O cérebro da SuperVia Novo CCO une baixo custo e alta tecnologia editorial Poucas profissões são tão solitárias quanto a de maquinista de trem. Um deles escreveu esses versos, no concurso literário Minha Vida na Ferrovia, que a RF abriu no Dia do Ferroviário (30 de abril): “ Se falarem de solidão lembre-se / De um maquinista viajando sozinho / Num trem absurdo... enquanto os outros / Deitados em seus leitos / Só percebem o som” O texto vencedor está publicado nesta edição. Os versos e os outros textos estão publicados no site da RF. São quase sempre de homens simples, que passaram a vida trabalhando em ferrovias de carga, metrôs e trens de subúrbio. Mas que nem por isso – ou talvez justamente por causa disso – deixam de tocar nossos corações. A maioria dos textos é de maquinistas. A profissão vem sempre um desejo de criança, surgido nos primeiros contatos com a ferrovia e no exemplo do pai. Um outro escreve: "A ferrovia propiciou uma vida digna para mim e meus familiares, com possibilidades múltiplas (...). Mas no Dia do Ferroviário eu lembro sempre é do apito da Maria Fumaça e de eu e meus irmãos correndo para a beira da linha apanhar as bagagens de meu pai”. Apesar da vocação, os maquinistas queixam-se amargamente, nas Cartas dos Leitores desta edição, do pouco reconhecimento que recebem das operadoras: “Uma ferrovia com locomotivas que custam mais de 3 milhões de reais, computadorizadas e equipadas com ATC, que puxam composições de mais de 130, 150, 200 vagões, na minha opinião, deveria valorizar melhor a sua mão de obra operacional”, diz um deles. Os maquinistas são os heróis da ferrovia. A eles, a homenagem da RF. ASSINE www.revistaferroviaria.com.br 6 edições, boletim e acesso ao site Julio Fontana Gustavo Lauria SEDE Paulo Alvarenga [email protected] Rua Pamplona, 1.465 Sala 113 Ricardo Chuahy Ano 73 / abril/maio de 2012 Anual: R$ 129,00 Cep: 01405-002, São Paulo - SP CIRCULAÇÃO Tels: (11) 3059-6060 REDAÇÃO Daniel Moreira Fax: (11) 3562-4724 Subeditora: Mariana Neves [email protected] SAC: 0800-772-0472 Repórteres: CONSELHO EDITORIAL Filipe Lopes DIAGRAMAÇÃO SUCURSAL Agenor Marinho Mariana Agunzi PP7 Publicidade Rua México, 41 - Sala 905 www.pp7.com.br | [email protected] Cep: 20031-144, Rio De Janeiro - RJ Direção de arte e diagramação: Fabio Hirata Tel: (21) 2532-0260 Distribuição Nacional Revista Ferroviária é uma publicação da Treelog - Logística S/A Editora Ferroviária Ltda. Alexander Ellwanger Antonio Ismael Ballan FINANCEIRO Celso Santa Catarina Diretora Regina Perez Luiz Fernando Ferrari [email protected] Guilherme Quintella Henrique Aché PUBLICIDADE José Antonio Martins Executivos de contas: JORNALISTA RESPONSÁVEL Inscrição Municipal: 4.131.725-4 José Geraldo Baião Claudinei Santos Gerson Toller Gomes - Mtb 17.354.212 Registro no INPI: 816.399.964 CNPJ: 12.464.344/0001-30 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 3 sumário Ano 73 / abril-maio 2012 BERÇO DAS LOCOMOTIVAS Em seu aniversário de 40 anos em Minas Gerais, a fábrica de locomotivas da GE retoma os investimentos e se prepara para produzir máquinas ainda mais potentes Crédito: renato velasco 52 Capa - Novo CCO da Supervia, com painéis interativos e iluminação de led. O CCO custou R$ 40 milhões à concessionária, e utiliza sistemas de controle e programação de tráfego inéditos no transporte de passageiros. Pág. 36 ENTREVISTA Bento José de Lima, diretor de engenharia da RioTrilhos, fala sobre a implantação e as tecnologias que serão empregadas na Linha 4 do metrô carioca 20 vlt DE MACAÉ Sistema de Veículo Leve sobre Trilhos, inédito na região sudeste, atenderá cerca de 20 mil passageiros por dia quando entrar em operação, em 2013 50 FÁBRICA DE MONOTRILHOS A Bombardier inaugurou em abril sua fábrica de monotrilhos de alta capacidade, instalada em Hortolândia, no interior de São Paulo 58 DIA DO FERROVIÁRIO Para fazer uma homenagem ao Dia do Ferroviário, a RF selecionou a história de um de seus leitores, no concurso literário “Minha vida na ferrovia” 66 Túnel da Linha 4 do Metrô de São Paulo. A foto foi uma das vencedoras do concurso da cerveja Paulistânia, e será estampada no rótulo da garrafa Crédito: Ricardo Lang cartas Mão de obra rara Sou maquinista e me orgulho da minha profissão. Escolhi ser por vocação, por amor. Mas uma coisa ainda falta para que essa profissão, rara e admirada, seja mais atraente: a remuneração a altura do cargo. Quem está de fora e vê o trem passar, imponente e belo, acena, manda beijo, grita, enfim, faz festa para os maquinistas. Porém, a maioria das pessoas sabe pouquíssimo sobre as peculiaridades dessa nobre mas dura função. Cargas horárias desregradas, falta de condições básicas de higiene, intempéries naturais e funcionais, má alimentação, ansiedade, solidão (mono-condução), desgastes psicológicos, entre outros fatores, que fazem dessa profissão um misto de beleza e sofrimento. Uma ferrovia com locomotivas que custam mais de 3 milhões de reais, computadorizadas e equipadas com ATC, que puxam composições de mais de 130, 150, 200 vagões, na minha opinião, deveria valorizar melhor a sua mão de obra operacional. Quem sabe essa escassez profissional não seja boa para a categoria um dia? Marciano da Silva Barreto [email protected] Além de ser mão de obra rara, falta valorização por parte das empresas ferroviárias. Ainda continua havendo diferença de salários de uma empresa para outra, e a diferença não é pequena. Josafá Inácio da Silva [email protected] Como rara se a gente leva curriculum e eles não chamam. Será por causa da idade? Wagner Jose Donadi [email protected] 6 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 A falta de maquinistas no mercado não se dá apenas pela problemática de formação. O que agrava também são os baixos salários pagos a esses profissionais que transportam milhões de dólares em equipamentos e produtos e a maioria das empresas não quer pagar um salário digno. Pesquisem os salários nas empresas e verão o que estou dizendo. Perguntem aos maquinistas e não às empresas. Renato Santana [email protected] NR – Aceitamos a sugestão e pautamos matéria sobre o salário dos maquinistas para a próxima edição. Pode parecer uma sugestão boba. Mas eu contrataria o primeiro que aparecer e "bitolaria" o cidadão, até ver se ele tem condições de executar unicamente o que ele vai ter que executar na cabine. Como um motorista amador, que conhece todos os comandos que estão no painel e possui instrução básica. Se der pane, chama a central. Um sujeito com curso superior não vai querer se submeter a ser um simples maquinista de locomotiva. Se estudou, vai querer um serviço que tenha chance de progresso na carreira. Trabalhei em indústria. O sujeito nem ler sabia, mas controlava a máquina como ninguém. Resumo: vocês têm que contratar um cidadão apaixonado por trem e "bitolar" ele para aquele serviço específico. Maquinista de trem é paixão, não um simples emprego qualquer. Psicotécnico sim, tem que ter personalidade e bons modos. Isto é da natureza da pessoa. Erich Dieter Binder [email protected] Uma profissão que não pode ser ter- ceirizada, com certeza é a de maquinistas. As empresas ferroviárias podem e devem rever os seus Planos de Cargos e Salários, em função da alta periculosidade que requer esta função. A blindagem desta profissão permite que o maquinista tenha motivação de sobra e que possa conduzir os trens dentro do Regulamento Operacional. Mário Celso Richter [email protected] Mão de obra rara e mal remunerada,um maquinista com 25 anos de empresa tem hoje um salário base de R$ 1.540,00. Roberto Antonio Coelho [email protected] Um poeta achou que a monocondução seria a solução ideal da ALL, e assim acabaram com os ajudantes e ficaram alguns puxadores de trens. Retornem com os ajudantes que serão os maquinistas de amanhã e com certeza, com conhecimento do trecho. Criem escalas de trocas no trecho e cuidem dos maquinistas, porque são heróis sem medalhas na vida da ferrovia. Rene Alves de Almeida [email protected] Deveriam as empresas trazer esse curso aqui para o nordeste, aqui para Alagoas seria muito interessante. Aljan Ricardo dos Santos Silva [email protected] Concordo que maquinista no Brasil é um profissional raro no mercado. Infelizmente a formação profissional está ligada às empresas do setor, o Sistema INNOVIA Monotrilho 300 Solução inovadora de transporte de alta capacidade, o Monotrilho-Metrô BOMBARDIER INNOVIA vai aprimorar bairros em São Paulo e melhorar rapidamente a condição de vida dos Paulistanos. Sistemas de Transporte cartas que impede que maquinistas se formem de outra maneira. Nos Estados Unidos e no Canadá é possível fazer um curso de maquinista que dura em média um semestre em faculdades técnicas. É preciso criar cursos assim no Brasil; de outra forma, teremos falta de maquinistas no mercado. Sandro Morilla [email protected] Sou maquinista na Transnordestina. A mesma está contratando maquinistas com salário inicial de 700 reais. Vai querer? Jose Rodrigues Ferreira da Silva [email protected] Sou maquinista, conduzo um trem de 8 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 132 vagões. Se convertermos a carga em caminhões, daria mais de 300 caminhões, mas o salário é menor que o de um caminhoneiro. Alguém quer ser maquinista? Heleno [email protected] Opa Heleno, eu quero, porque é uma profissão em que corre menos riscos que a de caminhoneiro! Essa é uma boa notícia para os atuais ferroviários e os que sonham atuar no setor ferroviário. O país está apresentando uma alta demanda de maquinistas! A boa notícia é que o país está entrando nos trilhos novamente. E nós ferroviários esperamos que a tendência aumente! Só acho que os cursos para condução de trens deveriam ser feitos aleato- riamente da necessidade das empresas. Acho que as escolas técnicas estão marcando bobeira quanto a esse assunto! Gabriel Miranda Depois de ler estas declarações destes profissionais apaixonados por trem só temos que parabenizá-los por esta profissão que escolheram. São verdadeiros herois brasileiros. Meus parabéns! Geraldo Elias do Amaral Pinto [email protected] Para escrever para a Revista Ferroviária mande um email para: [email protected] ou escreva para: Rua Pamplona, 1.465 - sala 113 CEP 01405-002, São Paulo - SP gente D Sérgio Avelleda e Jorge Secall na EDLP ez anos depois de ingressar no setor público, sendo quinze meses como presidente do Metrô de São Paulo, o advogado Sérgio Avelleda deixou, no início de abril, a companhia para entrar na iniciativa privada. O executivo renunciou à presidência do Metrô para assumir a presidência da Estação da Luz Participações (EDLP), empresa voltada para a concepção e implantação de projetos de transportes e logística, dirigida, até então, por Guilherme Quintella. O objetivo de Avelleda será ‘por de pé’ os projetos concebidos por Guilherme Quintella, levando a EDLP para um novo patamar – o de uma holding Crédito: Bruna Nishihata/ RF operacional, que irá atuar em várias frentes, na área de infraestrutura logística e de transportes. Para ajudar em tal empreitada, o diretor de operações da ViaQuatro, Jorge Secall, também se juntaExecutivos deixam transporte de passageiros para assumir o setor de cargas rá ao time. Secall irá tocar a Serestará também identificando e desenRail, outro projeto da EDLP voltado volvendo negócios imobiliários ao lonpara o fornecimento de equipamentos go das ferrovias, desde novos terminais e suporte tecnológico aos operadores intermodais até projetos comerciais asferroviários. Em paralelo, a empresa sociados à logística de transportes. Crédito: Divulgação Peter Walker assume o Metrô SP Walker é formado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia Mauá O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou em abril o nome do engenheiro Peter Walker para ser o novo presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô de São Paulo). Walker 10 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 ocupava o cargo de secretário adjunto dos Transportes de São Paulo e foi indicado pelo secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. O novo presidente do Metrô é formado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia Mauá. Em 1993, foi presidente da Sanasa - empresa de saneamento de Campinas. No período de 2003 a 2005 foi diretor de assuntos corporativos da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Ainda em 2005, foi nomeado secretário adjunto da Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo. José Kalil Neto, que ocupava a presidência da companhia desde a saída de Sérgio Avelleda, voltou à diretoria de Finanças. Vale tem novo diretor de Fertilizantes e Carvão A Vale anunciou, no início de maio, o nome de Roger Downey para assumir o cargo de diretor executivo de Fertilizantes e Carvão da companhia. Downey, que já foi presidente da MMX, irá substituir Eduardo Salles Bartolomeo, que deixou a empresa. O executivo deixou a MMX no ano passado, alegando motivos pessoais. Downey já tinha ocupado cargos como diretor de Equity Research do Banco Credit Suisse de 2005 a 2009; e gerente de Marketing Estratégico de Minério de Ferro da Vale, em 2005. O executivo também passou pelas empresas Rio Tinto, CAEMI e Arthur Andersena. DEPOIS DE PERCORRER MILHARES DE QUILÔMETROS, TEMOS ORGULHO DE ENTREGAR NOSSO MUITO OBRIGADO A CADA COLABORADOR. A ALL – Malha Oeste foi eleita a melhor operadora ferroviária de cargas em 2011 pela Revista Ferroviária. Resultado de um trabalho em conjunto com nossos colaboradores, que nos ajudam a construir uma empresa referência no que faz. expressas José Pascon Rocha, 79 anos, completa em maio deste ano 50 anos de assinatura da Revista Ferroviária. O assinante mais antigo da RF tem em sua casa uma coleção com mais de 500 exemplares da revista. O curioso é que Pascon nunca foi ferroviário. Iniciou sua história com a ferrovia em 1945, aos 12 anos, quando foi verificar seu peso em uma balança da Estação Ferroviária de Campinas. “Eu me pesei em uma máquina em que colocava uma moeda de 200 réis e saia um tíquete desses”, conta entusiasmado ao mostrar o bilhete feito de papelão com o desenho de uma locomotiva de um lado, o primeiro componente da coletânea. Desde então, Pascon passou a colecionar tudo que se refere à ferrovia. O assinante ainda mantém em sua casa, Crédito: Mariana Neves Assinante completa 50 anos de RF Assinante mais antigo da RF tem mais de 500 exemplares da revista em Santos, um minimuseu ferroviário, com documentos, plantas arquitetônicas, bilhetes de passagens, louças, lustres, placas, selos, marcadores de data em bilhetes e até uma mesa completa de Staff Elétrico (aparelho destinado a licenciamento de trens em linha singela, por meio de bastão piloto). MRS investe R$ 90 milhões em equipamentos de via Crédito: Divulgação A MRS Logística está investindo R$ 90 milhões na compra de equipamentos de via permanente. Estão sendo adquiridos duas Tie Replacer (substi- Modelo de guindaste para dormentes que será utilizado pela MRS 12 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 tuição de dormentes), uma Auto Lift (levante de trilho), duas Tie Crane (guindaste para dormentes), duas Mobile Welder Machine (máquina de solda elétrica móvel), um Grinding Machine (esmerilhadora de trilhos), um Rail Vaccum (desquarnecedora de lastro à vácuo), duas Tamping Machine (socadora de lastro) e duas Ballast Regulator (reguladora de lastro). Os equipamentos serão fornecidos pela Plasser, Holland, Progress Rail/Kershaw, Nordco e Loram. Os guindastes ferroviários e as máquinas para troca e transporte de dormentes serão utilizadas em um projeto de mecanização da troca de dormentes. A gerente geral de suprimentos da MRS, Anelise Salzani, explica que a concessionária troca por ano 300 mil dormentes e a mecanização vai facilitar o processo e liberar a linha mais rápido para o tráfego. Hoje, a troca de dormentes é feita manualmente. A última máquina para este projeto será entregue no quarto trimestre deste ano. Em seguida, será realizada a operação assistida e no início de 2013 entram em operação efetiva. AGUARDANDO ANÚNCIO Mais mobilidade para o Brasil Siemens reforma trens da Linha 1 do Metrô de São Paulo www.siemens.com/mobility No centro de modernização e montagem de trens para a América Latina, em São Paulo, a Siemens vem trabalhando na reforma dos trens da Linha 1 do Metrô de SP, utilizando para isso toda a sua reconhecida competência em soluções metro-ferroviárias. Neste momento em que o Brasil prepara-se para sediar dois grandes eventos internacionais, a Siemens faz a sua contribuição para o desenvolvimento de uma infraestrutura que atenda às crescentes demandas de transporte público nas cidades brasileiras. expressas Vale revela preocupação com projeto Rio Colorado tivo. A avaliação irá contemplar não apenas a parte institucional e de rentabilidade, como também a situação econômica da Argentina, que prevê alta nas taxas de juros e um potencial inflacionário de até 30%. “Ainda é muito cedo para dizer qual será nossa decisão, mas estamos muito preocupados”, afirmou o presidente. O projeto Rio Colorado prevê a produção de cerca de 4,3 milhões de toneladas de potássio por ano, e o investimento total é da ordem de US$ 5,9 bilhões. Dentro do montante, estão previstas a renovação de uma ferrovia de 440 km e a construção de mais 350 km de via, ligando Mendonza ao Porto de Bahia Blanca, em Buenos Aires. A linha ferroviária será usada para escoar o potássio. Crédito: Divulgação A Vale afirmou que está preocupada com seus negócios na Argentina. A instabilidade política e econômica do país e a recente nacionalização da petrolífera YPF, controlada pela empresa espanhola Repsol, levaram a companhia a providenciar uma análise cautelosa do projeto Rio Colorado, que prevê a produção de potássio na província de Mendonza. Segundo Murilo Ferreira, presidente da Vale, a empresa está fazendo um novo acesso aos itens do projeto, para apresentá-los ao conselho administra- Mina de potássio do projeto Rio Colorado, em Mendonza Metrô SP licita projeto de trecho da Linha 15 Concessionárias investem R$ 4,6 bilhões O Metrô de São Paulo está com licitação aberta para a prestação de serviços técnicos especializados para a elaboração do projeto básico de arquitetura, engenharia civil e superestrutura da via permanente do trecho Ticoatira – Dutra, da Linha 15-Branca, e para o projeto básico de arquitetura e de engenharia civil da estação Nova Manchester. A concorrência é internacional, do tipo técnica e preço, e os serviços serão executados sob o regime de empreitada por preço unitário. Os documentos e propostas técnicas e comerciais serão recebidos no dia 12 de junho, às 9h, durante a sessão pública de recebimento e abertura dos projetos. O edital pode ser obtido até o dia 11 de junho, gratuitamente, através do site www.metro.sp.gov.br, ou retirado no protocolo da Gerência de Contratações e Compras, na Rua Boa Vista, 175, 2º Andar, em São Paulo, pagando R$ 10,00 pelo CD. A Linha 15-Branca terá 14,4 km de extensão, ligando a Vila Prudente (Linha 2-Verde) a Dutra (futura linha 19-Celeste), passando pela Linha 3-Vermelha (estação Penha), e pelas futuras Linhas 6-Laranja do Metrô e 13-Jade e 14-Ônix da CPTM. As concessionárias de transporte de carga brasileiras investiram R$ 4,6 bilhões no ano passado na malha ferroviária existente. De acordo com o balanço divulgado no início de abril pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o montante é 56,3% maior que o aporte de R$ 3 bilhões realizado em 2011. Os investimentos privados foram 155% maiores que os da União no mesmo período, com R$ 1,8 bilhão aplicados em linhas novas. E pouco maiores que o investimento do Governo de São Paulo em transporte urbano sobre trilhos, que alcançou R$ 3,3 bilhões em 2011. Os recursos privados foram direcionados para recuperação da malha, implantação de novas tecnologias, capacitação profissional, segurança operacional, aquisição e reforma de vagões e locomotivas. Os federais foram destinados a projetos e obras ferroviárias previstas no PAC, principalmente a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste. Já os recursos do Governo do Estado de São Paulo foram para a expansão da malha, instalação de nova sinalização e reforma da frota do Metrô (R$ 1,7 bilhão) e da CPTM (R$ 1,6 bilhão). 14 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 agenda REUNIÃO CB06 DE 18 A 21| SÃO PAULO, SP Organização: Simefre Informações: www.simefre.org.br Brasil Junho REUNIÃO CB06 DE 12 A 15| SÃO PAULO, SP Informações: 3149-3962 (Denise) Organização: Simefre Informações: www.simefre.org.br Outubro 31º SEMINÁRIO DE LOGÍSTICA, SUPRIMENTOS, PCP E TRANSPORTE DE 19 A 22| SÃO PAULO, SP Informações: +55 (11) 5534-4333, ramal 157 Organização: Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração E-mail: [email protected] Julho 33ª REUNIÃO GPAA DE 24 A 26| SÃO PAULO, SP E-mail: [email protected] Website: www.forumgpaa.com.br Novembro REUNIÃO CB06 DE 03 A 06| SÃO PAULO, SP Organização: Simefre Informações: www.simefre.org.br FEIRA NEGÓCIOS NOS TRILHOS 2012 DE 6 A 8| SÃO PAULO, SP Organização: UBM REUNIÃO CB06 DE 06 A 09| SÃO PAULO, SP Organização: Simefre Informações: www.simefre.org.br AGOSTO REUNIÃO CB06 DE 03 A 06| SÃO PAULO, SP Organização: Simefre Informações: www.simefre.org.br II ENCONTRO DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA DE 07 E 08| SÃO PAULO, SP Organização: Revista Ferroviária Informações: (11) 3059-6060 32ª REUNIÃO GPAA DE 08 A 10| BELO HORIZONTE, MG E-mail: [email protected] Website: www.forumgpaa.com.br Setembro CONGRESSO SAE BRASIL 2012 DE 02 A 04| SÃO PAULO, SP Organização: SAE Brasil E-mail: [email protected] Website: www.saebrasil.org.br Exterior JUNHO GERMAN RAIL DEVELOPMENT 2012 DE 13 E 14| BERLIM, ALEMANHA E-mail: [email protected] Website: www.europeanrailwayreview.com/ 11942/events/upcoming-events/germanrail-development-2012/ Julho 18ª Semana de Tecnologia Metroferroviária DE 11 A 14| SÃO PAULO, SP Organização: AEAMESP E-mail: [email protected] Website: http://semana.aeamesp.org.br/ UIC HIGHSPEED 2012 11 A 13| FILADÉLFIA, EUA Informações: +31 (0) 30 6981800 Organização:UIC and APTA E-mail: [email protected] Website: www.uic-highspeed2012.com MAIS DE TRÊS DÉCADAS DEDICADAS AO APRIMORAMENTO TÉCNICO E A QUALIDADE TOTAL DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DE INFRA-ESTRUTURA E SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA. revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 16 www.pelicano.eng.br – Avenida Talma Rodrigues Ribeiro, 6897, Civit II, Serra/ES, 29168-080 – 27 3298-5200 – [email protected] “A QUE VELOCIDADE VIAJARÃO OS TRENS NO FUTURO? EM GIGABITS/S POR FAVOR.” COMUNICAÇÕES DINÂMICAS PARA SERVIÇOS DINÂMICOS Uma viagem rápida é um bom começo, mas sem comunicações de alta velocidade ficaremos no meio do caminho na satisfação dos clientes. Hoje os passageiros esperam serviços multimídia disponíveis a qualquer hora e em qualquer lugar. Com as Soluções de Comunicações Dinâmicas da Alcatel-Lucent, uma única rede, inteligente e integrada, proporciona uma experiência única de conectividade a bordo, ao mesmo tempo em que realiza o gerenciamento operacional com excelência e segurança. Com Soluções implementadas em mais de 80 redes metro-ferroviárias de missão crítica, a Alcatel-Lucent oferece grande experiência no desenvolvimento, implementação, integração e gerenciamento de redes para otimizar a eficiência operacional garantindo segurança e proteção. O resultado é uma excelente experiência para o passageiro. Para mais informações sobre como a Alcatel-Lucent pode ajudá-lo a oferecer a seus Clientes uma viagem pontual, segura e conectada, por favor entre em contato: [email protected] ou visite o nosso site: www.alcatel-lucent.com ©2011 Alcatel-Lucent lançamentos Novo vagão da AmstedMaxion na MRS AAmstedMaxion está produzindo um protótipo do seu novo modelo de vagão GDU, o AMAX Mine, para transporte de minério para a MRS Logística. O protótipo ainda não tem data confirmada para ficar pronto. O novo vagão está sendo fabricado com maior capacidade de carga, padronização dos componentes estruturais e sem retenção de minério no interior da caixa. De acordo com o fabricante, outro diferencial do vagão é o sistema de frenagem no truque, com maior eficiência e rápida aplicação e alívio, dispensando o uso da timoneria convencional, retirando do vagão uma série de componentes como suportes, corrediças, alavancas, tirantes, etc. O sistema de frenagem tradicional também pode ser utilizado neste vagão. Crédito: Divulgação Fabricante está desenvolvendo um protótipo do modelo GDU para o transporte de minério da operadora Vagão GDU, AMAX Mine, terá maior capacidade de carga Pramet lança linha de reperfilamento de rodeiros 18 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Segundo a empresa, os novos equipamentos garantem quebra constante e uniforme do cavaco Crédito: Divulgação APramet tools, subsidiária brasileira, lança ao mercado uma gama completa de suportes, cassetes e insertos para aplicações no segmento ferroviário. Em paralelo, estão sendo lançadas as novas classes de metal duro 9310, 9315 e 9325, com tecnologia nanoestruturada de alta performance. Além dos insertos LNU(M)X 30 e 19, a empresa agora passa a oferecer também os insertos SNMX191140, visando cobrir todas as operações do segmento. Segundo a fabricante, os novos quebra-cavacos RF, RM e RR atendem às condições de usinagens do segmento, com performance diferenciada em relação aos similares existentes no mercado de ferramentas, garantindo quebra constante e uniforme do cavaco, em situações desfavoráveis e complexas de quebra, como entrada e subida do friso, garantindo assim manuseio mais simples e segurança aos operadores. Instalada no Brasil desde 2008, em Sorocaba (SP), a Pramet busca consolidação neste segmento, focando suas atividades nos clientes dos estados do sul e sudeste, passando, posteriormente, a atender as demais regiões do país. International Fuel Technology lança novo lubrificante The future of mobility A International Fuel Technology disponibiliza ao mercado ferroviário brasileiro o novo lubrificante DiesoLiFT™ 10. Testados por operadoras ferroviárias europeias, o produto promete economizar 3,6% de combustível, além de reduzir os custos de manutenção em motores diesel e diesel+biodiesel. Segundo a norteamericana Esso, o lubrificante também reduz as emissões de dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx), partículas (PM), hidrocarbonetos não queimados (UHCs) e monóxido de carbono (CO) na atmosfera. O produto também foi aprovado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Gateway WTB-MVB redundante A EKE Electronics traz para o Brasil o seu novo gateway WTB-MVB redundante que se encaixa em muitos tipos diferentes de trens. O equipamento executa todas as funções básicas de gateway, podendo também processar as funções de diagnóstico e de monitoramento do trem, além de executar um sistema de informações de passageiros (PIS), sistema de Anúncios Públicos (PA), ou até uma aplicação CCTV. Segundo a empresa, essa solução irá reduzir drasticamente o custo na construção e/ou operação de um trem. O gateway redundante é composto de dois gateways TCN (Train CommuCrédito: Divulgação nication Network) alimentados independentemente. Enquanto o gateway primário está funcionando normalmente, o segundo está ocioso, mas ligado. Se algo acontecer com o gateway primário, o inativo irá imediatamente Novo gateway redundante assumir as tarefas. da EKE Electronics InnoTrans 2012 International Trade Fair for Transport Technology Innovative Components · Vehicles · Systems 18 – 21 September · Berlin · Germany www.innotrans.com Brazilian German Chamber of Commerce and Industry Rua Verbo Divino, 1488 · 04719-904 São Paulo Tel. +55 11 5187-5213 · Fax +55 11 5181-7013 [email protected] entrevista O linhão carioca Entrevista com Bento José de Lima, diretor de engenharia da RioTrilhos A árdua missão de devolver ao Rio de Janeiro a excelência no transporte ferroviário de passageiros é um dos desafios que compete à Bento José de Lima, diretor de engenharia da RioTrilhos - estatal responsável pela construção das linhas do metrô carioca. Bento está à frente do projeto de implantação da Linha 4 do MetrôRio, que vai ligar a Barra da Tijuca até Ipanema. A Linha 4 terá seis estações, passando por São Conrado, Gávea, Leblon e Ipanema. Somadas, as Linhas 1 e 4 terão 36 km, ligando a Barra à Pavuna. A nova linha proporcionará a interligação com outros modais. Com a chegada do BRT TransOeste, corredor expresso para ônibus que ligará a Barra da Tijuca a Campo Grande, os moradores de todos os bairros do trecho poderão fazer a integração direta com o metrô. Com a extensão até a Barra, o MetrôRio terá capacidade para transportar mais 230 mil passageiros por dia. O trecho inicial da Linha 4 era 20 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Barra-Gávea-Botafogo e, após um termo aditivo em 2010, passou a ser Barra-Gávea-Ipanema, conectandose à Linha 1, proporcionando aumento de passageiros nesta via. As concessionárias estão conversando sobre os custos dessa operação e como será a divisão da tarifa. Na RioTrilhos desde 2007, o gaúcho e filho de ferroviário Bento Lima ocupou diversos cargos de direção na antiga RFFSA, entre eles o de diretor da Malha Sul e de Operação, além de trabalhar como superintendente Comercial e de Planejamento. Também foi secretário-executivo da ANTF na ocasião da sua criação. Em entrevista à Revista Ferroviária, ele fala sobre suas expectativas com o projeto da Linha 4. A nova linha vai manter a bitola de 1,60 metro, 6 carros por trem e o mesmo sistema de alimentação com o terceiro trilho. Bento também comenta a nova formatação do contrato de concessão em que o governo terá maior participação no projeto e menor da iniciativa privada. Crédito: Renato velasco À medida em que se aproxima essa possível superlotação, o Estado e as concessionárias devem pensar como é que eles vão atender à demanda adicional que vai se criar revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 21 entrevista RF - O que a RioTrilhos faz? Bento - A RioTrilhos é a empresa do governo sucessora da Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro. A RioTrilhos cuida somente da expansão do metrô, ficando a operação sob responsabilidade do concessionário, desde 1998. Hoje, o projeto de expansão da RioTrilhos é a Linha 4. RF - A Linha 4 vem da Barra da Tijuca para se conectar com a malha existente em Ipanema. É uma única concessão? Bento - É uma concessão só. O contrato, que foi elaborado em 1998, já previa a construção e a concessão de toda a Linha 4, que na época contemplava o trecho Barra-Gávea-Botafogo. Em fevereiro de 2010, houve um termo aditivo que alterou o traçado, passando a ser Barra-Gávea-Ipanema. Além disso, houve uma alteração importante na tarifa. A tarifa contratual era a soma da tarifa da época, fevereiro de 2010, de R$ 7,40, mais a tarifa básica do metrô, de R$ 2,80. Seria então, uma tarifa de mais de R$ 10 para quem quisesse continuar a viagem entre a linha nova e a existente. Então, estabelecemos uma uniformidade da tarifa em todo o sistema metroviário do Rio de Janeiro: R$ 2,80 para qualquer percurso, sem acréscimo. RF - Isso não alterou o equilíbrio financeiro do contrato? Bento - Sim. O contrato tinha a participação de 45% do governo e 55% da iniciativa privada. Provavelmente agora teremos uma participação maior do estado e menor da iniciativa privada, uma vez que o investimento cresceu e a receita diminuiu. O que se espera, no mínimo, é que a participação privada seja suficiente para custear o material rodante e os sistemas operacionais. A propriedade do material rodante e do sistema será sempre do estado, mas sob o aporte do concessionário, que também fará a operação. RF - No projeto inicial, toda a tecnologia seria de- terminada pelo concessionário – como na Linha 4 de São Paulo – o que poderia levar à mudança de bitola, corrente e controle. Continua assim? Bento - Não. Quando a Linha 4 era Barra-Gávea-Botafogo, ela não se conectava operacionalmente com a Linha 1 do MetrôRio. Era uma linha independente, apesar de ter uma integração. O passageiro teria que sair de uma plataforma para a outra, para pegar o outro trem. Então, a tecnologia poderia ser independente. Na medida em que o primeiro termo aditivo estabeleceu que a linha iria para Ipanema e se conectaria diretamente com a Linha 1 , a coisa passou a ter condicionantes. É o trem do metrô. O que estamos tentando fazer é modernizar aquilo que é possível modernizar e manter aquilo que é indispensável manter. Com isso, a bitola de 1,60 m foi mantida e os trens com seis carros. O sistema de alimentação com 750 volts, através do terceiro trilho, também foi mantido. RF - Mas a Linha 4 será uma nova concessão? Bento - O contrato que nós temos é com a concessionária Rio-Barra, constituída, hoje, pela Queiroz Galvão, Odebrecht, Carioca, Servix e a Cowan. Já na Linha 1, a concessão é outra, o MetrôRio é controlado pela Invepar. As duas concessionárias estão conversando, há mais de dois anos, tentando buscar uma operação comum. Quer seja a concessionária Rio-Barra contratando a operadora da Linha 1, quer seja havendo uma participação acionária. Enfim, estão buscando algum tipo de acordo que permita a operação conjunta, o que do nosso ponto de vista é uma coisa fantástica, no caso de linha interligada. RF - Existe alguma idéia de como a receita será repartida entre a Linha 4 e a Linha 1? Bento - A Linha 4 trará um adicional de passageiros para a Linha 1, ou seja, para a outra concessionária, independentemente dela ser participante do novo consórcio ou não. O benefício é compulsório. O que se discute são os custos dessa operação e como vai ser repartido esse benefício adicional. Agora, o benefício com relação à É evidente que o BRT tem um benefício bem menor que o metrô. O ideal seria fazer metrô em toda a parte 22 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Provavelmente (a Linha 4) vai ter uma participação maior do estado e menor da iniciativa privada, uma vez que o investimento cresceu e a receita diminuiu Linha 1 é inequívoco. Ela vai ter mais passageiros com a mesma planta, mesmo sistema, com tudo igual. Os estudos de demanda que foram realizados indicam 300 mil passageiros adicionais por dia. Não necessariamente esses 300 mil passageiros vão passar da Linha 4 para a Linha 1. Então, se estima algo em torno de 140 mil a 150 mil passageiros por dia, que será o benefício adicional para a Linha 1, em termos de receita e percurso completo para o centro da cidade. RF - Ou seja, mais carregamento para a Linha 1. É o que acontece com o metrô de São Paulo. Quanto mais a malha se expande, mais passageiros ela capta. Bento - Com certeza. Mais pessoas que não usavam o sistema passam a usar por ter uma viagem mais completa. Ou mesmo que a viagem seja segmentada, a demanda cresce dentro do próprio sistema. Acredito que, muito em breve, a Linha 1 do MetrôRio estará novamente saturada, mesmo com os 19 novos trens que estamos recebendo agora. RF - O que pode ser feito? Bento - Existem os próximos passos, que não podem ser ignorados. Estamos deixando o sistema preparado para, no futuro, seguir da Gávea diretamente para o Centro, por uma nova linha, para dividir essa demanda. Uma parte considerável da demanda virá da Barra para o Centro. A outra parte vai para a Zona Sul. RF - Seria uma linha direta Gávea-Carioca? Bento - Estão nos planos de expansão trechos que seriam prioritários, como Gávea-Carioca. O projeto seria da Gávea direto ao Centro, sem passar por Botafogo. Porque se o trem vier da Zona Sul, passando por Botafogo, já estará lotado. Se o sistema agregar uma demanda adicional para Botafogo, vai criar uma situação de transporte ruim. Então, vamos direto ao destino, sem baldeação. Seria uma ramificação da Linha 4. A demanda será grande, pela integração que fará com as demais redes de transporte no Jardim Oceânico e Barra da Tijuca. A partir do final de maio, o BRT da Zona Oeste vai despejar no Jardim Oceânico uma massa de passageiros que vai para o Centro. RF - Qual sua opinião sobre os BRTs? Bento - Sou ferroviário. Nos últimos 40 anos, construímos 1 km de metrô e uma estação a cada sete anos. Agora, estamos construindo 15 km de metrô e seis estações ao mesmo tempo. É o primeiro governo que começa uma linha de metrô sabendo que não vai inaugurar nada. Nem uma estação, nem um trecho de linha. Vai ficar para adiante. É uma obra que não se acaba em quatro anos. Isso, certamente, consome o nosso orçamento. Essa linha [4] está sendo construída até agora com recursos, única e exclusivamente, do Estado. Estão previstos outros aportes daqui para diante, mas, até o momento, 100% do Estado. É uma situação que não é possível manter. Eu perguntaria o seguinte: se existe uma situação em termos de recursos tão difícil, como é que nós iríamos atender as demais necessidades da cidade, que certamente não se limitam à Linha 4? Só com o BRT, porque o BRT tem um investimento brutalmente menor. É evidente que tem um benefício bem menor que o metrô. O ideal seria fazer metrô em toda a parte. RF - Quantos quilômetros tem a Linha 4, do Jardim Oceânico, na Zona Oeste, até Pavuna, na Zona Norte do Rio? Bento -São 36 km. É uma linha muito extensa. As linhas de metrô, geralmente, são mais curtas e compõem um sistema. Aqui, para evitar interrupções catastróficas, temos que criar seções ao longo da linha em que o trem possa circular sem que ele necessariamente toque uma seção que está impedida. Projetada assim, a linha inteira não pára quando existe uma pane. A linha continua operando, com exceção do trecho com problema. A Linha 4 está saindo mais cara para que possa operar dessa forma. Ela terá três segmentos separados que poderão funcionar independentemente um do outro. O trem pode ficar rodando no meio, usando dois segmentos ou usando os três. Isso por sinal já existe na Linha 1. Por exemplo, o trem que vai da Pavuna até Botafogo não vem até General Osório, até o final da linha. Ali [Botafogo] ele faz a volta e segue em condições de poder manter o headway. É um aparelho de mudança de via que joga o trem para uma zona de estacionamento revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 23 entrevista e depois ele sai e entra na Linha 2. Portanto, os trens poderão estar circulando, enquanto esse trem está manobrando. E isso está sendo construído na Linha 4 para podermos fazer uma linha longa e não ter os prejuízos de uma linha longa. RF - Já está definida a sinalização da Linha 4? Bento - O sistema de sinalização da Linha 4 ainda não está totalmente especificado. Os estudos do projeto básico estão sendo desenvolvidos. No projeto conceitual está colocado que o sistema seria CBTC [Communication-Based Train Control]. Quem vai comprar o sistema, em princípio, é o concessionário. RF - Haverá driverless? Bento - Não, hoje não é possível. Estamos fazendo o projeto das estações prevendo a possibilidade de, no futuro, implantar as portas de plataforma que são importantes para o driverless. O MetrôRio está estudando a possibilidade de fazer isso também na Linha 1. A nova estação Uruguai, que está sendo construída na Barra da Tijuca, já terá essa possibilidade. Somente com o driverless se consegue fazer realmente a regulação dos headway, porque é o computador que controla tudo. Quem entrou, entrou, quem não entrou, não entrou. Com piloto abrindo e fechando as portas, a cada estação tem segundos a mais, segundos a menos, o trem nunca chega ao ponto crucial. No nosso caso, o ponto crucial vai ser a interligação das linhas. Você tem que chegar naquele ponto exatamente naquela hora. Se chegar antes ou depois, um trem vai ficar parado esperando o outro, provocando fila no sistema. RF - Como está o projeto da linha para o porto do Açu? Bento - Essa questão está a cargo da Secretaria de Transportes, junto com o Governo do Estado, mas é um negócio que, claro, eu estou ajudando, por ser muito apaixonante. O Rio de Janeiro tem um dos maiores empreendimentos do Brasil, senão o maior, que é o porto do Açu, do Eike Batista. Em termos de porto, é um negócio fantástico. Então, acho que isso é uma vida nova para o norte fluminense. Como é que se pode fazer um porto, indústria de base como siderurgia, cimento e tudo mais, sem uma infraestrutura de transporte de grande capacidade? A linha que passa por ali é uma linha que está desativada há quatro anos. Então, começamos a “cevar” uma idéia e um projeto. Esse complexo industrial poderia ir à diante, à medida que se interligasse com o Brasil econômico, mas para isso precisava ter a infraestrutura de transporte que funciona no Brasil econômico. RF - E qual é essa infraestrutura? Bento - A linha de bitola larga. Para isso, teria que puxar a linha de bitola larga do Rio de Janeiro até o porto do Açu, na altura de Campos, em 380 km. Estamos trabalhando nisso há um bom tempo. O deputado federal Jaime Martins (PR-MG), que foi o relator do PND [Programa Nacional de Desestatização], tem o entendimento de que a solução é a recuperação da Estrada de Ferro 354, que é a Transoceânica brasileira, que liga o norte fluminense à região mineradora de Minas Gerais, norte de Goiás, região agrícola de Mato Grosso, Rondônia e o Acre. Nós teríamos a EF-354, em bitola larga, ligando o porto do Açu a São Paulo, Belo Horizonte, ao Brasil econômico. Isso muda completamente a atratividade dos empreendimentos que estão sendo feitos e vendidos no porto do Açu. RF - As obras do porto e da ferrovia terminariam juntas? Bento - Poderá ficar pronto tudo junto. Hoje, o porto está em construção. A construção desse complexo leva mais tempo do que a recuperação da ferrovia, mas essa recuperação é relativamente simples. A faixa de domínio tem um traçado excelente. Ela era uma ferrovia antiga, sem infraestrutura, mas com um traçado bom. Toda a superestrutura será refeita. “Como é que se pode fazer um porto, indústria de base como siderurgia, cimento e tudo mais, sem uma infraestrutura de transporte de grande capacidade?” 24 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 investimentos O ano dos trilhos (urbanos) Os investimentos previstos para 2012 no transporte ferroviário de passageiros no Brasil são os maiores dos últimos cinco anos, com R$ 7,4 bilhões. O valor é 91,2% superior que os aportes do ano passado, que totalizaram R$ 3,9 bilhões O Mariana Neves transporte urbano sobre trilhos receberá em 2012 os maiores investimentos dos últimos cinco anos. Estão previstos R$ 7,4 bilhões, montante 91,2% maior que o consolidado no ano passado, que totalizou R$ 3,9 bilhões. A capital paulista lidera o ranking previsto de investimentos com R$ 6,4 bilhões, sendo R$ 4,9 bilhões para o Metrô e outro R$ 1,5 bilhão para a CPTM. O maior investimento do Metrô será em obras civis (R$ 2 bilhões), seguido de sistemas (R$ 1,4 bilhão), desapropriações (R$ 892 milhões), material rodante (R$ 402 milhões) e outros investimentos diversos (R$ 94 milhões). A companhia tem importantes obras em andamento como a expansão das Linhas 2-Verde, com sistema de monotrilho; 5 Lilás e 4-Amarela; e as obras do monotrilho da Linha 17-Ouro. Existem ainda as linhas com projetos em andamento – 6-Laranja (Bandeirantes-São Joaquim), 15-Branca (Dutra-Vila Prudente), 18-Bronze (Estrada dos Alvarengas-Tamanduateí), 19-Celeste (Campo Belo-Cecap) e 20-Rosa (Lapa-Moema). Já na CPTM o maior aporte será em material rodante (R$ 310 milhões), seguido da sinalização com R$ 254 milhões e via permanente com R$ 235 milhões. A operadora está investindo na compra de trens – já recebeu 72 dos 105 trens adquiridos da Alstom e CAF, e deve licitar em breve mais 55 novos trens. Também estão sendo modernizados o sistema de sinalização e a rede aérea de todas as suas linhas. Os investimentos cariocas são menores que os de São Paulo, mas não menos importantes. O MetrôRio pretende injetar 375 milhões em sua concessão. O dinheiro vem da sua controladora, Invepar, e será aplicado na aquisição de novos carros; construção da Estação Uruguai; modernização e ampliação de sistemas de energia, sinalização, controle de tráfego e pilotagem eletrônica; entre outros. Enquanto a SuperVia projeta R$ 258 milhões em investimentos – os maiores montantes vão para material rodante (R$ 97 milhões), sistema de sinalização (54 milhões) e para o trecho Saracuruna-Guapimirim (R$ 25 milhões). 26 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Investimentos operadoras de passageiros Operadora 2011 2012* Δ% Metrô SP 1.294,8 4.901,6 278,6 CPTM 1.543,3 1.500,0 (2,8) MetrôRio 199,3 375,2 88,3 SuperVia 121,6 258,6 112,7 Trensurb 255,5 127,3 (50,2) Metrofor 254,2 118,1 (53,5) CBTU Recife 62,5 58,6 (6,2) CTS Salvador 85,0 39,6 (53,4) Metrô DF 50,7 39,1 (22,9) CBTU Maceió 11,6 4,0 (65,5) CBTU João Pessoa 1,7 2,0 17,6 CBTU Natal 3,7 2,0 (45,9) CBTU BH 0,0 0,0 0,0 VLT Cariri 1,9 0,0 (100,0) 3.883,8 7.426,1 91,2 Total R$ milhões *investimento previsto Fonte: Operadoras/Anuário RF 2011 O orçamento da Trensurb para 2012 prevê aporte de R$ 127 milhões, boa parte para expansão e melhoria da sua malha (R$ 123 milhões). Já os recursos do Metrofor somam R$ 118 milhões e englobam as obras da Linha Sul, do VLT de Sobral e do VLT Parangaba-Mucuripe. O VLT do Cariri não tem orçamento previsto para este ano. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) destinará R$ 67 milhões para seus sistemas de trens – Recife receberá R$ 58 milhões; Maceió R$ 4 milhões; João Pessoa e Natal R$ 2 milhões cada uma. Belo Horizonte terá somente R$ 200 mil para manutenção. A capital federal terá R$ 39 milhões de investimentos no seu sistema metroviário. O valor inclui a implantação do ATO (Automatic Train Operation) e o projeto de ampliação de 7,5 km de via. Salvador deve ter um investimento semelhante à Brasília, com R$ 39,6 milhões - sendo R$ 38,6 bilhões para as obras do metrô e R$ 1 milhão para o trem em operação. O Metrô de Teresina não informou os valores de seus investimentos. Soluções completas para sistemas de controle e sinalização metro-ferroviária Desde o advento da Alta Velocidade, a Invensys Rail realizou uma aposta estratégica pelo desenvolvimento de soluções ERTMS (European Rail Traffic Management System) com um grande investimento em Pesquisa e Desenvolvimento. O sistema ERTMS FUTUR da Invensys Rail ultrapassou nossas fronteiras e é o primeiro ERTMS Nível 2 de Turquia na LAV Ankara-Konya, assim como o sistema de sinalização do Haramain, a LAV entre Meca e Medina, e do emblemático projeto Marmaray, a linha ferroviária que unirá Europa e Ásia através de um túnel sob o Estreito de Bósforo. Contato: [email protected] Invensys Rail Brasil Rúa Pequetita, 215 - 11º andar Vila Olimpia. São Paulo. prêmio RF Os melhores do ano Crédito: Bruna Nishihata Prêmio Revista Ferroviária chega a sua 23ª edição como o maior evento social do setor metroferroviário brasileiro Da esq. p/dir. - Soraia Meirelles (MRS), Alexander Ellwanger (IAT), Ivan Pereira Gomes (Metrô SP), Adnre Guyvarch (Bombardier), Marco Contin (Alstom), José Santos de Araujo (AmstedMaxion), Jorge Fernando (Sysfer), Marcos Lutz (Cosan), David Randon (Randon), Leandro Azevedo (Odebrecht) e Paulo Basílio (ex-ALL) C om um público recorde de 373 pessoas, os vencedores do Prêmio Revista Ferroviária 2012 foram conhecidos na noite de 29 de março, em São Paulo. A premiação, que acontece desde 1989, contou com a presença de autoridades públicas, como o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, o presidente da estatal Valec, José Eduardo Sabóia Castello Branco, diretor de engenharia da RioTrilhos, Bento José de Lima e os secretários de Transportes Metropolitanos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, Julio Lopes e Jurandir Fernandes, respectivamente. Estiveram presentes também os presidentes das operadoras de carga e passageiros: Eduardo Parente (MRS); Paulo Basílio (ex-ALL); Marcello Spinelli (FCA); Sérgio Avelleda (então presidente do Metrô SP); Flávio Almada (MetrôRio); Carlos José Cunha (SuperVia); e Luís Valença (ViaQuatro). Foram conhecidos os vencedores de sete categorias de fornecedores, eleitos através do site www.revistaferroviaria. com.br entre os candidatos pré-selecionados pela redação da RF. A votação foi aberta aos assinantes da Revista Ferrovi28 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 ária, aos inscritos no site e aos visitantes da Feira Negócios nos Trilhos 2011. Foram eles: Melhor Construtora - Odebrecht Infraestrutura; Melhor Criador de TI - Sysfer; Melhor Fabricante de Componentes para Material Rodante – AmstedMaxion; Melhor Fabricante de Componentes para Via Permanente - IAT Fixações Elásticas; Melhor Fabricante de Sistemas – Bombardier; Melhor Fabricante de Veículos de Carga – Randon; e Melhor Fabricante de Veículos de Passageiros – Alstom. Além dos Fornecedores, foram também premiadas as Melhores Operadoras de 2011, apontadas com base nos indicadores de desempenho entre os anos de 2010 e 2011. Os indicadores para as operadoras de carga foram fornecidos pela ANTT, e os indicadores para as operadoras de passageiros foram apurados diretamente junto às operadoras pela redação da Revista Ferroviária. Por este critério de incremento, a ALL Malha Oeste e o Metrô do Distrito Federal foram eleitos os melhores operadores de carga e passageiros, respectivamente. A NORGREN TRAZ PARA O BRASIL SUA EXPERIÊNCIA DE 30 ANOS EM SOLUÇÕES DE ENGENHARIA YOU CAN SEE OUR THINKING Um dos principais fornecedores globais em controle de movimento, a NORGREN é parceira de empresas no mundo todo promovendo soluções de engenharia. Com atuação em diversos mercados, tem como principal característica o desenvolvimento de soluções customizadas. No setor ferroviário atua em parceria com grandes empresas desenvolvendo soluções para carros de passageiros, trem de carga e sinalização. ENGiNEERiNG advaNtaGE Cilindro com travamento para Serviços Pesados Manifold para Controle de Porta Sistema de Porta interna veja mais sobre nosso pensamento no site www.norgren.com/rail ou entre em contato com nosso time ferroviário através do tel 11 5698 4039 ou e-mail [email protected] ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 29 prêmio RF Crédito: Bruna Ninshihata/RF Soraya Meirelles, analista de Responsabilidade Social timo troféu do Prêmio Revista Ferroviária. Nesta edição do sênior da MRS Logística, foi escolhida com a Ferroviária evento, a empresa foi escolhida como a Melhor Fabricante Padrão de Carga de 2011 e Ivan Pereira Gomes, supervisor de Componentes para Material Rodante. A AmstedMaxion da estação Anhangabaú, da Linha 3-Vermelha do Metrô de venceu o prêmio pela primeira vez como melhor indústria São Paulo, o Ferroviário Padrão de Passageiros. em 1997. Depois venceu em 2003 e 2004, também como A maior premiação da noite – O Ferroviário do Ano – foi melhor indústria, e em 2008, 2009 e 2010 como melhor inpara Marcos Lutz, presidente da Cosan. Lutz foi escolhido dústria de carga. O diretor de operações da unidade de Crudiretamente pelo Conselho Editorial da Revista Ferroviária zeiro, José Santos Araujo, recebeu o prêmio em nome da pelo seu trabalho à frente da Cosan, que firmou um acordo companhia. “A premiação é o reconhecimento do mercado com a ALL para o transporte de 9 milhões de toneladas de de que nós estamos criando caminhos para que a ferrovia açúcar por ano, entre o interior de São Paulo e o porto de no Brasil seja cada vez mais competitiva e utilizada como Santos, levando à criação da Rumo Logística. (veja a íntegra modal de transporte”. do discurso de Marcos Lutz na página 32) A Odebrecht foi eleita, pela terceira vez consecutiva, a Durante o anúncio da Melhor Construtora. escolha de Marcos Lutz Para o diretor-superincomo Ferroviário do Ano, tendente da Odebrecht o diretor da Revista FerInfraestrutura, Leandro roviária, Gerson Toller, Andrade Azevedo, “a lembrou que o interesse premiação representa de Lutz pela ferrovia foi muito orgulho e satisfaherança do avô, o general ção, principalmente em Euclides Marinho Lutz, um momento em que que chefiou a construa Odebrecht participa ção da EF Noroeste do não só de construções Brasil, hoje operada pela de importantes obras ALL. “Esse prêmio é o no setor de transportes Da esquerda para a direita – Marcos Lutz (Cosan), Gerson Toller (RF), reconhecimento pelo que ferroviários, mas tamPaulo Sérgio Passos (ministro dos Transportes) e Guilherme Guintella ele fez e vai junto com a bém da operação de expectativa que continue fazendo. As ferrovias, o Brasil e concessionárias de transporte de passageiros”. nós todos precisamos de pessoas como ele.” A Sysfer e a Randon, Melhor Criadora de TI e Melhor Fabricantes de Veículos de Carga em 2011, respectivamenColecionando troféus te, ganharam o prêmio pela segunda vez. A Sysfer já havia O Prêmio Revista Ferroviária já conta com verdadeiros vencido o Prêmio Revista Ferroviária nesta categoria em colecionadores de troféus, que ao longo dos anos somam 2002. Já o grupo Randon havia sido contemplado com o várias conquistas. A francesa Alstom chegou ao seu nono prêmio em 2005, na categoria Melhor Indústria. Segundo Prêmio da Revista Ferroviária e é a recordista. Nesta edição o diretor-presidente das empresas Randon, David Abramo a empresa venceu na categoria Melhor Fabricante de Veícu- Randon, o prêmio é o reconhecimento público da atuação da los de Passageiros. Em 2002, 2007, 2008 e 2009 foi eleita empresa na área ferroviária, que “os motiva para continuaMelhor Indústria; em 2004 e 2006 como Melhor Criador de rem na mesma trajetória vitoriosa”. O diretor da Sysfer, JorTI. Em 2010, a empresa venceu simultaneamente duas cate- ge Fernando do Monte, preferiu destacar a perseverança da gorias: Melhor Fabricante de Componentes para Sistemas e indústria ferroviária em investir na época que o setor estava Melhor Indústria de Equipamentos de Passageiros. Segundo latente. “Alguns desistiram, mas nós estamos aqui e valeu a o diretor-geral do setor de Transporte da Alstom no Brasil, pena. Ser reconhecido agora é ainda mais importante, já que Marco Contin, este prêmio e mais esses anos que a empre- há 20 anos não tínhamos concorrentes. Hoje temos vários e sa está ganhando mostram o interesse que a Alstom tem no continuamos no setor”, afirmou. Brasil, na parte ferroviária. A premiação de 2012 também teve espaço para novidaOutra recordista é a AmstedMaxion, que recebeu seu sé- des. As fabricantes Bombardier e IAT venceram pela pri30 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 FRAS-LE. TECNOLOGIA PARA TRILHAR O CAMINHO DA EVOLUÇÃO. Pesquisa e Desenvolvimento Flexibilidade s Mais de meio século de experiência Tecnologia Solidez Satisfação Excelência Compromisso Soluções Personalizadas laborat Os mais modernos laboratórios da América Latina Segurança Qualidade Na hora de parar milhares de toneladas, eficiência é fundamental. Por isso a Fras-le utiliza modernas tecnologias no desenvolvimento e fabricação de soluções para o controle de movimentos. No segmento metroferroviário a Fras-le é a única empresa privada do país a testar as sapatas ferroviárias em escala real 1:1 nas suas próprias instalações. Através de um dinamômetro inercial, são simuladas condições reais de aplicação, assegurando resultados mais eficientes e produtos mais duráveis. Por estar sempre à frente, a Fras-le segue trilhando o caminho do sucesso. revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 31 prêmio RF meira vez o Prêmio Revista Ferroviária. As empresas foram as primeiras colocadas nas categorias Melhor Fabricante de Sistemas e Melhor Fabricante de Componentes para Via Permanente. “Fico feliz de ver nossos esforços recompensados e que a empresa está à altura da expectativa dos clientes”, ressaltou André Guyvarch, presidente da Bombardier no Brasil. A alegria foi compartilhada pelo presidente da IAT, Alexander Ellwanger, que também viu a sua empresa vencer pela primeira vez. “Para nós é motivo de grande honra e orgulho esse reconhecimento. Temos uma luta cotidiana "Todos aqui sabem que não se faz nada sozinho, e que tanto o projeto de Casa de Pedra, na CSN, quanto o projeto da Rumo Logística, na Cosan, são projetos que dependem de pessoas, talentos, boa vontade, acionistas, clientes e parceiros. Mas de qualquer forma, me sinto representando esse grupo enorme de pessoas nesse momento. O trabalho da Revista Ferroviária é um trabalho incansável no setor; é um trabalho incrível e entusiasmado que o Gerson Toller faz há tanto tempo e que gera tantas coisas boas para o setor. Esse prêmio representa para mim muito mais que o título; representa o reconhecimento de um sonho que foi trabalhado por muita gente, incansavelmente. O projeto da Rumo é um projeto que criou um novo paradigma no setor ferroviário, fizemos uma migração de caminhão para trem de um jeito que antes pouco foi visto. Uma coisa é um projeto como o Casa de Pedra, em que você tem um sistema todo integrado, tudo é controlado e à medida que você tem a produção de minério, a oferta da carga, você tem a oferta do transporte e está tudo resolvido. Outra é o projeto da Rumo, em que 80% do volume é capitado de terceiros, de clientes, e num trecho bastante curto – pois o estado de São Paulo, que é o grande produtor de açúcar, é um estado que de alguma forma está próximo ao porto, e não chega a uma distância do porto que faz a ferrovia ser extremamente competitiva. Portanto, o que era fundamental ali era uma altíssima 32 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 na empresa para redução de custos, e procuramos transferir isso aos clientes”, afirmou Ellwanger. O Ferroviário do Ano Marcos Lutz, presidente da Cosan, recebeu o prêmio de Ferroviário do Ano de 2011 das mãos do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Em seu discurso, Lutz fez questão de destacar que faz um ano, desde que o projeto da Rumo foi implantado, que não se vê mais filas de caminhões aos redores do Porto de Santos. eficiência, e fizemos junto à ALL um trabalho profundo de cálculos e definição do que era necessário para mudar de patamar a eficiência ferroviária nesse trecho. Três anos atrás, 10% da safra brasileira de açúcar, aqui do centro-sul, ia de trem para o porto de Santos, e o restante de caminhão. Neste ano, aproximadamente 50% da safra já desceu de trem, e no caso dos terminais da Rumo, aproximadamente 65% do açúcar foi para Santos de trem. E é muito longe do que vai ficar daqui a três anos, quando a gente espera ter uma enorme dominância nesse modal. Poucos caminhões descerão, 2 mil caminhões por dia vão deixar de ter que cruzar a região metropolitana de São Paulo. Isso trará um impacto importantíssimo para São Paulo, tanto no trânsito quanto ambientalmente. É um projeto alinhado com nossos planos de longo prazo e muito alinhado com um valor nosso, que é a responsabilidade ambiental. Esse ano foi o primeiro ano que ninguém deu nenhuma reportagem sobre fila de caminhões em Santos, e isso já é impacto do fluxo de caminhões de açúcar não estar indo para Santos. No final, queria ressaltar que acreditamos fortemente em ferrovias. A Cosan aposta nesse modal como o modal de transporte para o Brasil, que é um país com milhões de coisas positivas dadas por Deus, mas que peca na logística. A gente tem uma serra do mar que vai praticamente do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo, fazendo todos os rios correrem para dentro do país em vez de irem para o mar, o que tira a possibilidade – a não ser na Amazônia –do transporte hidroviário. Ferrovia aqui é mais importante do que é nos EUA e na Europa. Queria dedicar esse prêmio a todos os nossos clientes, parceiros e principalmente aos colaboradores da Cosan e da Rumo, que tanto se dedicaram à realização desse projeto.” prêmio RF Noite de gala Crédito: Bruna Nishihata Confira a galeria de fotos do maior evento social do setor metroferroviário do país 1 2 3 1 Alexander Ellwanger (IAT) e José Eduardo Castello Branco (Valec) 2 Alzira Maria Resende (esposa) e José Elísio (MetrôRio) 3 Carlos José da Cunha (SuperVia) e Andre Guyvarch (Bombardier) 4 Cesar Toniolo (FCA), Silvio Jose dos Santos (FCA), Fabio Otávio (Norte Sul) e Antônio Silverio (Norte Sul) 4 5 5 David Randon (Randon) e Paulo Basílio (ALL) 6 Félix Lopes Cid (MRS), Gerson Toller (RF) e Paulo Sérgio Passos (ministro dos Transportes) 7 Guilherme Quintella (EDLP) e José Santos de Araujo (AmstedMaxion) 8 Ivan Pereira Gomes (Metrô SP) e Sérgio Avelleda (Metrô SP) 9 Jorge Fernando (centro) e equipe Sysfer 6 8 34 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 10 Jurandir Fernandes (secretário dos 7 Transportes Metropolitanos de São Paulo) e Marco Contin (Alstom) 9 10 Crédito: Bruna Nishihata 11 12 13 11 Leandro Azevedo (Odebrecht) e Julio Lopes (secretário dos Transportes Metropolitanos do Rio de Janeiro) 12 Marcos Lutz (Cosan), Maria Lutz, Patrícia Quintella e Guilherme Quintella (EDLP) 13 Marcos Lutz (Cosan) e Paulo Sérgio Passos (ministro dos Transportes) 14 Marcos Lutz (Cosan) e Paulo Basílio (ALL) 14 15 Jantar contou com a presença de 373 pessoas 15 16 Soraya Meirelles (MRS) e Félix Lopes Cid (MRS) 17 Equipe RF - Filipe Lopes, Elaine Mandarino, Gustavo Lauria, Mariana Neves, Mariana Agunzi, Gerson Toller e Rania Fardin 18 Ricardo Sanchez (CAF), Rosana Oliveira (CAF) e José Antônio Martins (Simefre) 19 Wagner Castilhos da Rosa (IAT), Alexander 16 Ellwanger (IAT), KirKior Mikaelian (Mic s.a.), Alessandra Ellwanger (IAT), Sandro Silva (IAT), Norberto Ferreira (IAT) 18 17 19 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 35 Crédito: Renato Velasco/RF capa Novo CCO permite a mudança da tela principal do painel, destacando os ramais selecionados... Cérebro versátil SuperVia constrói novo CCO com fornecedores nacionais, conseguindo reduzir custos e ter tecnologia de ponta D Mariana Neves esign moderno, iluminação de LED, telas touchscreen, vidros que mudam de cor, sistema de refrigeração, televisores e painéis de última tecnologia, um ambiente agradável e confortável para se trabalhar. A descrição poderia ser de um escritório arrojado, em um grande centro empresarial, mas é a configuração de uma grande sala, aos pés do morro da Providência, no Rio de Janeiro, e de onde é controlado o sistema de trens carioca, onde fica o “cérebro” da SuperVia. Nada de telas estáticas e planilhas de papel. O Centro de Controle Operacional (CCO) da concessionária carioca possui tecnologia de ponta e modernos sistemas de controle das operações. Uma das inovações é a mudança de tela do videowall - o painel do CCO fica na tela principal com todos os ramais e pode ser alterado para o desenho do ramal selecionado. O novo CCO custou à Odebrecht Transport, controla- 36 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 dora da SuperVia, R$ 40 milhões e foi estruturado com fornecedores brasileiros e contratos diretamente pela SuperVia, o que barateou o seu custo. O projeto foi concebido a partir de três premissas da companhia: redução de custos, tomada rápida de decisões e uso de tecnologia nacional e de ponta. A Revista Ferroviária conheceu de perto o novo xodó da companhia. O diretor de Operações, João Gouveia, recebeu a equipe devidamente uniformizado e entusiasmado como uma criança que acaba de ganhar um novo presente. Este é o quinto CCO estruturado por Gouveia, que já passou por ferrovias de carga e passageiros, e está há sete anos à frente do controle operacional da SuperVia. Ao entrar na sala de comando é possível perceber o motivo de tanta animação. Com um pé direito de cinco metros e uma área de 614 metros quadrados, o novo CCO foi estruturado com uma ampla sala de monitoramento Crédito: Divulgação ...enquanto o antigo era estático e os operadores usavam planilhas de papel das linhas, com os painéis, a sala de crise no mezanino, o Centro de Operações de Segurança (Cose) e o Centro de Informações e Suporte as Estações (Cise), de onde são transmitidas as mensagens sonoras para trens e estações. A área conta ainda com um espaço para receber a imprensa, onde foi instalado um vidro polarizado, que fica fosco ao ser energizado. Projeto do CCO Para fazer o projeto, a SuperVia contratou a G&A Arquitetura e Engenharia, uma empresa especializada em centros de controle operacional – a mesma que fez o CCO do MetrôRio. Durante a elaboração do projeto foram avaliadas questões de ergonomia, envolvendo visibilidade dos painéis, iluminação, refrigeração e posicionamento de móveis e equipamentos. A ideia era aproveitar bem o espaço e ter dinamismo operacional. “Este CCO é totalmente autônomo, com estrutura independente do restante do prédio e com 99% de confiabilidade para o sistema não cair nunca”, destaca a arquiteta e responsável pelo projeto Gilda Vivacqua de Alencar. Outra preocupação era integrar as áreas administrativa e operacional, sem que uma interferisse na rotina da outra – o CCO fica na mesma área que o centro administrativo da empresa. Para que houvesse essa interação, um grande vidro foi colocado para dividir as áreas. No mezanino, foi implantada a sala de crise, de onde a diretoria da SuperVia pode tomar decisões estratégicas. A sala tem visão de todo o CCO e conta com um painel de dois metros (que reproduz a tela principal do CCO); tela interativa para visualização dos ramais e seus entornos (touchscreen); e televisores para acompanhamento do noticiário. “A ideia é ter uma tomada de decisões rápidas e que os meios de comunicação e as interfaces com o governo e a Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro) tenham as informações o mais rápido”, explica o diretor da SuperVia, João Gouveia. Durante cerca de quatro meses, os operadores da SuperVia conviveram com a obra (executada pela Ghimel Construções e Empreendimentos), sem perder o controle do sistema. Mesmo com a nova estrutura pronta, a empresa mantém o antigo sistema funcionando. Caso haja algum problema, é possível manter a operação acionando o painel anterior. revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 37 capa Sistemas Operacionais Os sistemas operacionais também receberam inovações. Softwares de planejamento e controle de tráfego, que eram desenvolvidos para o transporte de carga, foram estruturados para as operações com passageiros. O uso deste tipo de tecnologia é inédito. A CFlex foi contratada para desenvolver o software de planejamento operacional. A ferramenta Movement Planner orienta os controladores no despacho de trens e permi- vice-presidente da CFlex, Carlos Eduardo Carneiro. Carneiro explica que a tecnologia também ajuda a reduzir o consumo de combustíveis, já que com o planejamento os cruzamentos dos trens são mais eficientes. “A cada trem que eu deixo de parar por ter feito um cruzamento melhor, é um consumo menor”. Já a Engesis Engenharia e Sistema ficou responsável por toda a parte de controle de tráfego, incluindo a integração com os sistemas de intertravamento Mitsui e Crédito: Renato Velasco/RF Sala tem visão de todo o CCO e conta com painel, tela interativa e televisores te que eles façam simulações, em tempo real, para obter o melhor planejamento da malha. O sistema possibilita programar a circulação de trens por até 72 horas e é alimentado com os dados dos trens (localização, tamanho, número de carros, grade de trens pré-estabelecida) e da manutenção da via. Caso haja algum problema e um trem pare, a ocorrência é inserida no sistema, que refaz todo o planejamento operacional das linhas, permitindo amenizar ou até mesmo evitar reflexos no restante das linhas. “Em cinco segundos temos o resultado do planejamento”, destaca o 38 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Wabco, que eram utilizados pela SuperVia. A empresa desenvolveu o software Automatic Train Control (ACT), que faz a interface entre os dados vindos do campo (enviados pelo operador de trem e pelo sistema de sinalização) e o CCO. Esse sistema também verifica a consistência das informações enviadas pelo operador de trem e garante o intertravamento, fazendo o bloqueio dos trechos já licenciados e impedindo rotas conflitantes. O novo sistema de sinalização que a SuperVia comprou da Bombardier, o ERTMS (European Rail Trafic Mana- revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 39 gement System) de nível 1, também será integrado ao ATC. O ERTMS reduzirá o intervalo entre trens e com isso permitirá o aumento da capacidade das linhas. Com o novo sistema, o ramal Deodoro-Central passará a ter intervalos de três minutos entre os trens – hoje o intervalo é de seis minutos – e os outros quatro ramais do sistema (Belford Roxo, Japeri, Santa Cruz e Saracuruna) passarão de 12 para seis minutos o intervalo entre os trens. A implantação do ERTMS já está em andamento e deve ser concluída no ramal de Deodoro em outubro, e nos demais, gradativamente, até julho de 2013. O diretor da Engesis e responsável pelo desenvolvimento do projeto na SuperVia, Alexandre Penna dos Santos, explica que os maiores desafios para implantar o ACT no transporte de passageiros são as exigências do tempo de resposta e de disponibilidade do sistema. “Em ferrovia de carga, os trens estão despachados e se perder o trem (no sistema) por alguns minutos é suportável, sem prejuízo, mas no trem de passageiros, você não tem esse tempo para ficar inoperante”. Para estrutura o controle de tráfego, a Engesis fez um painel de testes, que serviu como base para a S&A Design e Projetos fazer a transferência dos desenhos para os painéis que João Gouveia é diretor de operações há sete anos e comanda o CCO estão em operação. Para elaborar os desenhos das linhas no painel, o arquiteto Takao Sunasão estruturados em módulos (cubos) e seus tamanhos ga fez um estudo de ergonomia cognitiva das interfaces variam de acordo com a quantidade de cubos utilizados. gráficas, que busca otimizar a chamada interface homem- Esses cubos podem ser de 50, 70 ou 80 polegadas. A Su-máquina, tornando as informações exibidas amigáveis e perVia adotou os cubos de 80 polegadas. eficientes para acelerar a percepção, aumentar a precisão O painel principal tem sete cubos compondo um videoe reduzir as falhas na leitura das informações. Ele também wall de 1,20 metro de altura por 11,20 metros de comprilevou em conta convenções gráficas, a iluminação do am- mento; o da sala de crise conta com quatro cubos, totalibiente e adequações à cultura dos controladores de cada zando dois metros de largura e 1,10 metro de altura; e o processo. das subestações tem quatro cubos, com 6,40 metros de Takao desenvolveu os desenhos dos painéis principais comprimento por 1,20 metro de altura. do CCO e dos monitores dos controladores. Ele explica Todos os painéis foram fornecidos pela Barco, empresa que o tamanho das letras é definido de acordo com a dis- fabricante de painéis de CCO com tecnologia Digital Litância de leitura e a importância dos itens (os principais ght Processing (DLP), que fez um estudo do espaço para são os maiores na tela). definir o tamanho do painel que a SuperVia precisava. O levantamento leva em conta o número de operadores e a Videowall quantidade de imagens simultâneas que precisam ser viO novo CCO da SuperVia conta com três painéis – o sualizadas. Além das telas, a Barco fornece um sistema de principal, o da sala de crise e das subestações. Os painéis gerenciamento dos cubos, que é compatível com os outros 40 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Crédito: Renato Velasco/RF capa Testado e aprovado em veículos ferroviários. SteamTrac/SteamDrive Os sistemas de reaproveitamento de calor SteamTrac e SteamDrive vem sendo instalados em veículos ferroviários com sucesso: redução do consumo de combustível em até 8% e diminuição significativa das emissões de CO2. www.voith.com revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 41 capa softwares envolvidos na operação. Este sistema de gerenciamento é que proporciona a sincronia do painel da sala de crise com o principal. O gerente de negócios da Barco, João Bosco, destaca que o CCO da SuperVia utiliza tecnologias verdes, como a iluminação de LED (que tem maior vida útil) e os cubos que possuem sistema redução de consumo de energia. Automação das subestações As subestações de energia também foram modernizadas. As operações manuais foram substituídas por um moderno sistema automatizado e computadorizado. A ADKL ZELLER elaborou todo o projeto e execução de automação das subestações, juntamente com os técnicos da SuperVia. Com a automação, a concessionária não conta mais com funcionários trabalhando nas estações. Tudo é controlado através de um painel instalado ao lado da tela principal do CCO. “Os painéis de automação realizam a aquisição dos dados nas subestações e transmitem para a Central. Da mesma forma, comandos enviados da Central chegam às subestações de maneira rápida e confiável. Há programas nos painéis de automação e um software bastante complexo, na Central, que permite a supervisão e o controle de todo o sistema”, explica o diretor Técnico-Comercial da ADKL ZELLER, Antonio Zeller. O sistema da Zeller também permitiu a implantação da operação à distância, com o controle das subestações seccionadoras de tração. Assim como as subestações retificadoras, estas instalações são responsáveis pelo seccionamento e paralelismo de energia da linha férrea, com uma única diferença: ao invés de receberem a energia de uma concessionária, elas são energizadas pelas próprias subestações da ferrovia. Para contornar as grandes distâncias entre as subestações foram utilizadas fibra óticas. Zeller destaca que outra característica importante está Crédito: Divulgação Operacional e os passageiros e o mo- Ele explica que, no início, o sisteDo quadro negro ao digital O engenheiro civil Rogério Martins nitoramento em tempo real. ma rodava aos finais de semana e está na SuperVia desde 1998 e acom- “O processo de circulação dos trens feriados. Com a comprovação da panhou de perto as mudanças na ficou mais ágil, homogêneo e seguro, eficácia, nos últimos seis meses do concessionária, tanto nas operações diminuindo a quantidade de tarefas período de implantação, a SuperVia como na administração. A SuperVia por parte do controlador na execução passou a operá-lo 24 horas, nos sete fazia parte da Rede Ferroviária Fede- de uma rota, permitindo o aperfeiço- dias da semana. O processo de adapral, depois passou para a Companhia amento do monitoramento da circula- tação ao novo sistema foi gradual e Brasileira de Trens Urbanos (CBTU); ção das composições”, diz o gerente. durou 18 meses. Flumitrens e Central, até se tornar uma concessão. Nos primeiros anos de SuperVia, Martins trabalhou no setor de estações; depois foi para o de tração até se tornar gerente do CCO, em 2005. Hoje ele é responsável pelas áreas de tração (maquinistas) e circulação (CCO). Martins trabalhou com o antigo CCO da concessionária e diz que os impactos das novas tecnologias já estão sendo percebidos com o aumento da produtividade da equipe, o avanço na comunicação direta entre o Centro de Controle Rogério Martins está na SuperVia desde 1998 e acompanhou as mudanças na concessionária 42 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 FERROVIAS Ferrovias Saneamento Gerenciamento de Serviços Limpeza Ambiental Nasce a trail: a NOVa Parceira das ferrOVias Pronta para atender as necessidades das operadoras ferroviárias públicas e privadas, nasce a Trail, uma empresa do Grupo Tejofran, que oferece engenharia de processo, serviços e apoio logístico em ferrovias com preços competitivos no Mercado. Seus projetos de reforma e modernização, execução de manutenção corretiva e preventiva em carros de passageiros, vagões e locomotivas, mais a construção e manutenção de vias, montagem de sistemas e operação de subestações, utilizando-se dos melhores profissionais, agregam tecnologia aos clientes. Seja um parceiro da Trail e do Grupo Tejofran: Acesse www.tejofran.com.br ou ligue 0800-770 7681 e solicite uma visita. revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 43 capa ligada à proteção da instalação. As linhas de transmissão são todas interligadas. O sistema permite que os operadores tenham uma visão geral, facilitando a supervisão dos 225 km da malha elétrica presente sobre a linha férrea do Rio de Janeiro. Quando um disjuntor é desligado, existe um correspondente em outra subestação que pode estar a até oito quilômetros de distância. A visão geral do sistema garante que o operador tomará a melhor decisão, que será implementada com apenas um simples clique do mouse. O projeto de automação teve duração de três anos. Investimento O investimento de R$ 40 milhões no novo CCO faz parte do acordo feito entre a Odebrecht Transport ao assumir o comando da SuperVia, em dezembro de 2010, e o governo do Rio de Janeiro. O acordo prevê R$ 2,4 bilhões em investimentos na concessionária. O estado entra com o aporte de R$ 1,2 bilhão nos novos trens e a Odebrecht com o restante nas melhorias na estrutura e operação. Revista Ferroviaria 4&5/12:ROBEL 29.03.2012 13:48 Uhr Principais Fornecedores Empresa Serviço ADKL Zeller Projeto e execução da automação das subestações Barco Fornecedora dos painéis (CCO) CFlex Software de planejamento operacional Engesis Engenharia e Sistema Desenvolveu o ACT, software de integração para despacho de trens G&A Arquitetura e Engenharia Elaborou a planta e o projeto especialista em CCO Ghimel Construtora Obras civis S&A Desing e Projetos Transferência dos desenhos do monitor para os painéis Seite 1 C M Y CM MY Excelência sobre Trilhos. ROBEL. CY CMY K 40.61 Equipamento para Transporte de Trilhos Ferroviários Para Transportar, Carregar e Des• carregar Trilhos Longos Soldados trilhos deslizam sobre calhas • Os • Rápido, Econômico e Seguro 62.05 Socadora vibratória vertical fácil manuseio: a socadora vibratória mais • De leve disponível no mercado, com manopla altamente amortecida contra vibrações grau de compactação para um • Alto ótimo resultado qualitativo rendimento de socaria: mais • Alto de 30 dormentes/hora lastro não é danificado, muito • Omenos destruído ROBEL Bahnbaumaschinen GmbH Industriestr. 31 · D-83395 Freilassing Tel: +49 (0)8654/609-0 Fax: +49 (0)8654/609-100 E-mail: [email protected] Comexport Cia de Comércio Exterior Railway & Siderurgy Products Tel: +55 (11) 2162-1888 Ramal direto: +55 (11) 2162-1881 E-mail: [email protected] 44 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 www.robel.info/pt revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 45 opinião A vez dos clientes DIVULGAÇÃO Gerson Toller diretor-executivo da Revista Ferroviária O jogo de forças entre os clientes e as operadoras das ferrovias de carga está começando a mudar claramente em favor dos clientes. Desde o ano passado, com a publicação das resoluções da ANTT sobre o novo marco regulatório, as negociações tarifárias tornaram-se mais favoráveis aos clientes do que nos últimos 15 anos, ou seja, desde o início das concessões. E agora em 2012, com a próxima fixação formal dos novos tetos de referência, hoje em fase de audiência pública, tudo indica que haverá uma redução real das tarifas. Os clientes poderão realizar o objetivo longamente acariciados de “descolar” as tarifas ferroviárias das tarifas rodoviárias, e obter uma parte expressiva dos ganhos de produtividade registrados pelas operadoras desde o concessionamento. Os novos tetos, segundo antecipou Noboro Ofuji, da ANTT, são, em média, 40 por cento inferiores para granéis e 15 por cento inferiores para carga geral. Isso tudo está acontecendo antes mesmo da aplicação dos novos direitos dos usuários no que diz respeito à utilização da capacidade das ferrovias, notadamente o direito de passagem. Conforme diz o marco regulatório em vigor, depois de constatada capacidade ociosa em qualquer trecho, o cliente pode solicitar atendimento para suas cargas, e a operadora será obrigada a atender. Mesmo que não haja capacidade ociosa, o cliente poderá investir para gerar capacidade adicional e então passar com seus trens. Isto tem acontecido expontâneamente em vários casos, desde o tempo da Rede e da Fepasa, com a CBA no escoamento de bauxita, a MBR na conclusão da 46 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Ferrovia do Aço, ou a CSN no projeto de Casa de Pedra. Agora aconteceu de novo, com a Cosan, que aparelhou toda Malha Paulista da ALL para transportar açúcar. Esta entrada de novos players é altamente benéfica para as operadoras, os clientes, a indústria de material ferroviário e o país. No entanto, antes do marco regulatório, somente clientes do porte dos aqui citados teriam disposição para investir grandes somas em melhoria de via, construção de terminais e aquisição de frota. Os menores, ou os menos dependentes, hesitariam. A expectativa é que continuem hesitando por algum tempo. Investir em logística não é o negócio dos exportadores de soja ou das fábricas de cimento. Inicialmente, os clientes irão buscar os ganhos tarifários permitidos pelos novos tetos de referência da ANTT. As operadoras, por sua vez, reconhecerão que os tempos mudaram e começarão a dar mais atenção a novas oportunidades, ao transporte de carga geral por exemplo, como já estão fazendo agora. Em paralelo, e mesmo que lentamente, irá se formar a nova malha de bitola larga, hoje em construção pela Valec, a começar pelo trecho sul da Norte-Sul. Esta nova malha vai gerar operadores independentes, conforme os planos do Ministério dos Transportes. Esses operadores vão querer entrar nas malhas existentes, ou fazer com elas tráfego mútuo. E assim o negócio ferroviário vai crescer e se multiplicar. As realizações das empresas operadoras que assumiram o grande risco de gerir a malha estatal foram notáveis, e transformaram o cenário do transporte ferroviário de carga no Brasil. Está na hora disso acontecer de novo. arquivo ferroviário O TAV da Ferrari presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, em parceria com o banco italiano Intesa San Paolo, a companhia estatal francesa SNCF e outros investidores, inaugurou no dia 28 de abril a primeira operação privada de trens de alta velocidade da Itália. Batizada de Nuovo Trasporto Viaggiatori (NTV), a operadora irá oferecer transporte entre Roma e oito cidades italianas (Milão, Salerno, Nápoles, Florença, Bolonha, Turim, Pádua e Veneza) por meio do trem Italo, fabricado pela Alstom. O Italo é o primeiro veículo da última geração de trens de alta velocidade da fabricante francesa, chamada de AGV (Automotrice Grande Vitesse), e pode atingir velocidade comercial de 360 km/h. Com energia elétrica distribuída, o modelo dispensa locomotivas, aumentando a capacidade de transporte de passageiros em 20%. Inter- net de alta velocidade e televisão também são alguns dos atrativos do veículo, que pretende fazer concorrência direta com a Trenitalia, companhia estatal ferroviária do país. A frota da NTV contará com 25 AGV Italo, dividos em três classes: comum, executiva e primeira classe. Apesar da Ferrari não ter ligação direta com a nova operadora, é visível que os veículos utilizam a identidade da marca italiana de carros para reforçar a ideia de luxo e velocidade. A começar pela cor dos trens – o “vermelho Ferrari” – que remete à marca. Crédito: Alstom O Fabricado pela Alstom, o novo trem de alta velocidade italiano atinge velocidade comercial de 360 km/h VEJA A FOTO AMPLIADA AGUARDANDO ANÚNCIO MWL BRASIL Rodas & Eixos Ltda. Rodovia Vito Ardito, km 1 - Caçapava - São Paulo - Brasil Phone: +55 12 3221 2419 - Fax: +55 12 3221 2410 E-Mail: [email protected] - www.mwlbrasil.com.br revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 47 arquivo ferroviário 48 AGV Italo, da Alstom revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Crédito: Alstom revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 49 VLT Macaé VLT da Bom Sinal chega à Macaé Sistema de Veículo Leve sobre Trilhos atenderá cerca de 20 mil pessoas por dia em 2013, quando terá início a operação comercial A Filipe Lopes cidade de Macaé (RJ) recebeu, no início de lidade com a via férrea existente, que corta a cidade de março, seu primeiro Veículo Leve sobre Tri- norte a sul, foi decisiva para a escolha do sistema para lhos (VLT), do total de 4 unidades, com 2 car- auxiliar o transporte público do município. Com o crescimento do pólo petrolífero, Macaé tripliros cada, encomendados da Bom Sinal. É a primeira vez que o sistema de VLT chega ao sudeste. Até cou sua população – são hoje 206.748 mil habitantes, então, apenas as cidades nordestinas haviam manifesta- de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geogrado interesse no sistema e feito as primeiras encomendas à fia e Estatística (IBGE) - em relação à década de 1970, Bom Sinal – Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte (CE); quando o município era apenas uma vila de pescadores. Ainda segundo dados do IBGE, nos últimos dez anos, Maceió e Arapiraca (AL); e Recife (PE). Com investimento total de R$ 72 milhões – R$ 47 mi- o aumento populacional mais expressivo em Macaé lhões financiados pelo Ministério das Cidades e outros R$ ocorreu na população que tem entre 20 e 30 anos, ou 25 milhões do município – o sistema vai utilizar 25 km seja, uma população ativa que necessita de transporte de malha urbana da Ferrovia Centro Atlântica, que corta público de qualidade para se locomover até as frentes a cidade, e contará com 10 estações de embarque. A uma de trabalho. Com o novo sistema, a prefeitura de Macaé espera develocidade média entre 30 e 40 km/h, o projeto prevê que o VLT irá cruzar a cidade em menos de 30 minutos, li- safogar o trânsito da cidade, transportando uma média de gando o Centro aos bairros de Imboassica, região sul, e 20 mil passageiros por dia. Em julho está previsto o início Lagomar, na região norte de Macaé, onde estão localiza- da operação não comercial aberta à população, sem codas diversas indústrias de petróleo – principal fonte eco- brança de tarifa. No segundo semestre de 2013, a prefeitunômica do município. A Crédito: Kaná Manhães Bacia de Campos – onde se localiza Macaé – é responsável por 80% da produção de petróleo e 47% da produção de gás natural do país. Os 4 VLTs modelo Mobile 02 da Bom Sinal devem estar entregues até o início de 2013 e entrar em operação comercial no segundo semestre de 2013. Seguem as mesmas especificações dos modelos encomendados pelos municípios de Sobral (CE) e Arapiraca (AL). Segundo a empresa, o modelo é adaptável às condições locais existentes (bitola e dimensões). Essa compatibi- Cada veículo, com 2 carros, tem capacidade de transportar 358 pessoas por viagem 50 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 ra espera que todo o sistema, com os 4 VLTs e as 10 estações, esteja plenamente pronto para atender a população. Futuros sistemas Além de Macaé, atualmente o Brasil conta com 9 projetos de VLT. Os mais adiantados são os sistemas de Sobral e Fortaleza, no Ceará, que já estão em obras. Os outros 7 projetos ainda dependem de investimentos, autorização ambiental ou estão em processo de licitação para início das obras. (veja na tabela) Os únicos sistemas que já são realidade no país são os de Maceió (AL) e do Cariri (CE). Este último completou 2 anos de operação no final de dezembro de 2011, transportando uma média de 30 mil usuários por mês. PROJETOS DE VLT PELO BRASIL Projeto Extensão (km) Valor (R$ milhões) Situação Sobral 12,2 71 Em obras Fortaleza 12,7 275,8 Em obras Baixada Santista 15 180 Em processo de licitação Arapiraca 12 280 Em processo de licitação 13,2 1.200 16 2,5 Viçosa Não informado 9 Cuiabá 22 1.100 Em processo de licitação Aeroporto Santos Dumont 26 1.100 Em estudo de viabilidade Goiânia Nova Friburgo Em estudo técnico Licitação de projeto básico adiada por tempo indeterminado Em estudo de viabilidade revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 51 fábrica GE A oficina que virou fábrica Depois de quase fechar as portas no início dos anos 2000, a fábrica de locomotivas da GE comemora seus 40 anos em Minas Gerais fortalecida e sem medo de investir Locomotiva AC44i na fábrica da GE em Contagem. Modelo está sendo fornecido para a MRS 52 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Crédito: Bruna Nishihata Mariana Agunzi U m programa de investimentos de US$ 35 mi- o fornecedor pode ser consultado toda vez que a compalhões. Mais de 200 unidades fabricadas nos úl- nhia precisar dos componentes. “Dessa forma, damos timos três anos. Área de 14 mil metros quadra- cadência também a fornecedores que não são exclusivados e 530 funcionários. Quem vê os números mente ferroviários, para que mantenham uma reserva de da fábrica brasileira de locomotivas da General Electric, espaço e atuem nesse perfil”, explica Mello. sediada em Contagem, Minas Gerais, não imagina que ela já quase fechou as portas. O motivo? Perspectiva zero Religando a locomotiva de novos pedidos. “Ficamos de 2000 a 2005 trabalhando As primeiras encomendas após a crise vieram em 2005, como uma oficina de reparos”, explica Guilherme Mello, do mercado internacional: locomotivas C21 para Colômo jovem presidente da GE Transportation, que recebeu a bia e C21, C25 e C30 para a África. Foi nesse período que equipe da Revista Ferroviária. a companhia fez um acordo com os governos federal e esCom 37 anos de idade e dois anos e meio na presidência, tadual para auxiliar a retomada da fabricação de locomotiMello elucida a crise pela qual passou a fábrica. Quando vas no país, eliminando despesas de importação e câmbio as companhias ferroviárias entraram em declínio nos anos às quais o mercado nacional estava exposto. noventa, época da privatização, a unidade também foi ao Mas foi só em 2008 que a GE voltou, efetivamente, a fundo do poço. Para manter o mínimo montar locomotivas de grande porte. E aí de capital necessário à sobrevivência, a entram as C30, exportadas para a Áfrifábrica atuava como uma oficina de ma"Ficamos de 2000 a 2005 ca, e a AC44i, que é hoje a locomotiva nutenção. “Mais do que uma visão estrade maior potência fabricada no Brasil, tégica, foi questão de acreditar que havia trabalhando como uma com 4.400 HP. A produção ganhou força uma demanda reprimida”, afirma Mello. oficina de locomotivas. principalmente com dois pedidos: o priA fábrica de locomotivas da GE na remeiro, assinado em 2009, veio da Cosan, Foi uma questão de alidade nasceu em Campinas, interior de que investiu R$ 435 milhões na aquisição acreditar que havia uma São Paulo, em 1962, de onde foram fabride 50 locomotivas e 729 vagões para o demanda reprimida" cadas 1.100 unidades – sendo que a última transporte de açúcar, marcando o setor foi entregue em 2000. Mas com o tempo com o primeiro grande investimento feito o espaço passou a se dedicar ao setor de por um cliente em ferrovias. “Houve uma energia, fabricando geradores, motores e ventiladores de mudança de paradigma, pois a Cosan não é um operador grande porte. Já a unidade de Contagem foi inaugurada ferroviário, não tem malha, e fez uma aquisição de locoem maio de 1972 para a fabricação de motores, geradores motivas”, ressalta Guilherme Mello. e fornecimento de peças para locomotivas. Hoje, o sítio de A segunda encomenda, realizada em 2010, foi o maior Campinas ainda possui capacidade para fazer alguns itens, contrato individual para fornecimento de locomotivas já como plataformas e soldagem de tanques, mas o grosso da fechado pela GE brasileira: 115 unidades AC44i, com montagem está a cargo de Minas. opcional para mais 100, no valor de R$ 600 milhões. As O fato é que, da privatização para cá, o mercado evo- máquinas foram encomendados pela MRS para atender luiu e a oficina de Contagem virou uma fábrica. Hoje, a à demanda e ao novo modelo operacional adotado pela GE está investindo os US$ 35 milhões na planta, até 2013, ferrovia, no qual uma locomotiva adicional seria utilizaem diversos segmentos: a construção de um laboratório da nos trens de minério, permanecendo engatada o tempo de reparo de equipamentos eletrônicos, que não existia; todo, auxiliando o transporte em trechos críticos. As uniuma cabine de testes, que está preparada para locomotivas dades terminarão de ser entregues em 2014. de até 6 mil HP; a readequação da linha ferroviária, para facilitar as manobras dentro da fábrica; uma nova cabine Olho no futuro de pintura para locomotivas; e a melhoria da mão de obra, Depois de completar 40 anos da fábrica em Contagem e com a contratação de novos profissionais – em 2007, a 50 anos de presença Brasil, a GE Transportation tem plaempresa possuía sete engenheiros. Hoje, são 70. nos sólidos para o futuro. No auge da retomada, com a O desenvolvimento de fornecedores também entrou na encomenda da MRS, a fábrica brasileira chegou a repreconta. Por isso, a GE criou uma certificação que visa apli- sentar 20% do volume da matriz, localizada em Erie, na car um selo de qualidade à empresa. Uma vez certificado, Pensilvânia (EUA). Lá, a capacidade de fabricação chega revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 53 fábrica GE Crédito: Bruna Nishihata O presidente da GE, Guilherme Mello, na planta onde são fabricadas as AC44i a 800 locomotivas por ano, praticamente toda tomada pelas ferrovias americanas. Acompanhando a demanda, a planta de Contagem teve sua capacidade de produção duplicada em 2011, passando de 60 para 120 locomotivas por ano. Agora, a empresa pretende iniciar a fabricação no Brasil, até 2015, da série de locomotivas Evolution, com 5.800 HP. Esses modelos – que chegam a alcançar 100 km/h no transporte da carga – já são utilizados pela Vale, mas ainda são importados da sede da GE em Erie. A companhia também irá investir cerca de R$ 20 milhões em uma célula de testes para motor diesel. Quando ficar pronta, em três anos, a célula deverá transformar a fábrica de Contagem em um centro de competência de combustíveis alternativos. Para viabilizar o projeto – que, segundo o presidente, significa um passo importante rumo à fabricação dos motores diesel no Brasil –, a GE firmou uma parceria com o Governo do Estado de Minas. Nem a instalação de uma concorrente de peso parece 54 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 abalar os planos da GE Transportation. A americana Caterpillar, sediada em Peoria, Illinois (EUA), está construindo uma fábrica de locomotivas de grande porte em Sete Lagoas, também em Minas. “A decisão de investimentos que a gente fez foi anterior ao anúncio do estabelecimento da Caterpillar. Estamos observando o concorrente, mas acho que isso é um endosso de que está todo mundo acreditando no potencial do mercado brasileiro”, afirma Guilherme Mello. Sinal de que, dessa vez, a locomotiva não corre o risco de se desligar. Retomada da produção Ano 2008 2009 2010 2011 2012* * Previsão Locomotivas fabricadas 27 24 65 110 60 HL/mais SoluçõeS em infraeStrutura. mobilidade que integra o braSil. transporte metroferroviário / Serviços Projeto e execução de obras de infra e superestrutura metroferroviária, obras de arte especiais, estações, pátios, oficinas e barreiras acústicas Projeto e execução de sistemas de automação, sinalização e telecomunicação metroferroviária Projeto e implantação de sistemas de transporte de passageiros de alta capacidade (metrôs e trens) e média capacidade (trólebus e Vlt – veículos leves sobre trilhos) desenvolvimento e implantação de sistemas de eletrificação metroferroviária e trólebus desenvolvimento e instalação de sistemas de integração entre as diversas modalidades de transporte de passageiros manutenção preventiva e corretiva de linhas metroferroviárias e trólebus TIISA - Triunfo Iesa Infraestrutura S.A. www.tiisa.com.br ÁREAS DE ATUAÇÃO | TRANSPORTE METROfERROviÁRiO | SANEAMENTO bÁSicO | AEROPORTOS revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 55 fábrica GE Todas as séries Confira os modelos fabricados pela GE Transportation no Brasil e a série Evolution, que deverá ser produzida no país em 2015 GE Universal Series Locomotives U4B, U6B, U9B, U9C, U12B, U10B, U12C, U18B - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1967 - Unidades fabricadas no Brasil: 152 - Seis U18C e duas U108C produzidas em Contagem Locomotivas U23C - Potência (HP): 2250 - Idade média: 35,9 - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1973 - Unidades fabricadas no Brasil: 150 - Produzidas em Campinas Locomotivas U20C Locomotivas C36 - Potência (HP): 2000 - Idade média: 34 - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1974 - Unidades fabricadas no Brasil: 441 - Produzidas em Campinas - Potência (HP): 3600 - Idade média: 28 - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1980 - Unidades fabricadas no Brasil: 15 - Produzidas em Campinas Locomotivas U26C Locomotivas C30 - Potência (HP): 1800 - Idade média: 27 - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1981 - Unidades fabricadas no Brasil: 6 - Produzidas em Campinas - Potência (HP): 3000 - Idade média: 29 - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1983 - Unidades fabricadas no Brasil: 69 - 20 unidades produzidas em Contagem Locomotivas Dash 9 Locomotivas Série C - Potência (HP): 4400 - Idade média: 11 - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1994 - Unidades fabricadas no Brasil: 24 - 12 unidades produzidas em Contagem - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 1999 - Unidades fabricadas no Brasil: 71 - Três C22, quatro C24 e 29 C21 produzidas em Contagem C21, C22, C24, C25 C C M M Y Y CM CM MY MY CY CY CMY CMY K K Locomotivas AC44i The Evolution Series - Potência (HP): 4400 - Idade média: 2,5 - Começaram a ser fabricadas no Brasil em 2008 - Unidades fabricadas no Brasil: 195 - 195 unidades produzidas em Contagem - Fabricadas na sede de Erie, na Pensilvânia – EUA - Previsão para fabricação no Brasil: 2015 56 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 O dono do bastão está na empresa há dois anos e meio –, Griese vivenciou o declínio e a ascensão das ferrovias brasileiras e, obviamente, da fábrica de locomotivas. “Foram momentos de agonia e de euforia”, relata. Mas o técnico também presenciou a evolução das locomotivas diesel-elétricas no país. “Tivemos muita melhoria na capacidade de tração, que oferecia perspectiva de operação de 15% a 18% e hoje chega a 35%”. Se a idade avançada e o tempo de contribuição à empresa podem indicar uma eminente aposentadoria, aí está o engano. Geraldo Griese não pretende parar tão cedo. “Trabalhar faz bem. E essa arte de passar o bastão demora”. foto: Bruna Nishihata Ele tem 72 anos de vida, 49 anos de até preciso brigar para ele ir embora. empresa e muitas histórias para com- O Geraldo é o manual da locomotipartilhar. Com carisma e empatia, o va aqui”, afirma Ricardo Brandalise, funcionário mais antigo (e talvez mais gerente de engenharia de 36 anos experiente) da GE Transportation, que, junto ao consultor, tem a missão Geraldo Griese, é também humilde. “Eu sou apenas um elo para essa evolução de jovens que têm potencial e que irão muito mais longe que eu”, afirma o consultor técnico que ingressou na GE em 1963. Querido por todos na companhia, Griese já passou por diversas áreas e é hoje uma espécie de guru dos Brandalise e seu mentor, Griese: “passar o bastão demora” novos engenheiros da GE, que não de formar a nova turma de engenheihesitam em tirar suas dúvidas com o ros recém-adentrados na fabricante. antigo funcionário. “Ele chega cedo Com cinco décadas trabalhando na e vai embora tarde; tem dias em que GE – ao contrário de Brandalise, que Obrigado Bombardier AGUARDANDO ANÚNCIO A CEVA se orgulha por ter sido escolhida como seu parceiro logís t ico A CEVA é uma das líderes mundiais no gerenciamento de supply chain para o segmento Industrial e oferece soluções de ponta a ponta em Contratos Logísticos e Gerenciamento de Fretes. Nossos especialistas estão prontos para desenvolver as melhores soluções e atender a necessidade da sua cadeia logística. Entre em contato conosco e conheça nosso portfolio de serviços e outros setores de atuação. www.cevalogistics.com | [email protected] revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 57 monotrilho A aposta da Bombardier Inaugurada em abril, a primeira fábrica de monotrilhos do Brasil deverá expandir a atuação da empresa canadense no país e abrir um novo mercado mundial Mariana Agunzi L A estimativa é que a planta brasileira entregue o priíder no mercado mundial de equipamentos ferroviários, que movimenta em torno de US$ 60 meiro trem da encomenda com o Metrô de São Paulo até bilhões por ano, a Bombardier Transportation o final desse ano. Nessa época, a unidade deverá estar apta consolidou, no dia 13 de abril, um investimento a fabricar um trem do monotrilho, que possui sete carros, pioneiro: a inauguração da sua fábrica de monotrilhos no por semana. “Nosso objetivo, depois de ultrapassar essa Brasil. Instalada em Hortolândia, no interior de São Pau- curva de aprendizagem, é fazer um carro por dia”, explica lo – onde a empresa já possui fotos: Divulgação uma unidade para reforma de trens de metrô –, a nova fábrica demandou US$ 15 milhões e irá atender o mercado nacional e internacional. O primeiro grande contrato é a encomenda de 54 trens para a extensão da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo. Para consagrar o início das atividades na planta, que nasce com a responsabilidade de produzir uma tecnologia inédita no país, a Bombardier reuniu quase 100 convidados, entre jornalistas, autoridades e diretores da empresa. Todos puderam circular pela nova fábrica e entrar em um mockup do monotrilho, exposto dentro do Convidados puderam entrar no mockup do monotrilho galpão. O governador Geraldo Alckmin esteve na cerimônia e ressaltou a importância do Luis Ramos, diretor de Relações Institucionais da Bomsistema para auxiliar a desobstrução do trânsito em São bardier para a América Latina. Para tanto, a empresa prevê Paulo. “Cada trem do monotrilho, fabricado aqui em Hor- contratar mais 250 pessoas, elevando para 600 o quadro tolândia, vai tirar 15 ônibus lotados das ruas da região me- de funcionários em Hortolândia. De acordo com Ramos, o monotrilho paulistano deverá tropolitana. É qualidade de vida”. Alckmin também destacou a questão ambiental, que é atrair a atenção para negócios com outras grandes cidades um dos pontos contemplados positivamente com o siste- brasileiras, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Recima de trens sobre vigas. “A tecnologia do monotrilho tira fe. Os contratos com o exterior também estão na pauta da óleo diesel das vias, tira fumaça, monóxido de carbono. É empresa, que afirma já ter sido procurada pela Índia – o uma energia limpa, elétrica, silenciosa. Não é o carro das país asiático tem um projeto de sistema de monotrilhos pessoas, mas sim transporte de alta capacidade, de quali- semelhante ao de São Paulo, que nasce como o monotrilho dade, para atender o grande desafio metropolitano que é a de maior capacidade do mundo. A nova unidade industrial foi construída em tempo remobilidade urbana”, afirmou em seu discurso. 58 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Crédito: Camila Fontana/RF Obras em trecho da Linha 2-Verde, por onde passará o monotrilho da Bombardier corde – 18 meses –, e já está operando. O local foi projetado com base na tecnologia dos centros de produção de engenharia da Bombardier nas cidades de Kingston e Saint Bruno, no Canadá, e de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Apesar do primeiro contrato fechado ser o pedido do Metrô, a intenção da empresa é centralizar todas as futuras encomendas, inclusive para América Latina e Europa. “Nós temos outra unidade em Kingston, no Canadá, mas queremos centralizar aqui no Brasil. Tudo vai depender da evolução do mercado”, afirmou Luis Ramos. Tecnologia inédita O primeiro monotrilho brasileiro será uma extensão da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo, que ligará o bairro de Vila Prudente à Cidade Tiradentes – ambos na zona leste da cidade. No total, o percurso terá 24,6 km, com 17 estações elevadas a 15 metros de altura. Os veículos se movimentarão sobre dois eixos de concreto (um para ir e outro para voltar), alimentados por eletricidade. Cada monotrilho terá sete carros, com capacidade total de transporte de 1.000 passageiros, atendendo à demanda de 550 mil pessoas por dia – ou seja, semelhante a um metrô convencional. A estimativa é que o sistema faça o trajeto de um ponto ao outro da linha em 50 minutos. Atualmente, feito de ônibus, o percurso leva em torno de duas horas. A Bombardier faz parte de um consórcio formado com as construtoras OAS e Queiroz Galvão. O contrato para implantação do sistema foi fechado com o Governo do Estado em R$ 2,46 bilhões, sendo R$ 1,44 bilhão destinado especificamente ao fornecimento dos trens. Fornecimento este que passa a ser, a partir de agora, feito diretaGeraldo Alckmin ressaltou a importância do sistema mente do Brasil. para a mobilidade em São Paulo revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 59 monotrilho Um novo produto, para um novo mercado " ão é um veículo para média densidade, como dizem. O monotrilho é um trem comparável ao metrô, com capacidade para mil passageiros por trem, 40 mil passageiros por hora-sentido, CBTC e headway de 90 segundos, podendo chegar a 75 segundos. Não existe em nenhum lugar do mundo. Foi desenvolvido pela Bombardier para podermos reingressar com força no mercado "brasileiro”. Com estas palavras, Andre Navarri, presidente da Bombardier Transportation – a maior indústria ferroviária do mundo em faturamento – definiu a estratégia da empresa na sua volta para o Brasil, durante a inauguração da fábrica de monotrilhos em Hortolândia, São Paulo. O mercado brasileiro, disse ele, estava ocupado por players poderosos. “Para entrar aqui, tínhamos que vir com produtos inovadores, como é o próprio monotrilho, o sistema CBTC, que vamos instalar na Linha 5 do Metrô de São Paulo, e também a sinalização ERTMS, que vamos instalar, pela primeira vez no Brasil, na SuperVia”. A nova fábrica em nada se parece com o acanhado galpão que a Bombardier ocupava há 10 anos no mesmo local, na antiga Cobrasma, para reformar os trens do Metrorec, fabricados pela Santa Matilde. Agora são seis galpões, com 25 mil metros quadrados de área, onde, além dos monotrilhos, a empresa está fazendo a reforma completa de 26 trens (156 carros) da Linha 1 do Metrô de São Paulo. Ali serão construídos 54 trens de monotrilho com sete carros cada, destinados à extensão da Linha 2 do metrô. São 378 carros no total, dos quais somente um protótipo virá da fábrica de Kingston, no Canadá – e isso porque só em Kingston “Para entrar aqui, tínhamos que vir com produtos inovadores”, diz Navarri 60 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 existe uma pista de teste para monotrilhos. Ao longo do processo, o índice de nacionalização deverá subir a 60% do total das unidades. Continuarão sendo importados os truques, principal desenvolvimento do novo veículo, os controles eletrônicos, o ar condicionado, as portas e os pneus Michelin. Segundo Navarri, uma das tarefas da Bombardier será desenvolver fornecedores locais. Já estão contratados a Hubner Suhner, que expandiu a fábrica especialmente para atender à encomenda de toda a cablagem dos trens; a Vitrotec, fabricante de vidros blindados, que vai produzir vidros para as amplas janelas do monotrilho; a Voith, para os engates; a Knorr-Bremse, para o sistema de freios; a MVC, do grupo Marcopolo, associada à BFG, de Bahrein, para as máscaras dianteiras e traseiras dos carros; e a Itaim Iluminação, a Sanko Espumas e a Tecnometal, para as cabines. As chapas de aço para o estrado serão Usiminas. Portas e ar condicionado virão da Faiveley China, mas poderão ser nacionalizadas pela Faiveley Brasil. Navarri vê um amplo mercado para seu monotrilho. “Principalmente Brasil e Índia, onde existem mega cidades como Dehli, e onde construir metrôs é muito caro”, diz ele. O candidato mais forte é o Rio de Janeiro, onde existem várias possibilidades: o Porto Maravilha, a cidade olímpica na Barra da Tijuca e a Linha 3, em Niterói. “Tudo pode estar pronto antes das Olimpíadas”, garante Navarri. “Oficialmente”, disse ele em seu discurso, “diante do governador Geraldo Alckmin, a partir de hoje, Hortolândia é o centro mundial de produção de monotrilhos da Bombardier”. Crédito: Bombardier N André Nararri, presidente da Bombardier Transportation, afirma que o monotrilho de alta capacidade será estratégico para enfrentar a concorrência do mercado brasileiro S I S T E M A S PA R A V E Í C U LO S F E R R O V I Á R I O S K de CONFIANÇA. Utilizando peças originais Knorr-Bremse, você tem a certeza de que está investindo corretamente o orçamento destinado à manutenção de seus equipamentos, conservando a originalidade e a integridade do sistema. A utilização de peças não originais, reduz a segurança do seu veículo ferroviário que transporta não só bens materiais, mas o mais importante, pessoas! Confiança..... com K. | www.knorr-bremse.com.br | CPTM 20 anos de CPTM Operadora de trens de São Paulo comemora aniversário de criação com investimentos em modernização de suas linhas CRÉDITO: Divulgação Mariana Neves Estação Dom Bosco, na linha 11-Coral da CPTM, com um TUE fabricado pela CAF A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos completa 20 anos de criação no dia 28 de maio. Desde 1992, a empresa, que fazia parte da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e passou pela administração da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), sofreu muitas mudanças e está passando por um processo de modernização de suas linhas. O governo paulista está investindo cerca de R$ 1,50 bilhão na modernização de sua estrutura, que incluem sistemas (sinalização, telecomunicações e energia), intervenções na via permanente, rede aérea, compra de trens e acessibilidade das estações. Em 2011, os investimentos na CPTM totalizaram R$ 1,54 bilhão e neste ano a previsão é que seja feito um aporte de R$ 1,50 bilhão. O presidente da CPTM, Mário Manuel Seabra Rodrigues Bandeira, destaca que hoje 65% da frota de trens da companhia tem menos de 10 anos e que até o final de 2015 o objetivo é estar com 100% da frota com ar condicionado, sistema de comunicação com usuário e monitoramento por câmeras de vídeo. Também estão sendo trocados 94 aparelhos de mudança de via (AMVs) de todas as linhas. Os novos seguem os padrões da UIC e devem proporcionar maior ganho operacional. “Essa troca vai permitir travessias e retornos opera- 62 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 cionais mais rápidos”, explica Bandeira. Além disso, a empresa está desenvolvendo projetos de expansão, com ampliação e novas linhas. Até o final deste ano, a companhia pretende licitar as obras de expansão da Linha 9-Esmeralda e da nova Linha 13-Jade. Os dois projetos estão em fase de elaboração de projetos básico e executivo. Na linha 9, a CPTM quer expandir 4,5 km, entre Grajaú e Varginha. O novo trecho contará com duas novas estações, Mendes e Varginha. Já a Linha 13-Jade está projetada para chegar até o aeroporto de Guarulhos, partindo da estação Engenheiro Goulart, da Linha 12-Safira, e passando por Zezinho Magalhães, em Guarulhos. A linha terá 11 km e duas estações. O projeto contempla ainda a modernização da estação Engenheiro Goulart. Também estão em andamento os projetos dos trens regionais de São Paulo para Jundiaí (o projeto funcional está pronto, aguardando o governo para licitar o básico e o executivo), Santos e Sorocaba, ambos com projeto funcional em andamento. Ao longo desses 20 anos de criação, a estrutura da CPTM mudou muito e continuará mudando. Bandeira lembra que os trens circulavam com portas abertas e pessoas morriam “surfando” nos trens e, hoje, essa realidade não existe mais. Em seu primeiro ano de operação, a operadora de pas- sageiros chegou a registrar 800 mil usuários/dia. Hoje, são transportados 2,6 milhões de usuários/dia (contando as baldeações), nas seis linhas da empresa, que abrangem 22 municípios. “Daqui a 20 anos, a gente projeta a CPTM como uma importante empresa de serviço estratégico para ordenar essa questão de mobilidade na região metropolitana, envol- vendo até o entorno dos 100 km. Na minha opinião, isso vai extrapolar a partir do momento que a gente chega a Sorocaba, a Santos, e novos desejos de viagens vão se concretizando tipo Ribeirão Preto, Piracicaba, Bauru e assim por diante, que é o que já foi no passado nos anos 40 e 50, quando tínhamos vários ramais no Estado”, projeta o presidente da companhia. A experiência de quem viveu... tro e seis minutos”, destaca Sugai. “O mais legal da CPTM, nos últimos 20 anos, foi o reconhecimento dela com os funcionários. Sou supervisor (de sinalização) há 13 anos, mas se a minha equipe não vivenciasse os mesmos objetivos que eu, às vezes eu não seria um grande funcionário para a empresa. A equipe e o investimento humano que a CPTM fez transformou todos nós. Então, todo mundo tem o mesmo objetivo no trabalho, que é transportar passageiros e a gente luta por isso”, ressalta Santos. Crédito:Divulgação Eles têm mais de 20 anos de CPTM e acompanharam de perto o desenvolvimento da empresa. Pedro Kenje Sugai tem 52 anos de idade e 33 anos de empresa. Já Eduardo Jesus dos Santos, 42 anos, sendo 28 deles dedicados a CPTM. Os dois traba- Sugai e Santos trabalham há mais de 20 anos na companhia “O transporte de passageiros em lham em áreas diferentes, um na área de projetos e o outro na São Paulo era muito precário. Os de sinalização, respectivamente, mas trens viajavam de portas abertas, os compartilham da mesma opinião: os intervalos entre trens eram de 15 a investimentos nos últimos anos fo- 20 minutos, e às vezes até maiores. ram fundamentais para o desenvolvi- Graças aos investimentos, inclusive mento da companhia, principalmente em treinamento e formação de pesos recursos destinados à qualificação soal, estamos rodando, em alguns horários, com intervalos entre quados funcionários. revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 63 FerrLeo Do brinquedo à ferrovia A união de um dom com a paixão por trens resultou na a FerrLeo, uma garden railway (ferrovia de jardim) localizada em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo E Mariana Agunzi le tinha apenas 9 anos quando começou a traba- tiva: uma EMD GL8, de 80 quilos, que tinha capacidade de lhar com o pai em uma oficina metalúrgica. Na- puxar até quatro pessoas. tural da cidade de Itamogi, no interior de Minas Entre 1998 e 2000, deu forma a mais duas locomotivas Gerais, o ferreomodelista José Leonel Damasce- GE U20 (que circulavam na antiga Fepasa), com cerca de no Filho se mudou ainda criança para Ribeirão Preto, em 110 quilos cada. Trabalhando somente aos finais de semana, São Paulo. Foi nessa época, início da década de 70, que construiu uma linha férrea de 27 metros no quintal da própria fez seu primeiro passeio de trem, partindo fotos: Arquivo pessoal da estação da Mogiana, em Ribeirão, para a cidade de Franca. A empatia foi rápida, mas não tanto quanto a surpresa – quando chegou com o pai na estação ferroviária, o trem, que estava se aproximando, apitou. “Saí correndo de susto”, conta ele. Mas o menino não correria para longe dos trilhos por muito tempo. Vindo de uma família humilde, e com um grande dom para criar, Leonel sempre montava os próprios brinquedos. Depois da viagem que fez com o pai, passou a se interessar por trens, e tudo em seu dia a dia começou a girar em função da ferrovia. “Comecei a desenhar locomotivas, trilhos, estações... Fiz um trem com rodas de tampinha de garrafa, e uma miniferrovia com cabo de vassoura”, relata o ferreomodelista, que nunca mais parou de construir as miniaturas. Próxima réplica do ferreomodelista será uma locomotiva a vapor O próprio nome, aliás, já faz referência à ferrovia. Leonel lembra “Lionel”, de Joshua Lionel Cowen, casa, para rodar as reproduções. “Muita gente começou a vir fundador da americana Lionel Corporation, tradicional fa- me visitar. As pessoas batiam em casa pedindo para ver o bricante de trens de brinquedo. Coincidência ou destino? trem”, relata. Quando era chamado para exibições, carregava Não se sabe. O fato é que o hobby do mineiro começou a trilhos e locomotivas e rodava os veículos. E então, a ferrotomar dimensões maiores quando foi convidado a partici- via de fundo de quintal começou a ganhar vida. par de uma exposição em sua cidade. Na ocasião, em 1997, ele levou ao público um trem de madeira, que havia cons- Aberta ao público Após um pedido feito à prefeitura de Ribeirão Preto, Letruído para os sobrinhos. Após o sucesso no evento, passou onel Damasceno recebeu duas áreas, de 400 metros cada, a ver a arte de criar brinquedos com outros olhos. Definiu a escala de construção de seus trens, 1:10, e come- para expandir sua miniferrovia e mantê-la, enfim, aberta ao çou a reproduzir os modelos reais, em paralelo à profissão de público da cidade. O ferreomodelista levou cinco anos para metalúrgico. A via férrea também passou a ser construída em concluir a primeira área, que foi finalizada em 2006. A traescala, reproduzindo a bitola métrica – ou seja, dez centíme- jetória não foi fácil – falta de patrocínio e apoio financeiro tros. Então, em 1998, Leonel construiu sua primeira locomo- eram sempre os principais entraves. “No período da cons64 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 trução, tentei fazer eventos para buscar verba. Mas acabava mesmo mexendo no orçamento de casa, dentro do limite que eu podia gastar. Por isso foi tudo a longo prazo”, relata o criador da FerrLeo. Entretanto, o mais inusitado foi fazer a ligação entre os dois terrenos, que estavam sepaTrem de passageiros consegue transportar até oito pessoas rados por uma rua. “Entrei com um pedido na prefeitura para autorizar a construção da passagem de nível, mas o projeto nunca saiu de lá”, explica . Diante do impasse, Leonel não pensou duas vezes. “Interditei a rua por três dias, quebrei o asfalto, coloquei os trilhos e fiz a passagem”. O gesto foi abusado, mas não impediu o metalúrgico de seguir em frente. Até uma denúncia no Departamento de Trânsito de São Paulo (Detran) não vingou, e a passagem de nível está operando até hoje. Ao todo, a FerrLeo conta com um trem de passageiros, que tem capacidade para carregar de seis a oito pessoas, e dois trens de cargas – sendo um dedicado a contêineres, reproduzidos na proporção de 1,3 m de comprimento por 0,27 m de altura. As locomotivas são oito, movidas à bateria de até 100 amperes. Operando conhecimento Leonel conta que quando começou a rodar os primeiros trens, percebeu que o público era bastante leigo e não conhecia, efetivamente, o que é uma estrada de ferro. Por isso, resolveu incluir aulas sobre ferrovias ao final de cada passeio, atraindo a atenção de crianças e adultos que se interessam sobre o assunto. Atualmente, a FerrLeo funciona aos domingos, das 8h00 às 13h00, na Praça da Paz, em Ribeirão Preto. Apesar de já estar em pé há mais de 3 anos, a miniferrovia ainda demanda capital para se manter viva e expandir. “Vou tocando com meus próprios investimentos. Eu vendo o almoço, compro a janta e faço a ferrovia”, brinca o ferreomodelista, que mesmo aposentado continua se dedicando à arte. Centrais de Concreto e Misturadores WCH, a melhor opção para sua produção Visite nosso stand nr. A07: Consultoria, Equipamentos para Pré-Moldados Weiler-C.Holzberger Industrial Ltda Rio Claro- SP Brasil Tel.:++55(19) 3522 5900 Fax: 3522 5905 www.weiler.com.br [email protected] revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 65 dia do ferroviário O menino do presidente A Revista Ferroviária selecionou, entre 21 textos, a história de Marciano Barreto. Apaixonado por ferrovias desde pequeno, ele colocou na cabeça que seria maquinista - e não desistiu até conseguir O Crédito: Arquivo pessoal dia 30 de abril é especial para todos os funcionários das ferrovias brasileiras, afinal, é nessa data que se comemora o Dia do Ferroviário. Pensando em fazer uma homenagem aos trabalhadores que participam da evolução das ferrovias no país, a Revista Ferroviária lançou um concurso literário convidando seus leitores a contarem a ligação de suas vidas com as estradas de ferro do país – o concurso “Minha Vida na Ferrovia”. A RF recebeu 21 textos de funcionários e admiradores das ferrovias de carga e passageiros do Brasil. São histórias engraçadas, emocionantes, inusitadas e que, acima de tudo, têm em comum uma única paixão: a ferrovia. Entre todas as histórias, a equipe da redação selecionou a do maquinista Marciano da Silva Barreto, de 34 anos. Barreto trabalha atualmente na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em São Paulo, e sonhou em ser maquinista desde pequeno. As outras histórias recebidas estão publicadas na reportagem ‘Uma viagem pelos trilhos no Dia do Ferroviário’, disponível no site da RF. Confira a seguir o relato vencedor. Barreto: “Sou ferroviário por opção e amor à profissão” 66 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 “Costumo dizer para as pessoas que a minha paixão pela ferrovia começou ainda no ventre da minha mãe, dona Del, quando ela caminhava às margens das linhas de um pátio ferroviário chamado Pulverização, na cidade de Barra do Piraí – Rio de Janeiro. E eu lá de dentro da barriga já escutava o barulho dos rodeiros passando nas talas dos trilhos. Também nesse pátio havia um estaleiro de solda de trilhos onde meu pai, Seu Domingos, trabalhava, isso na época da saudosa Rede Ferroviária Federal. O pátio era o quintal da minha casa. Eu fui crescendo e o gosto por ferrovias foi inevitável. O sonho de ser maquinista já estava instalado na minha cabeça. E o primeiro brinquedo que pedi ao meu pai não poderia ser outro, um ferrorama. Aquele era o brinquedo dos brinquedos! Mas na adolescência o ferrorama já não era tão atraente assim, e meu negócio agora era as locomotivas de verdade. Foi aí que começou a dor de cabeça da dona Del. Eu comecei a fugir de casa para ir para a estação ver os trens mais de perto, e logo fiz amizade com o pessoal da estação e com os maquinistas. Na época, havia dois primos que eram maquinistas – Amauri e Jaime, hoje em memória –, e sempre que eles estavam manobrando nesse pátio eu ia para lá andar nas locomotivas, escondido da minha mãe, claro. Muitas das vezes, minha mãe ia me buscar na linha com uma vara nas mãos, e sapecava as minhas pernas, mas não tinha jeito, eu voltava para a linha. Minha mãe chegou ao extremo de me amarrar numa corda com cadeado pra eu não fugir para a linha. Mas acham que isso me segurou? A paixão era muito forte e eu sempre arrumava um jeito de escapar. Coitada da minha mãe, como sofreu nessa época. Quando completei 15 anos ela já não se preocupava tanto e as minhas idas para a linha não eram mais “censuradas”. Eu chegava da escola, fazia o dever de casa, arrumava a cozinha do almoço e partia para a estação. Na estação eu ajudava o agente a anotar as composições que estavam estacionadas no pátio; buscava água, comprava as coisas numa venda que tinha perto da estação, varria a estação, etc. Mas a melhor hora era quando começavam as manobras do pátio. Eu corria na frente, ligava a locomotiva e ficava esperando o maquinista e o manobrador chegarem. Entrar dentro da cabine da locomotiva, para mim, era ga- Crédito: Arquivo pessoal O maquinista na Estação Engenheiro Neiva, em Guaratinguetá – SP nhar o dia. U20, SD18, SD38, U23, SD40 eram as locomotivas que geralmente apareciam por lá. Com muita vontade de aprender eu logo já estava sabendo ligar e desligar vários tipos de locomotivas e, lógico, conduzí-las também. Em algumas manobras lá no pátio de Pulverização, conhecido também como “Pó”, o maquinista era eu. Cheguei até conduzir um cargueiro da cidade de Volta Redonda a Barra do Piraí, auxiliado pelo maquinista, claro. Mas apesar de estar vivendo um sonho, a situação da ferrovia naquela época muito me entristecia. A RFFSA estava decadente, locomotivas em péssimo estado, composições andando sem manutenção adequada, pessoal desmotivado, e o pior para mim, a falta de perspectiva de melhoria e contratação de mão de obra, o que não me dava oportunidades de realizar o sonho de ser maquinista. A RFFSA estava andando a passos firmes para a desestatização. Eu nem imaginava que a desestatização seria a luz no fim do túnel para mim, que a realização do meu sonho estaria nela. Mas não pensem que foi fácil. A MRS Logística, assim que assumiu a RFFSA, se deparou com muitos problemas e foi abrir vagas para maquinistas, se não me falha a memória, em 1997. Mas infelizmente não pude participar do processo seletivo, pois não tinha um curso técnico exigido pela MRS na época. Também nessa época passei em outro processo seletivo (esse meio que a contra gosto), que era o exército. Fui para o serviço militar obrigatório e acabei ficando cinco anos no quartel. Cheguei até achar que o serviço militar me faria esquecer os trens, ilusão. revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 67 dia do ferroviário Em 2001, saí do quartel e comecei a trabalhar de moto- mas estava completamente errado. boy. Trabalhei um ano, cheguei até a iniciar uma sociedade O e-mail que mandei para o Júlio o agradou tanto que ele numa empresa de entregas expressas com um amigo, mas fez com que meu e-mail fosse citado em reuniões de gesnão deu certo. No ano seguinte, em 2002, tão participativa dentro da MRS, me usando comecei a trabalhar em uma empresa auto- "Eu corria na frente, como exemplo de ousadia e determinação. motiva, e até achei que ia me interessar por Eu fiquei sabendo que meu e-mail tinha sido ligava a locomotiva carros. Mas o sonho de ser maquinista não citado em uma reunião quando encontrei um e ficava esperando saía da minha cabeça. De 2002 em diante, a primo que trabalhava na MRS, que me conMRS começou a ter uma demanda forte nos tou que meu nome tinha sido citado nessa o maquinista e transportes e precisou contratar muitos mareunião. Foi aí que acendeu o farol da espeo manobrador quinistas, e foi nessa onda que eu tentei. Mas rança. chegarem. Entrar infelizmente foram três tentativas e nada, só Alguns dias depois, ao acessar minha caidentro da cabine, frustração. xa postal, lá estava a resposta do Júlio, eloFoi então que meio veio à mente uma ideia, giando minha atitude e dizendo que a MRS para mim, era digamos, ousada. Resolvi escrever um e-mail gostaria muito de me conhecer. Na época eu ganhar o dia" para o presidente da MRS, que na época era o estava fazendo um curso de motores no SEJúlio Fontana Neto. Eu escrevi para ele um e-mail contando NAI de Resende-RJ pela Peugeöt Citroen, e meu telefone um pouco sobre esse meu sonho de ser maquinista, sobre os tocou, aparecendo na tela o DDD 32. Meu coração na hora processos seletivos que já tinha participado e contei também foi à boca, era a MRS me ligando para agendar uma ida até um pouco do que eu já tinha de experiência informal na fer- a sua sede em Juiz de Fora, Minas Gerais. rovia. Eu mesmo estava achando aquela ideia muito louca, No dia 10 de setembro de 2004 fui para Juiz de Fora, 68 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 para a tão esperada entrevista. Nunca tinha ido à cidade e ainda fui em uma moto CG 125, emprestada por um amigo. Chegando lá, fui recebido por Renato Vilarinho, gerente corporativo de RH da MRS, que me esperava segurando nas mãos umas quatro folhas de papel – era o e-mail que enviei impresso. E ele me perguntou: “Você que é o menino do presidente?”. Eu apenas sorri. O Renato me fez muitas perguntas, talvez para confirmar o que eu havia enviado pelo e-mail, e finalmente me deu a notícia de que eu iria sim ter uma chance de entrar para a ferrovia, mas que não seria como maquinista e sim como manobrador ferroviário. E me perguntou se eu aceitaria. Mas meu negócio era ser maquinista, não manobrador. Então ele me disse que se eu tivesse um bom desempenho como manobrador que eu teria a oportunidade de fazer o curso de operador ferroviário e posteriormente passaria a maquinista, sempre conforme o meu desempenho. “Tá bom, aceito”! No dia 20 de outubro de 2004, fui contratado pela MRS como manobrador. Trabalhei 1 ano e 7 meses como manobrador no posto BC em Volta Redonda – RJ. No dia 1º de agosto de 2006, fui transferido para a Tração para desempenhar a função de auxiliar de maquinista, iniciando o curso de maquinista em janeiro de 2007, sendo finalmente promovido à maquinista no dia 1º de outubro de 2008. Depois de muita luta e persistência, o sonho estava sendo realizado. Fiquei lotado na escala de maquinistas de Volta Redonda e de lá conduzia trens para os três estados atendidos pela MRS: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Trabalhei na MRS até o dia 15 de Julho de 2011, quando pedi pra ser desligado para seguir um novo desafio: o de trabalhar como maquinista de trens metropolitanos na CPTM, em São Paulo. Agora o desafio envolve o transporte de vidas! Mas, se eu for contar aqui o dia a dia de um maquinista, podem ter certeza que vai dar um senhor livro. Termino aqui dizendo que nada nessa vida é feito só de sonho. Assim como todas as profissões, por mais bela que seja, a de ferroviário requer muita dedicação e sacrifício. Sacrifício esse que muitas das vezes é dividido com nossos filhos e esposa. Nossa família é o combustível que alimenta essa paixão. Ferroviário por opção, por amor à profissão!” revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 69 estudo de mercado Todos os vagões Frota nacional atinge 100,9 mil unidades, com destaque para os vagões tipo plataforma Crédito: Mariana neves: A Vagão plataforma bobineiro da Randon desenvolvido para a MRS Logística frota brasileira de vagões aumentou 3,9% do segundo bimestre de 2011 para o mesmo período desse ano, passando de 97.110 para 100.935 unidades. Os vagões plataforma foram os que tiveram maior crescimento em comparação com o ano anterior (6,9%), passando de 10.425 para 11.145 unidades. A diferença se deve sobretudo a aquisições feitas por clientes, para o transporte de contêineres e cargas siderúrgicas. As ferrovias da Vale – FCA, Vitória a Minas, Norte- -Sul e Carajás – foram as que tiveram maior aumento da frota de clientes, com 904 vagões do tipo plataforma e hopper adquiridos de 2011 para 2012. A Estrada de Ferro Vitória a Minas, por sua vez, registrou uma queda no volume de vagões fechados (-16%), que foram transformados e adicionados à frota de hopper. A Estrada de Ferro Carajás, em conjunto com Ferrovia Norte-Sul, foi a ferrovia que mais se destacou de um ano para o outro, registrando aumento de 14,7% na frota própria – que passou de 13.480 para 15.465 vagões. TOTAL POR TIPO DE VAGÃO Tipo Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Terra-trilho Gaiola Outros Total 70 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Frota Própria 2011 2012 7444 7396 42660 44824 24852 25231 10196 10471 5997 6003 101 101 29 29 1097 1096 92376 95151 Frota Clientes 2011 2012 529 530 523 523 2497 3101 229 674 956 956 0 0 0 0 0 0 4734 5784 2011 7973 43183 27349 10425 6953 101 29 1097 97110 Total 2012 7926 45347 28332 11145 6959 101 29 1096 100935 TOTAL POR TIPO DE OPERADORA ALL Transnordestina FCA EF Carajás + FNS EF Vitória a Minas FTC EF Amapá MRS Ferroeste Total Frota Própria 2011 2012 27451 27451 1541 1556 13425 13425 13361 15271 19356 19390 465 466 263 299 16454 17233 60 60 92376 95151 Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Terra-trilho* Outros Total Frota Própria 2011 2012 2926 2926 2957 2957 13961 13961 3237 3237 3418 3418 101 101 851 851 27451 27451 Tipo Frota Clientes 2011 2012 2161 2306 161 161 1245 1924 119 194 0 150 0 0 0 0 1048 1049 0 0 4734 5784 2011 29612 1702 14670 13480 19356 465 263 17502 60 97110 Total 2012 29757 1717 15349 15465 19540 466 296 18282 60 100932 ALL Tipo Frota Clientes 2011 2012 378 378 0 0 1164 1164 0 145 619 619 0 0 0 0 2161 2306 2011 3304 2957 15125 3237 4037 101 851 29612 Total 2012 3304 2957 15125 3382 4037 101 851 29757 *Vagões roadrailers comprados da norteamericana Wabash, no início da concessão TRANSNORDESTINA LOGÍSTICA Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Gaiola Outros Total Frota Própria 2011 2012 364 363 52 52 430 430 260 270 422 428 8 8 5 5 1541 1556 Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Outros Total Frota Própria 2011 2012 2597 2597 2774 2774 4124 4124 1928 1928 1844 1844 158 158 13425 13425 Tipo Frota Clientes 2011 2012 85 85 0 0 0 0 76 76 0 0 0 0 0 0 161 161 2011 449 52 430 336 422 8 5 1702 Frota Clientes 2011 2012 66 66 0 0 735 1264 150 300 294 294 0 0 1245 1924 2011 2663 2774 4859 2078 2138 158 14670 Total 2012 448 52 430 346 428 8 5 1717 FCA Tipo Total 2012 2663 2774 5388 2228 2138 158 15349 EF CARAJÁS + FERROVIA NORTE-SUL Tipo Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Outros Total Frota Própria 2011 2012 12 12 11498 13276 1338 1401 343 413 133 133 37 36 13361 15271 Frota Clientes 2011 2012 0 0 0 0 76 151 0 0 43 43 0 0 119 194 2011 12 11498 1414 343 176 37 13480 Total 2012 12 13276 1552 413 176 36 15465 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 71 estudo de mercado EFVM Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Outros Total Frota Própria 2011 2012 283 236 14142 14176 2657 2704 2105 2105 139 139 30 30 19356 19390 Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Outros Total Frota Própria 2011 2012 56 56 369 369 20 20 20 21 0 0 0 0 465 466 Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Outros Total Frota Própria 2011 2012 2 2 1 1 234 270 16 16 6 6 4 4 263 299 Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Gaiola Outros Total Frota Própria 2011 2012 1144 1144 10867 11219 2088 2321 2287 2481 35 35 21 21 12 12 16454 17233 Fechado Gôndola Hopper Plataforma Tanque Outros Total Frota Própria 2011 2012 60 60 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 60 60 Tipo Frota Clientes 2011 2012 0 0 0 0 0 0 0 150 0 0 0 0 0 150 2011 283 14142 2657 2105 139 30 19356 Frota Clientes 2011 2012 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2011 56 369 20 20 0 0 465 Frota Clientes 2011 2012 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2011 2 1 234 16 6 4 263 Frota Clientes 2011 2012 0 1 523 523 522 522 3 3 0 0 0 0 0 0 1048 1049 2011 1144 11390 2610 2290 35 21 12 17502 Frota Clientes 2011 2012 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2011 60 0 0 0 0 0 60 Total 2012 236 14176 2704 2255 139 30 19540 FTC Tipo Total 2012 56 369 20 21 0 0 466 EF AMAPÁ Tipo Total 2012 2 1 270 16 6 4 296 MRS Tipo Total 2012 1145 11742 2843 2484 35 21 12 18282 FERROESTE Tipo 72 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 Total 2012 60 0 0 0 0 0 60 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 73 nota técnica Metodologia para avaliar a interação entre trem e ponte Rodolfo Alvarado Montoya, engenheiro master da Vale-São Luís Remo Magalhães de Souza, professor da UFPA-Belém 1º lugar do III Prêmio EDLP de Produtividade do Cliente Ferroviário 1. INTRODUÇÃO As pontes e viadutos são estruturas complexas solicitadas por cargas móveis que induzem efeitos dinâmicos na estrutura [1]. Os fatores como tipo e velocidade do veículo, defeitos na via, frequências naturais, modos de vibração e taxas de amortecimento da estrutura são de muita importância, já que podem levar à ocorrência de ressonância e com o acumulo de dano de fadiga, pode levar a estrutura ao colapso. A qualidade dos resultados obtidos pelos métodos numéricos para a análise de estruturas depende da capacidade de reprodução das características fundamentais do fenômeno que estes métodos tentam simular. Idealmente, estes métodos devem apresentar a maior precisão possível com o menor custo computacional. Para a análise utilizando interação entre o veículo e a ponte é muito importante determinar a importância de cada parâmetro que interagirá com a estrutura, já que são compartilhadas as propriedades e resposta estruturais, na figura 1, podemos observar a grande diferença de dimensões de um veiculo ferroviário com uma ponte. Fig. 1 Veículo ferroviário trafegando em ponte [2] Por tanto temos a necessidade de desenvolver uma metodologia para a análise de pontes ferroviárias mais precisa, que garanta a simulação do comportamento de interação entre o trem e a ponte mais de forma mais realista. 2. OBJETIVO O objetivo geral deste artigo consiste na apresentação de uma formulação geral que pode ser utilizada para o desenvolvimento de um programa de computação para análise dinâmico com interação trem e ponte. 3. JUSTIFICATIVA O avanço do conhecimento sobre o comportamento das 74 ABRIL/maIo de 2012 revista ferroviária | abril/maio pontes ferroviárias é muito importante para a mineração no Brasil, contribuindo assim para a segurança, viabilidade econômica do projeto e com o meio ambiente, já que estaremos dimensionando as estruturas mais realistas, utilizando menor quantidade de material e no caso de uma estrutura de concreto podemos diminuir a quantidade de emissão de CO2. Além disso, esta análise é indispensável no cálculo de pontes ferroviárias com veículos de alta velocidade, já que a velocidade é um fator relevante nas amplificações dinâmicas. Na figura 2, mostra-se dois veículos trafegando a diferentes velocidades sobre uma ponte, onde a linha preta é a uma velocidade perto de zero e a linha verde a 190 km/h. Fig. 2 Aumento das acelerações em função à velocidade [4] Este trabalho foi concebido como parte do convênio entre a Vale e o Núcleo de Instrumentação e Computação Aplicado a Engenharia (NICAE) da Universidade Federal do Pará (UFPA), iniciado em junho de 2007, conduzindo um estudo para validar a metodologia de avaliação da integridade das pontes na Estrada de Ferro Carajás. 4. MODELO NUMÉRICO DA PONTE Os modelos da ponte são definidos com o método dos elementos finitos, utilizando um elemento barra com seis graus de liberdade nos extremos e resolvendo equações diferenciais de primeira e segunda ordem, depois obtém-se os deslocamentos nos extremos do elemento em função do comprimento do elemento e o ponto dentro do elemento que se esta analisando. A equação 1 nos permite a determinação dos deslocamentos de um ponto (x) qualquer a partir dos deslocamentos dos extremos. (1) onde N(x) é denominada matriz de função de forma de elemento, mostrada na equação 2. (2) Agora denominamos a derivada desta matriz como B(x) que é a matriz que relaciona as deformações generalizadas da seção com os deslocamentos nodais do elemento, como se mostra na equação 3. (3) As equações de movimento de um sistema de múltiplos graus de liberdade podem ser estabelecidas a partir do equilíbrio direto das forças associadas a cada grau de liberdade, ou através do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV), obtendo assim, (4) Na equação 5 são mostradas as soluções das matrizes. (5) onde, m é a matriz de massa consistente, c é a matriz de amortecimento, k é a matriz de rigidez e pt o vetor de forças nodais do elemento (incluindo as forças nodais equivalentes às cargas distribuídas), e m(x), c(x) são as massas e amortecimento por unidade de comprimento, Ks é a matriz de rigidez da seção e q(x) é o vetor contendo as cargas distribuídas na direção x e y. Posteriormente de obter as matrizes de massa, amortecimento e rigidez de cada elemento, deverá montar-se a matriz da estrutura e resolver o problema. 5. MODELO NUMÉRICO DOS VEÍCULOS Os modelos do veículo podem ser obtidos a partir das equações de Lagrange, que correspondem à equação de equilíbrio dinâmico, sendo que em termos de energia. Em um sistema conservativo, para o qual se deve cumprir que todas as forças que atuam são deduzíveis a partir de uma função potencial, obtêm, (6) representam as coordenadas geralizadas do onde, sistema. à diferença Denomina-se lagrangeano da energia cinética, menos a energia potencial. Sendo a equação 7, uma equação de equilíbrio tanto físico como matemático, conhecida como Equação de Euler-Lagrange. (7) Nosso sistema possui elementos submetidos às forças que são proporcionais a sua velocidade, é possível acrescentar uma parcela à equação 7 utilizando uma função dissipativa R, assim, (8) onde, R é denominada função de dissipação de Rayleigh [5], mostrada na equação 9, onde é uma função que depende da velocidade e representa a dissipação do sistema. (9) Para nosso sistema composto de mola, massa e amortecedor têm-se que a energia cinética, energia potencial e a função de dissipação [7] são mostradas na equação 10. (10) onde, m é a massa, k é a rigidez e c é o amortecimento do sistema. Há situações em que o movimento ocorre em torno de um eixo, de tal modo que a massa pode produzir uma resistência à rotação e estará associada a uma energia cinética rotacional. Pode-se definir a energia cinética rotacional da massa a ea partir do momento de inércia rotacional de massa [7], como, velocidade angular (11) onde, é o ângulo de rotação e é o raio em relação ao eixo de rotação. Neste artigo se apresenta dois modelos de veículo o simplificado e completo. No modelo de veículo simplificado mostrado na figura 3, considera-se a massa suspensa da caixa, a rigidez e o amortecimento do sistema de suspensão. das rodas que estão Também é modelada a massa em contato com a estrutura, sendo acopladas à estrutura. Fig. 3 Modelo de interação simplificado e graus de liberdade [3] A Figura 3 ilustra os dois graus de liberdade deste modelo de veículo e o deslocamento generalizado (deslocamento relativo) entre as duas massas. Utilizam-se a equação de Lagrange mostrada na equação 8, para se obter as matrizes do veículo. Neste modelo, tem-se 2 graus de liberdade, portanto existem 2 equações revista ferroviária | abril/maio ABRIL/maIo de 2012 75 nota técnica de Lagrange. O deslocamento generalizado pode ser determinado, De uma forma resumida, se apresentam as matrizes dos veículos completo. O modelo numérico do veículo com- (12) onde, é o deslocamento vertical do centro da gravidaé o deslocamento vertical da roda, é o de do veículo, deslocamento generalizado. As equações de Lagrange que determinam o equilíbrio do sistema para este veículo são, pleto é apresentado na figura 4 e na figura 5. (13) A energia cinética produzida pela massa do veículo suspensa, a energia potencial produzida pela deformação da mola e a função de dissipação do veículo são, (14) A energia total do veículo sem considerar a dissipação é mostrada na equação 15. (15) Desenvolvendo por partes cada uma das equações de Lagrange da equação 13 se obtém, Fig. 5 Relação entre truque e modelo completo [4] (18) Na equação 18 são apresentadas as matrizes de massa do veículo. As matrizes K e C dos veículos são iguais só muda os valores internos como é mostrada na equação 19. (19) onde os valores do Ci,j são mostrados na equação 20. (16) Escrevendo esta equação na forma matricial, obtêm-se as seguintes matrizes de massa, amortecimento e rigidez. (17) são a massa da caixa e da roda do veículo onde, respectivamente, é constante do amortecimento viscoso do veículo, é a rigidez da suspensão do veículo. Em modelos com interação completa, a ação vertical é representada por elementos que simulam a suspensão primária, secundária e em alguns casos, a inércia rotacional do veículo. As forças que atuam sobre o sistema são impostas pela interação entre o veículo e estrutura, assumindo-se que as forças são aplicadas sobre a estrutura de modo concentrado. Fig. 4 Modelo de interação completa 76 revista ferroviária | abril/maio ABRIL/maIo de 2012 (20) 6. SOLUÇÃO NUMÉRICA DA INTERAÇÃO O modelo empregado para a integração do sistema completo, considerando todos os graus de liberdade, é baseado em um elemento de viga de Bernoulli, acoplado a um sistema correspondente ao eixo do veículo, tal como é mostrado na figura 6 para um veículo com interação simplificada [6]. Fig. 6 Elemento de Bernoulli com interação artworks.com.br V BRASIL NOS TRILHOS 15 ANOS DE CONCESSÃO. O Q U E FA Z E R AT É 2 03 0. 04 e 05 | SETEMBRO | 2012 BRASÍLIA | DF 04 E 05 | SETEMBRO | 2012 O transporte ferroviário é cada vez mais importante em nosso país. As cargas transportadas em nossas ferrovias já totalizam mais que o dobro do movimentado há 15 anos, quando foi implantado o modelo de concessões. A frota de locomotivas e vagões cresceu mais de 130% nesse período, com avançada tecnologia que lhe confere elevados padrões de produtividade e segurança. Hoje é muito mais ampla a diversidade de cargas nos trens, com destaque para produtos do agronegócio, cargas gerais e commodities como o minério de ferro e o carvão mineral. Para alcançar esses resultados, as concessionárias já investiram mais de R$ 28,6 bilhões e continuarão investindo no setor. Todo esse esforço faz parte de um grande desafio, que é de todos nós. O Brasil precisa contar com uma infraestrutura de transportes capaz de atender às demandas do desenvolvimento, em benefício de toda a sociedade. O V Brasil nos Trilhos será um momento marcante para que todos os segmentos ligados ao transporte sobre trilhos participem ativamente dos debates sobre os rumos do setor ferroviário. Com a presença de destacadas autoridades governamentais, executivos, acadêmicos, parlamentares, fornecedores, transportadores, operadores logísticos e usuários, entre outros, o evento focalizará em profundidade o papel do sistema ferroviário de carga e de passageiros diante das perspectivas do Brasil nas próximas décadas. Reserve seu lugar nessa viagem rumo ao futuro, garantindo desde já sua presença no V Brasil nos Trilhos. MAIS INFORMAÇÕES: 11-5096.8104 – [email protected] Realização: Apoio: Revista oficial: Comercialização e Organização: revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 77 nota técnica Denotam-se os graus de liberdade dos nós do eleos graus de liberdade corresponmento de viga, dentes à massa suspensa e à roda do veículo, respectivamente. Na equação 21 se descreve de um modo mais compacto a equação geral dos veículos com interação. (21) é a matriz de massa do veículo, é a matriz onde, é a matriz de rigidez do de amortecimento do veículo, veículo. As matrizes deverão ser associadas às correspondentes matrizes do elemento de viga de Bernoulli, para obter as matrizes do elemento de viga com interação, sendo que isto deverá ser considerado para cada localização da roda de cada veículo na ponte. As matrizes dos elementos devem ser recalculadas em cada passo de tempo, dependendo se há ou não solicitação sobre o elemento, para qualquer tipo de veículo. Nesta análise utilizam-se somente os deslocamentos verticais e as rotações do elemento de viga, adicionando-se os graus de liberdade do veículo. Os deslocamentos de cada roda são os que interagem com a estrutura e para determiná-los, usa-se uma função de interpolação, que dependerá da localização da roda sobre o elemento, na equação 22 se apresenta a interpolação. (22) onde, as funções de forma são mostradas na equação 23. (23) são comumente utilizadas para interpolação de deslocamentos em elementos de viga, e representarão a forma deformada dos elementos e os deslocamentos d estão indicados na figura 6. Para realizar a interação em todo o sistema, utiliza-se uma matriz de transformação T, que se mostra na equação 24. (24) onde, D são os deslocamentos do sistema completo (considerando os graus de liberdade da ponte e das massas suspensas) e 78 revista ferroviária | abril/maio ABRIL/maIo de 2012 (25) sub-matrizes, de tal forma que é uma sendo matriz diagonal identidade e tem tantas linhas quanto o número de graus de liberdade das massas suspensas, tem tantas linhas quanto o número de rodas do veículo. O número de colunas das duas submatrizes é igual ao número de graus de liberdade da estrutura, mais o número de graus de liberdade das massas suspensas. Para realizar a interação do veículo com a estrutura, as matrizes de massa, de amortecimento e de rigidez dos veículos e o vetor de forças que atua sobre a estrutura deverão ser transformados para que estas possam ser somadas às respectivas matrizes dos elementos de viga Bernoulli, da seguinte maneira (26) onde, M é a matriz de massa expandida da estrutura, C é a matriz de amortecimento expandida da estrutura, K é é o vetor a matriz de rigidez expandida da estrutura, é a matriz de forças de interação transformadas, é a matriz de de massa do sistema com interação, éa amortecimento do sistema com interação, matriz de rigidez do sistema com interação. antes de serem somadas na equaAs matrizes ção 26 devem ser expandidas, adicionando-se linhas e colunas nulas referentes aos graus de liberdade das massas suspensas dos veículos, de modo que estas matrizes possuam ordem igual ao do vetor D considerado na equação 24. , podem-se aproUsando a matriz de interpolação ximar os deslocamentos das rodas e as forças que atuam sobre a estrutura: (27) são os deslocamentos da estrutura e das onde, são massas suspensas, para cada instante de tempo, as forças de interação entre veículo e estrutura. Pode-se expressar o equilíbrio da ponte mediante a equação 28. (28) Desenvolvendo as equações 21, 27 e 28 e agrupando em forma de matriz, obtemos finalmente a equação 29, que serve para acoplar o veículo no elemento da viga. (29) 7. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA Como aplicação se estudará uma treliça e observará como os deslocamentos centrais aumentam quando mudamos de velocidades, sendo que se existe nesta ponte um processo de fadiga, quando aumentamos ou diminuímos as velocidades o dano pode aumentar ou vice-versa. Escolheu-se a ponte Suaçuí, localizado na linha 1, no KM 342+517 – Ramal Tronco da Estrada de Ferro Vitória Minas. Esta estrutura tem um comprimento total de 41,00m é uma treliça tipo Warren. O tipo de veículo será simplificado, a estrutura é mostrada na figura 7. Fig. 7 Ponte sobre o rio Suaçuí [8] A composição veicular esta composta por 3 Locomotivas + 167 vagões + 1 locomotiva + 83 vagões, o peso por eixo das locomotivas é de 27 toneladas e nos vagões de 22 toneladas cheio. 1,33 vezes maior. Observa-se na figura 11, que para uma velocidade de 190 km/h, os deslocamentos chegam até valores 3 vezes maior. Fig. 11 Deslocamentos no centro do vão com veículo a 190 km/h 8. CONCLUSÕES A rigidez e os amortecedores dos truques são importantes para dissipar energia e diminuir as amplificações dos deslocamentos na estrutura. Porém podemos observar se chegamos a um estado da arte que nos permita simular veículos e estruturas, podemos observar melhor o comportamento da energia do movimento e distribuir adequadamente os elementos, assim aproveitando os materiais e as propriedades destes. O estudo das vibrações e as amplificações deste tipo de estrutura são de muita importância para a engenharia. Portanto, é preciso estudá-los com maior precisão, de modo a permitir a obtenção de resultados mais reais. 9. REFERÊNCIAS Fig. 8 Veículos ferroviários Para velocidades muito baixas os deslocamentos não são amplificados, podendo-se dizer que a estrutura esta sendo solicitada com uma carga quase estática, como se mostra na figura 9. Fig. 9 Deslocamentos no centro do vão com veículo a 10 km/h Fig. 10 Deslocamentos no centro do vão com veículo a 50 km/h Observa-se na figura 10, que para uma velocidade de 50 km/h os deslocamentos chegam a alguns pontos [1] SAMPAIO, R.C., MAGALHÃES DE SOUZA; Desenvolvimento de metodologia para avaliação da integridade estrutural de pontes e viadutos ferroviários ao longo da Estrada de Ferro Carajás. Convenio UFPA-Vale, 2007. [2] AREMA; Bridge Inspection Handbook. The American Railway Engineering and Maintenance of Way Association, 2008. [3] MONTOYA, R.C.; Desenvolvimento de programa computacional para a análise de pontes ferroviários considerando interação veículo estrutura. Dissertação de Mestrado Universidade Federal do Pará. Brasil, 2009. [4] CALÇADA, R.; Aspectos críticos da infra-estrutura ferroviária de alta velocidade. Ciclo de Formação Avançada na Ferrovia, 2008. [5] BARBOSA, R.S.; Aplicação de sistemas multicorpos na dinâmica de veículos guiados. Tese Doutorado Universidade São Paulo. Brasil, 1999. [6]GABALDÓN, F.R.; Análisis dinâmico de estructuras sometidas a acciones de trenes de alta velocidad, considerando la interacción vehículo-estructura. Informe técnico-Universidad politécnica de Madrid. España,2005. [7]GERE, J.; Mecânica de Materiais. Livro editorial Thomson, 2006. [8] BITTENCOURT, T. N.; Monitoração da ponte do Rio Suaçuí-Relatório Final (LEM-VALE 02-10 FUSP 1892), 2010. revista ferroviária | abril/maio ABRIL/maIo de 2012 79 estatística Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão sendo contabilizados os passageiros transportados, incluindo as transferências entre linhas TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - JANEIRO 2012 Operadora 01/11 Passag./dia útil Δ% 01/12 Passag.(10³) Passag./dia útil Metrô-SP 3.197.100 77.646 CPTM 1.966.198 49.241 Metrô Rio 650.879 15.135 SuperVia 462.911 10.509 CBTU Recife 211.988 5.730 Trensurb 147.815 3.693 CBTU BH 157.424 3.998 Metrofor 11.338 287 CTS Salvador * 0 0 CBTU João 9.592 221 Pessoa CBTU Natal 8.182 177 CBTU Maceió 2.815 66 Metrô DF ** 124.100 3.102 VLT do Cariri 859 19 Total 6.951.201 169.824 * Devido a greve dos ferroviários não houve operação. Passag.(10³) Δ% Acumulado no ano até Jan Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2011 Passag.(10³)2012 Passag.(10³) 3.790.525 2.250.084 673.554 467.334 228.005 153.115 176.030 10.623 6.787 95.821 58.696 16.401 10.957 6.172 3.930 4.558 277 176 18,6 14,4 3,5 1,0 7,6 3,6 11,8 (6,3) 0,0 23,4 19,2 8,4 4,3 7,7 6,4 14,0 (3,8) 0,0 77.646,0 49.240,6 15.135,0 10.508,7 5.730,0 3.693,0 3.998,0 287,5 0,0 95.821,0 58.696,0 16.400,8 10.957,1 6.172,1 3.930,2 4.557,6 276,5 176,5 23,4 19,2 8,4 4,3 7,7 6,4 14,0 (3,8) 0,0 7.681 223 (19,9) 1,0 221,0 223,3 1,0 3.301 77 (59,7) (56,6) 177,0 4.326 110 53,7 67,2 66,0 89.317 2.322 (28,0) (25,1) 3.102,5 1.320 32 53,7 64,9 19,1 7.862.002 199.752 13,1 17,6 169.824 ** Dados não consolidados devido a mudança no sistema de bilhetagem 76,8 110,3 2.322,3 31,5 199.752 (56,6) 67,2 (25,1) 64,9 17,6 TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - FEVEREIRO 2012 Operadora Metrô-SP CPTM Metrô Rio SuperVia CBTU Recife Trensurb CBTU BH Metrofor CTS Salvador CBTU João Pessoa CBTU Natal CBTU Maceió Metrô DF * VLT do Cariri Total 02/11 Passag./dia útil Δ% 02/12 Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³) 3.676.600 2.209.231 693.074 479.273 231.829 154.632 182.578 11.944 6.302 85.652 52.441 15.853 10.869 5.674 3.540 4.277 285 143 4.270.801 2.447.714 719.019 496.972 251.423 145.463 204.252 10.028 5.351 96.131 58.579 17.040 10.276 6.474 3.461 4.582 228 134 16,2 10,8 3,7 3,7 8,5 (5,9) 11,9 (16,0) (15,1) 7.577 169 6.052 190 8.271 2.609 136.838 948 7.801.706 182 62 3.284 21 182.453 3.324 4.393 116.003 1.316 8.682.111 68 98 2.900 28 200.189 Δ% Acumulado no ano até fev Passag./dia útil Passag.(10³)2011 Passag.(10³)2012 Passag.(10³) 12,2 11,7 7,5 (5,5) 14,1 (2,2) 7,1 (19,9) (6,4) 163.298,0 101.681,5 30.988,0 21.378,1 11.404,4 7.233,0 8.275,0 572,6 142,9 191.952,0 117.275,4 33.441,0 21.232,7 12.645,6 7.391,1 9.139,6 504,9 310,3 17,5 15,3 7,9 (0,7) 10,9 2,2 10,4 (11,8) 117,1 (20,1) 12,3 389,8 412,9 5,9 (59,8) 68,4 (15,2) 38,8 11,3 (62,5) 57,6 (11,7) 33,9 9,7 359,3 128,3 6.386,6 39,8 352.277 145,1 208,6 5.222,3 59,2 399.941 (59,6) 62,5 (18,2) 48,8 13,5 * Dados não consolidados devido a mudança no sistema de bilhetagem. TRANSPORTE DE CARGAS POR FERROVIA - JANEIRO 2012 Operadoras ALL Brasil Transnordestina Log. E.F. Carajás E.F.V.M. Ferroban Ferronorte Ferroeste FCA FTC MRS Logística Novoeste Ferrovia Norte-Sul Total 01/11 TU (10³) TKU (106) 1.602,0 111,6 9.660,2 10.311,0 551,4 605,8 50,2 1.378,4 243,1 9.679,9 227,3 27,7 34.448,7 TKU (106) Δ% Jan 12/Jan 11 TU TKU TU (10³) 1.077,9 55,5 7.959,1 4.814,6 311,3 747,6 41,3 794,8 17,0 4.340,4 159,3 18,1 20.337,0 0,1 (14,2) (4,7) (14,2) (11,1) (11,3) 11,5 (11,7) (6,4) (4,8) (23,3) 12,4 (8,0) 1.602,0 111,6 9.660,2 10.311,0 551,4 605,8 50,2 1.378,4 243,1 9.679,9 227,3 27,7 34.448,7 01/12 1.130,5 52,5 8.376,2 5.713,9 344,5 839,8 35,7 1.002,7 15,6 4.481,4 119,5 11,7 22.124,0 TU (10³) 1.603,6 95,7 9.210,9 8.848,0 490,1 537,6 56,0 1.217,2 227,4 9.213,4 174,4 31,2 31.705,5 2011 (4,7) 5,6 (5,0) (15,7) (9,6) (11,0) 15,6 (20,7) 9,0 (3,1) 33,3 55,4 (8,1) TKU (106) 1.130,5 52,5 8.376,2 5.713,9 344,5 839,8 35,7 1.002,7 15,6 4.481,4 119,5 11,7 22.124,0 Acumulado no ano até Janeiro 2012 TU (10³) TKU (106) 1.603,6 95,7 9.210,9 8.848,0 490,1 537,6 56,0 1.217,2 227,4 9.213,4 174,4 31,2 31.705,5 1.077,9 55,5 7.959,1 4.814,6 311,3 747,6 41,3 794,8 17,0 4.340,4 159,3 18,1 20.337,0 Δ% TU TKU 0,1 (14,2) (4,7) (14,2) (11,1) (11,3) 11,5 (11,7) (6,4) (4,8) (23,3) 12,4 (8,0) (4,7) 5,6 (5,0) (15,7) (9,6) (11,0) 15,6 (20,7) 9,0 (3,1) 33,3 55,4 (8,1) TRANSPORTE DE CARGAS POR FERROVIA - FEVEREIRO 2012 Operadoras ALL Brasil Transnordestina Log. E.F. Carajás E.F.V.M. Ferroban Ferronorte Ferroeste FCA FTC MRS Logística Novoeste Ferrovia Norte-Sul Total 80 02/11 Δ% Fev 12/Fev 11 02/12 TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) 1.726,6 106,2 6.780,3 9.762,3 412,4 694,8 44,5 1.485,4 234,9 10.085,9 202,7 83,4 31.619,4 1.158,0 52,2 5.922,9 5.414,9 259,6 960,3 32,6 1.067,4 14,1 4.816,4 130,6 51,5 19.880,4 1.622,0 108,8 7.700,7 10.895,7 322,9 1.085,7 33,6 1.605,4 193,1 10.706,2 288,0 142,4 34.704,5 1.102,7 57,2 6.661,8 6.060,8 256,2 1.506,8 21,2 1.196,0 14,4 5.100,1 142,1 113,1 22.232,3 revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 TU (6,1) 2,5 13,6 11,6 (21,7) 56,3 (24,6) 8,1 (17,8) 6,2 42,1 70,7 9,8 2011 TKU (4,8) 9,6 12,5 11,9 (1,3) 56,9 (35,1) 12,0 2,3 5,9 8,8 119,5 11,8 TU (10³) TKU (106) 3.328,6 217,8 16.440,5 20.073,3 963,8 1.300,7 94,7 2.863,9 478,0 19.765,8 430,0 111,1 66.068,1 2.288,4 104,7 14.299,1 11.128,7 604,2 1.800,1 68,4 2.070,1 29,7 9.297,8 250,1 63,2 42.004,5 Acumulado no ano até Fevereiro 2012 TU (10³) TKU (106) 3.225,6 204,6 16.911,5 19.743,6 813,1 1.623,3 89,5 2.822,6 420,6 19.919,6 462,5 173,5 66.410,0 2.180,6 112,7 14.620,9 10.875,4 567,5 2.254,4 62,5 1.990,8 31,4 9.440,6 301,4 131,2 42.569,3 Δ% TU (3,1) (6,0) 2,9 (1,6) (15,6) 24,8 (5,5) (1,4) (12,0) 0,8 7,6 56,2 0,5 TKU (4,7) 7,6 2,3 (2,3) (6,1) 25,2 (8,6) (3,8) 5,8 1,5 20,5 107,7 1,3 artigo Foto: Divulgação Os desafios da mobilidade das grandes cidades e o transporte de carga no Brasil Guilherme Quintella, chairman da UIC para a América Latina A s grandes regiões metropolitanas e mesmo cidades de porte médio têm se debatido com a questão da mobilidade urbana. O tema tornou-se o principal problema a ser enfrentado na gestão do transporte púbico no Brasil. Colhe-se, agora, o resultado de décadas de desastrada política urbana movida, quase sempre, pela lógica dos ganhos imediatos do setor imobiliário. As cidades se desenvolveram sem planejamento, inteligência e racionalidade. As pessoas foram levadas a morar cada vez mais longe de seus empregos. Como resultado dessa perversa política, as linhas de transporte reproduzem e incentivam a mesma demanda: atender as regiões periféricas, para trazer a grandemassa de trabalhadores para as regiões dos empregos. A queda da qualidade do serviço incentiva outra perversão: o uso do transporte individual por carros e motos. Além da saturação dos sistemas públicos, ainda assistimos a concessão de benefícios fiscais e largas linhas de crédito para aquisição dos veículos particulares, que andam menos e mais devagar. Mas há outro sofrimento que aflige nossas cidades e estradas e que impacta nos grandes centros urbanos: a opção rodoviária como o meio de transporte para atender a cadeia logística da produção brasileira. O foco do nosso artigo, contudo, não é o ganho de eficiência ou o desperdício de 5% do PIB brasileiro em custos logísticos que podem ser aliviados, tornando nossos produtos mais competitivos. Abordaremos aqui o impacto positivo que as populações urbanas poderão usufruir quando a carga geral migrar da rodovia para os trilhos. Segundo a Prefeitura Municipal de São Paulo, 70% dos caminhões que cruzam a cidade têm origem e destino fora da própria cidade. Só na Marginal Tietê, uma das mais importantes vias de tráfego da capital paulista, são mais de 1,2 milhão de viagens por dia. Essas viagens são, do ponto de vista energético, um verdadeiro desastre. Os caminhões respondem por 44% das emissões de CO2 do setor de transporte. E grande parte dessas emissões vão parar nos pulmões dos cidadãos que vivem nas regiões metropolitanas do Brasil. Esses caminhões, abarrotados de toneladas de carga geral, roubam das cidades os espaços urbanos que deveriam servir à mobilidade local ou até mesmo a outros usos mais nobres do que simplesmente corredores de passagem para cargas. Espaços que poderiam se transformar em leitos para o transporte público, vias para o tráfego de bicicletas, parques lineares ou outras ocupações mais funcionais e saudáveis para as nossas cidades. Discutir a transferência da carga geral dos caminhões para os trens não é tarefa exclusiva dos operadores logísticos ou dos donos das cargas. As cidades e os cidadãos são diretamente interessados e devem ficar atentos para assegurar uma logística da cadeia produtiva e de consumo que os proteja do tráfego perverso e limitador dos grandes caminhões nas vias públicas. Intervir nesse modelo não é trabalho fácil e nem para um setor isolado. É preciso, antes de tudo, fazer do modelo de negócio de cargas na ferrovia um modelo funcional, preciso e economicamente competitivo. As cidades podem e devem contribuir para a construção desse modelo. Mudar a matriz do transporte de carga tem potencial de eficiência em mobilidade urbana tão relevante quanto os investimentos diretos em transporte público ou em políticas urbanas que favoreçam o desenvolvimento de centralidades econômicas próximas das áreas residenciais. Esses três vetores – investimento em transporte público, mudança do uso e ocupação do solo e o uso da ferrovia no transporte da carga geral podem mudar as cidades e diminuir o sofrimento e as distâncias que demarcam territórios com injustas e perversas barreiras econômicas e sociais. revista ferroviária | ABRIL/maIo de 2012 81 Crédito: Metrô Rio Primeiro dos 19 trens encomendados da chinesa Changchun Railway Vehicles (CNR) para o MetrôRio, fotografado na oficina do metrô. O veículo desembarcou no porto dia 20 de abril e deverá entrar em operação comercial no final de agosto. foto do mês