ÁREA TEMÁTICA: 3- Capacidade e Talento.
BEM-ESTAR SUBJETIVO DE CRIANÇAS DOTADAS E TALENTOSAS
FREITAS, Maria Luiza Pontes de França 1
PRETTE, Almir Del 2
PRETTE, Zilda A. P. Del 3
RESUMO:
Ao considerar a relação do bem-estar subjetivo com o construto dotação e talento é
importante ressaltar que existe uma carência de pesquisas investigando formalmente o nível
de bem-estar subjetivo de indivíduos dotados e talentosos. A maioria dos estudos encontrados
na literatura da área abordam características mais gerais apresentadas por diferentes autores
com a denominação de ajustamento socioemocional, psicossocial, emocional, psicológico e
outros. Considerando especificamente as pesquisas nacionais, destaca-se que prevalece no
país a falta de maior conhecimento da comunidade científica e de pesquisas empíricas a
respeito dessa variável na população de crianças dotadas e talentosas, uma vez que
predominam as publicações sobre as características cognitivas e necessidades educacionais
dessas crianças. Diante disso, o objetivo desse estudo foi avaliar o nível de bem-estar
subjetivo de crianças dotadas e talentosas. Para atender a esse objetivo participaram desse
estudo 394 crianças na faixa-etária de oito a doze anos. Dessa amostra geral, 269 crianças
eram sinalizadas como dotadas e talentosas e estavam matriculadas em centros para
desenvolvimento do potencial e talento e 125 crianças eram identificadas como não dotadas.
Os participantes responderam a três instrumentos: Escala Multidimensional de Satisfação de
Vida para Crianças (EMSVC); Escala de Afeto Positivo e Negativo para Crianças e
Questionário Sócio-Demográfico. Foram realizadas análises descritivas e inferenciais com o
intuito de atender aos objetivos propostos para esta pesquisa. Com base nos resultados obtidos
foi possível verificar que as crianças dotadas e talentosas relataram alto nível de bem-estar
subjetivo no geral. Ao realizar análise comparativa, por meio de Teste t de Student, verificouse que as crianças dotadas apresentaram maior nível de bem-estar subjetivo do que as crianças
não dotadas. Em relação aos indicadores cognitivos e afetivos do bem-estar subjetivo as
crianças dotadas relataram maior nível nos indicadores satisfação com a vida, self,
selfcomparado, não violência, satisfação com a família, com amizade e com a escola e menor
nível de afeto negativo do que as crianças não dotadas. Ao considerar as médias ponderadas
de todos os indicadores analisados, observou-se que as crianças dotadas relataram possuir
maior nível de satisfação com a família dentre outros indicadores de bem-estar subjetivo.
Uma possível explicação para esse resultado pode estar relacionada às características das
famílias dessas crianças que tem sido descritas na literatura como mais harmoniosas, afetivas,
coesas, com menos conflitos e maior sensação de união entre os familiares do que as famílias
das crianças não dotadas. A partir da verificação de que as crianças dotadas e talentosas
relataram alto nível de bem-estar subjetivo, afirma-se que este trabalho contribui com
informações que podem ser somadas aos resultados de outras pesquisas que tem buscado
comprovar empiricamente que a ideia amplamente divulgada nos meios de comunicação de
que as crianças dotadas e talentosas possuem problemas de ajustamento emocional trata-se de
um mito.
1
Doutorado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos, Brasil. Tutoria Virtual da Universidade
Federal de São Carlos, Brasil. E-mail: [email protected]
2
Doutorado em Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo, Brasil. Trabalha na
Universidade Federal de São Carlos, Brasil. E-mail: [email protected]
3
Doutora em Psicologia. Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected]
Palavras-Chave: Felicidade; Dotação; Talento.
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