INSTITUTO POLITÉCNICO DE
BEJA
PROGRAMA LEONARDO DA VINCI (MOBILIDADE) 2012/2013
GET A PLACEMENT IN EUROPE (GAPE)
Relatório Final de Estágio
Júnia Aparecida Alves Ferreira Caturra
Beja
2013
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA
Programa Leonardo da Vinci (Mobilidade) 2012/2013
Get a Placement in Europe (GAPE)
Relatório Final de Estágio
Elaborado por:
Júnia Aparecida Alves Ferreira Caturra
Orientado por:
Doutora Maria de Fátima Carvalho
Doutor Francisco Javier Rivas Toledo
Beja
2013
Índice
1.
Descrição das atividades realizadas durante o estágio ............................................................... 1
1.1.
Enquadramento do estágio ...................................................................................................... 1
1.2.
Empresa de Acolhimento ........................................................................................................ 2
1.2.1. Departamento de Engenharia Química e Química Física da Universidade de Extremadura 2
1.2.2. Grupo de Investigação em Tratamento de Águas.................................................................. 3
1.3.
Identificação das áreas de intervenção e descrição das principais atividades desenvolvidas . 4
1.3.1.
Fundamentação teórica da fotocatálise............................................................................ 6
1.3.2.
Ensaio experimental ........................................................................................................ 8
2.
Relato de experiência pessoal ..................................................................................................... 10
3.
Bibliografia .................................................................................................................................. 13
i
1. Descrição das atividades realizadas durante o estágio
1.1.
Enquadramento do estágio
Nos últimos anos tudo o que está relacionado ao meio ambiente tem despertado interesse,
devido o aumento da contaminação e da necessidade de grande quantidade de recursos
requeridos tanto para a manutenção da vida como para o desenvolvimento da sociedade.
Esta problemática ambiental é provocada, na maioria das vezes, pela ação humana, já que
o desenvolvimento industrial e tecnológico é o principal responsável pela pressão exercida
sobre o meio natural.
Em relação aos recursos hídricos, a identificação de certos contaminantes em águas
superficiais, potáveis e residuais de todo o mundo tem sido possível graças ao
desenvolvimento de métodos de análises com limites de deteção mais baixos. Estes tipos
de compostos são de interesse científico, devido ao risco potencial não apenas para os
seres humanos, como para os seres vivos em geral. A água é um bem escasso e
indispensável à vida e à sustentabilidade do meio ambiente, que em consequência do
rápido desenvolvimento social e económico, bem como pelo seu uso excessivo e sua
contaminação, tem sofrido uma alarmante deterioração em quase todas as regiões do
mundo. Esta situação tem ocasionado graves danos ao meio ambiente, colocando em risco
numerosas espécies de animais e de plantas (Sherbinin, 1998; UN, 1997; UNESCO,
1997).
Estes compostos e sua eliminação são um desafio científico-tecnológico, tendo em conta
de que a estrutura das estações de tratamento e depuração de águas são projetadas sem
considerar a presença desses contaminantes. É por isso que o seu estudo está entre as
linhas de investigação prioritárias dos principais organismos dedicados à proteção da
saúde pública e meio ambiente, tais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
Agência dos Estados Unidos para a Proteção do Meio Ambiente (US EPA) ou a Agência
Europeia de Meio Ambiente (EEA) (EPA, 2001).
Neste sentido, os processos de oxidação avançados em geral, e a fotocatálise em
particular, são opções promissoras não somente para a eliminação de compostos
emergentes, bem como para a degradação de compostos intermédios e subprodutos.
1
Nesse contexto, o trabalho, em geral, realizado nesse estágio foi desenvolvido dentro de
uma das linhas de investigação do grupo Tratamento de Águas do Departamento de
Engenharia Química e Química Física da Universidade de Extremadura, sendo este acerca
da aplicação de processo fotocatalítico na presença de luz negra e dióxido de titânio P-25
para a eliminação do ácido dicloroacético (DCA).
1.2.
Empresa de Acolhimento
A Universidad de Extremadura foi fundada em 1973 e os seus campus universitários
situam-se na região de Extremadura, no sudoeste da Espanha, na fronteira com Portugal.
Trata-se de uma das maiores regiões da Europa, com uma superfície aproximada de
41.600 km2, sendo que essa extensão é equivalente à Bélgica.
Atualmente, a estrutura académica da Universidade de Extremadura está dividida em 17
centros que agrupam as diferentes titulações e cuidados com a sua organização e gestão
administrativa. Os departamentos são os encarregados da atividade docente e de
investigação, segundo a área em que trabalham. Os conselhos de Departamentos se
encarregam da gestão dos departamentos, além de programar e organizar as docências e
investigações referentes à área do departamento. A Universidad de Extremadura, hoje,
atende milhares de alunos nacionais e estrangeiros e está dividida em quatro campus,
sendo estes: Badajoz, Cáceres, Mérida e Plasencia, contando com mais de 24 mil alunos
matriculados.
1.2.1. Departamento de Engenharia Química e Química Física da Universidade de
Extremadura
O estágio em questão foi realizado no Departamento de Engenharia Química e Química
Física da Universidade, no Campus de Badajoz, sendo que este apresenta as seguintes
linhas de investigação:

Tecnologias do meio ambiente: investigação
sobre as diferentes tecnologias químicas, físicas e/ou
biológicas encaminhadas para a depuração de águas
2
residuais agroindustriais e a eliminação de contaminantes orgânicos e inorgânicos
específicos em água.
 Investigação em Aproveitamento Integral de Resíduos Biomássicos. Energias Renováveis
(GAIRBER), que fundamenta sua investigação no aproveitamento integral de resíduos
biomássicos e a aplicabilidade da produção de energia assim como a produção de
materiais de alto valor adicionado como os carvões ativados.
 Investigação em simulação química com dinâmica molecular (EISQDM) com linha de
investigação em simulação de processos químicos em dissolução.
 Gestão, Conservação e Recuperação de Solos, Água e Sedimentos (GORSAS) aborda
trabalhos de investigação relacionados com o desenvolvimento de ferramentas
tecnológicas e metodológicas que promovam a conservação dos solos e águas, a
valorização de resíduos industriais, assim como o aproveitamento ótimo e exploração de
rochas e minerais.
1.2.2. Grupo de Investigação em Tratamento de Águas
O trabalho desenvolvido neste estágio esteve enquadrado dentro da linha de investigação
liderada pelo Grupo de Tratamento de Água, sendo que este trabalha com tratamentos e
estudos de processos utilizados para a potabilização de águas de consumo e depuração e
reutilização de águas residuais. O grupo foi constituído em 1990 e forma parte do catálogo
da Universidade de Extremadura desde que foi criado e está constituído por uma equipa
de vários professores doutores da universidade, investigadores, técnicos e também por
estudantes de doutoramento. Sua linha geral de investigação compreende os processos de
oxidação avançada para eliminar contaminantes de águas.
O grupo também presta serviços às empresas por meio de relatórios técnicos sobre:
• Caracterização e depuração avançada de águas residuais com vistas a reutilização e
depuração de águas para potabilização.
• Monitoramento da formação de trialometanos em águas potáveis e estudos sobre a sua
redução.
• Eliminação de algum tipo específico de contaminante de água.
• Síntese de materiais adsorventes e catalisadores. Ensaios de efetividade.
• Tratamento de solos contaminados.
3
Dentro do grupo existem linhas específicas de investigação, das quais podem-se citar:

Processos de oxidação avançada baseados em aplicações de ozono, fotocatálises, catálises
e adsorção para tratamento de águas a nível de laboratório e planta piloto.

Combinação de processos de oxidação biológica e química para tratar águas residuais.
Reutilização de águas residuais.

Análises de trialometanos (THM) e outros produtos de desinfeção em águas potáveis e de
saída de ETAS.

Preparação e caracterização de carbonos ativados com propriedades específicas. Sínteses
de catalisadores.

Tratamento de solos.
Os resultados obtidos têm sido positivos, sendo que muitos desses resultados são
publicados em artigos científicos de arbitragem internacional e congressos nacionais e
internacionais.
No que diz respeito ao interesse industrial o grupo Tratamento de águas possui Convénio
com o "Canal de Isabel II" para estudo sobre a implantação de um sistema de ozonização
na ETA de Cáceres e convénios com "Aqualia Gestión Integral del Agua" para estudos
sobre métodos avançados de potabilização e regeneração de águas residuais.
1.3. Identificação das áreas de intervenção e descrição das principais
atividades desenvolvidas
Durante a primeira semana de estágio o meu Tutor, Doutor Francisco Javier Rivas Toledo, fez
a apresentação do local e dos colegas do laboratório onde seriam desenvolvidas as atividades.
Inicialmente me explicou, de uma forma geral, o trabalho que deveria ser feito e para que eu
ficasse mais inteirada do assunto sugeriu-me a leitura de diversos artigos científicos. A leitura
desses artigos foi muito importante para que eu pudesse entender melhor os aspetos teóricos
relacionados ao trabalho que eu iria desempenhar, bem como os tipos de pesquisas e
resultados já publicados sobre o tema.
A partir da segunda semana de estágio, o Doutor Francisco Javier explicou-me sobre o
funcionamento do aparelho de cromatografia gasosa, que viria a ser o equipamento utilizado
em todas as nossas análises para a determinação do composto a ser estudado, para além disso,
4
designou um dos alunos, que estava realizando o seu trabalho final de curso no laboratório,
Samuel Gallego, para acompanhar-me nos primeiros procedimentos técnicos até que eu
pudesse realizá-los de forma autónoma.
O trabalho realizado está inserido numa das linhas de investigação do Grupo Tratáguas que
diz respeito a análise de subprodutos de desinfeção de águas, bem como a sua eliminação. O
composto analisado foi o ácido dicloroacético (DCA).
Para entender a importância desse composto é necessário saber que todos os desinfetantes
químicos utilizados no tratamento de água produzem algum tipo de produto secundário. A
geração de diferentes tipos e concentrações desses produtos depende, principalmente, do tipo
de desinfetante, da qualidade da água, do tempo de contato e de fatores ambientais como pH,
temperatura, etc. A reação do cloro com compostos orgânicos naturais na água conduz à
formação de compostos orgânicos clorados como subprodutos. Os Trialometanos (THM)
constituem o grupo predominante gerado como subproduto da cloração da água (Rook, 1974),
enquanto os ácidos acéticos clorados são subprodutos da oxidação formados pela reação do
cloro com a matéria orgânica, tais como ácidos húmicos e fúlvicos presentes na água. Essas
substâncias constituem o segundo grupo de subprodutos predominante, com ácidos
dicloroacético e tricloroacético sendo, respectivamente, a primeira e segunda espécie
dominante (WHO, 2000).
Assim, o ácido dicloroacético (DCA) e o ácido tricloroacético (TCA) são responsáveis por 10
a 18% dos halogenados orgânicos totais (Amy et al., 1990), além de serem cancerígenos
(DeAngelo e McMillan, 1988, 1990). A Organização Mundial de Saúde (WHO, 2006; WHO,
2008) definiu valores guias provisórios para alguns ácidos acéticos clorados, entre eles o
ácido monocloroacético, o ácido dicloroacético e o ácido tricloroacético com níveis máximos
recomendáveis de de 20 μg.L-1, 50 μg.L-1 e 200 μg.L-1 , respetivamente.
Nesse contexto a parte inicial do trabalho foi determinar os níveis de DCA em amostras
aquosas por meio da cromatografia gasosa, utilizando um método simples e rápido de análise
sem o uso de solvente orgânico tóxico. Para isso os procedimentos foram baseados no método
descrito por Wang & Wong (2005). As principais vantagens desse método são a utilização do
metanol como agente de derivatização, em vez do diazometano que é um composto instável,
tóxico e de preparação perigosa e a esterificação conduzida em água, em vez de um solvente
orgânico.
5
Os reagentes utilizados para a determinação do DCA foram: DCA (99%), ácido sulfúrico
H2SO4 (97%), metanol e água ultra pura. A solução de DCA foi preparada por dissolução de
DCA em água ultra pura, com concentração final de 50 ppm. Foram utilizados 0,5 mL de
metanol, 1 mL de ácido sulfúrico, adicionados num frasco de 20 mL, contendo 5 mL de DCA
com soluções padrões em concentrações variando de 0 a 38 ppm.
As amostras foram incubadas em manta de aquecimento a 90 °C por 60 minutos e
posteriormente analisadas no cromatógrafo a gás. As concentrações de DCA foram calculadas
de acordo com as respetivas curvas de calibração em que as áreas de pico foram comparadas
com as concentrações padrões.
Nessa primeira fase foi possível verificar a funcionalidade do método por repetidas vezes,
confirmando a eficiência do processo e assim passarmos à segunda fase, que se refere à
eliminação do ácido dicloroacético por meio da fotocatálise.
1.3.1. Fundamentação teórica da fotocatálise
Os processos de oxidação avançada (POAs), ainda que façam uso de diferentes sistemas
operativos de reação, se caracterizam pelo mesmo princípio químico: a formação de radicais
hidroxila. Estes radicais são espécies extraordinariamente recetivas, que atacam a maioria das
moléculas orgânicas (EPA, 1998). Estas espécies se caracterizam por sua baixa seletividade
no processo de oxidação, sendo esta umas das causas principais da sua utilização no
tratamento de águas.
A possibilidade de aplicação da fotocatálise à descontaminação foi explorada pela primeira
vez em dois trabalhos de Pruden e Ollis (1983), onde foi demonstrada a total mineralização de
clorofórmio e tricloroetileno para iões inorgânicos durante iluminação de suspensão de TiO2.
Desde então, a fotocatálise heterogênea vem atraindo grande interesse de diversos grupos de
pesquisa de todo o mundo devido à sua potencialidade de aplicação como método de
destruição de poluentes (Legrini et al, 1993; Huang et al, 1993), promovendo sua total
mineralização para compostos inócuos como CO2 e água.
O princípio da fotocatálise heterogênea envolve a ativação de um semicondutor (geralmente
TiO2) por luz solar ou artificial. Um semicondutor é caracterizado por bandas de valência
(BV) e bandas de condução (BC) sendo a região entre elas chamada de “bandgap”. A
6
absorção de fotões com energia superior à energia de “bandgap” resulta na promoção de um
elétron da banda de valência para a banda de condução com geração concomitante de uma
lacuna (h+) na banda de valência. Estas lacunas mostram potenciais bastante positivos, na
faixa de +2,0 a +3,5 V, sendo suficientes para gerar radicais hidroxila a partir de moléculas de
água adsorvidas na superfície do semicondutor, os quais podem subsequentemente oxidar o
contaminante orgânico (Nogueira & Jardim, 1998).
Existem diversos materiais com propriedades idóneas para atuar como catalisadores e levar a
cabo reações fotossensibilizadas, como por exemplo, TiO2, ZnO, CdS, óxidos de ferro, WO3,
AnS, etc. Estes materiais são economicamente acessíveis e inclusive, muitos deles participam
em processos químicos na natureza. Além disso, a maioria destes materiais podem excitar-se
com a luz de energia pouco elevada, absorvendo parte da radiação do espectro solar que
incide sobre a superfície terrestre. Isto incrementa o interesse para um possível
aproveitamento da luz solar em processos de oxidação fotocatalítica (Davis & Huang, 1990;
Richard & Boule, 1994; Choi & Hoffmann, 1997; Andreozzi et al., 2000; Robert & Malato,
2002).
O fotocatalizador empregado neste trabalho de investigação foi o dióxido de titânio, já que
até, agora, demonstra ser o material mais promissor por ser inócuo, barato, não-tóxico, e
apresenta uma elevada estabilidade química (Friedmann et al., 2010) que o faz apto para
trabalhar em um amplo intervalo de pH. Devido à sua estrutura reticular existem muitos tipos
diferentes de dióxido de titânio, seja nas formas alotrópicas, anatase, rutilo e brookite, sendo
as duas primeiras as mais comuns (Lewis & Rosenbluth, 1989). Entre os diferentes
fabricantes, o dióxido de titânio P-25 (80% anatase), fabricado pela Degussa, tem se
estabelecido como o fotocatalizador padrão, pois apresenta uma atividade fotocatalítica maior
que outras formas de dióxido de titânio (Sakthivel et al., 2000; Yamazaki et al.., 2001). Isto se
deve à sua alta área superficial, em torno de 50 m2/g e à sua complexa microestrutura
cristalina resultante de seu método de preparação que promove melhor separação de cargas
inibindo a recombinação (Bickley et al., 1991).
Durante o processo fotocatalítico utilizou-se, também, o gás oxigénio que impede a rápida
recombinação do par eletrão/lacuna, permitindo uma maior eficiência do processo devido a
produção em cadeia que conduz, entre outras espécies, ao radical hidroxila (Bhatkhande et al.,
2001).
7
1.3.2. Ensaio experimental
Para os ensaios de fotodegradação do ácido dicloroacético foi montada uma câmara cilíndrica
com 4 lâmpadas de luz negra com irradiação UV-A em um comprimento de onda de 365 nm,
tendo estas 15 W e 45 cm de comprimento. A preparação das amostras seguiu a mesma
metodologia empregada para a determinação do DCA, onde sempre foram utilizados 0,5 mL
de metanol, 1 mL de ácido sulfúrico e 5 mL da solução de DCA submetida à fotocatálise.
Dentro de um reator era colocado 1 L de solução de DCA, com a concentração pretendida,
onde era adicionado a massa predeterminada do catalisador TiO2. Essa solução era mantida
sob agitação magnética para a total homogeneização, sendo introduzido 30 L/h de oxigénio
durante todo o tempo de exposição, que durava de 90 a 210 minutos, sendo o tempo
determinado de acordo com a concentração de DCA e/ou TiO2 utilizados.
A fotodegradação foi monitorada mediante a retirada de alíquotas de 5 mL e colocada em
pequenos frascos de 20 mL, já contendo o metanol e ácido sulfúrico, nos seguintes intervalos
de tempo: 0 minutos, 2,5 minutos, 5 minutos, 10 minutos, 15 minutos, 20 minutos, 30
minutos, 60 minutos, 90 minutos, 120 minutos, 150 minutos, 180 minutos e 210 minutos. As
amostras eram sempre recolhidas em duplicado e com o cuidado de serem mantidas
encobertas por papel alumínio evitando o contato externo com a luz. Em cada recolha também
era medido a condutividade da solução. Após o término das reações, por meio do processo
fotocatalítico, as amostras eram encubadas por 120 minutos em mantas de aquecimento a 90
°C e posteriormente analisadas por cromatografia gasosa para determinar o espectro de
decaimento dos picos, ou seja, a quantidade de DCA removida da solução.
As figuras 1 e 2 a seguir mostram algumas etapas do processo fotocatalítico e das análises.
(A)
(B)
Figura 1. Câmara cilíndrica de irradiação (A); Interior de câmara de irradiação com o reator contendo a solução de
DCA sob agitação e na presença do catalisador e do oxigénio (B).
8
(A)
(B)
Figura 2. Manta de aquecimento com as respetivas amostras (A); Equipamento de cromatografia a gás (estoque,
cromatógrafo e software) (B).
Tais reações foram feitas repetidas vezes em diferentes concentrações, seja do ácido
dicloroacético ou do dióxido de titânio e os resultados organizados em gráficos e tabelas.
Futuramente os resultados poderão ser publicados por meio de artigos científicos. Entretanto,
pode-se afirmar que houve uma redução significativa do composto DCA, após passar pelo
processo de fotocatálise, sendo os resultados mais ou menos eficazes de acordo com o tempo
de reação e a variação das concentrações de DCA e TiO2. Pode-se observar, também, que a
exposição do contaminante à radiação UV-A é imprescindível para a obtenção de resultados
eficazes, uma vez que apenas na presença do catalisador e oxigénio não ocorre remoções
significativas.
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2. Relato de experiência pessoal
A experiência de realizar um estágio profissional durante vinte e uma semanas numa
universidade espanhola foi, até agora, uma das experiências mais notáveis e interessantes
vividas por mim. As pessoas em geral, os colegas de trabalho, a dinâmica da cidade, atrelada
ao jeito de viver da população foram pontos marcantes que fizeram essa experiência ser
imensamente enriquecedora.
Figura 3. Ponte de” La Autonomía” sobre o Rio Guadiana, em Badajoz.
Badajoz é uma cidade muito simpática, tranquila, com grande qualidade de vida, sendo esta a
maior cidade da região de Extremadura em Espanha, sendo cortada pelo Rio Guadiana que
divide a população em duas partes. Badajoz faz fronteira com Portugal, o que acaba por
influenciar os sinais mais genuínos de sua identidade, uma vez que os intercâmbios em todos
os aspetos têm sido bem ativos ao longo dos séculos com Portugal. Ao pesquisar um pouco
sobre a história desta encantadora cidade, pude entender que, no passado, Badajoz também foi
um centro religioso de notável importância, em função dos números de fundações religiosas
presentes na cidade, além de ser berço de personagens universais, como o pintor Luis de
Morales, o músico Juan Vázquez e Cristóbal Oudrid, o escritor Sánchez de Badajoz, o
conquistador Pedro de Alvarado, entre outros. Desde a sua fundação no século IX, Badajoz
contou com sólidas fortificações; suportou incessantes ataques bélicos; e teve um destacado
papel como sede de múltiplos acontecimentos diplomáticos.
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E é sobre o seu rico passado que Badajoz tem cimentado a sua extraordinária pujança e
expansão dos últimos tempos, tendo como propulsor a sua própria vitalidade que atualmente
faz dessa capital o centro mais destacado de todo o sudoeste peninsular seja no aspeto
económico, cultural ou de serviços, para além de ser foco de articulação do eixo
compreendido entre Madrid-Sevilla-lisboa.
Badajoz é uma cidade hospitaleira e acolhedora, e é possível perceber neste contexto o seu
lado histórico, mas também moderno. A cidade usufrui de inúmeros espaços verdes,
inclusivamente os eixos das suas largas avenidas são servidos por lindíssimas floreiras, tendo
como privilégio a garrida coloratura das rosas. Não podendo deixar de referir o cuidado de
engenharia paisagista que é notório nos inúmeros aglomerados arvícolas, ao jeito de arranjos
florais, dispostos estrategicamente por toda a cidade. Passear por suas ruas, entrar em suas
lojas, visitar os pontos turísticos, sentar em algum das suas centenas de bares espalhados pela
cidade podendo tomar um refresco e comer deliciosos petiscos; apreciar os jovens e os mais
velhos se divertirem tranquilamente pelas praças, danceterias e tabernas. Observar como essa
cidade, mesmo sendo europeia, tem uma quantidade incrível de crianças e mulheres grávidas,
fez com que eu me simpatizasse muito com o seu estilo.
Em relação ao ambiente de trabalho, desde o primeiro dia em que cheguei, surpreendi-me pela
positiva, tal foi a simpatia com que as pessoas me receberam, com sorrisos francos e abertos.
Os colegas demonstraram sempre dispostos a me ajudar e preocupados em me perguntar se
estava tudo bem, se eu necessitava de algo e que, caso necessitasse, poderia contar com eles.
Sobre o trabalho de pesquisa, sem dúvida foi uma mais-valia para o meu currículo pois pude
conhecer e participar de uma equipa competente e com trabalhos avançados no quesito
tratamento de águas. A convivência num ambiente que respira investigação, com pessoas
muito capacitadas e com grande domínio sobre o tema deu-me a oportunidade de aprofundar
os conhecimentos que adquiri durante o mestrado, alargando ainda mais as minhas
competências profissionais que futuramente poderão trazer-me bons frutos.
O maior desafio que precisei enfrentar se referiu ao idioma. No departamento onde desenvolvi
os trabalhos de pesquisa, havia um estudante latino-americano que eu conseguia entender
perfeitamente, mas entender os outros colegas espanhóis não foi tarefa simples, uma vez que
estes falam muito rápido e omitem uma série de sílabas ao pronunciarem as palavras. Porém,
com o tempo fui conseguindo ultrapassar essa dificuldade e ao término do estágio, posso dizer
que já consigo entendê-los com maior clareza e manter um nível mais avançado nos diálogos.
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Ressalto que encantei-me pelo idioma espanhol. Sem dúvidas, um dos mais lindos de serem
ouvidos, em minha opinião.
Quanto ao curso de línguas, que é obrigatório para os estagiários do Leonardo da Vinci, não
pude realizá-lo, pois cheguei em uma data, no qual o curso de línguas para estrangeiros,
ministrado pela própria universidade, já estava finalizando, sendo que o início de um novo
curso só ocorreria em Outubro, data em que o meu estágio já estaria encerrado. Ainda assim,
procurei outros meios, mas sem sorte. Esse foi um dos pontos mais complicados, pois sem
dúvidas, perdi uma grande oportunidade de realizar um curso de línguas no país nativo dessa
língua. Para não ficar totalmente prejudicada encontrei alguns bons sites e estudei o idioma
pela internet. Talvez o ideal, nesse caso, para os próximos bolsistas que vierem para Badajoz,
seja fazer um curso linguístico antes de virem para o estágio.
Por fim, de uma maneira geral, só houve pontos positivos nessa minha experiência. Gostei
imenso de viver em Espanha. Absorvi com facilidade os horários que os estremenhos
praticam no seu dia-a-dia, percebendo na prática o porquê da sua siesta: o calor tórrido do seu
verão. A alegria das pessoas, a forma de viver dos espanhóis, a cultura, a comida, até os
programas de opinião e debate transmitidos pela televisão são interessantes e politizados.
Mesmo em meio à crise que tem assolado o país, as pessoas ainda sorriem, divertem-se,
cuidam da aparência, parecem ser felizes. Ao me despedir desta cidade, desta vida, do
trabalho, só posso dizer sem dúvida alguma: Valeu muito a pena! Badajoz é um lugar onde
ainda quero voltar por muitas vezes.
Agradeço pela oportunidade ao Gabinete de Mobilidade e Cooperação do Instituto Politécnico
de Beja, Na pessoa da Coordenadora, Maria Cristina Palma e a minha Tutora Doutora Fátima
Carvalho, professora titular do IPBeja, que incentivou-me e intermediou todo o processo com
o Departamento de Engenharia Química e Química Física da Universidade de Extremadura.
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3. Bibliografia
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Relatorio - Instituto Politécnico de Beja