1,7% É a previsão do Ipea para o resultado da produção industrial mensal de março de 2012 em relação ao mesmo mês do ano anterior.1 Na comparação com fevereiro, estamos prevendo avanço de 1,5% na produção com ajuste sazonal. Componentes do indicador Os indicadores coincidentes utilizados no modelo de previsão da produção física da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são: l fluxo de veículos pesados em rodovias concedidas, calculado em conjunto pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e pela Tendências Consultoria; l expedição de papelão ondulado, da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO); l produção de autoveículos, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea); l carga de energia, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); l índice de confiança da indústria (ICI), da Fundação Getulio Vargas (FGV); e l nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) na indústria de transformação (FGV). Produção industrial de fevereiro A produção industrial de fevereiro de 2012 registrou queda de 3,9% na comparação com o mesmo * Técnico de Planejamento e Pesquisa do Grupo de Análise e Previsões (GAP) da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea. 1. O intervalo de confiança de 66% para essa previsão vai de 0,3% a 3,1%. Indicador ipea – abril de 2012 mês de 2011. Na variação em relação a janeiro, na série com ajuste sazonal, o resultado foi positivo, com alta de 1,3%. O resultado interanual de fevereiro ficou acima do limite superior do intervalo da nossa projeção, e pode ser explicado pelo desempenho dos setores ligados a produção e extração de minérios, não captados pelo indicador. Estimativa para março Em março, todos os indicadores setoriais utilizados no modelo de previsão da PIM registraram avanço ante o mês anterior, na série dessazonalizada. Na comparação interanual, a alta também foi generalizada, como pode ser visto na tabela abaixo. De acordo com o modelo, esperamos que a indústria cresça 1,7% sobre março de 2011, com avanço de 1,5% na margem. Dentre os indicadores, o principal destaque positivo foi o setor de autoveículos, com avanço de 7,1% ante o mês de fevereiro, na série com ajuste sazonal. Com relação a março de 2011, as 308,5 mil unidades produzidas representaram um acréscimo de 4,5%, interrompendo uma série de seis quedas consecutivas nesta base de comparação. O fluxo de veículos pesados também se recuperou, avançando 2,4% após duas quedas seguidas na margem. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a alta foi de 6,6%. A venda de papel e papelão também apresentou expansão na margem, com avanço de 0,7% sobre o mês anterior. Com relação a março de 2011, o setor cresceu 1,8%. A melhora da atividade também se refletiu na carga de energia, que avançou 0,4% na margem, e 5,3% na comparação interanual. Por fim, enquanto o Indicadores contemporâneos da produção industrial (Variação em %) Mar. 2011/ Mar. 2011/ Acumulado 12 meses Fev. 2011 (s.a.)1 Mar. 2010 no ano Fluxo de veículos pesados 2,4 6,6 4,5 5,8 Papelão 0,7 1,8 1,5 1,7 Veículos 7,1 4,5 –10,9 –3,1 Carga de energia 0,4 9,2 5,3 4,1 Indicador Ipea 1,5 1,7 –1,6 –0,8 Produtos Fontes: ABCR, ABPO, Anfavea, ONS e IBGE. Elaboração: Ipea/Dimac/GAP. Nota: 1 s.a. = sazonalmente ajustado pelo método X–12–Arima. 1 Nuci na indústria voltou a apresentar estabilidade na série dessazonalizada, passando de 83,7% para 83,8%, o ICI apresentou crescimento pelo quarto mês consecutivo, avançando 0,5% sobre o mês de fevereiro, na série ajustada. setores de semi e não duráveis e intermediários avançaram 0,5% e 0,4%, a produção de bens de capital e duráveis caiu 16,0% e 22,1% sobre fevereiro de 2011. Histórico de previsões Os gráficos 2 e 3 indicam que as previsões de variação da produção industrial, geralmente, ficam próximas dos valores posteriormente divulgados pelo IBGE.2 Olhando para o gráfico 3, em particular, vemos que, na grande maioria dos meses, o valor realizado da produção permanece dentro do intervalo de confiança gerado pelo modelo-Ipea. A produção industrial voltou a crescer na série livre de influências sazonais, avançando 1,3% na passagem entre os meses de janeiro e fevereiro, devolvendo quase toda a queda ocorrida no mês anterior, que foi revista de 2,1% para 1,5%. Já na comparação frente a igual mês de 2011, o resultado foi negativo, com recuo de 3,9%. Com isso, o crescimento acumulado em 12 meses recuou pelo décimo sexto mês consecutivo, ficando em –1,0% em fevereiro. Já o efeito de carregamento estatístico para 2012 passou de –2,9% para –1,7%, ou seja, caso permaneça estagnada no patamar de fevereiro último, a indústria recuaria nesta magnitude ao final do ano. O crescimento da produção industrial em fevereiro deve ser visto, antes de tudo, como uma normalização em relação aos efeitos ocasionados por fatores pontuais que derrubaram a indústria no mês anterior. Contudo, o avanço no processo de ajustamento de estoques assim como o conjunto de medidas adotadas pelo governo para estimular a produção já podem estar refletindo no resultado positivo previsto para o mês de março. O resultado verificado em fevereiro refletiu o avanço de 1,3% na indústria de transformação, e de 9,3% na extrativa mineral. Na análise por categorias de uso, todos os setores apresentaram alta na margem, com exceção da produção de bens de consumo duráveis, que voltou a retrair, recuando 4,3% entre os meses de janeiro e fevereiro. Nesta base de comparação, o principal destaque positivo foi o setor de bens de capital, que registrou alta de 5,7%, revertendo uma parte da queda de 16,1% ocorrida em janeiro. A categoria de uso dos bens intermediários também cresceu na série com ajuste sazonal, registrando 2,3% sobre o mês anterior. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, os resultados foram heterogêneos. Enquanto os Indicador ipea – abril de 2012 2. Não é possível fazer esse tipo de comparação para as séries dessazonalizadas, porque o ajuste sazonal feito pelo IBGE utiliza dados desde 1991 e as previsões do modelo só podem ser feitas a partir de agosto de 2000, devido às limitações amostrais dos indicadores setoriais. 2