O Uso do Portal Corporativo Universitário para Gestão do Conhecimento: Comparação entre Portais de Universidades Públicas e Privadas Autoria: Silvia Novaes Zilber Resumo: Portais Corporativos são aplicações que integram informações e serviços da empresa, disponibilizando-os em um único ponto de acesso. Uma Universidade concentra uma quantidade enorme de informações em diversas áreas, sendo a centralização dessas informações antes da existência de portais corporativos de difícil implementação, por falta de tecnologia conveniente. O conceito de gestão do conhecimento visa garantir que todos dentro da organização tenham acesso ao conhecimento gerado, compartilhando-o. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi identificar o uso de portais corporativos para a gestão do conhecimento em Universidades, identificando se há influencia do tipo de Universidade (pública ou privada) sobre o tipo de informações disponibilizadas nesses portais. Metodologia: estudo exploratório baseado em estudo de casos. Três universidades foram estudadas: USP –entidade pública, Universidade Anhembi-Morumbi- privada e a PUC do Rio de Janeiro, privada. A unidade de análise utilizada nesse estudo foi a Faculdade de Administração – os dados foram retirados dos próprios portais corporativos das faculdades. Os resultados apresentam diferenças: A Universidade pública representada pela FEA da USP usa seu portal para disponibilizar dados para a comunidade em geral e para a comunidade de pesquisa, através de publicações de pesquisas realizadas, teses, dentre outros, alinhada com o conceito de gestão do conhecimento. A faculdade Anhembi-Morumbi (privada) concentra-se no uso do portal para prover interações com seus clientes, numa conexão bastante próxima ao conceito de marketing referente a CRM- ou relacionamento com clientes. A PUC RJ apresenta um portal com uma série de informações online para seus usuários, porém não disponibiliza material para não usuários. 1- INTRODUÇÃO A perspectiva da firma baseada no conhecimento surgiu na literatura sobre estratégia (Nonaka e Takeuchi 1995). Essa perspectiva foi construída sobre e extendida a partir da teoria da firma baseada em recursos, inicialmente proposta por Penrose (1959) e explorada por outros autores (Barney 1991; Conner 1991; Wernerfelt 1984). A perspectiva da firma baseada em conhecimento postula que os serviços entregues pelos recursos tangíveis dependem de como eles são combinados e aplicados, o que por sua vez é função do conhecimento dessa firma. Esse conhecimento está dentro de e é carregado por uma série de entidades da firma: cultura e identidade da organização, rotinas, políticas, processos, sistemas e documentos, bem como funcionários considerados individualmente (Grant 1996). Não é o conhecimento existente na firma, mas sim sua capacidade de aplicar o conhecimento existente para criar mais conhecimento e promover ações que formam a base da vantagem competitiva obtida dos ativos baseados em conhecimento. Conhecimento pode ser definido como uma crença justificada que aumenta a capacidade de uma entidade para ação efetiva (Huber 1991). Segundo Alavi & Leidner (2001), Conhecimento pode ser entendido sob várias perspectivas: (1) um estado da mente, (2) um objeto, (3) um processo, (4) Uma condição de ter acesso à informação, ou (5) uma capacidade. A perspectiva do conhecimento como um estado da mente foca em permitir que os indivíduos possam expandir seu conhecimento pessoal e aplicá-lo às necessidades da organização. A visão do conhecimento como um objeto (Carlsson et al. 1996;McQueen 1998; Zack 1998a) postula que o conhecimento pode ser visto como algo a ser armazenado e manipulado. Quando entendido como um processo simultâneo de conhecimento e ação (Carlsson et al. 1 1996; McQueen 1998; Zack1998a), foca na aplicação da “expertise” (Zack 1998a). Do quarto ponto de vista – condição de acesso à informação (McQueen 1998) –o conhecimento organizacional deve ser organizado para facilitar o acesso e recuperação do conteúdo. Esse ponto de vista pode ser pensado como uma extensão do conhecimento como objeto, com uma especial ênfase sobre a acessibilidade dos objetos do conhecimento. Finalmente, conhecimento pode ser visto como uma capacitação com o potencial para influenciar futuras ações (Carlsson et al. 1996). Essas diferentes visões sobre conhecimento levam a diferentes percepções sobre gestão do conhecimento: se o conhecimento é visto como um objeto ou é equacionado como o acesso à informação, então sua gestão deve focar na construção e gestão de estoques de conhecimento. Se o conhecimento é um processo, então o foco de sua gestão trata da criação, compartilhamento e distribuição do conhecimento. O ponto de vista do conhecimento como uma capacitação sugere uma perspectiva de gestão do conhecimento centrada na criação de “core competencies” ou capacidades essenciais, entendendo a vantagem estratégica do conhecimento e criação de capital intelectual.As maiores implicações dessas diversas concepções é que cada uma sugere uma estratégia diferente de gestão do conhecimento e do papel dos sistemas que a sustentam. Três pontos principais emergem da discussão acima: (1) uma grande ênfase é dada em entender a diferença entre dados, informação e conhecimento e em descrever as implicações dessas diferenças; (2) Como conhecimento é algo personalizado, de modo a ser útil para diversos indivíduos e/ ou grupos, ele deve ser expresso de maneira a ser interpretável e entendido pelos seus receptores (3) Grandes quantidades de informações tem pouco valor; apenas aquelas informações que são ativamente processadas na mente de um indivíduo através de um processo de reflexão, clarificação ou aprendizado podem ser úteis. A partir das constatações sobre o pouco valor de uma quantidade imensa de informações desordenadas nas organizações, percebe-se que com os inúmeros avanços tecnológicos, muitas instituições sofrem com o excesso de informações, parecendo ser razoável a aplicação da gestão da informação para administrar esse caos informacional do mundo digital. Muitas vezes as informações estão armazenadas em equipamentos de informática de forma não integrada, espalhadas em seus bancos de dados, dificultando seu acesso e, conseqüentemente, o desempenho das atividades necessárias ao pleno funcionamento da instituição. Ao trazerem o conceito de Web para o ambiente corporativo, grandes empresas se depararam com uma série de problemas: Que dados e serviços liberar aos usuários? Para quem liberar? Como liberar as informações se elas se encontram em plataformas distintas? Como disciplinar o acesso a estas informações? Como integrar serviços existentes em diferentes tecnologias? Uma resposta possível foi a criação de Portais Corporativos, aplicações que rodam em plataformas heterogêneas e escritas em diferentes linguagens que podem ser acessadas em um único ponto. Os Portais Corporativos (também conhecidos por EP – Enterprise Portals), integram informações e serviços que estão dentro da empresa, colocando-os em um único lugar. Isto dá aos funcionários substancial ganho de tempo em seu trabalho. Segundo Terra (2002), os Portais Corporativos permitem a personalização do acesso à informação, a automatização e a melhora dos ciclos de decisão. Esses Portais têm a função de simplificar o acesso de clientes, funcionários, parceiros, investidores, acionistas e fornecedores à companhia através de uma interface personalizada e segura. Um tipo específico de empresa é a Universidade que tem como missão fornecer à comunidade em que se insere atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando a produção e entrega de conhecimento. Para isso, uma Universidade concentra uma quantidade enorme de informações em diversas áreas e a centralização dessas informações antes da existência de portais era bastante difícil de ser implementada, pois não havia uma tecnologia conveniente para tal. 2 Dentro dessa perspectiva, é interessante utilizar o conceito de gestão do conhecimento, que segundo Terra (2002), pode ser descrita como algo que garanta que todos dentro da organização tenham acesso ao conhecimento da organização, quando, onde e na forma que eles necessitarem, além de ajudar e motivar detentores de conhecimentos importantes a compartilhá-lo O portal corporativo de uma instituição de ensino superior, segundo Popovic et al (2005), contem uma variedade de conteúdos que podem ser classificados em 3 grupos:1- pedagógico e pesquisa; 2-informação e 3-comunicação e administrativo. Assim, o relacionamento entre comunidade universitária e comunidade em geral tornou-se mais fluída, permitindo a troca de informações entre unidades diferentes de uma mesma universidade ou entre universidades, propiciando pesquisas multidisciplinares e o intercâmbio de dados e informações de maneira mais rápida e eficiente, estimulando alianças e/ou parcerias entre instituições de ensino e pesquisa que de outra forma seriam mais difíceis de serem estabelecidas. A Qualidade numa instituição de ensino superior, segundo Popovic et al (2005) pode ser definida de diferentes formas: qualidade do estudo e do conhecimento adquirido (afeta a futura empregabilidade dos estudantes); -Qualidade dos processos pedagógicos (afeta a transição dos estudantes entre os anos e sua satisfação); -Qualidade da pesquisa (número de trabalhos em publicações importantes). A Web por sua vez, na forma do portal corporativo, pode apoiar a qualidade do ensino superior, facilitando os processos, a realização e disseminação de pesquisa, bem como a qualidade do estudo. Por outro lado, no Brasil, existem diferenças significativas entre as Universidades públicas e as privadas no que tange ao aspecto de geração de conhecimento: quando se comparam as universidades públicas e privadas, de acordo com dados apresentados pelo INEP 2003, constata-se que o nº de projetos de pesquisa realizados pelas instituições públicas é 16 vezes maior do que os projetos feitos em instituições particulares, mesmo o número de instituições públicas sendo quase 8 vezes menor e tendo aproximadamente 40% dos alunos. Nesse sentido, será que o portal corporativo de cada uma dessas universidades tem a mesma função? Ou , se a universidade pública é a maior geradora de conhecimento, com um maior número de pesquisas realizada, será que o portal corporativo pode servir como ferramenta auxiliar na distribuição desse conhecimento produzido? Para responder a essas questões, foi realizado o presente trabalho, de natureza exploratória, onde foi utilizada a metodologia de estudo de casos, e foi feita a comparação entre portais corporativos de faculdades/universidades, com o objetivo de “investigar a possível contribuição do Portal Corporativo para a gestão do Conhecimento numa Universidade”. Para isso , foram investigadas quais as principais informações disponibilizadas pelos portais corporativos de uma universidade pública e duas privadas , ressaltando quais os canais de comunicação existentes entre o aluno, a instituição, os funcionários e demais clientes de uma universidade (comunidade científica local e mundial, institutos de pesquisa, comunidade não acadêmica, dentre outros) que são disponibilizados nesses portais, verificando se existem diferenças entre as funções do Portal corporativo de universidades públicas e privadas. 2- Revisão da literatura Como se percebe no mundo dos negócios, existe uma abundância de informações não somente na Internet mas também dentro das organizações. O desenvolvimento da tecnologia aumenta a quantidade de dados disponíveis. Govindasamy (2002) sugere o desenvolvimento de portais corporativos como uma solução para esse problema. Ao centralizar informações, formatar processos de negócios e conectar pessoas para colaboração mútua, os portais corporativos podem aumentar a eficiência operacional, reduzir custos e construir lealdade 3 (Voth, 2002). O que diferencia portais corporativos de páginas estáticas da Web é sua habilidade em incluir dados de diferentes fontes, de diferentes formas e formatos e apresentálos de uma forma unificada e consistente através de um único ponto de acesso (Nielsen, 2003). Do ponto de vista do usuário isso significa que o portal representa um único ponto de acesso a todas as necessidades desse usuário numa área específica. No caso de instituições de ensino isso pode representar um portal do estudante que apóia todas as atividades desse estudante no processo educacional sem a necessidade dele usar sistemas diferentes (isto é, sistemas para acessar materiais de estudo, notícias da faculdade, exames, etc). Dentre as funções típicas incluídas num portal destacam-se: segurança, rede, ferramentas de administração, ferramentas de busca, ferramentas para gestão de conteúdo, personalização e facilidade de uso (Raol, Koong, Liu, & Yu., 2002). O portal corporativo de uma instituição de ensino superior, segundo Popovic (2005), contem uma variedade de conteúdos que podem ser classificados em 3 grupos: pedagógico e pesquisa; informação e comunicação e administrativo. Pedagógico e pesquisa: planejamento do curso, gestão do material do curso, foruns online, acesso à literatura e outras fontes da web, apoio à colaboração com a esfera de negócios, pesquisas na web; publicações de artigos e teses. Informação e comunicação: informações aos estudantes, comunicação entre professores, estudantes e administração, informação sobre colaboração internacional (programas), informações sobre atividades visando desenvolvimento profissional e pessoal, além de desenvolvimento acadêmico, informações para ex-alunos, etc Administrativo: pedidos e pagamentos online; certificados; estágios; serviços de e-mail; etc. Segundo Terra (2002) os portais corporativos são mais do que intranets estruturadas para disseminar informações entre os funcionários da empresa:um portal corporativo é mais flexível, permite sua gestão, dizendo ainda que os portais corporativos são um avanço importante nos softwares de colaboração, que podem ser usados para desenvolver e implementar iniciativas de Gestão do Conhecimento. Alavi e Leidner (1999) citam que existe uma tendência dos profissionais de gestão na área de sistemas a focar a idealização de sistemas de gestão voltadas à criação, obtenção, organização e disseminação de “conhecimento” em oposição à “informação” ou “dados”. Esses sistemas são chamados de Sistemas de Gestão do Conhecimento ou KMS (Knowledge Management Systems). O conceito de codificar e transmitir conhecimento nas organizações não é novo: treinar empregados e desenvolver programas, políticas organizacionais, rotinas, procedimentos, manuais tem servido a essa função há anos. Segundo Peters (1992), o que é novo na área de gestão do conhecimento é o uso potencial de modernas tecnologias de informação (como Internet, intranet, data warehouses, portais corporativos) para sistematizar, facilitar e entregar o grande volume de conhecimento numa firma. Bukowitz e Williams (2002:17) definem gestão do conhecimento como sendo o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual. Para Rossato e Cavalcanti (2001:6), gestão do conhecimento é um processo estratégico que visa gerir o capital intangível da empresa e estimular a conversão do conhecimento. Nonaka e Takeuchi (1995), enfatizam que apenas o ser humano pode ter um papel central na criação do conhecimento. Eles argumentam que computadores e seus sistemas são meras ferramentas. Enquanto que as informações geradas por sistemas de computador não possuem a interpretação humana para ação potencial, o conhecimento reside no contexto subjetivo da ação do usuário baseada em informação Oliveira Jr. (1999:130), entende por administração do conhecimento o processo de identificar, desenvolver, disseminar, atualizar e proteger o conhecimento estrategicamente relevante para a empresa, seja a partir de esforços internos à organização, seja a partir de processos que extrapolam suas fronteiras. 4 Neste trabalho, está-se concentrando em como a Web pode apoiar a Gestão do Conhecimento, concentrando-se especificamente em Portais Corporativos como uma plataforma emergente para melhorar o alinhamento, os processos centrais de negócios, a disseminação de informações e a colaboração ampla de empresas baseadas em conhecimento, como uma universidade. Davenport e Prusak (1998:196), argumentam que gestão do conhecimento não é algo totalmente novo. Ela baseia-se em recursos existentes, com os quais a organização já está contando – uma boa gestão de sistema de informação. Como neste trabalho, está-se centrando o portal de Universidades, esta é vista como uma empresa, que tem seus fornecedores, clientes, funcionários, e gera uma enorme quantidade e variedade de conhecimento, sendo a comunicação em uma Universidade algo muito difuso – alunos, secretaria, diretoria, funcionários, professores, reitoria, comunidade científica em geral, interna e externa à Universidade, comunidade laica: toda esta comunicação precisa ser alinhada, precisa ser centralizada. Até a existência de portais de conhecimento corporativo esta comunicação não era centralizada. Já com os portais pode ocorrer esta centralização. O portal corporativo de uma Universidade enquadra-se numa realidade mais complexa, pois considerando a comunicação externa, o portal tem que ser desenvolvido para o mercado de massa, e considerando a comunicação interna, o portal pode (e deve) ser o mais personalizado possível, de modo a permitir aos funcionários pré-selecionar as informações a serem disponibilizados aos diversos tipos de públicos, concentrando-as no que for de interesse prioritário a determinado cliente. 3- Metodologia De Pesquisa O desenvolvimento desta pesquisa foi de natureza exploratória, utilizando o método de estudo de casos. Segundo Yin (1990) o estudo de caso permite uma investigação para obter as características mais significativas e holísticas sobre determinado objeto de estudo. Ainda segundo esse autor o estudo de caso é a estratégia preferida quando as questões são colocadas sob a forma de “Como” ou “Porque”, que é o caso presente, onde se pergunta: “COMO utilizar o Portal Corporativo para a gestão do Conhecimento numa Universidade?” 3.1) Seleção De Amostra e Coleta de Dados Foram escolhidas intencionalmente três universidades para serem estudadas: USP; Anhembi-Morumbi; -PUC RJ. A escolha da USP deveu-se por: Universidade pública do país que mais produz pesquisa científica no Brasil (INEP-CENSO 2003); Possui portal corporativo; Possui muitas unidades, portanto possuem uma estrutura complexa de informações a serem comunicadas; Possui intercâmbio com outras universidades, configurando assim o aspecto de compartilhamento do conhecimento que é típico da gestão do conhecimento. A escolha da Anhembi-Morumbi deveu-se a:Ser uma universidade privada estabelecida há bastante tempo no mercado;Possui várias faculdades;Possui portal corporativo. Escolha da PUC RJ: considerada uma das melhores universidades do Brasil em termos de produção de pesquisa; possui portal corporativo; é privada. Todas têm uma quantidade enorme de informações complexas a serem distribuídas aos seus usuários internos e externos. Os dados foram coletados nos próprios portais, não foram feitas entrevistas pessoais. Assim sendo, utilizou-se o método de coleta de dados secundários. Dentro dos portais foram analisadas variáveis que pudessem ser entendidas como fontes geradoras de conhecimento, de acordo com o proposto por Popovic (2005) já mencionado nesse artigo: variáveis relativas aos 3 componentes de conteúdo de um portal universitário: pedagógico e pesquisa; informação e comunicação e administrativo. 5 As análises foram feitas ao se comparar o que era prescrito na literatura sobre portais corporativos e sobre gestão do conhecimento com os dados encontrados nos portais das universidades citadas. Para fins do presente estudo , foram escolhidos os departamentos de Administração dentro de cada Universidade, considerados então, o objeto de estudo desse trabalho: a faculdade de Administração da USP (FEA/USP) , a Faculdade de Administração da Universidade Anhembi Morumbi e a Escola de Negócios da PUC RJ - IAG. 4-RESULTADOS : APRESENTAÇÃO DOS CASOS Inicialmente, será realizada uma comparação entre as características das universidades públicas e privadas. A seguir serão apresentadas as unidades de análise utilizadas neste estudo: A Faculdade de Administração da USP e a Faculdade de Administração da Universidade Anhembi-Morumbi, e a faculdade de Administração da PUC RJ (IAG), apresentadas a partir de seus portais corporativos, além de comentários sobre os dados obtidos. 4.1- Características de Universidades Públicas e Privadas O quadro abaixo apresenta algumas características que diferenciam as instituições universitárias públicas das privadas, apresentadas pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Tabela 1: Dados comparativos entre Universidades Públicas e Privadas no Brasil Características Publica Instituições superiores de ensino e Nº de doutores = 4596 Número de pesquisa no estado de SP projetos na FAPESP = 6404 (Produção cientifica) Número de instituições educação superior de Particular Nº de doutores = 1136 Número de projetos na FAPESP = 424 207 1.652 5.662 10.791 1.137.119 2.750.652 Porcentagem que oferecem cursos de especialização 15,1% 84,9% Porcentagem das vagas que não foram ocupadas 5,1% 42,2% 88.795 165.358 39,5% têm doutorado; 27,3%, mestrado, e 33,3% fizeram especialização. 11,8% dos professores têm doutorado; 39,4%, mestrado, e 48,9% fizeram especialização. 83% são para cursar doutorado; 15% para mestrado, e 1% para especialização. 37,2% são para cursar doutorado; 41,2% para mestrado, e 8,7% para especialização. Número de cursos Número de matrículas - Alunos Número de Instituições Professores nas Formação dos Professores Total de afastamentos capacitação nas instituições para Fonte: Ministério da Educação e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) 2003 6 Pelo quadro acima, pode-se perceber que as universidades privadas congregam mais alunos do que as públicas, porém o número de doutores nas universidades públicas é 4 vezes maior na pública do que na privada e a produção de pesquisa na universidade pública é 16 vezes maior do que na privada, mostrando que um menor número de universidades públicas (207 públicas contra 1652 privadas) produz uma quantidade de conhecimento maior do que as privadas existentes. É importante ressaltar esse fato, pois ao se comparar os portais corporativos dos dois tipos de universidades, poderá se verificar o reflexo desse fato- a produção científica existente em cada tipo de universidade- sobre os portais corporativos existentes. 4.2- Apresentação Das Universidades/ Faculdades Em Análise A seguir serão apresentados alguns dados sobre as Universidades estudadas, como número de alunos, docentes, titulação dos docentes, missão das empresas, dentre outros. Tabela 2: Apresentação das Universidades Universidade Histórico Caráter AnhembiMorumbi Surgiu em 1972. Credenciada como Universidade em 1997 Criada em 1934 Privado USP PUC RJ Formada em 1946. Tornase pontifícia em 1947 Pública Estadual Privado Número de alunos de graduação Alunos de pós graduação (lato e strictu senso) 22.829 691 39.326 22.774 (strictu senso) 10.400 1.500 (strictu sensu) 4000 (lato sensu) Total: 5500 Número de professores Cursos: 850 Graduação, Pós Graduação Stricto Sensu = Mestrado, Pós graduação Lato sensu 4.694 Graduação ; Pós Graduação Stricto Sensu = Doutorado, Mestrado, Mestrado Profissionalizante 1.000 Graduação, Especialização e MBA´s, Mestrados opção Acadêmica e opção Profissional ; Doutorado Fonte: sites das Universidades e INEP 2003 Missão: USP: finalidade de promover a pesquisa e o progresso da ciência; transmitir pelo ensino conhecimentos que enriqueçam ou desenvolvam o espírito e que sejam úteis à vida; e formar especialistas em todos os ramos Anhembi-Morumbi: Contribuir para a construção de um mundo melhor, produzindo conhecimento e formando talentos criativos e empreendedores, capazes de ter sucesso em sua vida pessoal, social e profissional. PUC: prima pela produção e transmissão do saber, baseando-se no respeito aos valores humanos e na ética cristã, visando acima de tudo o benefício da sociedade. A PUC-RIO busca a excelência na pesquisa, no ensino e na extensão para a formação de profissionais competentes, habilitados ao pleno desempenho de suas funções 7 A seguir é apresentada na tabela 3 a titulação do corpo docente de cada Universidade. Tabela 3: Titulação do corpo docente das Universidades estudadas Titulação Número na PUC Docentes PUC RJ RJ % Doutorado ou LivreDocência Mestrado 384 32,32 344 28,96 Graduado 460 38,72 Total 1188 100,0 Titulação USP Número Docentes USP % LivreDocência 755 18,08 PósDoutorado Doutorado Mestrado 956 20,37 2.628 320 55.99 6,98 Especialização 35 4694 0,75 100 Titulação na Anhembi Morumbi Livre docencia Número Docentes AnhembiMorumbi % 0 0 Pós doutorado Doutorado Mestrado 0 0 170 250 20 30 430 420 50 50 Graduado Fontes: USP. Anuário estatístico 2001. Disponível em <http://sistemas.usp.br/gestao/ano2001>. Acesso em 15 de jul. 2002 in Maccari (2002); PUC-RIO. Anuário estatístico. PUC-RIO: Assessoria de Planejamento, 2001 in Maccari (2002); dados sobre Anhembi-Morumbi: site da Universia disponível em <http://www.universia.com.br/html/noticia/noticia_clipping_ciiic.html> Pelos números apresentados pode-se perceber que a produção científica é mais relevante na Universidade pública estudada (USP) do que na privada (Anhembi-Morumbi), dado o número de pós-graduandos existentes nas duas universidades: 22.774 na pública contra 691 na privada Anhembi-Morumbi. Porém, a PUC RJ, apesar de seu caráter privado possui um número significativo de alunos de pós graduação, sendo que do total de alunos da Universidade, cerca de 13% dedica-se à pós-graduação stricto sensu, enquanto que na USP 36% do total de alunos está na pós-graduação stricto sensu. O corpo docente das Universidades também é um bom indicador no que se refere à potencial criação de pesquisa, onde a USP apresenta quase 100% do corpo docente com mestrado ou doutorado, a PUC RJ tem cerca de 60% de seu corpo docente com essa titulação, enquanto a Anhembi- Morumbi possui 50 % do seu corpo docente titulado dessa maneira. Também pela apresentação da missão das Universidades, percebe-se que a USP e a PUC levam em conta a criação de conhecimento na forma de pesquisa de forma explícita na definição de suas missões. Já a preocupação com pesquisa não faz parte da definição da missão da Universidade Anhembi-Morumbi, que enfatiza o sucesso profissional do aluno, além de desenvolvimento de sua capacidade empreendedora, qualidades muito mais ligadas aos aspectos práticos da vida na Universidade do que voltado a atividades de pesquisa. Esses fatos refletem-se nos dados obtidos quanto à quantidade de pós-graduandos existentes nas três universidades. 4.3) O Que Os Portais Corporativos Das Faculdades/Universidades Disponibilizam A primeira observação relevante a ser feita ao se observar os portais corporativos das três faculdades é que a Faculdade de Administração da USP, ou FEA/USP, pública, possui um portal corporativo próprio, independente do portal corporativo da Universidade a que pertence. Assim, os interessados em dados sobre essa unidade podem acessar diretamente o site da FEA/USP para obter dados sobre a produção científica dessa unidade, dados administrativossobre as disciplinas oferecidas, horários, dentre outros, bem como sobre seu corpo docente. Já nas Universidades privadas estudadas, na Anhembi-Morumbi não existe um site específico para a unidade Faculdade de Administração, sendo que o portal corporativo da Universidade centraliza as informações sobre suas unidades. Na PUC RJ, o departamento de Administração - IAG ( escola de negócios da PUC RJ) é acessado através da página principal da 8 Universidade, porém contém informações mais de caráter informativo sobre as diversas opções de cursos oferecidas: mestrado, doutorado, MBA, lato sensu, apresentando objetivos dos cursos, linhas de pesquisa, dentre outros. Assim, tem-se uma centralização de informações no portal corporativo no caso das Universidades privadas e uma descentralização das informações na Universidade pública, no caso da FEA/USP. Isso está associado ao fato do próprio conceito de Universidade pública estadual estudada: as unidades mantem uma certa autonomia em relação a alguns aspectos da universidade, centralizando apenas alguns pontos comuns a todas as unidades. Analisando os Portais Corporativos de universidades/faculdades, neste primeiro contato com os Portais, apresenta-se a tabela abaixo contendo os dados que se pode considerar como “de fácil acesso”, localizados imediatamente nos Portais: Tabela 4: Apresentação dos Portais Corporativos das Faculdades estudadas ANHEMBI Morumbi FEA/USP PUC RJ-IAG Possui informações sobre os diversos Não, possui apenas uma página do curso de cursos do departamento – graduação, Administração com mestrado, doutorado, MBA, alunos, exalunos, histórico, perfil, eventos do informações sobre os campi e horários do curso departamento de Administração Sim Sim Permite consulta on-line do catálago da Sim, mas através do portal da Universidade biblioteca Sim, direto no portal da faculdade Sim, mas através do portal da Universidade Apresenta as linhas de Pesquisa do departamento Não Sim Sim Disponibilização do curriculum dos professores, Mestres e Doutores dos cursos, com respectivas disciplinas Sim Sim Sim Disponibilização das vagas de estágio Disponibiliza porém o para consulta e possibilidade de acesso é restrito a alunos candidatar-se a vaga on-line Disponibiliza Disponibiliza porém o porém o acesso é acesso é restrito a alunos restrito a alunos Sim, Convênios Sim – programa de Sim, inclusive a FEA tem a de Intercâmbio intercâmbio com 20 CCInt FEA - Comissão de Internacional com vários universidades latinas Cooperação Internacional Intercâmbio com outras faculdades ou (recente) disponível no site (mais de dez anos) , países. Universidades Disponível no da Universidade, não é específico para a área de dedicado à Administração Administração e Economia. site da Universidade Educação à distância Sim, disponível Sim, para toda Universidade (não específico para Sim, específico para a FEA no site da Administração) Universidade Acesso ao portal em outros idiomas Não Inglês Não Mapa do Site Sim Sim Sim 9 A tabela acima mostra a preocupação das faculdades FEA e IAG em apresentarem sua missão, linhas de pesquisa, estrutura dos diversos cursos à comunidade, enquanto que a Anhembi-Morumbi preocupa-se mais em apresentar informações operacionais sobre inscrição no curso. Um ponto importante no que diz respeito a conhecimento é a capacidade de intercâmbio dessas instituições, o que é demonstrado pela Anhembi – Morumbi que recentemente firmou convênio com outras instituições latinas de ensino, aparecendo na primeira página de seu site, evidenciando um aspecto “mercadológico” do caráter internacional da instituição. Já a FEA e o IAG possuem coordenações dedicadas exclusivamente aos intercâmbios. A PUC RJ possui um campo específico para isso, possuindo uma coordenação específica para essa atividade: CCCI – Coordenação Central de Cooperação e Intercâmbio e a FEA possui o CCInt, uma coordenação própria da faculdade para intercâmbios, independente da USP. Também a FEA/USP é a única que possui uma versão de seu portal em inglês, o que reforça seu caráter de acessibilidade a comunidades científicas internacionais. 4.4- Informações sobre os serviços disponíveis nos portais A Universidade ANHEMBI-MORUMBI disponibiliza diversos Serviços On-line para todos seus departamentos, não apenas para o departamento de Administração, visando facilitar o acesso dos alunos às informações necessárias para o seu dia-a-dia: 1-DP Orientada- aluno pode participar da disciplina acessando as aulas pela internet, 2Blackboard: Com esse sistema interativo, professores e alunos formam uma base de dados on-line num processo de aprendizagem a distância; 3-Vivência Universitária Antes de ingressar na Universidade, o aluno aprovado no Processo Seletivo faz sua reserva de matrícula e tem à disposição um programa de atividades voltadas à sua carreira e mercado de trabalho; 4-Educação a Distância:Os cursos a distância da Anhembi Morumbi combinam atividades presenciais e a distância. Há três encontros presenciais por semestre, pelo menos 5-Cursos, Eventos, Notícias: recurso para agilizar e melhorar o atendimento aos estudantes da Anhembi Morumbi, evitando sempre que possível, o deslocamento até a Universidade 6-Serviços Para Alunos:Acesso para as notas, boletos, horário 7-Serviços para Professores:O objetivo é facilitar as aulas, disponibilizar textos para downloads, promova bate-papos com os alunos através do Blackboard.; 8-Serviços para Funcionários:O funcionário pode apresentar sua sugestão, acessar o mural, acessar a lista de ramais, catálogo de endereços e todos os serviços disponíveis pela Intranet; 9-Serviços para Ex-Alunos:Neste serviço, os ex-alunos se cadastram e participam da Universidade por Toda a Vida usufruindo dos seguintes benefícios:* Bolsa para ex-aluno e dependentes.;* Associação de Ex-alunos; dentre outros. 10-Serviços para Empresas:A Universidade oferece convênios de 10% para:diversos cursos. ¾ FEA/USP - Serviços on-line para os Alunos 1-CCInt FEA:A CCInt FEA - Comissão de Cooperação Internacional da Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo tem como função o fomento, incentivo e coordenação dos intercâmbios de alunos e professores da FEA com instituições de ensino superior de Economia, Administração e Contabilidade de outros países, sendo a FEA a única unidade em toda a Universidade responsável pelo intercâmbio exclusivamente de seus alunos. 2-Central de Estágios:A proposta da FEA/USPé trabalhar em conjunto com a Central, havendo uma reciclagem diária na relação de empresas que solicitam estudantes para fazerem parte de suas equipes. 10 3-Pós-Graduação:- Relação de Alunos de Mestrado e Doutorado; - Manual da PósGraduação; - Coordenadores; Descrição das linhas de Pesquisa; Campo “Publique” indicando principais eventos e periódicos para publicação; cadernos de pesquisa: disponibiliza artigos para download. 5-MBA:Encontra-se no portal a relação de cursos disponíveis, com um breve relato sobre o conteúdo do curso. 6-CIEP: CIEP é um centro de prestação de serviços na área de pesquisa e ensino, constituído de equipamentos da mais avançada tecnologia, que propicia agilidade e modernização para o apoio no desenvolvimento de cursos de graduação, pós-graduação e especialização da FEA. Os objetivos do CIEP: Prestar o apoio necessário à localização e recuperação de informações ; Estimular usuários para a formulação de estratégias de busca utilizando as bases de dados existentes na biblioteca ; Promover o intercâmbio entre a comunidade acadêmica FEA-SP / FEA-RP e outras universidades e instituições de pesquisa, não só no Brasil como também no exterior; Implementar programas de ensino à distância, utilizando a tecnologia de videoconferência 7-Biblioteca: disponibiliza aulas e palestras, publicações e o CIEP, já explicado anteriormente. 8- Eventos: disponibiliza os eventos que acontecem na FEA 9- LAE - Laboratório de Aprendizagem e Ensino criado em 2002, é um espaço da FEA/USP dedicado ao desenvolvimento, transmissão, aplicação, avaliação e consolidação de experiências e metodologias voltadas para cursos superiores em Administração, Contabilidade e Economia. Sua missão é promover a gestão do conhecimento sobre ensino e aprendizagem entre docentes e pesquisadores da FEA/USP e de outras instituições educacionais; 10-PESC Programa de Extensão de Serviços à Comunidade .Objetivos: propiciar oportunidades para os alunos compartilharem com a sociedade os conhecimentos adquiridos, e desenvolver nos alunos a visão estratégica e empreendedora para a atuação social. No PESC, os alunos levam à comunidade serviços relacionados com as áreas de Economia, Administração e Contabilidade, aplicando os conhecimentos adquiridos na Faculdade. ¾ 1- PUC RJ - IAG - Serviços on-line para os Alunos Informações sobre os diversos cursos- graduação (estrutura, disciplinas, etc), pósgraduação em suas diversas modalidades 2Informação sobre as linhas de pesquisa 3Outros serviços online estão disponíveis no site da Universidade e não do departamento. São eles: -Cursos de Educação a Distância – possui uma página exclusiva sobre o ensino à distância – CCEAD- Coordenação Central de Ensino á distância da PUC RJ. Nessa página, descreve as diversas facilidades, com campos como pesquisa, biblioteca, parceria, valores, etc. Possui várias notícias em destaque. -PUC online para alunos encontra-se sistema de avaliação de professores, serviço de acompanhamento de teses e dissertações, busca de ementas, calendário escolar, notícias acadêmicas, dentre outros (necessita de senha de acesso) -PUC online para professores e funcionários- (necessita de senha de acesso) -Intercâmbio Internacional- página da Coordenação Central de Cooperação Internacional dedicada a assuntos de intercâmbio -Sistema de Bibliotecas- é uma página dedicada ao sistema de bibliotecas, com disponibilização do acervo, recursos online, e acesso a diversas bases de dados. Só tem acesso quem possui senha (usuário da PUC RJ) -Outros serviços: 1- webmail; 2- Serviços online do RDC (Rio Datacentro) provê à Universidade serviços de informática e de comunicação de dados, em apoio às atividades 11 acadêmicas e administrativas da Universidade; 3-Download de software – provê o download de diversos softwares privados e da Internet para usuários em geral ( não precisa estar vinculado à PUC); 4- Currículo de alunos- disponibiliza o currículo de seus alunos, é de livre acesso; 5- parceiras e links- acessa diversos links de interesse acadêmico; 5- Conheça o Rio – mostra pontos turísticos do Rio de Janeiro. 5-Análises A partir da revisão da literatura, algumas características e critérios de usabilidade de um portal que devem ser analisados, de acordo com Nielsen (2002) são: O Portal informa o objetivo do site; transmite informação sobre a empresa ; criação de conteúdo; navegação; Ferramentas e atalhos para as tarefas; Componentes da interface com o usuário. Para todos esses critérios, ambos os portais corporativos mostraram desempenhos semelhantes, atendendo a todos esses requisitos. Portanto, não há o que os diferencie quanto ao critério “usabilidade”. Se, por outro lado, for feita uma análise quanto ao uso do portal corporativo para gestão do conhecimento, os três portais refletem diferenças estruturais, que seguem na verdade a estratégia e missão das empresas que são diferentes na sua essência: enquanto a universidade pública concentra-se na produção de conhecimento com ênfase na produção de pesquisa e intercâmbio com outras instituições de ensino e pesquisa, a missão da universidade particular Anhembi-Morumbi dá ênfase basicamente à atividade de ensino, e a PUC RJ – IAG encontrase num meio termo entre essas duas universidades, privilegiando o contato com o cliente, mas disponibilizando informações e documentos para sua comunidade exclusivamente, através de senhas para acesso às bibliotecas e serviços em geral, preocupando-se com a disponibilização de material de pesquisa para sua comunidade. Esse fato revela-se nos tipos de serviços disponibilizados em seus portais: a Universidade Anhembi-Morumbi oferece uma série de serviços ao aluno que tem como objetivo principal evitar deslocamentos físicos do aluno até a universidade, oferecendo informações e até conteúdo de aulas e mesmo a possibilidade de fazer uma dependência de uma disciplina que não tenha passado através do portal. É uma visão muito mais mercadológica do que de gestão do conhecimento: o portal corporativo da Anhembi-Morumbi oferece serviços a ex-alunos que vão desde o oferecimento de descontos em lojas, até bolsas para outros cursos, visando a retenção e satisfação desse cliente, pressupostos básicos do marketing. Já a FEA/USP mostra em seu portal a preocupação em ser uma instituição que promove a intensificação do projeto de internacionalização da FEA, a colaboração com os meios de comunicação social no sentido de difundir informações sobre suas atividades e resultados de estudos e pesquisas, bem como de prestar esclarecimentos sobre temas de sua especialidade, o que vai de encontro com os conceitos de gestão do conhecimento apresentado pelos autores descritos nesse trabalho. A PUC RJ também produz pesquisa, porém o acesso a seus resultados é mais restrito aos usuários da comunidade PUC, devido provavelmente a ser uma empresa privada. Como foi dito na apresentação dos conceitos utilizados nesse trabalho, Terra (2002) cita que um portal deve prover: 1- habilidade de localizar especialistas na organização, de acordo com o grau de conhecimento exigido para o desempenho de alguma tarefa; 2-Habilidade de satisfazer as necessidades de informação de todos os tipos de usuários da organização; 3Possibilidade de troca de informações com clientes, fornecedores, revendedores etc., fornecendo uma infra-estrutura informacional adequada também para o comércio eletrônico. Os portais corporativos analisados provem a habilidade 1, de localizar especialistas, ao disponibilizarem os currículos de seus docentes. A PUC RJ também disponibiliza o CV de seus alunos, promovendo uma rede integradora de informações.A FEA/USP oferece um 12 campo em seu portal denominado “Portal de Pesquisa” que mostra as diversas linhas de pesquisa da instituição, com o corpo docente envolvido em cada uma delas, além de mostrar as diversas linhas de pesquisa e os alunos de graduação envolvidos nas pesquisas de iniciação científica (bolsas voltadas a alunos de graduação para desenvolverem projetos de pesquisainiciação científica). Também possui alguns campos onde é possível acessar textos integrais resultados de pesquisas realizadas. A PUC RJ – IAG possui nas páginas específicas do IAG mais informações sobre cursos e linhas de pesquisa, não disponibilizando material de pesquisas concluídas e nem textos nessas páginas. Alguns documentos podem ser obtidos digitalmente através do serviço digital de bibliotecas, porém esse serviço está disponível apenas para a comunidade usuária da PUC A FEA/USP e a PUC RJ - IAG possuem campos específicos para a pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), com informações sobre os cursos, disciplinas, linhas de pesquisa . A Universidade Anhembi-Morumbi não possui pós-graduação stricto sensu, focando mais a pós-graduação a nível de extensão profissional para graduados, mais uma vez demonstrando preocupação em atender seus clientes em todas as suas necessidades, numa visão mais de uso do portal corporativo como uma ferramenta mercadológica do que necessariamente de gestão do conhecimento. 6-Conclusões Uma primeira conclusão deste trabalho refere-se ao fato das três universidades estudadas- a pública e as duas privadas- poderem se beneficiar de forma considerável com o portal corporativo, já que estas instituições utilizam o portal para centralizar uma série de informações num só ponto. A criação de um Portal Corporativo serve para centralizar informações e fornecer um único ponto de contato/acesso a elas, podendo auxiliar na distribuição de informações tanto de caráter acadêmico quanto na distribuição de caráter operacional/ administrativo. Os Portais disponibilizam informações ao público em geral e aos funcionários das instituições, servindo como uma ferramenta de comunicação interna entre unidades, para que a comunicação flua de uma maneira melhor, trazendo como característica uma abordagem ampla e de colaboração. Segundo Cunninghan (2000), a gestão do conhecimento serve para alavancar recursos que servirão para eliminar o tempo excessivo gasto pela equipe em tarefas específicas, melhorar a transferência de informações e gerar eficiência dentro da empresa. O uso de portal corporativo com o objetivo de gestão do conhecimento efetiva esses benefícios para a instituição, possibilitando economia de tempo dos funcionários em atender o público, que podem obter as informações desejadas através do portal corporativo, reservando aos funcionários da instituição mais tempo disponível para outras atividades operacionais, que não atendimento exclusivamente. Quando se compara as universidades públicas e privadas, de acordo com os dados apresentados pelo INEP, constata-se que o nº de projetos de pesquisa realizados pelas instituições públicas é 16 vezes maior do que os projetos feitos em instituições particulares, mesmo o número de instituições públicas sendo quase 8 vezes menor e tendo aproximadamente 40% dos alunos. Isto faz com que o Portal Corporativo das instituições públicas sejam mais direcionados para a pesquisa científica, uma vez que os “seus clientes” buscam este tipo de informação, fazendo com que seu portal tenha uma função primordial na gestão do conhecimento desse tipo de universidade, permitindo uma difusão das informações e do conhecimento ali gerado de forma rápida e eficiente dentro da própria instituição bem como para outras instituições nacionais e mesmo internacionais. Esse fato é comprovado pelo tipo de campos existentes no portal corporativo estudado , da FEA/USP, campos esses que propiciam o acesso do usuário a diversas fontes de conhecimento geradas na universidade, como o CCint (órgão de cooperação internacional), que é de uso exclusivo da FEA, 13 independente da Universidade (USP), a biblioteca virtual, a comissão de pesquisa, dentre outros. Já as instituições particulares tem pouco menos de 60% do total de alunos das universidades, e um índice de mais de 40% de vagas ociosas. Isso faz com que o Portal Corporativo das instituições particulares seja utilizado como ferramenta para divulgação, promoção e captação de novos alunos, numa concepção mais mercadológica do portal corporativo do que de gestão do conhecimento, não propiciando aos seus alunos um acesso ao conteúdo científico de forma tão intensa quanto na universidade pública. A PUC RJ apesar de ser uma instituição privada, mostra uma preocupação com a realização de pesquisa, refletida na composição do seu corpo discente e docente, porém a produção científica dessa Universidade não é disponibilizada para a comunidade em geral, precisando ser cadastrado pela PUC para se ter acesso ao conhecimento gerado na forma de pesquisas e trabalhos acadêmicos. Usando os conceitos de gestão do conhecimento de Alavi e Leidner (1999) e Davenport e Prusak (1998), que definem sistemas de gestão do conhecimento como aqueles sistemas de gestão voltados à criação, obtenção, organização e disseminação de “conhecimento”, observase que a FEA (pública) preocupou-se em utilizar seu portal corporativo para disponibilizar ferramentas voltadas à gestão do conhecimento (LAE - Laboratório de Aprendizagem e Ensino e PESC - Programa de Extensão de Serviços à Comunidade), ferramentas essas que buscam difundir o conhecimento gerado na Universidade para a comunidade externa à FEA/USP. O IAG da PUC RJ também possui uma ferramenta que auxilia a comunidade da PUC (sistema RDC), porém restrito à comunidade dessa Universidade. Usando o critério de Popovic (2005) para definir os conteúdos possíveis do portal corporativo de uma instituição de ensino superior (pedagógico e pesquisa; informação e comunicação e administrativo), constata-se que as 3 Faculdades utilizam seus portais para os dois últimos e apenas a PUC RJ e USP utilizam-no para a pesquisa. Lembrando Alavi & Leidner (2001) quanto às perspectivas de entendimento sobre o conceito de conhecimento - (1) um estado da mente, (2) um objeto, (3) um processo, (4) Uma condição de ter acesso à informação, ou (5) uma capacidade- percebe-se que, as três faculdades utilizam seus portais corporativos pensando o conhecimento como um objeto e uma condição de ter acesso à informação, uma vez que todas permitem que o conhecimento possa ser armazenado e manipulado, além de ser organizado para facilitar o acesso e recuperação do conteúdo, com uma especial ênfase sobre a acessibilidade dos objetos do conhecimento. Esses aspectos independem do fato da Universidade utilizar uma abordagem mais voltada ao atendimento das necessidades de seus clientes, numa visão mais mercadológica (como parece ser o caso das universidades privadas) ou numa abordagem mais preocupada com a difusão do conhecimento gerado em seu ambiente (caso da universidade pública). Pensando o conhecimento como sendo um processo (Carlsson et al., 1996), então o foco de sua gestão trata da criação, compartilhamento e distribuição do conhecimento, o que acontece de maneira clara na Universidade pública estudada, bem como na PUC RJ, privada, porém que se preocupa em distribuir esse conhecimento gerado de forma mais seletiva, devido ao seu caráter de entidade privada. Conclui-se que a estratégia de cada empresa bem como sua missão refletem na composição de seu portal corporativo, atrelando o conteúdo oferecido por esses portais aos objetivos organizacionais propostos: no caso da universidade pública, que tem por missão “ promover a pesquisa e o progresso da ciência; transmitir pelo ensino conhecimentos que enriqueçam ou desenvolvam o espírito e que sejam úteis à vida; e formar especialistas em todos os ramos”, o portal corporativo cria mecanismos de difusão do conhecimento gerado em suas unidades. No caso da Universidade privada Anhembi-Morumbi, que necessita do lucro para sua manutenção e tem como foco a captação, retenção e satisfação de seus clientes, o portal 14 corporativo oferece mecanismos de natureza mais mercadológica, que possam promover a efetiva satisfação desse cliente, como economia de tempo ao disponibilizar o máximo de informações que diminuam a necessidade de deslocamento físico do aluno ao campus da universidade para buscar informações, além de facilidades para as aulas e cursos oferecidos. O caso da PUC RJ, que, apesar de ser privada, possui claramente definida em sua missão o objetivo de excelência em pesquisa reflete essa tendência, no uso de ferramentas para a divulgação do conhecimento gerado, porém, de modo restrito aos usuários da própria Universidade, dado seu caráter privado. 7- REFERÊNCIAS ALAVI, J. , LEIDNER, D.E. 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