Environmental Issues Ana Drulla Juliano P. Abelardino da Silva Thamy Soavinsky • Os problemas ambientais tiveram um aumento gradual em escala mundial nos últimos 50 anos, ocasionados principalmente pela globalização. Globalização • É um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e política, que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global que permita maiores mercados para os países centrais (ditos desenvolvidos) cujos mercados internos já estão saturados. • Os impactos da globalização da economia sobre o meio ambiente decorrem principalmente de seus efeitos sobre os sistemas produtivos e sobre os hábitos de consumo das populações. Alguns desses efeitos têm sido negativos e outros, positivos. • Um mesmo produto final é feito com materiais, peças e componentes produzidos em várias partes do planeta. Produzem-se os componentes onde os custos são mais adequados. E os fatores que implicam os custos de produção incluem as exigências ambientais do país em que está instalada a fábrica. Este fato tem provocado em muitos casos um processo de "migração" industrial. Indústrias são rapidamente montadas em locais onde fatores como disponibilidade de mão-deobra, salários, impostos, facilidades de transporte e exigências ambientais, entre outros, permitem a otimização de custos. Como a produção de componentes é feita em escala global, alimentando indústrias de montagem em várias partes do mundo, pequenas variações de custos produzem, no final, notáveis resultados financeiros. • Há uma clara tendência, na economia mundial, de concentrar-se nos países mais desenvolvidos atividades mais ligadas ao desenvolvimento de tecnologias, à engenharia de produtos e à comercialização. Por outro lado, a atividade de produção, mesmo com níveis altos de automação, tenderá a concentrar-se nos países menos desenvolvidos, onde são mais baratos a mão-de-obra e o solo e são contornadas, com menores custos, as exigências de proteção ao meio ambiente. • Outro fator que tem exercido pressão negativa sobre o meio ambiente e que tem crescido com a globalização da economia é o comércio internacional de produtos naturais, como madeiras nobres e derivados de animais. Este comércio tem provocado sérios danos ao meio ambiente e colocado em risco a preservação de ecossistemas inteiros. • A medida mais eficaz para evitar ou minimizar os efeitos deletérios dessas e de outras conseqüências da globalização sobre o meio ambiente seria a adoção, por todos os países, de legislações ambientais com níveis equivalentes de exigências. O fortalecimento das instituições de meio ambiente, principalmente dos órgãos encarregados de implementar e manter o cumprimento das leis, é igualmente fundamental. Para isto, seriam necessárias, além de ações dos governos dos países em desenvolvimento, assistência econômica e técnica das nações mais ricas. • Mas a globalização da economia oferece também perspectivas positivas para o meio ambiente. Até pouco tempo era comum a manutenção, até por empresas multinacionais, de tecnologias ultrapassadas em países mais pobres e com consumidores menos exigentes. A escala global de produção tem tornado desinteressante, sob o ponto de vista econômico, esta prática. É o caso, por exemplo, dos automóveis brasileiros. Enquanto a injeção eletrônica era equipamento comum na maior parte do mundo, por aqui fabricavam-se motores carburados, de baixa eficiência e com elevados índices de emissão de poluentes. • Com a abertura do mercado brasileiro aos automóveis importados, ocorrida no início desta década, a indústria automobilística aqui instalada teve que se mover. Rapidamente, passou-se a utilizar os mesmos motores e os mesmos modelos de carrocerias usadas nos países de origem das montadoras. É claro que isto causou impacto sobre a indústria nacional de autopeças, pois uma grande quantidade de componentes, principalmente os mais ligados à eletrônica, passaram a ser importados, o que antes não era possível, dado o caráter fechado que até então dominava o nosso mercado interno. Fundamentos Normativos para uma Geopolítica Ambiental nas Relações Internacionais Comparação Kantiana • As ameaças contextuais de guerra inspiraram Kant a escrever sobre os mecanismos internacionais para garantir a Paz Perpétua; • As ameaças ao meio ambiente, à natureza, provocou uma série de leituras neokantianas. Concepção clássica x Nova concepção Concepção clássica: • Geopolítica se baseia nas discussões de segurança nacional; • Busca saber se a problemática ambiental tem efeitos na escala global e nacional, para apreender os efeitos que a questão ambiental pode trazer na soberania nacional, na balança de poder. *Segurança nacional : narcotráfico, terrorismo, crime organizado, tráfico de armas, conflitos étnicos, etc. Nova concepção: • Geopolítica baseada no uso do direito e da razão de fundamentação kantiana, visa a cooperação internacional. Geopolítica clássica X Geopolítica ambiental Geopolítica clássica • A clássica tem uma visão cartesiana do espaço mundial, é estadocêntrica, hierarquizada e locus dos fenômenos políticos, econômicos e culturais por meio de uma representação generalista que separa as unidades territoriais, diferenciação entre estado nacional e estado internacional. • Meio ambiente como MEIO de recursos naturais, ligado ao espaço territorial e à vontade do Estado. Geopolítica ambiental • Não é estadocêntrico; é interdependente; • Repensa no plano espacial do Estado ; • Meio ambiente como FIM internacional de inquietação diante da degradação do planeta, da emissão de gases causadores do efeito estufa e do aquecimento global. Sensibilidade e Vunerabilidade • Os efeitos dos problemas e das discussões ambientais são recíprocos entre atores, porém cria vunerabilidades e sensibilidades assimétricas. • Impactos físicos: - alguns Estados consomem um grande volume de recursos da Terra, , outros Estados (EM MAIOR NÚMERO) consomem um pequeno volume; - mudanças climáticas atigem países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, - por mais que os países desenvolvidos sejam mais sensíveis a crise ambiental, os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos são mais vulneráveis, ou seja vão demorar mais tempo para se recuperarem em relação à uma mudança climática, sendo que são os que menos emitem gases e consomem um pequeno volume. Meio ambiente e relações internacionais: perspectivas teóricas, respostas institucionais e novas dimensões de debate 1) O que é o problema ou crise ambiental? 2) Porque a gestão deve ser coletiva? • Mundo: interações políticas, econômicas e sociais entre os indivíduos do globo. • Terra: capacidade de apreensão do conjunto das coisas físicas e naturais. 1 resposta) A crise seria uma desarmonia, uma incongruência entre Mundo e Terra, ou seja, entre um espaço físico e um outro socialmente construído. 2 resposta) Muitos analistas lembram que as fronteiras territoriais e dos Estados-Nação pode agir como causas para guerras, em um sistema internacional que não possui autoridade central. Outros analistas não vêem necessidade de uma autoridade central para manter a ordem de um sistema internacional que é formado por muitas regras e princípios que influenciam o comportamento dos Estados. • O pensamento ambiental ou ecológico tem três tipos de visões, tanto para a teoria de crise ambiental como para solução, são elas: 1) Pensamento antropocêntrico que considera a Terra como um conjunto de recursos à disposição da sociedade. exemplo: Bíblia e economia clássica de Thomas Malthus. • crise ambiental definida como: recursos finitos para uma população exponencialmente crescente. • solução: próprio equilíbrio natural do homem (exemplo: fome, controle populacional) 2) Pensamento geocêntrico : "Terra" englobaria o "Mundo", ou seja, junção entre o espaço físico e o socialmente formado. exemplo: hipótese de Gaia • hipótese de Gaia: é hipótese controversa em ecologia profunda que propõe que a biosfera e os componenetes físicos da Terra (atmosfera, criosfera, hidrosfera e litosfera) são intimamente integrados de modo a formar um complexo sistema interagente que mantêm as condições climáticas e biogeoquímicas preferivelmente em homeostase. 3) Concilia as abordagens antropocêntricas e as geocêntricas. • crise ambiental definida como: crescimento econômico ininterrupto e exaustão de recursos naturais. • solução: desenvolvimento sustentável. • Se a crise é baseada na incongruência; a solução deve ser baseada na convergência. Três abordagens para analisar o problema da gestão coletiva do meio ambiente . Abordagens organizacionais: • O surgimento dessas abordagens surgiu a partir da discussão de "governo mundial" e da necessidade de legalização das relações interestatais. • Existem três categorias iniciais do estudos das OI´s: 1) estudo das instituições formais, busca o que são as OI´s, considerando que a governança internacional seria qualquer coisa que estas organizações façam. 2) estudo dos processos institucionais das OI´s desvendando como estas se constituem e funcionam, com atenção especial a ONU 3) categoria "papel organizacional" é aquela cujos enfoques constariam na gestão de bens comuns e novamente, na tradição de "governo mundial“. Regimes Internacionais Ambientais: • Todo o conjunto de princípios, valores, normas, regras e tratados que ocorrem por meio de negociações entre governos e organizações internacionais, que têm como objetivo responder cooperativamente questões ou problemáticas específicas. • Ou seja, por mais que o sistema internacional não tenha uma autoridade central, regras implícitas e explícitas colaboraram para uma coesão e cooperação estatal. • Nem todos os atores concordaram com esse conceito, existe uma divisão em quatro correntes para a Teoria de Regimes Internacionais. -estrutural -estratégica ou teoria dos jogos -funcional -cognitiva • Ou divisão em três correntes: neoliberais, realistas e cognitivistas • Funcional ou neoliberal: neoliberal pois se baseia na teoria microeconômica e funcional porque sugere aos Estados idéias que levariam a resultados "ótimos". • Nesse grupo se encaixa também as abordagens estratégicas ou de Teoria dos Jogos. • Estrutural ou realista: nesse caso, o poder é a variável central, influencia fortemente a possibilidade de formação ou de declínio dos regimes internacionais (regras). • Cognitiva ou cognitivista: raízes na filosofia da ciência e na sociologia; visa percepções, aprendizados e identidades do grupo. • Mesmo sendo ideal para solução de problemas no sistema internacional, a Teoria de Regimes Internacionais não é um fato global, pois há uma desarmonia entre os problemas e as possíveis soluções. Governança global: • “É um sistema de ordenação que depende de sentidos intersubjetivos, mas também de constituições e estatutos formalmente instituídos ." • Conjunto de todos os regimes internacionais, expansão do projeto liberal em escala global; • Autores admitem uma imprecisão no conceito de governança global. • A governança não é global, porque o mundo é parcialmente globalizado. Respostas Institucionais: • Foram criadas para trazer respostas às crises ambientais passadas (poluição e maré negra) ou anunciadas; • Finalidade de estabelecer mecanismos de governança ambiental; • Pela falta de capacidade do Estado agir. São divididas em quatro: • Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) • CDS (Comissão de Desenvolvimento Sustentável) • Onuma (Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente) • OSC (Organizações da Sociedade Civil) Segurança e meio ambiente: • "O meio ambiente não deve ser entendido apenas como um conjunto de recursos que devem ser protegidos para assegurar o bemestar do homem. Ao contrário, uma nova abordagem para a segurança deve garantir a vida, a participação e a legitimidade, não exclusivamente a satisfação pessoal..." • A segurança em nível global garantiria a criação de condições para a gestão coletiva do meio ambiente, a implementação de opções coletivamente aceitas, a efetividade e legitimidade da governança ambiental. A influência das Questões Ambientais nas novas noções de Segurança Internacional Da Crise do Realismo à Segurança Global • Rafael Villa (Novas Noções de Segurança) - visão realista de segurança sob alguns contextos da contemporaneidade é inadequada Três novas noções apresentadas: • Segurança Econômica • Segurança Societal • Segurança Ecológica O conceito de segurança para a vertente teórica realista • definição defensiva e nacional de segurança (sob uma dimensão militar) – Garantir a perpetuação dos elementos originários do Estado (território, povo, poder organizado e soberano) – conotação de segurança individual, não internacional. • “Balança de Poder” como mecanismo normativo. – Guerra Fria O conceito de segurança para a vertente teórica realista • não há uma distinção clara entre os conceitos de Segurança Internacional e Segurança Nacional (Estatal). O SURGIMENTO DAS NOVAS NOÇÕES DE SEGURANÇA • anos 70, desenvolvimento das sociedades capitalistas e formação de uma sociedade global. • crises do petróleo: interdependência dos Estados e o caráter finito do principal recurso energético explorável • deslocamento do debate Leste-Oeste para Norte-Sul: – descolonização de muitos países – formação de uma real comunidade global das nações • crescimento populacional mundial : pressões sobre os recursos naturais O SURGIMENTO DAS NOVAS NOÇÕES DE SEGURANÇA • As questões econômicas, ecológicas e populacionais configuram-se como um problema de segurança global e internacional. O SURGIMENTO DAS NOVAS NOÇÕES DE SEGURANÇA • a idéia precedente de natureza como fonte inesgotável de recursos, começa a ser questionada • consumo indiscriminado começa a revelar suas conseqüências: – efeitos ambientais para além das fronteiras: • • • • • • • chuva ácida buraco na camada de ozônio aumento da temperatura global (efeito estufa) desertificação de áreas férteis cultiváveis desmatamento extinção de espécies animais poluição de rios (comprometendo o abastecimento d’água) Segurança Ecológica • Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente Humano (PNUMA) • Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum”) – meio ambiente não existe ‘como uma esfera desvinculada de ações, ambições e necessidades humanas’ O conceito de Segurança Ecológica • A ausência ou controle de ameaças ao bemestar dos cidadãos de uma ou várias unidades territoriais • superação da visão realista – medidas políticas e técnicas não podem mais ser restritas ao âmbito nacional – abalo à autonomia estatal • nova concepção sistêmica • característica permeável das fronteiras • Coloca-se o desafio de uma nova ordem internacional, que exige dos Estados uma administração conjunta multilateral, marcada pela cooperação e construção conjunta de políticas para o combate dos problemas ambientais contemporâneos. Os múltiplos tratados que vêm sendo firmados no cenário internacional deflagram esta tendência e esta nova noção de segurança. Bibliografia: textos : • Environmental Issues ; • Fundamentos Normativos para uma Geopolítica Ambiental nas Relações Internacionais; • Meio ambiente e relações internacionais: perspectivas teóricas, respostas institucionais e novas dimensões de debate;