que vivem em áreas separadas ou distantes umas das outras? LUIZ AUGUSTO DA COSTA PORTO, POR E.MAIL O LEITOR PERGUNTA ? para reconhecer diferenças entre animais da mesma espécie, É possível usar o DNA como ferramenta 8 Da mesma forma que o DNA tem sido utilizado para mostrar diferenças genéticas em humanos, os demais animais também são passíveis de estudo com essa mesma ferramenta. A genética ecológica é a área de investigação científica que usa a variabilidade genética animal e vegetal para estudar a biodiversidade. A variabilidade do DNA de várias espécies animais é bastante estudada nos países desenvolvidos e começa a ser pesquisada no Brasil. Os objetivos desses estudos vão além de simplesmente discriminar populações de uma mesma espécie. Eles podem determinar graus de diferenciação entre populações, alteração de variabilidade pela ação antrópica (destruição de florestas etc.), níveis de endogamia (acasalamento entre parentes), níveis de introgressão (transferência de genes de uma espécie para outra pela formação de híbridos férteis) etc. Tais estudos já foram utilizados para promover o acasalamento de micos-leões-dourados menos aparentados (com menor grau de endogamia) e evitar a extinção dessa espécie brasileira. A diferença dos estudos em humanos e outros animais é que sobre os primeiros muito se conhece da seqüência de DNA em suas células. Quanto mais se conhece o genoma (o mapeamento completo de DNA de uma espécie), é possível utilizar ferramentas mais adequadas para estudos desse tipo: seqüências de DNA, mutações pontuais (alterações em bases únicas no DNA), seqüências repetitivas (micro e minissatélites) etc. Quando não se conhece o genoma, empregam-se técnicas menos precisas, como o DNA fingerprinting ou RAPD (DNA polimórfico amplificado aleatoriamente), que produzem uma impressão digital capaz de diferenciar indivíduos de uma mesma espécie e também populações. Vários métodos estão sendo desenvolvidos atualmente para tentar melhorar as ferramentas de discriminação de animais de distintas espécies. No nosso laboratório iniciamos um banco de DNA de espécies animais no fim de 1999 (ver http://www.icb. ufmg.br/~lbem/ddb). Com ele, pretendemos obter uma coleção representativa de espécies de nossa fauna nativa na forma de DNA, para promover o estudo em detalhe desses genomas e desenvolver ferramentas para detecção de variabilidade genética. Isso está sendo feito em colaboração com vários laboratórios e instituições de Minas Gerais (incluindo o Ibama), usando-se sobretudo material de animais mortos. Conhecendo-se as ferramentas adequadas para cada espécie nativa do Brasil podemos propor estratégias de conservação e preservar nossa biodiversidade com o auxílio da genética molecular. Fabrício Rodrigues dos Santos Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais ? O que é bruxismo e quais as formas de tratamento? ALINE ÁVILA, CAMPO GRANDE/MS Bruxismo é o desgaste horizontal e vertical dos dentes, provocado pelo hábito de ranger os dentes. Ele pode ter diversas origens, mas o estresse tem sido o motivo mais relatado atualmente. Conhecido como bruxômano, o paciente invariavelmente desconhece que tem o problema porque, na maioria das vezes, range os dentes durante a noite, enquanto dorme. Por isso, é comum que o bruxismo só seja percebido quando os dentes começam a quebrar e a se desgastar com muita facilidade. O paciente também pode apresentar outros tipos de problemas como hipertrofia muscular facial e a perda dentária precoce. O tratamento consiste em diagnosticar a causa que leva o bruxômano a ranger os dentes, restaurar os elementos dentários atingidos e usar a placa miorrelaxante de acrílico, que se encaixa nos dentes superiores, em contato com todos (ou a maioria) os dentes inferiores. A distribuição desse contato pode evitar a tensão na musculatura e o atrito dos dentes. Eliane Porto Barboza Departamento de Periodontia, Universidade Federal Fluminense CIÊNCIA HOJE • vol. 28 • nº 16 4 O ? características do baiacu? Quais as principais Todas as espécies são venenosas ou podem ser usadas como alimento? LEITOR PERGUNTA Por que ao observarmos ? um texto em letras azuis e outro em letras vermelhas em uma tela de computador, o texto azul parece estar atrás do texto em vermelho? FAUSTO LOPES, BELO HORIZONTE/MG MARIA DE FÁTIMA ROSA, Os baiacus e baiacus-de-espinho pertencem, respectivamente, às famílias Tetraodontidae e Diodontidae, as quais, por sua vez, pertencem à ordem Tetraodontiformes. O estômago desses peixes é altamente modificado para permitir que ele infle a tamanhos notáveis. O processo de inflação ocorre quando o baiacu, assustado ou irritado, engole água para dentro de um divertículo ventral (pequena bolsa) do estômago. A deflação ocorre ao expelirem a água. Quando retirados da água, a inflação pode ocorrer com o ar. Os baiacus da família Tetraodontidae são basicamente marinhos, mas várias espécies ocorrem em águas salobras e doces, em regiões tropicais e subtropicais, nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. São representados por 19 gêneros e 121 espécies. Têm o corpo inflável e nu (ou coberto por curtos espinhos) e dentes fundidos nas maxilas. A carne (especialmente as vísceras e a pele) de alguns baiacus (espécies da família Tetraodontidae, Diodontidae e Molidae) contém o alcalóide venenoso tetraodotoxina, que pode ser fatal quando ingerido. Não há antídoto específico e o tratamento resume-se à terapia de suporte baseada nos sintomas da vítima. No entanto, quando eviscerado (retiradas as vísceras) e sem pele, o baiacu pode ser consumido. No Japão, é chamado ‘fugu’ e é muito apreciado. No Brasil, a espécie Lagocephalus variegatus (baiacu-arara) foi introduzida na culinária do Espírito Santo para moqueca e, pelos registros dos anos 40, era pesca local economicamente importante. Erica Caramashi Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro Em linhas gerais, uma possível explicação do fenômeno seria a variação do índice de refração do cristalino com o comprimento de onda de cada tipo de luz (azul ou vermelha, no caso) que o atravessa. Isso significa que quanto menor for o comprimento de onda da luz (e a luz azul tem menor comprimento de onda que a vermelha) maior é o índice de refração. Logo, para uma determinada lente (o cristalino humano é uma lente convergente que sofre ‘ajustes’ ao formar imagens de objetos a diferentes distâncias) a imagem da letra azul será formada em uma retina mais próxima do cristalino do que a imagem da vermelha. A razão entre a distância da lente à imagem (formada na retina) e a distância da lente ao objeto é diretamente proporcional ao tamanho da imagem. Portanto, se a distância (lente-imagem) das letras azuis é menor que a das letras vermelhas, será produzida uma ampliação menor das letras azuis. Isso considerando que a distância do olho ao objeto será a mesma nos dois casos. Concluímos então que a letra azul não fica ‘atrás’ da vermelha, ela apenas aparece menor para nossos olhos. No entanto, deve-se levar em conta que nosso cérebro nos diz que as letras são iguais e que a diferença em tamanho é interpretada como a letra azul estando atrás da vermelha. Ou seja, nosso sistema de visão é muito complicado, tanto pela óptica (que parece simples, é só uma lente!) como pelo sistema registrador e interpretador das imagens, o cérebro. Armando Dias Tavares Júnior Departamento de Eletrônica Quântica, Instituto de Física, Universidade do Estado do Rio de Janeiro CARTAS À REDAÇÃO CURITIBA/PR Av. Venceslau Brás, 71 fundos • casa 27 CEP 22290-140 • Rio de Janeiro • RJ E-MAIL: [email protected] setembro de 2000 • CIÊNCIA HOJE • 5