O Estudo Especial IMA e Títulos Públicos
Federais explica, de forma didática, mas sem
ESTUDOS ESPECIAIS
perder a perspectiva técnica, as características
das principais categorias de títulos públicos
que compõem grande parte das carteiras de
investimentos no país, e como a sua agregação,
no formato dos índices divulgados pela ANBIMA,
contribui para atender às necessidades de
diferentes classes de investidores.
A iniciativa teve início a partir do diagnóstico de
que a mudança estrutural em curso na economia
brasileira, que tem permitido a redução das
taxas de juros, tende a estimular, cada vez mais,
a demanda por referenciais que se ajustem
melhor aos perfis individuais dos investidores
e se diferenciem dos parâmetros de curtíssimo
prazo, por tantos anos dominantes na indústria
financeira do país. O trabalho foi elaborado
no âmbito da Comissão de Benchmarks da
ANBIMA, fórum subordinado ao Comitê de
Precificação de Ativos da Associação, criado para
acompanhamento e análise do IMA e de outros
índices divulgados pela entidade.
&
Títulos Públicos Federais
ESTUDOS ESPECIAIS
IMA - Índice de
Mercado ANBIMA e
Títulos Públicos Federais
Presidente
Marcelo Giufrida
1º Vice-Presidente
Sergio Cutolo
Vice-Presidentes
Alberto Kiraly
Alfredo Moraes
Demosthenes Pinho Neto
Denise Pauli Pavarina de Moura
José Olympio Pereira
Marcio Hamilton Ferreira
Pedro Guerra
Diretores
Bernardo Parnes
Bolivar Tarragó
Celso Portásio
João Roberto Teixeira
José Carlos Oliveira
José Hugo Laloni
Luiz Chrysostomo
Luiz Eduardo Maia
Luiz Fernando Figueiredo
Luiz Fernando Resende
Luiz Masagão
Luis Stuhlberger
Márcio Appel
Nelson Rocha Augusto
Pedro Augusto Bastos
Regis Abreu
Rodrigo Azevedo
Saša Markus
Valdecyr Maciel Gomes
Superintendente Geral
Luiz Kaufman
ESTUDOS ESPECIAIS
IMA - Índice de
Mercado ANBIMA e
Títulos Públicos Federais
Rio de Janeiro
2010
Editado em 2010.
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido (ou utilizado) sem citação da fonte.
FICHA TÉCNICA
Superintendente de Produtos, Serviços e Administrativo - Paulo Eduardo de Souza Sampaio
Superintendência Técnica - Valéria Arêas Coelho
Gerência Técnica - Sandro Baroni Selaimen
Equipe Técnica - Ana Lucia Andrade dos Santos Roure, Dalton Boechat, Leonardo Gonçalves
Medina, Leonardo Tavares Pereira, Marcelo Kucuruza Mehl, Marcelo Cidade e Vinicius Gomes Araújo
Assessoria de Comunicação - Ana Cláudia Leoni
Catalogação - Cláudia Kropf
COORDENAÇÃO
Comissão de Benchmarks da ANBIMA (Coordenador: Silvio Luís Samuel)
Comitê de Precificação de Ativos da ANBIMA (Presidente: Luiz Fabiano Godoi)
ANBIMA
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Superintendência Técnica: Tel.: (21) 3814-3803
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Internet: www.anbima.com.br / E-mail: [email protected]
Impressão - Grafitto Gráfica e Editora
I31
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais /
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro
e de Capitais. _ 2. ed. _ Rio de Janeiro: ANBIMA, 2010.
40 p.; 25 cm. - (Estudos Especiais)
ISBN 978-85-86500-57-2 (broch.)
1. Títulos públicos. 2. IMA. I. Associação Brasileira das Entidades
dos Mercados Financeiro e de Capitais.
CDD-336.31
Lista
de I lustrações
1 Introdução
Gráfico 1
Composição da Carteira dos Fundos de Investimento (Dez/09) ............................. 7
2 Títulos Públicos Federais
gráfico 2
Ativos do Mercado de Renda Fixa Brasileiro (Dez/09) .......................................... 9
FIGURA 1
Exemplo de Fluxo de Pagamentos de LTN ............................................................ 11
FIGURA 2
Exemplo de Fluxo de Pagamentos de NTN-F ....................................................... 12
FIGURA 3
Exemplo de Fluxo de Pagamentos de NTN-B ....................................................... 13
FIGURA 4
Exemplo de Fluxo de Pagamentos de NTN-C ....................................................... 14
FIGURA 5
Exemplo de Fluxo de Pagamentos de LFT ............................................................ 15
quadro 1 Exemplo Hipotético ............................................................................................. 18
GRÁFICO 3
Exemplo Hipotético - LTN com 504 d.u. (2 anos) ................................................. 19
3 Benchmarks e a Criação do IMA
GRÁFICO 4
Evolução Diária: IRF-M, DI-Cetip e LTN Jan/2010 ................................................ 23
4 Características do IMA
FIGURA 6
Composição do IMA ........................................................................................... 25
FIGURA 7
Imagem do site: www.andima.com.br/ima/ima.asp ........................................... 26
GRÁFICO 5
Retorno Anualizado (Janeiro/04 a Fevereiro/10) ................................................ 30
GRÁFICO 6
Exemplo de Composição .................................................................................... 31
5 Calculadora do IMA
GRÁFICO 7
Gráfico da Calculadora do IMA: Índices IMA x Índice Personalizado .................. 34
Anexo - Características dos Titulos Públicos
QUADRO 2
Principais Características dos Papéis Públicos em Poder do Mercado ................. 39
Sumário
1
Introdução ............................................................................................................... 7
1.1
Mercado de renda fixa - uma abordagem geral ........................................................... 8
2
Títulos Públicos Federais ...................................................................................... 9
2.1
Prefixados ...................................................................................................................10
2.1.1
LTN ............................................................................................................................. 11
2.1.2
NTN-F ......................................................................................................................... 11
2.2
Indexados a índices de preços .................................................................................... 12
2.2.1
NTN-B .........................................................................................................................13
2.2.2
NTN-C .........................................................................................................................13
2.3
Pós-fixados ................................................................................................................. 14
2.3.1
LFT ..............................................................................................................................14
2.4
Flutuações de preços e rentabilidades ........................................................................ 16
3
Benchmarks e a Criação do IMA ........................................................................ 21
4
Características do IMA ........................................................................................ 25
4.1
Características dos subíndices que compõem o IMA .................................................. 27
4.1.1
IRF-M ......................................................................................................................... 28
4.1.2
IMA-B e IMA-C .......................................................................................................... 28
4.1.3
IMA-S ......................................................................................................................... 29
4.1.4
IMA-Geral e IMA-Geral ex-C ...................................................................................... 29
5
Calculadora do IMA ............................................................................................. 33
6
Perguntas mais frequentes ................................................................................ 35
Anexo
Características dos titulos públicos ...............................................................39
Introdução
1
Introdução
O estudo especial dos títulos públicos federais e Índices de Renda Fixa da ANBIMA tem
como objetivo esclarecer o investidor de renda fixa sobre as características dos ativos que,
em geral, compõem majoritariamente suas carteiras de investimentos, seja nas aplicações
em fundos de investimento ou pela aquisição direta dos títulos. Além disso, apresenta
indicadores de avaliação da performance (rentabilidade e riscos) desses investimentos
que permitem, individualmente ou conjugados, expressar de maneira mais adequada os
objetivos individuais do investidor.
Gráfico 1
Composição da Carteira dos Fundos de Investimento (em Dez/09)
Ações
17,65%
Outros
6,39%
Operações Compromissadas
19,92%
Debêntures
3,71%
Notas
Promissórias
0,28%
Fonte: ANBIMA.
CDB/RDB
11,38%
Títulos
Públicos
Federais
40,66%
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
Assim como existe uma distinção clara para o público em geral entre ativos de renda
fixa e renda variável (aplicações em ações, por exemplo), dentro do grupo de renda fixa, há
uma diversidade de tipos de ativos e estratégias que podem ser mais ou menos arriscadas,
com diferentes formas de remuneração e prazos.
1.1 Mercado de renda fixa - uma abordagem geral
O histórico de instabilidade macroeconômica no Brasil concentrou a poupança privada
no segmento de renda fixa nas últimas décadas. As incertezas relacionadas à trajetória das
principais variáveis como câmbio, inflação e resultados fiscais do governo contribuíram
para a manutenção das taxas de juros domésticas em patamares elevados, atraindo os
recursos dos investidores, geralmente a prazos extremamente curtos.
No entanto, a consolidação da estabilidade dos últimos anos, com redução dos riscos
para a economia, está alterando esse cenário. Um reflexo desse fenômeno se dá no padrão
de financiamento dos agentes (endividamento), estimulados pela mudança estrutural de o
governo captar recursos por meio de títulos públicos.
Buscando dar maior previsibilidade e reduzir os riscos na administração da dívida
pública, o Tesouro Nacional vem alongando os prazos e mudando o perfil do conjunto
dos títulos de sua responsabilidade. No mesmo sentido, com a perspectiva de estabilidade
das taxas de juros, os investidores reduzem o grau de aversão a risco, ou seja, consideram
expor seus investimentos em renda fixa a prazos mais alongados e a diferentes tipos de
remuneração e crédito, visando a auferir maiores ganhos. Da mesma forma, em épocas de
crise, os investidores tendem a ficar mais criteriosos, evitando risco, mesmo que a decisão
represente ganhos menores. Essa escolha representa um conceito básico em finanças – a
relação risco x retorno.
Títulos públicos
Origem
e motivações
federais
da indústria
2
Títulos Públicos Federais
Neste estudo especial, serão abordadas as principais categorias de títulos públicos federais ativos mais representativos do mercado de renda fixa brasileiro (veja gráfico) - considerados
livres de risco de crédito, por serem de emissão do governo. Ou seja, parcela importante dos
investimentos de pessoas físicas, empresas, fundos de pensão e outros é constituída desses
ativos que financiam a dívida e atividades do governo. Além de ser uma parcela expressiva do
segmento de renda fixa, esses títulos constituem referências para emissões de ativos privados,
ditando, em grande parte, as opções de prazos e indexadores disponíveis aos investidores.
Gráfico 2
Ativos do Mercado de Renda Fixa Brasileiro - Total R$ 2,6 Trilhões (Dez/09)
Debêntures
R$ 283
(10,8%)
Cessão
de Crédito Outros*
R$ 33
R$ 84
(1,3%)
(3,2%)
TPF
R$ 1.398
(53,2%)
CDB
R$ 830
(31,6%)
Obs.: Valores em R$ bilhões. * Somatório dos estoques de: CIA, LAM, Nota Promissória, IFC, Cédula de Debênture, DPGE, Letra
de Câmbio e RDB (Custodiadas na Cetip). Fontes: Tesouro Nacional e Cetip. 10
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
Ao longo dos anos, várias categorias de títulos públicos foram emitidas e vendidas aos
investidores, com diferentes formas de remuneração ou prazos. Por exemplo, no período
de inflação alta, em função das incertezas quanto ao ritmo de aceleração dos preços, os
prazos eram extremamente curtos e os tipos de remuneração objetivavam proteger o ativo
dessas incertezas. Outro exemplo se refere aos períodos de dúvidas em relação à trajetória
do câmbio e à necessidade de proteção (hedge) a suas variações, o que induziu a venda de
títulos indexados ao dólar pelo governo.
Atualmente, os tipos de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional se
aproximam mais do padrão internacional, ainda que em alguns aspectos permaneçam
com características de uma economia em desenvolvimento. Abaixo, estão apresentadas as
principais categorias, que representam 97,2% (dez/09) do total dos títulos e que são a base
para cálculo do IMA – Índice de Mercado ANBIMA, cujos detalhes veremos nos próximos
capítulos. No sentido de padronizar os critérios de cálculo dos títulos públicos federais, a
ANBIMA fornece um documento consolidado contendo detalhes de cálculos envolvendo
negócios com esses ativos. Para obter mais detalhes sobre tais cálculos, o documento
(anexo VI do Código Operacional de Mercado) pode ser consultado no site da Associação
na internet (http://www.andima.com.br/comites/arqs/com_anexo_6.pdf). Para facilitar
o fechamento de negócios entre instituições, a ANBIMA criou, ainda, a CONFERE –
calculadora de títulos públicos, que possibilita o cálculo de taxas, preços e cotações.
Informações sobre o acesso à calculadora podem ser solicitadas através do e-mail gerco@
andima.com.br.
2.1 Prefixados
É a categoria mais tradicional de títulos. O rendimento é definido no momento da
compra do ativo. Podem proporcionar rendimentos (cupons) periódicos ou serem
resgatados integralmente na data de vencimento.
De forma simplificada, a formação de taxas desses ativos é composta pelas expectativas
dos agentes sobre taxas de juros reais e inflação.
Títulos públicos federais
11
2.1.1 LTN
É a categoria de títulos prefixados sem pagamentos de cupons intermediários. Seu
valor na data de vencimento é sempre R$ 1.000,00, sendo seu rendimento definido pelo
preço de compra, ou seja, pelo desconto sobre este valor.
Ex.: (FIGURA 1)
Preço de Resgate
R$ 1.000,00
Pagamento
de principal
Prazo até o vencimento - expresso em d.u.
Preço de
Compra
2.1.2 NTN-F
É a categoria de prefixados com pagamentos de cupons intermediários (semestrais).
Seu valor na data de vencimento é sempre R$ 1.000,00 e o dos cupons semestrais é de
R$ 48,80885 (correspondente a 10% ao ano, pagos semestralmente), sendo seu rendimento
definido pelo preço de compra, ou seja, pelo desconto sobre cada um desses valores.
Em função dos pagamentos intermediários, a taxa pactuada deve representar uma taxa
única, que desconta todos os cupons e o resgate do principal. Para tanto, é necessário
calcular um fluxo de pagamentos do título, com o objetivo de encontrar a taxa que expressa
o rendimento (denominada TIR - Taxa Interna de Retorno).
(612) 

− 1 x 1000 = R4 48,80885 ao semestre, arredondados na 5ª casa decimal, de acordo com o
) 10% ao ano =  10100 + 1


(
)
Anexo VI do Código Operacional de Mercado da ANBIMA. Percentual fixado através das Portarias de Leilão editadas pela
Secretaria do Tesouro Nacional.
12
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
Ex.: (FIGURA 2)
Preço de Resgate
R$ 1.048,80885
Pagamento de cupons de juros - 10% ao ano pagos
semestralmente. Cada pagamento é de R$ 48,80885
Pagamento
de principal
R$ 1.000,00
Prazo até o vencimento - expresso em d.u.
Preço de
Compra
2.2 Indexados a índices de preços
São títulos em que parte de sua remuneração é dada pela trajetória dos índices de
preços. Isso garante que o investidor não vai incorrer em perdas pela elevação da inflação.
Assim, a taxa pactuada é em função da expectativa de juros reais futuros, que representa
a remuneração de um determinado ativo, descontada a “corrosão” do poder de compra,
representada pela elevação de preços (inflação) no período.
A parcela representativa da atualização pela inflação é incorporada ao preço do título
diariamente pela variação dos índices de preços a que são atrelados (como sua divulgação
é mensal, nos períodos em que estão ainda indisponíveis os agentes de mercado utilizam
projeções das variações divulgadas pela ANBIMA, com base na média coletada junto ao
Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação). Este é o conceito de Valor
Nominal Atualizado (VNA), utilizado nos cálculos de valor de mercado desses títulos.
Assim como as NTN-F, esses títulos, normalmente, pagam cupons intermediários. Portanto,
(
)(

) 6% ao ano =  6100 + 1

6
12
)

− 1 x 100 = 2,956301% ao semestre, arredondados na 6ª casa decimal, de acordo com o Anexo VI

do Código Operacional de Mercado da ANBIMA. Percentual fixado através das Portarias de Leilão editadas pela
Secretaria do Tesouro Nacional.
Títulos públicos federais
13
também é necessário calcular o fluxo de pagamentos, com o objetivo de encontrar a Taxa
Interna de Retorno. Nesses casos, no entanto, como o valor do título é indeterminado no
futuro em função da incorporação da inflação, calcula-se com base nos percentuais de
juros sobre o VNA, conforme a seguir.
2.2.1 NTN-B
É a categoria de títulos atrelados a índices de preços cuja atualização é pela variação
do IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – calculado e divulgado pelo IBGE,
o mesmo que pauta as metas de inflação do governo. Atualmente, representa parcela
expressiva da dívida pública.
Ex.: (FIGURA 3)
Preço de Resgate
RS1.000,00 x IPCA acumulado
Pagamento de cupons de juros - 6% ao ano pagos semestralmente
Cada pagamento é de 2,956301% do valor atualizado pelo indexador (VNA)
Pagamento
de principal
Prazo até o vencimento - expresso em d.u.
Preço de
Compra
2.2.2 NTN-C
É a categoria de títulos atrelados a índices de preços cuja atualização é feita pela
variação do IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado - calculado e divulgado pela
Fundação Getulio Vargas. Desde dezembro de 2006, o Tesouro Nacional optou por não
vender mais esse tipo de título.
14
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
Ex: (FIGURA 4)
Preço de Resgate
RS1.000,00 x IGP-M acumulado
Pagamento de cupons de juros - 6% ao ano pagos semestralmente.
Cada pagamento é de 2,956301% do valor atualizado pelo indexador (VNA)
Pagamento
de principal
Prazo até o vencimento - expresso em d.u.
Preço de
Compra
Obs.: Apenas o vencimento 1º/1/2031 possui cupons
de juros de 12% ao ano pagos semestralmente.
2.3 Pós-fixados
2.3.1 LFT
São títulos flutuantes, cuja remuneração básica é a Taxa Selic diária. Para ilustrar
de forma simplificada sua característica, pode ser feita a seguinte analogia: na data de
compra do ativo, o emissor (Tesouro Nacional) vende ao investidor uma certa quantidade
de LFT, à taxa de juros de um dia, que guarda relação muito próxima com a meta de taxa
de juros definida pelo BC (Taxa Selic). No dia seguinte, o emissor recompra a quantidade
valorizada por essa taxa de juros e vende novamente ao mesmo investidor, agora à nova
Taxa Selic do dia. Esse procedimento teórico se repete diariamente até o vencimento do
título. Em função dessa característica, embute baixo risco aos investidores, pois qualquer
alteração da taxa básica de juros, automaticamente, se reflete na remuneração do título.
Ou seja, caso a Taxa Selic sofra um aumento (em função de nova definição de meta pelo
Banco Central, por exemplo), a valorização diária das LFT será impactada para cima.
Porém, quando o movimento é o contrário, sua remuneração será menor.
. Taxa de juros básica da economia brasileira – que representa o custo, para um dia, de operações de troca de
dinheiro entre instituições participantes do mercado financeiro, lastreadas (com garantia) em títulos públicos
federais.
Títulos públicos federais
15
O exemplo é puramente ilustrativo, pois, na prática, os agentes não efetuam operações
diariamente. Simplesmente negociam uma taxa sobre a trajetória da Taxa Selic (acima
ou abaixo) até o vencimento do título. Este, portanto é outro fator que influencia sua
rentabilidade: as LFT podem ser negociadas pelo valor integral da Taxa Selic ou com
prêmios (positivos ou negativos) sobre esta taxa. No caso de a demanda pelo ativo ser
muito grande, os investidores podem aceitar remuneração abaixo da Taxa Selic diária ao
longo do prazo do título (ágio - taxa negativa). No caso contrário, podem exigir retorno
acima da taxa (deságio - taxa positiva). Veja exemplo abaixo. (FIGURA 5)
Preço de Resgate
R$ 1.000,00 x Selic acumulada
Pagamento
de principal
Prazo até o vencimento - expresso em d.u.
Preço de
Compra
Exemplo:
Compra de LFT:
Vencimento: 17/9/08
Data da compra: 2/1/06
Valor do título na data da compra: R$ 2.574,810751 (este preço corresponde ao valor
integral da remuneração da Taxa Selic incorporado ao título até a data em questão).
Taxa da compra 0,0672% ao ano (o deságio praticado se refletirá no retorno do ativo
para o seu comprador, uma vez que este obterá, na aplicação, rendimento superior
à remuneração da Taxa Selic, em função da diferença entre o valor do título e o seu
respectivo preço de compra).
Preço da Compra: R$ 2.570,163674
16
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
Caso o título seja vendido em 1º/9/08, portanto, um pouco antes da sua data de vencimento:
Data da venda: 1º/9/08
Valor do título na data da venda: R$ 3.568,183888
Taxa da venda: -0,0690% ao ano (o ágio praticado pela ótica do vendedor do ativo
se refletirá numa remuneração extra à da Taxa Selic. Já sob a ótica do comprador,
tornará a remuneração da aplicação inferior ao rendimento da Taxa Selic).
Preço da venda: R$ 3.568,298069
Observe que o título foi vendido por um preço superior ao seu valor. E que a diferença
em relação ao valor do título é inferior àquela observada no momento da sua compra.
A redução dessa diferença se dá em função do reduzido prazo existente entre a data da
venda e a do resgate do título. Deve-se considerar, ainda, que o resgate do ativo não sofre
influencia das taxas (ágios/deságios) praticadas pelos seus adquirentes.
2.4 Flutuações de preços e rentabilidades
Um aspecto importante a ser levado em conta na análise de investimentos em renda fixa
é a disponibilidade do investidor em não resgatar (vender) o título antes do seu vencimento.
Neste caso, sua rentabilidade não será afetada pelas oscilações de mercado, a não ser pela
parcela indexada, se houver (caso dos títulos em índices de preços e pós-fixados). Por
outro lado, se existir a hipótese de que o título seja vendido antes do vencimento, seja
em função de necessidade de recursos pelo investidor ou de oportunidade de realização
de lucros acima do esperado, a avaliação do valor desse ativo deve ser feita a preços
correntes de mercado – procedimento conhecido por marcação a mercado.
Por exemplo, o investidor compra um título prefixado (LTN) de vencimento em
um ano (252 d.u.) por R$ 899,00 e irá receber R$ 1.000,00 por cada unidade de título
comprado, representando uma rentabilidade no período de 11,2%, o que equivale uma
rentabilidade diária de 0,0420%. No período compreendido entre a compra do título e o
seu vencimento, sua rentabilidade pode oscilar acima ou abaixo da rentabilidade diária
esperada, representando ganhos maiores ou menores, dependendo do momento da venda.
Em períodos de extrema incerteza, pode, inclusive, representar perdas ao investidor. Se
as taxas de juros subirem, a LTN comprada pelo investidor, com taxas de juros menores,
perde valor. Neste caso, se o investidor precisar vender o título antes do vencimento,
Títulos públicos federais
17
receberá um valor menor do que o esperado para a referida data. Da mesma forma, se
as taxas de juros caírem e o investidor vender o título antes do seu vencimento, obterá
um ganho maior do que o esperado para a referida data. No vencimento, no entanto, a
LTN sempre valerá R$ 1.000,00, proporcionando uma rentabilidade prefixada, conforme
pactuado no momento da compra do título.
O mesmo raciocínio vale para os títulos atrelados a índices de preços (NTN-B e
NTN-C). No período entre a compra e o vencimento dos títulos, seus preços podem variar
de acordo com as expectativas dos agentes financeiros quanto à taxa real de juros. Além
disso, ainda há o componente pós-fixado (a inflação) que corrige os preços nominais dos
títulos, o qual pode se manter acima ou abaixo das expectativas.
Já no caso das LFT (títulos atrelados à Taxa Selic), podem ser vendidas com ágio ou
deságio. Nesta hipótese, ainda existe uma parcela que depende das flutuações de mercado,
em função das expectativas dos agentes e do equilíbrio entre oferta e procura.
Segue exemplo hipotético:
Um investidor comprou uma LTN com prazo de dois anos – 504 dias úteis (Cenário
I). Como o preço no vencimento é de R$ 1.000,00 por título, receberá R$ 1.000,00 no
vencimento. O preço da compra foi de R$ 776,26, o que representa uma taxa de 13,50%
a.a. e um rendimento diário de 0,0503%.
No entanto, passados 75 dias, ele resolveu vender esse ativo (Cenário II). Como no
período entre a compra e a decisão da venda as expectativas dos agentes de mercado
passaram a considerar taxas de juros mais baixas no futuro (menor incerteza com relação
à trajetória da inflação, por exemplo, é um fator que pode desencadear uma revisão), esse
ativo era negociado à taxa de 10,06%, e o preço de venda foi de R$ 849,44. No período em
que deteve o ativo, a rentabilidade bruta diária dessa operação foi de 0,1202%, superior,
portanto, à sua perspectiva inicial.
Outra possibilidade pode ser considerada, levando-se em conta uma piora do cenário
econômico, com elevação dos riscos distribuídos ao longo da curva de juros. Assim,
caso a necessidade de geração de caixa pelo investidor tivesse se dado 276 dias após a
aquisição (Cenário III), os preços negociados com o título embutiriam uma taxa de juros
18
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
maior (20,00%), ou seja, a venda se daria por um valor mais baixo do que o esperado, se a
taxa de juros permanecesse a mesma. Dessa forma, o preço de venda após 276 dias foi de
R$ 847,93, com rentabilidade no período de 0,0320% ao dia.
Deve-se ressaltar que o impacto sobre o retorno do investimento é, proporcionalmente,
diferente ao prazo do papel. Ou seja, o prazo do título-objeto do investimento faz a
diferença representativa sobre as oscilações dos preços. Quanto mais próximo do
vencimento, menores serão as possibilidades de perda do principal. E, conforme
comentado anteriormente, no caso de o título ser levado ao vencimento, sua rentabilidade
será aquela pactuada na data da compra do título. Note-se que os títulos prefixados longos
embutem riscos maiores, em função de eventuais alterações do cenário econômico. Nesse
sentido, apesar de eventuais ganhos em relação ao principal, o investidor está sujeito
a perdas em relação aos custos de oportunidade (comparando-se seu investimento às
demais alternativas).
QUADRO 1
Exemplo Hipotético
Prazo
até o
Cenário
VenciI
mento
2 anos
(504 d.u.)
Cenário
II
Cenário
III
Operação de
Venda
após
75 d.u.
Operação de
Venda
após
276 d.u.
Prazo
até o
Vencimento
Taxa de
Compra
(% a.a.)
Taxa de
Venda
(% a.a.)
504 d.u.
13,50
--
Prazo
até o
Vencimento
Taxa de
Compra
(% a.a.)
Taxa de
Venda
(% a.a.)
429 d.u.
13,50
10,06
Prazo
até o
Vencimento
Taxa de
Compra
(% a.a.)
Taxa de
Venda
(% a.a.)
228 d.u.
13,50
20,00
Preço de Preço de
Compra Resgate
(R$)
(R$)
776,26
1.000,00
Preço de Preço de
Compra
Venda
(R$)
(R$)
776,26
849,44
Preço de Preço de
Compra
Venda
(R$)
(R$)
776,26
847,93
Renta- Rentabilibilidade
dade
Efetiva Efetiva em
ao dia
504 d.u.
(%)
(%)
0,0503
28,82
Rentabilidade
Efetiva
ao Dia
(%)
Rentabilidade
Efetiva
após 75
d.u. (%)
0,1202
9,43
Rentabilidade
Efetiva
ao Dia
(%)
Rentabilidade
Efetiva
após 276
d.u.(%)
0,0320
9,23
Títulos públicos federais
19
Gráfico 3
Exemplo Hipotético - LTN com 504 d.u. (2 anos)
1.000
Preço de Mercado
Curva (Preço pela Taxa de Aquisição)
Preço Unitário (R$)
950
Preço Unitário de
Venda Cenário II
900
849,44
850
847,93
800
776,26
750
504
Preço Unitário de Compra
Cenário I
462
420
378
336
Preço Unitário de
Venda Cenário III
294
252
210
Prazo (dias úteis)
168
126
84
42
0
Fonte: ANBIMA.
No caso de fundos de investimentos que possuem um conjunto de ativos em carteira,
aplicações e resgates diários implicam, na maioria dos casos, compra e venda de títulos.
Para tanto, torna-se necessária a atualização dos valores dos ativos a preços de mercado
(sujeito a especificidades da normatização, que pode alterar essa regra para alguns ativos ou
classes de fundos de investimento). Esse procedimento, denominado marcação a mercado,
é um padrão internacionalmente adotado e visa a manter transparente a performance e o
risco das carteiras.
Benchmarks e a criação do IMA
Benchmarks
21
3
e a
Criação
do
IMA
Para avaliar o desempenho de suas aplicações, os investidores geralmente utilizam
algum parâmetro de comparação. Uns olham para os índices de inflação, para saber se
seus investimentos renderam mais ou menos do que esses indicadores. Outros, para a
rentabilidade das cadernetas de poupança, mas a maioria olha para o mercado de DI –
Depósitos Interfinanceiros, que é uma transação interbancária. Trata-se de uma taxa de
curtíssimo prazo, aos moldes da Taxa Selic, que constitui no mais popular benchmark do
mercado brasileiro.
Benchmarks são parâmetros que refletem a preferência de risco e necessidades dos
investidores, constituindo assim a base de avaliação da performance dos investimentos
ou daqueles responsáveis pela gestão. Em um processo de estabilização, alongamento de
prazos e sofisticação dos instrumentos financeiros, a taxa de curtíssimo prazo (DI) em
um futuro próximo poderá não mais atender à demanda do conjunto de investidores na
economia como parâmetro único de remuneração e avaliação da performance dos gestores
de carteiras.
Assim, com o objetivo de criar indicadores alternativos de avaliação de investimento,
em 2000 a ANBIMA, em parceria com a BM&F, lançou o IRF-M - Índice de Renda Fixa
de Mercado, cuja carteira é composta por títulos públicos prefixados em mercado.
22
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
A partir de 2004 avaliou-se que, além da potencialidade de utilização do IRF-M
em cenário de maior estabilidade que se configurava, não existiam ainda parâmetros de
avaliação de performance mais apropriados para outras características de investimentos.
Assim, naquele ano, a ANBIMA e a Secretaria do Tesouro Nacional firmaram convênio
no sentido de viabilizar a criação do IMA – Índice de Mercado ANBIMA, um conjunto
de benchmarks apropriados a diferentes perfis de investidores, que começaram a ser
divulgados em abril de 2005.
Em 2010, com o objetivo de alinhar a metodologia do IMA às práticas internacionais e
facilitar sua replicabilidade, foi alterada a forma de seleção de componentes e a dinâmica
de rebalanceamento dos seus subíndices. Ainda nesse ano, visando atender a diferentes
perfis de carteiras de investimentos, foram criados novos súbíndices do IMA.
Após cinco anos de divulgação do IMA (e nove do IRF-M), constata-se que,
gradativamente, os investidores vêm percebendo oportunidades e benefícios na
diversificação de suas carteiras e da necessidade de parâmetros de avaliação de performance
das mesmas mais adequados. Certamente, a disponibilidade de indicadores que refletem
de forma consolidada os diversos tipos de exposições em segmentos da dívida pública
contribui para as decisões gerenciais de fomentar e sofisticar o processo de alocação de
investimentos no Brasil.
Por exemplo, analisando-se a evolução do preço da LTN com vencimento em janeiro
de 2010 e comparando com o DI, observa-se maior aderência do retorno do título ao
IRF-M (Veja o Gráfico). Note que torna-se de fácil entendimento a comparação de um
investimento com um benchmark que possua alguma relação com o risco embutido na
transação.
5/
10
19 /20
/1 07
1
28 /20
/1 07
2/
2
11 00
/2 7
/2
20 00
/3 8
/2
0
2/ 08
5/
2
12 00
/6 8
/2
22 00
/7 8
/2
29 00
/8 8
/2
8/ 00
10 8
17 /20
/1 08
1
26 /20
/1 08
2/
20
5/ 08
2/
2
19 00
/3 9
/2
30 00
/4 9
/2
10 00
/6 9
/2
21 00
/7 9
/2
28 00
/8 9
/2
8/ 00
10 9
19 /20
/1 09
1
30 /20
/1 09
2/
20
09
Benchmarks e a criação do IMA
1050
Fonte: ANBIMA e Cetip.
23
Gráfico 4
Evolução Diária: IRF-M, DI-Cetip e LTN Jan/2010
IRF-M
DI-CETIP
LTN Jan/2010
1000
950
900
850
800
750
Características do IMA
25
4
Características
do
IMA
O IMA - Índice de Mercado ANBIMA é uma família de índices de renda fixa calculada e
divulgada pela ANBIMA. Ela é composta de carteiras teóricas de títulos públicos federais,
separadas de acordo com seus indexadores e prazos, de maneira a atender às necessidades
de diversos tipos de investidores e respectivas carteiras. Assim, seus subíndices refletem
o comportamento dos seguintes tipos de remuneração: prefixados; atrelados à Taxa Selic;
IPCA; e IGP-M. Os índices de títulos atrelados a índices de preços e prefixados – IMA-B,
figura 6 - Características do IMA
IMA-Geral
Média ponderada dos retornos diários
do IMA-B, IMA-C, IMA-S e IRF-M
IMA-Geral ex-C
Média ponderada dos retornos
diários do IMA-B, IMA-S e IRF-M
IMA-B
Composição:
NTN-B
(IPCA)
IMA-B 5
Composição:
NTN-B
Prazo
< 5 anos
IMA-B 5+
Composição:
NTN-B
Prazo
≥ 5 anos
IMA-C
Composição:
NTN-C
(IGP-M)
IMA-C 5
Composição:
NTN-C
Prazo
< 5 anos
IMA-C 5+
Composição:
NTN-C
Prazo
≥ 5 anos
IRF-M
Composição:
LTN e NTN-F
(Prefixado)
IRF-M 1
Composição:
LTN e NTN-F
Prazo
< 1 ano
IMA-S
Composição:
LFT*
(Taxa Selic)
IRF-M 1+
Composição:
LTN e NTN-F
Prazo
≥ 1 ano
*Não inclui LFT-A e LFT-B.
26
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
IMA-C e IRF-M – são ainda subdivididos em duas parcelas, de acordo com o prazo de
vencimento dos títulos que compõem os índices.
Tais índices medem a evolução do valor, a preços de mercado, das suas carteiras
teóricas, em que os montantes aplicados em cada título (vencimento) têm a mesma
proporção com seu estoque em poder do público. Por exemplo, o IMA-S era composto por
22 vencimentos diferentes de LFT (em dez/09), e o seu cálculo depende da quantidade de
cada título em mercado e seus respectivos preços, conforme veremos na próxima seção.
Até abril de 2010, as carteiras eram ajustadas diariamente pela influência de cada evento
(colocações e resgates) que impactasse o estoque de seus componentes em mercado. A
partir de maio desse ano, as carteiras passaram a ser rebalanceadas mensalmente e foram
incluídos critérios de seleção de componentes, que consideram sua liquidez potencial. Para
passar a compor as carteiras dos subíndices do IMA, os títulos devem ter sido colocados de
forma competitiva (leilões da Secretaria do Tesouro Nacional) em pelo menos duas ocasiões
e ter no mínimo um mês para o seu vencimento (na data de rebalanceamento). Informações
diárias e maiores detalhes a cerca da metodologia do IMA podem ser encontradas no site da
ANBIMA na Internet (http://www.andima.com.br/ima/ima.asp).
figura 7
Características do IMA
27
A família do IMA tem sido considerada como bom benchmark, por apresentar
características desejáveis conforme descrito na literatura internacional:
Transparente - Os ativos que o compõem e seus pesos relativos são claramente
definidos.
Replicável - Deve ser viável a compra de seus ativos, possibilitando a réplica da
carteira teórica do índice.
Mensurável - Seu retorno deve ser facilmente calculado.
Apropriado - Em função de sua segmentação, pode ser consistente com o estilo do
gestor e/ou da política de investimento adotada.
Representativo - Deve ter uma boa representação dos setores envolvidos.
Consistente - Títulos são adicionados e removidos segundo critérios claros e constantes.
Confiável - Calculado por entidade isenta e de confiança dos investidores.
Para acompanhar o índice, a ANBIMA possui em sua estrutura uma Comissão de
Benchmarks, formada por representantes do governo, da Bolsa, de instituições financeiras,
gestores de recursos e consultores. Foi identificada pela Comissão a necessidade de
divulgação de uma série histórica mais longa, no sentido de auxiliar nas análises para
decisão de adoção dos novos referenciais pelo segmento financeiro. Mais uma vez, com
a contribuição do Tesouro Nacional, a Associação retroagiu os índices até dezembro de
2001. Nesse sentido, o IMA passou a contar com mais uma característica que corrobora a
de um bom benchmark – a disponibilidade de dados históricos.
Para facilitar a consulta, a ANBIMA criou um banco de dados específico sobre o
assunto, contendo estatísticas como: composição da carteira, rentabilidades e peso dos
subíndices. Informações sobre consulta às séries históricas do IMA podem ser obtidas
através do e-mail [email protected].
4.1 Características dos subíndices que compõem o IMA
As ponderações dos títulos que compõem a carteira do IMA são definidas mensalmente
e respeitam a quantidade em mercado dos títulos públicos passíveis de integrarem o
índice. Assim, o IMA representa uma carteira “passiva” (cuja ingerência não depende da
ANBIMA) de quase a totalidade da dívida. Oscilações que não dependem das mudanças
28
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
de quantidade são as referentes aos preços dos ativos, que são divulgados, diariamente,
pela Associação. A metodologia, portanto, é análoga ao procedimento de marcação a
mercado realizado pelos gestores de recursos para a maioria das carteiras de renda fixa.
Nesse aspecto, o comportamento de cada subíndice do IMA pode ser comparado aos dos
diversos portfólios disponíveis aos investidores.
As oscilações dos preços do conjunto agregado de títulos componentes de cada
subíndice do IMA definem o seu comportamento e podem ser interpretadas como uma
medida de risco desses portfólios (volatilidade). A intensidade de variação desses preços é
afetada por fatores tais como o indexador ao qual o título ou a carteira estão atrelados e/ou
o prazo médio ponderado do conjunto dos títulos que compõem a carteira.
4.1.1 IRF-M
O IRF-M expressa a variação de mercado dos títulos prefixados do governo – LTN e NTN-F –
e está exposto ao risco de oscilações nas taxas de juros, em função de, principalmente, reversões
de expectativas de juros reais e inflação futuros até o prazo do investimento. Seus componentes
não estão atrelados a nenhum indexador, como índices de preços ou taxa de juros de prazo
mais curto, que garanta a mitigação de pelo menos um dos fatores de risco. Assim, pode ser
considerado o subíndice mais sujeito às oscilações de mercado. Por outro lado, o IRF-M registra
prazo bastante curto em comparação aos outros índices, o que atenua essa característica.
Em 2010, foram criados subíndices por prazo para o IRF-M, visando a uma melhor
adequação do referencial prefixado aos diversos perfis de prazos das carteiras existentes.
Assim, foram criados dois subíndices - IRF-M 1, composto pelas LTN e NTN-F com
prazos de até um ano, e o IRF-M 1+ com ativos acima deste prazo. A diferença de faixa de
prazos com relação aos subíndices do IMA-B e do IMA-C (como será apresentado adiante)
é decorrente do perfil de vencimentos dessa categoria da dívida, de menor maturidade,
comparativamente à carteira de títulos indexados a índices de preços.
4.1.2 IMA-B e IMA-C
Esses índices expressam a variação de mercado dos títulos atrelados à inflação:
NTN-B (IPCA) e NTN-C (IGP-M). Como destacado anteriormente, representam
uma carteira de títulos com rentabilidades divididas em duas parcelas: uma atrelada a
índices de preços e outra prefixada (exemplo: IPCA + 6%). Com isso, o investidor fica
Características do IMA
29
protegido de variações na inflação do período, restringindo-se, basicamente, a variações
na expectativa da taxa de juros reais. Se por um lado há menos risco associado a esses
títulos em comparação aos prefixados, por outro os prazos de emissão são normalmente
mais alongados, o que os torna mais sensíveis às variações de taxas.
Para adaptar as características desses subíndices a diversos perfis de investimento,
eles foram divididos em duas categorias – carteiras com prazo até cinco anos (menos
arriscadas) e os de carteira superiores a cinco anos (mais arriscadas).
A divisão desses subíndices por prazos foi definida pela Comissão de Benchmarks da
ANBIMA com o objetivo de atender às necessidades de diferentes tipos de investidores.
A decisão de alocação dos investimentos tende a ser correspondente às suas necessidades
futuras de desembolso. Por exemplo: aqueles investidores de perfil previdenciário, como
os fundos de pensão, registram em grande parte prazos médios alongados para pagamentos
de benefícios. Assim, podem utilizar os subíndices numa proporção adequada às suas
políticas de investimentos, de forma bastante transparente.
4.1.3 IMA-S
Esse índice representa a carteira de LFT em mercado. Como a remuneração desses
títulos é flutuante, atrelada à Taxa Selic em base diária, as variações nas taxas de juros
afetam de forma marginal sua remuneração. Assim, efetivamente, o comportamento da
carteira do IMA-S, em condições normais da economia, sofre pequeno efeito da volatilidade
do mercado e acompanha muito de perto a trajetória da taxa de juros de curtíssimo prazo.
Porém, como ressaltado no item 2.3.1, as taxas de negociação das LFT (ágios e deságios)
são influenciadas pelas condições de oferta e de demanda destes ativos e/ou prazo dos
títulos. Em qualquer dessas situações, no entanto, o chamado risco de mercado, expresso
pelas oscilações dos preços, é muito baixo em comparação às demais categorias de títulos
públicos. Isso não quer dizer que não possam ser representativas em momentos de extremo
stress de mercado.
4.1.4 IMA-Geral e IMA-Geral ex-C
Finalmente, cabe destacar que o IMA-Geral é a combinação de todos os subíndices
citados anteriormente, com suas ponderações sendo definidas pelo peso relativo dos títulos
na dívida do governo. O comportamento do índice, portanto, guarda estreita correlação
30
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
com a estratégia de gestão da dívida pública. Os objetivos/características das diferentes
carteiras de títulos devem refletir de forma individual as ponderações desejadas pelos
investidores.
A partir de maio de 2010, em função restrita liquidez da dívida atrelada ao IGP-M
(NTN-C), e da expectativa de perda de sua relevância com a extinção das ofertas dessa
categoria de títulos pela Secretaria do Tesouro Nacional, a ANBIMA passou a divulgar
o IMA-Geral ex-C, montado aos mesmos moldes do IMA-Geral, mas sem incorporar a
parcela relativa ao IMA-C. A iniciativa não representou uma mudança metodológica, mas
uma informação adicional ao conjunto de índices, que visa a contribuir para a adequação das
decisões de investimentos baseadas no IMA, conjugada ao princípio de replicabilidade.
Além de benchmarks para carteiras de renda fixa, o IMA já começa a ser utilizado
pela indústria de fundos como indexador das carteiras, ou seja, da mesma forma que
existem os populares fundos DI, existem também fundos IMA-Geral, IMA-B e outros.
Um fundo IMA-B, por exemplo, tem como estratégia principal replicar a rentabilidade
e ter características de risco similares do IMA-B.
Gráfico 5
Retorno Anualizado (Janeiro/04 a Fevereiro/10)
% a.a.
20,0
18,81
17,61
18,0
16,91 16,76
15,47 15,39 15,19 15,07 15,06 15,06
16,0
14,69
14,11
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
IMA-B IMA-C IMA-C IMA-B IMA-B IRF-M
5+
5+
5
1+
Fonte: ANBIMA.
IMA
Geral
IMA-C
5
IMA IRF-M IRF-M IMA-S
Geral
1
ex-C
Características do IMA
31
Também já é comum observar carteiras compostas por percentuais em subíndices do
IMA, como em um exemplo hipotético: 30% em IRF-M, 30% em IMA-B 5+ e 40% em
IMA-S.
Gráfico 6
Exemplo de Composição
IMA-B 5+ 30%
IMA-S 40%
IRF-M 30%
Fonte: ANBIMA.
Considerando a demanda de mercado discutida no âmbito da Comissão de Benchmarks
da ANBIMA, a Associação disponibilizou uma ferramenta que permite construir índices
compostos com ponderações definidas pelos gestores e usuários do IMA.
Calculadora do IMA
33
5
Calculadora
do
IMA
A calculadora de índices compostos do IMA, criada a partir de uma demanda da
Comissão de Benchmarks, permite composições personalizadas dos subíndices do IMA.
Com a ferramenta, é possível simular benchmarks e instrumentos de análise de carteiras
que atendam às suas necessidades e se adaptem às suas políticas de investimentos.
A calculadora tem por objetivo auxiliar a montagem e o cálculo de índices compostos
baseados em subíndices do IMA - Índice de Mercado ANBIMA, permitindo a criação
de indicadores com pesos fixos - definidos pelos seus usuários - ou com pesos de
mercado. No segundo caso, o estoque em mercado de cada subíndice selecionado,
atualizado mensalmente, é utilizado como ponderador do índice composto criado pelo
usuário.
Os resultados obtidos para os índices compostos criados pelos usuários podem ser
comparados a um ou mais índices da família IMA. Para facilitar tais comparações, os
resultados dos subíndices escolhidos são gerados com valor 1.000 na data de início da
análise. A calculadora pode ser acessada no site da Associação. Mais informações sobre
acesso a calculadora podem ser obtidas através do e-mail [email protected].
34
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
Gráfico 7
Gráfico da Calculadora do IMA: Índices IMA x Índice Personalizado
2.900
2.700
2.500
2.300
2.100
1.900
1.700
1.500
1.300
1.100
900
dez/03
jun/04
dez/04
jun/05
Índice Personalizado
dez/05
jun/06
IRF-M
dez/06
jun/07
IMA-B 5+
dez/07
jun/08
dez/08
IMA-S
Obs.: O Índice Personalizado foi feito de acordo com a composição do Gráfico 6. Fonte: ANBIMA.
jun/09
dez/09
IMA-Geral
Perguntas mais frequentes
35
6
Perguntas Mais Frequentes
Qual a principal diferença entre os diversos índices de mercado que foram criados
pela ANBIMA?
A diferença fundamental é o lastro da carteira teórica de cada índice. Em todos os
casos, as carteiras são compostas por títulos públicos federais em mercado, emitidos
de forma definitiva. O IRF-M é composto por títulos prefixados (LTN e NTN-F); o
IMA-C, por títulos atrelados ao IGP-M (NTN-C); o IMA-B, por títulos atrelados ao IPCA
(NTN-B); e o IMA-S, por títulos atrelados à Taxa Selic (LFT).
Por que foi escolhido o prazo de cinco anos para segregar os índices de curtos e longos
prazos nas carteiras de NTN-C e NTN-B? E por que um ano para o IRF-M?
Esses prazos foram decididos no âmbito da Comissão de Benchmarks da ANBIMA,
que é o fórum responsável pelo desenvolvimento da metodologia e acompanhamento dos
índices. Seus membros entenderam que, no caso dos IMA-B e IMA-C, até cinco anos
estariam concentrados os vencimentos mais líquidos, o que justificaria esta segregação. Já
com relação ao IRF-M, foi escolhido o prazo de um ano como divisor dos subíndices, porque
a carteira dos títulos prefixados possui um perfil de menor maturidade comparativamente
aos títulos indexados a índices de preço.
Como o investidor deve escolher o índice para acompanhar um determinado
investimento?
36
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
Os investidores devem acompanhar o índice que mais se aproxima da característica do
seu investimento em termos de prazo, indexador e exposição a risco. Assim, um investidor
institucional que deseja ter sua rentabilidade atrelada a índices de preços ao consumidor,
por exemplo, deve acompanhar a trajetória acumulada do IMA–B, cujas carteiras são
compostas exclusivamente por papéis públicos indexados a este índice, ou correspondente,
segregadas em papéis até cinco anos e com prazo superior a este.
Qual índice se aproxima mais do DI como benchmark?
O índice que mais se aproxima do DI é o IMA-S, por ser composto de títulos que são
atrelados à Taxa Selic. O IMA-S, no entanto, sofre variações decorrentes da variação do
ágio/deságio das LFT, podendo, inclusive, apresentar variações negativas. Esse movimento,
no entanto, geralmente é associado a períodos de turbulências no mercado.
Como são calculados os índices?
O IMA é encadeado segundo o método de Laspeyres (ponderando-se os preços dos
seus componentes pelas quantidades teóricas do período-base). Assim, variações na
composição da carteira teórica não geram impactos na rentabilidade do índice.
Para se obter o resultado do índice, multiplica-se a quantidade teórica de títulos (do
período-base) pelos seus respectivos preços (na data de referência), gerando-se assim
o número de pontos no índice de cada título. O resultado obtido na soma do número de
pontos no índice de todos os seus componentes corresponde ao valor do número-índice.
Deve-se observar que tanto os cupons de juros quanto os eventuais resgates ocorridos na
data são levados em conta no momento da apuração do valor do índice.
O índice é calculado pela seguinte fórmula:
Onde:
é o número-índice na data t.
é a quantidade teórica vigente do título j na carteira.
é o preço ex-cupom do título j na data t.
é o valor do cupom pago pelo título j na data t.
Perguntas mais frequentes
37
Como são obtidas as quantidades e os preços de mercado utilizados no cálculo?
As quantidades são repassadas à ANBIMA diariamente pelo Tesouro Nacional, com
base em convênio firmado entre a Associação e a Secretaria. Os preços são calculados pela
ANBIMA, a partir de uma amostra de bancos, administradoras de recursos e corretoras
independentes.
Como evoluem os índices quando ocorrem eventos que alteram a carteira teórica?
A composição das carteiras dos índices é revista mensalmente captando nesses
momentos as novas emissões, vencimentos, recompras ou quaisquer outros acontecimentos
que afetem o total de títulos públicos federais em mercado. Contudo, os índices foram
construídos de maneira a expurgar variações em seu valor decorrentes dessas mudanças.
Assim, refletem apenas variações nos preços de suas carteiras.
Como é feita a ponderação dos papéis na carteira dos índices?
O peso de um determinado vencimento é dado pela razão entre o seu valor financeiro
e o valor financeiro da carteira do índice.
Como é calculado o IMA-Geral?
O IMA-Geral é o resultado da ponderação (pelo valor de mercado da carteira) das
variações de cada índice que o compõe.
Por que foi criado o IMA-Geral ex-C e como é seu cálculo?
Em função da restrita liquidez da dívida atrelada ao IGP-M (NTN-C) e da expectativa
de perda de sua relevância com a extinção das ofertas dessa categoria de títulos pela
Secretaria do Tesouro Nacional, a ANBIMA passou a divulgar o IMA-Geral ex-C, montado
nos mesmos moldes do IMA-Geral, mas sem incorporar a parcela relativa do IMA-C.
Deve-se avaliar a performance de um gestor em função do IMA-Geral?
O IMA-Geral é reflexo da estratégia do Tesouro na gestão da dívida pública. Assim,
as alterações nos pesos de cada subíndice podem não representar a exposição ao risco
desejada pelo investidor.
É possível fazer composições com os subíndices do IMA?
Sim. Além de possível, é recomendável que os gestores e investidores identifiquem
38
IMA - Índice de Mercado ANBIMA e títulos públicos federais
a proporção de cada subíndice de acordo com sua estratégia de curto e longo prazos e
disposição a risco.
O que acontece quando for identificado um erro nos valores divulgados?
Quando um erro de natureza humana ou decorrente de falha operacional for identificado
em uma determinada data, a ANBIMA recalculará as séries desde este ponto até a data
corrente.
Anexo: características dos títulos públicos
39
Anexo - Características
dos T ítulos P úblicos
QUADRO 2
Principais Características dos Papéis Públicos em Poder do Mercado
Tipo
Função/
Emissor
Prazo
LFT
Taxa de Juros
Atualização do
Valor Nominal
Pagamento
de Juros
Resgate do
Principal
--
Taxa Selic
--
Na data do
vencimento
--
--
Na data do
vencimento
pelo valor
nominal
IPCA
Semestralmente,
com ajuste no
primeiro período
de fluência
quando couber. O
primeiro cupom de
juros a ser pago
contemplará a taxa
integral definida
para seis meses.
Na data do
vencimento
IGP-M
Semestralmente,
com ajuste no
primeiro período
de fluência
quando couber. O
primeiro cupom de
juros a ser pago
contemplará a taxa
integral definida
para seis meses.
Na data do
vencimento
--
Semestralmente,
com ajuste no
primeiro período
de fluência
quando couber. O
primeiro cupom de
juros a ser pago
contemplará a taxa
integral definida
para seis meses.
Na data do
vencimento
pelo valor
nominal
LTN
--
NTN-B
Definida pelo
ministro de
Estado da
Fazenda, em
percentagem
ao ano,
calculado
sobre o VNA.
NTN-C
NTN-F
Título emitido
pelo Tesouro
Nacional para
cobertura
de déficit
orçamentário,
bem como para
realização de
operações de
crédito por
antecipação da
receita.
Definido
pelo
ministro
de Estado
da
Fazenda.
Definida pelo
ministro de
Estado da
Fazenda, em
percentagem
ao ano, calculada sobre o
VNA.
Definida pelo
ministro de
Estado da
Fazenda, em
percentagem
ao ano,
calculada
sobre o valor
nominal.
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