1 PERFIL DO ATLETA DE MOUNTAIN BIKE DA CIDADE DE IPATINGA-MG Elaine Daniela Ferreira Soares Graduada do Curso de Educação Física do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais / UnilesteMG Agostinho Jairo Santos Machado Professor do Curso de Educação Física do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais/ UnilesteMG RESUMO No Vale do Aço (cidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo) existem vários locais privilegiados para a prática do mountain bike (MB) esta modalidade esportiva tem sido cada vez mais difundida na região com o apoio da Associação Vale do Aço de Ciclismo (AVACI). Este estudo objetivou identificar o perfil de 16 atletas de MB da cidade de Ipatinga-MG, utilizando um questionário exploratório para coleta de dados. O tratamento estatístico utilizado foi estatística descritiva, calculando-se freqüência e freqüência relativa. Observou-se que 93,75% praticam predominantemente o cross country, utilizando principalmente bicicletas importadas, 56,25% treinam de 3 a 5x por semana, 43,75% praticam treino aeróbio e 43,75% anaeróbio e aeróbio, 50% treinam até 2h/dia, 12,5% dos atletas são patrocinados, 75% utilizam suplemento alimentar, 93,75% realizaram avaliação física/médica e 68,75% treinam com orientação de profissional em Educação Física. Estes achados poderão contribuir como fonte de pesquisa para demais profissionais da área, considerando que há poucos estudos sobre o mountain bike, além de propiciar informações sobre este público para uma atuação mais científica e precisa em busca de uma melhor performance deste atleta. Palavras-chave: mountain bike – perfil – atletas ABSTRACT Vale do Aço Region (cities of Ipatinga, Coronel Fabriciano and Timóteo) comprises several privileged places for the practice of the mountain bike (MB), and this sporting modality has been diffused more and more in this region with the support of the Cyclism Vale do Aço Association (AVACI). This study aimed at to identify the athlete's of MB of the city of Ipatinga-MG profile, using an exploratory questionnaire for collection of data. The statistical treatment used was the descriptive statistics, being calculated frequency and relative frequency. It was observed that 93,75% practice the cross country predominantly, using mainly imported bicycles, 56,25% train from 3 to 5 times a week, 43,75% practice aerobic training and 43,75% anaerobe and aerobic, 50% up to 2 hours a day, 12,5% of the athletes are sponsored, 75% use alimentary supplement, 93,75% accomplished physical/medical and 68,75% train with professional's of Physical Education orientation. These discoveries can contribute as research source to other professionals of the area, considering that there are few studies abouth mountain bike, besides propitiating information abouth this public for a more scientific and exact performance and in search of a better preparation of this athlete. Key-words: mountain bike - profile – athletes 2 INTRODUÇÃO O ciclismo tem ganhado cada vez mais adeptos em todo o mundo e tem se difundido bastante no país, propiciando a seus praticantes momentos prazerosos junto à natureza, além de contribuir para aprimorar o condicionamento físico (Satoshi, 2000). A prática do pedalar abrange desde triatletas e ciclistas de competição até alunos de academia e outros indivíduos que utilizam a bicicleta como meio de transporte. A região do Vale do Aço se destaca compreendendo vários locais privilegiados para a prática do MB. Esta região tem ainda o apoio da Associação Vale do Aço de Ciclismo (AVACI) junto às equipes de competição, estimulando a prática e o desenvolvimento do ciclismo, sempre associando o lúdico, o social e a preservação do meio ambiente (AVACI, 2003). A relevância em se pesquisar o tema consiste no fato de existirem poucos estudos sobre o MB no Brasil, observando, segundo Numa (1997c), que a prática desta modalidade no país ainda é recente. Existe no ciclismo uma complexa interação entre o indivíduo e a bicicleta, sendo que a eficiência mecânica desse sistema interfere diretamente no desempenho de ciclistas e triatletas. O ciclismo apresenta ainda grande número de detalhes técnicos exigindo do atleta grande performance, harmonia e domínio em sua bicicleta. Polishuk (s.d) afirma que o fator mais importante é a preparação física, pois consiste no aperfeiçoamento das qualidades motoras que são indispensáveis para a atividade esportiva. O diagnóstico das características deste atleta e de seu treinamento é imprescindível para que o educador físico oriente e escolha o treinamento mais adequado para cada atleta. Considerando que há poucos achados na literatura sobre esta modalidade esportiva, verifica-se a importância em mensurar o perfil dos atletas de MB da cidade de Ipatinga – MG, para que o profissional em Educação Física possa atuar de forma adequada no treinamento de seu atleta em busca de um melhor rendimento. O objetivo deste estudo foi identificar o perfil do atleta de alto nível da modalidade esportiva MB da cidade de Ipatinga - MG. CICLISMO O Ciclismo é o esporte mais popular do mundo. A Organização das Nações Unidas publicou, em 1987, que o planeta compreende mais de 420 milhões de ciclistas, sendo que cerca de 97% das pessoas utilizam a bicicleta como meio de transporte e 3% com finalidade esportiva ou educativa (Polishuk, s. d.). No decorrer dos anos, o ciclismo obteve diversos progressos, foram inventados vários acessórios com o intuito de aperfeiçoar a modalidade. Entretanto, juntamente com este avanço tecnológico no meio ciclístico também surgiu o interesse em explorar novos 3 horizontes e desta forma surgiu o ciclocross, modalidade esta bastante antiga no ciclismo, que utiliza uma bicicleta bem semelhante à do ciclismo. A partir disso surgiu uma nova modalidade no ciclismo; o MB (CDOF, 2004). Santos & Martins (1999) definem o MB como um esporte competitivo para quem gosta de pedalar utilizando bicicletas exclusivas, preparadas para trilhar variados terrenos, sejam eles com lama, buracos, com diversos obstáculos, impondo ao biker em determinados locais, até mesmo transportar sua bicicleta nas costas, além de propiciar momentos prazerosos junto à natureza. Dentre as modalidades esportivas existentes, o MB merece destaque, haja vista que nenhuma outra se expandiu tão rapidamente acumulando tantos adeptos em quase todas as regiões do mundo. Satoshi (2000) acredita que este fato relaciona-se à capacidade deste esporte em proporcionar a seus praticantes um maior contato com a natureza, possibilidades de aventura, vencer desafios, além do condicionamento físico e sensação de prazer. ASPECTOS HISTÓRICOS DO MOUNTAIN BIKE Satoshi (2000) relata que o MB surgiu na região da Califórnia (EUA) no fim dos anos 70, através de um grupo de ciclistas jovens que começaram a freqüentar suas montanhas. Estes jovens procuravam um ciclismo diferente do asfalto, algo novo que lhes proporcionasse mais emoção. Entretanto, para que fosse possível descer as montanhas e conquistar novos desafios, foi necessária a realização de algumas adaptações nas bicicletas, utilizando-se de quadros de bikes cruisers, além de freios, câmbio e pneus maiores que oferecessem maior eficiência. O mesmo autor ressalta dois ciclistas entre os primeiros praticantes: Tom Ritchey e Gary Fisher, caracterizando-os como “pais” do MB, já que estes foram os pioneiros na construção de quadros e materiais para o desenvolvimento do novo esporte. Para que o esporte deslanchasse no mercado, Tom Ritchey e Gary Fisher uniram-se a Charles Kelly, criando a Mountain Biker, empresa pioneira na produção em pequena escala de bicicletas para este esporte. A partir de 1972, adotando um estilo com características específicas, o MB começa a ser praticado com maior freqüência. O esporte se destaca entre os jovens, em busca da liberdade de expressão e desafios junto à natureza, na cidade de Marin County. MODALIDADES DO MOUNTAIN BIKE As diferentes modalidades do MB surgiram em função da variedade de terrenos existentes para sua prática. Dentre as modalidades mais praticadas no exterior e no Brasil, Numa (1997d) cita o downhill, cross country e dual slalom. O mesmo autor apresenta nove modalidades praticadas no MB, o Cross Country, Downhill, Uphill, Dual Slalom, Dual, Trip Trail, Enduro, Freeride, e Cicloturismo. Sendo todas as seis primeiras classificadas como modalidades de competição no MB. 4 O cross country é o estilo mais praticado, sendo também a prova mais tradicional do MB, compreendendo diversos tipos de solos, subidas e descidas, percorrendo distâncias entre 06 e 20 km, mas também pode envolver provas com maior duração ou percurso. Geralmente são provas disputadas em grupos, separadas em categorias variadas, conforme técnica e idade do ciclista. O enduro se assemelha à modalidade cross country, entretanto é constituído por maiores percursos e normalmente tem duração de mais de um dia como, por exemplo, o Iron Biker, uma das maiores provas de MB da América Latina, disputado em dois dias, totalizando 120km. O downhill é praticado em montanhas, sendo uma prova bem mais rápida que envolve muita emoção. Seu percurso consiste em descidas, que variam entre 1,5 e 3,5 km de comprimento, com muitas curvas fechadas, pedras e obstáculos da natureza. O uphill é um estilo menos praticado, utiliza apenas bikes mais leves por compreender provas apenas em subidas e seu percurso é composto por no mínimo 80% de subida, podendo ser disputado em grupo ou com tomada de tempo individual. O dual slalom é praticado por dois atletas que descem lado a lado, porém em pistas separadas (paralelas), abrange curvas muito fechadas e manobras nas descidas. Dual é uma modalidade que compreende uma série de corridas eliminatórias, se diferenciando do dual slalom por consistir em uma prova onde os atletas descem cabeça-acabeça na mesma pista. Na categoria freeride, a bicicleta mais adequada para sua prática deve ser precisa e confortável, entretanto prática e leve. Nesta modalidade, não é avaliada a rapidez e sim o estilo, técnica e dificuldade. Trip Trail também é uma modalidade conhecida como "inter city”, constituído por longo percurso entre 20 e 40km, compreendendo um trajeto de terreno bem variado em que se alternam trilhas, asfalto e estrada. Em geral, esta competição inicia em uma cidade e finaliza em outra. Por último, o cicloturismo possui objetivos de explorar novas paisagens, locais e costumes diversos e para isto, utiliza-se da bicicleta para longas viagens e passeios, o que envolve muitos equipamentos e espírito de aventura. MOUNTAIN BIKE NO BRASIL E EM IPATINGA De acordo com Numa (1997c) o MB surgiu no Brasil em meados da década de 80, ainda um pouco que oculto pelo BMX (modalidade praticada em bicicletas de aro 20 envolvendo manobras radicais), observando-se que os primeiros ciclistas de MB originaram-se das bikes de aro 20. No início de 1990, a abertura do mercado brasileiro aos produtos 5 estrangeiros instigou o MB, aguçando os consumidores quanto à tal novidade, e às empresas de bicicletas, onde, até então, apenas cruisers e cross predominavam. Atualmente, o esporte é bastante difundido no país, onde ocorrem inúmeras competições e ainda que não se possa comparar o nível técnico de atletas brasileiros aos estrangeiros, onde a modalidade é treinada há mais tempo, os atletas brasileiros apresentam bons resultados técnicos, competindo tanto em nível nacional, quanto internacional, com representação inclusive nas olimpíadas, onde estrearam em Atlanta, no ano de 1996, com a modalidade Cross country, caracterizando ainda mais a evolução do MB e sua importância no meio esportivo (Numa, 1997c). Na cidade de Ipatinga – MG o esporte tem sido bastante difundido, tendo grande apoio da Associação Vale do Aço de Ciclismo (AVACI). Esta Associação, existente desde de julho de 2001, filiada à Associação Mineira de Ciclismo desde 2003, com objetivos de reunir um grupo de pessoas amantes da bicicleta, se expandiu aliando esporte e natureza, invadindo o mundo das competições a partir do crescimento da equipe (Diário do Aço, 2004). Atletas do Vale do Aço têm obtido bom desempenho em inúmeras competições, se revelando no MB neste ano. O Diário do Aço (2001) apresenta conquista de oito medalhas e um troféu em agosto de 2001, na Copa Ametur de mountain bike, alcançadas por sete ciclistas integrantes da equipe Feras do Pedal. Dentre as competições organizadas recentemente no Vale do Aço, cita-se a Fórmula Bike, realizada no Kartódromo Emerson Fittipaldi, na Cidade de Ipatinga, com organização da AVACI (Diário do Aço, 2004). Outra prova de cunho importante para o incentivo do MB brasileiro ocorreu na cidade de Timóteo, em dez de outubro de 2004, o Inox Bike, evento comemorativo dos 60 anos da Empresa Acesita. Esta prova contou com a participação de importantes atletas da modalidade MB do país, como Jaqueline Mourão e Eduardo de Souza Cruz, que representaram o Brasil em Atenas nas olimpíadas. Ao todo, o evento reuniu 281 ciclistas de todo o Brasil, que percorreram 74km, no qual diversos atletas da cidade de Ipatinga foram destaques nos resultados. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS O MB se difere significativamente em relação às tradições instituídas nas provas do ciclismo, devido ao material, equipamento e design. Isto ocorre em função da necessidade de equipamentos mais eficientes e com maior resistência, o que conseqüentemente propiciou o nascimento de um mercado promissor, envolvendo alta tecnologia em busca de altos níveis de performance e durabilidade dos equipamentos (Numa, 1997b). Dentre os inúmeros equipamentos existentes para a prática do MB, cita-se alguns amplamente utilizados: Capacete: este simples acessório constitui componente essencial para que o atleta possa praticar o MB com o mínimo de segurança. Dentre as empresas mais importantes que 6 fabricam capacetes, cita-se a Giro, que possui diversos modelos para serem utilizados nas diferentes modalidades do ciclismo (Cássia, 2000). Bar End: este acessório consiste numa extensão do guidão e tem sido muito utilizado por alguns atletas de MB por apresentar algumas vantagens nos sprints e subidas, proporcionando melhor pegada no guidão, além da melhor posição aerodinâmica nos momentos de maior velocidade. Promove também maior proteção para as mãos contra eventuais quedas, espinhos e galhos durante a trilha, além de poder relaxar braços e mãos (Cássia, 1997). Ciclocomputador: consiste num aparelho totalmente eletrônico, capaz de captar dados via sensores magnéticos. Dentre sua principal função, cita-se o registro de horas, quilometragem, velocidade, cronógrafo, hodômetro parcial, cadência de pedalada, velocidade média, velocidade máxima, e, em alguns mais completos, é possível registrar até os batimentos cardíacos e a zona alvo de treinamento do atleta (Adami, 2000). Suspensão: A maior parte de bicicletas comercializadas atualmente para praticar MB possui sistema de suspensão dianteira, fator imprescindível para o maior conforto, controle, condução e principalmente em solos acidentados a segurança do atleta (Fernandes, 1997). Luvas: acessórios indispensável para o praticante de MB, auxiliam na proteção das mãos em possíveis quedas, protegem contra insetos, galhos, espinhos, além de amortecerem o impacto proporcionado pela roda através das luvas que possuem acolchoamento, minimizando, assim, o risco de lesões nos pulsos, devido à pressão do tendão (Numa, 1997a). Pneus: são materiais importantes e devem ser escolhidos de acordo com a modalidade praticada, uma vez que o tipo de material, a largura, a quantidade de cravos e a calibragem interferem diretamente no desempenho do atleta (Cássia, 2001) PREPARAÇÃO FÍSICA E TREINAMENTO D. Harre (1971) citado por Polishuk (s. d.) acredita de forma geral que o treinamento é o processo de adaptação no qual ocorrem transformações no organismo, proveniente das cargas psíquicas e físicas, sendo capaz de induzir a uma maior capacidade de trabalho do atleta. Através da escolha e aplicação adequada de métodos de treinamento é possível alcançar alterações morfofisiológicas e psicológicas, relacionadas às exigências da modalidade esportiva (Polishuk, s. d.). Salienta-se ainda que através do treinamento, é possível desenvolver e aperfeiçoar as aptidões e capacidades que possibilitarão ao atleta alcançar resultados cada vez melhores, uma vez que as marcas esportivas relacionam-se diretamente aos componentes: preparação física, psíquica, técnica e tática. O treinamento também possui algumas variáveis: volume, intensidade, densidade e complexidade. O volume está ligado à quantidade de treino, compreendendo a duração, distância e o número de repetições. A intensidade refere-se à qualidade do treino, 7 abrangendo a carga e velocidade de execução. A densidade envolve a freqüência de realização e o intervalo de recuperação. E, por último, a complexidade, na qual treinos mais complexos envolvem um menor volume de trabalho e vice-versa. De acordo com Polishuk (s. d.) o período de descanso possui duas funções: a recuperação após o estímulo e um ganho adicional decorrente da carga de trabalho, ou seja, a supercompensação. Este período de descanso poderá ser: total, possibilitando um período suficiente para recuperação; incompleto, no qual a capacidade de trabalho se aproxima do nível inicial de trabalho; e reduzido, quando a capacidade do indivíduo em executar o exercício se encontra muito abaixo dos valores iniciais de trabalho. Considerando-se que um período adequado de recuperação possibilita ao atleta criar condições para uma supercompensação e início de um novo trabalho com novas cargas, o mesmo autor sugere duas situações: o descanso ativo e passivo. Caracteriza-se como descanso ativo no ciclismo, trabalhos que envolvem menor intensidade, sendo mais recomendado em treinamentos que priorizam cargas breves de intensidade alta, ao passo que o descanso passivo se adequa mais a treinamentos cuja sessão tenha exigido muito do atleta. Polishuk (s. d.) acredita que o treinamento pode ser analisado segundo as manifestações motoras, visto que a preparação física é um processo de aprimoramento desportivo dos atletas de alto nível do ciclismo. Dentre as qualidades motoras, as capacidades de velocidade, força e resistência merecem atenção especial. Sendo a primeira muito utilizada principalmente nos sprints, a força, crucial para se vencer uma oposição seja em subidas, contra o vento, terrenos montanhosos, e a resistência, o terceiro fator a ser considerado, pois constitui uma capacidade indispensável para que o atleta possa manter a velocidade. Enquanto a metodologia do aumento do tamanho muscular é indispensável para qualquer pessoa interessada em estética, a resistência muscular é crucial para todos os esportes nos quais a resistência é o componente dominante do treinamento (Bompa, 2003 citado por Navarro, 2003, p. 14) A preparação física de ciclistas é dividida em geral, auxiliar e especial. Na etapa geral ocorre o desenvolvimento integral das capacidades motoras. A preparação física auxiliar pressupõe a melhoria do estado de saúde assim como a promoção de uma rápida recuperação do organismo do atleta após o estímulo, já a preparação física especial visa o aprimoramento das qualidades motoras especiais e funcionamento do organismo de forma a atender as necessidades da atividade física competitiva. Na preparação especial do ciclista é trabalhado o desenvolvimento da resistência através do condicionamento cardiorrespiratório; incremento da força através do desenvolvimento e fortalecimento da musculatura; desenvolvimento da velocidade através da estimulação do sistema neuromuscular e o aperfeiçoamento da técnica desenvolvendo a coordenação de movimentos e domínio do corpo (Polishuk, s. d.). METODOLOGIA Esta pesquisa é caracterizada como um estudo descritivo, tendo como objetivo geral investigar o perfil de dezesseis atletas de alto nível do gênero masculino, com idade entre 8 16 e 56 anos, da modalidade esportiva MB da cidade de Ipatinga-MG. Todos os atletas são integrantes da AVACI e representam 84% do universo de ciclistas de alto nível desta modalidade da cidade de Ipatinga. O instrumento utilizado para a realização do estudo foi um questionário exploratório, abrangendo 16 questões referentes ao perfil sócio-econômico-cultural dos atletas, modalidades esportivas vivenciadas, modalidade principal e período de prática, tipo e metodologia de treinamento, bicicleta utilizada, patrocínio, suplementação alimentar e avaliação física e/ou médica realizada. A coleta de dados foi desenvolvida pela pesquisadora em quatro momentos, agendados previamente com a equipe de ciclistas, acontecendo antes do início do treino de rotina destes atletas e preliminarmente à aplicação do questionário foram realizadas orientações para o correto preenchimento do mesmo. Para o tratamento dos dados foi utilizada a estatística descritiva, calculando-se a freqüência e freqüência relativa, com apresentação dos resultados em gráficos do programa Excel. Em relação aos cuidados éticos, os componentes da amostra foram informados dos procedimentos, sendo voluntária a participação e a pesquisa de caráter anônimo. RESULTADOS E DISCUSSÃO O MB competitivo é praticado predominantemente na cidade de Ipatinga-MG por atletas jovens. Observou-se que 31,25% da amostra pesquisada apresenta faixa etária entre 17 e 22 anos de idade, o mesmo percentual foi encontrado com faixa etária entre 23 e 28 anos, enquanto 18,75% possuem de 39 a 43 anos e o mesmo percentual entre 47 e 56 anos. Perfil Sócio-econômico-cultural 43,75% 18,75% 12,50% 12,50% 6,25% Pósgraduação 3º grau comp. 3º g. incomp. 2º grau comp. 6,25% 2º g. incomp. 1º g. incomp. 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% FIGURA 1 – Classificação sócio-cultural dos atletas de Mountain Bike 9 A FIG. 1 apresenta a classificação sócio-cultural dos atletas de MB competitivo da cidade de Ipatinga. A maior parte concluiu o 2º grau (ensino médio), seguido de 18,75% que possuem o 3º grau completo. 5 6 ,2 5 % 60% 40% 20% 1 8 ,7 5 % 1 2 ,5 0 % 1 2 ,5 0 % 0% 1 a 2 SM 2 a 3 SM 4 a 5 SM A c im a d e 5 SM FIGURA 2 – Classificação sócio-econômica dos atletas de Mountain Bike A FIG. 2 apresenta a classificação sócio-econômica dos atletas de MB, a maior parte possui renda financeira familiar acima de 5 salários mínimos (SM), representando 56,25% da amostra, 18,75% possuem renda entre 4 e 5 SM e 12,5% possuem renda entre 2 e 3 SM e de 1 a 2 SM. Antes do MB 0% 6,25% 12,50% 0% 6,25% 0% 0% 6,25% 6,25% 0% 0% 31,25% 6,25% 0% 12,50% 31,25% 18,75% 12,50% 18,75% 31,25% 18,75% 50% Modalidades Vivenciadas X Período de Prática Atualmente com o M B FIGURA 3 – Modalidades esportivas vivenciadas antes e juntamente com o Mountain Bike 10 Pôde-se observar que após o início à prática do MB competitivo houve modificações em relação às práticas esportivas dos atletas: apenas 12,5% da amostra não praticavam nenhuma outra modalidade além do ciclismo, após o início à prática do MB, 50% dos atletas não desenvolvem nenhuma outra modalidade esportiva. Pôde-se observar que o inverso ocorreu em relação às atividades de musculação antes do MB: apenas 12,5% da amostra praticavam musculação após o início do MB competitivo e este índice aumentou para 18,75%. De acordo com autores americanos, um atleta poderá melhorar sua performance em até 10%, através de um treino bem orientado na musculação (Germano, 2003). 93,75% 100% 80% Cross Country Maratona 60% 40% 6,25% 20% 0% FIGURA 4 – Modalidade predominantemente praticada pelos atletas de Mountain Bike da cidade de Ipatinga. A FIG. 4 indica a principal modalidade praticada entre os atletas de MB da cidade de Ipatinga. Observa-se que a maior parte da amostra pratica predominantemente a modalidade cross country e apenas 6,25% maratona. Numa (1997d) confirma estes resultados e segundo ele, além do cross country ser o estilo mais praticado, é a prova mais tradicional do MB, compreendendo uma variedade de solos, subidas e descidas. 3 7 ,5 0 % 40% 3 1 ,2 5 % 25% 30% 20% 6 ,2 5 % 0% 0% M en o s d e 1 an o 1 a 2 an o s 3 a 5 an o s M ais d e 5 a n o s FIGURA 5 – Período de prática do Mountain Bike. 11 Nesta FIG.5 é apresentado o período de prática do MB competitivo entre a amostra pesquisada. Observa-se que a maior parte pratica tal modalidade de 3 a 5 anos, enquanto 31,25% praticam há mais de 5 anos, 25% de 1 a 2 anos e apenas 6,25% há menos de 1 ano. 50% 4 3 ,7 5 % 50% 40% 30% 20% 6 ,2 5 % 0% 10% 0% N a c io n a l Im p o rta d a M o n ta d a p e ç a s M o n ta d a p e ç a s n a c io n a is im p o rta d a s FIGURA 6 – Tipo de bicicleta utilizada pelos atletas de Mountain Bike. Através desta FIG.6 foi possível observar que a maioria dos atletas utiliza bicicleta importada, totalizando 50% da amostra, enquanto 43,75% utilizam bicicletas montadas com peças importadas, apenas 6,25% utilizam bicicleta nacional e 0% bicicleta montada com peças nacionais. O ciclismo é considerado um esporte em vasta expansão, principalmente em países que integram a União européia, envolvendo indústrias ciclísticas sofisticadas, nutrição balanceada, cronometragens eletrônicas, medicina esportiva, logística complexa, entre outros (Carpes & Rossato, 2004). Tipos de Treinamento 60% 43,75% 40% 43,75% 12,50% 20% 0% Aeróbio Anaeróbio Aeróbio e anaeróbio FIGURA 7 – Tipo de treinamento praticado pelos atletas de Mountain Bike. 12 Através dos dados apresentados na FIG.7, observa-se que 43,75% da amostra praticam treinamento aeróbio, enquanto o mesmo percentual é encontrado entre praticantes de treinamento tanto aeróbio quanto anaeróbio, e apenas 12,5% treinam anaerobiamente. Metodologia de Treinamento 56,25% 37,50% 60% 40% 6,25% 20% 0% 2X semana 3 a 5X semana Todos os dias FIGURA 8 – Freqüência do treinamento realizado pelos atletas de mountain bike. A FIG. 8 apresenta a freqüência do treinamento realizado pelos atletas de MB da cidade de Ipatinga. Verificou-se que 56,25% dos atletas treinam de 3 a 5 vezes por semana, enquanto 37,5% treinam todos os dias e apenas 6,25% treinam 2x por semana. 50% 37,5% 60% 40% 12,50% 20% 0% Até 2h /d ia En tr e 2 e 3h /d ia Acim a 3h /d ia FIGURA 9 – duração do treinamento realizado pelos atletas de Mountain Bike. Observou-se através dos dados apresentados na FIG. 9 que 50% dos atletas treinam até 2 horas por dia, enquanto 37,5% treinam entre 2 e 3 horas por dia e apenas 12,5% treinam acima de 3 horas por dia. 13 68,75% 31,25% 100% 0% Sim Não Em relação ao treinamento, 68,75% da amostra afirmaram obter orientação/acompanhamento de um profissional de Educação Física, enquanto 31,25% não possuem. Patrocínio 87,50% 100% 80% Sim 12,50% 60% Não 40% 20% 0% FIGURA 11 – Patrocínio fornecido aos atletas de mountain bike. Através desta figura pode-se observar que apenas 12,5% da amostra pesquisada possuem patrocinador. Suplementação alimentar 75% 80% 60% 25% 40% 20% 0% Sim Não FIGURA 12 – Consumo de suplemento Alimentar. 14 A FIG. 12 apresenta o percentual de atletas de MB que fazem consumo de suplementação alimentar, indicando que 75% da amostra utilizam 25% 25,00% 18,75% 20% 15% 12,50% 12,50% 12,50% 10% 6,25% 6,25% 6,25% 5% 0% Creatina Carboidrato Gatorade BCAA Maltodextrina Vitaminas e minerais Proteína Exced, Carbup, Malto Detrix FIGURA 13 – Suplementos utilizados pelos atletas de mountain bike suplementos alimentares em sua dieta. A FIG. 13 descreve os tipos de suplemento alimentar e percentual de atletas de MB que utilizam. Dentre os mais consumidos, destaca-se o carboidrato, alcançando 25% da preferência, seguido pela maltodextrina, com 18,75%. Avaliação Física ou Médica 93,75% 100% 80% 60% 6,25% 40% 20% 0% Sim Não FIGURA 14 – Realização de avaliação física e/ou médica pelos atletas de mountain bike 15 Nesta figura, pode-se perceber que a maior parte dos atletas pesquisados já realizou algum tipo de avaliação física ou médica, representando 93,75% da amostra. 8 7 ,5 0 % 5 6 ,2 5 % 1 2 ,5 0 % Potência Força 6 ,2 5 % Antropométrico % % % % % % ório 0 0 0 0 0 0 Cardiorrespirat 10 8 6 4 2 FIGURA 15 – Tipo de avaliação física e/ou médica realizada pelos atletas de mountain bike. Observa-se através da FIG. 15 que a maior parte da amostra representando 87,5%, realizou o teste cardiorrespiratório, seguido do teste antropométrico, representando 56,25%. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Através deste estudo foi possível diagnosticar o perfil do atleta de alto nível da modalidade esportiva mountain bike da cidade de Ipatinga – MG. Estes achados apontam para uma possível atuação do profissional de Educação Física, através de suas intervenções técnicocientíficas para manutenção, análise crítica e melhoria das condições de preparo e treinamento deste atleta, a fim de proporcionar ao mesmo melhores condições para atingir uma performance desejável. Ressalta-se também que há poucos estudos relacionados a esta modalidade esportiva no Brasil. Desta forma, este artigo poderá contribuir como fonte de pesquisa para demais profissionais da área ou interessados no assunto. Este estudo conduziu a concluir também que os atletas de alto nível da modalidade esportiva mountain bike da cidade de Ipatinga-MG têm realizado uma boa preparação, considerando que muitos destes atletas têm conquistado várias vitórias em diversas competições. Entretanto, percebe-se que alguns aspectos podem ser melhor explorados por um profissional de Educação Física junto as estes atletas, haja vista que 31,25% da amostra pesquisada não possuem orientação/acompanhamento de um profissional em Educação Física; apenas 18,75% praticam musculação em seu programa de preparação física e 6,25% nunca realizaram avaliação física ou médica. 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMI, M. Ciclocomputadores, para que servem? Portal Webventure 2000. Disponível em <http.//www.zone.com.br/bike/index.php?destino=equipamentos_mostra&id=841>. Acesso em: 05 set. 2004. ATLETA olímpica vence 1ª edição do Inox Bike. Diário do Aço. Ipatinga, 12 out. 2004. Caderno Esportes, p. 8. AVACI. Histórico, código de ética, missão. Ipatinga-MG: AVACI, 2003. 43 p. CARPES, F. P., ROSSATO, M. Histórico do ciclismo. Portal do GEPEC - Grupo de Estudo e Pesquisa em Ciclismo, 2004. Disponível em <http.//www.ufsm.br/gepec/gepechistorico.html>. Acesso em: 08 ago. 2004. CÁSSIA, D. 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