“A realidade é um campo de possibilidades em que tem cabimento alternativas que foram marginalizadas ou que nem sequer foram tentadas”. Boaventura de Souza Santos – Produzir para viver Ponto de partida A cada ano sempre criamos expectativas em relação ao futuro da economia. Pergunta-se: o país vai crescer? E a inflação vai cair? A renda vai aumentar? E os juros? São sempre muitas perguntas em relação à realidade econômica. futebol e na sequência, em 2016, as Olimpíadas têm gerado uma forte expectativa em relação ao futuro. Há muitos questionamentos em relação a uma série de questões, especialmente no que diz respeito aos preços e prazos das obras em curso. Essa e outras questões são bastante relevantes para um país cujas carências e demandas sociais são gigantescas. Mas certamente um ponto que deverá ganhar muita centralidade na medida em que se aproxima a data destes mega eventos diz respeito ao legado que estes acontecimentos poderão gerar. É fato também que as expectativas em relação à economia não derivam do acaso, mas sim são resultantes dos interesses que cada sujeito social possui em relação à realidade. As expectativas se relacionam também diretamente ao comportamento dos sujeitos diante da realidade esperada. Ou seja, as pessoas tendem a agir de acordo com as perspectivas criadas por eles. Uma vez mais, esta carta de conjuntura objetiva ir além dos conceitos e das formalidades. Com responsabilidade, semAs expectativas possuem grande relevância e se relacio- pre procuramos apontar os pontos, e as linhas gerais para nam diretamente ao grau de incerteza criado pelos agentes que possamos de maneira critica conhecer a realidade e para econômicos em relação ao futuro. que seja possível levantar alternativas possíveis. À medida que as expectativas são mais positivas em relação à economia, os indivíduos tendem a consumir mais e, em função da elevação desses patamares, as empresas aumentam o nível de produção e, consequentemente, geram-se mais empregos e o nível de renda aumenta. Ou seja, os agentes econômicos passam a confiar mais no futuro próximo. Do contrário, quando as expectativas são negativas, corre-se o risco de se fortalecer um circulo vicioso. É para isso que o governo realiza as suas políticas econômicas, para garantir o nível de produção e consumo, evitando que o desemprego aumente. Por exemplo: em 2014 a realização da Copa do Mundo de 1 SANTOS. Boaventura de Souza. Produzir para viver. O professor Boaventura Souza Santos nos lembra: “...a função das práticas e do pensamento emancipadores consiste em ampliar o espectro do possível através da experimentação e da reflexão acerca de alternativas que representam formas de sociedade mais justas. Ao apontar para além daquilo que existe, as referidas formas de pensamento e de prática põem em causa a separação entre realidade e utopia”. O outono, tempo que atravessamos, é exatamente um momento de mudanças na natureza. As folhas caem e a vegetação transforma o nosso cenário reforçando ainda mais uma perspectiva de que a vida, a economia, a política e sociedade estão sempre em profunda transformação. Os paralelos da economia e da política em 2014 poder midiático de cada um dos candidatos. Certamente por isso que a prioridade das alianças passa muitas vezes pelo tempo de rádio e televisão em detrimento dos diferentes entendimentos da realidade. Uma análise de conjuntura é sempre uma leitura dinâmica da realidade, não se trata de uma mera descrição de episódios Essas questões e outras tantas que haveremos de conversar ao ocorridos aqui ou acolá. O tempo todo precisamos ir muito longo dos próximos meses nos ajudarão a compreender porque além das aparências e das superficialidades. no presente, mesmo com uma confortável vantagem da presidenta Dilma nas pesquisas eleitorais, ainda exista um recorrente O ambiente eleitoral nacional torna essa questão ainda mais movimento “Volta Lula” de um lado, e de outro incertezas que complexa. É por isso que nesse ano de 2014, quando acon- impedem, ao menos por hora, o estabelecimento de prognóstitecerão eleições para presidente, governadores, senadores e cos com elevada capacidade de certeza em relação ao resultado deputados estaduais e federais que seguramente o jogo das de outubro próximo. disputas do poder político estará no centro das análises e das expectativas. Muito daquilo que se imaginará e se apostará nas agendas eleitorais exercerão grande impacto na cena econômiA crise da Petrobras e as ca e social. As últimas eleições nacionais foram bastante pobres no que diz respeito à apresentação de projetos para o país, o que fez com que as disputas derivassem prioritariamente para questões pessoais e morais. Os acontecimentos recentes e a retórica atual sugerem uma série de indícios de que esta campanha seja ainda mais incapaz de gerar o necessário diálogo sobre os principais temas da agenda nacional e também das agendas estaduais. Cada um dos principais candidatos tem se esforçado para1 apresentar nessa pré-campanha a importância que deve ter a questão dos programas de governo. No entanto, esse processo exigirá um grande esforço para que seja possível reconhecer as principais diferenças programáticas de cada um dos candidatos. Até o momento, a imagem e o marketing têm sido a tônica da preparação eleitoral nesse tempo que tem nos cobrado respostas para além daquelas que são oferecidas pelo mercado. Em sociedades modernas e complexas como a nossa, uma boa parte das campanhas eleitorais são resolvidas em função do 1 MERCADANTE, Aloísio. Newton Dorme. Jornal Folha de São Paulo. 23 de agosto de 2007 denúncias de cartel em São Paulo expõem os maiores partidos da cena política As denúncias em torno da compra pela Petrobras de uma refinaria nos Estados Unidos: a imprensa noticiou que a empresa pagou mais de US$ 1,2 bilhão por uma refinaria que valia US$ 42,5 milhões em Pasadena, e que hoje, passados quase dez anos, não vale mais do que US$ 200 milhões. A força do episódio fica ainda maior quando, na sequência, respostas diferentes são apontadas para o caso. A presidenta Dilma, a época do negócio presidenta do Conselho da estatal afirma que faltou informações técnicas para tomar a decisão e se as tivesse não o faria. Em seguida o ex Presidente da Petrobras afirma textualmente que todos sabiam exatamente sobre o que estava se decidindo. O episódio de Pasadena abriu um turbilhão de informações sobre uma série de decisões da maior empresa estatal nacional e a falta de sintonia do governo em relação a este episódio virou combustível para que a oposição saísse a campo para pleitear a instalação de uma CPI para investigar o caso. Enquanto isso, em São Paulo o governo tenta dar respostas para uma série de questões levantadas no episódio conhecido como o cartel do Metrô. A gravidade das denúncias e a quantidade de informações fez com que o Ministério Público anunciasse que denunciou 30 executivos de 12 empresas do setor de transportes por crime de cartel e irregularidades em 11 licitações. No total, são cinco denúncias envolvendo contratos com o Metrô ou a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). As licitações investigadas foram realizadas entre 1998 e 2008, quando o estado de São Paulo foi governado por Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB. Ambos os casos colocam no centro do debate os dois maiores partidos de nosso país. Desse modo, as crises da Petrobras e do Metrô acontecem no ambiente pré-eleitoral e certamente as repercussões e desdobramentos estarão diretamente relacionadas a campanha que se iniciará em julho. As possibilidades de racionamento de água em São Paulo e a crise do setor elétrico complicam ainda mais o cenário De outro lado acompanhamos a crise do setor elétrico, cujo resultado é uma combinação de três questões: interferência política no setor, falta de chuvas e atrasos em investimentos. O governo tem falado em R$ 9 bilhões, mas há quem afirme que o tamanho da conta pode superar os R$ 21 bilhões - algo semelhante ao orçamento do “Minha Casa, Minha Vida”. O problema começou em meados de 2012. Naquele momento, o governo decidiu forçar uma queda no preço da energia elétrica para famílias e empresas. O objetivo da redução era de 20% e seria conseguida em função da antecipação da renovação das concessões das empresas do setor elétrico, que teriam maior prazo para atuar em troca de uma queda nos preços. Mesmo contrariado por algumas grandes empresas estatais estaduais o governo decidiu manter o patamar de redução perseguido, o que iniciou o processo de subsídios no setor. Em 2013, o país começou a sofrer falta de chuvas e aumento de consumo - grande parte deste aumento incentivado pelo próprio governo com o preço da tarifa menor, com a redução de tributos sobre eletrodomésticos e com o programa “Minha Casa Melhor”. A combinação das duas questões anteriores contribuiu para a O Sistema Cantareira, maior reserva administrada pela Sabesp, inibição dos investimentos em um setor que precisa ser forfoi inaugurado na década de 1970, quando a população de São temente ampliado, o que não tem acontecido. E, no momento, Paulo era de aproximadamente 8,1 milhões de habitantes. Na não há quem afirme com toda a segurança sobre os riscos que o sistema nacional de energia corre no momento. . atualidade esta cresceu para mais de 20 milhões. Quando iniciado, o projeto objetivava atender no máximo 15 milhões de pessoas. De lá para cá, não houve investimentos significativos em novos mananciais. A outra grande reserva hídrica da região, a Represa Billings, que começou a operar em 1958, se despeja esgoto e, ao mesmo tempo, se capta água para alimentar as torneiras de 1,2 milhão de clientes na zona sul de São Paulo e na região do ABC. Não há como negar que este é o mais árido período em décadas. Os meteorologistas asseguram que se trata do menor volume de chuvas em 30 anos. É inegável que estes dois grandes episódios marcam também o grau de improvisação da gestão pública de todos os níveis de governo nas últimas décadas, especialmente nas áreas de energia e saneamento. Mas certamente há outras onde similaridades podem ser reconhecidas na atualidade. Em 2014 o mundo crescerá moderadamente erentes economistas que apontam perspectivas um pouco mais promissoras do ponto de vista do crescimento. Depois de atravessar o colapso da bolha imobiliária norteamericana, o mundo experienciou a fragilização do sistema financeiro mundial em 2007/ 2008, o que acarretou uma expressiva queda na demanda por bens e serviços, cujo impacto ainda não foi superado totalmente. Para EUA e a Europa, o problema é mais político do que econômico, pois seus mecanismos de decisão política são incapazes de produzir um consenso sobre como estimular o crescimento econômico. A atividade econômica das economias avançadas esteve muito Segundo Relatório da ONU, o PIB mundial deverá crescer 3,0% próxima de uma vez mais a retroceder. A desaceleração da reem 2014, com melhora no crescimento dos Estados Unidos, fim cuperação americana, juntamente com o impasse político sobre a elevação do teto da dívida federal no ano passado gerou um da recessão na Europa e ligeira desaceleração na China. tempo de fortes instabilidades. Ao lado dessa questão, a falta de Haverá uma lenta recuperação da economia mundial, o que solução dos problemas europeus, combinado com a instabilidade política nos países produtores de petróleo, geraram grande talvez possa dar um alento adicional a nossa economia. pessimismo sobre o crescimento mundial. Depois dos tempos de graves crises, há muitas opiniões de dif- As expectativas em relação ao Brasil na cena econômica Mesmo diante dos grandes dilemas que o Brasil atravessa, uma série de notícias recentes indicam de um lado a força que o país tem em meio à situação mundial. ente para alavancar o crescimento, dada a reduzida participação do setor primário na economia. Como para 2014 a perspectiva é de uma safra menor, o setor primário deverá crescer bem menos do que em 2013. O Brasil, comparado com o índice de crescimento do PIB entre as 13 economias, ficamos atrás apenas da China e Coréia do A indústria sofreu com a combinação de fortes oscilações camSul em 2013. A China cresceu 5,7 pontos - acima da média biais, carga tributária, juros crescentes e infraestrutura deficimundial, de 3,0%. Já a Coreia do Sul teve 2,8% de expansão. ente. Os serviços, que têm maior peso na geração do PIB, seguiram em desaceleração, apesar do aquecimento do mercado Na comparação com o quarto trimestre de 2012, o PIB cresceu de trabalho. Os ganhos reais sobre o ano anterior ainda ocor1,9%, sendo que o valor adicionado a preços básicos aumen- rem, porém, em menor escala, dada a taxa de inflação. tou 1,7%, e os impostos sobre produtos, 3,1%. Registrou-se crescimento da agropecuária (2,4%), dos serviços (1,8%) e da Em relação ao setor externo, este vem contribuindo negativaindústria (1,5%). mente para o crescimento do PIB , na medida que as importações seguiram crescendo mais que as exportações. O saldo Podemos então comemorar todos os resultados? Se partirmos comercial, que em 2012 foi de US$19,4 bilhões, minguou para das expectativas anteriores para o ano de 2013, observaremos cerca de US$1,0 bi, e agora está negativo. que o PIB do brasileiro ficou abaixo das expectativas. No ano de 2013, o PIB aumentou 2,3% em relação a 2012, fruto Nem mesmo o recorde da safra agrícola 2012/2013 foi sufici- do crescimento de 2,1% no valor adicionado e 3,3% nos im- postos. Nessa comparação, a agropecuária (7,0%), os serviços (2,0%) e a indústria (1,3%) cresceram. Em 2013, o PIB em valores correntes alcançou R$ 4,84 trilhões. O PIB per capita ficou em R$ 24.065, apresentando uma alta, em volume, de 1,4%, em volume, em relação a 2012. A taxa de investimento no ano de 2013 foi de 18,4% do PIB, ligeiramente acima do observado no ano anterior (18,2%). A taxa de poupança foi de 13,9% em 2013 (ante 14,6% no ano anterior). Em relação a inflação, o Banco Central revisou as estimativas e suas previsões apostam em um número acima de 6% em 2014. Em dezembro, a previsão para o IPCA deste ano estava em 5,6%. Nas duas primeiras reuniões do COPOM elevou-se a taxa Selic e, mesmo assim, aumentou as expectativas de inflação. No entanto, são inúmeras as afirmações que apostam na necessidade do governo apontar uma correta perspectiva de manter a busca da “modicidade tarifária” em relação aos limites do setor privado, medida essa que pode fortalecer a agenda dos investimentos de infraestrutura. Esse momento mais do que em qualquer outro será essencial a garantia de um equilíbrio entre as políticas fiscal e monetária. Estas questões combinadas podem ajudar a afastar as ameaças que hoje rondam a economia brasileira. Os preços administrados têm permanecido congelados nas planilhas dos analistas. Em 2014 estes deverão fechar em 4,00%. Já em 2015 devem encerrar em 5,00%. De acordo com o BC o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como base do sistema de metas de inflação do governo federal, deverá superar a barreira dos 6% Quando observamos friamente os números, é certo que há um em 2014 – ficando entre 6,1% e 6,2%. Mesmo com o aumento, exagero em relação ao mau humor do mercado para com o Bra- a previsão de inflação do Banco Central ainda está abaixo do sil, o que contribui para a elevação da desconfiança dos merca- que estima o mercado financeiro. Para este ano, os economistas dos em relação ao governo. dos bancos esperam que o IPCA avance para 6,28% . Para 2014, a meta central de inflação continua sendo de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Em relação aos juros, após elevar oito vezes a taxa básica, o Copom tem mantido a avaliação de que a política monetária segue de modo a minimizar o crescimento dos riscos de que níveis de inflação se elevem. Ou seja, como o observado nos últimos meses, este tema tende a persistir no horizonte central para a política monetária. Em relação a 2014, o Boletim Focus tem apontado uma projeção de expansão do Produto Interno Bruto em torno dos 2,13% neste ano, ao mesmo tempo em que estabelece uma projeção para o IPCA - indicador de inflação da ordem de 5,92%. Outros importantes indicadores da economia têm mantido inalterada suas previsões, é o caso da taxa básica de juros - Selic e o dólar que também permaneceu inalterado em R$ 2,45. A taxa básica da economia vem subindo desde abril, quando estava em 7,25% ao ano (mínima histórica). Até o momento, Há grandes expectativas em relação a um maior aperto em 2014 foram oito elevações seguidas que, ao todo, somaram 3,5 poncom a Selic indo além dos elevados números que ela já está. A tos percentuais – visto que a taxa está, atualmente, em 10,75% taxa que começou o ano em 10%,foi elevada para 10,50% em ao ano. O mercado financeiro aposta em novas altas de juros 15 de janeiro e na segunda reunião subiu para 10,75% pres- em 2014. sionada pelo cenário de inflação elevada onde os números se aproximam do teto da meta do governo - de 4,5 por cento pelo Na conjuntura atual a taxa de juros continua sendo a ferramenta IPCA com tolerância de 2 pontos percentuais- vêm sustentando essencial para tentar se combater o risco da inflação. A Selic as expectativas de aperto monetário. é usada pelo BC para tentar controlar o consumo ao mesmo tempo que tenta segurar a inflação. Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair controlando a inflação. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo. O chamado risco-país reflete a percepção de segurança que os investidores externos têm em relação a um país. Esse risco é medido pelo número de pontos percentuais de juros que determinado governo tem de pagar a mais que os EUA para conseguir empréstimos no exterior. A maior economia do planeta é Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, considerada de risco zero para o investidor. porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais Na prática, um risco em torno de 200 pontos significa que o alto. Essa situação deixa a economia com menos força. governo tem de pagar juros de 2% a mais do que os EUA para conseguir empréstimos no exterior. Quanto menor o risco, mais A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há fácil e barato fica captar dinheiro no mercado internacional. O pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque banco americano JP Morgan é responsável pelo cálculo do risespecial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas co-país. são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia. A taxa de risco de um país afeta não apenas as finanças do governo, mas toda a economia. Quando o risco soberano de um país aumenta, os títulos emitidos pelo governo ficam mais atrativos para os bancos. Quais são os riscos? Alguns números observados até aqui nos ajudam a entender a notícia do rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor’s, ao mesmo tempo em que se evidencia que “os mercados” não são neutros e muito menos que jogam a favor de alguma nação emergente. O bom mocismo do COPOM e as expectativas de mais aumento na Selic apenas sugerem uma distância entre agenda econômica e política. Infelizmente. Em conseqüência disso, as instituições financeiras destinam uma fatia maior de seus investimentos para comprar esses títulos públicos, reduzindo os recursos disponíveis para financiar operações de crédito e investimento. A menor oferta de crédito no mercado acaba levando a um aumento das taxas de juros, o que, por outro lado, acaba freando a economia. Esta agência avaliou que o país continua sendo seguro para investir, mas os gastos do governo e o baixo crescimento nos Investidores externos costumam dizer que cobram muito para últimos anos levam a um aumento do risco. emprestar para o Brasil porque têm dúvidas quanto ao futuro político e econômico do país. A nota do Brasil na classificação feita pela S&P estava em BBB desde novembro de 2011. No entanto, o rating brasileiro foi colocado pela agência em perspectiva “negativa” já no ano passado. A nota das agências de classificação de risco avalia a qualidade de crédito de empresas ou países e informam por meio de rating - conceitos (letras), a probabilidade do não pagamento de dívidas. Mercado de trabalho continua aquecido Mesmo com economia em ritmo mais lento que o desejado, o mercado de trabalho continua aquecido. As taxas de desemprego continuam abaixo de dois dígitos com tendência de redução. perdendo força , a taxa de desemprego geral no país continua em patamares baixos, ao mesmo tempo em que o rendimento continuou crescendo, mesmo que com ritmos mais modestos. Para o Dieese, 2013 foi um ano que “patinou”, com incertezas. E isso se refletiu nas negociações salariais, aumentando as dificuldades nas mesas de negociação. No primeiro semestre, de 328 convenções e acordos cole¬tivos anali¬sados pelo instituto, a maioria (84,5%) superou a inflação, mas em proporção menor do que em 2012 (96,3%). O índice de ganhos reais apurado¬ ¬entre janeiro e junho também diminuiu. O Brasil criou 1.117.171 novas vagas de trabalho com carteira assinada em 2013. O ajuste aplicado entre janeiro e novembro leva em conta as informações que foram transmitidas pelas empresas ao Ministério do Trabalho fora do prazo. Os dados são O que se observa em relação ao mercado de trabalho, apesar das do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). taxas de desemprego estáveis, é que existe uma perda de dinamismo. A renda continua crescendo, mas em patamar menor. Ao longo de 2013, foram criadas 730.687 vagas com carteira, segundo os dados sem ajustes, ou seja, sem considerar os da- Certamente nesse ambiente o tema que vai ganhar muito destaque será a questão da produtividade combinada com a eldos enviados pelas empresas fora do prazo. evação dos investimentos. Sem enfrentar essas duas questões O resultado de 2013 é 14,2% inferior ao de 2012, quando foram certamente haverá muitos impasses no mundo do trabalho. gerados 1,301 milhão de empregos com carteira assinada, na É necessário que possamos avançar saindo de um padrão de série com ajuste até novembro. crescimento que se sustentou prioritariamente no consumo O Brasil fechou 2013 com o pior número na geração de em- para uma dinâmica ancorada no investimento. Do contrário vapregos ao longo dos últimos 10 anos. Mesmo com a queda mos continuar examinando taxas de crescimento relativamente verificada em dezembro, quando se fechou 449.444 postos de baixas. trabalho com carteira assinada, a economia brasileira somou 730.687 novas vagas formais de trabalho ao longo do ano. Esse resultado veio bem abaixo do esperado pelo governo, que em meados do ano previa a contratação líquida de 1,4 milhão de trabalhadores em 2013. Mesmo com a oferta de vagas no mercado formal de trabalho A balança comercial mantém aceso o farol amarelo Plano Real completa 20 anos Podemos lembrar também da forte relação com a crise financeira internacional - que diminui as exportações brasileiras. “Mercados para os quais tradicionalmente exportamos muito ainda estão com demandas desaquecidas. No dia 28 de fevereiro ultimo o Plano Real completou 20 anos. Foi nesta data que o Presidente Itamar Franco publicou a Medida Provisória nº 434, que introduziu a URV (Unidade Real de Valor), primeiro instrumento público que daria origem a um tempo de estabilidade monetária em nossa economia. Depois de mais de duas décadas de fortes pressões inflacionárias e de mais de uma dezena de Planos econômicos o país retomou a possibilidade de construir uma agenda para o futuro tendo como referência a sua moeda. Os vintes anos do Real nos ensinaram que certamente a estabilidade da moeda é bem diferente da estabilidade econômica. Mas certamente essa estabilidade foi uma grande conquista da sociedade brasileira. Nos primeiros sete meses de 1994, o Brasil enfrentou uma inflação de 757,29%.A URV era uma moeda escritural, o que significa que ela não existia fisicamente, apenas nos balanços de empresas e documentos da época. Ela só foi substituída pelo Real em 1º de julho de 1994. Na equiparação das moedas, CR$ 2.750, o último valor da URV, tornou-se equivalente a R$ 1. A URV foi essencial para a construção do Plano Real na medida que possibilitou um amplo debate sobre as raízes e as perspectivas de como seria possível sair daquele grave processo inflacionário. Depois de duas décadas, a batalha da estabilização econômica precisa avançar, para que possamos ir além da estabilidade monetária. E mais, é preciso estabelecer novas prioridades para que os avanços conquistados até agora sejam perenes. Certamente podemos apontar ainda a relação de nossa moeda nacional – o Real com o Dólar e outras moedas. A política cambial continua a exercer um papel de “ancora” assim como aconteceu fortemente no inicio do Plano Real o que certamente impacta diretamente a produção industrial nacional. Muito se fala sobre a necessidade de se ampliar os investimentos em infraestrutura, mas é fato que precisamos construir uma agenda sustentável do processo de desenvolvimento. É necessário dar um salto no ensino. Chegou a hora de criar uma espécie de Plano Real para a educação. Para 2014, a expectativa dos economistas acreditam que a balança comercial registrará alguma recuperação, atingindo US$ 8 bilhões de superávit, com exportações em US$ 252 bilhões e importações em US$ 244 bilhões. E apenas para confirmar essa questão lembro um recente levantamento realizado pela Fundação Dom Cabral com 130 executivos de companhias de grande porte em todo o País revelou Em todo o ano de 2012, o superávit da balança comercial brasileira somou US$ 19,43 bilhões, o menor saldo positivo em dez anos. Com isso, o superávit da balança comercial registrou queda de 34,7% em relação ao ano de 2011, quando o superávit totalizou US$ 29,79 bilhões. Em 2013 a balança comercial brasileira registrou um superávit (exportações menos importações) de US$ 2,56 bilhões em 2013, o pior resultado para um ano fechado desde 2000. No último ano, ainda segundo números oficiais, as exportações somaram US$ 242,17 bilhões, ao mesmo tempo em que as importações totalizaram US$ 239,61 bilhões. Entre as razões para o fraco resultado está a piora do resultado comercial do ano passado está relacionada, principalmente, com a chamada “conta petróleo”, que engloba as transações comerciais deste produto, e de combustíveis e lubrificantes, resultou em um déficit comercial (importações maiores do que vendas externas) superior a US$ 20,27 bilhões em 2013 - contra um saldo negativo de US$ 5,59 bilhões no ano anterior. que 92% deles têm dificuldades para empregar trabalhadores preparados para os cargos que oferecem. Entre os principais obstáculos citados na pesquisa, 81% das respostas mencionaram a escassez de profissionais capacitados.