64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 EFEITO DE BORDA SOBRE UMA ASSEMBLEIA DE SAMAMBAIAS EPIFÍTICAS NA FLORESTA NACIONAL DE SÃO FRANCISCO DE PAULA, RS, BRASIL. 1 1 Vinícius Leão da Silva *, Jairo Lizandro Schmitt 1 Universidade FEEVALE. *[email protected] Introdução A fragmentação causada pela ação antrópica é uma das maiores ameaças aos ecossistemas terrestres, causando mudanças ambientais e aumento de área de borda em florestas [1]. Os efeitos de borda provocam o aumento da luminosidade, temperatura e incidência dos ventos, reduzindo a umidade do ar e do solo, levando a implicações deletérias para a biota [2]. As samambaias são importantes indicadoras de qualidade ambiental por apresentar distribuição espacial fortemente relacionada a fatores abióticos, sofrendo diretamente com os processos de efeito de borda [3]. O objetivo deste estudo foi analisar e comparar a composição florística e a influência do efeito de borda sobre uma assembleia de samambaias epifíticas. Metodologia O trabalho foi desenvolvido na Floresta Nacional (FLONA) de São Francisco de Paula, RS, Brasil, entre as coordenadas 29 23’ 49’’S e 50 23’ 00’W. Foram sorteadas 24 parcelas de 10x10m, sendo 12 na borda e outras 12 no interior do fragmento localizado a 100m da borda. Em cada parcela, foi obtido o grau de abertura do dossel, dados fitossociológicos e microclimáticos de samambaias epifíticas ocorrentes até quarto metros em forófitos com DAP ≥ 10cm. Os dados foram analisados quanto à normalidade por meio do teste de Shapiro-Wilk e, posteriormente, comparados entre si pelo teste t para amostras independentes. Resultados e Discussão Foram encontradas 15 espécies de samambaias epifíticas no fragmento, sendo oito na borda e 15 no interior. Todos os indivíduos encontrados na borda também foram inventariados no interior. A família mais rica em ambos os locais foi Polypodiaceae (nove espécies), seguida por Aspleniaceae (duas espécies), Blechnaceae, Hymenophyllaceae e Pteridaceae (uma espécie cada). Em média, a riqueza foi significativamente maior no interior florestal, enquanto a abertura do dossel foi estatisticamente maior na borda. Não houve diferença estatística para os demais parâmetros analisadas (Tab.1). Tabela 1: Valores mínimos (Mín.), médios ± desvio padrão (Méd. ± DP) e máximos (Máx.) para a riqueza de espécies de samambaias (S), abertura de dossel (AD), temperatura do ar (TA), umidade relativa do ar (UA) e velocidade do vento (VV) nas parcelas da borda e interior florestal. P: significância em nível de 5%. Borda florestal Mín. S Interior florestal Méd. ± DP Máx. Mín. Méd. e DP Máx. Teste de t P 0 1,16 ± 1,02 3 0 2,58 ± 1,50 5 -2,69 0,013 AD 14,47 15,25 ± 1,21 18,07 9,48 12,58 ± 2,35 17,89 3,48 0,003 TA 16,8 22,41 ± 2,42 25,1 19,2 22,58 ± 2,35 26,6 -0,17 0,866 UA 55,9 69,08 ± 9,94 90,7 52,5 69,5 ± 9,34 85,5 -0,1 0,916 VV 0 0,58 ± 0,79 2,6 0 0,50 ± 0,67 2,4 0,27 0,784 Conclusões Pode-se concluir que o grau de abertura de dossel mais elevado na margem do fragmento, pode ter inferido no decréscimo de espécies, em função da maior incidência de radiação solar em comparação ao interior. Pois, ambientes mais expostos a perturbações externas como a luminosidade são deletérios para muitas samambaias. De forma geral, muitas dessas espécies estão associadas a ambientes sombrios e úmidos [4], neste sentido, houve diferença na riqueza e composição encontradas entre a borda e interior florestal. Agradecimentos Os autores agradecem a Universidade Feevale pela infraestrutura, e a Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão bolsa de Mestrado para o primeiro autor. Referências Bibliográficas [1] Reid, W. V. & Miller, K. R. 1989. Keeping Options Alive: The Scientific Basis for Conserving Biodiversity. Washington, D.C.: World Resources Institute. 128p. [2] Murcia, C. 1995. Edge effects in fragmented forests: implications for conservation. Trends in Ecology and Evolution 10(2): 58-62. [3] Ferrer-Castán, D. & Vetaas, O. R. 2005. Pteridophyte richness climate and topography in the Iberian Peninsula: comparing spatial and nonspatial models of richness patterns. Global Ecology and Biogeography 14:155-165. [4] Tryon, R. 1989. Pteridophytes. In: LIETH, H., WERGER, M. J. A. (Eds.). Tropical rain Forest ecosystems. Biogeographical and ecological studies. Ecosystems of the world. Amsterdam: Elsevier Science 14: 327-338.