Diário do Comércio - Especial - Maçonaria
Sábado, 1 de Outubro de 2005
Grão-Mestre do Grande Oriente Paulista, Durval de Oliveira, na sede da Potência Maçônica filiada à Confederação
Maçônica do Brasil (COMAB)
Numa ação orquestrada, sob o olhar cúmplice de seus pares, age na disputa pela terceira cadeira mais
importante do País uma instituição presente nos livros de história, mas ausente do noticiário atual: a
Maçonaria. Em suas mãos figuram nada menos que 56 deputados, oito senadores e ao que se sabe
(outros podem estar ocultos) dois candidatos à presidência da Câmara: os deputados Michel Temer
(PMDB-SP) e Francisco Dornelles (PP-SP).
Juntos, os maçons militam em favor de um projeto de poder: garantir que ‘líderes de fato’ –
preparados pela instituição e comprometidos com seus próprios valores e virtudes possam ocupar os
mais altos cargos da administração pública e privada. Reunidos em uma sociedade restrita, onde o
ingresso de um novo membro depende da indicação de outro, eles se fortalecem e se expandem sob o
anonimato.
Ernesto Rodrigues/AE
Força – A força desta instituição milenar – que em sua lista de expoentes
traz Mozart e Voltaire, entre outros – foi responsável por colocar no poder
pelo menos 13 presidentes da República (o último teria sido Jânio
Quadros), inúmeros vice-presidentes e presidentes de Câmara, e poderá
determinar o desfecho de mais um governo – no caso o do próprio
presidente Lula, que diante da ameaça entrou pessoalmente na articulação
da candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-AL).
Os representantes da Maçonaria têm, por juramento, a obrigação de
investigar a verdade até as últimas conseqüências (objetivo primordial da
ordem), mesmo que isso implique em admitir o erro e cortar 'na própria
carne'. "Temos irmãos em postos-chave. Podemos acompanhar tudo o que
acontece. Há membros em todas as CPMIs, na Câmara e no Senado... eles
estão alertas para que os nossos mandamentos não sejam transgredidos",
afirma Durval de Oliveira, Grão-Mestre do Grande Oriente Paulista .
Expoentes políticos que já sentiram o peso do martelo maçônico foram o
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De cima para baixo:
letra G, símbolo dos
questionamentos.
Estrela de 5 pontas: o
homem perfeito. Coluna:
símbolo dos opostos, da
vida e da morte.
Cadeiras no interior da
Loja e chão em xadrez:
a diversidade do globo e
das raças, unidas pela
Maçonaria.
Diário do Comércio - Especial - Maçonaria
Beto Barata/AE/15-09-05
Michel Temer (com
Orestes Quércia), em
encontro do PMDB em São
Paulo, na última sextafeira (topo): uma disputa
entre 'irmãos' com
Francisco Dornelles
(acima, com o também
candidato Thomaz Nonô).
ex-vereador de São Paulo Hannah Garib e o ex-governador de São Paulo,
Orestes Quércia (afastado). Os maçons evitam falar sobre o assunto mas
punem com rigor qualquer tipo de transgressão comprovada entre seus
pares. Desvios de conduta são investigados internamente e ajuizados por
um tribunal especial– o que pode acabar em expulsão e total boicote social.
Bastião da ética – Guardiã da moral e da independência, a Maçonaria age
com desenvoltura no Congresso Nacional e expande seus tentáculos toda
vez que a credibilidade dos partidos é colocada em xeque. "Onde está um
maçom há uma confiabilidade maior, pela instrução que ele recebe",
explica Durval de Oliveira. Toda a estrutura interna da irmandade é
constituída para que nenhum tipo de desordem passe despercebido.
"Funcionamos como uma escola de líderes em várias etapas. Do zero ao
grau 33 são necessários pelo menos 12 anos, formação equivalente a duas
faculdades", explica.
Comenta-se, à boca pequena, que estaria em curso dentro da irmandade
os primeiros trâmites para levar à julgamento o ministro da Fazenda
Antonio Palocci. Há, porém, uma grande controvérsia entre seus pares.
Muitos maçons afirmam desconhecer a participação do ministro. Outros
defendem que o único vínculo de Palocci com a ordem estaria nos três
pontinhos acompanhados em sua assinatura.
Eminência parda – Longe dos holofotes, um estado paralelo trabalha à parte, silenciosamente, com
seu respectivo Executivo, Legislativo e Judiciário. No Brasil é formado por 180 mil maçons ativos –
aqueles que têm pelo menos 70% de freqüência nas reuniões. Nesse contingente destacam-se
sobretudo políticos, empresários, advogados, líderes religiosos e comunitários sob a égide do Grande
Oriente do Brasil, a Grande Loja e o Grande Oriente Paulista. "Não somos quantitativos e sim
qualitativos", explica o Grão-Mestre do Grande Oriente Paulista, cargo equivalente ao da presidência
desta ordem no estado de São Paulo.
Do anonimato à ação, contra a corrupção.
Neste mês de setembro, o Grande Oriente do Brasil, instância superior dos Grandes Orientes
estaduais, após ampla reunião em Brasília, decidiu conclamar a sociedade brasileira na luta contra a
corrupção. "Devemos confiar e cobrar para que tudo se esclareça nas CPMIs, afirmando que, pelos
fatos delituosos e a quebra de decoro parlamentar, os culpados sejam exemplar-mente punidos". O
Grande Oriente Paulista foi além: "Conclamamos o povo brasileiro a exigir, dos seus representantes,
que não se envolvam em manipulações, negociações e conchavos cujo objetivo é, quase sempre, de
preservação pessoal em detrimento do povo e do país. Que os verdadeiros responsá-veis sejam
execrados". (TN)
Do anonimato à
ação, contra a
corrupção.
Manifestos da maçonaria
do Rio e de São Paulo
publicados nos jornais
cobram punição aos
corruptos.
Neste mês de setembro, o
Grande Oriente do Brasil,
instância superior dos
Grandes Orientes
estaduais, após ampla
reunião em Brasília,
decidiu conclamar a
sociedade brasileira na
luta contra a corrupção.
"Devemos confiar e
cobrar para que tudo se
esclareça nas CPMIs,
afirmando que, pelos
fatos delituosos e a
quebra de decoro
parlamentar, os culpados
sejam exemplar-mente
punidos". O Grande
Oriente Paulista foi além:
"Conclamamos o povo
brasileiro a exigir, dos
seus representantes, que
não se envolvam em
manipulações,
negociações e conchavos
cujo objetivo é, quase
sempre, de preservação
pessoal em detrimento do
povo e do país. Que os
verdadeiros responsá-veis
sejam execrados". (TN)
Clique para ampliar
'Bancada' de
peso
A maçonaria sempre
atuou nos bastidores
da vida pública. Se não
fosse apartidária, sua
Dias, Viana, Raupp e Cavalcanti: partidos diferentes, mas com ideais comuns,
bancada teria a 4ª
na luta pela ética e a verdade. Assim como Covas.
maior
representatividade na Câmara (56), atrás apenas do PT, PMDB e PFL e seria a 5ª no Senado (8). Mas
o que justamente lhe confere força é sua capilaridade, que se estende nas mais diversas esferas do
poder municipal, estadual e federal.
À frente até mesmo dos programas partidários, se interpõem no cotidiano de um político maçom o
compromisso com a investigação da verdade, o exame da moral e a prática das virtudes. Tarefa que
o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) vem executando com maestria na CPMI dos Correios, apoiado
direta ou indiretamente por 'irmãos' senadores como Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Tião Vianna (PTAC) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
Voto alinhado – Recentemente, os deputados maçons
votaram em bloco pela cassação de Roberto Jefferson –
por compromisso com a ética exigida nas regras do
decoro, num dos raros momentos em que alinharam o
voto.
http://www.dcomercio.com.br/especiais/maconaria/ (2 of 4)1/10/2005 18:02:54
Manifestos da maçonaria
do Rio e de São Paulo
publicados nos jornais
cobram punição aos
corruptos.
Diário do Comércio - Especial - Maçonaria
Ao contrário da bancada evangélica – maior em número
de deputados (59) mas menor em senadores (4) – a
maçônica não se une em torno de projetos mas sim de
valores compartilhados. Mas apóiam governos
considerados 'fortes e progressistas' – principalmente
quando ostentam irmãos em seu comando – a exemplo dos ex-governadores Mário Covas (PSDBSP), Espiridião Amin (PPB-SC) e Newton Cardoso (PMDB-MG). (TN)
Maçonaria sempre presente
Maçons marcaram presença nos principais momentos da história do país
Divulgação/Correios
Por Tsuli Narimatsu
Arquivo AE/DC
Jânio Quadros (1961), o
último presidente da
República maçom
A participação da Maçonaria nos movimentos de emancipação dos povos
de todos os continentes está amplamente registrada nos livros. O mesmo
ocorreu no Brasil, onde a história do País confunde-se com a história desta
irmandade. Os maçons foram a vanguarda dos movimentos pela
independência, pela abolição da escravatura e pela proclamação da
República.
Os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade (qualquer semelhança
com a Revolução Francesa não é mera coincidência) nortearam os
principais movimentos políticos desde o Brasil Colônia. José Bonifácio de
Andrada e Silva e D. Pedro I (que ingressou na Maçonaria como príncipe
regente e ao se declarar imperador proibiu as atividades maçônicas, por
julgar que deveria ser tratado com reverência por seus irmãos maçons)
deram impulso ao que futuramente deflagrou as principais revoluções no
País.
Antes de D. Pedro I declarar às margens do Ipiranga "Independência ou
Morte!", a independência política já havia sido proclamada dentro de uma
loja maçônica (templo) na sessão de 20 de agosto de 1822, em
assembléia geral da instituição, sob a presidência de Gonçalves Ledo. Não
é à toa que a data tenha sido escolhida para homenagear a irmandade.
Conspiração – No interior das lojas maçônicas precederam todas as
‘conspirações’ em favor de movimentos como a Inconfidência Mineira
(1788), as revoluções Pernambucanas (1817), a Confederação do Equador
(1824), a Sabinada (1837) e a Revolução Farroupilha (1835-1845).
Tela em óleo de Edward
Savage retrata a família
Washington em símbolos
maçônicos: criança segura
um compasso e os adultos
apontam para o mapa da
cidade formando
um triângulo.
Escravisão – A Lei Áurea (1888), assinada pela princesa Isabel, foi o
resultado de um longo empreendimento maçônico – que por princípios
próprios defende a igualdade entre os homens ao lado da Ciência, Justiça
e Trabalho. Ciência, à luz da Maçonaria, para esclarecer os espíritos e
elevá-los; Justiça para equilibrar e enaltecer as relações humanas e
Trabalho por meio do qual os homens se dignificam e se tornam
independentes economicamente.
O próximo desafio foi a implantação de um Estado Republicano o que, sem
dúvida, pode ser considerado o fato histórico mais importante para a
Maçonaria no Brasil graças à presença de ilustres 'irmãos' como Marechal
Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Ruy Barbosa, Campos Salles,
Quintino Bocaiúva, Prudente de Morais, Silva Jardim e outros mais.
Presidentes – O Brasil já teve 13 presidentes da República – tais como
Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Salles, Nilo Peçanha,
Wenceslau Brás, Washington Luis, Nereu Ramos... sendo o último deles
Jânio Quadros. Outras personalidades de expressão na vida pública foram
D. Pedro I e José Bonifácio Américo Brasiliense, Benjamin Constant, Bento Gonçalves, Casemiro de
expoentes.
Abreu, Cipriano Barata, Frei Caneca, Padre Diogo Antônio Feijó, Eusébio de
Queiroz, Rangel Pestana, Francisco Gê de Acaiaba Montezuma, Hipólito da
Costa, José da Silva Lisboa (Visconde de Cayru), José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, José Maria da
Silva Paranhos (Juca Paranhos, Visconde do Rio Branco), Lauro Sodré, Luiz Alves de Lima e Silva
(Duque de Caxias), Nilo Peçanha, Nunes Machado, Quintino Bocaiúva, Giuseppe Garibaldi, Silva Jardim,
Rangel Pestana, Rui Barbosa, Carlos Gomes e muitos outros
Em sentido horário:
Colunas da sabedoria,
força e beleza, princípios
para a ação dos homens.
Escada de Jacó simboliza
a ascensão dos que pela
fé e esforço constroem
sua vida.
Aprendiz deve corrigir
suas imperfeições para
se tornar pedra polida e
não bruta.
Esquadro, Nível e
Prumo, ferramentas que
evocam a retidão de
conduta.
Depois de
O Código da
Vinci, o código
maçom.
O thriller religioso de Dan
Brown, centrado no
professor de simbologia
de Harvard– Robert
Langdon – a quem uma
criptóloga da polícia
francesa, Sophie Neveu,
ajuda a desvendar o
verdadeiro segredo do
Santo Graal (que não
seria um cálice, mas a
prova das relações
conjugais entre Jesus e
Madalena) , promete se
estender por mais um
reduto envolto de mistério
e segredos de Estado: a
maçonaria.
O novo livro, a ser
lançado em 2006, encerra
a trilogia iniciada com
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Diário do Comércio - Especial - Maçonaria
EUA, o imprério maçônico
A sede do poder maçônico localiza-se nos Estados Unidos. Nenhuma
nação foi tão fortemente comandada por ela nem ostenta uma
irmandade tão numerosa. Foram maçons George Washigton, Lyndon B.
Johnson, Gerald Ford e George Bush (pai do atual presidente). Bill
Clinton pertenceu à "Ordem De Molay", para filhos de maçons. A
maçonaria americana atualmente conta com mais de 15 mil lojas
(templos) e um total de 4 milhões de filiados, ao que se somam um
número idêntico de afiliados em organizações paramaçônicas (a Ordem
da Estrela do Oriente para Mulheres de Maçons, a Ordem De Molay, a
Ordem do Arco Íris e a Ordem de Job).
Arquivo/DC
O enorme contingente de associados pressupõe um peso social e político decisivo e uma rede de
ajuda mútua que alcança todos os quadrantes da vida norte-americana. Um presidente norteamericano pode até não ser maçom mas jamais irá contra os interesses da instituição.
O período mais ativo da ordem ocorreu durante a independência. Benjamin Franklin, um dos
principais articuladores, recebeu apoio das maçonarias inglesa e francesa para a causa. Após a
conquista, George Washington (1789-1797), desfilou o avental maçônico no lançamento da pedra
fundamental da cidade que leva seu nome. A pintura em óleo de Edward Savage, The Washignton
Family, retrata seu comprometimento. Os familiares sentados à mesa apontam os dedos para uma
área triangular. No canto da imagem, o neto de Washington segura um compasso. (TN)
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Anjos e Demônios e
seguida por O Código da
Vinci. Ainda sem título
definido, transportará os
leitores ao Centro
Governa-mental de
Washington, projetado
pelo arquite-to maçom
Pierre Charles L´Enfante,
em 1791.
O impacto da obra junto
aos fãs do autor, que
vendeu 25 milhões de
cópias no mundo, motivou
a editora Bertrand a
desafiá-los sobre os
próximos enigmas. Em
resposta, Frederick
Zimmerman escreveu The
Solomon Key, também
sobre os mistérios da
maçonaria.
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