cada etapa do processo de compras de materiais tendo como referencial a revisão bibliográfica realizada, principalmente as defendidas por BAILY et al (2000), e a rotina atual da empresa em questão. 5.3.2.1 Análise da Etapa 1 - Requisição de compras Analisando esta etapa referente à requisição de compras, verificou-se que não existe uma padronização dos pedidos, isto é, os pedidos são realizados de acordo com as necessidades contingenciais de cada obra e também de acordo com o perfil do administrador da obra. Esta falta de padronização nos pedidos gera grandes problemas durante o gerenciamento do processo de compras, conclusão similar à apresentada pelo PMI (1996). 119 O pessoal envolvido nesta fase do processo tinha consciência sobre os problemas levantados nesta etapa e também sobre algumas soluções. Todos concordavam que era necessário realizar um planejamento da obra atualizado para que fosse possível realizar o planejamento das aquisições. 5.3.2.2 Etapa 2 - Verificação do estoque Nesta etapa verificou-se que grande parte do tempo dos funcionários era dedicado à atividades que não agregavam valor ao processo de compras de materiais. Isto acontecia principalmente porque não existia um sistema de compras integrado com o depósito da empresa. A filosofia do "just-in-time" advoga que o estoque mantido na empresa deve ser mínimo (OHNO, 1988). Na empresa estudo de caso 1 existia grandes estoques de materiais no depósito da empresa. Com a implantação da compra próativa, o nível de estoques poderia ser reduzido substancialmente, visto que, esta é baseada no planejamento efetivo das obras (TOWILL, 1996). Com a implantação de um sistema de comércio eletrônico integrado com o um ERP, a verificação do estoque poderia ser realizado automaticamente pelo sistema não dependendo da intervenção dos funcionários da área de compras (CUNNINGHAM, 2000). 5.3.2.3 Etapa 3 - Cotação e negociação Nesta etapa eram realizadas, em geral, três cotações para cada requisição de material. A empresa estudo de caso 1 seguia as condições que TEÓFILO NETO (2000) afirma ser a forma ideal para manter o relacionamento entre comprador e fornecedor. Este autor defende a prática freqüentemente encontrada na construção, onde o comprador deve pedir coisas impossíveis ao fornecedor, deixá-lo esperando, não cumprir horários e principalmente ameaçar romper a negociação a qualquer momento. Este argumento é o oposto do que as modernas filosofias de gerenciamento advogam e que são defendidas nesta dissertação: os compradores e 120 fornecedores devem contribuir para desenvolver boas relações com os fornecedores e vice-versa (BAILY et al. 2000). Com a implantação da compra pró-ativa as negociações passam a ser realizadas em grandes lotes, e as entregas de acordo com a necessidade de cada obra (PORTER, 1986). A adoção do comércio eletrônico é bastante interessante nesta fase do processo de compras, visto que as informações são trocadas via ambiente eletrônico sem a necessidade da utilização do telefone e do fax (VENKATRAMAN, 1991). 5.3.2.4 Etapa 4 - Aprovação Foi verificado nesta etapa que a aprovação era realizada de forma centralizada e era baseada nas compras anteriores. O fato mais marcante nesta fase do processo refere-se ao desconhecimento, por parte do gerente que realizava a aprovação, da situação do fluxo de caixa da empresa. Uma solução alternativa prática, seria a realização do planejamento das aquisições, baseado no planejamento de todas as obras, de forma conjunta, e no fluxo de caixa da empresa. Desta forma, não haveria necessidade de realizar negociações com os fornecedores para prorrogar os prazos de pagamento das faturas (PMI, 1996). 5.3.2.5 Etapa 5 - Efetivação da compra Esta etapa do processo era realizada na sua totalidade de forma manual. Este fato tomava grande parcela do tempo dos funcionários, principalmente dos compradores, devido a grande quantidade de pedidos realizados diariamente. Durante as entrevistas foi citado que a solução para estes problemas está no gerenciamento eletrônico de documentos. Certamente, com a adoção de um gerenciador de documentos integrado a um sistema de comércio eletrônico, seria possível tornar esta etapa do processo bastante ágil (GRILO, 1998). 121 5.3.2.6 Etapa 6 - Recebimento do material Nesta fase verificou-se que não havia um procedimento para o recebimento dos materiais, na maioria das vezes esta atividade era realizada por qualquer profissional da obra. A empresa estudo de caso 1 acreditava que não era importante ter um almoxarife em cada obra. Com isso, não existia o comprometimento dos funcionários no momento do recebimento do material, gerando muitas vezes grandes transtornos para a empresa. De fato, segundo KAMPAS (2001) quando um funcionário sabe que não tem responsabilidade sobre uma determinada atividade ele dá menos atenção no que está fazendo. Estes fatores poderiam ser minimizados a partir do momento que se tem entregas programadas e, também, com a distribuição de atribuições claras para os funcionários (TREASURE TASKFORCE, 1996). Foi verificado também, que não existia um procedimento para o envio de notas fiscais, para o escritório, este fato gerava principalmente o extravio das notas. Era de entendimento dos funcionários envolvidos nesta etapa que se necessitava padronizar o procedimento de recebimento e envio das notas. Todo o processo de gerenciamento de notas fiscais poderia ser realizado por um sistema de planejamento e controle, por exemplo o MRP ou o ERP que quando integrado com o sistema de comércio eletrônico poderia reduzir o extravio das notas fiscais e a morosidade do seu manuseio (VENKATRAMAN, 1991). 5.3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTUDO DE CASO 1 Sintetizando o perfil do processo de compras atual da empresa estudo de caso 1, percebeu-se que dos 22 problemas apontados pelos entrevistados, 16 acontecem diariamente e 6 esporadicamente. Sendo que destes 22 problemas, 11 tem gravidade média e 11 gravidade alta. Este resultado ilustra que, na média os 122 problemas relatados acontecem diariamente e que a gravidade deles está entre média e alta. Estes resultados corroboram com a impressão da pesquisadora durante a coleta de dados. Verificou-se que existe uma conscientização por parte dos envolvidos com compras em relação à gravidade dos problemas e, também, com a necessidade de implantar melhorias no processo em lide. De acordo com os dados que foram coletados sobre o processo de compras da empresa Estudo de Caso 1 conclui-se que existe um grande potencial para melhorias. A grande vantagem da empresa é que os envolvidos com compras tem consciência dos problemas e também têm sugestões de melhorias para o processo em questão. Devido a isto, a implantação de melhorias no processo de compras de materiais da empresa tem grande probabilidade de obter sucesso, visto que o comprometimento dos funcionários é parte fundamental para que isto ocorra (PORTER, 1986). 5.4 ESTUDO DE CASO 2 A empresa Estudo de Caso 2 é uma empresa de grande porte que atua no setor de construção pesada a mais de trinta e cinco anos. A empresa é especializada na construção de pontes, viadutos, barragens e usinas hidrelétricas. A construtora possui uma faturamento médio anual de R$ 60 milhões e conta com a colaboração de mais de 1000 funcionários diretos. A empresa é dirigida de forma familiar, sendo sua sede localizada em Curitiba – PR. Esta empresa possui filiais em quatro outras cidades brasileiras. Estas filiais tem a finalidade de participar de consórcios e licitações de obras públicas fora do estado do Paraná tendo como objetivo obter a consolidação da empresa no mercado nacional da construção. 123 Quanto a utilização do comércio eletrônico, a empresa em questão possui um sistema de gerenciamento de compras interno no qual são controlados os pedidos de compras e a entrega das notas fiscais. Este sistema está parcialmente integrado com o sistema utilizado pela área financeira, isto porque existe diversas intervenções manuais dos funcionários para transferir os dados de um sistema para o outro. Os envolvidos com compras tem acesso à Internet mas não fazem uso dela para se comunicar com os fornecedores, todo o processo de compras é realizado através da intensa utilização do telefone e do fax. É importante salientar que durante a realização da coleta de dados foram entrevistados os principais envolvidos no processo de compras: diretor de compras, diretor financeiro, diretor técnico, engenheiros de obras, compradores, almoxarifes, encarregado de expedição, assistente de compras, assistente administrativo, assistente de contabilidade, totalizando 15 pessoas. A seguir é relatado o resultado do levantamento realizado na empresa estudo de caso 2 bem como a análise e conclusões sobre esses resultados. 5.4.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE COMPRAS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 2 A empresa não possuía um fluxograma do processo de aquisição de materiais. Por isso, para facilitar a realização do protocolo de coleta de dados estabelecido, foi realizado um fluxograma detalhado no software Ms Visio onde ilustrou-se todas as etapas do processo de compras, assim como, as pessoas envolvidas na execução de cada atividade (Anexo 4). Para facilitar o entendimento deste fluxograma que contém 37 operações, o processo de compras de materiais foi dividido nas 8 macro-etapas que encontramse ilustradas no Quadro 25: 124 Compra pró-ativa (BAILY et al, 2000) Etapa Etapa Etapas identificadas na empresa estudo de caso 2 N° DE COLABORADORES: 7 TEMPO DE CICLO: 2 DIAS - RELACIONAR-SE COM FORNECEDORES PLANEJAR AS AQUISIÇÕES I NEGOCIAR AS CONDIÇÕES DE COMPRA II - APROVAR AS CONDIÇÕES DE COMPRA V - A EMPRESA PARTICIPA DA CONCORRÊNCIA DA OBRA - É ABERTO UM CENTRO DE CUSTOS O USUÁRIO EMITE UMA A OBRA EMITE UMA REQUISIÇÃO DE COMPRAS PARA A OBRA REQUISIÇÕES DE COMPRA - A SOLICITAÇÃO É ENCAMINHADA A RECEBER E ANALISAR AS COMPRAS REALIZAR A COTAÇÃO E COMPRAS I REQUISIÇÕES DE COMPRA II A SOLICITAÇÃO É ENVIADA PARA APROVAÇÃO, QUANDO NECESSÁRIO É ENVIADO A REQUISIÇÃO DE III COMPRAS PARA O FORNECEDOR X ANALISA OS ORÇAMENTOS COMPRAS SOLICITA A APROVAÇÃO DA GERÊNCIA COMPRAS NOTIFICA O FORNECEDOR VIA FAX E CONFIRMA VIA TELEFONE - FAZER O ACOMPANHAMENTO (FOLLOW-UP) O FORNECEDOR ENTREGA OS MATERIAIS E EFETUA-SE A SUA FORNECEDOR EFETUA A ENTREGA DOS MATERIAIS AVALIAÇÃO QUADRO 25 - ESQUEMA DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS ATUAL DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 2 A dinâmica do processo de compras de materiais observada na empresa Estudo de Caso 2, que tinha um tempo de ciclo de 2 dias, funcionava da seguinte forma: quando a construtora vencia a concorrência para a construção de uma obra pública começava então o processo de abertura de um centro de custos para a obra. De acordo com a necessidade de material da obra, era solicitado à matriz a compra dos materiais. O almoxarifado da matriz fazia a requisição de material e a entregava ao comprador. Este profissional verificava o valor da última compra do material e entrava em contato com três fornecedores. Os fornecedores enviavam os orçamentos ao comprador e este os analisava, negociava e fechava o pedido. Após isso, a diretoria aprovava o pedido e o enviava para o suporte de compras. 125 Posteriormente, o fornecedor entregava o material na matriz a qual se responsabilizava por entregar o material na obra. A nota fiscal era entregue para o suporte de compras o qual a conferia e a enviava para o setor financeiro para pagamento. Além da realização do fluxograma que demonstra cada atividade que envolve o processo de compras de materiais também foi realizado um diagrama que representa o fluxo das informações x áreas que fazem parte desse processo conforme ilustra a . Esta matriz ilustra a dinâmica real das informações dentro do processo de compras de materiais da empresa de acordo com as informações obtidas durante as entrevistas e pesquisa documental realizada. As linhas pontilhadas referem-se as atividades de retrabalho que não agregam valor o processo de compras de materiais da empresa em questão. A inspeção repetida da nota fiscal e do pedido de compras, por exemplo, é uma atividade que não agrega valor ao cliente final interno, isto é, a obra. Somado a isto, verificou-se excesso de retrabalho dentro desta atividade, tal qual ilustra o . Financeiro Contabilidade Expedição Fornecedor Diretor Secretária Auxiliar Administrativo Engenheiro manutenção Comprador Campo Almoxarife Licitação Engenheiro Responsável ATIVIDADES QUE FAZEM PARTE DO PROCESSO DE COMPRAS Almoxarife Matriz DEPARTAMENTOS Suprimentos Obra Concorrência Centro de Custos Necessidade Recebimento do Pedido Cotação e Negociação Aprovação Efetivação da compra Recebimento do material Gerenciamento das faturas QUADRO 26 – REPRESENTAÇÃO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 126 A seguir descreve-se com detalhes o fluxo de compras de materiais da empresa estudo de caso 2, ilustrado no Quadro 25 e no . Conforme o protocolo de coleta de dados, durante a realização das entrevistas buscou-se investigar a gravidade e freqüência dos problemas relacionados com cada etapa do processo de compras apontados pelos entrevistados. Desta forma, associado com cada etapa do processo são apresentados os principais problemas identificados e soluções relatadas pelos entrevistados. 5.4.1.1 Etapa 1 - Concorrência Esta etapa é dividida em duas fases, uma de documentação e outra de orçamentação. A primeira refere-se a coleta de documentos necessários para participar da concorrência. A segunda refere-se à realização do orçamento que tem como finalidade chegar a um preço final para a obra. Foi observado que na maioria das obras não era realizado um orçamento base (estimativo), somente se tinha uma previsão macro de gastos, e que também não existia um controle de custos unitários de materiais, isto é, somente após a efetivação do serviço (ou compra de materiais) era possível saber a situação financeira da obra. Isto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos entrevistados Dispêndio de recursos Impossibilidade de controlar o cronograma físicofinanceiro da obra Falta de comprometimento com o custo previsto para a obra no momento da compra Freqüência Gravidade mensal média mensal baixa diária média Solução apontada pelos entrevistados Orçamento fora da realidade do mercado Aumentar o quadro de funcionários Adequar os orçamentos a realidade do mercado QUADRO 27 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 1 - CASO 2) 127 4.4.1.2 Etapa 2 - Centro de custos A partir do momento que se começava a trabalhar em uma determinada obra, era aberto um centro de custos no sistema de controle de obras onde era realizado o controle do fluxo de caixa desta obra. Nesta etapa, os entrevistados não relataram problemas. 4.4.1.3. Etapa 3 - Necessidade Após a aprovação do pedido de materiais pelo engenheiro responsável o almoxarife da obra transmitia este pedido para o almoxarife da matriz através de rádio ou telefone, o qual, por sua vez, encaminhava este pedido para o comprador responsável. Foi observado que grande parte dos pedidos de materiais eram solicitados com urgência e que a análise desses pedidos de compras eram baseados no conhecimento intuitivo do andamento da obra (pelo comprador ou diretoria). Não existia um controle da situação atual de cada obra nem um mapa do planejamento das aquisições. Conforme ilustrado na , verificou-se também que existiam atividades que não agregavam valor ao processo de compras de materiais da empresa em lide. Estas atividade referem-se ao preenchimento da requisição de materiais. Primeiramente, o encarregado da obra preenchia a solicitação e passava as informações para o engenheiro responsável que preenchia uma outra requisição de materiais. Após isso, este engenheiro repassa as informações para o almoxarife da obra o qual se encarrega de preencher uma terceira solicitação. Por fim, as informações desta solicitação são repassadas via rádio para o almoxarife da matriz que preenche uma nova solicitação manualmente e depois transfere as informações para a requisição de compras definitiva, que fica no sistema computacional de compras. Este contexto gerava as situações descritas no Quadro 28. 128 Problema apontado pelos Freqüência Gravidade Solução apontada pelos entrevistados entrevistados Dificuldades de gerenciar o diária média Treinar o pessoal da obra processo de compras de materiais Pedidos antecipados ou diária baixa Treinar o pessoal da obra atrasados Análise intuitiva dos pedidos diária baixa Não foi apontada uma solução de compras QUADRO 28 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 3 CASO 2) 4.4.1.4 Etapa 4 - Recebimento do Pedido Esta etapa referia-se à verificação eletrônica da existência de estoque do material que está sendo solicitado, junto ao depósito da empresa. Nesta operação incluía-se a digitação do pedido no sistema, a impressão desse pedido e o encaminhamento junto ao comprador responsável. Foi observado que a solicitação de material era digitada diversas vezes (1 vez no local da obra, 1 vez pelo almoxarife da obra, 2 vezes pelo almoxarife da matriz, 1 vez pela área de compras). Além disto o almoxarife da matriz levava pessoalmente, diversas vezes ao dia, cada pedido de materiais até o local onde encontrava-se o comprador (50m). Nesta etapa também existia uma atividade que poderia ser eliminada (). Esta atividade referia-se ao recebimento da requisição de compras pelo almoxarife da matriz que poderia chegar diretamente ao comprador, sem necessitar de intermediários. Este contexto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos Freqüência Gravidade Solução apontada pelos entrevistados entrevistados Retrabalho diária baixa Não foi apontada uma solução Grandes paradas de trabalho diária baixa Transferir o posto de trabalho do (devido a longa distância de almoxarife para perto dos transporte da requisição de compradores compras) QUADRO 29 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 4 CASO 2) 129 4.4.1.5 Etapa 5 - Cotação e Negociação Esta etapa refere-se à consulta da última negociação do material através do sistema computacional; à realização das cotações dos materiais; à análise do mapa de cotação; à negociação com os fornecedores. Foi verificado que rotineiramente eram realizadas três cotações de materiais diferindo-se de comprador para comprador, isto é, não existia um critério preestabelecido para a realização das cotações. Existia excesso de utilização do fax e do telefone em razão de serem as únicas formas de comunicação com os fornecedores. O mapa de cotação era elaborado manualmente e o nível de negociação com os fornecedores não possuía um procedimento, isto é, cada compra seguia o estilo de cada comprador. Este contexto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos Freqüência Gravidade Solução apontada pelos entrevistados entrevistados Maior ou menor negociação diária baixa Não foi apontada uma solução de preços Maior ou menor busca de diária baixa Não foi apontada uma solução novos fornecedores Análise intuitiva dos diária baixa Não foi apontada uma solução orçamentos Gastos excessivos com diária média Providenciar um outro meio de telefone e pessoal comunicação Falta de tempo para diária baixa Contratar mais funcionários negociação e busca de novos fornecedores QUADRO 30 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 5 CASO 2) 4.4.1.6 Etapa 6 - Aprovação Esta etapa refere-se ao pedido de autorização para fechamento do negócio ou aprovação da compra já realizada. Foi verificado que em grande parte das compras o comprador primeiramente efetuava a compra e posteriormente solicitava a aprovação da diretoria. 130 Nesta etapa também existia uma atividade que não agregava valor ao processo de compras de materiais. O comprador entregava o pedido para o diretor e este, depois de aprová-lo devolvia para o comprador, o qual dava continuidade ao processo. Este contexto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos Freqüência Gravidade Solução apontada pelos entrevistados entrevistados Sobrecarga de aprovações diária média Aumentar o tempo do diretor dentro para a gerência da empresa Falta de tempo para atuar em diária baixa Não foi apontada uma solução grandes negociações e gerar envolvimento com novos fornecedores QUADRO 31 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 6 CASO 2) 4.4.1.7 Etapa 7 - Efetivação da compra Esta etapa refere-se à emissão do pedido de compras ao fornecedor (quando a compra ainda não foi realizada) e a sua distribuição (fornecedor, obra, arquivo administrativo, expedição). Foi verificado que o tempo gasto para arquivar toda a documentação de um pedido era moroso em virtude da quantidade dos pedidos que ficavam em circulação (trabalho em progresso). Nesta etapa também foi verificado que existiam diversas inspeções sobre os mesmos documentos. Os pedidos de compras com as respectivas notas fiscais eram conferidas cinco vezes. Uma vez pelo encarregado da expedição, outra pelo auxiliar administrativo, a terceira vez pela área de contabilidade, a quarta pela secretária da área de compras e a quinta vez pelo diretor, o qual devolvia estes documentos para o auxiliar administrativo que se encarregava de encaminhá-los à área financeira para nova conferência e pagamento. Este contexto gerava a situação descrita no Quadro 32. 131 Problema apontado pelos entrevistados Morosidade do processo Gasto excessivos com pessoal, telefone e papel Dificuldades de gerenciar o processo Freqüência Gravidade diária diária média média diária média Solução apontada pelos entrevistados Contratar mais funcionários Providenciar um outro meio de comunicação Treinar o pessoal administrativo QUADRO 32 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 7 CASO 2) 4.4.1.8 Etapa 8 - Recebimento do material Esta etapa refere-se ao recebimento do material pela obra ou pela área de expedição da matriz, a verificação da nota fiscal com o pedido de compras, ao aceite do material e o seu envio para a obra. Durante esta etapa também existiam operações referentes ao recebimento e conferência da nota fiscal. A obra tinha a responsabilidade de receber e conferir as notas fiscais e enviá-la para a área de compras. A seguir, a área de compras realizava à digitação das informações das notas no sistema computacional e as enviava para a área de contabilidade, para conferência. Após isso, a nota retornava para a área de compras para a aprovação da diretoria de compras. Posteriormente a área de compras encaminhava estas notas para a área financeira providenciar o pagamento. Este contexto gerava as seguintes situações: Problema apontado pelos entrevistados Excesso de inspeção Falta de comprometimento do funcionário com a atividade que executa Freqüência Gravidade diária diária baixa média Solução apontada pelos entrevistados Treinar o pessoal envolvido Treinar o pessoal envolvido QUADRO 33 - PROBLEMAS E SOLUÇÕES APONTADOS PELOS ENTREVISTADOS (ETAPA 9 CASO 2) 5.4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 2 Através do levantamento realizado verificou-se que o processo de 132 compras de materiais da empresa em questão possuía algumas vantagens: agilidade de entrega, comprometimento dos funcionários e boa infra-estrutura local. Contudo, isto não era suficiente para que a empresa estudo de caso 2 tivesse um nível de maturidade do processo de compras de materiais alto. O Quadro 34 ilustra este nível de maturidade do processo em lide tendo como parâmetro o perfil do processo de compras de materiais, o estágio de desenvolvimento dos sistemas de informação e o estágio de competência do comprador. Seu conteúdo é detalhado no texto a seguir. Etapa do processode Perfil do processo compras de materiais Desenvolvimento dos sistemas de informação Estágio de competência dos Estágio Atual do Processo de Compras de Materiais da Primitivo Reconhecimento ECGP Desenvolvimento Maturação Avançado Primitivo Conscientização Desenvolvimento Maturação Avançado Nível 1 Nível 2 Nível 3 compradores QUADRO 34 - DIAGNÓSTICO DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 2 Durante a realização da coleta de dados verificou-se que o processo de compras da empresa estudo de caso é realizada de forma fragmentada e a seleção dos fornecedores era baseada em preço e disponibilidade. Segundo JONES (1983) estas características referem-se ao "estágio primitivo" de desenvolvimento do processo de compras de materiais, onde as economias durante as negociações praticamente não existem. Os estágios seguintes apontados na matriz realizada por JONES (1983) referem-se ao "controle e aperfeiçoamento das negociações", "à realização de um planejamento das aquisições" e também "à transferência da compra dos materiais para os usuários". Quanto ao sistema de informações, verificou-se que existia um reconhecimento das informações importantes ao processo de compras, entretanto era utilizado um sistema manual melhorado, iniciando-se o uso de sistemas informatizados, mas não integrados com outros sistemas da empresa. Segundo BAILY et al, (2000), esta forma de estruturação do processo de compras de 133 materiais caracteriza o sistema de informação como sendo um exemplo típico do "estágio de conscientização". Os próximos estágios da matriz de maturidade desenvolvida por BAILY et al (2000) referem-se ao uso de sistemas integrados, ao uso do MRP/Just-in-time integrado a outros bancos de dados da empresa e, também, a troca de informações com clientes e fornecedores via ambiente eletrônico. Quanto ao estágio de competência dos compradores, verificou-se que estes trabalham de forma passiva isto é, o comprador recebia as requisições da diretoria e fazia os pedidos; o comprador recebia passivamente os catálogos de fornecedores; o comprador adquiria o que estava especificado ao menor preço e, também, não havia o envolvimento do comprador durante a avaliação dos fornecedores, esta avaliação era realizada pelas obras. Segundo BARNES E MCTAVISH (1983) estas características enquadram a competência dos compradores no "nível 1" de maturação. O próximo estágio desta matriz desenvolvida por BARNES E MCTAVISH (1983) refere-se à "consideração de aspectos estratégicos" no momento da realização das compras. Analisando a situação geral do processo de aquisição de materiais da empresa, também verificou-se que este estava direcionado somente para atividades operacionais. Constatou-se esta situação na administração das requisições de materiais e das notas fiscais e, também, na negociação de pequenos lotes de materiais entre outras. A seguir analisa-se cada etapa do processo de compras de materiais tendo como foco a revisão bibliográfica realizada e os dados coletados durante as entrevistas. 5.4.2.1 Análise da etapa 1 - Concorrência Analisando a situação atual da etapa de concorrência, verificou-se que esta etapa possui grandes deficiências que interferem no processo de compras de materiais, que não eram percebidas pelos envolvidos nesta atividade. As atividades de planejamento e orçamento que deveriam ser realizadas nesta fase do processo de compras não eram feitas. Era dado grande ênfase para a obtenção do contrato da obra. Entretanto, a 134 empresa em questão não tinha instrumentos para avaliar se o empreendimento seria rentável ou não. Para os envolvidos nesta etapa, a solução estava em aumentar o quadro funcional. Contudo, entende-se que para alcançar níveis mais altos de eficiência e eficácia seria necessários uma atuação de forma pró-ativa através da maior ênfase das atividades dos funcionários na etapa de planejamento (PORTER, 1986). Para tanto seria necessário investir em treinamento do pessoal que está envolvido nesta atividade, visto que todos os entrevistados concordam que esta etapa do processo não tem grandes problemas. 5.4.2.2 Análise da etapa 2 - Centro de custos Analisando os dados obtidos nesta etapa do processo, verificou-se que grande parte das obras iniciavam suas operações e se mantinham por um longo período de tempo com o fluxo de caixa negativo. Isto acontecia devido a dificuldade da empresa receber recursos dos órgãos públicos, o qual era cliente mais freqüente. Por isso, a empresa diariamente emprestava dinheiro do mercado financeiro para conseguir honrar as suas dívidas. Estes fatos são de grande risco para a sobrevivência desta empresa, visto que a mesma ficava dependendo das oscilações do mercado financeiro. Segundo HEINECK (1996), em um mercado competitivo, uma empresa somente permanece no mercado com sucesso se ela trabalha com caixa positivo. 5.4.2.3 Etapa 3 - Necessidade Analisando esta etapa referente a requisição de compras, verificou-se que os pedidos eram realizados de acordo com a necessidade da obra e também com o perfil do engenheiro de cada obra. Esta falta de padronização nos pedidos gerava grandes problemas durante o gerenciamento do processo de compras. Por isso, para o pessoal envolvido nesta fase do processo, a solução estava somente em treinar os engenheiros das obras. Entretanto, segundo DUMOND (1996) primeiro deve ser resolvido o 135 problema chave do processo de compras, para posteriormente realizar o treinamento do pessoal. Neste caso, o problema não era somente a falta de treinamento mas sim, a falta de um planejamento da obra atualizado. O foco nesta fase do processo estava na elaboração da requisição de materiais e não no cumprimento do planejamento que deveria ser executado em cada obra. 5.4.2.4 Análise da etapa 4 - Recebimento do pedido Nesta etapa também são focados os esforços do pessoal envolvido com compras no preenchimento da requisição de materiais. Novamente, os envolvidos estavam focados nas operações e não na solução do problema principal que era o excesso de retrabalho que era realizado na mesma atividade do processo. Existia uma grande insegurança por parte dos funcionários envolvidos nesta fase do processo quanto a mudar o modus operantis. No sistema "just-in-time", o retrabalho proveniente de transporte de informações e excesso de movimentos faz parte dos sete tipos de perdas que devem ser eliminados ou pelo menos reduzidas dos processo na organização (OHNO, 1988 e SHINGO, 1996). Com a implantação do comércio eletrônico estas perdas podem ser reduzidas. O pedido pode ser realizado diretamente pelo cliente (obra), não tendo intermediários, isto é, chegando direto ao fornecedor (CUNNINGHAM, 2000). 5.4.2.5 Análise da etapa 5 - Cotação e negociação Esta etapa é baseada no histórico das compras anteriores. Mesmo assim, ainda são realizadas três cotações com os mesmos fornecedores das compras anteriores, tendo como finalidade reduzir o custo de compra do mesmo material. A empresa estudo de caso 2 segue as práticas descritas por TEÓFILO NETO (2000), que relata a forma tradicional do relacionamento entre comprador e fornecedor. Este autor afirma que o comprador deve cadastrar no computador o menor preço do material adquirido e sempre deve pedir mais descontos ao fornecedor. Novamente, este argumento é o oposto do que as modernas filosofias de 136 gerenciamento advogam e que são defendidas nesta dissertação: na relação entre os compradores e fornecedores ambos devem contribuir para o aperfeiçoamento do outro e devem realizar negociações do tipo ganha-ganha, onde ambos assumem os riscos e dividem os lucros (BAILY et al. 2000). Com a implantação da compra pró-ativa as negociações podem ser realizadas em grandes lotes e as entregas de acordo com a necessidade de cada obra. A adoção do comércio eletrônico seria bastante interessante nesta fase do processo de compras, visto que as informações poderiam ser trocadas via ambiente eletrônico sem a necessidade da utilização do telefone e do fax (VENKATRAMAN, 1991). 5.4.2.6 Análise da etapa 6 - Aprovação Foi verificado que a aprovação era realizada de forma centralizada, embora em grande parte dos casos, o comprador já havia realizado (confirmado) a compra do material. A aprovação realizada durante a fase operacional do processo de compras de materiais freqüentemente atrasa o andamento deste processo (WOMACK et al, 1990). Com a realização do planejamento das aquisições baseado no planejamento de todas as obras de forma integrada, a aprovação poderia ser realizada na etapa de planejamento do processo de compras de materiais, como o preconizado na metodologia do Private Finance Iniciative (TREASURE TASKFORCE, 1999). Desta forma seria possível reduzir a morosidade da etapa operacional do processo de compras de materiais. 5.4.2.7 Análise da etapa 7 - Efetivação da compra Esta etapa do processo era realizada manualmente pelos responsáveis. Este fato somado a grande quantidade de pedidos realizados diariamente de maneira simultânea tomava grande parte do tempo dos funcionários. Para os envolvidos nesta etapa do processo a solução está em contratar mais funcionários. Contudo, com a implantação do comércio eletrônico, esta fase do processo de compras torna-se-ia bastante ágil e não tomaria tanto o tempo dos 137 compradores (ALBERTIN, 2001). Desta forma, além de não necessitar contratar mais funcionários, os atuais podem atuar em atividades com maior valor agregado. 5.4.2.8 Análise da Etapa 8 - Recebimento do material Nesta fase do processo de compras os entrevistados não apontaram problemas. Entretanto verificou-se que a entrega dos materiais era realizado, na maioria das vezes na própria matriz. Com isso, é necessário ter vários motoristas e veículos da empresa disponíveis para realizar as entregas na obra. Estas perdas devido ao excesso de transporte e esperas poderiam ser minimizados com a elaboração de entregas programadas pré-acordadas com os fornecedores e, também, com entregas direto na obra (COOPER et al, 2000). A inspeção das notas fiscais e do pedido de compras era realizada diversas vezes por diferentes pessoas. Entretanto, como afirma KAMPAS (2001), quando um funcionário sabe que um outro irá conferir o seu trabalho ele dá menos atenção no que está fazendo. Todo o processo de gerenciamento de notas fiscais poderia ser simplificado através da adoção de um sistema de gerenciamento de informação (ALBERTIN, 2001). Com a implantação deste tipo de sistema, a conferência manual pode ser reduzida substancialmente, ou até mesmo eliminado totalmente. 5.4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTUDO DE CASO 2 Sintetizando o perfil do processo de compras atual da empresa estudo de caso 2, percebeu-se que dos 21 problemas apontados pelos entrevistados, 19 aconteciam diariamente e 2 mensalmente. Sendo que destes 21 problemas, 10 tem gravidade média e 11 gravidade baixa. Na média os problemas relatados pelos entrevistados aconteciam diariamente e a gravidade deles estava entre baixa e média. Estes resultados confirmam a impressão da pesquisadora durante a coleta de dados. Verificou-se que havia uma falta de conscientização por parte dos envolvidos com compras em relação a gravidade dos problemas e possibilidade de implantar melhorias no processo em lide. Verificou-se também que existia uma grande aversão à mudanças 138 por parte dos colaboradores da área de compras, isto porque grande parte deles trabalham na empresa a mais de quinze anos e sempre realizaram as atividades da mesma forma. De acordo com a coleta de dados sobre o processo de compras da empresa estudo de caso 2 conclui-se que antes de implantar melhorias neste processo, é necessário que haja maior conscientização da diretoria sobre as vantagens que a implantação do comércio eletrônico em um processo de compras estruturado proativamente pode gerar. Foi verificado que os envolvidos com a área de compras possuem um nível de instrução baixo, os compradores não têm o 2° grau completo, e acreditam que a forma como os trabalhos são realizados está satisfatória e não há nada para alterar. A diretoria técnica não pensa da mesma forma, acredita que o processo de compras de materiais tem grandes deficiências entretanto, tem receio em alterar o processo tradicional. A implantação de melhorias no processo de compras de materiais torna-se inviável nas condições atuais, visto que, o comprometimento dos funcionários é parte fundamental para conseguir atingir tal objetivo (PORTER, 1986). 5.5 ESTUDO DE CASO 3 A empresa estudo de caso 3 é uma empresa multinacional sueca com sede em Estocolmo sendo líder mundial na produção e comercialização de eletrodomésticos para uso em ambientes internos e externos. Comercializa 55 milhões de produtos anualmente em 160 países tendo um faturamento anual de US$ 14,05 bilhões. Na época de realização deste estudo a empresa possuía quatro plantas (filiais) instaladas no Brasil que estão direcionadas para o desenvolvimento de produtos inteligentes, que sejam conectados à Internet, e facilitem a vida dos seus clientes e consumidores. A empresa estudo de caso 3 implantou uma solução de comércio eletrônico primeiramente no processo de compras de materiais de consumo, isto é 139 materiais de escritório. O processo de compras de materiais indiretos atende cerca de 500 clientes internos totalizando 1200 requisições de materiais por mês. Para atender todas essas requisições, a empresa em questão possui 2000 fornecedores cadastrados no seu banco de dados. Os fornecedores são auditados e analisados trimestralmente. O sistema de comércio eletrônico registra a performance de cada um através de indicadores que pontuam e criam deméritos, de acordo com o atendimento de cada requisição de compras pelo fornecedor. O sistema adotado também permite a compra e cotações de materiais não catalogados e de fornecedores não cadastrados, através de uma extranet. Empresas e fornecedores podem visualizar cotações públicas de materiais, e através da extranet, podem se cadastrar e responder a estes processos de cotação. Estas funcionalidades também são utilizadas para pesquisa de mercado. Na seção seguinte é relatado os resultados, análise e considerações sobre o levantamento realizado na empresa estudo de caso 3. É importante salientar que as informações foram obtidas através das entrevistas e coleta de documentos. Para a realização deste trabalho foram entrevistados um gerente de produção, um gerente de compras e dois compradores, totalizando 4 pessoas. 5.5.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE COMPRAS DO ESTUDO DE CASO 3 A partir do início do ano de 1999, a empresa Estudo de Caso 3 começou a estruturar o seu processo de compras de materiais indiretos. Nesta época, já era intenção da empresa implantar o comércio eletrônico no processo de compras de materiais. Eles contrataram uma empresa de consultoria para propor e implantar melhorias ao processo de compras que eles possuíam. Em aproximadamente oito meses o processo em lide estava estruturado e pronto para implantar o comércio eletrônico. Em Janeiro de 2000, a empresa estudo de caso 3 implantou o comércio eletrônico no processo de aquisição de materiais. Este sistema é um canal eletrônico que foi desenvolvido em parceria com uma empresa do ramo da tecnologia da informação. A parceria foi realizada da seguinte forma, a empresa estudo de caso 3 140 entrava com o conhecimento do processo de compras e a empresa de TI entrava com a tecnologia, sendo que esta ficou responsável por desenvolver o "site". Na época desta pesquisa, este processo, que tempo um tempo de ciclo de 1 dia, funcionava da seguinte forma: o processo de compras de materiais era todo realizado via intranet. Neste processo o funcionário entrava no "site" e utilizava um catálogo eletrônico de materiais para efetuar a sua compra. Primeiramente era feito a requisição de materiais, a qual passava por um fluxo de aprovação baseado em um fluxo pré-determinado. Com a requisição aprovada, esta era enviada diretamente para o fornecedor que processava o pedido e a entrega dos materiais para a empresa, conforme ilustra o Quadro 35. Etapa Compra pró-ativa (BAILY et al, 2000) Etapa RELACIONAR-SE COM FORNECEDORES NEGOCIAR AS CONDIÇÕES DE COMPRA Etapas observadas no processo de compras de materiais do estudo de caso 3 N° DE COLABORADORES: 8 TEMPO DE CICLO: 1 DIA COMPRAS NEGOCIA CONDIÇÕES DE COMPRAS COM OS FORNECEDORES E A DIRETOIA AS APROVA II APROVAR AS CONDIÇÕES DE COMPRA V PLANEJAR AS AQUISIÇÕES I DISPONIBILIZAÇÃO DO CATÁLOGO DE MATERIAIS NO SISTEMA O USUÁRIO EMITE UMA REQUISIÇÕES DE COMPRA O USUÁRIO EMITE UMA REQUISIÇÃO DE COMPRAS E O RESPONSÁVEL A ANALISA RECEBER E ANALISAR AS I REQUISIÇÕES DE COMPRA II A SOLICITAÇÃO É ENVIADA PARA APROVAÇÃO, QUANDO NECESSÁRIO A SOLICITAÇÃO É ENVIADA PARA APROVAÇÃO III É ENVIADO A REQUISIÇÃO DE COMPRAS PARA O FORNECEDOR O FORNECEDOR É NOTIFICADO DO PEDIDO VIA E-MAIL FAZER O ACOMPANHAMENTO (FOLLOW-UP) O FORNECEDOR ENTREGA OS O ACOMPANHAMENTO É REALIZADO AUTOMATICAMENTE PELO SISTEMA X FORNECEDOR EFETUA A ENTREGA DOS MATERIAIS E É REALIZADO A SUA AVALIAÇÃO MATERIAIS E É REALIZADO A SUA AVALIAÇÃO QUADRO 35- DINÂMICA DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS INDIRETOS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 3 Além da realização do fluxograma que demonstra cada atividade que envolve o processo de compras de materiais da empresa estudo de caso 3, também, foi realizado um diagrama que representa o fluxo das informações x áreas que fazem parte desse processo, conforme ilustra a Quadro 36. 141 Contabilidade Financeira Fornecedor Expedição Diretorias Usuários ATIVIDADES QUE FAZEM PARTE DO PROCESSO DE COMPRAS Compras Envolvidos Negociação do catálogo de materiais Disponibilização da lista no sistema Emissão da solicitação de materiais Aprovação Notificação do fornecedor Recebimento do material Gerenciamento das faturas QUADRO 36 - REPRESENTAÇÃO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 3 De acordo com o fluxo de informações ilustrado no Quadro 36, não foram percebidas atividades que não agregavam valor dentro do processo atual de compra de materiais da empresa em questão. As informações passam pelas etapas do processo sem necessitarem de intervenção humana e retrabalho. A seguir é relatado em detalhes como é realizado cada etapa do processo de compras de materiais indiretos na empresa estudo de caso 3. 5.5.1.1 Etapa 1 - Compras negocia condições de compra com os fornecedores Os compradores efetuavam a negociação das condições de compra de materiais com os fornecedores em grandes lotes. Para realizar esta negociação, os compradores utilizavam um mapa de consumo de materiais que mostrava qual tinha sido a quantidade de cada material adquirida nos períodos anteriores. Após as negociações com os fornecedores, os compradores solicitavam a aprovação da diretoria para as condições de compras negociadas. 142 5.5.1.2 Etapa 2 - Disponibilização no Sistema Após acordos realizados com os fornecedores, os materiais eram disponibilizados no sistema de comércio eletrônico, através do catálogo de materiais, de forma que os usuários pudessem solicitar os materiais desejados sem que houvesse o envolvimento direto dos compradores. Após a disponibilização do catálogo no sistema, os compradores realizam treinamentos para os usuários. Estes treinamentos visavam a preparação do usuário para a utilização do sistema de comércio eletrônico e também para esclarecer as eventuais dúvidas desses usuários quanto a compra de materiais. Com a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais da empresa estudo de caso 3 o gerenciamento do sistema ficou sob responsabilidade não só dos compradores mas também dos fornecedores. O fornecedor tinha a responsabilidade de fazer a manutenção das ordens de compra enviadas para ele, e ,também, devia justificar atrasos de entrega e realizar a programação de entrega de cada ordem de compra. Os fornecedores homologados cadastram formas diferenciadas de pagamento com os seus respectivos índices de reajuste. Desta forma, os usuários podiam escolher uma condição de pagamento mais favorável ao seu centro de custo. O fornecedor gerencia e responde os processos de cotação de materiais submetidos a ele, assim como, acompanha o andamento das pesquisas de mercado e fazia pesquisas no histórico de cotações que participou. 5.5.1.3 Etapa 3 - Emissão das solicitação de compras O sistema de comércio eletrônico adotado pela empresa estudo de caso 3 possibilita a compra de materiais em um esquema similar ao das lojas virtuais (interface amigável e interativa), isto é, através de um carrinho de compras e um catálogo eletrônico de materiais. 143 Para a criação de requisições de compra, o usuário utilizava um portal na intranet da empresa, ou seja, o acesso é realizado via browser (navegador padrão Internet). No momento que o usuário faz a solicitação de compra de material, o sistema de comércio eletrônico que está integrado com o sistema ERP da empresa, verificava a existência de estoque do material. Se positivo o material automaticamente era disponibilizado ao usuário, caso contrário e também mais comum devido ao estoque mínimo da empresa, o material é solicitado ao fornecedor. 5.5.1.4 Etapa 4 - Aprovação A aprovação de cada pedido de compras era realizada pelo gerente de cada centro de custo da empresa. A partir do momento em que o usuário emite uma solicitação de compras de materiais, o sistema a direciona para um fluxo de aprovação de acordo com cada centro de custo que o usuário solicitante pertence. Se a pessoa encarregada por aprovar não se encontra na empresa, está aprovação é direcionada para outras pessoas designadas da equipe até que haja a sua liberação ou recusa de acordo com o tempo preestabelecido de aprovação de cada material. 5.5.1.5 Etapa 5 - Notificação do fornecedor Após a aprovação da compra do material, essa requisição era enviada para o fornecedor escolhido o qual fica responsável por notificar o aceite do pedido e a previsão de entrega, assim como realizar o follow-up de cada pedido de compra. 5.5.1.6 Etapa 6 - Acompanhamento O acompanhamento do pedido era realizado através do sistema de comércio eletrônico. Para tanto o fornecedor tinha que disponibilizar as informações neste sistema. O sistema permitia que o usuário entrasse no sistema e verificasse 144 quando o seu pedido seria entregue, além disso ele podia verificar em que etapa da cadeia produtiva o seu pedido encontrava-se. 5.5.1.7 Etapa 7 - Entrega dos materiais A entrega dos materiais era realizada pelo fornecedor no local preestabelecido. A "Recepção de material" da empresa fica responsável por executar a baixa da ordem de compra, avisar ao colaborador sobre o recebimento dos materiais e realizar a avaliação da performance do fornecedor. A partir desse momento, a informação sobre o pedido de compras, juntamente com as notas fiscais era direcionado para o sistema corporativo ERP que ficava responsável por dar continuidade a fluxo de pagamento e controle do pedido. Até então foram apresentadas as etapas operacionais do processo de compras de materiais indiretos realizadas pela empresa. A partir daqui serão relatadas as etapas com foco estratégico que o Estudo de Caso realizava neste processo para gerenciar o seu sistema de comércio eletrônico. Além destas etapas citadas, foi verificado que os compradores da área de compras de materiais de consumo direcionam os esforços para as seguintes operações: 5.5.1.8 Realização do catálogo de materiais A realização do catálogo de materiais era de responsabilidade dos compradores. Este catálogo continha as especificações de cada material, as condições de compra, a foto do material bem como as particularidades de cada material. Em cada material descrito no catálogo associava-se as subfamílias de materiais com contas contábeis específicas, de forma a evitar erros na contabilização do material e maior facilidade de uso para os colaboradores. O catálogo de materiais era multifornecedor, sendo que cada um deles pode atualizar 145 sua linha de materiais e preços de forma semi-automática ou totalmente automática com transferência de dados. Todas as alterações de preços são auditadas pela área de compras da empresa em questão que aprova ou não as alterações. 5.5.1.9 Administração do catálogo de materiais A administração dos materiais presentes no catálogo e suas relações de fornecimento são administradas diretamente pelos compradores de forma semiautomática. O fornecedor executa um "download" do seu catálogo, atualiza o mesmo, e realiza um "upload" para o sistema de comércio eletrônico da empresa. Todo o processo de alteração do catálogo de materiais é auditado. As alterações eram encaminhadas para o comprador responsável por aquele fornecedor, o qual, por sua vez, tinha a responsabilidade de analisar as alterações, aprovar ou reprová-las. 5.5.1.10 Controle de Fornecedores O controle de fornecedores era realizado pelos compradores através de dois catálogos: homologados e bolsa de empresas. Os fornecedores homologados são aqueles cujos materiais estão presentes no catálogo. Os fornecedores da bolsa de empresa são aqueles indicados pelos colaboradores ou cadastrados como possíveis fornecedores pela área de compras ou pelo "site extranet" e que não possuem nenhum histórico de fornecimento. Com a utilização da bolsa de empresas o comprador capta novos fornecedores para o sistema de comércio eletrônico através de pesquisas de mercado e a participação destes em processos de cotação abertos. Assim, futuros fornecedores podem se cadastrar, bem como submeter suas tabelas de preços de materiais. 146 5.5.1.11 Gestão de Contratos Os compradores ficam responsáveis pela manutenção e cadastro (dados gerais, datas início/fim, forma e valores de pagamento) de contratos. Este módulo do sistema também funcionava como um agente de avisos automáticos sobre datas de pagamento e de expiração de prazos. 5.5.1.12 Etapa 10 - Pesquisa de Mercado Os compradores consultam o mercado para descobrir referenciais de preços e fornecedores com a finalidade de requisitar compras ou auxiliar na formatação de orçamentos e planos de investimentos. Neste processo, o setor de compras definia os materiais que fariam parte da pesquisa. A pesquisa permite a anexação de arquivos ou texto em um campo observação. Anexada a pesquisa, seguirão dados de histórico de consumo do material na empresa, para que os fornecedores pudessem visualizar qual a demanda no material. Com os materiais definidos, o setor de compras decide quais fornecedores participariam da pesquisa. Além destes parâmetros, os compradores definiam também o prazo de vigência, sendo opcionais preço mínimo, prazo de entrega e condições de pagamento. Com a pesquisa definida, esta então era publicada no sistema de comércio eletrônico com acesso público (Internet) até que o prazo expire ou que todas as empresas envolvidas respondam. Com o prazo expirado a cotação retorna à área de compras. 5.5.1.12 Estratégia de Compras A estratégia de compras é realizada pelos compradores tendo como finalidade definir regras de agrupamento e famílias de pedidos de compra entre fornecedores que possuiam contratos de fornecimento com o cliente. Este método de trabalho proporcionava maiores níveis de desconto e a redução de custos 147 logísticos. Na estratégia de compras, existe um acordo preestabelecido entre a área de compras e o fornecedor. Todas as requisições de determinado material, participante de uma estratégia de compras, eram agrupadas e transmitidas sempre para o fornecedor, sem passar por pesquisa de mercado. 5.5.2 ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE COMPRAS REALIZADO PELO ESTUDO DE CASO 3 Com a realização das compras de materiais indiretos através do sistema de comércio eletrônico a empresa em lide consegue realizar um acompanhamento do processo de compras de materiais com as informações que são geradas pelo sistema. Essas informações são geradas da seguinte forma: a) Performance e qualidade de fornecedores: o sistema registra a performance e a qualidade dos materiais vendidos através do registro automático de ocorrências que geram deméritos nos indicadores de qualidade dos fornecedores, atribuindolhes graus que os categorizam de acordo com as suas avaliações e o volume de fornecimento. Esta funcionalidade registra a pontuação de acordo com as variáveis: prazo de entrega, preço e quantidade de entrega dos pedidos realizados. Com isso, os compradores tem condições de avaliar a situação e a qualidade de cada fornecedor. O processo de avaliação é integrado ao "módulo de recepção" que monitora e avisa o fornecedor e a área de compras quando exitem pendências e anomalias registradas na avaliação de cada fornecedor; b) Estatísticas: o sistema também registra estatísticas diárias de compra de materiais, além de relatórios de comportamento de consumo de materiais ou centros de custo. São dois tipos de estatísticas: gerais e pessoais. As estatísticas gerais mostram informações de todo o sistema de compras, e as informações pessoais somente estatísticas de compras do colaborador que acessou o material. Com isso é possível verificar a demanda de cada material e utilizar essa informação para negociar junto aos fornecedores melhores condições de compra; 148 c) Relatórios: além das estatísticas (prazo médio de entrega por fornecedor e família de materiais, variação de preços, comparações de prazos de entrega), o sistema gera relatórios com características de cada fornecedor (dados do fornecedor, avaliação atual, histórico de pedidos + situação final, pedidos pendentes atuais + situação atual) e também informações como: fornecedores em atraso (todos os pedidos em atraso agrupados por fornecedor, constando os deméritos e as justificativas do fornecedor) e abonos (abonos efetuados e suas justificativas por fornecedor); d) Notícias: O sistema de comércio eletrônico utilizado pela empresa também atua como meio de comunicação entre a área de compras, usuários e fornecedores. A área de compras registra notícias no sistema e designa quem pode lê-las, fornecedores, usuários, compras ou todos, e a notícia é publicada instantaneamente no sistema. 5.5.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 3 ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO REALIZADO VERIFICOU-SE QUE O PROCESSO ATUAL DE COMPRAS DE MATERIAIS DA EMPRESA EM QUESTÃO TEM UM ALTO NÍVEL DE MATURIDADE. O Quadro 37 ilustra este nível de maturidade do processo em lide tendo como parâmetro o perfil do processo de compras de materiais, o estágio de desenvolvimento dos sistemas de informação e o estágio de competência do comprador. Etapa do processo Perfil do processo de compras de materiais Desenvolvimento dos sistemas de informação Estágio de competência dos Estágio Atual do Processo de Compras de Materiais da ECG Primitivo Reconhecimento Desenvolvimento Maturação Avançado Primitivo Conscientização Desenvolvimento Maturação Avançado Nível 1 Nível 2 Nível 3 compradores QUADRO 37- DIAGNÓSTICO DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS DA EMPRESA ESTUDO DE CASO 3 149 Durante a realização da coleta de dados verificou-se que a responsabilidade de efetuar as compras diárias de material é dos usuários, visto que, antes de disponibilizar as informações os compradores realizam as negociações em grandes lotes. Segundo JONES (1983) estas são características típicas do estágio "avançado" de desenvolvimento do processo de compras de materiais, onde as economias durante as negociações podem chegar na faixa de 30%. Quanto ao estágio de competência dos compradores, verificou-se que estes trabalham de forma pró-ativa. O comprador participava plenamente do processo de compras e, ainda integrava-se às reuniões com diretores para a tomada de decisão sobre a compra de materiais. O comprador está preocupado em formar parcerias com os fornecedores e está plenamente envolvido na atividade de avaliação de fornecedores. Segundo BARNES E MCTAVISH (1983) estas características enquadram a competência dos compradores no "nível 3" de maturação. Quanto ao sistema de informações, verificou-se que os bancos de dados encontravam-se totalmente integrados e eram conectados via comércio eletrônico com os fornecedores e clientes. Segundo BAILY et al, (2000) esta forma de estruturação do processo de compras de materiais caracteriza o sistema de informação como sendo um exemplo típico do estágio "avançado" de maturação. Analisando com mais detalhes as ações do Estudo de Caso 3 quanto a adoção do comércio eletrônico percebeu-se que algumas decisões quanto às atribuições do sistema contribuíram significativamente para o sucesso da sua implantação. Por exemplo: a) Alcançar a satisfação do cliente interno: a empresa decidiu implantar a solução de comércio eletrônico primeiramente no processo de compras de materiais indiretos, isto é, materiais de escritório. Essa decisão estratégica vai de encontro com o que FARACO (1998) advoga sobre a satisfação do cliente. Desta forma buscou-se alcançar primeiramente a satisfação do cliente interno, além de obter um retorno mais rápido da eficiência do sistema e reduzir o volume de 150 solicitações e negociações fragmentadas; b) Descentralização das compras: com a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais da empresa em questão, conseguiu-se automatizar todo o seu processo de compras, desde a requisição, feita diretamente pelos usuários, passando pelo fluxo de aprovação, emissão do pedido para os fornecedores até a recepção dos materiais. Desta forma os colaboradores envolvidos com compras podem focar em atividades que agregam valor como grandes negociações, busca e avaliação fornecedores, cotação e análise em grandes lotes corroborando com as idéias de HERBIG et al (1996). Outra característica importante da solução de comércio eletrônico adotada refere-se à total integração com os outros sistemas de gestão da empresa, sendo um bom referencial para as empresas estudo de caso 1 e 2; c) Rastreamento do processo: além do fluxo de aprovação e da troca eletrônica de dados com os principais fornecedores, a solução também atende a demanda do setor de compras na área de administração de fornecedores, através de soluções de auditoria, rastreamento, pesquisa de mercado e homologação de novos fornecedores para a empresa vindo de encontro com os conceitos defendidos por ÜNAL (2000); d) Compra de materiais não catalogados: O sistema adotado também permitia a compra e cotações de materiais não catalogados e de fornecedores não cadastrados, através de uma extranet. Esta opção do sistema é de grande valia para as empresas de construção visto que frequentemente estas tem a necessidade de buscar novos fornecedores. Empresas e fornecedores podem visualizar cotações públicas de materiais, e através da extranet, podem se cadastrar e responder a estes processos de cotação. Estas funcionalidades também são utilizadas para pesquisa de mercado. Através delas, a empresa estudo de caso 3 criava processos de análise de consumo, mostrando o seu perfil, quantidade de materiais adquiridas por período de tempo, condições de 151 pagamento e outras variáveis do processo de compras; e) Possibilidade de controle: Através de estatísticas geradas pelo sistema de comércio eletrônico a empresa também podia analisar todo o cenário de compras de materiais de consumo, todo o histórico de variação de preços, prazos de entrega e condições de pagamento de qualquer material e fornecedor, tornando este processo transparente. Até o momento a empresa em lide já mensurou uma redução de custos operacionais da ordem de 50% na divisão de compras de material indireto. O tempo de processamento das solicitações de compras foi reduzido de 15 dias para 1 dia. Estas são algumas da vantagens que a implantação do comércio eletrônico pode gerar para a organização (PEPPERS et al, 2000 e PIMENTA,1998). A seguir é apresentado outros benefícios que a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais gerou, segundo informações reportadas pelos funcionários entrevistados. Esses benefícios vão de encontro com os abordados pelos autores BLOCH et al (1996), CROSS (2000), THELWALL (2000) e KOTHANDARAMN (2001). a) Redução de custos operacionais e administrativos através da realocação de pessoal para atividades com maior valor agregado e redução de custo de comunicação (telefone, faz, papel); b) Maior poder de negociação através de contratos maiores e com condições prédeterminadas; c) Aumento do controle estatístico sobre solicitações e fornecimento através de relatórios por despesas, solicitante e centro de custo em determinado período. Havia também um melhor acompanhamento das compras através de gráficos estatísticos e performance do fornecedor; d) Redução do tempo de processamento da solicitação de compras devido a redução de prazo de atendimento de 15 para 1 dia; e) Maior satisfação do cliente interno devido a informação prévia sobre os materiais, fornecedores, prazos, de entrega e preços, além do acompanhamento 152 do pedido. Enfim, conclui-se que a estruturação do processo de compras de materiais de consumo utilizado pela empresa estudo de caso 3 tem um alto grau de maturidade e pode ser usado como um referencial para o processo de compras de materiais das empresas de construção estudadas. 5.5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE ESTUDO DE CASO 3 Através da coleta de dados realizada no estudo de caso 3, verificou-se que existe uma grande satisfação na utilização do sistema e também existia um grande entusiasmo por parte da equipe de compras que essa nova realidade de compras tenha resultados positivos. Analisando a situação geral do processo de aquisição de materiais da empresa estudo de caso 3 verificou-se que este está direcionado para atividades próativas. Verificou-se também que existia um grande comprometimento dos envolvidos no processo principalmente dos colaboradores da área de compras. Existia também um grande comprometimento das diretorias, principalmente a diretoria de compras as quais juntaram forças para implantar o comércio eletrônico no processo de compras de materiais na empresa em questão. Enfim, conclui-se que o sucesso da implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais do estudo de caso 3 atingiu as expectativas da empresa, principalmente, porque exista o comprometimento da diretoria e dos envolvidos com compras. 5.6 CONCLUSÃO SOBRE OS ESTUDOS DE CASO A nível geral concluí-se que as empresas estudo de caso 1 e 2 necessitam de uma intervenção tanto no que diz respeito ao processo (fluxo de informações) quanto às componentes (pessoas e equipamentos). O processo de compras de materiais de ambas empresas possui falhas de estruturação, quando comparado à 153 estrutura pró-ativa descrita por BAILY et al (2000). De maneira similar, existia uma deficiência no uso dos sistemas de informação para gerenciar este processo nestas duas empresas estudadas. Analisando a situação do processo de compras de materiais do estudo de caso 3, conclui-se que esta empresa poderia ser utilizada como um referencial para as empresas de construção estudadas. O processo de compras desta empresa, além de ser realizado via comércio eletrônico, possuía uma estruturação bastante interessante, visto que era utilizado grande parte dos conceitos que envolvem a compra pró-ativa. 5.7 RESUMO Este capítulo relatou os resultados, análise e conclusão sobre os levantamentos realizados no processo de compras de materiais de duas empresas da indústria da construção e em uma empresa que atua na indústria de eletrodomésticos. O primeiro levantamento foi realizado na empresa estudo de caso 1 que é uma empresa de construção civil de grande porte. Este levantamento apontou que o processo de compras de materiais dessa empresa está focado exclusivamente em atividades operacionais, isto é na rotina diária. A maioria das atividades é realizada de forma manual e também não existe uma integração entre a obra, a área de compras e os demais áreas da empresa. O segundo levantamento foi realizado na empresa estudo de caso 2 que é uma empresa de grande porte que atua no setor de construção pesada. O processo de compras de materiais desta empresa também está focado unicamente em atividades operacionais. O levantamento revelou que o processo de compras de materiais da empresa estudo de caso é extremamente ágil, o ciclo do pedido de material fica em torno de 2dias. Da mesma forma que no primeiro levantamento, existe excesso de burocracia e retrabalho. O terceiro levantamento foi realizado na empresa estudo de caso 3 que é 154 uma empresa de grande porte que atua no setor de eletrodomésticos. A partir de janeiro de 2000 a empresa implantou o comércio eletrônico no processo de compras indiretos que já estava estruturado proativamente. Com a implantação do comércio eletrônico o tempo de ciclo foi reduzido de 15 para 1 dia. Verificou-se que existe um grande comprometimento dos envolvidos no processo de compras e também da diretoria da empresa. Analisando as características do processo de compras da empresa estudo de caso 3 conclui-se que ela pode ser considerada como um referencial para as empresas de construção e que também muitas das operações realizadas durante este processo podem ser adaptadas para a realidade da indústria da construção civil. 155 Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais Capítulo 3 O Comércio Eletrônico Capítulo 4 Método de Pesquisa Capítulo 5 Estudos de Caso Capítulo 6 Proposta de Diretrizes para Estruturar o Processo de Compras de Materiais Capítulo 7 Conclusão Capítulo 6 Diretrizes propostas para estruturar o processo de compras de materiais 156 6.1 PANORAMA GERAL O capítulo 5 apresentou os resultados do levantamento realizado nas três empresas estudo de caso e também a análise individual de cada estudo de caso com foco em dois aspectos: na mensuração do estágio de desenvolvimento do processo de compras de materiais e na comparação do processo de compras de materiais atual com a estruturação deste processo realizada de forma pró-ativa. Este capítulo relata um conjunto de diretrizes propostas para estruturar o processo de compras de materiais tendo como finalidade preparar a empresa de construção para a implantação do comércio eletrônico. Estas diretrizes foram obtidas a partir da literatura, das contribuições relatadas pelos entrevistados das empresas estudo de caso e também da experiência profissional da pesquisadora. Além disso, este capítulo relata a análise em conjunto do processo de compras de materiais das empresas estudo de caso quando comparadas às diretrizes desenvolvidas e algumas sugestões para implantação das diretrizes e para inserção do comércio eletrônico no processo de compras de materiais das empresas de construção. No capítulo seguinte serão abordadas as conclusões sobre as diretrizes desenvolvidas e também sobre o conjunto do trabalho apresentado nesta dissertação. 6.2 ESTRUTURAÇÃO DO CAPÍTULO Devido ao grande volume de informações constantes neste capítulo, ele foi estruturado da seguinte forma: Primeiramente apresenta-se a estratégia utilizada para o desenvolvimento das diretrizes propostas. A seguir apresenta-se a lógica de concepção destas diretrizes. Na seção seguinte é relatada com detalhes as diretrizes para estruturação do processo de compras de materiais para preparar as empresas de construção 157 quanto à utilização do comércio eletrônico. Após isso, apresenta-se a análise em conjunto das empresas estudo de caso tendo como parâmetro as diretrizes desenvolvidas. As duas seções finais deste capítulo relatam as sugestões para a implantação das diretrizes e também para a inserção do comércio eletrônico no processo de compras das empresas de construção, conforme ilustra a Figura 24. FIGURA 24 - ESTRUTURAÇÃO DO CAPÍTULO 6 Estratégia de desenvolvimento das diretrizes Concepção da estrutura das diretrizes Detalhamento das diretrizes Análise em conjunto dos estudos de caso Sugestões para implantação das diretrizes Sugestões para a inserção do comércio eletrônico 6.3 CONCEPÇÃO DA ESTRUTURA DAS DIRETRIZES As origens do conhecimento que geraram a criação das diretrizes foram a revisão da literatura sobre o tema desta dissertação, a experiência resultante dos estudos de caso e a experiência profissional da autora no que se refere ao processo de compras de materiais. Através da análise da bibliografia encontrada a respeito da estruturação do processo de compras, verificou-se que a literatura adotada pelo PFI, Process Protocol e PMI abordam o processo em lide com ênfase em questões estratégicas e táticas (compra). Com a realização dos Estudos de Caso percebeu-se que era necessário desenvolver diretrizes que focassem não somente as decisões de cunho estratégico e tático mas também as de caráter operacional. As diretrizes para estruturar o processo de compras propostas neste trabalho foram escritas na forma de etapas que permitem mapear, a nível operacional, as operações necessárias para preparar a empresa de construção para implantar o comércio eletrônico no processo de compras de materiais. A bibliografia analisada nos capítulos anteriores desta dissertação reporta 158 o processo de compras de materiais a nível estratégico e tático, conforme foi mostrado na seção anterior. Um número reduzido de referências bibliográficas focam o nível operacional de detalhamento do processo de compras. Por isso, decidiu-se incorporar às referências bibliográficas das diretrizes as seguintes fontes de dados: informações relatadas durante as entrevistas e análise de documentos pelas empresas estudo de caso 1 (EC1), estudo de caso 2 (EC2), estudo de caso 3 (EC3) e também a experiência profissional da pesquisadora (EP). Através da análise da bibliografia utilizada e dos estudos de caso, somado a experiência profissional da autora, decidiu-se dividir as diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais em nove etapas, conforme ilustra a Figura 25. FIGURA 25 - DISTRIBUIÇÃO DAS DIRETRIZES EM ETAPAS Atuação em projetos e especificações 1° Etapa Criação de parcerias comos fornecedores Atuação no planejamentodas obras 2° Etapa 3° Etapa Realização do planejamentodas aquisições 4° Etapa Negociação e aprovação das condições de compra 5° Etapa Realização do catálogo de materiais 6° Etapa Emissão da solicitação e comparação com o planejamento 7° Etapa Aprovação da solicitação e envio para o fornecedor Entrega dos materiais e realização do acompanhamento dopedido 8° Etapa 9° Etapa A dinâmica destas etapas acontece da seguinte forma: A área de compras deve atuar na etapa de projetos e especificações para auxiliar na decisão da escolha dos materiais que farão parte dos novos projetos. 159 Depois da definição as especificações dos materiais, a área de compras verifica se os fornecedores cadastrados podem atender a demanda dos materiais que serão necessários para o novo projeto. Caso não possam, a área de compras procura no mercado fornecedores para formação de parcerias. A área de compras também atua na etapa de planejamento das obras afim de orientar os encarregados de obras quanto a estratégia de execução da obra focado na disponibilidade dos fornecedores. Após isso, a área de compras elabora o "planejamento das aquisições" que deve conter a quantidade total, por período, de materiais que serão necessários para todas as obras. Tendo em mãos o montante de materiais que serão adquiridos no período (ano, semestre, mês) a área de compras negocia as condições de compra com os fornecedores e solicita a aprovação da diretoria da empresa de construção. Em paralelo, o catálogo de materiais deve estar sendo realizado pela empresa de construção, o qual deve estar sendo disponibilizado em um sistema integrado com os usuários (obra), os quais ficam responsáveis por solicitar as entregas dos materiais. O sistema automaticamente compara a solicitação de entrega com o planejamento das aquisições. Quando a solicitação de entrega está de acordo com o planejamento, ela é enviada para o fornecedor, quando não, é enviada para aprovação. O fornecedor informa as condições do pedido para o usuário e, na data preestabelecida, entrega os materiais ao usuário. Para facilitar a apresentação das nove etapas que fazem parte das diretrizes desenvolvidas, decidiu-se dividir seus componentes em cinco categorias: a) Entradas: referem-se a ações ou documentos necessários para realizar as operações daquela etapa; b) Colaboradores: referem-se às funções organizacionais que devem ser envolvidas para a realização das operações; c) Equipamentos: referem-se a todos equipamentos, sistemas ou softwares necessários para realizar as operações pertinentes à etapa; d) Ferramentas e técnicas: referem-se a ações ou documentos que devem ser realizados para que a etapa possa ser concluída; e) Saídas: refere-se aos resultados (documentos e informações) gerados pela etapa. É importante frisar que durante o detalhamento das diretrizes, serão 160 apresentadas individualmente para cada etapa as entradas, as ferramentas e técnicas e as saídas. Os colaboradores e os equipamentos serão apresentados de forma conjunta ao final da seção. 6.5 DETALHAMENTO DAS DIRETRIZES PARA ESTRUTURAR O PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS VISANDO A IMPLANTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO A concepção das nove etapas foi baseada principalmente nas etapas descritas por BAILY et al (2000) (Quadro 38). As diretrizes desenvolvidas contemplam todas as etapas da compra pró-ativa descritas por este autor e agregam mais três etapas complementares, a etapa 1 (Atuação em Projetos e Especificações), a etapa 3 (Atuação no Planejamento de Obras) e a etapa 6 (Disponibilização do Catálogo de Materiais no Sistema). A inclusão da etapa 1 e 3 às etapas descritas por BAILY et al (2000) surgiram da experiência profissional da autora e a inclusão da etapa 6 surgiu do Estudo de Caso 3. A diferença básica entre a estrutura desenvolvida por BAILY et al (2000) e as diretrizes desenvolvidas está na solicitação de entrega dos materiais. As diretrizes desenvolvidas consideram que o usuário deve enviar uma solicitação de entrega de materiais e não uma solicitação de compras. Isto significa que as condições de compra dos materiais já foram aprovadas e que o fornecedor está aguardando a data de entrega dos materiais. A literatura referente à compra próativa considera que os materiais já foram pré-negociados com os fornecedores e que o usuário de emitir uma solicitação de compras. Devido a esta diferença optou-se, durante a elaboração das diretrizes, por juntar algumas das etapas descritas por BAILY et al. (2000) (III e IV, V e VI, VII e VIII), conforme ilustra o Quadro 38. 161 Compra pró-ativa (BAILY et al, 2000) Etapa - Etapa Proposta de preparação para implantação da compra pró-ativa ATUAÇÃO EM PROJETOS E ESPECIFICAÇÕES CRIAÇÃO DE PARCERIAS COM CRIAÇÃO DE PARCERIAS COM FORNECEDORES FORNECEDORES - ATUAÇÃO NO PLANEJAMENTO DAS REALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO DAS REALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO OBRAS I AQUISIÇÕES DAS AQUISIÇÕES NEGOCIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE II NEGOCIAÇÃO E APROVAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE COMPRA COMPRA APROVAÇÃO AS CONDIÇÕES DE COMPRA V - REALIZAÇÃO DO CATÁLOGO DE MATERIAIS EMISSÃO DAS REQUISIÇÕES EMISSÃO DE UMA SOLICITAÇÃO DE ENTREGA E COMPARAÇÃO COM O PLANEJAMENTO DE COMPRA I II RECEBIMENTO E ANÁLISE DAS REQUISIÇÕES DE COMPRA A SOLICITAÇÃO É ENVIADA PARA APROVAÇÃO DA SOLICITAÇÃO APROVAÇÃO DA SOLICITAÇÃO DE COMPRAS E ENVIO PARA O FORNECEDOR ENVIO DA REQUISIÇÃO DE III X COMPRAS PARA O FORNECEDOR REALIZAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO ENTREGA DOS MATERIAIS E REALIZAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO ENTREGA DOS MATERIAIS QUADRO 38 – ETAPAS DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS PARA PREPARAR A EMPRESA DE CONSTRUÇÃO PARA A IMPLANTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO Com o objetivo de facilitar o entendimento das diretrizes desenvolvidas e também dar uma visão geral das entradas e saídas (resultados) de cada etapa foi desenvolvido o esquema ilustrado na Figura 26. 162 Etapa 1 Entradas 1E1 Objetivo do projeto 1E2 Previsão de gastos 1E3 Projeto preliminar Atuação em projetos e especificações Saídas 1S1 Projeto definitivo 1S2 Relação de materiais 1S3 Quantitativo de serviços Etapa 2 Entradas 2E1 Projeto definitivo 2E2 Relação de materiais Saída 2S1 Cadastro de fornecedores Criação de parcerias com fornecedores Etapa 3 Entradas 3E1 Projeto definitivo 3E2 Relação de materiais 3E3 Recursos disponíveis 3E4 Quantitativo de serviços Saída 3S1 Planejamento das obras Atuação no planejamento das obras Etapa 4 Entradas 4E1 Projeto definitivo 4E2 Relação de materiais 4E3 Recursos disponíveis 4E4 Planejamento das obras Saída 4S1 Planejamento das aquisições Realização do planejamento das aquisições Etapa 5 Entradas 5E1 Projeto definitivo 5E2 Relação de materiais 5E3 Recursos disponíveis 5E4 Planejamento das aquisições Saídas 5S1 Planejamento das aquis. c/ custos Negociação e aprovação das condições 5S2 Fechamento de preços c/ fornec. de compra Etapa 6 Entradas 6E1 Cadstro de fornecedores custos aprovados 6E3 Fechamento de preços c/ fornec. Realização do catálogo de materiais Saída 6S1 Catálogo de materiais Etapa 7 Entradas Saída 7E1 Planejamento das obras 7E2 Catálogo de materiais Emissão das solicitações de compra e 7S1 Solicitação de compra de materiais comparação com o planejamento Etapa 8 Entradas 8E1 Planejamento das obras 8E2 Planejamento das aquisições 8E3 Solicitação de materiais Aprovação da solicitação e envio para 8S1 Notificação do fornecedor o fornecedor Saída Entradas 9E1 Solicitação de materiais 9E2 Notificação do fornecedor Entrega dos materiais e realização do 9S1 Entrega do material acompanhamento Etapa 9 FIGURA 26 - ENTRADAS E DESENVOLVIDAS SAÍDAS Saída DAS ETAPAS 163 DAS DIRETRIZES A seguir serão apresentadas em detalhes as diretrizes para estruturação do processo de compras de materiais para a implantação do comércio eletrônico. 6.6.1 ETAPA 1 – ATUAÇÃO EM PROJETOS E ESPECIFICAÇÕES O objetivo de realizar os projetos e gerar as especificações de materiais neles demandados é determinar as características físicas que o empreendimento terá. Estes desenhos e especificações devem ilustrar as características da edificação (dimensões, detalhes construtivos), bem como, as especificações de cada material (tipo, características técnicas) previsto no projeto (COOPER et al, 1999). A etapa de projetos e especificações é de grande importância dentro do processo de compras de materiais, visto que, é nesse momento que pode ser alterado a especificação de um determinado material ou até mesmo do projeto, para viabilizar a execução da obra dentro do preço, prazo e recursos desejados (PMI, 1996). A elaboração de projetos e especificações geralmente é de responsabilidade da área de projetos da empresa de construção. Durante a implantação da compra pró-ativa não é relevante a forma ou quem executa os projetos e especificações. O importante é que nessa fase exista a integração de todas as áreas envolvidas no processo de projetos (projetos, obra, compras, fornecedores, orçamentos entre outros). Tal recomendação é também parte das diretrizes utilizadas pelo governo inglês (TREASURE TASKFORCE, 1996). Nessa etapa é fundamental que os compradores tenham participação ativa, pois, nesse momento existe a possibilidade de discutir a utilização de determinados materiais ou peças de equipamentos alternativos aos especificados, de forma a melhorar a relação benefício x custo (EC 3, 2001). Esta contribuição do comprador na análise da relação benefício x custo é interessante, visto que, frequentemente, os projetistas não se atentam para implicações financeiras que a escolha de determinado material pode causar para o empreendimento (TREASURE TASKFORCE, 1999). Neste momento é de 164 responsabilidade da área de compras, junto com os fornecedores, buscarem alternativas de materiais e tecnologias para o projeto. Além disso, é possível verificar se os fornecedores atuais trabalham com o material que está sendo especificado, ou se é necessário buscar novos fornecedores no mercado. Com o maior envolvimento da equipe de compras com os projetos e especificações, a variabilidade durante a execução da obra e na compra de materiais tende a reduzir. Facilita, assim, o gerenciamento dos processos e o aumento da eficácia e eficiência destes (TREASURE TASKFORCE, 1999). A Figura 27 a seguir ilustra quais são os componentes da etapa de "projetos e especificações" para viabilizar a implantação do comércio eletrônico na indústria da construção. Projetos e Especificações Entradas 1E1. Objetivo do projeto 1E2. Previsão de gastos 1E3. Projeto preliminar Funções organizacionais 1F1. Projetistas 1F2. Compradores 1F3. Fornecedores 1F4. Orçamentista 1F5. Gerente de Obras 1F6. Proprietário 1F7. Diretor financeiro Ferramentas e Técnicas Equipamentos 1Q1. Computador 1Q2. Software de gestão de projetos 1Q3. Banco de dados de custos Materiais 1Q4. Software financeiro 1Q5. Software de orçamentos 1FT1. Orçamento da obra 1FT2. Análise do orçamento x previsão de gastos Saídas 1S1. Projeto definitivo 1S2. Relação de materiais 1S3. Quantitativo de serviços FIGURA 27 - NECESSIDADES DA ETAPA DE PROJETOS E ESPECIFICAÇÕES A seguir serão apresentados com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas que devem fazer parte da etapa de projetos e especificações. 165 6.6.1.1 Entradas para a etapa de projetos e especificações 1E1 Objetivos do projeto Objetivos são critérios quantificáveis que devem ser encontrados nos projetos arquitetônico e de engenharia resultantes para o empreendimento. Para tanto, estes objetivos devem ser escritos de maneira precisa (TREASURE TASKFORCE, 1999). A responsabilidade de realizar as definições dos objetivos fica para o proprietário do empreendimento ou para o gerente deste. Segundo a ótica adotada pelo PMI (1996), quando existe uma definição pobre dos objetivos de um empreendimento, o custo final da obra tende a ser maior. Isto tende a acontecer devido a inevitáveis mudanças que irão romper com o ritmo de trabalho e que também gerarão retrabalho, aumento de tempo de execução do empreendimento, bem como, a diminuição da produtividade e o moral dos colaboradores envolvidos nesse processo (PMI, 1996). Uma definição de objetivos do projeto típica deve conter: Item Caracterização Fonte Características (c tipo (comercial, residencial), área total, número de TREASURE do cômodos e TASKFORCE (1999) empreendimento banheiros, padrão de acabamento Peculiaridades materiais especiais, características da localização do TREASURE terreno TASKFORCE (1999) 1E2 Previsão de gastos A previsão de gastos refere-se ao montante de dinheiro que será disponibilizado para o empreendimento. É importante salientar que este custo deve ser visto como uma meta da obra, dessa forma, se ao final da construção este custo previsto tiver sido ultrapassado, este empreendimento, independentemente do resultado atingido, não será um empreendimento de sucesso. Segundo as diretrizes do PMI (2000), um empreendimento de sucesso é aquele realizado dentro do prazo estabelecido, dentro dos recursos disponibilizados e principalmente dentro dos custos estimados. A responsabilidade de realizar a previsão de gastos para o empreendimento é da engenharia de custos da empresa que deve ter o auxílio do gerente ou diretor técnico. Uma previsão de gastos típica deve conter: Item Caracterização Fonte Disponibilização de montante de dinheiro que será disponibilizado para o EC 3 recursos empreendimento (previsão de gastos) Peculiaridades desembolsos pontuais, previsão do fluxo de caixa EC 3 1E3 Projeto Preliminar Este projeto deve conter as características do empreendimento que se deseja construir como as dimensões e disposições dos cômodos e também uma relação dos materiais que foram especificados no projeto. A responsabilidade de realizar os projetos e especificações é da área de projetos da empresa de construção podendo esta ser terceirizada. Um jogo de projetos preliminares típico deve conter: Item Caracterização Fonte Projeto arquitetônico desenho do empreendimento com cotas EP Especificações relação e detalhamento dos materiais EP QUADRO 39 - ETAPA 1 - ENTRADAS 166 6.6.1.2 Ferramentas e Técnicas necessárias na etapa de projetos e especificações 1FT1 Orçamento da obra O orçamento da obra deve conter a discriminação das atividades que farão parte da obra bem como a descrição dos materiais que farão parte de cada atividade (CABRAL, 1988). É fundamental que o orçamento tenha as composições dos serviços sendo que cada insumo (material ou mão-de-obra) deve ter o seu custo unitário e total (PANZETER, 1996). Com isso é possível verificar qual é o insumo que causa maior impacto dentro do serviço a ser executado. O orçamento da obra é de responsabilidade da área de orçamentos, entretanto, os compradores, os projetistas, o gerente da obra e os fornecedores devem colaborar no momento da sua realização. Para realizar este orçamento, a área de orçamentos necessitará de um banco de dados atualizado de custos de materiais e também de um software de orçamentos que contenha as composições de serviços desejadas. 1FT2 Análise do orçamento x previsão de gastos Tendo em mãos o orçamento da obra e também a previsão de gastos para o empreendimento, os compradores podem realizar cotações de materiais similares àqueles que estão com custo excessivo e também, alterar os materiais do orçamento. Todas estas alterações devem passar por uma análise da área de projetos, da gerência da obra e do proprietário do empreendimento para que eles possam aprovar ou não as alterações de especificação dos materiais. Somente depois que o orçamento da obra estiver dentro da previsão de gastos, este ciclo de busca de novos materiais deve ser finalizado. O resultado dessa etapa será um relatório com as alterações do projeto e especificações. QUADRO 40 - ETAPA 1 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 6.6.1.3 Saídas da etapa de projeto e especificações 1S1 Projeto definitivo Após as devidas alterações nos projetos e especificações preliminares, decorrentes da análise do projeto x previsão de custos, os projetistas ficam responsáveis pela realização dos projetos definitivos. Um jogo de projetos típicos constituí-se do seguinte: Item Caracterização Fonte Projeto arquitetônico desenho do empreendimento com cotas e detalhes EP Projeto estrutural projeto, especificações e quantitativo de aço EP Projeto elétrico projeto, especificações e quantitativo EP Projeto hidrossanitário projeto, especificações e quantitativo EP Projeto de incêndio projeto, especificações e quantitativo EP Projeto de alarme projeto, especificações e quantitativo EP Outros conforme necessidade EP 1S2 Relação de materiais com especificações A relação de materiais com especificações é uma lista de todos os materiais que serão utilizados na obra com as devidas especificações. Estas especificações devem mencionar as premissas e restrições de cada material, caso existam, para auxiliar o comprador no momento da escolha dos fornecedores. A responsabilidade de fazer a relação de materiais, bem como, as suas especificações definitivas é da área de projetos. É importante salientar que estas especificações devem atender as normas da ABNT. Uma especificação típica que auxilia no momento da compra deve conter as seguintes características: Item Caracterização Fonte Descrição dos materiais características técnicas: dimensões, cores, acabamentos de EC 1 cada material Relação de relação de fornecedores por material EP fornecedores Procedimento de uso manuseio e instalação de materiais especiais EC 3 167 1S3 Quantitativo de serviços Refere-se a uma planilha com todos os serviços que serão realizados na obra com as suas respectivas quantidades. Este levantamento quantitativo de serviços deve ser baseado nos projetos e especificações realizadas pela área de projetos. A responsabilidade de realizar esse quantitativo de serviços é da área de orçamentos da empresa de construção tendo o apoio da área de projetos para eventuais esclarecimentos. Uma planilha de quantitativos de serviços típica deve conter: Item Caracterização Fonte Discriminação dos nome, características (tipo, cor, dimensão, textura) EC1 serviços Unidade de medição exemplo: m2, un, vb EC 1 Mensuração quantidades dos serviços EC 1 QUADRO 41 - ETAPA 1 - SAÍDAS 6.6.2 ETAPA 2 – CRIAÇÃO DE PARCERIAS COM OS FORNECEDORES Após definido quais são os materiais necessários para as obras e em que quantidades serão demandados, os compradores já podem negociar com os fornecedores, entretanto, antes disso é fundamental que haja uma seleção destes fornecedores, tanto dos atuais como dos novos (ISATTO, 1999). Existem diversas técnicas para avaliar os fornecedores, desde avaliação linear de pesos até modelos de ponderação matemática que contemplam fatores como: o tempo para liberação de orçamentos, o tempo de garantia e qualidade do produto, a situação financeira do fornecedor, programas de qualidade, racionalização de custos e flexibilidade (SOUZA et al, 2000). Independente da técnica que se irá utilizar para avaliar os fornecedores, é fundamental que esta avaliação exista, e que seja criado um procedimento para isso, isto é, um manual para gestão de fornecedores (PEREIRA, 2000). Dentro desta avaliação de fornecedores é importante que haja a monitoração deste processo para que, desta forma, seja possível selecionar e classificar os fornecedores segundo os critérios preestabelecido pela empresa construtora (SOUZA et al, 2000). A partir do momento que se tem a relação de materiais de cada obra com as devidas especificações, é possível verificar se há necessidade de procurar novos fornecedores ou se as parcerias existentes são capazes de atender satisfatoriamente a demanda de materiais. ANDERSEN (1999) e o Estudo de Caso 3 apontaram que o 168 processo de compras de materiais torna-se mais eficiente a partir do momento que se reduz o número de fornecedores. Isso tende a acontecer porque desta forma é possível criar parcerias que envolvam confiança, relações de longo prazo e principalmente troca de informações entre as partes (TREASURE TASKFORCE, 1999; PMI, 1996). A Figura 28 ilustra quais são as necessidades da etapa de relacionamentos com fornecedores para preparar a empresa de construção para a implantação do comércio eletrônico. Criação de parcerias com fornecedores Entradas 2E1. Projetos definitivo 2E2. Relação de materiais 2E3. Quantitativo de serviços Funções Organizacionais 2F1. Compradores 2F2. Fornecedores 2F3. Projetistas 2F4. Proprietário 2F5. Projetista 2F6. Empresa de construção Equipamentos 2Q1. Computador 2Q2. Banco de dados 2Q3. ERP 2Q4. Software de projetos 2Q5. Proprietário 2Q6. Projetistas 2Q7. Empresa const. Ferramentas e Saídas Técnicas 2S1. Cadastro de 2FT1. Pesquisa de fornecedores mercado 2FT2. Negociação de compra 2FT3. Compra experimental 2FT4. Avaliação de fornecedores FIGURA 28 NECESSIDADES DA ETAPA DE CRIAÇÃO DE PARCERIAS A seguir serão relatadas com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas da etapa de criação de parcerias com fornecedores. 6.6.2.1 Entradas para etapa de relacionamento com fornecedores QUADRO 42 - ETAPA 2 - ENTRADAS 2E1 Projetos Conforme descrito na etapa 1 2E2 Especificações de materiais Conforme descrito na etapa 1 2E3 Quantitativo de serviços Conforme descrito na etapa 1 169 6.6.2.2 Ferramentas para a etapa de relacionamento com fornecedores Na etapa de criação de parcerias com fornecedores deve ser verificado se os fornecedores atuais têm condições técnicas e comerciais para fornecer os materiais no momento e nas condições desejadas (PMI, 1996). Caso as parcerias atuais não atendam as expectativas de compra dos materiais, o comprador deve buscar novas parcerias no mercado. Uma seleção de fornecedores típica envolve (PEREIRA et. al., 2000): 2FT1 Pesquisa de mercado Refere-se a uma busca no mercado de fornecedores potenciais. O comprador é o responsável por fazer uma pesquisa junto a outras empresas de construção do mercado e verificar quem são os fornecedores dos materiais desejados. Um questionário típico para realizar a pesquisa junto às empresas deve conter: Item Caracterização Fonte Apresentação do por exemplo: "nós somos uma empresa de construção civil EP trabalho (nome) e atuamos no setor de edificações. Nós estamos realizando uma pesquisa de mercado na busca de fornecedores que trabalhem com dry-wall, os senhores trabalham com esse material? Se não, encerra-se a entrevista, se sim: os senhores podem indicar os seus fornecedores atuais?" Identificação dos nome, telefone, e-mail EP fornecedores Capacitação do como tem sido o desempenho do fornecedor indicado? EP fornecedor O resultado dessa pesquisa de mercado deve ser uma planilha que contenha o nome do material pesquisado, os fornecedores indicados, o desempenho de cada um e ainda o nome das construtoras entrevistadas. 2FT2 Contato com o fornecedor Se as referências sobre o fornecedor forem positivas, o comprador entra em contato com este fornecedor e solicita uma visita do representante, caso contrário, o fornecedor não deverá fazer parte do cadastro de fornecedores da empresa de construção. O resultado desta etapa será um relatório resultante da entrevista com o fornecedor. Um relatório típico deve conter: Item Características do fornecedor Materiais comercializados Caracterização nome, porte da empresa, principais clientes características dos materiais comercializados, incluindo o material que se está pesquisando Questões técnicas fabricação, montagem, transporte do material Utilização de mercado eletrônico possibilidade de realizar as compras via comércio eletrônico Infra-estrutura de comércio computador, internet, banco de dados eletrônico 170 Fonte EC 3 EC 3 EP EC 3 EC 3 2FT3 Negociação das condições de compra Deve ser informado ao fornecedor todas as especificações do material que se deseja adquirir, bem como, as exigências que faz dos seus fornecedores para realização do seu cadastro e do eventual fornecimento. Após isso, o comprador realiza a negociação dos materiais que abrange não somente o custo, mas também, os prazos, local de entrega, o atendimento por parte do fornecedor (follow-up) e também a qualidade e disponibilidade dos materiais comercializados por ele. O resultado dessa etapa deverá ser uma planilha que contenha, pelo menos, as seguintes características: Item Caracterização Fonte Material a ser características do material analisado EC 3 adquirido Preço preço unitário de cada material EC 3 Negociação em possibilidade redução de custos de acordo com a BAILY et al, (2000) grandes lotes quantidade que se deseja adquirir Condições condições de pagamento e entrega EC 3 comerciais 2FT4 Compra experimental Tem como finalidade analisar o desempenho do fornecedor. Após acertado as condições a empresa de construção efetua-se uma compra experimental com o fornecedor, isto é, quando a obra necessitar, por exemplo, na execução do apartamento modelo, para posteriormente avaliar a performance desse fornecedor. 2FT5 Avaliação do fornecedor A avaliação do fornecedor tem a finalidade de verificar se este tem perfil para trabalhar com a empresa de construção. Uma avaliação de fornecedores típica deve abranger os seguintes requisitos: Item Caracterização Fonte Características qualidade do material entregue EC 2, EC 3 do material Entrega prazo e qualidade de entrega EC 2, EC 3 Atendimento atendimento (acompanhamento do material) EC 3 Emissão da nota comparação da nota fiscal com o pedido de compras EC1, EC 2, EC 3 fiscal A função responsável por realizar a avaliação do fornecedor é o gerente da obra, tendo o acompanhamento do comprador. Quando cada requisito é atingido o fornecedor garante uma nota de 2,5 pontos. Quando um determinado requisito não é atingido o valor atribuído a ele é zero. Se a pontuação do fornecedor ficar entre 10 e 7,5 este fornecedor poderá ser cadastrado junto a empresa. De acordo com a nota de cada fornecedor, a empresa de construção pode utilizar o seguinte critério de ações: Nota entre 10 e 7,5: o fornecedor atende aos requisitos da empresa; Nota entre 7,5 e 5,0: o fornecedor recebe uma advertência da empresa e deverá justificar o não cumprimento dos requisitos de avaliação, além de comprometer-se a implementar as melhorias necessárias dentro de um período de tempo que será estabelecido entre o fornecedor e a empresa; Nota abaixo de 5,0: o fornecedor não atende aos requisitos da empresa e será eliminado do cadastro de fornecedores. O resultado desta etapa será a nota que o fornecedor atingiu durante a sua avaliação e uma conclusão que relate se ele pode ou não fazer parte do cadastro de fornecedores da empresa de construção. QUADRO 43 - ETAPA 2 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 171 6.6.2.3 Saídas da etapa de relacionamento com fornecedores QUADRO 44 - ETAPA 2 - SAÍDAS 2S1 Cadastro de fornecedores Refere-se a uma planilha que contenha todos os fornecedores capacitados e que tem condição de fornecer material para as obras. Quando a avaliação do fornecedor for positiva ele passa a fazer parte do cadastro de fornecedores da empresa de construção. Este cadastro de fornecedores deve fazer parte do banco de dados (sistema) e também ao sistema ERP (Enterprise Resource Planning) da empresa de construção. As informações típicas que devem fazer parte do cadastro de fornecedores é a seguinte: Item Caracterização Fonte EC1, EC 2, Característica do fornecedor nome, ramo de atuação, endereço, e-mail Performance das avaliações Ação Lista de materiais deve ser feita automaticamente pelo sistema indicação dos fornecedores que deverão ser advertidos ou retirados do cadastrado (de acordo com a sua nota) Relação de materiais que o fornecedor comercializa EC 3 EC 3 EC 3 EC3 6.6.3 ETAPA 3 – ATUAÇÃO NO PLANEJAMENTO DAS OBRAS O objetivo de realizar o planejamento da obras é saber, o que (por ex: alvenaria), onde (por ex: 3° pavimento), quem (por ex: equipe 1) e quando (por ex: 3° semana) os materiais serão necessários em cada obra possibilitando desta forma realizar uma previsão de entrega e da respectiva compra dos materiais (BRANDÃO, et.al., 1995). Este planejamento estruturado deve ser realizado não somente com a finalidade de auxiliar as compras de materiais, mas também para auxiliar a execução da obra (BRANDÃO, et.al., 1995). Para isto, é necessário que os envolvidos no processo de obras (projetos, planejamento, orçamento, compras, obra e até os fornecedores) participem da elaboração do planejamento das obras (TREASURE TASKFORCE, 1996). Nessa dinâmica com os envolvidos no processo de obras, os compradores tem participação ativa, pois, neste momento existe a possibilidade de discutir a utilização de determinados materiais ou peças de equipamentos (BAILY ET AL, 2000). Tendo o planejamento pronto, a empresa de construção deve monitorar o processo de execução das obras para garantir que o planejamento realizado esteja sendo cumprido, além disso, é de extrema importância que esse planejamento seja atualizado com informações reais sobre a execução da obra (HEINECK, 1996). 172 A Figura 29 ilustra quais são as necessidades para a etapa de planejamento de obras no que se refere à preparação da empresa de construção para a implantação do comércio eletrônico. FIGURA 29 - NECESSIDADES DA ETAPA DE PLANEJAMENTO DE OBRAS Planejamento das Obras Entradas 3E1. Projeto definitivo 3E2. Relação de materiais 3E3. Recursos disponíveis 3E4. Quantitativo de serviços Funções organizacionais 3F1. Compradores 3F2. Mestre de obras 3F3. Gerente de Obras 3F4. Encarregado planejamento 3F5. Proprietário 3F6. Gerente Financeiro 3F7. Fornecedores 3F8. Projetistas 3F9. Orçamentista Equipamentos 3Q1. Computador para cada colaborador 3Q2. Software de planejamento Ferramentas e Técnicas 3FT1. Análise dos projetos x custo disponível 3FT2. Estratégia de execução 3FT3. Lista de atividades 3FT4. Definição das seqüências 3FT5. Definição das responsabilidades e recursos 3FT6. Verificação do cronograma 3FT7. Orçamento da obra Saídas 3S1. Planejamento da obra A seguir serão apresentados com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas que devem fazer parte da etapa de planejamento de obras. 6.6.3.1 Entradas da etapa de Planejamento das Obras QUADRO 45 -ETAPA 3 - ENTRADAS 3E1 Projetos definitivos Conforme descrito na etapa 1 3E2 Relação de Materiais Conforme descrito na etapa 1 3E3 Recursos disponíveis Os recursos disponíveis fornecem informações sobre a situação financeira de cada obra e da empresa de maneira geral, tendo como finalidade proporcionar a visualização do fluxo de caixa de cada obra. Um fluxo de caixa típico deve conter: Item Caracterização Fonte Número de lista dos empreendimentos da empresa contendo a EP empreendimentos identificação de cada obra Fluxo de caixa obra fluxo de caixa da obra atual e futuro EP Recursos pessoas e equipamentos disponíveis para realizar a disponíveis obra Fluxo de caixa fluxo de caixa administrativo da empresa EP administrativo 3E4 Quantitativo de serviços Conforme descrito na etapa 1 173 3.6.6.2 Ferramentas e Técnicas necessárias para a etapa de Planejamento das Obras Segundo PANZETER et al (1996), para realizar um planejamento de obras os seguintes tópico devem ser desenvolvidos: QUADRO 46 - ETAPA 3 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 3FT1 Estratégia de execução do empreendimento Refere-se a forma ou ordem que os serviços serão executados, de acordo com a disponibilidade de pessoal ou de equipamentos. Por exemplo: na construção de um conjunto de 8 edifícios de 10 pavimentos cada, a grua poderá atender um conjunto de quatro edifícios por vez, desta forma, uma estratégia pode ser primeiro terminar um lote de quatro para depois começar os demais. Segundo PANZETER et al (1996), a ausência de estratégia gera a ação de "apagar incêndios" durante o andamento da obra. O responsável por desenvolver a estratégia do empreendimento é o gerente da obra juntamente com o mestre de obras. Uma estratégia de construção do empreendimento típica deve conter: Item Caracterização Fonte Declaração da texto descrevendo a estratégia de execução do PMI (2000) estratégia empreendimento a ser utilizado Atividades especiais atividades que necessitarão de equipamentos PANZETER et al, especiais. Indicando o tipo de equipamento ou 1996 atividades que necessitarão de pessoal especializado, indicando o profissional desejado. 3FT2 Lista de atividades Refere-se a uma planilha que contém uma lista de todas as atividades (serviços) que serão necessários para a execução da obra com as quantidades levantadas no projeto e também com as durações de cada uma delas. A duração de cada atividade deve ser realizada pelo pessoal que irá gerenciar a fase operacional da obra (mestre de obra) com o apoio do gerente da obra. Uma lista de atividades típica deve conter: Item Serviços Quantitativo da obra Duração Caracterização descrição de cada atividade quantidade de cada atividade duração de cada atividade Fonte PMI (2000) PMI (2000) PMI (2000) 3FT3 Definição de seqüências Refere-se a definição das precedências entre as atividades. Esse momento deve ser aproveitado para revisar a lista de atividades. Segundo PANZETER et al. (1996), a elaboração do cronograma em duas etapas (lista de atividades e definição de seqüências) reduz sensivelmente o esquecimento de atividades que fazem parte do empreendimento. A responsabilidade por definir as seqüências entre as atividades é da gerência da obra junto com o mestre de obras. Uma definição de seqüência típica entre atividades deve conter: Item Caracterização Atividades sucessoras atividades posterior Atividades predecessoras atividade anterior Folga entre atividades atividade sucessora menos atividade predecessora Detalhes datas críticas das atividades 174 Fonte PMI (2000) PMI (2000) PMI (2000) PMI (2000) 3FT4 Definição de responsáveis e recursos Refere-se à definição das pessoas (equipes) e também dos recursos que serão alocados para cada atividade (materiais). Esta definição de responsáveis e de recursos é de responsabilidade do gerente da obra. Uma definição de responsáveis e recursos típica deve conter: Item Caracterização Fonte Equipes tipo de equipes por atividade PANZETER ET AL, 1996 Equipamentos alocação de equipamentos especiais PANZETER ET AL, 1996 Materiais alocação de materiais por atividade PANZETER ET AL, 1996 3FT5 Montagem final do cronograma Refere-se à conferência do planejamento realizado. Nesta etapa deve ser identificado o caminho crítico para execução das atividades e também se os resultados obtidos estão de acordo com as condições preestabelecidas. A verificação do planejamento deve ser realizada pela gerência da obra em conjunto com o mestre da obra, tendo o apoio da área de planejamento. Os itens que a verificação de cronograma típica deve abranger são: Item Caracterização Fonte Período prazo final da obra PANZETER ET AL, 1996 Datas datas de conclusão de atividades PANZETER ET AL, 1996 Detalhes caminho crítico PANZETER ET AL, 1996 Recursos sub ou super alocação de recursos por atividades PANZETER ET AL, 1996 Se algum dos itens citados não estiver de acordo com as expectativas, a alocação dos recursos e a seqüência das atividades devem ser ajustadas. 3FT6 Cálculo do custo da obra Refere-se à definição (cálculo) dos custos dos materiais, mão-de-obra e equipamentos nos serviços que serão necessários para a execução da obra. O orçamento da obra é de responsabilidade da área de orçamentos da empresa de construção. Nesta etapa é fundamental que exista um banco de dados atualizado com o custo dos serviços de obras anteriores. Os custos dos serviços que são discriminados no orçamento devem espelhar a realidade de obras da empresa de construção sendo que este custo definido no orçamento da obra será utilizado como o custo meta do empreendimento. Este orçamento deve ser realizado na mesma seqüência de atividades descritas no planejamento do empreendimento, isto é, por etapas da obra. Um orçamento típico deve conter: Item Caracterização Descrição do serviço nome, características Definição de recursos Unidade discriminação de equipes, materiais e equipamentos unidade do serviço (m2); Quantidade e custo parcial Insumo quantidade e custo parcial do serviço por etapa da obra (de acordo com o planejamento); custo unitário e total de cada insumo (material e mão-de-obra, equipamentos) quantidade e custo total do serviço Serviço 175 Fonte PANZETER ET AL, 1996 PANZETER ET AL, 1996 PANZETER ET AL, 1996 PANZETER ET AL, 1996 PANZETER ET AL, 1996 PANZETER ET AL, 1996 6.6.3.3 Saídas da etapa de Planejamento das Obras QUADRO 47 - ETAPA 3 - SAÍDAS 3S1 Planejamento da obra Esse planejamento estruturado refere-se a realização de uma discriminação de todos os serviços com a alocação de recursos e definição dos seus custos que serão efetuados na obra de seguindo uma ordem cronológica de acontecimentos e também uma rede de precedências. O resultado da etapa de planejamento de obras será um planejamento estruturado com custos. 6.6.4 ETAPA 4 – REALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES O objetivo de planejar as aquisições é saber, o que (qual material), quanto (quantidades) e quando (entregas pontuais) os materiais serão necessários em cada obra tendo como finalidade aumentar o poder de negociação dos compradores com os fornecedores (PMI, 1996). Tendo o planejamento das aquisições, o comprador pode demonstrar ao fornecedor quão grande será o seu potencial faturamento após o fechamento do negócio. A negociação de grandes lotes de materiais com fornecedores pontuais também tem o objetivo de criar parcerias, onde o preço não é mais a única variável chave, mas sim faz parte de um conjunto de qualificações do fornecedor (BAILY et al, 2000). A etapa de planejamento das aquisições é formada por atividades que foram agrupadas em cinco grupos: entradas, ferramentas e saídas, conforme ilustra a Figura 30: 176 FIGURA 30 - REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR O PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES Planejamento das Aquisições Entradas 4E1. Projetos 4E2. Relação de materiais 4E3. Recursos disponíveis 4E4. Planejamento da obra Funções organizacionais 4F1. Compradores 4F2. Fornecedores 4F3. Projetistas 4F4. Gerente de Obras 4F5. Gerente compras 4F6. Gerente financeiro 4F7. Encarregado de planejamento Equipamentos 4Q1. Computador para cada colaborador 4Q2. Software de gestão de compras 4Q3. Software de gestão do financeiro Ferramentas e Saídas Técnicas 4FT1. Agrupamento 4S1. Planejamento das aquisições dos planejamentos com custos 4FT2. Análise do fluxo de caixa da obra A seguir são apresentadas as características de cada atividade que faz parte da etapa de planejamento das aquisições. É importante ressaltar que estas atividades não necessitam ser realizadas na mesma seqüência em que serão apresentadas, entretanto, a realização de cada uma é fundamental para que o planejamento das aquisições tenha um resultado satisfatório. 6.6.4.1 Entradas para o Planejamento das Aquisições QUADRO 48 - ETAPA 4 – ENTRADAS 4E1 Projetos definitivo Os projetos têm a finalidade de mostrar o que se deseja construir. Estes projetos devem conter dimensões e detalhamento dos materiais que se deseja utilizar para garantir que os materiais sejam comprados de acordo com as necessidades da obra. Um jogo de projetos típicos está descrito na seção 1S1 da etapa 1. 4E2 Relação de Materiais A relação de materiais deve conter as especificações com informações sobre os materiais descritos no projeto, bem como, as questões técnicas que necessitam ser consideradas durante o planejamento das aquisições. As especificações dos materiais descrevem o material a ser adquirido com suficiente detalhe para permitir que os potenciais fornecedores possam avaliar se são capazes de atender estas diretrizes. O nível de detalhe pode variar de acordo com a natureza do material, as necessidades do comprador, ou a forma do contrato. As especificações devem mencionar as premissas e restrições de cada material, caso exista, para auxiliar o comprador no momento da escolha dos fornecedores, conforme descrito na etapa 1. 4E3 Recursos disponíveis Conforme descrito na etapa 3. 177 4E4 Planejamento das obras O planejamento das obras fornece informações sobre as expectativas atual e futura do que deve ser executado em cada obra através de cronogramas (BRANDÃO et al, 1995). Este planejamento deve ser continuamente atualizado (reprogramado) para evitar que sejam comprados materiais errados, conforme descrito na seção Planejamento de Obras. Um planejamento de obras típico deve conter: Item Caracterização Fonte Informações da obra nome, local, responsável, estágio da obra PANZETER et al (1999) Cronograma de composto de atividades, rede de precedências, PMI (2000) demandas de durações, marcos, datas de entrega e duração de materiais na obra cada atividade 6.6.4.2 Ferramentas e técnicas para o Planejamento das Aquisições ETAPA 4 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 4FT1 Agrupamento dos planejamentos das obras Tendo em mãos os planejamentos estruturados de cada obra, fica de responsabilidade do comprador agrupar os materiais das obras sempre que possível, através de um sistema computacional. A finalidade desse agrupamento é verificar a quantidade do mesmo material que será utilizado durante o ano por todas as obras da empresa de construção. Com isso é possível mensurar o consumo de material que será adquirido durante o ano e qual pode ser o faturamento dos fornecedores que formarem parcerias com a empresa. Um agrupamento de planejamento típico deve conter: Item Caracterização Fonte Descrição dos características dos materiais que se deseja adquirir EP materiais Quantitativo quantidade desse material que será adquirida durante o ano EP Cronograma de principais entregas pontuais dos materiais, de acordo com a EP entregas necessidade de cada obra 4FT2 Análise do fluxo de caixa da empresa Tendo em mãos o agrupamento dos planejamentos é possível verificar quando ocorrerão os grandes desembolsos de dinheiro da empresa de construção. Comparando este mapa com a previsão de entradas de recursos para a empresa é possível prever os estouros, isto é, período em que o fluxo de caixa da empresa ficará negativo. È importante salientar que é fundamental que o gerente do projeto tenha um fluxo de caixa do seu empreendimento. Desta forma, é possível atuar proativamente junto aos fornecedores e negociar melhores condições de compra de material. O resultado desta etapa será um agrupamento dos planejamentos das obras de acordo com as condições do fluxo de caixa da empresa de construção. 6.6.4.3. Saídas do Planejamento das Aquisições QUADRO 49 - ETAPA 4 - SAÍDAS 4S1 Planejamento das aquisições O planejamento das aquisições pode ser formal ou informal, altamente detalhado ou genérico, baseado nas necessidades de cada empresa (PMI, 2000). O importante é que esse planejamento descreva quando, quem, qual e como os materiais serão adquiridos no próximo ano, semestre, trimestre e mês. Um planejamento das aquisições típico deve conter: 178 Item Descrição dos materiais Datas Fornecedores Compra Fornecedores Caracterização características dos materiais que serão adquiridos para todas as obras no período de 1 ano datas previstas de entrega de cada material por obra os fornecedores de cada material as condições da compra orçado (custo, tempo de entrega) como serão administrados os diversos fornecedores Fonte EP EP EP EP EP Como existe a necessidade de realizar este planejamento a cada período de tempo, porque ele deve estar atualizado com a realidade da obra, esta etapa do processo de compras de materiais passa a ter grande importância e também passa a ser uma das principais atribuições dos compradores (BAILY et al, 2000). No ponto de vista da pesquisadora, a fase de planejamento das aquisições é a etapa mais importante para o processo de implantação da compra pró-ativa e da preparação para implantação do comércio eletrônico no do processo de compras de materiais da empresa de construção. Isto tem grande importância porque nesta fase são definidos os parâmetros que gerarão a agilidade e eficiência deste processo e por conseguinte, o sucesso ou o fracasso da implantação deste sistema. 6.6.5 ETAPA 5 – NEGOCIAÇÃO E APROVAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE COMPRA Após análise do perfil de cada fornecedor deve ser realizado uma negociação dos materiais que podem ser definidos por ele, que deve abranger as seguintes características: qualidade, preço, flexibilidade de entrega, condições de pagamento e outras (ISATTO, 1999). Tendo em mãos o planejamento das aquisições é possível realizar as negociações em grandes lotes com os fornecedores, conseguindo que as entregas e os pagamentos aconteçam de acordo com a necessidade da obra. Com a implantação da compra pró-ativa no processo de compras de materiais, as cotações dos materiais deixam de ser realizadas a cada período de tempo. Isto significa que não é necessário realizar rotineiramente três cotações para cada pedido de material, o foco passa a ser dado nas grandes negociações. Após as cotações e negociações com vários fornecedores, o comprador 179 junto da gerência e/ou diretoria da empresa decidem quais serão os fornecedores de quem a empresa irá adquirir os materiais. A fase final da etapa de negociação acontece quando o comprador informa aos fornecedores quais serão os fornecedores contratados e faz os acertos finais. Da mesma forma que na avaliação de fornecedores, é necessário criar procedimentos de negociação com fornecedores a fim de contribuir para que o processo seja realizado de forma uniforme. Para que a negociação de materiais se torne uma atividade que realmente agrega valor ao processo de compras de materiais, faz-se necessário que haja o treinamento dos compradores, para que seja desenvolvido as habilidades de negociação e relacionamento com os fornecedores. A Figura 30 ilustra quais são os componentes referentes a etapa de negociação e aprovação das condições de compra necessárias para a implantação da compra pró-ativa na indústria da construção civil. QUADRO 50 - NECESSIDADES DA ETAPA DE NEGOCIAÇÃO E APROVAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE COMPRA Negociação com fornecedores Entradas 5E1. Projetos 5E2. Especificação dos materiais 5E3. Recursos disponíveis 5E4. Planejamento das aquisições Funções organizacionais 5F1. Compradores 5F2. Fornecedores 5F3. Projetistas 5F4. Gerente de Obras 5F5. Gerente de compras 5F6. Diretor financeiro 5F7. Diretor técnico 5F8. Encarregado de planejamento Equipamentos 5Q1. Computador para cada colaborador 5Q2. Software de gestão de compras 5Q3. Software de gestão do financeiro 5Q4. Software de planejamento Ferramentas e Técnicas 5FT1. Cotação de preços 5FT2. Análise dos preços 5FT3. Aprovação da diretoria 5FT4. Contratação prévia Saída 5S1. Planejamento das aquisições com custos aprovados A seguir serão apresentados com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas que devem fazer parte da etapa de negociação com fornecedores. 180 6.6.5.1 Entrada da etapa de negociação com os fornecedores QUADRO 51 - ETAPA 5 - ENTRADAS 5E1 Projetos Conforme descrito na etapa 1 5E2 Especificações de materiais Conforme descrito na etapa 1 5E3 Recursos Disponíveis Conforme descrito na etapa 3 5E4 Planejamento das aquisições Conforme descrito na etapa 4 6.6.5.2 Ferramentas e Técnicas para a etapa de negociação com os fornecedores ETAPA 5 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 5FT1 Cotação de preços Refere-se à verificação de quais são as condições de compra que o mercado está oferecendo para o determinado material. Os responsáveis por realizar a cotação de preços dos materiais são os compradores com o apoio dos fornecedores. Esta cotação de preços deve abranger o maior número de fornecedores possível, pois é realizada a cada período de tempo (ex.: a cada três meses, a cada seis meses). Uma cotação de materiais típica deve conter: Item Caracterização Fonte Lista de materiais características dos materiais que serão adquiridos para EP todas as obras no período de 1 ano Previsão de planejamento das aquisições EP consumo Anexos projetos e especificações dos materiais EC 1 Escolha dos definição dos fornecedores cadastrados EC 3 fornecedores Preço preço mínimo dos materiais, quando desejável EC 3 Requisitos prazo de entrega e condições de pagamento (a ser EC1, EC2, EC3 preenchido pelo fornecedor) Compra as condições da compra orçado (custo, tempo de entrega) EC1, EC2, EC3 Fornecedores como serão administrados os diversos fornecedores EP 5FT2 Análise dos preços Refere-se à comparação das condições apresentadas pelos fornecedores durante a cotação dos materiais. Os compradores ficam responsáveis por analisar estes resultados e principalmente indicar qual é o fornecedor mais apropriado para comprar os materiais. Uma análise típica de cotação dos materiais deve indicar: Item Caracterização Fonte Desempenho desempenho de cada fornecedor EC3 Características peculiaridades de cada fornecedor EC3 Compra condições de compra de cada fornecedor EC 1, EC 2, EC3 Escolha indicação do fornecedor a ser contratado EC 1, EC 2, EC3 Valor total valor total da compra para o próximo ano EP 181 5FT3 Aprovação da diretoria Refere-se à obtenção da aprovação da compra a ser realizada e também do fornecedor indicado. A análise das cotações é enviada para a diretoria responsável (técnica e financeira) a qual tem a responsabilidade de aprovar o não a compra dos materiais e fornecedores indicados na análise da cotação de preços. Tendo a aprovação da compra, a análise da cotação retorna aos compradores para a efetivação do negócio. Caso contrário, a diretoria não aprova a compra dos materiais, indica os motivos pela não aprovação e também as diretrizes que devem ser seguidas para aprovar aquela determinada compra. Uma aprovação de diretoria típica deve conter: Item Caracterização Fonte Aprovação aprovação da compra ou não EC 3 Não aprovação motivos da não aprovação, quando aplicável EC 3 Diretrizes diretrizes a serem seguidas para que a compra seja aprovada, EC 3 quando aplicável 5FT4 Contratação prévia Refere-se ao fechamento da intenção de negócio com o fornecedor, isto é, os materiais aprovados estarão disponibilizados no catálogo de produtos e a partir do momento que o usuário (obra) necessite do material, nas quantidades necessárias na obra, o pedido é encaminhado ao fornecedor. Uma contratação prévia típica com fornecedores deve conter: Item Caracterização Fonte Comunicado carta comunicando o fornecedor vencedor dos resultados da EP contratação 6.6.5.3 Saídas da etapa de negociação com os fornecedores QUADRO 52 - ETAPA 5 - SAÍDAS 5S1 Planejamento das aquisições com custos Refere-se ao planejamento das aquisições já contratadas contendo além da relação dos materiais no tempo, os custos de cada material e também o fornecedor que estará no catálogo de materiais. Os responsáveis por realizar o planejamento das aquisições com custos são os compradores. Um planejamento das aquisições com custos típico deve conter: Item Caracterização Fonte Materiais características dos materiais que serão adquiridos para todas EP as obras no período de 1 ano Entrega datas previstas de entrega de cada material por obra EP Fornecedor o fornecedor de cada material EC1 / EC2 / EC3 Condições as condições da compra de cada material (custo, tempo de EC1 / EC2 / EC3 entrega) 6.6.6 ETAPA 6 – REALIZAÇÃO DO CATÁLOGO DE MATERIAIS O catálogo de materiais pode ser definido como um conjunto estruturado de informações dos insumos utilizados na obra. Este catálogo deve estar sempre atualizado e, quando possível, estar disponibilizado para os usuários em um sistema computacional. 182 O catálogo de materiais pode conter informações de materiais de múltiplos fornecedores tendo como finalidade atender as necessidades de todas as obras da empresa de construção. Nesse catálogo, cada material deve ter a sua descrição completa para facilitar o entendimento dos usuários no momento do processamento das requisições. Neste catálogo materiais devem ser classificados de acordo com o seu tipo (produtivo, não produtivo), natureza (material ou serviço), família e grupo. Os componentes necessárias para realizar o catálogo de materiais estão descritos na Figura 31 a seguir. FIGURA 31 - COMPONENTES NECESSÁRIOS PARA A ETAPA DE CATÁLOGO DE MATERIAIS Catálogo de Materiais Entradas 6E1. Cadastro de fornecedores 6E2. Planejamento das aquisições com custos aprovados Funções organizacionais 6F1. Compradores 6F2. Fornecedores 6F3. Gerente de Obras 6F4. Gerente de compras 6F5. Encarregado de planejamento Equipamentos 6Q1. Computador para cada colaborador 6Q2. Software de gestão de compras 6Q3. Software de planejamento Ferramentas e Saída Técnicas 6S1. Catálogo de 6FT1. Reunião de materiais documentos 6FT2. Administração do catálogo A seguir serão apresentados com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas que devem fazer parte da etapa de realização do catálogo de materiais. 6.6.6.1 Entradas da etapa de realização do Catálogo de Materiais QUADRO 53 - ETAPA 6 - ENTRADAS 6E1 Cadastro de fornecedores Conforme descrito na etapa 2 6E2 Planejamento das aquisições com custo aprovado Conforme descrito na etapa 5 183 6.6.6.2 Ferramentas e técnicas necessárias para a etapa de realização do Catálogo de Materiais QUADRO 54 - ETAPA 6 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 6FT1 Reunião dos documentos Consiste em coletar os documentos do fornecedor necessário para cadastrar os seus produtos no catálogo eletrônico de materiais da empresa de construção. Os responsáveis por realizar esta atividade são os compradores, visto que eles cadastrarão os fornecedores no sistema. O pessoal da área de projetos também deve ajudar na especificação dos materiais com a indicação de no mínimo 1 fornecedor por material. Um conjunto de documentos necessários típicos são: Item Descrição do material Acabamentos disponíveis Imagem Anexos Caracterização nome, código, especificações cor, textura foto do material projetos, arquivos de CAD, descritivos técnicos Fonte EC 3 EC 3 EC 3 EC 3 6.6.6.3 Saídas da etapa de realização do Catálogo Eletrônico de Materiais QUADRO 55 - ETAPA 6 - SAÍDAS 6S1 Catálogo de materiais Refere-se ao catálogo onde se encontram a identificação dos materiais a serem utilizados e as informações sobre os fornecedores. Neste catálogo também devem estar ao materiais que possuem custos aprovados pela diretoria e que estão no planejamento das aquisições das obras. Devido a isto é de grande valia a utilização de um sistema computacional. Os responsáveis por fazer o catálogo de materiais são os compradores, com o total apoio dos fornecedores. Um catálogo típico de materiais deve conter: Item Classificação de materiais Descrição dos materiais Preço Entrega Pagamento Compra Caracterização mecanismo de busca rápida de materiais Fonte EC 3 nome, características técnicas, tipo, foto preço do material condições de entrega do material forma de pagamento possibilidade de compra EC 3 EC 3 EC 3 EC 3 EC 3 6.6.7 ETAPA 7 - EMISSÃO DA SOLICITAÇÃO DE ENTREGA E COMPARAÇÃO COM O PLANEJAMENTO Esta etapa é aquela onde o cliente (a obra) solicita a entrega do material de acordo com o planejamento da obra e consequentemente de acordo com o planejamento das aquisições. Nesse momento, a área de compras já tem préacertado com os fornecedores os preços dos materiais, as condições de entrega e de 184 pagamento. A Figura 32 a seguir ilustra os componentes necessárias para a realização da etapa de solicitação de entrega e comparação com o planejamento. FIGURA 32 - COMPONENTES NECESSÁRIOS PARA A ETAPA DE SOLICITAÇÃO DE ENTREGA E COMPARAÇÃO COM O PLANEJAMENTO Emissão da solicitação de entrega e comparação com o planejamento Entradas 7E1. Solicitação de materiais 7E2. Planejamento das obras 7E3. Catálogo de materiais Colaboradores 7C1. Compradores 7C2. Fornecedores 7C3. Gerente de Obras 7C4. Almoxarife Equipamentos 7E1. Computador para cada colaborador 7E2. Software de gestão de compras 7E3. Software de planejamento Ferramentas e Técnicas 7FT1. Comparação com o planejamento das aquisições Saída 7S1. Solicitação de compra de materiais A seguir serão apresentados com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas que devem fazer parte da etapa de emissão da solicitação de compras e comparação com o planejamento. 6.6.7.1 Entradas da etapa de emissão da solicitação de entrega e comparação com o planejamento QUADRO 56 - ETAPA 7 - ENTRADAS 7E1 Planejamento da obra Conforme descrito na etapa 3 7E2 Catálogo de materiais Conforme descrito na etapa 6 6.6.7.2 Ferramentas e Técnicas necessárias para a etapa de requisição de compras QUADRO 57 - ETAPA 7 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 7FT 1 Comparação com o planejamento das aquisições Consiste em comparar os materiais que estão sendo solicitados com o planejamento das aquisições já aprovado. Uma comparação típica deve abranger: Item Caracterização Fonte Verificação das nome, características técnicas, dimensão estão de acordo com o EP especificações planejamento? Ajustes de Retorno ao solicitante para resolver inconsistências (nãoEP inconsistências conformidades) 185 Verificação das quantidade que está sendo solicitada está de acordo com o quantidades planejamento? Verificação das as condições de entrega estão de acordo com o planejamento? condições de entrega EP EP 6.6.7.3 Saída da etapa de requisição de entrega QUADRO 58 - ETAPA 7 - SAÍDAS 6S1 Requisição de entrega Refere-se ao documento que contém as informações sobre os materiais que devem ser entregues na obra. Esta requisição de entrega é realizada pela gerência ou pelo almoxarifado da obra. O usuário deve procurar no catálogo de materiais da empresa os materiais que deseja que seja entregue na obra. Uma requisição de entrega típica deve conter: Item Descrição do material Características técnicas Quantitativo Preço Entrega Responsável Dados do fornecedor Caracterização nome, código, cores, texturas especificações, dimensões, manuseio Fonte EC1, EC2, EC 3 EP quantidade que se deseja comprar preço unitário dos materiais e total da compra data prevista de entrega pessoa responsável pela aprovação da requisição de compras, caso necessário nome, endereço, e-mail EC1, EC2, EC 3 EC1, EC2, EC 3 EC1, EC2, EC 3 EC1, EC2, EC 3 EC1, EC2, EC 3 6.6.8 ETAPA 8 – APROVAÇÃO DA SOLICITAÇÃO E ENVIO PARA O FORNECEDOR A aprovação dos materiais que constam no planejamento das aquisições devem ser realizados conforme as diretrizes relatadas na seção 5FT3 da etapa 3. A aprovação daquelas solicitações de materiais que não constam do planejamento das aquisições devem ser realizados de forma tradicional. Isto significa que os compradores farão a busca dos fornecedores e efetuarão as negociações e compra dos materiais. É fundamental que os compradores verifiquem a possibilidade de incorporar estes materiais no planejamento das aquisições e por conseqüência no catálogo de materiais para reduzir o número de pedidos desta natureza. O fluxo de aprovação de uma solicitação é adaptável a cada empresa, de acordo com o seu planejamento e suas próprias regras de hierarquia, plano de 186 contas, orçamento contábil e contas de investimento. A aprovação administrativa pode controlar as solicitações de compra de acordo com 3 parâmetros (EC3, 2001): conta de investimento (requisição é enviada para um gerente ou diretor) em caso de aprovação, o saldo comprometido da conta é atualizado automaticamente); conta contábil especial (para algumas combinações especiais de centros de custo x contas contábeis pode existir uma atualização específica desta conta contábil); centro de custo (requisições aprovadas através de limite de alçada e limite de compra por período). Independente do tipo de aprovação, o importante para o processo de compras de materiais é que essa etapa seja o mais ágil possível. Com a implantação da compra pró-ativa, a principal aprovação acontece no momento da negociação das condições dos materiais com os fornecedores. Nesta etapa a diretoria ou gerência analisa criteriosamente as condições do negócio e a situação financeira do projeto (obra), visto que, nesse momento será possível analisar o montante de recursos que serão necessários investir para adquirir aqueles determinados materiais. A Figura 33 ilustra os componentes necessários para a realização da etapa de aprovação da solicitação e envio para o fornecedor. Aprovação da solicitação Entradas 8E1. Planejamento da obra 8E2. Planejamento das aquisições 8E3. Solicitação de materiais Funções organizacionais 8F1. Compradores 8F2. Fornecedores 8F3. Gerente de Obras 8F4. Almoxarife 8F5. Gerente de compras 8F6. Encarregado de planejamento Equipamentos 8Q1. Computador para cada colaborador 8Q2. Software de gestão de compras 8Q3. Software de planejamento Ferramentas e Saída Técnicas 8FT1. Confrontação 8S1. Notificação com o planejamento do fornecedor da obra 8FT2. Envio para os responsáveis FIGURA 33 - COMPONENTES NECESSÁRIOS PARA A ETAPA DE APROVAÇÃO DA SOLICITAÇÃO E ENVIO PARA O FORNECEDOR 187 A seguir serão apresentados com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas que devem fazer parte da etapa de aprovação da solicitação de compras. 6.6.8.1 Entradas da etapa de aprovação da solicitação de entrega QUADRO 59 - ETAPA 8 - ENTRADAS 7E1 Planejamento da obra Conforme descrito na etapa 3 7E2 Planejamento das aquisições Conforme descrito na etapa 4 7E3 Solicitação de compras Conforme descrito na etapa 7 6.6.8.2 Ferramentas e técnicas necessárias para a aprovação da solicitação de entrega QUADRO 60 - ETAPA 8 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 8FT1 Envio para responsáveis Refere-se ao envio automático da solicitação de entrega para as pessoas responsáveis quando o material solicitado não atender aos requisitos descritos na confrontação desta com o planejamento da obra. Este envio da solicitação deve seguir o fluxo de aprovação a ser determinado pela empresa. Um fluxo de aprovação típico deve abranger: Item Caracterização Fonte Responsável pessoa responsável por aprovar cada tipo de material (diretor EC1, EC2, EC 3 técnico) Aprovação tempo para aprovação EC3 Delegação da pessoas que podem aprovar quando o responsável não EC3 aprovação estiver disponível); "status" da aprovação (follow-up) Aprovação quando aprovado, inserir o material no planejamento das EP aquisições aprovado Quantitativo dar baixa da quantidade de materiais solicitada no EP planejamento das aquisições quando os requisitos descritos acima estiverem de acordo 188 6.6.8.3 Saídas da etapa de aprovação da requisição de compras QUADRO 61 - ETAPA 8 - SAÍDAS 8S1 Notificação do fornecedor Refere-se ao envio da requisição de entrega aprovada para o fornecedor. A construtora deve informar ao fornecedor sobre o material que se deseja adquirir, com todas as especificações e condições relevantes à esse negócio. A etapa de notificação do fornecedor tem o objetivo de realizar a efetuação da compra, portanto também deve ser extremamente ágil, visto que os preços, as condições de compra e as aprovações já foram realizadas anteriormente. No momento da notificação do fornecedor basta passar a informação ao fornecedor que aqueles materiais já negociados devem ser entregues na quantidade e local preestabelecido pelo cliente (obra).Uma notificação do fornecedor típica deve conter: Item Caracterização Fonte Informações cadastrais da empresa nome, CGC, endereço, nome do EC1, EC2, EC 3 construtora usuário Características do material que está código, nome, descrição EC1, EC2, EC 3 sendo solicitado Quantitativo quantidade do material EC1, EC2, EC 3 Condições de pagamento preço, prazo já estabelecidos EC1, EC2, EC 3 Local de entrega nome da obra, endereço EC1, EC2, EC 3 6.6.9 ETAPA 9 - ENTREGA DO MATERIAL A partir do momento que a solicitação de entrega é enviada para o fornecedor, este fica responsável por informar ao cliente a data de entrega e a situação do seu pedido de compras. Durante as negociações com os fornecedores é fundamental a explicação das condições, do prazo para entrega dos materiais e da conseqüência do não cumprimento do acordo. Na etapa referente à entrega de material, fica de responsabilidade do fornecedor informar as condições do pedido (follow-up), isto é, que o pedido foi recebido e aceito, a data e local de entrega e eventuais alterações de entrega que possam ocorrer. É muito importante que o fornecedor seja avaliado no momento da entrega, visto que, este é o momento em que acontecem grande parte das reclamações que envolvem a área de compras. O importante dessa etapa do processo de compras é que sejam reduzidas as variabilidades que envolvem a entrega dos materiais, e que, acima de tudo, o cliente final (obra) seja atendido conforme as condições preestabelecidas. 189 A Figura 34 ilustra os componentes necessários da etapa de entrega de materiais para que seja possível implantar a compra pró-ativa no processo de compra de materiais das empresas de construção. FIGURA 34 - COMPONENTES NECESSÁRIOS PARA A ETAPA DE ENTREGA DE MATERIAIS Entrega dos materiais Entradas 9E1. Solicitação de compras 9E2. Notificação do fornecedor Funções organizacionais 9F1. Compradores 9F2. Fornecedores 9F3. Gerente de Obras 9F4. Almoxarife Equipamentos 9Q1. Computador para cada colaborador 9Q2. Software de gestão de compras 9Q3. Software de planejamento Ferramentas e Técnicas 9FT1. Ordem de compra 9FT2. Follow-up 9FT3. Avaliação do fornecedor Saída 9S1. Entrega dos materiais A seguir serão apresentados com detalhes as entradas, ferramentas e técnicas e também as saídas que devem fazer parte da etapa de entrega dos materiais. 6.6.9.1 Entradas da etapa de entrega dos materiais ETAPA 9 - ENTRADAS 9E1 Solicitação de compras Conforme descrito na etapa 8 9E2 Notificação do fornecedor Conforme descrito na etapa 8 6.6.9.2 Ferramentas e técnicas necessárias para a etapa de entrega dos materiais QUADRO 62 - ETAPA 9 - FERRAMENTAS E TÉCNICAS 9FT1 Ordem de compra A ordem de compra refere-se à requisição de compras com a aceitação do fornecedor. Uma ordem de compra típica deve conter: Item Caracterização Fonte Verificação das informações nome, CGC, endereço, nome do usuário EC1, EC2, EC 3 cadastrais da empresa construtora Verificação das características do código, nome, descrição EC1, EC2, EC 3 190 material que está sendo solicitado Quantitativo verificação da quantidade do material EC1, EC2, EC 3 solicitado no estoque do fornecedor Verificação das condições de preço, prazo já estabelecidos EC1, EC2, EC 3 pagamento Verificação do local de entrega nome da obra, endereço EC1, EC2, EC 3 Confirmação confirmação do pedido pelo fornecedor ao EC 3 usuário 9FT2 Acompanhamento Refere-se à informação que o fornecedor deve enviar ao usuário sobre a situação da sua ordem de compra, isto é, informar a cada período de tempo em que etapa da cadeia produtiva encontram-se os materiais solicitados e também as eventuais alterações do prazo de entrega. Um acompanhamento do fornecedor deve mostrar: Item Caracterização Localização etapa onde encontram-se os materiais solicitados Entrega quando o material será entregue Fonte EP EC 3 9FT3 Avaliação do fornecedor Refere-se à quantificação da situação de cada fornecedor quanto a entrega do material. Uma forma de avaliar o fornecedor no quesito entrega do material é criar uma avaliação baseada em méritos e deméritos (EC3, 2001). A cada erro de entrega do fornecedor, este ganha um demérito, sendo que a partir do momento que o fornecedor atingir um número limite de deméritos ele é desligado do cadastro de fornecedores da empresa. Caso contrário, se não houver problemas com as entregas o fornecedor ganha méritos que pode gerar benefícios, por exemplo, de tornar-se o único fornecedor daquele determinado material por um tempo determinado (EC3, 2001). Uma avaliação de fornecedores quanto a entrega de material deve conter: Item Material Quantitativo Pagamento Local Registro Caracterização comparação das características do material solicitado x entregue (código, nome, descrição) comparação das quantidades solicitadas x quantidades de material entregue comparação das condições de pagamento descritas na nota fiscal x condições descritas na requisição de compras (preço, prazo já estabelecidos) verificação do local de entrega x local solicitado ( nome da obra, endereço) registro do número de méritos e deméritos do fornecedor Fonte EC1, EC2, EC3 EC1, EC2, EC3 EC1, EC2, EC3 EC1, EC2, EC3 EC 3 6.6.9.3 Saídas da etapa de entrega dos materiais QUADRO 63 - ETAPA 9 - SAÍDAS 9S1 Entrega do material Refere-se a entrega dos materiais descritos na requisição de compras. Esta entrega é realizada em pequenos lotes, conforme os pedidos dos usuários (obra), ficando para o fornecedor a responsabilidade de entregar os materiais. Durante as negociações com os fornecedores deverá ser discutido qual será a logística de entrega dos materiais, desta forma, o usuário do sistema poderá solicitar o local de entrega dos materiais que estão sendo adquiridos conforme acordado com o fornecedor. 191 Durante a recepção dos materiais o colaborador pode realizar a baixa da ordem de compra, além de avisar ao cliente do recebimento do material e realizar uma avaliação de desempenho do fornecedor. A partir do momento que o material é entregue no seu destino, as notas fiscais seguem um procedimento de conferência. Contudo, é importante que exista a integração efetiva do sistema de gerenciamento de compras com o sistema financeiro e contábil da empresa. Uma entrega de material típica é caracterizada por: Item Caracterização Fonte Entrega entregar todos os materiais solicitados EC1, EC2, EC3 Condições atender as condições de entrega acordadas (local, prazo) EC1, EC2, EC3 entrega Nota fiscal entregar a nota fiscal para a pessoa designada pela empresa EC2, EC3 de construção (por ex.: almoxarife). 6.6.10 FUNÇÕES ORGANIZACIONAIS E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA AS DIRETRIZES Para que seja possível realizar as diretrizes citadas nas seções anteriores, faz-se mister alocar algumas funções organizacionais da empresa de construção e também alguns equipamentos, isto é, sistemas computacionais (softwares). O Quadro 65 ilustra uma sugestão de alocação de funções organizacionais e equipamentos para cada etapa do processo de compras listado nas diretrizes desenvolvidas. É importante frisar que esta alocação deverá ser avaliada para cada contexto empresarial em que as diretrizes venham a ser usadas. A DINÂMICA DO Quadro 64 funciona da seguinte forma: PARA REALIZAR O PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES É NECESSÁRIO ALOCAR OS SEGUINTES COLABORADORES: COMPRADORES, ENCARREGADO DE OBRAS, FORNECEDORES, RESPONSÁVEL PELA ÁREA FINANCEIRA, RESPONSÁVEL PELA ÁREA DE COMPRAS E O ENCARREGADO DE PLANEJAMENTO. CADA UM FICA RESPONSÁVEL POR REALIZAR AS ATIVIDADES, DESCRITAS NAS SEÇÕES ANTERIORES, MAIS APROPRIADAS À SUA FORMAÇÃO TÉCNICA E ATRIBUIÇÕES REALIZADAS NA EMPRESA. O FUNDAMENTAL É QUE EXISTA A INTEGRAÇÃO DOS ENVOLVIDOS PORQUE, COM ISSO O PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES NÃO DEIXARÁ DE ATENDER OS REQUISITOS IMPORTANTES INERENTES A CADA UM. DESTA FORMA, NO Quadro 64 a autora propõe uma possível alocação destas atribuições. Seu uso deve ser adaptado à realidade da empresa em que for aplicado. 192 Atuação em projetos e especificações Criação de parcerias com os fornecedores Atuação no planejamento das obras Realização do planejamento das aquisições Negociação e aprovação das condições de compra Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5 Etapa 6 Realização do catálogo de materiais Emissão da solicitação de entrega e comparação com o planejamento Etapa 7 Etapa 8 Etapa 9 Entrega dos Aprovação da materiais e solicitação de entrega realização do e envio para o acompanhamento fornecedor Objetivos T Previsão de gastos T Projeto Preliminar T R C Orçamento da obra T C R R C T C C C C C C C Análise orçamento x previsão de gastos T E C C C R R C C C T R C C C E T Projeto definitivo T T Especificações dos materiais T T Projetos T T Especificações dos materiais T T T Pesquisa de mercado T T T Negociação da compra T C C C C C C C C C R C C R T T T C C R T T T C C R T T Especificações dos materiais T T T Recursos disponíveis T E E Quantitativo de serviços T T Análise de projetos x custo disponível T T Estratégia do empreendimento T Lista de atividades T E T E E Verificação do cronograma T Orçamento da obra T T Planejamento da obra T E Projetos T T Especificações dos materiais T T Recursos disponíveis T E Planejamento da obra T E Agrupamentos dos planejamentos T Análise fluxo de caixa da empresa T Planejamento das aquisições T T Projetos T T Especificações dos materiais T Recursos disponíveis T Planejamento das aquisições T Cotação de preços T T Análise dos preços T T Aprovação da diretoria T Contratação prévia T T T Planejamento das aquisições com custos T T T T T T Treinamento de fornecedores T Reunião de documentos T Administração do catálogo T Catálogo de materiais T Catálogo eletrônico de materiais T Planejamento das aquisições com custos T C C C C C C C R C C C C R C R C C T C T T C C T T T C C T Definição dos responsáveis e recursos Planejamento das aquisições com custos R T T E C T T T E E E T E T T T T T T T C C C C C C C C C R C C C R C E T T T T T T T T Planejamento da obra T Planejamento das aquisições com custos T Requisição de compras T Confrontação com o planejamento da obra T Envio para os responsáveis T T T Notificação do fornecedor T T T Requisição de compras T T T Ordem de compra T T T C Resposável pela área de compras C C R C C C C C C C C C C C C R C C C C C C C C C C R C C C C C R R C C C C C C C R C R C C C R C C C C R C C C R C R C R C C C C T E T T C C C C C C R C C T C C T C R T R C C C C R C C C R R C T T Follow-up T T R C C Avaliação do fornecedor T T C C R Entrega do material T T R C C C C T T R C C C R C C C R C C R QUADRO 64 - SUGESTÃO DE FUNÇÕES ORGANIZACIONAIS E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA CADA ETAPA DAS DIRETRIZES 193 C C T T Almoxarife C C T T C C R C C C C R T R C C C C C C T C C C C C C C R C C R R C T C Mestre de obras R C C C Encarregado de planejamento C C R C Encarregado de orçamentista C C T T Responsável pela área técnica Responsável pela área financeira C C R C C T T T R R C T T C C R T C R C C C C C C T C C C C C C C T Requisição de compras T C C E C R C Treinamento de usuários E E T T T C C T E T T T C R E T C T T T C E T T C C T E T R C R C T T T T C T E C T R T E C C C R T E Definição das seqüências Cadastro de fornecedores E C C Compra experimental C C R C C R R Avaliação de fornecedores Projetos Dirigente Encarregado de obras Compradores Fornecedores Responsável por projetos Outra empresas de construção Software financeiro Software de planejamento Banco de dados Software gestão de compras Software projetos Atividade Computador Etapa É necessário também, que cada colaborador tenha um computador disponível para realizar as atividades, principalmente os compradores que irão trabalhar no planejamento das aquisições, visto que, essa atividade deve ser realizada da forma mais ágil possível. É importante também que os envolvidos estejam com os equipamentos interligados, isto é, em rede para facilitar a troca e manutenção das informações. Para tanto é necessário, também, ter um sistema de gestão de compras integrado com um sistema de gestão financeira. O sistema de gestão de compras deve possibilitar a realização do planejamento das obras, assim como, o planejamento das aquisições. O sistema financeiro deve emitir relatórios da situação financeira de cada obra automaticamente, sem necessitar do empenho dos colaboradores que atuam na área financeira. Um exemplo da lógica de utilização dos equipamentos pode ser: o agrupamento dos planejamentos das obras é realizado pelo comprador tendo como colaboradores o encarregado de planejamento das obras, o gerente de obras e principalmente os fornecedores, com os quais serão definidos as possíveis alterações nas condições de compras dos materiais. Para realizar esta etapa é necessário alocar um computador para o comprador sendo que este equipamento deve conter um software de planejamento e também acesso ao sistema de gestão de compras. 6.7 ANÁLISE EM CONJUNTO DAS EMPRESAS ESTUDOS DE CASO A análise em conjunto das empresas estudo de caso baseou-se na mensuração do nível de utilização das diretrizes desenvolvidas pelas empresas estudadas. Este nível de utilização é definido a cada etapa das diretrizes através da utilização da seguinte fórmula proposta pela autora no capítulo 4: 194 ∑ operações realizadas Nível de utilização = ∑ operações necessárias Operações realizadas (OR) = número de componentes de cada etapa do processo de compras de materiais, das empresas estudo de caso, de conteúdo similar aos componentes que fazem parte das diretrizes . Operações necessárias (ON) = número total de componentes de cada etapa segundo as diretrizes desenvolvidas. É importante salientar que o Estudo de Caso 3 pertence a um outro setor industrial e que as atividades e componentes inerentes à indústria da construção civil não foram considerados para esta empresa. Sempre que uma atividade ou componente proposto nas diretrizes não se enquadrava (NE) à realidade deste estudo de caso eles eram considerados como atingidos. Foi realizado uma matriz para cada etapa do processo de compras de materiais, que faz parte das diretrizes desenvolvidas, que englobou os três Estudos de Caso, conforme ilustra o anexo 4. Todas as informações destas matrizes foram aglutinadas em um único gráfico (Figura 35) para facilitar a análise em conjunto dos Estudos de Caso. Analisando o gráfico ilustrado na Figura 35, percebe-se que o nível de utilização médio do processo de compras de materiais das empresa estudo de caso 1 e 2 é baixo (em torno de 55%), quando comparado às diretrizes desenvolvidas. Já o Estudo de Caso 3, possui um nível de utilização das diretrizes alto (em torno de 85%). FIGURA 35 - NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DAS EMPRESAS ESTUDO DE CASO 1, ESTUDO DE CASO 2 E ESTUDO DE CASO 3 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa M édia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 EC1 EC2 EC3 195 Etapa 1 - Atuação em projetos e especificações Etapa 2 - Criação de parcerias com fornecedores Etapa 3 - Atuação no planejamento das obras Etapa 4 - Realização do planejamento das aquisições Etapa 5 - Negociação e aprovação das condições de compra Etapa 6 - Realização do catálogo de materiais Etapa 7 - Emissão das solicitações de entrega e comparação com o planejamento Etapa 8 - Aprovação da solicitação e envio para o fornecedor Etapa 9 - Entrega dos materiais e realização do acompanhamento Os principais fatores que contribuíram para estes resultados referem-se: a) Estudo de caso 1 e 2: a falta de atividades e componentes (principalmente softwares) que fazem parte da compra pró-ativa como: emissão da solicitação de entrega dos materiais, acompanhamento dos pedidos, planejamento das obras e das aquisições, realização do catálogo de materiais e negociação dos materiais em grandes lotes; b) Estudo de caso 3: às atividades e componentes que fazem parte do planejamento das aquisições. A empresa estudo de caso 3 não realiza o planejamento das aquisições, segundo eles, cada área é a responsável por realizar o seu planejamento de compras e fazê-lo cumprir. Isto acontece porque os recursos são divididos por áreas, sendo que a área de compra não tem a responsabilidade de controlá-los. A Figura 36 a seguir ilustra o nível de utilização das diretrizes desenvolvidas de acordo com o desempenho que cada etapa do processo de compras de materiais das empresas Estudo de Caso tiveram durante a comparação realizada. FIGURA 36 - NIVEL DE UTILIZAÇÃO DAS DIRETRIZES SEGUINDO UM ORDEM DE GRAVIDADE DECRESCENTE Estudo de Caso 1 100 Estudo de Caso 3 Estudo de Caso 2 100 100 80 80 80 60 60 60 40 40 40 20 20 20 0 0 7 9 2 6 8 3 5 4 1 0 7 2 Etapa 1 - Atuação em projetos e especificações Etapa 2 - Criação de parcerias com fornecedores Etapa 3 - Atuação no planejamento das obras Etapa 4 - Realização do planejamento das aquisições Etapa 5 - Negociação e aprovação das condições de compra 6 3 5 8 9 4 1 1 3 7 8 4 9 6 5 2 Etapa 6 - Realização do catálogo de materiais Etapa 7 - Emissão das solicitações de entrega e comparação com o planejamento Etapa 8 - Aprovação da solicitação e envio para o fornece Etapa 9 - Entrega dos materiais e realização do acompanhamento Estes gráficos ilustram quais são as etapas do processo de compras de materiais dos Estudos de Caso que atingiram um melhor ou pior desempenho. 196 Fazendo uma análise dos Estudos de Caso 1 e 2 verifica-se que nos dois casos, a etapa de pior desempenho refere-se à etapa 7 (Emissão das solicitações de entrega e comparação com o planejamento da obra). No processo atual dos Estudos de Caso, o usuário emite uma solicitação de compras, a partir deste ponto inicia-se a rotina do processo de compras. Com a implantação da compra pró-ativa, o usuário emite uma solicitação de entrega de materiais. Para que a etapa 7 consiga atingir um maior grau de utilização das diretrizes desenvolvidas, é fundamental que as etapas 3, 4 e 6 sejam realizadas de acordo com as diretrizes desenvolvidas, visto que, estas três etapas são essenciais e têm impacto direto sobre a etapa 7. Uma característica interessante na análise do Estudo de Caso 1 e 2 é que em ambos os casos as duas etapas que atingiram o maior grau de utilização das diretrizes foram a etapa 1 (Atuação em projetos e especificações) e a etapa 4 (Realização do planejamento das aquisições). Isto mostra que as empresas têm condições de implantar a compra pró-ativa, visto que as empresas já possuem grande parte dos componentes necessários para a realização destas etapas, conforme ilustra o anexo 4. O gráfico ilustrado na Figura 36 ilustra que o Estudo de Caso 3 tem um alto grau de utilização das diretrizes. Para que o Estudo de Caso consiga atingir um grau de utilização maior das diretrizes faz-se necessário focar as atenções nas ações que envolvem o planejamento das aquisições. Com isso, a estruturação do processo de compras de materiais deles poderia ser utilizado como um referencial para as empresas de construção estudadas. 197 6.8 PRÉ-REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A IMPLANTAÇÃO DAS DIRETRIZES NAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO 6.8.1 ASPECTOS GERAIS SHINGO (1996) afirma que a melhoria focada nas operações, não pode por si só assegurar a melhoria do processo. Atentando-se a este conceito, não terá sucesso o esforço de implantar o comércio eletrônico em um processo de compras de materiais caótico. Desta forma, faz-se necessário estruturar o processo de compras de materiais de forma pró-ativa para, posteriormente, implantar o comércio eletrônico. De maneira similar, para que seja possível implantar a compra pró-ativa no processo de compras de materiais é necessário que a área de compras deixe de atuar de forma reativa (tradicional) e passe a atuar de forma estratégica (pró-ativa). A implantação da compra pró-ativa no processo de compras de materiais permitirá que a fase operacional (ex: recebimento de requisição de compras, aprovação, efetivação da compra, cotações e negociações em pequenos lotes entre outros) deste processo deixe de ser o foco principal do comprador. É importante frisar que com a implantação da compra pró-ativa a postura da diretoria e do responsável pelas obras é alterada significativamente. O foco deixa de ser nas atividades diárias para atuar nas atividades a longo prazo. Com a implantação da compra pró-ativa, as atribuições dos envolvidos no processo de compras de materiais são alteradas, isto é, a área de compras executa somente atividades que realmente agregam valor ao processo em lide. Estas atividades incluem a realização do planejamento das aquisições, a participação ativa na etapa de projetos e especificações de materiais de cada obra, a formação de parcerias com fornecedores, a realização das cotações e as negociações dos materiais. 198 Com a implantação da compra pró-ativa, a obra deixa de realizar somente as atividades de solicitação e recebimento de material e passa a atuar também nas atividades de planejamento das obras e especificações de materiais. Já o fornecedor passa a realizar o acompanhamento e a entrega do material em local preestabelecido, além de ficar responsável por providenciar o catálogo dos materiais que comercializa. 6.8.2 PRÉ-REQUISITOS PARA IMPLEMENTAR AS DIRETRIZES EM UMA CONSTRUTORA Durante a realização desta dissertação verificou-se que a implantação da compra pró-ativa no processo de compras de materiais está diretamente ligada aos seguintes pré-requisitos: a) Mudança cultural: é necessário que ocorra uma mudança cultural da empresa de construção quanto a forma de comprar os materiais. Hoje a área de compras é o principal responsável por comprar os materiais. Com a implantação da compra pró-ativa a área de compras deixa de atuar no meio do processo de compras de materiais e passa atuar no início do processo. Com isso, os usuários deixam de emitir uma solicitação de compras e passam a emitir uma solicitação de entrega de materiais; b) Criação de parcerias: vale a pena ressaltar que para o sucesso da implantação da compra pró-ativa no processo de compras de materiais é fundamental formar parcerias com os fornecedores (CUNNINGHAN, 2000). Pois somente com a formação de parcerias com os fornecedores é possível realizar negócios a longo prazo e com garantias de entrega; c) Padronização dos materiais: é necessário que seja realizado um catálogo único de materiais afim de gerar a padronização das solicitações de entrega e também dos planejamentos das obras e das aquisições; d) Treinamento: é de fundamental importância que exista um treinamento continuado do pessoal envolvido com compras, pois muitos dos conceitos aplicados na compra pró-ativa necessitam de uma mudança de postura dos 199 envolvidos com compras de materiais. De maneira geral, verificou-se através dos Estudo de Caso que existem etapas do processo de compras de materiais em que devem ser investidos mais ou menos esforços. Uma estratégia interessante de implantação da compra pró-ativa no processo de compras de materiais pode ser primeiramente realizar uma comparação entre o processo atual e as diretrizes desenvolvidas. Após isso, deve ser realizado uma análise para verificar quais são as etapas mais críticas. Tendo este painel, é interessante começar atuar nas etapas menos estruturadas, visto que, as nove etapas que foram detalhadas na seção anterior não necessitam ser realizadas na mesma seqüência em que foram apresentadas. 6.9 ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE COMÉRCIO ELETRÔNICO Independente do tipo de projeto que se está gerenciando, é necessário que o gerente do projeto tenha uma estratégia para conseguir atender o objetivo final do projeto (PMI, 1996). Um projeto que envolve a implantação do comércio eletrônico não é diferente. Portanto, uma estratégia para implantar o comércio eletrônico está ilustrada na Figura 37. Esta estratégia ilustrada na Figura 37 é um modelo genérico que permite sua utilização na implantação de sistemas de comércio eletrônico. Este modelo delinea os procedimentos mas não traz as ferramentas necessárias para realizar os trabalhos. Como o objetivo desta seção é somente mostrar que a implantação do comércio eletrônico exige ações de naturezas diversas, este modelo desenvolvido por COLANGELO FILHO (2001) é suficiente. 200 FIGURA 37 - ESTRATÉGIA PARA IMPLANTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS DAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO Planejamento Construção Desenho da solução Testes e implantação Processos GERÊNCIA DO PROJETO................................REDESENHO DE PROCESSOS Tecnologia TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO.............................................................. Pessoas GERENCIAMENTO DAS MUDANÇAS.............TREINAMENTO.................... FONTE: COLANGELO FILHO, L. IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ERP - UM ENFOQUE A LONGO PRAZO. SÃO PAULO: ATLAS, 2001 As fases que compõem o modelo de implantação proposto por COLANGELO FILHO (2001) são: a) Planejamento: esta fase refere-se ao desenvolvimento dos planos, procedimentos e também na alocação dos recursos materiais e humanos para a execução do projeto de implantação do comércio eletrônico; b) Desenho da solução: nesta fase é desenvolvido uma lista de atividades necessárias para atingir os objetivos estabelecidos para a implantação do comércio eletrônico; c) Construção: compreende na configuração do sistema de comércio eletrônico que contenha as atividades descritas no desenho da solução. Nesta fase devem ser realizados testes para verificar se o comportamento do sistema está dentro do desejado; d) Testes e implantação: refere-se a realização dos testes finais do sistema, do treinamento dos usuários e da substituição dos sistemas existentes, quando necessário. 201 6.9.1 SELEÇÃO E IMPLANTAÇÃO DA SOLUÇÃO B2B Quando a empresa de construção decidir sobre a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais é fundamental que este projeto tenha o total apoio da área responsável pela Tecnologia da Informação interna ou externa à empresa. Isto porque esta área, em geral, será a responsável por escolher e implemetar o tipo de comércio eletrônico que será adotado pela empresa de construção. Se a opção da empresa de construção for implantar as diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais em conjunto com o comércio eletrônico, é fundamental que no início da etapa 6 (Disponibilização do Catálogo de Materiais no Sistema) a solução de comércio eletrônico a ser adotada pela empresa esteja pronta. Se a opção da empresa for primeiramente implantar a compra próativa para posteriormente implantar o comércio eletrônico, a solução de comércio eletrônico a ser adotada pela empresa deverá estar pronta no momento inicial da implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais da empresa de construção. No momento em que as diretrizes que visam a implantação do comércio eletrônico estiverem implantadas no processo de compras de materiais é imprescindível que a solução de comércio eletrônico que será utilizada esteja pronta. Neste momento, as seguintes etapas necessárias para implantar o B2B devem estar prontas (REZENDE et al, 2000): a) Levantamento de necessidade de informação e aplicações que serão realizadas via comércio eletrônico; b) Desenvolvimento do modelo de informações empresariais, relatando todas as informações necessárias para que o sistema atenda as especificações dos requisitos funcionais desejados; c) Identificação e seleção das possíveis empresas desenvolvedoras do sistema ou fornecedoras de softwares já comercializados no mercado; d) Solicitação de proposta contendo análise e o projeto do sistema a ser 202 desenvolvido; e) Seleção da proposta mais adequada ao perfil da empresa pelo estabelecimento de critérios de avaliação; f) Realização do trabalho; g) Testes e revisões das especificações; h) Implantação do sistema. 6.9.2 UTILIZAÇÃO DO SISTEMA Com a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais nas empresas de construção, as compras para as obras (materiais produtivos) passam a acontecer de forma parecida com as realizadas nas lojas virtuais. Essas lojas tem interface amigável e interativa com o usuário (obra), o qual realiza a compra através da utilização de um carrinho de compras e um catálogo eletrônico de materiais, ou procedimentos similares. Desta forma, o usuário do processo de compras passa a ter uma maior transparência, visto que, as informações sobre o material que está sendo comprado são disponibilizadas no sistema de comércio eletrônico. A área de compras passa atuar grande parte do tempo em atividades com maior valor agregado e só é envolvida na etapa operacional do processo de compras quando o material não está no catálogo e quando acontecer problemas com o usuário ou com o fornecedor durante a utilização do sistema. A área de Tecnologia de Informação também passa a ter maior envolvimento com a área de compras visto que, fica responsável por dar suporte técnico sobre o sistema aos usuários. É importante frisar que provavelmente não haverá adesão de todos os fornecedores quanto a utilização do sistema de comércio eletrônico. Neste caso, se o fornecedor for importante para a empresa de construção, o processo de compra de materiais com este fornecedor deverá ser realizado de forma não informatizada, mas 203 pró-ativa. 6.9 PRÉ-REQUISITOS PARA A INSERÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO É importante salientar que o assunto deste item excede o escopo desta dissertação e que os pré-requisitos que serão relatados são sugestões que surgiram durante a realização desta dissertação. Com a realização desta pesquisa, principalmente com o Estudo de Caso 3, foi possível identificar alguns pré-requisitos que são necessários para que a empresa de construção tenha sucesso durante a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais. Assumindo que a empresa de construção está de fato implementando e aplicando a compra pró-ativa no processo de compras de materiais, acredita-se que o sucesso da implantação do comércio eletrônico está diretamente ligada aos seguintes fatores: a) Infra-estrutura: é necessário que a empresa de construção tenha uma infra-estrutura tanto de pessoal capacitado como também de equipamentos e sistemas necessários para que o comércio eletrônico possa funcionar satisfatoriamente; b) Recursos: a empresa de construção necessita ter recursos financeiros para poder investir na compra de sistemas de apoio (ex: software de planejamento, banco de dados) e equipamentos (ex: computadores, scanners, impressoras) e também para comprar o sistema de comércio eletrônico privado ou pagar uma mensalidade do sistema B2B público; c) Conscientização: a conscientização dos envolvidos com o processo de compras dentro da empresa de construção é fundamental para o sucesso de implantação do comércio eletrônico neste processo. Para 204 tanto, é necessário que seja realizado continuamente atividades de aprendizado que foquem as mudanças internas e externas à empresa de construção no momento em que o comércio eletrônico for incorporado ao processo de compras. d) Definição clara de necessidades: é necessário que a implantação do sistema de comércio eletrônico seja visto como um projeto, isto é, com uma definição do escopo, com um estudo de viabilidade, com um levantamento dos riscos, com um planejamento conciso, com especificações claras e com a definição de datas marcos; e) Apoio da direção: a alta direção e a gerência do projeto de implantação do sistema devem estar envolvidas e ter interesse nos resultados do projeto; f) Equipe competente: é necessário para a implantação do comércio a alocação de uma equipe competente e que seja continuamente treinada e incentivada e que, principalmente, tenha uma alta visibilidade sobre o projeto; g) Comprometimento: é necessário que as atribuições sejam, definidas para cada integrante da equipe e que os incentivos estejam ligados ao sucesso do projeto; h) Envolvimento do usuário: os usuários do sistema deverão ser envolvidos durante o processo de criação e implantação do sistema de comércio eletrônico. Faz-se necessário que o sistema a ser adotado pela empresa de construção atenda as necessidades dos usuários. Além disso, é necessário que exista, interno ou externo à empresa de construção, pessoal com conhecimento técnico do sistema de comércio eletrônico adotado para poder resolver os problemas deste sistema e também dar apoio técnico aos usuários após a implantação. 205 6.8.3 CENÁRIO DE FUNCIONAMENTO DO PROCESSO DE COMPRAS COM A IMPLANTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO De maneira geral, a estruturação do processo de compras das empresas de construção após a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais poderá seguir o cenário apresentado na Figura 38. FIGURA 38 - CENÁRIO DO PROCESSO DE COMPRAS DE MATERIAIS APÓS IMPLANTAÇÃO DA COMPRA PRÓ-ATIVA E DO COMÉRCIO ELETRÔNICO Atuação em projetos e especificações 1° Etapa Criação de parcerias com os fornecedores 2° Etapa Atuação no planejamento das obras 3° Etapa Realização do planejamento das aquisições 4° Etapa Negociação e aprovação das condições de compra 5° Etapa Disponibilização do catálogo eletrônico de materiais no sistema 6° Etapa Emissão da solicitação e comparação com o planejamento via sistema Aprovação da solicitação e envio para o fornecedor via sistema Entrega dos materiais e realização do acompanhamento do pedido via sistema 7° Etapa 8° Etapa 9° Etapa Em termos descritivos, este cenário seria sintetizado como segue: a) Fase de planejamento A área de compras deve atuar na etapa de projetos e especificações para auxiliar na decisão da escolha dos materiais que farão parte dos novos projetos. 206 Depois da definição as especificações dos materiais, a área de compras verifica se os fornecedores cadastrados podem atender a demanda dos materiais que serão necessários para o novo projeto, caso não possam, a área de compras procura no mercado fornecedores para formação de parcerias. A área de compras também atua na etapa de planejamento das obras afim de orientar os encarregados de obras quanto a estratégia de execução, com foco na disponibilidade dos fornecedores. Após isso, a área de compras elabora o planejamento das aquisições que deve conter o total por período de materiais que serão necessários para todas as obras. Tendo em mãos o montante de materiais que serão adquiridos no período (ano, semestre, mês) a área de compras negocia as condições de compra com os fornecedores e solicita a aprovação da diretoria da empresa de construção. b) Fase operacional (via sistema) Durante estas etapas a área de compras com o apoio dos fornecedores, deve estar montando o seu catálogo de materiais. Após isso, o catálogo de materiais é disponibilizado no sistema de comércio eletrônico adotado pela empresa de construção e os usuários (obras) ficam responsáveis por solicitar os materiais. O sistema automaticamente compara a solicitação com o planejamento das aquisições. Quando a solicitação está de acordo com o planejamento a solicitação é enviada automaticamente para o fornecedor, quando não, é enviada para aprovação. O fornecedor informa as condições do pedido automaticamente para o usuário e na data preestabelecida entrega os materiais ao usuário. 6.8.3.1 Alterações geradas no processo de compras após implantação do comércio eletrônico De modo geral, as diretrizes desenvolvidas para estruturar o processo de compras de materiais de forma pró-ativa alteram-se da seguinte forma no momento que o comércio eletrônico é implantado no processo de compras de materiais das empresas de construção: 207 As etapas 1 (Atuação em Projetos e Especificações), 2 (Criação de Parcerias com Fornecedores), 3 (Atuação no Planejamento das Obras) e 4 (Realização do Planejamento das Aquisições) não sofrem alterações no momento que se implanta o comércio eletrônico no processo de compras de materiais. Na etapa 5 (Negociação e Aprovação das Condições de Compra), o sistema de comércio eletrônico a ser adotado pela empresa de construção deve permitir a realização de cotações de preços dos materiais via sistema, isto é, na forma de leilão reverso ou técnico similar. Neste processo, a área de compras define os materiais que farão parte da cotação de preços (EC3, 2001). O sistema de comércio eletrônico deve permitir a anexação de arquivos ou texto em um campo observação para possibilitar a consulta pelos fornecedores. Anexada a pesquisa, seguirão dados de consumo do material da empresa de construção para o próximo ano (planejamento das aquisições), para que os fornecedores possam visualizar qual a demanda dos materiais. Com os materiais definidos, a área de compras pode decidir quais fornecedores participarão da cotação. O sistema de comércio eletrônico adotado pela empresa de construção deve permitir a criação de parâmetros de compra que podem ser: o prazo de vigência da cotação, preço mínimo dos materiais, prazo de entrega e condições de pagamento. Com a utilização do comércio eletrônico, o fornecedor pode gerenciar e responder aos processos de cotação de materiais submetidos a ele, assim como, acompanhar o andamento das pesquisas de mercado e fazer pesquisas no histórico de cotações que participou (EC3, 2001). Na etapa 6 (Disponibilização do Catálogo de Materiais no Sistema), após realizar as negociações com os fornecedores, os materiais devem ser disponibilizados no sistema de comércio eletrônico onde os usuários farão a solicitação dos materiais desejados sem que haja o envolvimento dos compradores. Para tanto, é necessário realizar um treinamento dos fornecedores para que eles conheçam e aprendam a utilizar o sistema. Neste treinamento deve ser focado as 208 facilidades e vantagens que o sistema de comércio eletrônico adotado pela empresa pode trazer para o fornecedor, conforme descrito no Quadro 65. QUADRO 65 - TREINAMENTO DOS FORNECEDORES Treinamento dos fornecedores Consiste em ensinar os fornecedores como se utiliza o sistema de comércio eletrônico adotado pela empresa de construção. A responsabilidade de efetuar o treinamento dos fornecedores é da área de tecnologia da informação interna ou externa à empresa de construção. Esse treinamento deve explicar os tipos de equipamentos e redes existentes no mercado, e também qual é o tipo utilizado pela empresa de construção. Além disso, deve ser explicado como o sistema de comércio eletrônico adotado deverá ser utilizado pelo fornecedor e quem é o responsável por dar suporte técnico aos fornecedores sobre este sistema. Um treinamento de fornecedores típico deve abranger: Item Caracterização Condições técnicas condições técnicas de cada fornecedor (tipo de equipamentos e rede, número de pessoal disponível); Demonstração do demonstração do sistema de comércio eletrônico dentro da sistema empresa de construção Simulação simulação da negociação entre a empresa de construção e fornecedor no sistema de comércio eletrônico Avaliação teste de suficiência em trabalhar com o sistema Fonte EC 3 EC 3 EC 3 EP Com a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais, a Etapa 6 também sofre alterações no que diz respeito à administração do catálogo de materiais. Estas alterações referem-se à ações que os compradores e fornecedores devem realizar para que seja possível montar um catálogo de materiais (Quadro 66). QUADRO 66 - ADMINISTRAÇÃO DO CATÁLOGO DE MATERIAIS Administração do catálogo de materiais Refere-se ao gerenciamento das informações que estão no catálogo eletrônico de materiais. A administração das informações sobre os materiais presentes no catálogo e suas relações de fornecimento é realizada pelos compradores e pelos fornecedores através de operação manual, automática ou semi-automática (EC3, 2001). No processo manual, o fornecedor pode acessar a Internet e modificar o seu catálogo, no processo semi-automático, o fornecedor pode executar um "download" do seu catálogo, atualizá-lo, e realizar um "upload" para o sistema de comércio eletrônico (EC3, 2001). No processo automático, o fornecedor atualiza o catálogo no sistema de ERP interno, e estas alterações são replicadas para o sistema de comércio eletrônico. Todo o processo de alteração do catálogo de produtos é auditado. As alterações são encaminhadas para o comprador responsável da área de compras que as analisa, aprovando-as ou reprovando-as. Uma administração de catálogo típica deve permitir: Item Caracterização Fonte Catálogo alteração do catálogo tanto pelo comprador como pelo fornecedor EC 3 Alterações aprovação ou rejeição das alterações pelo comprador EC 3 209 Na etapa 7 (Emissão da solicitação de entrega e comparação com o planejamento), com a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais, a solicitação de material deve ser realizada diretamente pelo usuário uma única vez (na obra ou na matriz), o sistema de gerenciamento de compras automaticamente escolhe o fornecedor contratado e esse pedido, após a devida aprovação, é enviado via e-mail para o fornecedor. É importante lembrar que o sistema de comércio eletrônico a ser adotado pela empresa de construção deve ser interativo para facilitar a busca rápida dos materiais desejados. Para tanto, é necessário que seja realizado um treinamento continuado dos usuários do sistema. As características principais deste treinamento está descrito no Quadro 67. QUADRO 67 - TREINAMENTO DOS USUÁRIOS Treinamento dos usuários Consiste em ensinar aos usuários (gerente de obra, almoxarife de obra) como se utiliza o catálogo de materiais. A responsabilidade de efetuar o treinamento dos usuários é da área de tecnologia da informação da empresa. Este treinamento deve explicar como o sistema de comércio eletrônico adotado deve ser utilizado pelos usuários e quem é o responsável por dar suporte técnico sobre este sistema aos usuários. É fundamental que haja uma mobilização da comunidade interna da empresa de construção quanto as vantagens que o sistema de comércio eletrônico pode trazer para o processo de compras de materiais. Pois, a implantação do sistema eletrônico neste processo tem como objetivo maior atender os usuários da melhor forma possível, isto é, o material deve chegar na obra no momento certo, nas quantidades certas, com a maior qualidade e também com as melhores condições de compra do mercado. Um treinamento de usuários típico deve abranger: Item Caracterização Fonte Diretrizes para definição dos usuários, cumprimento do planejamento da obra EP utilização do sistema Demonstração do demonstração do sistema de comércio eletrônico (busca de EC 3 sistema materiais, follow-up do pedido, aprovações) Solicitação simulação da requisição de compras via sistema de comércio EC 3 eletrônico Avaliação teste de suficiência do usuários em trabalhar com o sistema EP Na etapa 8 (Aprovação da solicitação e envio para o fornecedor), é importante frisar que esta etapa do processo deve ser realizada automaticamente pelo sistema de comércio eletrônico adotado, para tanto este sistema deve ter total integração com o software de planejamento onde está o planejamento das aquisições aprovado. Da mesma forma, a notificação do fornecedor é realizada de forma 210 automática pelo sistema de comércio eletrônico da empresa de construção. Na etapa 9 (Entrega do material), com a implantação do comércio eletrônico, a ordem de entrega deve ser enviada automaticamente pelo sistema adotado pela empresa de construção, bastando o fornecedor enviar uma confirmação da requisição de compras. É importante frisar também, que o sistema de comércio eletrônico adotado pela empresa deve permitir que a avaliação do fornecedor seja realizada automaticamente, isto é, sem o envolvimento dos compradores. 6.9 RESUMO SHINGO (1996) afirma que a melhoria focada nas operações, não pode por si só assegurar a melhoria do processo. Atentando-se a este conceito, nada adianta implantar o comércio eletrônico em um processo caótico. Desta forma, fazse necessário estruturar o processo de compras de materiais de forma pró-ativa para posteriormente implantar o comércio eletrônico. Este capítulo relatou as diretrizes desenvolvidas para estruturar o processo de compras de materiais, as estratégias utilizadas para a sua realização e também a análise em conjunto das empresas estudo de caso focando-se em cada etapa destas diretrizes. Estas diretrizes foram agrupadas em nove etapas principais que são: Etapa 1 - Atuação em projetos e especificações Etapa 2 - Criação de parcerias com os fornecedores Etapa 3 - Atuação no planejamento de obras Etapa 4 - Realização do planejamento das aquisições Etapa 5 - Negociação e aprovação das condições de compra Etapa 6 - Disponibilização do catálogo eletrônico de materiais Etapa 7 - Emissão da solicitação de entrega e comparação com o planejamento 211 Etapa 8 - Aprovação da solicitação e envio para o fornecedor Etapa 9 - Entrega dos materiais e realização do acompanhamento Estas diretrizes têm como principal característica a preparação das empresas de construção para a implantação do comércio eletrônico no processo de compras de materiais. Através da análise em conjunto dos Estudos de Caso 1 e 2 verificou-se que o nível de utilização do processo de compras de materiais, quando comparado às diretrizes para estruturação deste processo através da utilização do comércio eletrônico, é baixo. A empresa estudo de caso 1 tem um nível de utilização do processo de compras de materiais médio de 55%. Isto principalmente porque este processo esta direcionado para atividades operacionais. A empresa estudo de caso 2 tem um nível de utilização do processo de compras de materiais médio de 60%, similarmente a empresa 1, este processo está focado em atividades operacionais. A empresa estudo de caso 3 tem um nível de utilização médio de 83%. O processo de compras de materiais desta empresa foi utilizado como um referencial porque ele apresenta vários aspectos interessantes no que diz respeito ao comércio eletrônico. Entretanto, o modelo de comércio eletrônico adotado pela empresa estudo de caso 3 não pode ser aplicado diretamente às empresas de construção, para tanto é necessário aprimorar este modelo com atividades que devem fazer parte da rotina das empresas de construção. 212 Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 O Processo de Compras de Materiais Capítulo 3 O Comércio Eletrônico Capítulo 4 Método de Pesquisa Capítulo 5 Estudos de Caso Capítulo 6 Proposta de Diretrizes para Estruturar o Processo de Compras de Materiais Capítulo 7 Conclusão Capítulo 7 Conclusão 213 7.1 CONCLUSÕES GERAIS A presente dissertação permitiu verificar que existe um volume significativo de práticas e competências profissionais que precisam ser incorporadas no processo tradicional de compras de materiais da construção civil a fim de preparar este processo para a prática a implantação plena do comércio eletrônico. O estudo mostrou que a falta destas práticas e competências resultam em um nível de eficiência no processo de compras muito abaixo ao verificado em outro setor industrial. A título de ilustração, enquanto um dos estudos de caso apresentou um tempo de ciclo médio de 20 dias para concretizar as operações de compra, na empresa de manufatura estudada este ciclo não passava de 1 dia. De forma geral, entre as competências e práticas identificadas que necessitam especial atenção no setor pode-se citar que a área de compras deve atuar na fase de projetos e especificações e na realização do planejamento das obras. Além disso, esta área deve realizar o planejamento das aquisições e, principalmente, focar os esforços para a formação de parcerias com os fornecedores, visto que esta etapa é crucial para o sucesso da implantação da compra pró-ativa e do comércio eletrônico. A pesquisa permitiu verificar a validação dos seguintes objetivos e hipóteses: Objetivo 1: realizar um levantamento da sistemática atual do processo de compras de materiais que está sendo utilizada em empresas representativas do setor da construção. Hipótese 1: o processo de compras de materiais das empresas de construção estudadas está direcionado para atividades operacionais, ou seja, apresenta baixo enfoque estratégico. Através da realização de um levantamento da sistemática atual do processo de compras de materiais em duas empresas representativas do setor da construção foi verificado que o nível de utilização das diretrizes características da compra pró-ativa é baixo. 214 Conforme dados apresentados no capítulo 6, o Estudo de Caso 1 evidenciou um nível de utilização geral destas diretrizes da ordem de 55% enquanto o Estudo de Caso 2 evidenciou 60% de utilização. Quando se verifica o nível de utilização somente das operações estratégicas, concluí-se que os estudos de caso 1 e 2 apresentaram um nível de utilização ainda mais baixo. O Estudo de Caso 1 atingiu um nível de utilização de 22% e o Estudo de Caso 2 alcançou 19%. Já a empresa de referência apresentou um nível de utilização de 84 %, conforme ilustra o Quadro 79 do Anexo 4 desta dissertação. Estes dados corroboram com o resultado obtido na utilização da planilha de maturidade estratégica desenvolvida por JONES (1997), que aplicado aos Estudos de Caso 1 e 2 mostram um "nível primitivo" e o Estudo de Caso 3 o "nível avançado" de maturidade estratégica do processo de compras de materiais. Objetivo 2: Verificar o nível de maturidade dos sistemas de informação e identificar o estágio estratégico do processo de compras de empresas construtoras; Hipótese 2 - Parte 1: O nível de maturidade dos sistemas de informação utilizados pelas empresas de construção estudas é baixo. Isto porque grande parte das atividades que fazem parte do processo de compras de materiais não estão integradas e padronizadas. Através da verificação do nível de maturidade dos sistemas de informação e da identificação do estágio estratégico do processo de compras de empresas construtoras, utilizando a escala proposta por BAILY et al. (1983) verificou-se a seguinte situação: o Estudo de Caso 1 encontrava-se no "nível primitivo" e o Estudo de Caso 2 no "nível de concientização" de maturidade dos sistemas de informação. Estes dados corroboram com os resultados obtidos com a verificação do nível de utilização dos equipamentos e softwares, ilustrado no Quadro 79 do Anexo 4, onde o Estudo de Caso 1 atingiu um nível de 37% e o Estudo de Caso 2 alcançou 67%. Já a empresa de referência apresentou um nível de utilização de equipamentos e softwares utilizados na ordem de 93%. Hipótese 2 - Parte 2: As decisões de compras são focadas no preço, sendo 215 que o comprador age como um mero executor de pedidos; Através da verificação do grau de competência do comprador, verificou-se que os Estudos de Caso 1 e 2 encontram-se no "nível 1" da escala proposta por BARNES e MACTAVISH, o qual corresponde ao nível mais baixo dos três níveis de classificação propostos por estes autores. Esta situação é resultado da rotina utilizada pelos compradores para realizar a compra dos materiais. Conforme relatado no capítulo 5 desta dissertação, os compradores das empresas Estudo de Caso 1 e 2 fazem uma planilha comparando o preço dos materiais de 3 fornecedores e, na maior parte dos casos, a escolha é dada para aquele fornecedor que apresentou o menor preço. Além disto, verificou-se também que o comprador age como um mero fazedor de pedidos, visto que, suas atividades estão focadas na cotação, análise, aprovação do pedido de compras e envio para o fornecedor. Objetivo 3: Desenvolver diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais das empresas de construção para possibilitar a implantação do comércio eletrônico neste setor; Hipótese 3: A rotina do processo de compras de materiais das empresas de construção estudadas é insuficiente para implantar o comércio eletrônico neste processo. Nos Estudos de Caso 1 e 2 levantou-se a existência de uma rotina para realizar o processo de compras de materiais. No Estudo de Caso 1 esta rotina estava documentada (procedimentos da ISO 9002) e no Estudo de Caso 2 uma rotina de compras era seguida, mas não estava documentada. Através da comparação das diretrizes desenvolvidas com a sistematização e padronização utilizada pelos Estudo de Caso 1 e 2 foi possível verificar que estas rotinas não possuíam todos os pré-requisitos necessários para a implantação da compra pró-ativa. A comprovação deste fato está no baixo nível de utilização das diretrizes desenvolvidas atingido pelos Estudo de Caso 1 e 2 (EC 1 = 55%, EC 2 = 60%), conforme foi relatado no capítulo 6 desta dissertação. 216 7.2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS Para subsidiar os estudos de campo foi necessário o aprofundamento do conhecimento acerca dos conceitos descritos na bibliografia relacionados ao processo de compras de materiais e também ao comércio eletrônico. O resultado da revisão realizada foi condensado nos capítulo 2 e 3. Nestes capítulos buscou-se interpretar para o contexto da construção, os conceitos modernos de compras e as tipologias de comércio eletrônico. Com respeito a esta revisão de literatura pode ser destacado as seguintes conclusões: As iniciativas internacionais, descritas na literatura, que visam a estruturação do processo de compras de materiais de uma forma pró-ativa foram intensificadas a partir da década de 90. Isto aconteceu, principalmente, porque a grande competitividade interna desta época, principalmente nos EUA e Europa, exigiu que as compras fossem realizadas de forma mais ágil e eficiente. Nesta época, algumas indústrias do mercado perceberam a importância do processo de compras de materiais e direcionaram os esforços para melhorar a sua eficiência e eficácia, como é o caso da IBM, da Xerox, da Nissan, da Ford e da Hewlett Packard (BAILY et al, 2000). Uma ferramenta da Tecnologia da Informação bastante utilizada por estas empresas para contribuir no aumento da eficiência do processo de compras é o comércio eletrônico. O comércio eletrônico, a nível geral, principalmente o B2B, ainda está em fase de aceitação pelos usuários e pelas indústrias. Em relação à construção civil, percebeu-se que existe um número de pesquisas limitado (artigos, periódicos) sobre comércio eletrônico, porque isto ainda é algo novo para o setor. Com a análise da bibliografia consultada percebeu-se que as pesquisas estão mais concentradas em estudos que envolvem a Tecnologia da Informação isoladamente. Uma grande lacuna encontrada na bibliografia consultada refere-se à instrumentos para implantação do comércio eletrônico nas rotinas das empresas do mercado em geral. 217 Através da busca de soluções em uso de comércio eletrônico para a indústria da construção civil, também percebeu-se que ainda estão em fase de amadurecimento. Os modelos existentes ainda necessitam de investimentos em relação ao cadastro de fornecedores, padronização de materiais, agilidade de entrega e principalmente na busca de clientes potenciais. 7.3 DIRETRIZES PROPOSTAS Foram propostas diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais das empresas de construção para preparar as mesmas para a implantação do comércio eletrônico na indústria da construção. Estas diretrizes foram apresentadas no capítulo 6 desta dissertação e tem como foco a pró-atividade do processo de compras de materiais. Entre as conclusões que se podem obter sobre as diretrizes propostas, destacam-se: a) Mudança na forma de comprar As diretrizes desenvolvidas apresentam uma significativa alteração na forma de realizar a compra de materiais. Na bibliografia consultada referente à compra tradicional (reativa) e a compra pró-ativa verificou-se que o usuário emite uma "solicitação de compra de materiais". Durante a concepção das diretrizes foi considerado que o usuário emitirá uma "solicitação de entrega de materiais", visto que as negociações e fechamento da compra já foram realizadas anteriormente. Desta forma, conclui-se que esta mudança na forma de comprar é uma contribuição para a literatura sobre administração de materiais na construção civil. b) Aspectos de utilização As diretrizes desenvolvidas podem ser utilizadas por empresas de construção que queiram ou não implantar o comércio eletrônico no processo de compras de materiais. Estas diretrizes podem ser úteis para empresas que desejam 218 padronizar e verificar a eficiência do processo de compras, como por exemplo as empresas que desejam implantar a ISO 9000. A análise do nível de utilização das diretrizes desenvolvidas também pode ser utilizada como uma forma de mensurar a maturidade das empresas de construção quanto a utilização de conceitos estratégicos. É importante lembrar que as diretrizes desenvolvidas foram baseadas na revisão da literatura, na rotina dos estudos de caso e na experiência da autora. Para verificar a efetividade destas diretrizes faz-se necessário aplicá-las no processo de compras de materiais das empresas de construção do mercado. c) Competências que faltam na construção Com a implantação das diretrizes para estruturar o processo de compras de materiais, o foco das atividades desenvolvidas pelos compradores do setor da construção civil é alterado (ex: negociação em grandes lotes, realização de planejamento, relacionamento com fornecedores, etc.) e passam a ter um novo papel fundamental dentro deste processo. O uso das diretrizes propostas exigem uma mudança de competências de modo que é necessário realizar uma alteração no currículo de competência dos profissionais de compra incluindo atividades de negociação, de planejamento, de projetos e especificações e principalmente de técnicas para criação de parcerias com fornecedores. Através destas mudanças de competências, o perfil do comprador das empresas de construção deve mudar. O comprador deixa de ser um profissional preocupado em receber as requisições e efetuar a compra dos materiais e passa a ser um negociador focado nos fatores estratégicos da empresa e não somente no custo unitário do material. 219 7.4 OS ESTUDOS DE CASO Os estudo de caso 1 e 2 permitiram detectar que embora haja uma rotina para realização do processo de compras de materiais nas empresas de construção estudadas, não foram observadas práticas características da abordagem pró-ativa. Evidenciou-se que a área de compras destas empresas estão direcionadas para atividades operacionais que envolvem o processo de compras. Além disto, a alta gerência destas duas empresas Estudo de Caso não estavam comprometidas com a pesquisa e consciente quanto aos resultados positivos potenciais que esta estruturação poderia trazer para a empresa. Quanto ao estudo de caso 3, concluiu-se que o processo de compras de materiais desta empresa tem um nível de maturidade alto e oferece uma quantidade considerável de práticas que podem ser transferidas ao processo de compras de materiais das empresas de construção. O fator mais marcante percebido durante a coleta de dados nesta empresa refere-se ao comprometimento da alta gerência e dos envolvidos com compras quanto à implantação do comércio eletrônico neste processo. 7.5 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A realização desta dissertação suscitou a consideração da necessidade de futuras pesquisas relacionadas ao tema abordado, podendo-se citar: a) Elaboração de um método de intervenção no processo de compras de materiais nas empresas de construção, utilizando das diretrizes desenvolvidas; b) Investigação sobre critérios de escolha de modelos de comércio eletrônico apara a construção civil; 220 c) Avaliação das mudanças da relação cliente x fornecedor no macrocomplexo da construção com a implantação do comércio eletrônico (enfoque na mudança do poder de barganha ou relações de poder); d) Método para avaliação de competência de recursos humanos para implantar o comércio eletrônico na indústria da construção; e) Investigação dos gargalos da capacidade logística existente para implantação do comércio eletrônico na indústria da construção; f) Como integrar o comércio eletrônico com outras ferramentas da Tecnologia da Informação. 221 Referências 222 ALBERTIN, L. 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A aluna em questão já finalizou os créditos necessários para a conclusão do mestrado e está realizando sua dissertação de mestrado, cujo objetivo dessa pesquisa é criar um método para o processo de compras de que venha viabilizar a implantação do comércio eletrônico na construção civil e empresas do mercado em geral. Para conseguir alcançar esse intento será necessário conhecer a metodologia usual das empresas de engenharia. Dessa maneira, solicitamos a sua aquiescência para que a aluna possa realizar um diagnóstico da situação atual do setor de suprimentos de sua empresa, com a finalidade de sugerir melhorias ao processo atual através de análise que será realizada em outros setores da indústria brasileira e de nível internacional. O prazo para a execução do trabalho será definido entre as partes ficando a critério da a empresa estudo de caso 2 os melhores dias e horários para a realização das visitas e encontros com os responsáveis pela área. Atenciosamente. Prof. Mauro Lacerda Santos Filho Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil 231 Anexo 2 Fluxograma detalhado de atividades do Estudo de Caso 1 232 FIGURA 41 - FLUXOGRAMA DETALHADO DE ATIVIDADES DO ESTUDO DE CASO 1 Análise T écnica E ng°S up. N S N INÍCIO Solicitação de Materiais A dm. Obra SM está OK ? E ng°S upr. S Materiais são convencionais? E ng°S up. S Consulta Estoque T ec. S upr. Há Estoque ? T ec. S up. Separar M aterial Tec. Supr. N Algum desvio? Comprador A nálise do Mapa de Cotação C omprador R ecebimento relação materiais Comprador E missão relação de materiais Comprador S Fornecedores cadastrados? Comprador Cotação T ec. S upr. N s Solicitação de aprovação Comprador Buscar novos fornecedores Comprador Negociar C omprador Pedido de C ompras O K? G erente Supr. S Aprovação Gerente Sup. D istribuição Comprador Pedido de Com pras Comprador Recebimento do Material Almoxarife Utilização do Material O bra Material ok? Almoxarife D istribuição da Nota Fiscal O bra N PC pode ser enquadrado? E ng°S up. N Negociação Eng° S up. C orreção do Pedido de C ompra C omprador N E nvolve Comprador Almoxarife Recebimento da Nota Fiscal T ec. S up. Liberação Comprador C onferência da Nota Fiscal T ec. S up. Emissão da NFp/ setor financeiro T ec. S up. Conv enção N egociação Gerente Sup. Atividade R esponsável S Necessário negociar prazo? S etor financeiro N P agamento da Nota Fiscal S etor financeiro FIM 233 N egociação com o fornecedor Tecn. Sup. S N H á distorções na N ota Fiscal? Tecn. Sup. 244 Anexo 3 Fluxograma detalhado de atividades do Estudo de Caso 2 Distribuição PC para obra, expedição e administrativo Aux. Adm. Aprovação Gerente Efetua a compra Comprador INÍCIO DA OBRA S S Recebimento do material Expedição ou Obra N Posso efetuar a compra? Comprador Abertura do Centro de Custos da obra N 243 FIM Liberação Comprador Emissão da NFp/ setor financeiro Aux. Adm. Envio da NF p/ matriz Expedição Recebimento relação materiais dos fornecedores Comprador Pagamento da Nota Fiscal Setor financeiro Utilização do Material Obra Análise do Mapa de Cotação Comprador Consulta Estoque Almox.Matriz Envolve Comprador Almoxarife N Material ok? Almoxarife Confrontação NF com PC Expedição ou Obra Negociar Comprador S Algum desvio? Comprador Solicitação de Materiais Encar. Obra Há Estoque ? Almox.Matri z S Aprovação Gerência Lançamento do PM c/ NF no sistema Aux. Adm. Emissão relação de materiais p/ fornecedores Comprador Separar Material Expedição N FIGURA 42 - FLUXOGRAMA DETALHADO DE ATIVIDADES DO ESTUDO DE CASO 2 N S Há distorções na Nota Fiscal? Secretária S Conferência da NF e importação p/ outro sistema Contabilidade Verifica preço da compra anterior Comprador Entrega PM p/comprador Almox. Matriz S Atividade Responsável Convenção Conferência da NF Secretária Há distorções na Nota Fiscal? Contabilida de N Buscar novos fornecedores Comprador Fornecedor es cadastrados ? Comprador N N Materiais são realmente necessários ? Comprador S Análise Técnica Eng°Manut. ou Gerência