ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA EDUCAÇÃO 2ª COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO COLÉGIO ESTADUAL DR. WOLFRAM METZLER Textos de Apoio FILOSOFIA Professor: Noé Gino Porto Gomes Novo Hamburgo 2013 2 ÍNDICE 1. O que é filosofia ......................................................................................,...... 3 2. Quadro Resumo – Cronologia da Filosofia por Sérgio Biagi Gregório..... 6 3. Resumo da História da Filosofia .................................................................... 7 4. A dúvida filosófica ......................................................................................... 11 4. A Alegoria da Caverna ..................................................................................... 13 5. As grandes áreas da Filosofia ....................................................................... 14 3 Texto 1: O que é filosofia? O que é a filosofia? Esta é uma questão notoriamente difícil. Uma das formas mais fáceis de responder é dizer que a filosofia é aquilo que os filósofos fazem, indicando de seguida os textos de Platão, Aristóteles, Descartes, Hume, Kant, Russell, Wittgenstein, Sartre e de outros filósofos famosos. Contudo, é improvável que esta resposta possa ser realmente útil se o leitor está a começar agora o seu estudo da filosofia, uma vez que, nesse caso, não terá provavelmente lido nada desses autores. Mas mesmo que já tenha lido alguma coisa, pode mesmo assim ser difícil dizer o que têm em comum, se é que existe realmente uma característica relevante partilhada por todos. Outra forma de abordar a questão é indicar que a palavra «filosofia» deriva da palavra grega que significa «amor da sabedoria». Contudo, isto é muito vago e ainda nos ajuda menos do que dizer apenas que a filosofia é aquilo que os filósofos fazem. Precisamos por isso de alguns comentários gerais sobre o que é a filosofia. A filosofia é uma actividade: é uma forma de pensar acerca de certas questões. A sua característica mais marcante é o uso de argumentos lógicos. A actividade dos filósofos é, tipicamente, argumentativa: ou inventam argumentos, ou criticam os argumentos de outras pessoas ou fazem as duas coisas. Os filósofos também analisam e clarificam conceitos. A palavra «filosofia» é muitas vezes usada num sentido muito mais lato do que este, para referir uma perspectiva geral da vida ou para referir algumas formas de misticismo. Não irei usar a palavra neste sentido lato: o meu objectivo é lançar alguma luz sobre algumas das áreas centrais de discussão da tradição que começou com os gregos antigos e que tem prosperado no século XX, sobretudo na Europa e na América. Que tipo de coisas discutem os filósofos desta tradição? Muitas vezes, examinam crenças que quase toda a gente aceita acriticamente a maior parte do tempo. Ocupam-se de questões relacionadas com o que podemos chamar vagamente «o sentido da vida»: questões acerca da religião, do bem e do mal, da política, da natureza do mundo exterior, da mente, da ciência, da arte e de muitos outros assuntos. Por exemplo, muitas pessoas vivem as suas vidas sem questionarem as suas crenças fundamentais, tais como a crença de que não se deve matar. Mas por que razão não se deve matar? Que justificação existe para dizer que não se deve matar? Não se deve matar em nenhuma circunstância? E, afinal, que quer dizer a palavra «dever»? Estas são questões filosóficas. Ao examinarmos as nossas crenças, muitas delas revelam fundamentos firmes; mas algumas não. O estudo da filosofia não só nos ajuda a pensar claramente sobre os nossos preconceitos, como ajuda a clarificar de forma precisa aquilo em que acreditamos. Ao longo desse processo desenvolve-se uma capacidade para argumentar de forma coerente sobre um vasto leque de temas -- uma capacidade muito útil que pode ser aplicada em muitas áreas. A filosofia e a sua história Desde o tempo de Sócrates que surgiram muitos filósofos importantes. Já referi alguns no primeiro parágrafo. Um livro de introdução à filosofia poderia abordar o tema historicamente, analisando as contribuições desses grandes filósofos por ordem cronológica. Mas não é isso que farei neste livro. Ao invés, abordarei o tema por tópicos: uma abordagem centrada em torno de questões filosóficas particulares e não na história. A história da filosofia é, em si mesma, um assunto fascinante e importante; muitos dos textos filosóficos clássicos são também grandes obras de literatura: os diálogos socráticos de Platão, as Meditações, de Descartes, a Investigação sobre o Entendimento Humano, de David Hume e Assim Falava Zaratustra, de Nietzsche, para citar só alguns exemplos, são todas magníficos exemplos de boa prosa, sejam quais forem os padrões que usemos. Apesar de o estudo da história da filosofia ser muito importante, o meu objectivo neste livro é oferecer ao leitor instrumentos para pensar por si próprio sobre temas filosóficos, em vez de ser apenas capaz de explicar o que algumas grandes figuras do passado pensaram acerca desses temas. Esses temas não interessam apenas aos filósofos: emergem naturalmente das circunstâncias humanas; muitas pessoas que nunca abriram um livro de filosofia pensam espontaneamente nesses temas. Qualquer estudo sério da filosofia terá de envolver uma mistura de estudos históricos e temáticos, uma vez que se não conhecermos os argumentos e os erros dos filósofos anteriores não podemos ter a esperança de contribuir substancialmente para o avanço da filosofia. Sem algum conhecimento da história, os filósofos nunca progrediriam: continuariam a fazer os mesmos erros, sem saber que já tinham sido feitos. E muitos filósofos desenvolvem as suas próprias teorias ao verem o que está errado no trabalho dos filósofos anteriores. Contudo, num pequeno livro como este, é impossível fazer justiça às complexidades da obra de filósofos individuais. As leituras complementares, sugeridas no fim de cada capítulo, ajudam a colocar num contexto histórico mais vasto os assuntos aqui discutidos. Porquê estudar filosofia? Defende-se por vezes que não vale a pena estudar filosofia uma vez que tudo o que os filósofos fazem é discutir sofisticamente o 4 significado das palavras; nunca parecem atingir quaisquer conclusões de qualquer importância e a sua contribuição para a sociedade é virtualmente nula. Continuam a discutir acerca dos mesmos problemas que cativaram a atenção dos gregos. Parece que a filosofia não muda nada; a filosofia deixa tudo tal e qual. Qual é afinal a importância de estudar filosofia? Começar a questionar as bases fundamentais da nossa vida pode até ser perigoso: podemos acabar por nos sentir incapazes de fazer o que quer que seja, paralisados por fazer demasiadas perguntas. Na verdade, a caricatura do filósofo é geralmente a de alguém que é brilhante a lidar com pensamentos altamente abstractos no conforto de um sofá, numa sala de Oxford ou Cambridge, mas incapaz de lidar com as coisas práticas da vida: alguém que consegue explicar as mais complicadas passagens da filosofia de Hegel, mas que não consegue cozer um ovo. A vida examinada Uma razão importante para estudar filosofia é o facto de esta lidar com questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. A maior parte das pessoas, num ou noutro momento da sua vida, já se interrogou a respeito de questões filosóficas. Por que razão estamos aqui? Há alguma demonstração da existência de Deus? As nossas vidas têm algum propósito? O que faz com que algumas acções sejam moralmente boas ou más? Poderemos alguma vez ter justificação para violar a lei? Poderá a nossa vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo, ou seremos apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? E assim por diante. A maior parte das pessoas que estuda filosofia acha importante que cada um de nós examine estas questões. Algumas até defendem que não vale a pena viver a vida sem a examinar. Persistir numa existência rotineira sem jamais examinar os princípios na qual esta se baseia pode ser como conduzir um automóvel que nunca foi à revisão. Podemos justificadamente confiar nos travões, na direcção e no motor, uma vez que sempre funcionaram suficientemente bem até agora; mas esta confiança pode ser completamente injustificada: os travões podem ter uma deficiência e falharem precisamente quando mais precisarmos deles. Analogamente, os princípios nos quais a nossa vida se baseia podem ser inteiramente sólidos; mas, até os termos examinado, não podemos ter a certeza disso. Contudo, mesmo que não duvidemos seriamente da solidez dos princípios em que baseamos a nossa vida, podemos estar a empobrecê la ao recusarmo nos a usar a nossa capacidade de pensar. Muitas pessoas acham que dá demasiado trabalho ou que é excessivamente inquietante colocar este tipo de questões fundamentais: podem sentir se satisfeitas e confortáveis com os seus preconceitos. Mas há outras pessoas que têm um forte desejo de encontrar respostas a questões filosóficas que representem um desafio. Aprender a pensar Outra razão para estudar filosofia é o facto de isso nos proporcionar uma boa maneira de aprender a pensar mais claramente sobre um vasto leque de assuntos. Os métodos do pensamento filosófico podem ser úteis em variadíssimas situações, uma vez que, ao analisar os argumentos a favor e contra qualquer posição, adquirimos aptidões que podem ser aplicadas noutras áreas da vida. Muitas pessoas que estudam filosofia aplicam depois as suas aptidões em profissões tão diferentes quanto o direito, a informática, a consultoria de gestão, o funcionalismo público e o jornalismo áreas onde a clareza de pensamento é um grande trunfo. Os filósofos usam também a perspicácia que adquirem acerca da natureza da existência humana quando se voltam para as artes: alguns filósofos foram também romancistas, críticos, poe¬tas, realizadores de cinema e dramaturgos de sucesso. [...] A filosofia é difícil? A filosofia é muitas vezes descrita como uma disciplina difícil. Há vários tipos de dificuldades associadas à filosofia, algumas delas evitáveis. Em primeiro lugar, é verdades que muitos dos problemas com os quais os filósofos profissionais lidam exigem efectivamente um nível bastante elevado de pensamento abstracto. Contudo, o mesmo se aplica a praticamente todas as actividades intelectuais: a esse respeito, a filosofia não é diferente da física, da teoria literária, da informática, da geologia, da matemática ou da história. Tal como acontece com estas e outras áreas de estudo, a dificuldade em dar um contributo substancialmente original na área respectiva não deve ser usada como desculpa para negar às pessoas comuns o conhecimento dos avanços dessas áreas, nem para as impedir de aprender os seus métodos básicos. Contudo, há um segundo tipo de dificuldade associada à filosofia que pode ser evitada. Os filósofos nem sempre são bons prosadores. Muitos têm fracas capacidades para comunicar claramente as suas próprias ideias. Por vezes, isto acontece porque só estão interessados em atingir uma pequeníssima audiência de leitores especializados; outras vezes, porque usam uma gíria desnecessariamente complicada que se limita a confundir os que com ela não estão familiarizados. Os termos especializados podem ser úteis para evitar explicar certos conceitos sempre que são usados. Contudo, há entre os filósofos profissionais uma tendência infeliz para usar termos especializados como um fim em si; muitos usam expressões latinas apesar de existirem equivalentes portugueses perfeitamente aceitáveis. Um parágrafo cheio de 5 palavras desconhecidas e de palavras conhecidas usadas de forma desconhecida pode intimidar. Alguns filósofos parecem falar e escrever numa linguagem inventada por eles. Isto pode fazer que a filosofia pareça muito mais difícil do que na verdade é. Nigel Warburton - in Crítica, revista de filosofia 6 Texto 2: Quadro Resumo – Cronologia da Filosofia por Sérgio Biagi Gregório FILOSOFIA Essência: Representantes: Tales de Mileto (623-546 a.C.), Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.), Descobrir, com base na razão e Anaxímenes de Mileto (588não na mitologia, 524 a.C.), Pitágoras de oprincípio único (o arché, grego) Samos (570-490 a.C.), existente em todos os seres ANTIGA Heráclito de Éfeso (?), físicos. Parmênides de Eléia (510470 a.C.), Zenão de Eléia (488-430 a.C.), Empédocles de Agrigento (490-430 a.C.) e Demócrito de Abdera (460-370 Protágoras de Abdera (480410 a.C.), Górgias de Leontini (487-380 a.C.), Interesse no homem e nas suas Sócrates de Atenas (469relações em sociedade, com 399 a.C.) Platão de Atenas predominância das questões (427-347 a.C.), Aristóteles CLÁSSICO OU GREGO metafísicas e morais. de Estagira (384-322 a.C.), ROMANO Zenão de Cítio (336-263 a.C.) e Epicuro (342-271 a.C.). MEDIEVAL MODERNA Conciliar fé com razão. Anotações: Para Tales de Mileto, considerado o pai da filosofia, a substância primordial era a água; para Anaximandro de Mileto, oapeíron, termo grego que significa o indeterminado, o infinito; para Anaxímenes de Mileto, que tentou uma possível conciliação entre Tales e Anaximandro, o ar; para Pitágoras de Samos, onúmero, e assim por diante. Passada a fase cosmogônica (teorias da origem do universo) os filósofos deste período começaram a se interessar pelo próprio ser humano e suas relações na sociedade. Essa nova fase denominou-se sofista. Na Idade Média não existia uma Filosofia, mas correntes de opiniões, São Justino (165 d.C.), doutrinas e teorias, denominadas de Tertuliano (nasc. 155 d.C.), Escolástica. Santo Tomás de Aquino Santo Agostinho (354-430), e Santo Agostinho são seus Santo Anselmo (1033-1109), principais representantes. BuscavaPedro Abelardo (1079se conciliar fé com razão. O método 1142), Santo Tomás de utilizado é o dadisputa: baseando-se Aquino (1221-1274), John no silogismo aristotélico, partiam de Duns Scot (1270-1308) e uma intuição primária e, através da Guilherme Ockham (1229controvérsia, caminhavam até as 1350) últimas conseqüências do tema proposto. A finalidade era o desenvolvimento do raciocínio lógico. Giordano Bruno (15481600), Galileu Galilei (15641642), Francis Bacon (15611626), René Descartes (1596-1650), John Locke (1632-1704), Montesquieu Desenvolvimento da mentalidade (1689-1755), Voltaire (1694racionalista, cujos princípios 1778), Diderot (1713-1784), opunham-se à autoridade secular d'Alembert (1717-1783), da Igreja. Rousseau (1712-1778) e Adam Smith (1723-1790), George Berkeley (16851753), David Hume (17111776), Immanuel Kant (1724-1804) A idade moderna é caracterizada pelo desenvolvimento do método científico. Até então, o conhecimento era dogmático. A partir do século XVI, transforma-se em conhecimento teórico-experimental, ou seja, toda a teoria deve passar pela experiência, no sentido de se aceitar ou rejeitar a hipótese levantada. Tomemos como exemplo o metal.Conhecimento dogmático: o calor dilata o metal;conhecimento teórico-experimental: colocando-se o metal no fogo, ele se dilatará; contudo, somente a experiência (observando o aumento de calor) é que poderemos dizer até que grau de temperatura ele se dilata ou se derrete. 7 Texto 3: Resumo da História da Filosofia Período filosófico 1. Período metafísico Correspondência Disciplinaao período Grandes nomes chave histórico Platão,Aristóteles, São Tomás de Época antiga, Metafísica medieval e início Aquino (ontologia) da moderna (Descartes) Conceitochave Ser 2. Período epistemológico Época moderna (ou transcendental) (Descartes)Kant 3. Período semânticohermenêutico Teoria da significação, Significado, Husserl, Fenomenologia, Semântica: Dilthey,Heidegger, Hermenêutica, análise Frege,Wittgenstein Semântica lógica da (análise lógica linguagem da linguagem) Época contemporânea Epistemologia, Verdade, Teoria objetividade, transcendental validez Filosofia antiga (2) Panorama dos pré-socráticos ao helenismo A filosofia nasceu na Grécia antiga - costumamos dizer - com os primeiros filósofos, chamados pré-socráticos. Mas a filosofia não é compreendida hoje apenas como um saber específico, mas também como uma atitude em relação ao conhecimento, o que faz com que seus temas, seus conceitos e suas descobertas sejam constantemente retomados. A história da filosofia coloca em perspectiva o conhecimento filosófico e apresenta textos e autores que fundamentam nosso conhecimento até hoje. A história da filosofia na Antigüidade pode ser dividida em três grandes períodos: o período pré-socrático, a Grécia clássica e a época helenística. Pré-socráticos Os filósofos que viveram antes da época de Sócrates, como Parmênides e Heráclito, investigaram a origem das coisas e as transformações da natureza. De seus textos só restaram fragmentos. O conhecimento especulativo no período présocrático não se distinguia dos outros conhecimentos, como a astronomia, a matemática ou a física. Tales de Mileto foi o primeiro pensador que podemos chamar de filósofo. Como outros pré-socráticos, Tales dedicou-se a caracterizar o princípio ou a matéria de que é feito o mundo. Sustentou que este princípio era a água. A Grécia clássica No período clássico, a filosofia vinculou-se a um momento histórico privilegiado - o da Grécia clássica. Nesse período, que compreende os séculos 5 a.C. e 4 a.C., a civilização grega conheceu seu apogeu, com o esplendor da cidade de Atenas. Essa cidade-estado dominou a Grécia com seu poderio militar e econômico. Adotando a democracia como sistema político, Atenas assistiu a um florescimento admirável das ciências e das artes. Foi esse período histórico que deu origem ao pensamento dos três maiores filósofos da Antigüidade: Sócrates, Platão eAristóteles. Sócrates não deixou uma obra escrita, mas conhecemos seu pensamento através das obras de seu discípulo Platão. Este não escreveu uma obra sistemática, organizada de forma lógica e abstrata, mas sim um rico conjunto de textos em forma de diálogo, em que diferentes temas são discutidos. Os diálogos de Platão estão organizados em torno da figura central de seu mestre - Sócrates. Platão e Aristóteles O conhecimento é resultado do convívio entre homens que discutem de forma livre e cordial. No livro "A República", por exemplo, temos um grupo de amigos que incluem o filósofo Sócrates, dois irmãos de Platão - Glauco e Adimanto - e 8 vários outros personagens, que serão provocados pelo mestre. O diálogo vai tratar de assuntos relacionados à organização da sociedade e à natureza da política. A palavra política vem do grego polis, que significa cidade ou Estado. Aristóteles - ao contrário de Platão - criou uma obra sistemática e ordenada. A filosofia aristotélica cobre diversos campos do conhecimento, como a lógica, a retórica, a poética, a metafísica e as diversas ciências. No livro "A Política", Aristóteles entende a ciência política como desdobramento de uma ética, cuja principal formulação encontra-se no livro "Ética a Nicômaco". Helenismo O período helenístico corresponde ao final do século 3 a.C. (período que se sucede à morte de Alexandre Magno, em 323 a.C.) e se estende, segundo alguns historiadores, até o século 6 d.C. As preocupações filosóficas fundamentais voltam-se para as questões morais, para a definição dos ideais de felicidade e virtude e para o saber prático. Filosofia medieval (2) Filósofos cristãos conciliaram fé e razão Com a dissolução do Império romano, as invasões bárbaras e o desaparecimento das instituições, os centros de difusão cultural também se desagregaram. Os chamados "pais da igreja" foram os primeiro filósofos a defender a fé cristã nos primeiros séculos, até aproximadamente o século 8. Os padres da igreja foram os filósofos que, nesse período, tentaram conciliar a herança clássica greco-romana, com o pensamento cristão. Essa corrente filosófica é conhecida como patrística. A filosofia patrística começa com as epístolas de São Paulo e o evangelho de São João. Essa doutrina tinha também um propósito evangelizador: converter os pagãos à nova religião cristã. Surgiram idéias e conceitos novos, como os de criação do mundo, pecado original, trindade de Deus, juízo final e ressurreição dos mortos. As questões teológicas, relativas às relações entre fé e razão, ocuparam as reflexões dos principais pensadores da filosofia cristã. Santo Agostinho e a interioridade Santo Agostinho (354-430) foi o primeiro grande filósofo cristão. Uma de suas principais formulações foi a idéia de interioridade, isto é, de uma dimensão humana dotada de consciência moral e livre arbítrio. As idéias filosóficas tornam-se verdades reveladas (reveladas por Deus, através da Bíblia e dos santos) e inquestionáveis. Tornaram-se dogmas. A partir da formulação das idéias da filosofia cristã, abre-se a perspectiva de uma distinção entre verdades reveladas e verdades humanas. Surge a distinção entre a fé e a razão. O conhecimento recebido de Deus torna-se superior ao conhecimento racional. Em decorrência desta própria dicotomia, surge a discussão em torno da possibilidade de conciliação entre fé e razão. Escolástica e Tomas de Aquino A partir do século 12, a filosofia medieval é conhecida como escolástica. Surgem as universidades e os centros de ensino e o conhecimento é guardado e transmitido de forma sistemática. Platão e Aristóteles, os grandes pensadores da Antiguidade, também foram as principais influências da filosofia escolástica. Nesse período, a filosofia cristã alcançou um notável desenvolvimento. Criou-se uma teologia, preocupada em provar a existência de Deus e da alma. O método da escolástica é o método da disputa. A disputa consiste na apresentação de uma tese, que pode ser defendida ou refutada por argumentos. Trata-se de um pensamento subordinado a um princípio de autoridade (os argumentos podem ser tirados dos antigos, como Platão e Aristóteles, dos padres da igreja ou dos homens da igreja, como os papas e os santos). O filósofo mais importante desse período é São Tomás de Aquino, que produziu uma obra monumental, a "Suma Teológica", elaborando os princípios da teologia cristã. Filosofia moderna (2) 9 A razão: do Renascimento ao Iluminismo No período do Renascimento (séculos 15 e 16), o mundo assistiu a profundas transformações no campo da política, da economia, das artes e das ciências. O Renascimento retomou valores da cultura clássica (representada pelos autores gregos e latinos), como a autonomia de pensamento e o uso individual da razão, em oposição aos valores medievais, como o domínio da fé e a autoridade da Igreja. No campo político, o principal autor do Renascimento foi Maquiavel, autor de "O Príncipe". Maquiavel elaborou uma teoria política fundamentada na prática e na experiência concreta. Durante o período medieval, o poder político era concebido como presente divino e os teólogos elaboraram suas teorias políticas baseados nas escrituras sagradas e no direito romano. Uma outra obra representativa desse momento filosófico é o "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdã. Ao elaborar uma obra ao mesmo tempo literária e filosófica, Erasmo usa a palavra para afirmar valores humanos e denunciar a hipocrisia, ridicularizando papas, filósofos ou príncipes. As mudanças dessa época de crise prepararam o caminho para o despontar do racionalismo clássico. Racionalismo clássico O século 17 foi um dos períodos mais fecundos para a história da filosofia. Marcado pelo absolutismo monárquico(concentração de todos os poderes nas mãos do rei) e pela Contra-Reforma (reafirmação da doutrina católica em oposição ao crescimento do protestantismo), essa época acolheu as grandes criações do espírito científico, como as teorias de Galileu Galilei e o experimentalismo de Francis Bacon. Recusando a autoridade dos filósofos que o antecederam, René Descartes foi o maior expoente do chamado "racionalismo clássico" - uma época que deu ao mundo filósofos tão brilhantes como Blaise Pascal, Thomas Hobbes,Baruch Espinoza, John Locke e Isaac Newton. Embora sempre tenha sido objeto da reflexão dos filósofos, o problema do conhecimento tornou-se mais agudo a partir do século 17. Com os filósofos modernos (em oposição aos filósofos medievais e os da Antiguidade), a teoria do conhecimento tornou-se uma disciplina filosófica independente. O pensamento passou a voltar-se para si mesmo. O pensamento (sujeito do conhecimento) passou a ser também o seu objeto. Em outras palavras: o homem começou a pensar nas suas próprias maneiras de pensar e entender o mundo. Racionalismo e empirismo Os filósofos formularam basicamente duas respostas diferentes para a questão do conhecimento - o racionalismo e oempirismo. Para os racionalistas, como René Descartes, o conhecimento verdadeiro é puramente intelectual. A experiência sensível precisa ser separada do conhecimento verdadeiro. A fonte do conhecimento é a razão. Para os empiristas, como John Locke e David Hume, o conhecimento se realiza por graus contínuos, desde a sensação até atingir as idéias. A fonte do conhecimento é a experiência sensível. O iluminismo No século 18, a razão é vista também como guia para a discussão do problema moral (o problema da ação humana) e o filósofo é entendido como aquele que faz uso público da razão, ao usar sua liberdade de pensar diante de um público letrado. Immanuel Kant foi um filósofo de grande reputação, um dos maiores pensadores da filosofia do Iluminismo(movimento cultural do século 17 e 18, caracterizado pela valorização da razão como instrumento para alcançar o conhecimento). Como autêntico representante da filosofia do século 18, era defensor incondicional do papel da razão no progresso do homem. Ao buscar fundamentar na razão os princípios gerais da ação humana, Kant elaborou as bases de toda a ética que viria a seguir. A formulação do famoso "imperativo categórico" guiou seu pensamento no campo da moral e dos costumes. Kant criou duas obras magistrais, a "Crítica da Razão Pura"(1781) e "Crítica da Razão Prática" (1788). O Iluminismo foi também a filosofia que norteou a Revolução Francesa, e teve em filósofos como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Denis Diderot seus grandes expoentes. Filosofia Contemporânea (2) Fenomenologia, existencialismo 10 O mundo em que vivemos, das telecomunicações, da internet, dos programas espaciais, da física quântica, ou da medicina de alta tecnologia parece não ter lugar para a filosofia. Onde está a filosofia? O filósofo Bertrand Russelpensou nessa questão: A filosofia, como todos os outros estudos, visa em primeiro lugar ao conhecimento. O conhecimento a que ela aspira é o tipo de conhecimento que dá unidade e sistematiza o corpo das ciências, e que resulta de um exame crítico dos fundamentos de nossas convicções, preconceitos e crenças. chamamos de filosofia contemporânea aquela que teve início no século 19, atravessou o século 20 e chegou até os dias de hoje. A filosofia contemporânea fundamenta-se em alguns conceitos que foram elaborados no século 19. Um desses conceitos é o conceito de história, que foi formulado pelo filósofo G.W.F. Hegel. A filosofia de Hegel relaciona-se com as idéias de totalidade e de processo. Passamos a entender o homem como um ser histórico, assim como a sociedade. Uma das conseqüências dessa percepção é a idéia de progresso. O filósofo Auguste Comte foi um dos principais teóricos a pensar essa questão. Tanto a razão quanto o saber científico caminham na direção do desenvolvimento do homem (o lema da bandeira brasileira, ordem e progresso, é inspirado nas idéias de Comte). As utopias políticas elaboradas no século 19, como o anarquismo, o socialismo e o comunismo, também devem muito à idéia de desenvolvimento e progresso, como caminho para uma sociedade justa e feliz. Progresso descontínuo A idéia de que a história fosse um movimento contínuo e progressivo em direção ao aperfeiçoamento sofreu duras restrições durante o século 20. No século 20, porém, formou-se a noção de que o progresso é descontínuo, isto é, não se faz por etapas sucessivas. Desse modo, a história universal não é um conjunto de várias civilizações em etapas diferentes de desenvolvimento. Cada sociedade tem sua própria história. Cada cultura tem seus próprios valores. Essa visão de mundo possibilitou o desenvolvimento de várias ciências como a etnologia, a antropologia e as ciências sociais. Ciência e técnica A confiança no saber científico foi outra das atitudes filosóficas que se desenvolveram no século 19. Essa atitude implica que a natureza pode ser controlada pela ciência e pela técnica. Mas não apenas isso, o desenvolvimento da ciência e da técnica passa a ser capaz de levar ao progresso vários aspectos da vida humana. Surgiram disciplinas como a psicologia, a sociologia e a pedagogia. No século 20, a filosofia passou a colocar em cheque o alcance desses conhecimentos. Essas ciências podem não conseguir abranger a totalidade dos fenômenos que estudam. E também muitas vezes não conseguem fundamentar e validar suas próprias descobertas. O triunfo da razão A ideia de que a razão, ciência e o conhecimento são capazes de dar conta de todos os aspectos da vida humana também foi pensada criticamente por dois grandes filósofos: Karl Marx e Sigmund Freud. No campo político, Marx tornou relativa a idéia de uma razão livre e autônoma ao formular a noção de ideologia - o poder social e invisível que nos faz pensar como pensamos e agir como agimos. No campo da psique, Freud abalou o edifício das ciências psicológicas ao descobrir a noção de inconsciente - como poder que atua sem o controle da consciência. Teoria crítica A ideia de progresso humano como percurso racional sofreu um duro golpe com a ascensão dos regimes totalitários, como o nazismo, o fascismo e o stalinismo. O desencanto tomou o lugar da confiança que existia anteriormente na idéia de uma razão triunfante. Para fazer face a essa realidade, um grupo de intelectuais alemães elaborou uma teoria que ficou conhecida comoteoria crítica. Um dos principais filósofos desse grupo é Max Horkheimer. Ele pensou que as transformações na sociedade, na 11 política e na cultura só podem se processar se tiverem como fim a emancipação do homem e não o domínio técnico e científico sobre a natureza e a sociedade. Esse pensamento distingue a razão instrumental da razão crítica. O que seria a razão instrumental? Aquela que transforma as ciências e as técnicas num meio de intimidação do homem, e não de libertação. E a razão crítica? É a que estuda os limites e os riscos da aplicação da razão instrumental. Existencialismo O filósofo Jean-Paul Sartre também pensou as questões do homem frente à liberdade e ao seu compromisso com a história. Utilizando também as contribuições do marxismo e da psicanálise, o filósofo elaborou um pensamento sistemático que põe em relevo a noção de existência em lugar da essência. Fenomenologia O estudo da linguagem científica, dos fundamentos e dos métodos das ciências tornou-se um foco de atenção importante para a filosofia contemporânea. O filósofo Edmund Husserl propôs à filosofia a tarefa de estudar as possibilidades e os limites do próprio conhecimento. Husserl desenvolveu uma teoria chamada fenomenologia.(tudo que podemos saber do mundo resume-se a esses fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente, cada um designado por uma palavra que representa a sua essência, sua "significação") Filosofia analítica As formas e os modos de funcionamento da linguagem foram estudados pelo filósofo Ludwig Wittgenstein. A filosofia analítica é uma disciplina que se vale da análise lógica como método e entende a linguagem como objeto da filosofia. Bertrand Russel e Quine também estudaram os problemas lógicos das ciências, a partir da linguagem científica. Embora tenha se desdobrado em disciplinas especializadas, a filosofia ainda é - como sempre foi - uma atitude filosófica. http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u25.jhtm Texto 4: A dúvida filosófica "Ignorar é não saber alguma coisa. A ignorância pode ser tão profunda que nem sequer a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos que ignoramos. Em geral, o estado de ignorância mantêm-se em nós enquanto as crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam como eficazes e úteis de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas, nenhum motivo para desconfiar delas e, consequentemente, achamos que sabemos tudo o que há para saber. A incerteza é diferente da ignorância porque, na incerteza, descobrimos que somos ignorantes, que as nossas crenças e opiniões parecem não dar conta da realidade, que há falhas naquilo em que acreditamos e que, durante muito tempo, nos serviu como referência para pensar e agir. Na incerteza não sabemos o que pensar, o que dizer ou o que fazer em certas situações ou diante de certas coisas, pessoas, factos, etc. Temos dúvidas, ficamos cheios de perplexidade e somos tomados em insegurança. Outras vezes, estamos confiantes e seguros e, de repente, vemos ou ouvimos alguma coisa que nos enche de espanto e de admiração não sabemos o que pensar ou que fazer com a novidade do que vimos ou ouvimos porque as crenças, opiniões e ideias que possuímos não dão conta do novo. O espanto e a admiração, assim como antes a dúvida e a perplexidade, fazem-nos reconhecer a nossa ignorância e criam o desejo de superar a incerteza. Quando isto acontece, estamos na disposição de espírito chamada busca da verdade. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos como desejo de confiar nas coisas e nas pessoas, isto é, de acreditar que as coisas são exactamente tais como as percebemos e o que as pessoas nos dizem é digno de confiança e crédito. Ao mesmo tempo, nossa vida quotidiana é feita de pequenas e grandes decepções e, por isso, desde cedo, vemos as crianças perguntarem aos adultos se tal coisa "é de verdade ou é a fingir" (…) A criança sensível à mentira dos adultos, pois a mentira é diferente do "fingir", isto é, a mentira é diferente da imaginação e a criança sente-se ferida, magoada, angustiada quando um adulto lhe diz uma mentira, porque ao fazê-lo, quebra a relação de confiança e a segurança. (…) Assim, seja na criança, seja nos jovens ou nos adultos, a busca da verdade está sempre ligada a uma decepção, a uma desilusão, a uma perplexidade, a uma insegurança ou, então, a um espanto e uma admiração diante de algo novo ou insólito. " 12 Marinela Chaui (adaptado) 13 Texto 5: A Alegoria da Caverna I magem retirada dewww.inf.ufsc.br/.../tgs/trab_01/caverna1.jpg "Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. As suas pernas e os seus pescoços estão acorrentados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo sítio e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo a que se possa, na semi-obscuridade, ver o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguido um muro, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetas. Ao longo desse muro/palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros vêem na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como nunca viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que vêem porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, pergunta Platão, se alguém libertasse um dos prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, o muro, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, por ele seguiria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira no mundo verdadeiro é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, veria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projectadas no fundo da caverna) e que somente agora está a contemplar a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros tentariam ridicularizá-lo, não acreditariam nas suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com os seus gracejos, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele 14 teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade. O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A interrogação. O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia. Por que é que os prisioneiros ridicularizam, espancam e matam o filósofo (Platão está a referir-se à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense?)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro. " Marilena Chaui Texto 6: As grandes áreas da Filosofia Veremos agora, as principais áreas da Filosofia. Já sabemos que Filosofia é um conhecimento que lida com toda a problemática humana. Seu campo de atuação abrange as mais variadas dimensões da existência, fazendo com que surgissem algumas ramificações (ou áreas) dentro da Filosofia. Cada área com seus respectivos problemas ecada problema deve ser metodicamente analisado, isso é filosofar.Vejamos agora, algumas áreas e seus respectivos problemas: 1) Epistemologia: como analisar as ciências? 2) Teoria do Conhecimento: o que é conhecer? 3) Ética: o que é o bem? 4) Política: como conviver? 5) Filosofia da História: como o homem se relaciona com o tempo e o espaço social? 6) Estética: o que é beleza; o que é arte? 7) Metafísica: o que são os princípios da realidade? 8) Lógica: quais são as regras do pensamento? Agora veremos uma pequena introdução de cada área da Filosofia. 1) ESPISTEMOLOGIA Para a Filosofia as perguntas, muitas vezes, são mais importantes do que as repostas. As perguntas, a curiosidade é o movimento do mundo. A questão é que não devemos viver de forma passiva, aceitando tudo e a todos. Com relação a ciências, por exemplo, surgem muitas dúvidas, curiosidades, não é mesmo? Tudo isso, precisa ser refletido, investigado, afinal, a ciência interfere diretamente na nossa vida. Se a ciência que é produzida por cientistas interfere diretamente no nosso cotidiano, devemos refletir sobre ela, sobre seus problemas, suas conseqüências, ou seja, não podemos deixar que os cientistas decidam pela produção científica. Dessa forma, surgem algumas perguntas fundamentais, como no exemplo abaixo, no entanto, quanto mais perguntas, melhor. a) Nós devemos confiar nas ciências? A ciência não explica tudo. Ela tem limites, mas o conhecimento mais adequado desenvolvido pela razão humana para tentar resolver os seus problemas. Só é cientifico o conhecimento que garante a sua validade. b) Quem faz a ciência? A ciência é produzida por pesquisadores em diferentes campos do conhecimento. No Brasil, a produção cientifica é predominantemente produzidas nas universidades e em centros de pesquisas associados as indústrias. c) A ciência é importante? 15 A produção cientifica é importante quando beneficia a humanidade. A Filosofia discute, inclusive, duas questões diretamente associadas à importância da ciência: umadiz respeito ao acesso desigual aos benefícios da ciência e a outra refere-se ao fato deque nem toda a produção cientifica resulta favorável à humanidade. d) A ciência tem limites? Quais? Os limites da ciência são os conhecimentos racionais e experimentais (empíricos), pois fora deles, a ciência não pode afirmar nada. Conceito de Epistemologia: ³Epistemologia (também chamada Teoria da Ciência) é uma parte da Filosofia da Ciência que concerne à natureza do conhecimento cientifico e seus grandes problemas: como e em que condições é possível conhecer? Existe a certeza absoluta do conhecimento? Quais são as características do conhecimento dentre as Ciências Naturais, as Ciências Humanas e as Ciências Formais?´. www.cle.unicamp.br/FAQs.htm.Acesso em: 27 out.2007. Antes de tudo, é preciso saber colocar problemas. O que quer que se diga da vida cientifica, os problemas não se colocam por si. É precisamente esse sentido do problema que dá a marca do verdadeiro espírito cientifico. Para um espírito cientifico,todo o conhecimento é uma resposta a uma questão. Senão houve questão, não pode haver conhecimento cientifico´.BACHELARD, Gaston. A formação do espírito cientifico. 2ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996; 2) TEORIA DO CONHECIMENTO Algumas perguntas fundamentais: a) O que é conhecer? Criar uma representação, a mais próxima do possível da realidade de algo. b) Como podemos conhecer? Nós podemos conhecer quando realizamos atividades intelectuais sobre nossas sensações e sobre as idéias que nos informam. A Teoria do Conhecimento é uma investigação sobre as diversas maneiras pelas quais podemos conhecer as coisas e as relações que os conhecimentos podem estabelecer ou estabelecem. Por exemplo. Memória, experiências dos sentidos,analogias, reflexão, realidade, imaginação e outros. O seu problema principal é como o sujeito se relaciona com o objeto de conhecimento. 3) ÉTICA a) Como saber qual a melhor atitude a ser tomada. Existem várias maneiras de se tentar fazer o bem, mas para encontrar a maneira mais adequada precisamos, sempre, treinar a nossa reflexão racional, pois há situações em nossa vida que em uma atitude mal pensada pode trazer prejuízo para nós e para muitas outras pessoas. b) Qual a importância de se fazer o bem? O bem é algo a ser construído, para podermos enfrentar os problemas encontrados na sociedade ou em nós mesmos. Pensar em boas atitudes é lutar contra os sofrimentos que, em geral, temos. É certo que fazer o bem é, às vezes, algo difícil, mas faze ló melhora nossas relações de convivência. Conceito de Ética: Ética é uma investigação sobre qual é a melhor maneira do agir humano. Parece que a felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre por si mesma, e nunca por causa de algo mais;mas as honrarias, o prazer, a inteligência e todas as outras formas de excelência,embora as escolhamos por si mesmas (escolhê-las-íamos ainda que na resultasse delas), escolhemo-las por causa de felicidade, pensando que a através delas seremos felizes´.Aristóteles. Ética a Nicômacos.Tradução: Mario da Gama Kury.4ªEdição. Editora da UNB, 2001. p 23. 1097 4) POLITICA a)Quais são as melhores leis? As melhores leis são aquelas que beneficiam a todos, permitem a liberdade e são conhecidas por todos. Cada lei deve levar em consideração as necessidades das pessoas. b)Como podemos conviver com as outras pessoas sem violência? 16 Podemos conviver com outras pessoas, sem violência, agindo de maneira sensata em todas as dimensões. A maneira sensata de agir é, em primeiro lugar, escolher os governantes que se preocupam, sinceramente, com a educação e que demonstrem sensibilidade em relação às necessidades das pessoas e a qualidade de vida, em geral. Conceito de Política: Política é a investigação filosófica sobre qual é o melhor governo, o que é justiça e como deve ser o comportamento das pessoas em suas relações de convivência. Referências http://filoesocio.spaceblog.com.br/1565049/Quadro-Resumo-Cronologia-da-Filosofia/ - Texto 2