WALKIRIA FERREIRA SILVA Comparação da viabilidade das células mononucleares totais da medula óssea de suínos em diferentes protocolos de congelamento São Paulo 2007 WALKIRIA FERREIRA SILVA Comparação da viabilidade das células mononucleares totais da medula óssea de suínos em diferentes protocolos de congelamento Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências Departamento: Cirurgia Área de Concentração: Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres Orientadora: Profª. Drª. Maria Angélica Miglino São Paulo 2007 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome: Silva, W. F. Título: Comparação da viabilidade das células mononucleares totais da medula óssea de suínos em diferentes protocolos de congelamento Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências Data:___/___/___ Banca Examinadora Prof. Dr.______________________________Instituição:___________________________ Assinatura:_____________________________Julgamento:_________________________ Prof. Dr. _______________________________Instituição:__________________________ Assinatura:______________________________Julgamento:________________________ Prof. Dr. ________________________________Instituição:_________________________ Assinatura:_______________________________Julgamento:_______________________ Dedicatória e Agradecimentos Introdução 19 Silva, W.F. 1 INTRODUÇÃO A terapia celular é tida como uma terapia muito promissora no que diz respeito ao tratamento de diversas doenças, fundamentada principalmente na provável regeneração dos tecidos lesados promovida pelas células transplantadas. A sua importância e aplicabilidade terapêutica torna-se ainda mais evidenciável tendo-se em vista a incapacidade de proliferação de muitos tipos celulares para a reposição do tecido injuriado (HIDEMASA et al., 2003). Uma das fontes de células com provável capacidade de regeneração tecidual, no caso as células-tronco, é a medula óssea. Verificam-se dois tipos distintos de fonte celular componentes da medula óssea, sendo, 1) as células hematopoiéticas multipotentes – capazes de originar células sanguíneas (plaquetas, eritrócitos, monócitos, granulócitos e linfócitos) e 2) as células multipotentes não hematopoiéticas – capazes de originar células mesenquimais ou estromais (PROCKOP, 1997; KRAUSE, 2002). Relata-se ainda que ambas as fontes celulares sejam passíveis de obtenção sem a instituição de terapia imunossupressiva (SUSSMAN, 2001). A quantificação do crescimento celular, incluindo proliferação e viabilidade, tem se mostrado uma ferramenta essencial em muitos laboratórios que estudam as células mononucleares totais. Muitos ensaios de viabilidade são baseados em um ou dois parâmetros, tais como atividade metabólica e integridade da membrana celular. Usualmente a atividade metabólica é mensurada em populações celulares por meio de incubação com tetrazolium. Seguindo-se o ensaio a exclusão por morte celular após-marcação com azul Tripan, diferenciando-se então as células viáveis das não viáveis (CELL, 2003). Ainda assim, muito a que ser pesquisado quanto à possível viabilidade celular para utilização em transplantes, ou em bioengenharia de tecidos, uma vez que, é ampla a variedade de fontes celulares e, não obstante, mais amplo ainda pode ser a aplicação de técnicas de criopreservação e o período de estocagem destas células. 18 Silva, W.F. Objetivo 21 Silva, W.F. 2 OBJETIVO Objetivamos testar diferentes protocolos de congelamento aplicados às células mononucleares totais de origem medular com vista à determinação da viabilidade celular pós-descongelamento (45 e 60), e conseqüente potencialidade de expansão em cultura. Revisão Bibliográfica 23 Silva, W.F. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As referências consultadas que embasaram a elaboração desta dissertação foram separadas em capítulos como se segue. 3.1 REGENERAÇÃO TECIDUAL Quanto às referências sobre regeneração tecidual dispomos: 3.1.1 Histórico Em 1955, Barnes e Loutit detectaram que as células de baço criopreservadas injetadas depois da irradiação letal podem produzir a recuperação hematológica em ratos. Aproximadamente 40 anos depois, criopreservação de medula óssea se tornou uma prática padrão na clínica para transplantes autológos de medula óssea (AREMAN; AREMAN; SACHER; DEEG, 1990; SPUTTEK, 1991; ROWLEY, 1992; HUBEL,1997; IKEHARA, 2002; SPUTTEK, 2004; HAIDER; ASHRAF, 2005; FLEMING; HUBEL, 2006). A criopreservação também foi usada com sucesso para transplantes alogênicos de medula óssea, embora o seu uso não tenha se tornado comum (LASKY, 1989). O processamento de células-tronco hematopoiéticas para transplantes modificou-se consideravelmente em 10 anos passados. As células-tronco convenientes para transplantes podem ser obtidas de várias fontes inclusive da medula óssea (AMOS; GORDON, 1995). Na década de 60 foi descoberto que alguns tecidos adultos têm capacidade de auto-regeneração como a pele, o epitélio intestinal e principalmente o sangue, o qual tem suas células constantemente destruídas e reguladas por um complexo 24 Silva, W.F. e fino processo de proliferação e diferenciação celular. Durante muitas décadas estudou-se o processo de hematopoiese, processo de produção das células sanguíneas, a partir de células-tronco multipotentes, localizadas no interior da medula óssea, que são capazes de dar origem às células progressivamente mais diferenciadas e com menor capacidade proliferativa. As células mesenquimais da medula óssea, também têm capacidade de gerar as linhagens mielóide e linfóide, que originam os tipos celulares presentes no sangue. O processo de renovação celular é tão intenso que diariamente novas células sanguíneas entram na circulação (SCORSIN, 1997). 3.1.2 Panorama Atual A noção de que vários tecidos e órgãos do corpo humano como o fígado, músculo esquelético, pâncreas e sistema nervoso têm um estoque de célulastronco, apresentando uma capacidade limitada de regeneração tecidual após injúria, é recente. Ainda mais atual é a idéia de que as células-tronco presentes nestes vários órgãos não sejam apenas multipotentes, ou seja, capazes de gerar as células constitutivas daquele órgão específico, mas também pluripotentes, as quais poderiam também gerar células de outros órgãos e tecidos (GOODELL, 2001; MALOUF, 2001). Obviamente, a possibilidade de se utilizar as próprias células dos indivíduos adultos poderia contribuir para a resolução dos dois principais problemas enfrentados pela bioengenharia: a rejeição imunológica de transplantes heterólogos e as objeções ético-religiosas do uso de material fetal. O primeiro relato incontestável desta propriedade das células-tronco adultas foi publicado em 1998, por um grupo de cientistas italianos, os quais estudaram a regeneração do músculo esquelético por células derivadas da medula óssea (FERRARI, 1998). 25 Silva, W.F. 3.1.3 Células-tronco e criopreservação O intuito da criopreservação é preservar a célula-tronco, obtida da medula óssea, sangue periférico ou cordão umbilical, de maneira que a sua viabilidade e integridade funcional sejam mantidas após o descongelamento (BITTENCOURT; ROCHA, 2006). As células-tronco podem ser mantidas congeladas a -80ºC por até dois anos ou por períodos significativamente mais longos (mais de 14 anos) quando armazenados em tanque de nitrogênio líquido (AIRD, 1992; DE VRIES, 2004). Na criobiologia, a formação de cristais de gelo durante o congelamento é a causa primária de danos celulares. Cristais de gelo intracelulares podem ser formados durante o congelamento rápido, resultando em uma ruptura mecânica das estruturas celulares. Sob processo de congelamento lento, a formação de cristais de gelo ocorre no espaço extracelular, resultando em um aumento da osmolaridade extracelular à medida que a água livre é incorporada aos cristais de gelo. Essa diminuição de água resulta na concentração de solutos extracelulares, tais como os íons sódio, podendo causar uma hiperosmolaridade extracelular, levando a uma desidratação celular. A desidratação progressiva da célula ocorrerá durante o congelamento excessivamente lento, permitindo maior passagem de água para o espaço extracelular, sendo incorporada aos cristais de gelo. Parece que a permeabilidade celular à água seja o fator limitante no estabelecimetno do processo de congelamento para qualquer célula em particular (MASSUMOTO, 2000). Múltiplos mecanismos foram encontrados para garantir a sobrevivência das células ao descongelamento. A resposta de uma célula ao ambiente congelado pode ser mostrada esquematicamente na figura 1. Inicialmente, as células são suspendidas em uma solução criopreservante em temperatura ambiente. Como a amostra é esfriada, a formação do gelo é iniciada (espontaneamente ou semeando). A formação do gelo na solução extracelular retira a água na forma do gelo da solução. Esta retirada de água produz uma modificação abrupta na 26 Silva, W.F. concentração da porção descongelada da solução extracelular. Quando exposto à concentração extracelular crescente, a célula responde exprimindo água para conseguir um novo estado de equilíbrio entre soluções intracelulares e extracelulares. Em altas taxas de esfriamento, o equilíbrio não pode ser mantido porque a taxa na qual o potencial químico na solução extracelular está sendo diminuída é muito maior do que a taxa na qual a água pode difundir-se fora da célula. O resultado deste desequilíbrio é a formação de gelo intracelular (IIF) sendo letal à célula (TONER, 1993). Figura 1 – Esquema representativo do comportamento celular quando submetida a protocolos de congelamento 27 Silva, W.F. Os protocolos de criopreservação geralmente requerem o uso de crioprotetores compostos para promover melhor sobrevivência das células e tecidos sob congelamento (BATESON, 1994; KARLSSON, 1996; MULDREW, 1996; BIDAULT, 2000; LAKEY, 2003;), e para moderar os normalmente letais efeitos da concentração extracelular de sal, do gelo intracelular e gelo na matriz celular. Na criopreservação tradicional de células em suspensão, crioprotetores são usados para manipular o ponto de congelamento intra e extracelular, assim manipulando também a quantidade de gelo formado a dada temperatura. O sucesso de um protocolo depende normalmente da concentração de crioprotetores dentro das células ou tecidos. O crioprotetor entra nas células e tecidos através de equilíbrio termodinâmico com o meio. No caso reverso, equilíbrio termodinâmico também proporciona a remoção dos crioprotetores internos através de uma solução de diluição usada no fim do processo quando as células ou tecidos são preparadas para o uso (FATHY, 1984; FULLER, 1989; TAYLOR, 1992; FULLER, 1994; WALCERZ, 1995; ISBELL, 1997; ZIGGER, 1997; ELMOAZZEN, 2005;). O crioprotetor mais frequentemente utilizado é o dimetilsulfóxido (DMSO). A adição desse penetrante crioprotetor diminui o volume de água para formação de cristais de gelo e consequentemente, o grau de desidratação da célula. Isso resulta em adequada criopreservação das células(AIRD,1992; MASSUMOTO, 1996; DE VRIES, 2004; ). Os crioprotetores foram criados com o propósito de substituir a água nas células. Isso minimiza o dano criado pela formação de gelo e propicia a formação de um estado amorfo nas células, em vez de cristais de gelo, durante o ciclo resfriamento-crioarmazenamento-aquecimento. Os crioprotetores podem ser separados em dois grupos principais, em relação a seus papéis, a saber, agentes penetrantes e não-penetrantes de acordo com a tabela 1. 28 Silva, W.F. Tabela 1 - Classificação de agentes criopreservadores segundo o peso molecular e outras propriedades. A. Crioprotetores penetrantes (PC) B. Crioprotetores não penetrantes (NPC) Baixa molecularidade: Açúcares: Alta molecularidade: MW<100Da 180<MW<594Da MW>1000Da Poli alcoólicos (PVAs): Ficoll Dextran Etileno glicol (EG) Monossacarídeos Polivinil pirrolidona (PVP) Dimetilsulfóxido (DMSO) Frutose, Glicose Polietilglicol (PEG) Propilenoglicol Lactose, Maltose Polvinil alcoólico (PVA) Glicerol Agente bloqueador de formação de cristais de gelo derivado de PVA Amido hidróxietílico (HES) Butandióis: Dissacarídeos: 1,2-/2,3-butandiol Sacarose Trehalose Acetamida, Metanamida Polissacarídeos: Rafinose Fonte: Vitrification as a prospect for cryopreservation of tissue-engineered constructs. KULESHOVA et al. 2006. Um ponto importante a ser considerado no desenvolvimento dos processos de criopreservação é o de evitar efeitos tóxicos das soluções criopreservantes. A toxicidade dos crioprotetores penetrantes é objeto de árdua investigação, já que todos os agentes de baixo peso molecular são potencialmente tóxicos às células. Para a criobiologia, os procedimentos para estimar os efeitos de um crioprotetor para a viabilidade celular são bem conhecidos. Essa estimativa é, em geral, feita pela avaliação das variáveis nos seguintes parâmetros: tipo de crioprotetor, concentração de crioprotetor e tempo de exposição ao crioprotetor (MUKAIDA, 1998; VALDEZ , 1998; KULESHOVA, 2006). Os protocolos atuais de criopreservação de células-tronco hematopoiéticas, são geralmente baseadas em concentrações de 10% de dimetilsulfóxido (DMSO) como crioprotetor intracelular (ELLIOT, 1994), os efeitos tóxicos relacionados à infusão de DMSO são, via de regra, relacionados à dosagem, e apesar de serem geralmente inócuos ou leves, podem se tornar severos (DAVIS, 1990; STRONCEK, 1991; ZAMBELLI, 1998). Geralmente para a criopreservação são utilizados freezers programados seguido pelo armazenamento das células em 29 Silva, W.F. nitrogênio líquido ou em fase de vapor, o que consome muito tempo e requer equipamentos automatizados de valores exorbitantes (ELLIOT, 1994). Há dez anos foi descrito um protocolo simplificado de criopreservação de células-tronco hematopoiéticas a -80ºC que não dependia de congelamento programado em freezer. Tal protocolo envolvia o armazenamento de soluções contendo 5% e 10% de DMSO, sendo esse o único crioprotetor (GALMES, 1995; GALMES, 1996; GALMES, 1999). A maioria dos estudos parece indicar que esse procedimento simplificado está associado a uma redução na toxicidade e a custos mais baixos, nenhuma diferença significativa foi observada em períodos médios de armazenamento e viabilidade pós-descongelamento de células nucleadas entre as células criopreservadas com 5% e 10% DMSO. Quando usada a criopreservação a 5% DMSO, foi observada uma regeneração hematológica mais lenta comparada à do grupo criopreservado a 10%DMSO, isso pode sugerir que a concentração de DMSO 10% aumenta a proteção ou conservação das células, permitindo a mesma dose de células no grupo DMSO10% induzir uma recuperação hematológica mais veloz que uma dose similar aplicada ao grupo de DMSO 5% (GALMES, 2007). As células-tronco da medula óssea apresentam capacidade de se transformar em diferentes tipos de células (FUKUDA, 2001), entretanto, para a realização dos transplantes autólogos de células mononucleares totais da medula, serão necessários alguns cuidados essenciais no processo de criopreservação e armazenamento, cujos efeitos devido ao longo prazo de congelamento e capacidade imunohematopoiética ainda são pouco conhecidos. A partir de então, RE, 1998 estudaram células da medula óssea, criopreservadas e estocadas por mais de cinco anos relatando a preservação de boa viabilidade com formação de colônias in vitro, as quais registraram índices de contagem de granulócitos maiores do que 500x106/L em 21 dias e de plaquetas maiores do que 20x109/L após 30 dias de transplante. Ao término de 29 dias, o nível de hemoglobinas do paciente era satisfatório, não havendo necessidade de transfusão. Walter et al. (1999) reportaram que o armazenamento das células criopreservadas deve obedecer a um padrão de baixas temperaturas entre -70 a – 30 Silva, W.F. 180Cº, acrescentando-se que, quando armazenadas a temperatura entre –80 a 90Cº, pode-se também obter resultados satisfatórios. Liu et al. (1980) descreveram alta viabilidade das células hematopoiéticas provenientes da medula óssea de ratos vivos após criopreservação, demonstrando que as células precursoras granulocíticas tiveram média à moderada viabilidade enquanto a capacidade proliferativa dos eritrócitos demonstrou-se diminuindo após congelamento. A tecnologia de preservação de células cultivadas tem progredido, e as células mesenquimais criopreservadas tem apresentado alta capacidade de reparação tecidual devido à facilidade de diferenciação (BRUDER, 1997; SPURR, 2002). Uma etapa muito importante no transplante autólogo de medula óssea é a criopreservação da mesma ou das células tronco-hematopoiéticas periféricas. A criopreservação permite o estabelecimento de regimes de condicionamento por vários dias, como também, o armazenamento profilático para pacientes a serem transplantados meses ou anos mais tarde. O fato de que a célula-tronco hematopoiética possa ser criopreservada com sucesso é evidenciado pela capacidade da mesma em regenerar a função da medula após regimes com altas doses de quimioterápicos. A falha na recuperação hematopoiética, geralmente, não é atribuída à criopreservação de células pluripotentes, porém há relatos que correlacionam a mau criopreservação de células pluripotentes como sendo responsável pela demora na recuperação hematopoiética, após o transplante (ROWLEY, 1992; MASSUMOTO, 2000). Existem dois métodos de criopreservação. Um dele é realizado pelo congelamento rápido das células, quando a medula ou as células-tronco periféricas são colocadas diretamente em um freezer a -80ºC e a concentração final da solução crioprotetora é de 5% dimetilsulfóxido (DMSO), 6% de solução de amido hidroxietilamido e 4% de albumina humana em solução salina. O outro método realiza o congelamento lento e progressivo, quando a razão de decaimento da temperatura é controlada por computador. Nele, a solução crioprotetora é constituída por 40% de meio de cultura, 40% de plasma autólogo e 20% de DMSO. A técnica de congelamento 31 Silva, W.F. lento e descongelamento rápido evita os danos mecânicos e a desidratação causada pela formação e crescimento de cristais de gelo. O descongelamento das células deve ser rápido para que os cristais de gelo, formados durante o congelamento, não danifiquem a membrana celular (MASSUMOTO, 1996). Pettengell et al. (1994) demostraram que células mononucleares de medula óssea e de sangue periférico, criopreservadas em temperatura de 4ºC por 5 dias apresentaram viabilidade diminuída com o passar das horas. As análises realizadas 24 h após a criopreservação alcançaram índice de viabilidade de 90%, passadas 48 horas a viabilidade reduziu-se a 68%, atingindo 47% após 72 h de criopreservação. Segundo Weiner, Tobias e Yankee (1976) células mononucleares de medula óssea humana, foram coletadas e criopreservadas em solução contendo 10% de dimetilsulfóxido (DMSO), atingindo uma viabilidade de 50% após descongelamento. De acordo com Galmes et al., (1995) foram usadas, para transplantes em 11 pacientes, células-tronco criopreservadas a temperatura de –80ºC por congelamento em freezer programado mecanicamente e crioprotegidas por solução contendo 10% DMSO proporcionando uma viabilidade de 90%. Parker et al., (1981) relataram a criopreservação de medula óssea humana por período de 42 meses em nitrogênio líquido, conferindo-se viabilidade de 79% após o processo de descongelamento. Em estudo realizado por Donnenberg et al. (2002) testou-se a viabilidade de células mononucleares de medula óssea criopreservadas por um período de 9 a 14 anos, sendo verificado que 95% das células estavam viáveis após descongelamento para transplante. Kawano et al. (2004) testaram o método de criopreservação com temperatura a -80ºC, em freezer programado com medula óssea humana coletada de pacientes por um período de 7 anos e obtiveram resultados de viabilidade variando de 75% – 89% quando as células foram descongeladas. Materiais e Métados 33 Silva, W.F. 4 MATERIAis E MÉTODOS O material utilizado e os métodos empregados nesta investigação são descritos neste capítulo 4.1 MATERIAL PROPOSTO Foram utilizados para a extração de medula óssea 8 suínos hígidos, fêmeas, pesando aproximadamente 25 Kg, provenientes de granjas da Cidade de São Paulo. 4.2 PROTOCOLO ANESTÉSICO Os animais foram pré-medicados com associação anestésica de Cloridrato de Ketamina (Dopalen£ - Vetbrand) na dose de 3 mg/Kg e Cloridriato de Midazolan (Dormire£ - Cristália) na dose de 0,5 mg/Kg na mesma seringa, aplicados via intramuscular (IM). Logo após, os animais foram encaminhados a sala de cirurgia. Na sala cirúrgica foi realizado acesso venoso na orelha para a infusão de fluidoterapia, com utilização de Ringer Lactato e o volume infundido foi de aproximadamente 1 litro e 500 ml. A indução anestésica foi realizada com emprego de Propofol (Propovan£ - Cristália), na dose de 5 mg/Kg intravenoso (IV). Em seguida realizou-se a intubação orotraqueal (IOT), com sonda traqueal adequada ao animal. A manutenção anestésica foi realizada pela aplicação de anestesia geral inalatória utilizando-se Isofluorano (Isoforine£- Cristália) utilizando aparelho de anestesia modelo Shoogun Evolution 2700£ (Takaoka) (Figura 2) e a modalidade ventilatória escolhida foi Ventilação Controlada a Pressão (Pcv) com 34 Silva, W.F. FR= 15 (freqüência respiratória) e PEEP = 5 cm H2O (pressão respiratória final das vias aéreas). Figura 2 – Fotografia do aparelho de anestesia inalatória Shoogun Evolution 2700£ (Takaoka) 35 Silva, W.F. 4.3 Protocolo Cirúrigico Com os animais em plano anestésico realizou-se a assepsia da pele na região da crista ilíaca. Seguindo-se a analgesia da pele, tecido subcutâneo e musculatura com utilização de Cloridrato de Lidocaína a 0,2% sem vaso constritor, e aguardado sua ação procedeu-se a punção com agulha para punção óssea, tamanho 11 x 10,2cm (HS MEDICAL) (Figura 3A), a qual apresentava-se envolta por uma cânula sendo ambas perfuro-cortante, dispensando assim, uma incisão local. A agulha foi introduzida na medula óssea e, por pressão negativa foram aspirados aproximadamente 60ml de sangue de medula em seringas de 10mL Luer-lock£ (BD) (Figura 3B) contendo anticoagulante (heparina sódica bergamoActiparin®) (CROW; WALSHAW, 2000). Após a coleta (Figura 4) as seringas contendo o aspirado medular foram suavemente homogeneizadas e acondicionadas em isopor com gelo para transporte e conseqüente separação das células mononucleares. Figura 3 – Fotografia da cânula para punção de medula óssea (A) e seringa lower-lock (B) 36 Silva, W.F. Figura 4 – Em A: Fotografia do procedimento de punção da medula óssea da crista ilíaca realizado após anti-sepsia e localização óssea através de palpação. Em B, desenho esquematizado demonstrando as regiões de interesse no momento da coleta de material 37 Silva, W.F. 4.4 SEPARAÇÃO DAS CÉLULAS MONONUCLEARES TOTAIS DA MEDULA ÓSSEA A separação das células foi realizada por gradiente de densidade FicollPaqueTMPlus®1 (Amersham Bioscience) (STRAUER et al., 2001). O material coletado foi separado em frações de 20ml e estes colocados em tubos cônicos, adicionando-se aos mesmos, solução fisiológica 0,9% na proporção de 1:1 o qual nos referimos como sendo solução final. Em outros tubos foram colocados 15ml de Ficoll-PaqueTM Plus£ (Amsersham Pharmacia©) e com emprego de pipeta de transferência alocada à parede do tubo, adicionando suavemente a solução final preparada com a medula óssea (15ml de Ficoll-Paque e 30ml de medula óssea). EstatécnicaevitaqueocorramisturacomoFicollPaqueTM Plus£, (Amsersham Pharmacia©), pois somente assim a separação celular por gradiente de densidade pode ser realizada com sucesso. Em seguida, estes tubos contendo solução mistacompostademedula, solução fisiológica e Ficoll foram centrifugados por 20 minutos, a velocidade de 2000rpm e a temperatura de 20ºC. Após a centrifugação pode-se observar a formação de um halodecélulas mononucleares, sob o plasma (Fig. 4), o qual foi coletado com auxílio de pipeta Pasteur e acondicionado em outro tubo cônico, adicionando-se então solução de soro fetalbovino(SBF),associado à solução fisiológica (SF) 0,9% em uma proporção de 1:6 (5ml de soro fetal e 30ml de solução fisiológica). Novamente o material foi centrifugado por sete dmdmdmdmd Figura 4 – Esquema representativo da formação e localização do halo de células (CMMO) no tubo cônico após a centrifugação 39 Silva, W.F. 4.4.1 Teste de Viabilidade Os testes de viabilidade foram feitos a partir de contagem das células coradas com azul Tripan com utilização de Câmara de Neubauer, imediatamente após a coleta das amostras (Figura 5). Figura 5 - Fotografia demonstrando os materiais empregados na estimativa da viabilidade celular – São Paulo, SP, Brasil, 2007 Para a citometria, as amostras foram descongeladas em banho-maria a uma temperatura de 37ºC e colocadas em tubos cônicos com volume de 15ml de solução fisiológica 0,9% para centrifugação por 5 minutos a 2000rpm. Este procedimento foi repetido por mais duas vezes. Seguidamente, as amostras foram ressuspendidas em volume de 2ml de solução fisiológica para a marcação das células viáveis e não viáveis com corante fluorescente para em seguida serem avaliadas pelo citômetro. Durante o processamento no citômetro de fluxo, há a passagem de células individualmente por uma câmara de fluxo que gera um fluxo laminar de células, onde incide um raio de luz (laser). A dispersão do mesmo (scatter) e dos corantes 40 Silva, W.F. fluorescentes emite luzes de freqüências variadas que são captadas por filtros e detectores fotomultiplicadores, os quais convertem a luz em pulsos eletrônicos e que serão captados pelo software. A dispersão luminosa fornece os primeiros dados sobre a caracterização de sua amostra celular. Ela permite investigar a célula no que diz respeito ao seu tamanho (forward scatter) e à sua complexidade e granularidade (side scatter). Em geral, esses critérios são utilizados para a exclusão de debris celulares e células mortas. Por outro lado, os corantes permitem a identificação do tipo celular, ou seja, do fenótipo celular. Deste modo o conjunto dessas informações permite a quantificação das células e análise da pureza celular. A citometria de fluxo apresenta outras aplicações nos estudos com células-tronco, tais como a análise da viabilidade celular com o uso de corantes fluorescentes (FONTES; ORELLANA; PRATA, 2006). 41 Silva, W.F. 4.5 CRIOPRESERVAÇÃO Foram testados protocolos com meios de cultura composto principalmente por DMSO. Após a coleta e separação as células mononucleares totais foram congeladas em criotubos com capacidade de 1,8ml contendo os meios de congelamento, determinados por oito protocolos distintos (Tabela 2): 1) meio de congelamento A foi composto por 20% dimetilsulfóxido (DMSO), 40% Dulbecco´s Modified Eagle´s Médium (DMEM) e 40% plasma autólogo. 2) meio de congelamento B continha 20% dimetilsulfóxido (DMSO), 40% Roswell Park Memorial Institute (RPMI) e 40% de plasma autólogo. 3) meio de congelamento C teve em sua composição 20% dimetilsulfóxido (DMSO), 40% soro fetal bovino (SFB) e 40% plasma autólogo. 4) meio de congelamento D foi composto de 20% dimetilsulfóxido (DMSO), 80% de plasma autólogo. 5) meio E constituiu-se de 5% dimetilsulfóxido (DMSO), 47,5% de Dulbecco´s Modified Eagle´s Médium (DMEM) e 47,5% de plasma autólogo. 6) meio F conteve 5% dimetilsulfóxido (DMSO), 47,5% de Roswell Park Memorial Institute (RPMI) e 47,5% de plasma autólogo. 7) meio G conteve 5% dimetilsulfóxido (DMSO), 47,5% de soro fetal bovino (SFB) e 47,5% de plasma autólogo. 8) meio H constituiu-se de 5% dimetilsulfóxido (DMSO), 95% de plasma. 42 Silva, W.F. Tabela 2 – Tabela representativa dos componentes dos meios de congelamento aplicados às células mononucleares totais submetidas à criopreservação – São Paulo, SP, Brasil, 2007 Componentes do meio de congelamento PLASMA DMEM2 DMSO RPMI3 AUTÓLOGO 5,0% 20,0% 40,0% 47,5% 40,0% 47,5% 40,0% 47,5% 1 Meio A X X B X X C X X D X 2X SORO FETAL BOVINO 40% 47,50% X X X E X X F X X G X X H X 2X X X X 1. DMSO – Dimetilsulfóxido 2X – Representam o dobro da concentração 2. DMEM – Dulbecco’s Modified Eagle’s Médium 3. RPMI – Roswell Park Memorial Institute O congelamento das células foi feito da seguinte forma: 30 minutos a -4ºC, 4 horas a uma temperatura de -20ºC, 12 horas em temperatura de -40ºC para depois serem transferidas para o nitrogênio líquido a uma temperatura de -196ºC. Resultados 44 Silva, W.F. 5 RESULTADOS Os resultados encontrados nesta pesquisa são discorridos em tópicos. 5.1 RESUTADOS OBTIDOS EM CÂMARA DE NEUBAUER Após um período de 45 dias de congelamento, as amostras foram descongeladas em banho-maria a uma temperatura de 37ºC e colocadas em tubos cônicos com volume de 15ml de solução fisiológica 0,9% para centrifugação por 5 minutos a 2000rpm. Este procedimento foi repetido por mais duas vezes. Seguidamente as amostras foram ressuspendidas em volume de 2ml de solução fisiológica para a marcação das células não viáveis com Azul Tripan. Os resultados dos meios A, B, C, D, E, F, G e H, estão descritos na tabela 3. Tabela 3 – Tabela representativa dos resultados obtidos pela contagem de viabilidade celular nos meios de congelamento aplicados às células mononucleares totais submetidas à criopreservação realizados em câmara de Newbauer após o descongelamento – São Paulo, SP, Brasil, 2007 Células Viáveis - Descongelamento com 45 dias Contagem em Câmara de Neubauer [%] [20%] DMSO Animal Média Mínimo Máximo DP1 CV2 1 2 3 [5%] DMSO A B C D E F G H 43,0 83,0 72,0 66,0 43,0 83,0 20,7 3,2 20,0 73,0 69,0 54,0 20,0 73,0 29,5 1,9 87,0 70,0 73,3 76,8 70,0 87,0 9,0 8,5 78,0 30,0 62,5 56,8 30,0 78,0 24,5 2,3 68,0 85,0 41,8 64,9 41,8 85,0 21,8 3,0 75,0 60,0 50,0 61,7 50,0 75,0 12,6 4,9 72,0 84,0 70,0 75,3 70,0 84,0 7,6 9,9 43,0 82,0 41,9 55,6 41,9 82,0 22,8 2,4 1. DP – Desvio Padrão 2. CV – Coeficiente de Variação 45 Silva, W.F. 5.2 RESULTADOS OBTIDOS PELA TÉCNICA DE CITOMETRIA DE FLUXO Após um período de 45 dias de congelamento, as amostras foram submetidas à quantificação realizada em citômetro de fluxo. Os resultados dos meios A, B, C, D, E, F, G e H, estão descritos na tabela 4 e gráficos 1, não obstante, ainda representaram-se as viabilidades obtidas em montagens de dot plots (Gráficos 2 a 9). Tabela 4 - Tabela representativa dos resultados obtidos pela contagem de viabilidade celular nos meios de congelamento aplicados às células mononucleares totais submetidas à criopreservação realizados em citômetro de fluxo após o descongelamento – São Paulo, SP, Brasil, 2007. Células Viáveis – Descongelamento com 45 dias Animal Média Mínimo Máximo DP1 CV2 1 2 3 4 5 6 7 8 Contagem em Citômetro de Fluxo [%] Protocolos 20% DMSO Protocolos 5% DMSO A B C D E F G 19,48 21,77 2,31 54,24 6,49 3,79 3,05 15,54 15,40 40,24 80,00 8,78 22,82 9,74 16,40 25,36 24,68 70,00 5,70 13,85 6,88 14,36 7,08 10,33 84,20 25,80 10,28 10,41 30,28 11,11 38,33 23,55 25,41 27,13 8,77 70,23 72,47 73,35 66,98 20,54 26,40 28,64 28,14 18,54 24,90 24,80 15,35 11,36 11,45 18,90 9,56 25,22 10,27 14,66 13,89 12,08 26,67 22,66 29,92 51,76 15,34 16,19 11,38 14,36 7,08 2,31 10,27 5,70 3,79 3,05 70,23 72,47 73,35 84,20 25,80 27,13 28,64 18,54 21,07 21,66 28,45 8,04 8,37 7,54 1,44 1,08 1,38 1,82 1,91 1,93 1,51 1. DP – Desvio Padrão 2. CV – Coeficiente de Variação H 5,87 18,16 38,74 30,74 30,86 59,31 26,22 17,44 28,42 5,87 59,13 16,09 1,77 46 Silva, W.F. A B C Protocolos [20%] DMSO D E F G H Protocolos [5%] DMSO Contagem em Citômetro de Fluxo [%] Células Viáveis - Descongelamento com 45 dias Gráfico 1 – Histograma representativo das médias obtidas pela contagem de viabilidade celular nos meios de congelamento aplicados às células mononucleares totais submetidas à criopreservação realizadas em citômetro de fluxo após o descongelamento em 45 dias – São Paulo, SP, Brasil, 2007. 55 Silva, W.F. Após um período de 60 dias de congelamento, as amostras foram submetidas à quantificação realizada em citômetro de fluxo. Os resultados dos meios A, B, C, D, E, F, G e H, estão descritos na tabela 5 e gráfico 10. As viabilidades obtidas foram demonstradas em dot plots a seguir (Figs. 14 a 21). Tabela 5 - Tabela representativa dos resultados obtidos pela contagem de viabilidade celular nos meios de congelamento aplicados às células mononucleares totais submetidas à criopreservação realizados em citômetro de fluxo após o descongelamento – São Paulo, SP, Brasil, 2007 Células Viáveis – Descongelamento com 60 dias Animal 1 2 3 4 5 6 7 8 Média Mínimo Máximo DP1 CV2 1. DP – Desvio Padrão Contagem em Citômetro de Fluxo [%] Protocolos 20% DMSO Protocolos 5% DMSO A B C D E F G 17,38 3,59 18,12 54,89 4,78 23,27 12,13 14,92 20,53 32,54 54,78 13,31 22,24 12,73 16,92 2,80 17,19 48,32 32,52 34,91 17,32 15,40 24,80 37,70 43,20 12,80 18,20 11,40 18,73 19,28 15,09 37,28 17,45 20,41 10,13 5,50 11,11 17,68 83,11 14,27 16,33 14,62 16,90 28,47 29,01 79,56 11,10 12,13 6,98 65,20 66,30 66,00 61,72 13,35 38,82 25,17 21,37 22,11 29,17 57,86 14,95 23,29 13,81 5,50 2,80 15,09 37,28 4,78 12,13 6,98 65,20 24,80 37,70 54,89 32,52 34,91 17,32 1,54 10,26 10,26 7,60 10,23 6,50 2,74 13,88 2,16 2,84 7,61 1,46 3,58 5,05 2. CV – Coeficiente de Variação H 28,77 24,12 36,13 31,70 42,54 27,12 42,63 72,02 38,13 24,12 42,54 7,05 5,41 56 Silva, W.F. A B C D E Protocolos [20%] DMSO F G H Protocolos [5%] DMSO Contagem em Citômetro de Fluxo [%] Células Viáveis - 60 dias Gráfico 10 – Histograma representativo das médias obtidas pela contagem de viabilidade celular nos meios de congelamento aplicados às células mononucleares totais submetidas à criopreservação realizadas em citômetro de fluxo após o descongelamento em 60 dias – São Paulo, SP, Brasil, 2007 65 Silva, W.F. As amostras avaliadas com 45 dias de congelamento pertencentes aos protocolos A, B, C e D contendo 20% DMSO (dimetilsulfóxido) como crioprotetor, apresentaram médias descongelamento dos de viabilidade protocolos E, superiores F, G e H as apresentada contendo 5% no DMSO (dimetilsulfóxido), no mesmo período. O mesmo ocorreu quando fizemos o descongelamento das amostras após o período de 60 dias, conforme tabelas 4 e 5 (acima). Os protocolos D e H individualmente apresentaram melhor viabilidade tanto para o descongelamento no período de 45 dias quanto para o período de 60 dias. Foram selecionados aleatoriamente três protocolos após 60 dias de criopreservação e colocados em cultivo para observarmos se estas células perderam sua capacidade de expansão. As amostras ficaram em cultivo por sete dias. Durante este período notamos que nos primeiros dias as células apresentaram boa viabilidade e intensa atividade metabólica e algumas células se aderiram ao fundo das placas. A partir do quinto dia as células começaram a morrer e no sétimo dia quase não observamos células viáveis nas placas. Discussão 68 Silva, W.F. 6 DISCUSSÃO 6.1 MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE VIABILIDADE CELULAR A quantificação da porcentagem de viabilidade celular foi feita por campo em câmara de Neubauer em microscópio óptico de luz, através da marcação com Azul Tripan que penetra nas células mortas em função do aumento de permeabilidade da membrana celular. Na dependência do tamanho celular, podese haver a indução de contagem de debris celulares como pequenas células, uma vez que não há coloração específica para os mesmos. Já pela técnica de citometria de fluxo, as células em apoptose ou mortas tiveram seu núcleo corado em laranja com marcador Guava® PCATM -96 ViaCount® Flex Reagent. O núcleo das células viáveis foi corado em vermelho. A especificidade do marcador não permite corar debris celulares, uma vez que estes não apresentam núcleo. Não obstante, a quantificação realizada pelo citômetro de fluxo baseia-se na avaliação individual de cada evento, ou seja, célula, através do capilar submetido à irradiação laser, proporcionando uma quantificação mais confiável uma vez que os valores obtidos sejam livres de víeis conferindo médias grupais mais próximas da realidade. Baseando-nos nas peculiaridades de cada método quantitativo para a estimativa da porcentagem da viabilidade celular, acreditamos que o emprego de técnicas de citometria de fluxo apresente resultados confiáveis em comparação à câmara de Neubauer, hipótese que testamos comparando-se os resultados obtidos por ambos métodos. As análises dos resultados da quantificação tanto em câmara de Neubauer quanto em citômetro de fluxo foram primariamente baseadas no índice do coeficiente de variação (CV), convencionalmente adotando-se os valores próximos a 1 que determina maior confiabilidade dos resultados obtidos pela metodologia empregada. Deste modo, observamos melhores índices na quantificação realizada 69 Silva, W.F. por citometria de fluxo em comparação à câmara de Neubauer, fato este que embasa a nossa preferência e alteração do método de quantificação previamente adotado conforme os objetivos iniciais da presente pesquisa. 6.2 MEIOS DE CONGELAMENTO A análise dos meios de congelamento que empregamos, permite-nos verificar alternância de dois aspectos inerentes a todos os protocolos: 1) disponibilidade de nutrientes e 2) capacidade de criopreservação. 6.2.1 Disponibilidade de nutrientes Quanto à disponibilidade de nutrientes utilizamos concentrações distintas de 40% para DMEM, RPMI e SFB correspondente aos protocolos A, B e C acrescidos com 40% de plasma e 20% de DMSO (criopreservante) cada. A avaliação após 45 dias de congelamento revelou que o SFB proveu uma viabilidade celular de 29,92% (C), seguido por DMEM com 26,67% (B) e por último RPMI com 22,66% (A). De mesmo modo, as análises dos resultados apresentados pelos meios A, B e C aos 60 dias de congelamento, demonstrou índices similares aos 45 dias sendo SFB 29,17% (C), seguido de DMEM com 22,11% (B) e RPMI com 21,37% (A). O fato do soro fetal bovino (SFB) apresentar melhores índices de viabilidade das células mononucleares totais de suínos aos 45 e 60 dias póscongelamento, leva-nos a supor que este fato possa estar relacionado ou à maior acessibilidade dos nutrientes presentes no SFB ou que estes nutrientes devam sofrer menor degradação durante o período. Deste modo, acreditamos poder inferir que o SFB a 40% acrescidos a protocolos apresentando 20% de DMSO 70 Silva, W.F. (crioprotetor) destaca-se dentre os demais meios de cultura utilizados nos meios de congelamento. Seguindo-se a análise dos meios contendo concentrações elevadas a 47,5% de DMEM, RPMI, e SFB em 40% de plasma e 5% DMSO (criopreservante) referentes aos protocolos E, F, e G respectivamente, foi possível observar que aos 45 e 60 dias, os meios contendo RPMI apresentaram melhores índices de viabilidade celular, 16,19% / 23,29% (F), seguido de DMEM co 15,34% / 14,95% (E) e SFB com 11,38% / 13,81% (G). A alteração na posição do ranking de viabilidade celular apresentada entre os meios enriquecidos com RPMI e SFB deva relacionar-se tanto mais à concentração do criopreservante (DMSO) do que ao enriquecimento do meio, conforme discutiremos no capitulo referente a capacidade de criopreservação. Após as análises dos resultados das amostras descongeladas com 45 dias de criopreservação, compostas apenas por plasma autólogo e DMSO na proporção 80% plasma e 20% DMSO para o protocolo D e 95% plasma e 5% DMSO para protocolo H, observamos uma maior viabilidade das células no protocolo D com índices de 62,40% e H com 24,87%. Acreditamos que os melhores índices apresentados pelos protocolos contendo apenas plasma autólogo (D e H) em comparação aos meios A, B, C, E, F e G possam relacionar-se ao nível dos componentes nutritivos disponíveis no plasma em superioridade aos demais meios comerciais (DMEM e RPMI) e soro fetal bovino (meio heterólogo), uma vez que, seus níveis devam apresentar-se de modo similar ao in situ para as células. 71 Silva, W.F. 6.2.2 Capacidade de criopreservação Observamos que os protocolos contendo 20% DMSO (A, B, C e D) tiveram maior média de viabilidade tanto para o período de 45 dias de congelamento quanto para o período de 60 dias, quando comparados aos protocolos E, F, G e H com concentração de 5% DMSO. Esta constatação deixa claro que o DMSO em maior concentração também possa propiciar maior proteção ou conservação às células de suínos, como ocorrido com células tronco hematopoiéticas humanas em relatos de Galmes et al. (2007). De acordo com a literatura, o DMSO em concentrações altas (30%) tornase tóxico para as células, preconiza-se o uso deste crioprotetor em concentrações de 5%, 10% e 20%, sendo a última pouco utilizada (MASSUMOTO; MIZUKAMI 2000), segundo Galmes et al. (2007) células tronco hematopoiéticas criopreservadas em solução contendo 5% de DMSO apresentaram regeneração hematológica mais lenta quando comparadas ao grupo criopreservado a 10% DMSO, sugerindo então que a concentração de 10% DMSO aumenta a proteção ou conservação das células, o que pode ocorrer com células criopreservadas em solução com 20% DMSO. Essa queda na viabilidade deve ser relacionada aos danos celulares causados durante a criopreservação pela formação de cristais de gelo e no descongelamento. As células colocadas em cultivo demonstraram pouca capacidade de adesão nas placas e se mantiveram viáveis por 7 dias, talvez seja necessário o uso de um meio de cultura mais rico em nutrientes apropriado para células criopreservadas devido aos danos criopreservação e descongelamento. causados durante os processos de Considerações Finais Silva, W.F. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 73 Em função dos resultados obtidos achamos por bem elencar alguns pontos importantes para que as viabilidades celulares não decaiam tanto durante e após o processo de criopreservação. É importante testar concentrações maiores dos meios responsáveis pela nutrição das células como também aferir o tempo de vida útil que o meio terá quando exposto a temperaturas baixas por períodos prolongados de congelamento. Outro fator importante é suplementar esses meios e/ou fazer associações de soluções comumente usadas na nutrição de células com intuito de oferecer maior quantidade de nutrientes em maior concentração por longo períodos de criopreservação. Os crioprotetores também são de extrema importância no processo de congelamento e por isso sua toxicidade deve ser levada em consideração. Os crioprotetores penetrantes são os mais utilizados e também são tóxicos para as células quando usados em altas concentrações, para minimizar esse efeito normalmente letal pode-se acrescentar a solução de congelamento um crioprotetor não penetrante tais como: monossacarídeos, frutose, glicose, etc., e com isso reduzir a concentração que será usada da solução penetrante. Conclusões 75 Silva, W.F. 8 CONCLUSÕES Baseando-se nos métodos aplicados e nos resultados obtidos podemos concluir que: 1. Para a quantificação da viabilidade das células mononucleares totais de medula óssea de suínos, o melhor método é a citometria de fluxo com o auxílio de um marcador fluorescente para o núcleo das células que irá diferenciar as vivas das células mortas com maior confiabilidade. 2. Os meios comumente usados na criopreservação (DMEM, RPMI e SFB), devem ser suplementados para fornecer nutrientes em maior quantidade e concentração. 3. O plasma autólogo pode ser usado em concentrações altas como meio de nutrição para as células sem associação com um meio heterólogo. 4. O DMSO em concentração de 5% para células mononucleares de suínos associado aos meios de cultivo não forneceu crioproteção suficiente para evitar morte celular. 5. A melhor concentração do crioprotetor DMSO para células mononucleares de suínos foi de 20%. 6. Quando colocadas em cultivo pós-congelamento, mesmo por um período curto, as células mononucleares de suínos necessitam de meios mais suplementados para se expandirem. 7. Dos protocolos testados, os mais eficientes na criopreservação foram o D seguido pelo H, já os protocolos menos eficientes foram: C, A, B, F, E, G em ordem decrescente. 18 Silva, W.F. Referências Bibliográficas 77 Silva, W.F. REFERÊNCIAS AIRD, W.; LABOPIN, M.; GORIN, N. C. Long-term cryopreservation of human stem cells. Bone Marrow Transplantation, v. 9, p.487-490, 1992. AMOS, T.; GORDON, M. Sources of human hematopoietic stem cells for transplantation. Cell Transplantation, v. 4, p. 547-569, 1995. AREMAN, E.; SACHER, R.; DEEG, H. Processing and storage of human bone marrow: A survey of current practices in North America. Bone Marrow Transplantation, v. 6, p.203-209, 1990. AREMAN, E. M.; SACHER, R. A.; DEEG, H. J. Cryopreservation and storage of human bone marrow: A survey of current practices. Progress in Clinical and Biological Research, v. 9, p. 333-523, 1990. BARNES, D. W. H.; LOUTIT, J. F. The radiation recovery factor: preservation by the polge-smith-parkes technique. Journal of the National Cancer Institute, v. 15, p. 90, 1955. BATESON, E. A. J.; BUSZA, A. L.; PEGG, D. E.; TAYLOR, M. J. Permeation of rabbit common carotid arteries with dimethyl-sulfoxide. Cryobiology, v. 31, p. 393397 (1994). BIDAULT, N. P.; HAMMER, B. E.; HUBEL, A. Rapid MR image of cryoprotectant permeation in an engineered dermal replacement. Cryobiology, v. 40, p. 13-26, 2000. BITTENCOURT, H.; ROCHA, V. A célula-Tronco Hematopoiética e seu uso clínico. In: ZAGO, M. A.; COVAS, D.T. Células-tronco a nova fronteira da medicina. São Paulo: Editora Atheneu, 2006. p. 122. BRUDER , S. P.; JAISWAL, E.; HAYNESWORTH, E. Growth kinetics, self-renew-al, and the osteogenic potential of purified human mesenchymal stem cells during extensive sucultivation and following cryopreservation. Journal of cellular Biochemistry,v. 64, p.278-294, 1997. CELL proliferation and viability measurement. Biochemica, nº 3, 2003. Disponível em: <www.roche-applied-science.com/apoptosis>. Acesso em: 20 set. 2005. CROW, S. E. WALSHAW,S.O.Manual de procedimentos clínicos em cães, gatos e coelhos. São Paulo: Artmed, 2000. p. 279. ; 78 Silva, W.F. DAVIS, J. M. ROWLEY,S.D.;BRAINE,H.G.;PIANTADOSI,S.; SANTOS, G. W. Clinical toxicity of cryopreserved bone marrow graft infusion. Blood, v. 75, p. 781786,1990. ; DE VRIES, E. G.; VELLENGA, E.; KLUIN-NELEMANS, J. C. The happy destiny of frozen haematopoietic stem cell: from immature stem cells to mature applications. European journal of cancer care, v. 40, p. 1987-1992, 2004. DONNENBERG, A. D.; KOCH, E. K.; GRIFFIN, D. L.; STANCZAK, H. M.; KISS, J. E.; CARLOS, T. M.; BUCHBARKER, D. M.; YEAGER, A. M. Viability of cryopreserved BM progenitor cells stored for more than a decade. Cytotherapy, v. 4, n. 2, p. 157-163, 2002. ELLIOT, C.; MCCARTHY, D. A Survey of methods of processing and storage of bone marrow and blood stem cells in the EBMT. Bone Marrow Transplantation, v. 14, p. 419-423, 1994. ELMOAZZEN, H. Y.; ELLIOT, J. A. W.; MCGANN, L. E. Cryoprotectant equilibration in tissues. Cryobiology, v. 51, p. 85-91, 2005. FATHY, G. M.; McFARLANE, D. R.; ANGELL, C. A.; MERYMAN, C. A. Vitrification as an approach to cryopreservation. Cryobiololy, v.21, n. 4, p. 407-426,1984. FERRARI, G.; CUSELLA-DE ANGELIS, G.; COLETTA, M. Muscle regeneration by bone marrow derived myogenic progenitors. Science. v. 279, p. 1528-30,1998. FLEMING, K. K.; HUBEL, A. Cryopreservation of hematopoietic and nonhematopoietic stem cells. Transfusion and Apheresis Science, v. 34, p. 309-315, 2006. FONTES, A. M.; ORELLANA, M. D.; PRATA, K. L. Células-Tronco e seus Métodos de Estudo.p. 100-101. In: ZAGO, M. A.; COVAS, D. T. Células-tronco a nova fronteira da medicina. São Paulo: Editora Atheneu, 2006. FULLER, B.J.; BUSZA, A.L.; PROCTOR, E. Studies on cryoprotectant equilibration in the intact rat-liver using nuclear magnetic resonance spectroscopy-a noninvasive method to assess distribution of dimethyl-sulfoxide in tissues. Cryobiology, v. 26, n. 2, p. 112-118,1989. FULLER, B. J.; BUSZA, A. L. Proton NMR-studies on the permeation of tissue fragments by dimethyl-sulfoxide – liver as a model for compact tissues. Cryobiology, v. 15, p. 131-134,1995. FUKUDA, K. Development od regenerative cardiomyocytes from mesenchymal stem cells for cardiovascular tissue engineering. Journal of Artificial Organs, v. 25, p. 187-193, 2001. 79 Silva, W.F. GALMES,A.;BESALDUCH,J.;BARGAY,J.;MATAMOROS,N. MOREY,M.; NOVO,A.; SAMPOL, A. A simplified method for cryopreservation of hematopoietic stem cells with -08º degrees C mechanical freezer with dimethyl sulfoxide as the sole cryoprotectant. Leukemia & Lymphoma, v. 17, n. 1-2, p. 181-184,1995. ; GALMES, A.; BESALDUCH, J.; BARGAY, J. MATAMOROS, N.; DURAN, M. A.; MOREY, M. Cryopreservation of hematopoietic progenitor cells with 5-percent dimethyl-sulfoxide at -80 degrees C without rate-controlled freezing. Transfusion, v. 36, p. 794-797, 1996. GALMES, A.; BESALDUCH, J.; BARGAY, J.; MATAMOROS, N.; MOREY, M.; NOVO, A.; GUERRA, J. M. Long-term storage at -80 degrees C of hematopoietic progenitor cells with 5-percent dimethyl sulfoxide as the sole cryoprotectant. Transfusion, v. 39, p. 70-73,1999. GALMES, A.; GUTIÉRREZ, A.; SAMPOL, A.; CANARO, M.; MOREY, M.; IGLESIAS, J.; MATAMOROS, N.; DURAN, M. A.; NOVO, A.; BEA, M. D.; GALÁN, P.; BALANSAT, J.; MARTINÉZ, J.; BARGAY, J.; BESALDUCH, J. Long-term hemtologic reconstitution and clinical evaluation of autologous peripheral blood stem cell transplantation after cryopreservation of cells with 5% and 10% dimethilsulfoxide at 80ºC in a mechanical freezer. The Hematology Journal, v. 92, n. 7, p. 986-989, 2007. GOODELL, M. A.; JACKSON, K. A.; MAJKA, S. M. Stem cell plasticity in muscle and bone marrow. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 938, p. 208-220, 2001. HAIDER, H.; ASHRAF, M. Bone marrow stem cell transplantation for cardiac repair. American Journal of Physiology. Heart and Circulatory Physiology, v. 288, n. 67, p. 2557-2567, 2005. HIDEMASA, O.; BRADFUTE, S. B.; GALLARDO, T. D.; NAKAMURA, T.; GAUSSIN, V.; MISHINA,Y.; POCIUS, J.; MICHAEL, L. H.; BEHRINGER, R. R.;GARRY, D. J.; ESTMAN, M. L.; SCHNEIDER, M. D. Cardiac progenitor cells from adult myocardium: Homing, differentiation, and fusion after infarction. PNAS online, v. 100, n. 21, p. 12313-12318, 2003. HUBEL, A. Parameters of cell freezing: Implications for the cryopreservation of stem cells. Transfusion Medicine Reviews, v. 11, n. 3, p. 224-233, 1997. IKEHARA, S. Bone marrow transplantation: a new strategy for intractable diseases. Drugs of today, v. 38, p. 103-111, 2002. 80 Silva, W.F. ISBELL, S.A. Development of a protocol for the quantitative evaluation of contrast in NMR images for cryoprotective solvents in intact tissues. Cryobiology, v.34, p. 165-175, 1997. ISBELL, S. A.; FYFE, C. A.; AMMONS, R. L .M.; PEARSON, B. Mensurement of cryoprotective solvent penetration into intact organ tissues using high-field NMR micromaging. Cryobiology, v. 35, p. 165-172, 1997. KARLSSON, J. O. M.; TONER, M. Long-term storage of tissues by cryopreservation: critical issues. Biomaterials, v. 17, p. 243-256, 1996. KAWANO, Y.; LEE, C. L.; WATANABE, T.; ABE, T.; SUZUYA, H.; OKAMOTO, Y.; MAKIMOTO, A.; NAKAGAWA, R.; WATANABE, H.; TAKAUE, Y. Cryopreservation of mobilized blood stem cells at a higher cell concentration without the use of a programad freezer. Annals of Hematology, v. 83, n. 1, p. 50-54, 2004. KRAUSE, D. S. Plasticity of marrow derived stem cell. Human Gene Therapy, v. 9, p. 754-758, 2002. KULESHOVA, L. L.; GOUK, S. S.; HUTMACHER, D. W. Vitrification as a prospect for cryopreservation of tissue-engineered constructs. Biomaterials, v. 28, p. 15851596, 2007. LAKEY, J. R. T.; HELMS, L. M. H.; MOSER, G.; LIX, B. SLUPSKY, C. M.; REBEYKA, I. M.; SYKES, B. D.; McGANN, L. E. Dynamics of cryoprotectant permeation in porcine heart valve laflets. Cell Transplantation, v.12, p. 123-128, 2003. LASKY, L. VANBUREN, N. WEISDORF, D. Successful allogeneic cryopreserved marrow transplantation. Transfusion, v. 29, p. 182-189, 1989. LAW, P.; MERYMAN, H. Cryopreservation of human bone marrow grafts. In gee A. Bone marrow processing and purging. A pratical guide. 1 ed, Florida: CRCPress, 1991. p. 332-40. LIU, P. I.; POON, K. C.; CROOK, L.; LIU, S. S.; EGUCHI, M. In vitro and in vivo assessment of the viability of cryopreserved postmortem murine bone marrow cells. Annals of Clinical Laboratory Science, v. 10, n. 2, p. 165-168,1980. MALOUF, N. N.; COLEMAN, W. B.; GRISHAM, J. W. Adult derived stem cells from the liver become myocytes in the heart in vivo. The American Journal of Pathology, v. 158, p. 1929-1935, 2001. 81 Silva, W.F. MASSUMOTO, C. M.; MENDRONI, A.; CARBONELL, A. L.; MOTA, M. A.; MIZUKAMI, S. Mobilização e coleta de células-tronco hematopoéticas de sangue periférico. Revista de Hematologia e Hemoterapia, v. 2, p. 224-227, 1996. MASSUMOTO, C.; MIZUKAMI, S. Autologus bone marrow transplantation and postransplant immunotherapy. Medicina, Ribeirão Preto, v. 33, p. 405-414, 2000. MUKAIDA, T.; WADA, S.; TAKAHASHI, K.; PEDRO, P. B.; AN, T. Z.; KASAI, M. Vitrification of human embryos based on the assessment of suitable conditions for 8cell mouse embryos. Human Reprotuction, v. 13, n. 10, p. 2874-2879,1998. MULDREW, K.; SYKES, B.; SCHACHAR, N.; MCGANN, L. E. Permeation kinetics of dimethyl sulfoxide in articular cartilage.Cryobiology, v. 17, p. 331-340, 1996. PARKER, L. M.; BINDER, N.; GEMAN, R.; RICHMAN, C. M.; WEINER, R. S.; YANKEE, R. A. Prolonged cryopreservation of human bone marrow. Transplantation, v. 31, n. 6, p. 454-457, 1981. PETTENGELL, R.; WOLL, P. J.; CONNOR, D. A.; DEXTER, T. M.; TESTA, N. G. Viability of haemopoietic progenitors from whole blood, bone marrow and leukapheresis product: effects of storage media, temperature and time. Bone Marrow Transplantation, v. 14, n. 5, p. 703-709, 1994. PROCKOP, D. J. Marrow stromal cells as stem cells for nonhematopoietic tissues. Science, v. 279, p. 71-74, 1997. RE, A.; VIAJAYARAGHAVAN, K.; BASADE, M. M.; HE, S.; GULATI, S.C. Long-term cryopreservation: successful trilineage engraftment after autololous bone marrow transplantation with bone marrow cryopreserved for sevens years. Journal of Hematotherapy, v. 7, n. 2, p. 185-188, 1998. ROWLEY, S. D. Techniques of bone marrow and stem cell cryopeservation and storage. In american association of blood banks. 1992. p. 105-127. SCORSIN, M.; HAGEGE, A. A.; MAROTTE, F. Does transplantation of cardiomyocytes improve function of infarcted myocardium? Circulation, v. 96, p. 188-193, 1997. SPURR, E. E.; WIGGINS, N. E.; MARSDEN, K. A.; LOWENTHAL, R. M.; RAGG, S. J. Cryopreserved human haematopoietic stem cells retain engraftment potential after extended (5-14 years) cryostorage. Cryobiology, v. 44, p. 210-217, 2002. SPUTTEK, A.; SPUTTEK, R. Cryopreservation in transfusion medicine and hematology. In Life in the frozen state. Boca Raton, FL: CRC Press, p. 483-504, 2004. 82 Silva, W.F. SPUTTEK, A. Cryopresevation of red blood cells platelets lymphocytes and stem cells. In Clinical Applications of Cryobiology. Boca Raton, FL: CRC Press, p. 95-147, 1991. STRAUER, B. E.; BREHM, M.; ZEUS, T. Myocardial regeneration after intracoronay transplantation of human autologous stem cells pollwing acute myocardial infartion. Dtsch Méd Wochenschr, v. 126, n. 34-35, p. 932-938,2001. STRONCEK, D. F.; FAUSTSCH, S. K.; LASKY, L. C.; HURD, D. D.; RAMSAY, N. K.; McCULLOUGH, J. Adverse reactions in patients transfused with cryopreserved marrow. Transfusion, v. 31, p. 521-526, 1991. SUSSMAN, M. Cardiovascular biology. Hearts and Bones. Nature, n. 410, p. 410:640-641, 2001. TAYLOR, N. J.; BUSZA, A. L. A convenient, noninvasive method for mensuring the kinetics of permeation of dimethyl-sulfoxide indo isolated corneas using Nmrspectroscopy. Cryobiology, v. 13, p. 273-282, 1992. TONER, M. Nucleation of ice crystals inside biological cells. In steponkus, P. (Ed.). Low-temperature biology. London England: JAI Press, 1993. p. 1-51. VALDEZ, C. A.; MAZNI, O. A.; TAKAHASHI, Y.; FUJIKAWA, S.; KANAGAWA, H. Successful cryopreservation of mouse blastocysts using a new vitrification solution. Journal of Reproduction and Fertility, v. 96, n. 2, p. 793-802, 1998. WALCERZ, D. B.; TAYLOR, M. J.; BUSZA, A. L. Determination of the kinetics of permeation of dimethyl-sulfoxide in isolated corneas. Cell Biophysics, v. 26, p. 79102, 1995. WALTER, Z.; SZOSTEK, M.; WEGLARSKA, D.; RAGUSZEWSKA, D.; JABLONSKI, M.; LORENZ, F.; SKOTNICKI, A. B. Methodes for freezing, thawing and viability estimation of hemopoietic stem cells. Przegl Lek, v. 56, p. 35-39, 1999. (Suplemento, 1). WEINER, R. S.; TOBIAS, J. S.; YANKEE, R. A. The processing or human bone marrow for cryopreservation and reinfusion. Biomedicine, v. 24, n. 4, p. 226-231, 1976. ZAMBELLI, A.; POGGI, G.; DA PRADA, G.; PEDRAZZOLI, P.; CUOMO, A.; MIOTTI,D. Clinical toxicity of cryopreserved circulating progenitor cells infusion. Anticancer Research, v. 18, p. 4705-4708, 1998. ZIGGER, M. A. J.; TREDGET, E. E.; SYKES, B. D.; McGANN, L. E. Injury and protection in split-thickness skin after very rapid cooling and warning. Cryobiology, v.35, p. 53-69, 1997.