Mar de água doce Carlos Eduardo Paulino Miriam Gonçalves de Oliveira Por volta de 60 milhões de anos atrás, a Bacia do Paraná praticamente se estabiliza, Isso ocorre primeiro em razão do advento da atual era geológica, a Cenozoica, de movimentos tectônicos mais suaves – apenas no início da mesma, com a formação das grandes cordilheiras modernas (Alpes, Himalaia, Andes), é que temos um momento bastante agressivo. Com a definição da cordilheira andina, os movimentos se suavizam e a bacia começa a se estabilizar. Claro, temos movimentos verticais e horizontais até hoje, mas bem suaves, coisa de milímetros por dia. Ora, com essa estabilização, as chuvas, o vento, as geleiras que atuavam muito naquela época começam a moldar não só relevo da Bacia, mas também sua fenda principal. Ou seja: a geoclasse passa a ser coberta de sedimentos e depois com água, dando origem ao Rio Paraná. Temos então a definição do Planalto Arenítico-Basáltico, conhecido no estado de São Paulo como Planalto Ocidental Paulista, e no restante da área da Bacia como Planalto Meridional. Lembrando ainda que no estado do Paraná, às vezes, é conhecido por Planalto de Guarapuava, 3º Planalto ou ainda por Planalto Vulcânico. Essa região é formada, evidentemente, por rochas sedimentares (arenitos) e rochas vulcânicas (basalto) que, além das possibilidades econômicas apontadas por nós, dão origem, em sua desagregação e decomposição, à Terra Roxa, um dos solos mais férteis do Brasil A bem da verdade o solo tem coloração vermelha, entre outros fatores, graças à presença do ferro. Por exemplo: o basalto é uma rocha ferromagnesiana, sendo assim afeta a pigmentação. Vendo aquelas manchas vermelhas no chão, os imigrantes italianos, que aqui vieram, entre outras coisas, para trabalhar na cafeicultura, perceberam que aquele solo era ótimo para o café, e começaram a chamá-lo de “Terra Rossa”, ou seja, terra vermelha. Logo os brasileiros, ouvindo aquela pronúncia diferente, batizaram o solo de Terra Roxa. A excelência deste solo, aliado a grandes rios permanentes, ao clima que intercala inverno seco e verão úmido, bem como a altitude de terras médias, permitiram não só o desenvolvimento da cafeicultura, mas o de vários cultivos e gados, hoje de suma importância para a economia brasileira. Aliás, trata-se do celeiro agrícola do País. Porém isso, analisaremos com bastante detalhe ao longo da série Bacia do Paraná. O grande rio, com cerca de 4.300 km, tem início no Noroeste do Estado de São Paulo, e seu marco zero se diferencia de quaisquer rios brasileiros, pois o mesmo não tem uma nascente como origem, mas sim a confluência de dois grandes rios – o Paranaíba, que separa o estado de Goiás do de Minas Gerais, e o Rio Grande, que separa o estado de Minas Gerais do Estado de São Paulo. Aliás, os dois formadores do Rio Paraná são fundamentais para os desenvolvimentos dos estados que banham, tanto no quesito energia, quanto no quesito agropecuária. Continuaremos a análise de nossas riquezas hídricas na semana que vem. Tenham sorte.