Projeto político-pedagógico-administrativo UERGS - Quadriênio 2010-2014 CHAPA: UERGS – UNIDADE NA DIVERSIDADE POR UMA UNIVERSIDADE PLURAL, DEMOCRÁTICA E DE QUALIDADE Reitora: Profa. Dra. Ana Maria Accorsi Vice-Reitora: Profa. Dra. Carla Bocchese O presente documento visa apresentar o projeto político-pedagógico e administrativo com as diretrizes de gestão para o quadriênio 2010-2014 da chapa Ana Maria Accorsi e Carla Bocchese, candidatas ao cargo de Reitora e ao cargo de ViceReitora, respectivamente. O documento se estrutura em três partes. A primeira delas tenta dar conta da concepção de universidade, no que diz respeito a sua missão, objetivos, o por quê de sua existência e por que deve continuar forte. Neste item, serão também enfocadas as concepções acadêmicas, administrativas e financeiras que embasam, juntamente com o diagnóstico apresentado na segunda parte, as ações a serem desenvolvidas propositivamente na terceira parte do documento, onde se encontram as diretrizes de gestão dentro da visão de futuro que queremos para a UERGS. 1 – Concepção de Universidade A universidade é um dos pólos irradiadores dos ideais da civilização humana. Nela se reafirma o direito ao conhecimento. Nela se resiste à exclusão e ao autoritarismo. Nela se confia na experiência e na cultura humana com bases no passado, âncora no presente e projetos para o futuro. A instituição universitária tem sido geralmente definida por suas funções tradicionais de formação, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão. No entanto, acreditamos que novas frentes de ação se impõem: a busca por excelência; a aproximação com seu entorno imediato e inserção internacional; a adoção de políticas ágeis de construção, adaptação e transferência de tecnologias para a sociedade e a criação e constituição de núcleos acadêmicos que sejam mais ágeis e flexíveis. Além disso, é importante que se busquem mecanismos continuados de inclusão e de parcerias com os mais diversos setores sociais. A democratização das estruturas internas da universidade constitui uma clara oportunidade de ampliação da autonomia universitária, a fim de manter salvaguardas nas instâncias acadêmica, administrativa e financeira. Tais aspectos estão intimamente ligados à urgência de equacionar tudo o que se refere às carreiras docente e técnico-administrativa, promovendo constante interlocução com as instâncias governamentais adequadas. Internamente, a fim de construir e manter a coesão institucional faz-se necessário o desenvolvimento de políticas de médio e de longo prazos que visem valorizar os recursos humanos da UERGS. No que diz respeito à esfera governamental, esta universidade estadual tem de se fazer notória. Acreditamos profundamente que a indiferença para com suas demandas não pode mais prosperar. A crise, os desafios e as tentativas atualmente presentes nos horizontes das universidades públicas, em especial nos da UERGS, não poderão ser enfrentados sem uma compreensão correta de suas dimensões e de construção de ações que venham contribuir na busca de seu equacionamento. Diagnósticos apressados e propostas 2 simplificadoras serão de pouca valia, podendo até contribuir para o agravamento dos problemas. 1.2 Concepção acadêmica A atividade que mais envolve a comunidade acadêmica é o ensino de graduação. Este ensino também é a parte mais visível e de maior interface com a sociedade. Talvez seja por essa razão que este segmento acadêmico demonstre mais dificuldades para adaptar-se a novas realidades, seja mais burocrático em termos de organização e normas e esteja mais sujeito a múltiplas interpretações de suas normas e de seu papel. No entanto, acredita-se que mudanças poderão advir se considerarmos alguns princípios básicos na concepção das propostas acadêmicas. Deve-se sempre levar em conta o interesse público, a ênfase na experimentação e o respeito à diferença. No que concerne ao interesse público, a UERGS tem de cumprir o papel que a sociedade rio-grandense espera da universidade: oferecer um ensino de qualidade, continuamente aperfeiçoado. Sempre que a universidade compromete a excelência acadêmica, está renunciando ao seu papel social. No entanto, excelência não deve ser compreendida como um mero academicismo elitizante, pois se entende que a qualidade educacional deve ser estendida a uma população estudantil sempre mais numerosa e diversificada. Para tanto, não basta democratizar a entrada dos estudantes nos cursos, deve-se também garantir-lhes a permanência nos cursos onde ingressaram. Ao mesmo tempo, a qualificação do ensino passa pela qualificação docente tanto científica como pedagógica. Neste sentido, é fundamental o trabalho da pedagogia universitária, o incentivo à experimentação na docência e à produção de meios para auxiliar no trabalho docente. Os princípios de experimentação e de diferença apontam para uma perspectiva do exercício de práticas diversificadas que possam se adequar a espaços específicos, mesmo quando implantadas transitoriamente. Como exemplo, pode-se considerar que as práticas acadêmicas já existentes na UERGS poderão vir a se organizar de modo diferente, com cursos novos, diversos das áreas de profissões já existentes, tanto para alunos que entram no vestibular, como para alunos vinculados a outros cursos dentro da universidade. A dimensão da extensão é o lado do tripé onde o alcance da universidade se expande, se alarga ou cresce. É por meio da extensão universitária que se estabelece mais estreitamente a relação da academia com o real da existência humana. Pensa-se a atividade de extensão universitária como articuladora potencial de campos temáticos inteiros, gerando ensino, propiciando pesquisa e trabalhando de modo interdisciplinar. Para desenvolver-se como instância de maior complexidade e de maior eficácia de irradiação, a atividade de extensão deve estar sempre ligada à participação dos alunos, que ali elaboram conhecimento e se formam. A extensão é capaz de modular tanto a pesquisa quanto o ensino, vinculando ambos à realidade e assegurando a permanente renovação da relevância universitária. O ensino de pós-graduação também possui um papel de potencializar o caráter das outras atividades universitárias. Por um lado, amplia os horizontes do trabalho do ensino de graduação, possibilitando que os graduandos possam buscar alternativas para o direcionamento de sua formação; por outro lado, atiça a curiosidade ainda indisciplinada dos alunos para a pesquisa. Portanto, o ensino de graduação e o de pósgraduação devem interagir de modo dinâmico fortalecendo um ao outro e, em grande escala, a totalidade da instituição. 3 O tema da pesquisa está diretamente ligado à identidade da instituição e é o que distingue uma universidade de uma não-universidade. Como tal, para que possa vir a se tornar referência no estado, a UERGS deve desenvolver-se em termos de geração de pesquisa, incursionar no terreno do novo. Nesse sentido, requer um ambiente propício para se desenvolver: cientistas que possuam e cultivem conhecimento de ponta e sabedoria, jovens curiosos com vontade de descobrir, laboratórios e bibliotecas materialmente bem equipados e tempo para reflexão e amadurecimento. Os interesses, necessidades e realidades locais, presentes e prementes devem definir as perguntas e os rumos das pesquisas na UERGS, pelo seu caráter de busca de desenvolvimento regional. 1.3 Concepção administrativa A gestão da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul deve ter em sua concepção a função de representar a universidade frente ao poder público e não ser uma gestão que represente o poder público na universidade. Portanto, a administração e as relações internas e externas devem constituir, de forma concreta, a UERGS como instituição acadêmica de Estado, autônoma, democrática e fazer dela um instrumento perene e integrado às políticas públicas com foco na inclusão social e no desenvolvimento regional sustentável. Para tanto, deve reconhecer o caráter suprapartidário e independente da UERGS e a identidade do seu projeto de universidade. Deve também ser uma gestão descentralizadora e que cultiva o diálogo com as organizações de professores, de alunos e dos funcionários. Deve buscar o fortalecimento das três áreas de atuação da UERGS – Vida e Meio Ambiente, Humanas e Exatas e Engenharias em cada unidade universitária. Promover uma gestão administrativo-financeira efetiva de forma a obtermos uma universidade descentralizada e autônoma. 1.4 Cultura e humanização Entende-se a universidade não só como uma fábrica da ciência, identificada somente pela razão e o saber; mas deve se mostrar como um dos lugares mais propícios para que se construa uma cidade dos seres humanos, onde sobrevivem o velho o novo, o belo, a razão, a emoção e a sabedoria e todas as formas de expressão humana. A cultura é o espaço de cruzamento de saberes; o local onde residem o pensamento livre e a tradição crítica. O espaço social onde é possível o intercâmbio, o debate e a disputa. Por meio do incentivo e do resgate da cultura, a universidade recupera o sentido de estar no mundo. 2. Diagnóstico Em conformidade com os princípios acima expostos apresenta-se um diagnóstico sobre a estrutura acadêmica e jurídico-administrativa no que tange à execução de suas atividades fim - ensino, pesquisa e extensão. Vários problemas restam ser dimensionados e solucionados na UERGS. Os problemas acadêmicos em geral mantêm uma relação de dependência para com os problemas relativos à estrutura administrativa e jurídica da Universidade. A ausência de uma vida acadêmica estruturada nas distintas unidades que compõem a UERGS é motivada, sobretudo, pela precariedade da pesquisa, pela 4 exigência da dedicação de quase a totalidade das horas atividades para o ensino de graduação em diferentes cursos da universidade e pelo conseqüente continuo deslocamento dos professores para as mais diferentes Unidades. A consolidação de uma vida acadêmica profícua, isto é, rica em experiências de pesquisa, de ensino e de ações extensionistas e, portanto, de interação do corpo docente, discente e funcional da universidade, requer a construção de um lócus institucional permanente, com condições administrativas-pedagógicas afeitas a essas demandas. A vida acadêmica na UERGS, salvo raras exceções, é pobre. Os professores, quando não estão se deslocando para darem suas aulas, estão envolvidos solitariamente com a preparação das mesmas e aqueles que excepcionalmente possuem projetos de pesquisa ou que realizam pesquisa o fazem, de modo geral, sem o conhecimento e a companhia de seus pares. Aqueles que realizam a extensão universitária o fazem, na maioria dos casos, sem que os outros colegas saibam. Com certeza, a natureza desse isolamento pernicioso não está tão somente na falta de instrumentos de comunicação ou interação, mas na ausência de uma estrutura acadêmica que possibilite, por área de saber, a interação e a troca de informações entre professores, alunos e funcionários. A universidade, de fato, tem apenas, o que não é pouco, a reunião dos professores nas esparsas unidades e colegiados de cursos. Outro ponto importante e que contribui para o empobrecimento e enfraquecimento da vida acadêmica na UERGS é a ausência das condições que possibilitariam ao seu corpo técnico e docente uma perspectiva de carreira como membros de uma instituição acadêmica. O fato de a UERGS ser uma fundação pública de direito privado e que tem seus contratos de trabalho regidos pela CLT impede que seus membros funcionais tenham a garantia e a segurança de uma carreira estável e confortável como nas demais instituições públicas de ensino superior. A UERGS se afigura como sendo uma das únicas universidades públicas do Brasil que tem esta personalidade jurídica, a saber, fundação pública de direito privado. A ampla maioria das demais universidades são autarquias tendo a carreira do seu corpo docente e funcional regida pelo estatuto do funcionalismo público, o que garante uma série de benefícios e vantagem que a CLT não proporciona. Entretanto, a atual personalidade jurídica da UERGS gera outros problemas administrativos e acadêmicos que estão para além da questão de carreira do seu quadro funcional. A vida acadêmica da UERGS prescinde de uma figura importantíssima e com a qual não pode contar atualmente devido às limitações impostas pela CLT, a saber, o Professor e o Funcionário com dedicação exclusiva. Essa figura jurídico-administrativa e funcional é condição de possibilidade para a conformação de um quadro de profissionais acadêmicos comprometidos, pois comprometerão suas vidas a partir dos dividendos materiais e imateriais com a universidade. Ou será que seria possível a grandeza das universidades federais e outras tantas estaduais sem a realidade desse regime de trabalho? Outro ponto importante e que faz a UERGS perder professores numa razão maior do que a de entrada é a ausência de uma carreira e de garantias futuras, como aposentadoria integral, para o corpo docente. De outro modo, o corpo técnicoadministrativo da universidade também está sempre sob a contingência da provisoriedade. Aparentemente estão todos de passagem. Além dos baixos salários, professores e funcionários não veem na UERGS uma perspectiva de realização nem profissional nem de seguridade futura. A falta de investimento na Universidade desde o momento de sua fundação tem sido outro motivo desestimulante para todos aqueles que realizam sua vida profissional 5 e discente nesta instituição. Entretanto, ao se analisar, este é o problema menor, pois parece o mais contingente de todos. Quando nos remetemos ao passado recente das universidades federais podemos dizer que apesar das mazelas sofridas por conta da ausência de investimentos, o seu corpo técnico-administrativo e docente vem permanecendo, na sua grande maioria, compondo a universidade. O apelo das universidades privadas, com seus salários superiores, parece que não compensaram o abandono de uma carreira pautada pelo regime de dedicação exclusiva. O regime de dedicação exclusiva possibilitado pelo estatuto que rege o servidor público, associado à possibilidade de aposentadoria integral, fez com que permanecessem na universidade e lutassem pelas causas acadêmicas, isto é, por um plano de investimento em ensino, pesquisa e extensão e pelo reaparelhamento da universidade. De outro modo, outro ponto importante que combale a vida acadêmica da UERGS é a sua fragilidade jurídico-administrativa e, portanto, institucional. Os principais diplomas instituintes e institucionais da universidade se contradizem. O Regimento do Conselho Superior contradiz o que está disposto no Regimento Geral. O Regimento Geral contradiz determinações do Estatuto, a minuta de Lei de Cargos e Salários está em contradição tanto com o Regimento Geral quanto com o Estatuto. Reza que, a própria lei de criação que não passou pelo ministério publico das fundações estaria eivada de questionamentos constitucionais. Isso gera toda sorte de interpretações, questionamentos e querelas administrativas e jurídicas, que resultam num guerrear constante sobre distintos objetos postulados pelas partes. Há uma série de ações que tramitam nas diferentes instâncias da Justiça e que terão em médio prazo consequências onerosas para a instituição. Ora, a Universidade foi criada como um corpo estranho ao Estado. Suas necessidades e particularidades, devido a sua natureza singular, não foram acomodadas sob uma forma institucional adequada. Ressaltamos, a UERGS é das poucas universidades estaduais que não é uma autarquia. Os demais órgãos do Estado estranham, não a sua natureza, mas a sua forma jurídico-institucional. Este é um problema que o futuro gestor da universidade não pode olvidar. É um imperativo para o futuro reitor levar à comunidade esta reflexão acompanhada de estudos técnicos-administrativos, oriundos de Secretárias e Órgãos de Estado para tomadas de decisão junto aos fóruns democráticos da universidade e aos órgãos da administração pública, tirando a UERGS do isolamento em que se encontra. Não é possível a consolidação institucional da Universidade sem que esses problemas sejam devidamente encaminhados e resolvidos a partir da chancela de técnicos dos mais diversos órgãos da administração do Estado e do debate nos fóruns democráticos da Universidade. Desde já somos propositores destas ações e advogamos junto à comunidade a sua positividade da luta pela transformação da UERGS em uma autarquia, pois qual membro da comunidade acadêmica (professor, funcionário ou aluno) não defenderia a transformação da figura jurídica da Universidade de uma fundação pública de direito privado em uma autarquia? Os benefícios são muitos: - autonomia administrativa, visto que a instituição pode criar sua própria administração e estabelecer sua organização jurídica; - possibilidade de exercer suas funções de forma descentralizada; - possibilidade de patrimônio e receitas próprias na execução das atividades; - regime de trabalho estatutário, regido pelo Estatuto do Servidor Público; - plano de cargos e salário regido pelo Estatuto do Servidor Público; - possibilidade de implementação de regime de trabalho de dedicação exclusiva; 6 - aposentadoria integral e plano de saúde; possibilidade de consolidar patrimônio transformando-o em inalienáveis impenhoráveis; possibilidade de constituir um Fundo de Educação Superior, entre outros. e Estas seriam apenas algumas das vantagens imediatas advindas da nova personalidade jurídica da universidade, mas, como podemos ver, alterariam consideravelmente o panorama da UERGS consolidando-a institucionalmente e academicamente, pois uma série de etapas ainda pendentes seriam suplantadas. A figura do professor-pesquisador com dedicação exclusiva seria consolidada evitando a evasão permanente dos professores. Os funcionários teriam dentro da tradição já consolidada, segundo o Estatuto do Servidor Público, uma perspectiva de carreira mais sólida e qualificada, além das vantagens acima mencionadas. A disparidade salarial que os funcionários hoje vivem em relação aos funcionários de outras instituições que exercem a mesma função seria também suplantada. Não obstante, não se pode reduzir todos os problemas da UERGS a essa questão administrativo-jurídica. Ocorrem problemas de ordem acadêmico-administrativos que já poderiam ter sido solucionados, tais como, aqueles relativos à administração do ensino de graduação. A ausência de uma forte secretaria de áreas e a organização dos institutos acadêmicos são pontos que já deveriam há muito ter sido implementados efetivamente na UERGS. A forma acadêmica da universidade deve ser compatível tanto com as particularidades da instituição quanto com a universalidade do metiê acadêmico nacional e internacional. Não podemos constituir uma universidade sem que as figuras acadêmicas por área de saber sejam igualmente constituídas. Se a universidade se organizar a partir de cursos e não de departamentos estes não podem ser reféns, como é o caso hoje, de unidades administrativas e centros regionais e nem ficarem diretamente ligados de forma centralizada à Pró-reitoria de Ensino. Isto burocratiza a universidade não provendo a mesma da autonomia inerente à liberdade acadêmica exercida pelos pares no interior dos colegiados de Institutos. Em que pese o novo Regimento Geral da Universidade e seu propósito de descentralização da gestão a partir da ampla participação dos seus membros, este ainda prescinde da real participação autônoma dos pares organizados em Institutos. Nesse sentido, a criação dos Institutos é fundamental para que o ensino, a pesquisa e a extensão ocorram a partir da avaliação qualificada e legítima dos pares dispostos segundo suas áreas de saber, e que o poder efetivo da universidade se expresse a partir dessa organização também qualificada. Uma vida acadêmica rica, criativa e dinâmica não é somente um predicado de uma universidade saudável e bem estruturada, mas, é a condição fundamental para um dos momentos fundamentais da vida discente. Os estudantes da universidade têm o direito a uma vida acadêmica plena, na qual experenciam desde o debate científico, até o debate político, com qualidade e criatividade, sendo estes atores e autores dos mesmos. A universidade, por sua vez, tem o dever de proporcionar aos alunos os instrumentos e os espaços para o exercício de sua discência. A UERGS, entretanto, em que pese o esforço de alunos, professores, funcionários e de seus dirigentes, está aquém de proporcionar aos seus estudantes uma qualidade de vida acadêmica compatível com a universalidade requerida em um ambiente de ensino superior. A UERGS sequer consegue manter e preservar de modo satisfatório os estudantes que ingressaram pela lei de cotas. Os cotistas da UERGS vivem o pesadelo 7 diário de não encontrarem o apoio necessário para os expedientes acadêmicos cotidianos. A UERGS carece de uma estrutura básica para que essas necessidades sejam minimamente satisfeitas. Tais necessidades vão desde os meios de transporte, estadia, alimentação e material didático, até o apoio psicopedagógico aos discentes cotistas. A evasão discente, sobretudo de cotistas, apóia-se nestas razões. Neste sentido, o futuro gestor desta universidade deve buscar os meios legais, instrumentais e pedagógicos para sanar a evasão dos estudantes, sobretudo dos cotistas, propiciando a eles uma vida acadêmica plena, segundo o princípio da isonomia para que os mesmos alcancem condições para a conclusão para esta etapa de suas vidas. 3. Propostas de Gestão - - - - A. Jurídico-administrativo e institucional Consolidação institucional da UERGS; Adequar a forma jurídica da universidade à sua natureza: proposição de projeto de lei para transformação da UERGS em uma autarquia; Adequar os diplomas instituintes da universidade: promover uma estatuinte ampla, geral e democrática para compor novo Estatuto para a universidade; Propor a reforma dos diplomas de Regimento Geral, Lei de Cargos e Salários e Regimentos dos conselhos da universidade, em acordo com o novo Estatuto; Promover junto às instâncias e organismos do Estado (Secretaria do Planejamento, Secretaria da Fazenda, Secretaria da Administração, Secretaria da Ciência e Tecnologia, CAGE, PGE, entre outros) o acompanhamento da formulação e reformulação de tais diplomas com o intuito de minimizar o risco de contradição entre os mesmos e com os princípios e disposições gerais da administração pública; Instalar os Centros Regionais e os Conselhos Consultivos Regionais; Criar os Fundos Especiais, já previstos em lei, que atendam o ensino, a pesquisa e a extensão; Dotar as unidades da UERGS de uma estrutura arquitetônica e funcional padrão, quando possível e necessário, em conformidade com projeto já existente elaborado por técnicos desta universidade; Prover e aprimorar a administração de instrumentos de informatização de processos – sistemas de informação, para auxiliar a tomada de decisões; Prover a UERGS de novos instrumentos de gestão e de avaliação de gestão; Criar, junto ao gabinete do reitor, ouvidoria para os três segmentos da universidade: professores, funcionários e alunos; Criar no gabinete do reitor uma secretaria de relações institucionais que mantenha diálogo constante com os diversos organismos da sociedade civil e do poder público nas distintas regiões onde a UERGS se encontra; Inserir a UERGS nas demandas da consulta popular nos COREDES; Estabelecer metas para a manutenção das unidades de ensino nos municípios; B. Ensino - Revitalização das secretarias das áreas de conhecimento na Pró-reitoria de Ensino; - Ampliação e contratação por concurso do quadro docente; - Criação da figura, no regime de trabalho de dedicação exclusiva para professor; - Criação da figura de professor substituto; - Criação da figura do professor visitante; - Criação da figura do pesquisador visitante; - Fortalecimento da comissão interna de avaliação; 8 - - - - Instalação dos Institutos Acadêmicos por área de conhecimento; Reavaliação e reestruturação de cursos já existentes; Consolidação dos instrumentos de ensino: laboratórios, bibliotecas e laboratórios de informática – buscar linhas de financiamento nacional e internacional; Busca de parcerias com as distintas Associações Nacionais e Regionais de ensino das distintas áreas de conhecimento acadêmico: Associação Brasileira de Física, Pedagogia, Filosofia, etc. Credenciamento da UERGS para a modalidade de Ensino a Distância (EAD); Criação de cursos de graduação na modalidade de ensino a distância; Política de ampliação de vagas nos cursos de graduação presencial e a distância; Consolidação isonômica das três áreas de conhecimento; Regulamentação da hora-atividade em ensino – orientação de TCCs; Atendimento à demanda de formação de professores para o ensino básico a partir da criação de cursos de graduação; Busca de meios instrumentais e pedagógicos para sanar a evasão dos estudantes; Promoção parcerias com instituições afins às profissões formadas na UERGS como com os Conselhos Regionais Profissionais visando implementar cursos de formação continuada para seus profissionais; Busca de orientação com os Conselhos Regionais Profissionais a respeito da criação de novos cursos para que não haja sombreamento nas atribuições e dificuldades de reconhecimento de cursos; Criação de centro de formação de professores; Criação do Fórum de Ensino; Criação de um fundo de ensino; C. Pesquisa e pós-graduação - Estímulo à criação das Pós-graduações stricto sensu e lato sensu; - Estímulo à criação de Centros de Pesquisa em regime de parceria com demais órgãos de pesquisa do Estado; - Criação de lato sensu na modalidade de ensino a distância; - Criação de lato sensu para a qualificação de professores licenciados com o objetivo de atender ao programa nacional de qualificação de docentes; - Estabelecimento de parcerias institucionais com demais centros de pesquisa do estado e do país; - Desenvolvimento, junto aos órgãos estaduais e nacionais, de programas de bolsa pesquisa para os alunos; - Regulamentação da hora-atividade em pesquisa; - Consolidação dos instrumentos de pesquisa: laboratórios, bibliotecas e laboratórios de informática – buscar linhas de financiamento nacional e internacional - Criação de mecanismos para captação de recursos externos à universidade e de monitoramento de fontes de financiamento para fins de pesquisa; - Criação de mecanismos para avaliação da pesquisa universitária; - Criação do Fórum de Pesquisa; - Criação de um fundo de pesquisa; D. Extensão - Criação e instalação dos núcleos de Extensão nos Centros Regionais e Unidades de Ensino; - Criação do Fórum de Extensão; 9 - - - Criação dos observatórios regionais: instrumento com metodologia determinada que prevê a formação de um banco de dados para, em regime de colaboração com demais órgãos da sociedade civil – universidades, poder público e terceiro setor – poder processar informações que atendam a eixos de pesquisa em regime de extensão universitária; Desenvolvimento, junto aos órgãos estaduais e nacionais, de programas de bolsa de extensão para professores e alunos; Consolidação da extensão como propositora e executora de políticas públicas com os demais entes da sociedade civil e o poder público; Regulamentação da hora-atividade em extensão; Consolidação e ampliação dos programas de formação continuada de professores da educação básica, em parceria com secretarias municipais, secretaria estadual e ministério da educação; Consolidação de parcerias para a realização de pesquisa em regime de extensão; Criação de mecanismos para captação de recursos externos à universidade e de monitoramento de fontes de financiamento para fins de extensão; Criação de mecanismos para avaliação da extensão universitária; Definição orçamentária para a extensão universitária; Consolidação da editora da universidade; Criação de um fundo de extensão; E. Corpo Docente - Reafirmar o plano de carreira do corpo docente, postulando para estes o regime de estatutários a partir da transformação da UERGS em uma autarquia; - Promover um plano de ações para o desenvolvimento de uma pedagogia universitária com a intenção de reafirmar e qualificar suas práticas docentes; - Criar a figura de Professor DE 40h, a partir da transformação da figura jurídica da universidade em autarquia; - Propiciar, por meio de intercâmbios, a mobilidade entre docentes das diversas universidades, a partir da implementação da figura do professor visitante e do pesquisador visitante; - Propiciar a qualificação acadêmica constante dos professores com a institucionalização de incentivos de pós-doutoramento e de doutoramento (professor preserva o seu salário durante o período de qualificação); - Consolidar com a Associação dos Docentes relação para a execução de programas que atendam as suas demandas e as demandas da instituição como um todo, mantendo um dialogo constante com a ADUERGS; - Consolidar para os professores, com a transformação da universidade em uma autarquia, o direito de aposentadoria integral e plano de saúde; - Diminuir a mobilidade interna de professores, fixando-os nos centros de pesquisa e nos seus institutos, promovendo, assim, uma melhoria na qualidade da vida acadêmica; - Regulamentar o percentual das horas-atividades no ensino, pesquisa e extensão; - Buscar, junto aos órgãos financiadores, programas de financiamento para a melhoria das condições materiais, didáticas, pedagógicas dos professores; - Criar uma ouvidoria docente que atenda as queixas, sugestões e demandas dos professores; F. Corpo Técnico-Administrativo 10 - - - - Reafirmar o plano de carreira do corpo técnico-administrativo, postulando para estes o regime de estatutários a partir da transformação da UERGS em uma autarquia; Promover um plano de ações para a qualificação contínua dos funcionários, com a intenção de valorizar e reafirmar a importância destes para os demais segmentos da instituição; Equacionar discrepâncias salariais de alguns segmentos, motoristas, por exemplo, em relação a funções iguais em outras instituições no estado; Instituir na universidade a cultura do mérito e da competência para o provimento de funções comissionadas; Consolidar com a Associação de Funcionários relação para a execução de programas que atendam as suas demandas e as demandas da instituição como um todo, mantendo um dialogo constante com a ASSUERGS; Consolidar para os funcionários, com a transformação da universidade em uma autarquia, o direito de aposentadoria integral e plano de saúde; Criar uma comissão de avaliação para definir os critérios de mérito e de competência dos servidores; Criar uma ouvidoria dos funcionários que atenda as queixas, sugestões e demandas do corpo funcional; G. Corpo Discente - Propiciar, por meio de intercâmbios, a mobilidade entre estudantes das diversas universidades, a partir da implementação da figura do aluno visitante e do aluno visitante; - Destinar aos alunos, bolsas de pesquisa de ensino, pesquisa e extensão a partir da criação dos respectivos fundos, propiciados pela transformação da UERGS em autarquia; - Incentivar a participação dos alunos em projetos de pesquisa e extensão buscando financiamento de bolsas nas distintas agências Estadual (FAPERGS) e Nacional (CNPq e CAPES); - Expandir o estágio remunerado a partir da consolidação de instrumentos entre a Fundação de Recursos Humanos do Rio Grande do Sul e de parcerias públicoprivadas, possibilitando com isso a iniciação no mercado de trabalho, aumento da renda e qualificação profissional; - Garantir aos alunos a supervisão in loco de suas práticas em estágio obrigatório com o intuito de garantir a sua real qualificação profissional; - Propiciar aos alunos a complementação de atividades acadêmicas e a sua qualificação curricular e extra-curricular, por meio de cursos a distancia (EAD); - Criar uma ouvidoria discente que atenda as queixas, sugestões e demandas dos estudantes; - Consolidar com a representação estudantil e suas instituições relação para a execução de programas que atendam as suas demandas e as demandas da instituição como um todo, mantendo um dialogo constante com as mesmas. Porto Alegre, 24 de maio de 2010 Profa. Dra. Ana Maria Bueno Accorsi Profa. Dra. Carla Azambuja Centeno Bocchese