1 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM HIGIENE E INSPEÇÃO EM PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL - UCB CONTROLE DA QUALIDADE DO LEITE Julia Pompeu de Mendonça Leme, out. 2009 JULIA POMPEU DE MENDONÇA 2 CONTROLE DA QUALIDADE DO LEITE Trabalho apresentado para o cumprimento de atividades referentes ao Módulo do curso de Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção em Produtos de Origem Animal.UCB Leme, out. 2009 II MENDONÇA, Julia Pompeu de (RESUMO) Controle da Qualidade do Leite O objetivo deste trabalho é descrever as etapas para se obter o controle da qualidade do leite desde a propriedade, onde é obtido até o seu beneficiamento. A contaminação do 3 leite pode ocorrer de várias maneiras, por isso cuidados devem ser tomados em relação à saúde dos animais, à ordenha, higiene dos equipamentos, entre outros, pois se houver contaminação do leite com microorganismos patógenos, irá atingir diretamente a saúde do ser humano (SANTOS e FONSECA, 2007). Os laticínios também devem ter os cuidados necessários em relação a qualidade do leite, por isso o leite passa por um processo de beneficiamento antes de chegar às prateleiras e à mesa do consumidor (BEHMER, 1984). Testes físico-químicos são realizados para garantir a qualidade, detectando fraudes ou contaminação por microorganismos além da margem permitida. IV MENDONÇA, Julia Pompeu de (ABSTRACT) Quality Controlo of Milk The objective of this study is to describe the steps to get control of the quality of milk from the property, which is obtained by benefaction. Milk contamination can occur in several ways, so care must be taken in relation to animal health, milking, hygiene equipment, among others, because if there is contamination of milk with pathogenic microorganisms will reach directly the health of the human (Santos and Fonseca, 2007). Dairy products should also take reasonable care for the quality of milk, so milk 4 goes through a process of processing before reaching the shelves and the fork (Behm, 1984). Physical-chemical tests are performed to ensure the quality, detecting fraud or contamination by microorganisms than the margin allowed. V SUMÁRIO FOLHA DE ROSTO.............................................................................................................II FOLHA DE APROVAÇÃO................................................................................................III RESUMO.............................................................................................................................IV ABSTRACT..........................................................................................................................V SUMÁRIO...........................................................................................................................VI LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................V 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................2 2.1. A Importância da Qualidade do Leite.............................................................................2 2.2. O Controle da Qualidade do Leite na Propriedade..........................................................3 2.2.1. Instalações e Ambiência em Bovinocultura Leiteira....................................................3 5 2.2.2. Higienização da Ordenha.............................................................................................4 2.2.3. Importância do Pré-Dipping e Pós-Dipping.................................................................8 2.2.4. Mastite Bovina e Métodos Diagnósticos......................................................................9 2.2.5. Controle da Contaminação Microbiana do Leite.......................................................13 2.2.6. Tratamento de Mastite durante a Lactação e Controle de Mastite em Novilhas.......15 2.3. Controle da Qualidade do Leite no Laticínio................................................................16 2.3.1. Características Físico-Químicas do Leite...................................................................16 2.3.1 Características Físico-Químicas do Leite....................................................................18 2.3.2. Limpeza e Esterilização de Equipamentos e Utensílios em Fábrica de Laticínios....24 2.3.3. Recepção do Leite......................................................................................................25 2.3.4. Beneficiamento do leite..............................................................................................26 3. CONCLUSÃO..................................................................................................................27 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................28 VI LISTA DE FIGURAS Figura 1. Ordenha manual.....................................................................................................5 Figura 2. Ordenha mecânica.................................................................................................5 Figura 3. Limpeza dos tetos..................................................................................................7 Figura 4. Secagem dos tetos..................................................................................................7 Figura 5. Teste da caneca de fundo preto ou telada............................................................10 Figura 6. Teste da caneca de fundo preto ou telada: mastite clínica, caracterizada pela presença de grumos no leite................................................................................................11 Figura 7. Teste do CMT......................................................................................................12 Figura 8. Teste do CMT, utilização do padrão para diagnóstico de mastite.......................12 Figura 9. Tratamento intramamário de vaca em lactação com antibiótico em bisnaga descartável...........................................................................................................................16 Figura 10. Termolactodensímetro.......................................................................................19 Figura 11. Centrífuga para técnica de Gérber.....................................................................20 Figura 12. Butirômetro para análise do teor de gordura do leite........................................20 Figura 13. Crioscópio eletrônico.........................................................................................23 6 7 1. INTRODUÇÃO O controle da qualidade do leite tem início no processo de produção da fazenda, na aquisição e manutenção de animais saudáveis e um manejo higiênico e sanitário adequados. Nas etapas seguintes de industrialização, distribuição e comercialização, são inúmeros os cuidados que devem ser tomados, devendo-se fazer um esforço integrado para garantir a qualidade do produto final (BRITO, 1999). A contaminação do leite pode ocorrer de várias maneiras: durante a ordenha, no processamento com equipamentos inadequados, devido à falta de limpeza e higiene dos recipientes, devido ao estado de saúde dos animais assim como várias outras formas. Alguns fatores como, por exemplo, o estado de saúde dos animais, irão atingir de forma direta o ser humano, podendo provocar doenças como a tuberculose, a brucelose e a leptospirose (SANTOS e FONSECA, 2007). As exigências de qualidade e higiene para o leite cru e derivados lácteos são definidas com base em postulados estabelecidos para a proteção da saúde humana e preservação das propriedades nutritivas desses alimentos (BRITO, 1999). Do ponto de vista de controle de qualidade, o leite e os derivados lácteos estão entre os alimentos mais testados e avaliados, principalmente devido à importância que representam na alimentação humana e à sua natureza perecível. Os testes empregados para avaliar a qualidade do leite fluido constituem normas regulamentares em todos os países, havendo pequena variação entre os parâmetros avaliados e/ou tipos de testes empregados. De modo geral, são avaliadas características físico-químicas e sensoriais como sabor, odor e são definidos parâmetros de baixa contagem de bactérias, ausência de microrganismos patogênicos, baixa contagem de células somáticas, ausência de conservantes químicos e de resíduos de antibióticos, pesticidas ou outras drogas (BRITO, 1999). 8 As principais características físico-químicas do leite são evidenciadas através de provas laboratoriais que determinam: densidade, teor de gordura, extrato seco total e desengordurado, acidez, índice crioscópico e pesquisa de resíduos de antibióticos. Estas provas detectam fraudes e avaliam a qualidade da matéria prima utilizada (PEREIRA et al., 2001). 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. A Importância da Qualidade do Leite Cada vez mais se torna importante produzir leite com qualidade. A higiene do animal, do ordenhador e das instalações são ações necessárias para atingir este objetivo. Outra ação importante é a conservação do leite ordenhado em baixas temperaturas e finalmente a utilização dos parâmetros utilizados para avaliar as características físico-químicas do leite (SANTOS e FONSECA, 2007). A qualidade do leite cru é influenciada por múltiplas condições, entre as quais destacamse os fatores zootécnicos, associados ao manejo, alimentação e potencial genético dos rebanhos, e fatores relacionados à obtenção e armazenagem do leite recém-ordenhado. Os primeiros são responsáveis pelas características de composição do leite e, também, pela produtividade (CARVALHO et al, 2002). A composição química do leite é influenciada principalmente pela nutrição, sistema de manejo, raça, nível de seleção genética, sanidade da glândula mamária e fatores fisiológicos da própria lactação (LIMA, 2005). O leite é uma fonte excelente de nutrientes tornando-se um meio de cultura ideal para o crescimento de microrganismos potencialmente patogênicos. Estes microrganismos podem comprometer a qualidade e segurança do leite e seus derivados e podem contaminar o homem através da ingestão do leite in natura ou beneficiado contaminados (SILVA, 2000). As exigências de qualidade e higiene para o leite cru são definidas com base em postulados estabelecidos para a proteção da saúde humana e preservação das propriedades nutritivas desses alimentos (BRITO, 1999). 9 Mesmo sob refrigeração, o leite pode ser facilmente deteriorado, servindo para a proliferação de inúmeras bactérias. Algumas delas conseguem dobrar sua população a cada 20 a 30 minutos e, por isso, o leite deve ser manuseado corretamente desde o momento da ordenha até chegar à indústria de laticínios e ao consumidor final. 2.2 O Controle da Qualidade do Leite na Propriedade O controle da qualidade do leite se inicia com uma ordenha feita com condições adequadas de higiene, em local arejado e adequado para tal procedimento (SANTOS e FONSECA, 2007). A temperatura e o período de tempo de armazenagem do leite são extremamente importantes, uma vez que estes fatores estão diretamente ligados com a multiplicação dos microrganismos presentes no leite, afetando, conseqüentemente, a contagem bacteriana total (GUERREIRO et al., 2005) Considerando o potencial de se multiplicarem, as bactérias do leite podem causar alterações químicas, tais como a degradação de gorduras, de proteínas ou de carboidratos, podendo tornar o produto impróprio para o consumo e industrialização (SANTOS e FONSECA, 2007). A qualidade do produto final esta diretamente relacionada à carga microbiológica do leite ao chegar à indústria beneficiadora. A aceitação do leite fluido por parte do consumidor depende em grande parte das suas características sensoriais, tais como sabor e aroma, assim como do seu valor nutricional, atributos esses que podem ser alterados pela ação proteolítica e lipolítica de bactérias psicrotróficas, com prejuízos ao tempo de vida-de-prateleira e à qualidade do leite pasteurizado (GUERREIRO et al., 2005). 2.2.1 Instalações e Ambiência em Bovinocultura Leiteira 10 As instalações destinadas a alojar o gado leiteiro devem proporcionar aos animais condições de conforto, espaço e proteção de um ambiente limpo, seco, e de boas condições sanitárias para evitar doenças e permitir uma produção higiênica do leite (CARVALHO et al., 2002). O conhecimento das respostas ou adaptações fisiológicas dos animais relacionados ao ambiente térmico nos permite a tomada de medidas e/ou alteração de manejo, instalações e equipamentos, objetivando diminuir o estresse dos animais maximizando a atividade (SILVA, 2000). Fatores ambientais externos e o microclima dentro das instalações exercem efeitos diretos e indiretos sobre a produção animal em todas as fases de produção e acarretam redução na produtividade, com conseqüentes prejuízos econômicos (TEIXEIRA, 2001). O conhecimento das respostas ou adaptações fisiológicas dos animais relacionados ao ambiente térmico nos permite a tomada de medidas e/ou alteração de manejo, da nutrição, instalações e equipamentos, objetivando a maximização da atividade (TEIXEIRA, 2001). Pelo menos três condições básicas devem ser observadas para um ótimo conforto térmico sob o ponto de vista fisiológico: considerar que existe um balanço calórico entre os animais e o meio ambiente; o estabelecimento de uma importante relação entre a temperatura média da pele e a atividade do animal na zona de conforto; e estabelecimento de perda de água por evaporação e a atividade do animal na zona de conforto (SILVA, 2000). Estas relações possibilitam a elaboração de diagramas que reflitam a região de conforto térmico dos animais. Normalmente, os índices de conforto térmico consideram os parâmetros ambientais de temperatura, umidade, vento e de radiação, sendo que cada parâmetro possui um determinado peso dentro do índice, conforme sua importância relativa ao animal (SILVA, 2000). 2.2.2 Higienização da Ordenha Existem basicamente dois tipos de ordenha: a manual (Figura 1) e a mecânica (Figura 2). A primeira pode ser com ou sem a presença da cria e a segunda, do tipo balde ao pé ou circuito fechado. Independentemente do sistema, os equipamentos de ordenha e os tetos dos animais devem ser devidamente higienizados e desinfetados para que não cause aumento da carga microbiana do leite após a sua ordenha (SANTOS e FONSECA, 2007). 11 Figura 1. Ordenha manual. (Fonte: http://boiapasto.tempsite.ws/wpcontent/uploads/ord enha%20manual%201.jpg) Figura 2. Ordenha mecânica. (Fonte: http://www.guzeramoet.com.br/imagens/ordenha_mecanica.jpg ) De acordo com REID (2000), as bactérias que comumente estão no leite são provenientes de fontes externas, as quais quase sempre têm como referência os equipamentos de ordenha, com destaque para os insufladores, seguidos da pele dos tetos, água e até mesmo o ar introduzido na linha de ordenha durante o processo. Para assegurar a limpeza adequada, deve-se garantir a conjugação dos três fatores da limpeza: tempo, temperatura e turbulência. 12 Referindo-se ao tempo, a recomendação é fazer três ciclos para limpar o equipamento. O primeiro é o enxágüe; outro é o detergente alcalino clorado seguido de um enxágüe com detergente ácido. O tempo de enxágüe com água morna deve ser suficiente para circular esta água uma vez pelo circuito, sendo drenada em seguida. Isso é o ideal para o enxágüe com água morna. Para o ciclo do detergente alcalino clorado, este deve durar no mínimo de quatro a cinco minutos e no máximo dez. O terceiro ciclo, da solução ácida, deve circular pelo menos uma vez. Apenas um ciclo desta solução é suficiente para retirar os resíduos do detergente alcalino clorado, bem como os demais resíduos presentes no interior do equipamento. O segundo ciclo, considerado o mais importante, deve ter no mínimo cinco minutos de duração e no máximo 10. A razão para não estender esta operação é que durante o processo de limpeza o detergente alcalino clorado produz espuma, fazendo os sólidos flutuarem na solução para depois serem removidos. Mas se o ciclo é muito longo, 10 minutos ou mais, a temperatura começa a cair e os sólidos retornarão ao equipamento (REID, 2000). O fator turbulência deve ser entendido como a necessidade de se esfregar todas as partes internas do sistema de ordenha em todos os ciclos. Um das peças mais importantes do equipamento é o injetor de ar. Trata-se de uma válvula automática que controla a entrada de ar e admite-o dentro do sistema, dando origem a turbulência. Os injetores de ar podem ser de diversos tipos. A localização mais indicada é de 1,8 a 2,1 m acima da tubulação. O controle do injetor de ar permite que haja duas fases distintas, a fase de abertura e a fase de fechamento. Quando está fechado, o injetor de ar está admitindo água na tubulação e nenhum ar no equipamento (REID, 2000). A pele do teto das vacas pode estar contaminada por microorganismos psicotróficos, ou seja, que se multiplicam em baixas temperaturas e os termodúricos, resistentes a pasteurização. Além disso, esterco, lama, solo e o ambiente em geral, são fontes de contaminação do leite, podendo abrigar elevadas cargas microbianas, principalmente estreptococos, estafilococos, microorganismos formadores de esporos, coliformes e outras bactérias gram-negativas (SANTOS e FONSECA, 2007). A incidência de infecções intra-mamárias está correlacionada ao número de patógenos causadores da mastite nas extremidades dos tetos. Portanto, o modo como os tetos são limpos é de fundamental importância para prevenir a ocorrência de mastite. Além disso, a desinfecção pré-ordenha ou também conhecida como pré-dipping, pode estimular a ejeção do leite e diminuir a contagem bacteriana no leite e nos tetos (AMARAL et al., 2004). 13 De acordo com YOKOYA e MARTINS (2008), o método convencional de controle de mastite durante a ordenha consiste basicamente na lavagem dos tetos com água e assepsia com produtos químicos com ação antimicrobiana como cloro, iodo ou quaternário de amônio. A pele dos tetos deve ser limpa (Figura 3) e seca (Figura 4) objetivando a redução do impacto da contaminação externa, para controle da mastite e melhorando a qualidade do leite (SANTOS e FONSECA, 2007). Figura 3. Limpeza dos tetos. (Fonte: www.faemg.org.br/Content.aspx?Code=3552&fil) Figura 4. Secagem dos tetos. (Fonte: www.faemg.org.br/Content.aspx?Code=355 2&fil) 14 2.2.3 Importância do Pré-Dipping e Pós-Dipping Uma boa rotina de ordenha e preparação de úbere tem um grande impacto na redução na incidência de mastite no seu rebanho e melhora a ejeção de leite (SANTOS e FONSECA, 2007). A desinfecção dos tetos antes da ordenha, também conhecida como pré-dipping, consiste na utilização de uma solução desinfetante com uma concentração menor que na solução utilizada no pós-ordenha, para redução da contaminação bacteriana com hipoclorito de sódio a 2% ou iodo a 0,3%, ou clorexidine a 0,3%). Com a redução da carga bacteriana existente na pele do teto, se diminui a incidência de infecções intramamárias, principalmente aquelas causadas por patógenos ambientais, visto que um dos mecanismos de transmissão desse tipo de mamite é a entrada do agente que está na pele, para o interior do teto durante a ordenha. Foi observada uma redução na incidência de mamites causadas por patógenos ambientais como uso do pré-dipping em até 50% (GUERREIRO, 2005). Com o uso do pré-dipping, fica dispensável a lavagem dos tetos com água, exceto quando os tetos apresentarem sujidades, tais como barro ou esterco. Porém, é indispensável a secagem dos tetos após a utilização da solução para evitar resíduos das substâncias no leite. A secagem dos tetos é um dos fatores mais importantes da rotina da ordenha a contribuir para a qualidade do leite e saúde glândula mamária e deve ser realizada com toalhas de papel individuais, descartáveis (CARVALHO, 2002; SANTOS e FONSECA, 2007). A prática de imersão dos tetos após a ordenha vem sendo utilizada há bastante tempo para diminuir a contaminação após a ordenha, especialmente para controlar a mamite contagiosa. A solução utilizada para pós-dipping geralmente contêm uma substância para desinfecção e um emoliente. O uso do pós-dipping por sua ação germicida elimina a maior parte das bactérias que estão na pele do teto após a ordenha, reduzindo a colonização da pele do teto que é a principal forma de transmissão da mamite contagiosa sem deixar resíduos no leite (FONSECA e SANTOS, 2000). O aplicador da solução deve permitir que dois terços dos tetos fiquem imersos na solução para que sua ação seja efetiva, utilizando para isso um aplicador que propicie um bom contato dos tetos (SANTOS e FONSECA, 2007). Segundo YAMAMURA (2008), a eficácia do pré e pós-dipping pode ser influenciada pelo tipo de anti-séptico, pela presença de matéria orgânica, pela falta de reposição do produto e pelo tipo de aplicador utilizado. O pré-dipping pode prevenir a contaminação do equipamento de ordenha por microrganismos de origem ambiental encontrados na superfície do teto e o pós- 15 dipping, de microrganismos adquiridos durante o processo de ordenha. Foi observado que a eficácia de anti-sépticos, como o iodo, é influenciada pela presença de matéria orgânica, como fezes e leite, incorporados ao produto pela limpeza incorreta dos tetos. A não-higienização dos tetos com água antes da ordenha e a utilização de aplicador com retorno do anti-séptico estariam associados à maior ocorrência da infecção. 2.2.4 Mastite Bovina e Métodos Diagnósticos A mastite ou mamite é uma enfermidade comum em bovinos, principalmente aqueles destinados à produção de leite. Trata-se de uma inflamação da glândula mamária causada por microorganismos como bactérias, fungos, leveduras e algas (SANTOS e FONSECA, 2007). É comprovado que a mastite é a doença que mais causa prejuízos em bovinocultura leiteira, reduzindo a qualidade e a quantidade de leite e seus derivados. O problema da doença vai além dos custos ao produtor que investirá em medicamentos e terá que descartar o leite contaminado, há riscos da presença de resíduos antimicrobianos no leite (YOKOYA e MARTINS, 2008). A mastite pode ser classificada em dois tipos em relação a sua forma de manifestação: a mastite clínica e a subclínica (RIBEIRO et al., 2003; SANTOS e FONSECA, 2007). A mastite clínica apresenta sinais evidentes, tais como: edema, aumento de temperatura, endurecimento, dor na glândula mamária, grumos, pus ou qualquer alteração das características do leite (RIBEIRO et al., 2003). E ainda pode causar sintomas como depressão, desidratação, diminuição no consumo de alimentos e da produção de leite (SANTOS e FONSECA, 2007). Na forma subclínica não se observam alterações macroscópicas e sim alterações na composição do leite; portanto, não apresenta sinais visíveis de inflamação do úbere (SANTOS e FONSECA, 2007). A mastite subclínica pode ser classificada como infecciosa quando apresenta resultado positivo aos testes de CMT (California Mastitis Test), ou outros testes indicativos, sendo confirmada pelo crescimento microbiano (RIBEIRO et al., 2003; SANTOS e FONSECA, 2007). No caso das formas clínicas, o diagnóstico é realizado pelo uso da caneca de fundo preto ou telada (Figura 5), onde visualizam se as alterações macroscópicas do leite (RIBEIRO et al., 2003). 16 O leite da vaca com mastite clínica apresenta a presença de grumos ou coágulos (Figura 6). O teste deve ser realizado imediatamente antes de todas as ordenhas. Os três ou quatro primeiros jatos devem ser despejados na caneca de teste (SANTOS e FONSECA, 2007). Figura 5. Teste da caneca de fundo preto ou telada. (Fonte:http://blig.ig.com.br/febovi/files/2009/06/caneca1.jp g) 17 Figura 6. Teste da caneca de fundo preto ou telada: mastite clínica, caracterizada pela presença de grumos no leite (Fonte:http://rehagronoticia.w3erp.com.br/w3dados/imgs/pub/0205 3.jpg) A mastite subclínica pode ser detectada pela contagem direta ou indireta de células somáticas no leite, compostas basicamente por dois tipos de células principais: células de descamação do epitélio secretor e leucócitos de origem do sangue, sendo que estas se apresentam com elevadas concentrações nos casos de mastite (RIBEIRO et al., 2003). O teste do CMT (Figura 7 e 8) é um dos mais utilizados para o diagnóstico da mastite subclínica, sendo um indicador indireto da contagem de células somáticas no leite (RIBEIRO et al., 2003; SANTOS e FONSECA, 2007). Este consiste na coleta de leite dos quartos mamários, individualmente, em uma bandeja apropriada, adicionando-se um detergente aniônico neutro, que atua rompendo a membrana das células e liberando o material nucléico (DNA), que apresenta alta viscosidade. Mistura-se o leite com o reagente, homogeneíza-se e faz-se a leitura após 10 segundos. De acordo com a quantidade de células somáticas do leite, forma-se um gel, de espessura variada. Se a quantidade de células somáticas é baixa, não forma gel, o resultado é negativo. De acordo com a espessura do gel, o resultado é dado em escores, que variam de traços (leve 18 formação de gel) a + (fracamente positivo), ++ (reação positiva) e +++ (reação fortemente positiva). Figura 7. Teste do CMT. (Fonte: www.faemg.org.br/Content.aspx?Code=355 2&fil) Figura 8. Teste do CMT, utilização do padrão para diagnóstico de mastite. (Fonte: www.faemg.org.br/Content.aspx?Code=3552&fil) 19 2.2.5 Controle da Contaminação Microbiana do Leite O controle dos microorganismos no leite é de uma importância significante, pois, sinalizam os males que causam nos seres humanos quando passam dos valores padrões tolerados. O Codex Alimentarius, órgão da FAO/OMS, define normas mínimas para garantir a segurança de produtos comercializados internacionalmente e diz que os alimentos em geral, devem apresentar: baixa contagem bacteriana; ausência de microorganismos patogênicos ao homem; ausência de resíduos de medicamentos veterinários; e mínima contaminação com contaminantes químicos ou toxinas microbianas (SANTOS e FONSECA, 2007). As principais causas de contaminação do leite, segundo Santos e Fonseca (2007), são influenciadas por fatores como: Saúde da Glândula mamária: Sabe-se que o principal problema que afeta os rebanhos leiteiros, mundialmente, é a inflamação da glândula mamária ou mastite, a qual, freqüentemente, tem origem bacteriana. A mastite é considerada a doença que proporciona as maiores perdas econômicas na produção de leite (BRITO, 1999). Mesmo em animais saudáveis, a glândula mamária, a cisterna, o canal e extremidades do teto podem ser colonizados por microorganismos. Quando o leite é resfriado, esses microorganismos cessam sua multiplicação, não havendo grandes influencias na CBT (contagem bacteriana total) do leite em animais sadios (SANTOS e FONSECA, 2007). A coleção de microrganismos patógenos da mastite da Embrapa Gado de Leite tem 2250 isolados de infecção intramamária bovina. Os microrganismos foram classificados em gêneros (Staphylococcus spp, Streptococcus spp., Enterococcus, Klebsiella), espécies (Arcanobacterium pyogenes, Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Streptococcus uberis, Streptococcus bovis) ou grupos (Gram-negativos, Leveduras, Algas) (BRITO, 1999). Pele dos tetos e úbere: A pele dos tetos e do úbere pode abrigar vários tipos de microorganismos patógenos, sendo uma fonte de contaminação durante a ordenha se não forem tomados os devidos cuidados de pré e pós-dipping. A ordenha de vacas com tetos sujos pode resultar em contagem bacteriana total acima de 10.000 UFC/ml, ou seja, acima do limite aceitável (FONSECA e SANTOS, 2000). 20 Equipamentos de ordenha: Resíduos de gordura, proteína e minerais presentes no leite são as principais causas de resíduos em equipamentos de ordenha. A limpeza inadequada desses equipamentos permite a colonização uma grande quantidade de bactérias, entrando em contato com o leite durante a ordenha (FONSECA e SANTOS, 2000). A combinação de ações químicas e mecânicas corretas promovem uma boa limpeza dos equipamentos de ordenha. A limpeza pode ser feita de forma manual ou automática. Os principais agentes de limpeza são os detergentes alcalinos e ácidos. Outros fatores como qualidade da água, tempo e temperatura são essenciais para uma boa higienização dos equipamentos (SANTOS e FONSECA, 2007). Temperatura e tempo de armazenamento: A temperatura de armazenamento do leite é um dos fatores mais críticos para o crescimento de microorganismos, considerando que o leite é rico em umidade e nutrientes. Para minimizar a deteriorização do leite é necessário que a temperatura de armazenamento seja mantida abaixo de 4 a 5ºC. Recomenda-se que o leite após a ordenha seja resfriado o mais rápido possível para minimizar a multiplicação pela microbiota inicial (SANTOS e FONSECA, 2007). Tanque de expansão: O resfriamento do leite é fundamental para manter sua qualidade e para isso é necessário o bom funcionamento do tanque de expansão no qual o leite será armazenado. O tanque de expansão permite um rápido resfriamento do leite pela grande superfície de contato e agitação que proporciona, mas para isso é necessário um adequado suprimento de energia elétrica. O local de instalação do tanque deve ser de fácil acesso ao caminhão de coleta (SANTOS e FONSECA, 2007; CARVALHO, 2002). Efeito dos organismos mesófilos: Estes microorganismos são encontrados em casos de falha de refrigeração do leite ou falta de higiene. As bactérias predominantes nesses casos são Lactobaccilus, Sterptococcus, Lactococcus e enterobactérias, atuando pela fermentação do leite, produzindo ácido lático, resultando em leite ácido. Por isso se torna necessário resfriar o leite imediatamente após a ordenha e produzi-lo em boas condições de higiene (SANTOS e FONSECA, 2007). 21 Efeito da qualidade da água: A qualidade da água usada para limpeza dos equipamentos de ordenha e no próprio manejo é de grande importância para a obtenção de leite de boa qualidade. A água utilizada para limpeza de equipamentos deve ser semelhante àquela destinada ao consumo humano. O pH da água quando muito baixo (ácido), ou elevado, afetará nas soluções de limpeza com detergentes ácido ou alcalino (SANTOS e FONSECA, 2007; CARVALHO, 2002). 2.2.6 Tratamento de Mastite durante a Lactação e Controle de Mastite em Novilhas As perdas na produção de leite devido às mastites subclínicas alcançam de 10 a 26% do total da produção, de acordo com grau de intensidade do processo inflamatório, da prevalência da doença, da patogenicidade do agente infeccioso e do estádio de lactação (REIS et al., 2003). Há diminuição na produção, perda da qualidade do leite e da função do parênquima glandular, tornando o úbere contaminado por patógenos (REIS et al., 2003; SANTOS e FONSECA,2007). Existem dois objetivos no tratamento de mastite: diminuir a duração das infecções e evitar a ocorrência de novas infecções (SANTOS e FONSECA,2007). A cura espontânea ocorre em apenas 20% dos casos e o descarte de vacas com mastite crônica é extremamente difícil, por isso, o tratamento passa a ser uma importante estratégia para eliminar infecções da glândula mamária (FONSECA e SANTOS, 2000). As principais metas de uma terapia antimicrobiana são: prevenção da mortalidade nos casos agudos, retorno à composição e produção normal do leite, eliminação das fontes de infecção e prevenção de novas infecções no período seco (ALMEIDA et al., 1999). O tratamento de vacas com mastite é feito com o uso de antibióticos e antimicrobianos, mas para que se obtenha um bom resultado, a droga deve atingir o local de infecção no quarto afetado e manter níveis adequados por um período necessário para eliminar o microorganismo. O tratamento durante a lactação é recomendado para todos os casos clínicos, identificados antes da ordenha pelo teste da caneca de fundo preto. Os casos clínicos não agudos devem ser tratados com a infusão intramamária de antibiótico em bisnagas descartáveis (Figura 9) 22 Figura 9. Tratamento intramamário de vaca em lactação com antibiótico em bisnaga descartável (Fonte:www.faemg.org.br/Content.aspx?Code=3552&fil). 2.3 Controle da Qualidade do Leite no Laticínio A competitividade e a sobrevivência dos laticínios brasileiros está ligada ao controle da qualidade dos mesmos. Existe uma busca incessante na melhoria da qualidade do produto, tanto no que diz respeito a segurança do alimento, como na satisfação do consumidor com o alimento consumido. Em relação aos laticínios brasileiros, o principal condicionante para uma eficiente gestão da qualidade é a redução de custos e desperdícios, já que grande parte do consumidor brasileiro ainda considera o preço como principal fator de decisão para compra de produtos lácteos e não a qualidade do produto (SCALCO e TOLEDO, 2002). 2.3.1 Características Físico-Químicas do Leite O leite é um alimento extremamente perecível, podendo sofrer alterações nas suas características físico-químicas e microbiológicas, tornando-se inadequado para o consumo (SANTOS e FONSECA, 2007). De acordo com FONSECA e SANTOS (2000), os principais parâmetros utilizados para avaliar as características físico-químicas do leite são: 23 Densidade: A densidade do leite é uma relação entre seu peso e volume e é normalmente medida a 15oC ou corrigida para essa temperatura. A densidade do leite é, em média, 1,032 g/mL, podendo variar entre 1,023 e 1,040 g/mL. A densidade da gordura do leite é aproximadamente 0,927 e a do leite desnatado, cerca de 1,035. Assim, um leite com 3,0% de gordura deverá ter uma densidade em torno de 1,0295, enquanto um com 4,5% deverá ter uma densidade de 1,0277 (FONSECA e SANTOS, 2000). Viscosidade: O leite é mais viscoso que a água devido a presença de glóbulos de gordura e micelas de caseína. A viscosidade normal do leite integral é de aproximadamente 1,631 centipoise (PEREIRA et al., 2001). Crioscopia: O ponto de congelamneto do leite é inferior a 0ºC, aproximadamente 0,512ºC, isto se deve a presença de uma série de substâncias disolvidas no leite (FONSECA e SANTOS, 2000). pH: O pH do leite pode variar de 6,0 a 6,8, mas normalmente este valor se situa entre 6,65 a 6,72. O leite normal possui elevada capacidade tamponante, devido a presença de dióxido de carbono, proteínas, fosfato, citrato e lactato (FONSECA e SANTOS, 2000). Acidez titulável: A acidez do leite expressa a quantidade de ácido lático presente (0,10 a 0,30%). A acidez do leite pode aumentar através da hidrólise da lactose por enzimas microbianas (fermentação), que leva à formação de ácido lático. Se esta acidez desenvolvida for muita elevada, o leite é impróprio para consumo, pois ela indica alta atividade microbiana. Neste experimento, o que se determina é a acidez total do leite (FONSECA e SANTOS, 2000). Composição Láctea: O leite é composto de água, suspensão coloidal de pequenas partículas de caseína, emulsão de glóbulos do leite e vitaminas lipossolúveis, as quais encontram-se em suspensão e solução de lactose, proteínas solúveis em água, sais minerais e vitaminas (BARBOSA et al., 2002). 24 2.3.1 Características Físico-Químicas do Leite As provas descritas a seguir detectam fraudes e avaliam a qualidade da matéria prima utilizada (PEREIRA et al., 2001). Acidez Titulável: Segundo BEHMER (1984), o teste Dornic é um dos testes utilizados para se verificar a acidez do leite antes de se proceder a fabricação de derivados láticos. Com o teste de Dornic, verifica-se o quanto é esta acidez (quantifica-se o grau de acidez). O leite em estado normal de composição e conservação deve possuir a acidez entre 15 a 18 graus Dornic, o que equivale a um pH em torno de 6,6 a 6,9. Método: Adicionar 10 ml de leite e 3 a 4 gotas de fenolftaleína a um tubo de ensaio ou recipiente devidamente higienizado. Medir rigorosamente 1,8 ml de solução dornic e juntar à mistura do leite e fenolftaleína. Agitar vigorosamente. Interpretação: (o leite deve estar entre 15 a 18 graus Dornic): Coloração branca: acidez do leite está acima de 18 graus dornic. Discretamente rósea: acidez na faixa de 18 graus. Coloração rósea: acidez entre 16 a 17 graus dornic. Avermelhada: acidez abaixo de 15 graus dornic. Se a coloração estiver avermelhada, o leite poderá estar fraudado com água ou alcalinos, ser proveniente de vacas com mamite ou simplesmente o leite está com pH alcalino e portanto impróprio para processamento. Densidade a 15ºC: A determinação da densidade é feita com um aparelho, o termolactodensímetro (Figura 10). A densidade abaixo do mínimo fornece uma indicação de adição de água no leite e, eventualmente, poderá indicar também problemas de saúde da vaca, ou mesmo problemas nutricionais. Contudo, a densidade depende também do conteúdo de gordura e de sólidos não-gordurosos, porque a gordura do leite tem densidade menor que a da água, enquanto que os sólidos não-gordurosos têm densidade maior. O teste indicará claramente 25 alteração da densidade somente quando mais que 5 a 10% de água for adicionada ao leite. Densidade acima do normal pode indicar que houve desnatamento ou, ainda, que qualquer outro produto corretivo foi adicionado (FONSECA, 2000). Para este teste, deve-se transferir cerca de 500mL (ou cerca de 1000mL) de leite para uma proveta de capacidade correspondente, evitando incorporação de ar e formação de espuma. Introduzir o termolactodensímetro perfeitamente limpo e seco na amostra, deixar flutuar sem que encoste na parede da proveta. Observar a densidade aproximada, erguer cuidadosamente o termolactodensímetro e enxugar sua haste com papel absorvente, retornando o aparelho à posição anteriormente observada. Deixar em repouso por 1 a 2 minutos e fazer a leitura da densidade na cúspide do menisco. Observar a temperatura sempre que possível, fazer a leitura da densidade a 15ºC. Pode-se fazer a correção para 15ºC acrescentando à leitura 0,0002 para cada grau acima de 15ºC ou subtraindo 0,0002 para cada grau abaixo. De qualquer forma não deverão ser feitas leituras de densidade em amostras com temperatura inferior a 10ºC ou superior a 20ºC (FONSECA, 2000). Figura 10. Termolactodensímetro. (Fonte:http://www.walmur.com.br/site/a dminv1/upload/diversos_15.jpg) Teor de Gordura: O método de Gerber é um dos mais utilizados e está baseado na propriedade que tem o ácido sulfúrico de digerir as proteínas do leite, sem atacar a matéria gorda. A separação da gordura ocorre por centrifugação (Figura 11) e o volume de gordura é obtido diretamente, pois o componente mais leve (a gordura) se acumula na parte superior do butirômetro (Figura 12), isto é, na haste graduada do mesmo (PEREIRA et al., 2001). 26 Figura 11. Centrífuga para técnica de Gérber (Fonte:www.instrulab.com.br/detalhes.ph p?id=154) Figura 12. Butirômetro para análise do teor de gordura do leite. (Fonte: www.casaamericana.com.br/product_info.php?) É útil observar que, no método de Gerber, a manutenção do butirômetro por tempo prolongado no banho de água a 65°C pode levar a uma esterificação do álcool isolamílico, com conseqüente aumento no volume da camada de gordura. Isso, obviamente, causará uma superestimação do teor de gordura da amostra sob análise. Uma maneira de evitar tal erro é usar o B.M. a 40°C, centrifugar várias vezes até leitura constante e multiplicar o valor da leitura por 1,02. Deve-se efetuar cuidadoso controle das rolhas dos butirômetros. As rolhas de borracha natural absorvem gordura em alguma extensão. Já as borrachas butílicas e nitrílicas são satisfatórias (PEREIRA et al., 2001). 27 Método de GERBER: Funções dos reagentes: • ácido sulfúrico (densidade= 1,820-1,825): dissolver os sólidos não gordurosos, liberando gordura e produzindo calor suficiente para mantê-la no estado líquido; • Álcool iso-amílico: prevenir a carbonização da gordura e proporcionar coluna límpida de gordura. Os pontos críticos na análise da gordura segundo GERBER são: - Concentração e quantidade de H2SO4; - Controle da temperatura do B.M.; - Velocidade de centrifugação; - Qualidade do álcool iso-amílico. Extrato Seco: Segundo BARBOSA et al. (2002), a determinação do extrato seco total (EST) no leite pode ser determinado pela seguinte formula [EST= 1,2. (G) + 0,25. (D) + 0,25], e o extrato seco desengordurado (ESD) é obtido pela diferença entre o EST e a gordura. Interpretação: % de ES abaixo de 11,5 e % de ESD abaixo de 8,4: provável fraude por adição de água. % de ES abaixo de 11,5 e % de ESD igual a 8,4 ou mais: provável fraude por desnatamento. % de ES de 11,5 ou mais e % de ESD igual a 8,4 ou mais: normal, dentro dos limites da legislação. Teste do Alizarol: Uma maneira rotineira e rápida de avaliar a acidez do leite é o teste do alizarol, executado no ato de recebimento do leite pelas indústrias de laticínios (BEHMER, 1984). Objetivo: o leite testado nos fornece a segurança se o mesmo poderá ou não ser pasteurizado (aquecido), pois o leite ácido tende a “talhar” quando submetido ao calor. Método: Em um tubo de ensaio mede-se 5 ml da solução de alizarol e 5 ml do leite a ser testado, mistura-se e interpreta-se o resultado. 28 Leite normal: coloração rosa-lilás e sem grumos. Leite ácido: coloração amarela ou com pequena coagulação (leite talhado com pequenos grumos). Leite alcalino: coloração arroxeada ou violeta (pode ser um indicativo da presença de água, leite originário de vacas com mamite ou leite adicionado de redutores como bicarbonato de sódio). Ponto Crioscópico: O índice crioscópico do leite é a medida da temperatura na qual o mesmo congela. É também conhecido por depressão do ponto de congelamento. Esta propriedade física é inerente à composição do leite e, diferente do que muitos acreditam, no leite “puro” está relacionada somente às substâncias dissolvidas no mesmo, isto é, à lactose e aos minerais. Se ocorrer o aumento de substâncias dissolvidas no leite, como no caso de acidificação ou adição de substâncias reconstituintes, a tendência é de se alterar o ponto de congelamento do mesmo, abaixando o seu valor (isto é, afastando de 0ºC). Evidentemente, se houver adição de água ao leite, o ponto de congelamento do mesmo (que será de no máximo 0,512oC) tenderá a se aproximar ao da água (que é 0oC). Portanto esta prova é utilizada para se detectar fraude por adição de água ao leite (PEREIRA et al., 2001). Procedimento do crioscópio eletrônico: Coloca-se em um tubo de vidro, 2,5ml de solução de calibração 0,000ºH e instala-se este tubo no aparelho (Figura 13). Anota-se o valor da leitura. O teste deve ser repetido algumas vezes e calcula-se uma média de valores da leitura. O mesmo procedimento deve ser repetido utilizando a solução – 0,621ºH. Aferido o aparelho, inicia-se a analise do leite. Coloca-se no tubo de vidro, 2,5ml da amostra de leite e instala-se no aparelho. O valor de leitura deve ser anotado. O aparelho emite um sinal quando o teste termina (PEREIRA et al., 2001). 29 Figura 13. Crioscópio eletrônico (www.faemg.org.br/Content.aspx?Code=3552& fil) Cálculo da estimativa de adição de água: % de água adicionada = [(T – Ta)/ T] x (100) Onde: T = ponto crioscópico do leite normal, Ta = crioscopia da amostra e ES = estrato seco normal da amostra. Interpretação: Ponto crioscópico: - 0,530ºH (- 0,512ºC) = normal, dentro da legislação Ponto crioscópico: acima de 0,530ºH = fraude por adição de água Prova da Redutase: Nesta prova avalia-se a atividade das bactérias presentes no leite, por meio de um corante. Quanto mais rápido for o tempo de descoloração do corante de azul para branco, maior é o numero de micróbios existentes. No Brasil, o leite é aceito quando a descoloração ocorre a partir de duas horas e trinta minutos. Esse teste classifica o leite brasileiro nos tipos A, B e C (BEHMER, 1984). A prova da redutase é baseada no aparecimento da cor azulada do corante azul de metileno ou resazurina em um leite incubado. Quanto maior a carga microbiana do leite, maior o potencial de redução (descoloração) do azul de metileno. O ideal é que a redutase tenha um 30 tempo de “viragem” acima de 330 minutos, significando que o leite está em bom estado de conservação (BEHMER, 1984). 2.3.2 Limpeza e Esterilização de Equipamentos e Utensílios em Fábrica de Laticínios Segundo BEHMER (1984), a lavagem e esterilização do vasilhame na indústria de laticínios devem ser realizadas diariamente, obedecendo ao seguinte procedimento: remoção dos restos de leite, lavagem com detergentes apropriados e esterilização. Primeira fase: remoção dos restos de leite com água fria ou morna. Os primeiros cuidados que se deve ter com os equipamentos e os utensílios consistem em lavá-los imediatamente após serem usados, devendo ser feito com água morna à temperatura de cerca de 40º C, ou até mesmo com água à temperatura ambiente. A água, a esta temperatura, evitará a solidificação da gordura e não é suficientemente quente para precipitar sais e proteínas do leite que aderem à superfície do vasilhame, formando crosta de difícil remoção. Segunda fase: lavagem com soluções de detergentes (usando detergentes: alcalino, ácido ou neutro, conforme o caso). Os detergentes devem ser usados em água mais quente (cerca de 40 a 50º C) e aplicados com escovas. Isto auxiliará a remoção da matéria-gorda, proteínas e sais minerais, evitando-se a formação de pedras de leite. Os detergentes empregados são utilizados em soluções de acordo com a concentração recomendada pelo fabricante. Após sua utilização deve-se removê-lo completamente, com o uso de água morna. As pedras de leite que se formarem na superfície do vasilhame devem ser removidas com escova e solução ácida, de preferência ácido clorídrico (20%), antes de se empregar detergente para limpeza geral. As escovas utilizadas na limpeza de vasilhame de laticínios nunca devem ser de aço, para não arranhar a superfície lisa do vasilhame, especialmente a de aço inoxidável. Aconselha-se o uso de escovas de piaçava ou nylon, assim como os escovões para limpeza de chão e parede devem ser também de piaçava ou nylon. 31 Terceira fase: È a fase de esterilização, e deve ser realizada empregando-se calor e/ou produtos químicos. O calor é usado de três formas: com água quente, com vapor, e com ar quente. Devese empregá-lo a uma temperatura de 90 a 100º C, durante um mínimo de 5 minutos. A esterilização com vapor e água quente é mais usada na indústria, contudo é mais trabalhosa e provavelmente mais cara. A esterilização com produtos químicos é mais fácil e mais rápida. Os produtos mais empregados são à base de cloro e iodo. O emprego desses produtos deve ser feito em vasilhame bem lavado, enxaguado com água limpa. No comércio especializado existem muitas marcas de produtos detergentes e bactericidas para utilização na indústria. O modo de aplicação é sempre indicado pelas bulas que acompanham os produtos. A esterilização química mais utilizada é feita com hipoclorito de sódio ou cálcio, ou cloreto de cal comercial. 2.3.3 Recepção do Leite Recepção - O leite ao chegar à plataforma de recepção, em latões adequados, é examinado quanto aos seus caracteres organolépticos, isto é, a cor, o aspecto e cheiro, pelo encarregado da recepção. Feitos estes exames, se houver algum leite anormal este é separado do leite normal (BEHMER, 1984). Retirada da amostra - De cada latão de leite retira-se uma amostra para fazer as análises laboratoriais de rotina; acidez, densidade, gordura, lactofiltração e outros que se fizerem necessários. Se for encontrada alguma anormalidade pelas análises físico-químicas principais, este leite é separado (BEHMER, 1984). Forma de se retirar a amostra corretamente - Mexer bem o leite com um agitador especial, retirar uma amostra em caneca própria e mandar para o laboratório. Após a realização dessas análises rápidas de seleção no laboratório, é feita a medição ou pesagem do leite e este é despejado no tanque de recepção, munido de coador metálico ou de tela de nylon fina. O leite ácido é separado e desnatado, podendo ser usado no fabrico de requeijão. Para as análises bacteriológicas são retiradas amostras, em separado, na recepção e em todo o percurso do beneficiamento do leite (BEHMER, 1984). 32 2.3.4 Beneficiamento do leite De acordo com BEHMER (1984), o beneficiamento do leite nas usinas e fábricas de laticínios segue as seguintes operações: Filtração: a primeira filtração, mais simples, consiste em coar o leite para retirar as impurezas visíveis, antes de colocá-lo no tanque de recepção. Filtração (filtro de linha simples ou duplo): colocado na tubulação da bomba centrífuga de sucção. Esse filtro é constituído de tela muito fina e muitas vezes contém uma camisa de tecido bem encorpado para reter as impurezas menores. Clarificação: esta operação pode ser feita em máquina especial denominada filtro centrífugo, ou ainda através da desnatadeira-padronizadora, que clarifica o leite retirando as impurezas que passam no filtro de linha de tela fina. A padronizadora além de clarificar o leite, padroniza-o com o teor de gordura necessário para: leite de consumo, leite em pó, queijos e outros produtos, podendo ainda fazer o desnate total do leite, quando o produto a fabricar exige o leite desnatado. Pasteurização: Consiste no tratamento térmico do leite a uma certa temperatura (71 a 75ºC), inferior ao ponto de ebulição, durante um determinado tempo e resfriá-lo imediatamente. A pasteurização é suficiente não só para destruir os microrganismos patogênicos do leite, mas também a quase totalidade da flora bacteriana, com pequena modificação na estrutura físicoquímica do leite e nas suas propriedades organolépticas normais. Há dois processos de pasteurização mais comumente usados: pasteurização lenta e pasteurização rápida. Pasteurização Lenta Consiste no aquecimento do leite em tanque cilíndrico-vertical, de parede dupla, munido de agitador. Aquece-se o leite, com agitação constante, a 65º C e mantê-lo nessa temperatura por 30 minutos. O aquecimento é feito através de água quente circulando nas paredes duplas do aparelho. Em seguida resfria-se a 4 – 5º C, através da circulação de água gelada nas paredes duplas do aparelho. Este tipo de pasteurização é utilizado somente por pequenas indústrias, pois se trata de um processo mais demorado. 33 Pasteurização Rápida Consiste no aquecimento do leite em tanque cilíndrico-vertical, de parede dupla, munido de agitador. O aparelho utilizado consta de um conjunto de placas, todo em aço inoxidável. O leite é aquecido e resfriado circulando entre as placas, em camadas muito finas, em circuito fechado, ao abrigo de ar e da luz sob a pressão, à temperatura de aquecimento de 71 a 75ºC, durante 15 segundos e resfriado com água gelada a uma temperatura de 2 – 3ºC. Este processo apresenta as seguintes vantagens sobre a pasteurização lenta: controle e segurança do processo; mais eficaz; processo contínuo, com muita rapidez; maior volume de leite pasteurizado; processo automático de limpeza; economia de mão-de-obra; menor espaço para instalação e economia de energia pelo processo de regeneração no interior do aparelho. A pasteurização não é um processo para recuperar um leite de má qualidade, mas um tratamento para prolongar a conservação do leite, sem alterar suas propriedades organolépticas, físicas e nutritivas. É também uma forma de proteger a saúde do consumidor, porque destrói os microrganismos transmissores de doenças, que por ventura existam no leite e aqueles que inferiorizam a qualidade dos produtos derivados do leite. Todo leite cru ou pasteurizado deve ser mantido resfriado, entre 2 e 5º C, para sua melhor conservação. 3 CONCLUSÃO O controle higiênico-sanitário dos rebanhos e da ordenha é fundamental para se garantir a composição ideal do leite e reduzir o risco de transmissão de agentes de doença. A refrigeração pós-ordenha e o transporte aos lacticínios permitem aumentar a durabilidade do produto. Posteriormente, a avaliação da qualidade do leite in natura, mediante provas físico-químicas, complementadas por exames microbiológicos possibilitam a identificação dos produtores com problemas zootécnicos e até mesmo os inidôneos. A pasteurização do leite com qualidade controlada assegura a distribuição de um produto isento de riscos maiores à população, o mesmo se aplicando para todos os seus derivados. 34 BIBLIOGRAFIA AMARAL, L. A.; ISA, H.; , DIAS, L. T.; ROSSI, O. D. e NADER, A.. Avaliaçao da eficiência da desinfecção de teteiras e dos tetos no processo de ordenha mecânica de vacas. Pesq. Vet. 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