ENTREVISTA COM CARLOS HENRIQUE MATHEUS
Atualmente o técnico-chefe da natação do Sport Club Corinthians Paulista, a
carreira do professor Carlos Henrique Matheus foi meteórica no sentido de
conquistas pessoais e títulos das equipes que defendeu. Bicampeão brasileiro juvenil,
tricampeão paulista e bicampeão dos Campeonatos Interfederativos Infanto-Juvenil e
Junior, Carlos será o primeiro palestrante nacional do 5º Encontro Nacional de
Técnicos de Natação. Leia abaixo uma pequena entrevista com o técnico:
Qual é o maior desafio do técnico numa equipe com mais de 40 atletas de nível
brasileiro/estadual?
Manter sempre a equipe auto-motivada para se manter um nível bom! Temos de
estar sempre procurando inovar as ideias e relacionamento com os atletas e a cada
dia tentar colocar metas para serem batidas para você mesmo. Somente com metas
individuais e audaciosas conseguimos chegar ao sucesso de uma equipe desse porte.
Por que, na sua opinião, é tão difícil manter o atleta treinando até as categorias
junior e sênior?
Hoje em dia é mais difícil manter os atletas treinando até essas categorias
principalmente quando não são profissionalizados da forma que eles acham que tem
que ser. Os atletas hoje, em sua grande maioria, querem estudar e acabam deixando
o seu bom momento como atleta para se entregar ao estudo ou a algum trabalho, e
também acabam por muitas vezes perdendo o auge de sua carreira por ter largado o
esporte competitivo tão cedo. Muitos nem chegam no seu ápice pois teve que parar
antes. Existem talvez alguns familiares que não apoiam e tem em sua cultura a ideia
de que o filho tem de estudar e mais nada, e que o esporte não se leva pra vida, e
acabam deixando de se profissionalizar porque param de nadar antes do tempo por
esses motivos. Temos de ser coerentes em saber que só se treina natação quem é
amante desse esporte, pois a natação é o esporte mais ingrato que temos em relação
à treinamento e performance, tudo é uma questão de superação e alguns atletas não
conseguem lidar com isso e acabam deixando o esporte.
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É possível um técnico controlar a alimentação do atleta evitando doping por
acidente, ou essa responsabilidade deve ser do nutricionista?
Acho muito dificil de controlar o que os atletas fazem, diria quase impossível, mas
não podemos nos fazer de idiotas: às vezes a coisa pode estar na nossa frente, pois
acompanhamos o atleta dia-a-dia e temos de ter a sensibilidade desde a melhora
expressiva em seus treinamentos até a mudança no corpo, ou seja, não podemos virar
as costas para um problema que futuramente pode nos comprometer.
Você é considerado um técnico motivador, que sabe aproveitar do melhor da
equipe, com atitude de vencedor e sempre otimista. Esse é o tipo de
característica que se aprende - como numa sala de aula ou lendo livro - ou isso
apenas é inerente da pessoa?
Poucas coisas da minha vida profissional aprendi numa sala de aula. Aprendi muito
mais nas experiências que tive e no meu dia-a-dia do que numa sala propriamente
dita. Hoje em dia temos de estudar a natação e enxergar aquilo que ela vai ter de
melhor, lemos um livro para aprender e conhecer as novidades da profissão, mas
postura acredito que cada um tem a sua, e isso não se aprende lendo ou escrevendo
artigos e sim na sua atitude e personalidade.
Com as polêmicas dos trajes, novos equipamentos na piscina - o bloco - e novas
técnicas que auxiliam a recuperação pós-treinamento e competição, o que o
técnico realmente deve acompanhar em se tratando de tendências e novidades?
Sempre estar conectado com aquilo que é de melhor, mas temos de ter cuidado para
que trajes, por exemplo, não seja mais importante do que nosso planejamento e
programa de treino, pois nos últimos anos os atletas mais se preocuparam em trajes e
suplementos do que na sua dedicação nos treinos. Acho que temos sempre de inovar e
estar em igualdade, mas não perdendo a linha de que o principal é o
TREINAMENTO.
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