política UM RISCO NA MUDANÇA 8A A GAZETA CUIABÁ, SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2013 Três federais e 5 estaduais eleitos em 2010 não conquistariam o mandato na nova regra Fim nas coligações eleitorais SONIA FIORI DA REDAÇÃO A Reforma Política poderá concretizar avanços nos dias 9 e 10 de abril, quando está prevista votação no Congresso Nacional, de itens como o fim das coligações nas proporcionais. Esse tópico, em especial, se aprovado, deverá promover reviravolta no campo eleitoral, com afunilamento de chances para partidos mais fortes. A mudança será drástica. Para se ter uma ideia do grau de alteração de resultados, um dos autores da proposta de fim das coligações, o presidente estadual do PMDB, deputado federal Carlos Bezerra, não teria sido eleito nas eleições de 2010, se à época, vigorasse o instrumento. A título de análise, A Gazeta, com apoio do consultor eleitoral, Valdecir Pinho Calazans, realizou simulação sobre o último pleito geral, onde Bezerra, dono de 90.780 votos, estaria fora da representação na Câmara dos Deputados porque o partido não atingiria a média de quociente eleitoral, de 188.090 votos, sem coligações. Além de Bezerra, também teriam ficado sem mandato os atuais deputados federais Valtenir Pereira (PSB) e Júlio Campos (DEM). Mas conquistariam cadeiras o suplente, atual secretário de Educação, Ságuas Moraes (PT); a ex-deputada federal, Thelma de Oliveira (PSDB) e Joana Darc Miranda Sousa, dos quadros do PR. A média de quociente eleitoral só teria sido alcançada pelo PR com liderança de votos no período, 143.271; PP, 137.577; PSDB, 98.732 e PT, 94.875. Os republicanos teriam eleito 3 parlamentares; Wellington Fagundes, Homero Pereira (que migrou para o PSD) além de Joana Darc. O PP, 2 representantes: Pedro Henry e Eliene Lima (hoje no PSD). O PSDB teria 2 postos, com Nilson Leitão e Thelma. E o PT, espaço com Ságuas Moraes. Assembleia Legislativa - O Parlamento Estadual também teria o cenário alterado, se fosse aplicado o fim das coligações nas proporcionais no pleito de 2010, com quociente de 64.493 votos. A simulação aponta que teriam garantido representantes o PR com 7 eleitos; PP com o mesmo número (7) considerando que os principais líderes do partido no período, deputado José Riva e vice-governador Chico Daltro, migraram em 2011 para o PSD; PMDB, com 4 parlamentares. O PT, o DEM e o PSDB, teriam assegurado 2 representantes. Nesse quadro, ficariam sem mandato os deputados Percival Muniz (PPS), que deixou a Assembleia para assumir a prefeitura de Rondonópolis; Teté Bezerra, licenciada, e secretária de Estado de Desenvolvimento do Turismo; Luiz Marinho (PTB); José Antônio Gonçalves Viana, o Zeca Viana (PDT) e Luciane Deputado Federal, Carlos Bezerra (PMDB), autor da proposta do fim das coligações proporcionais não seria eleito se a regra valesse para 2010 Otmar de Oliveira Bezerra (PSB). Mas teriam sido alçado ao posto de deputado estadual os suplentes Ondanir Bortolini (PR) mais conhecido como Nininho; Alexandre César (PT); Luis Carlos Magalhães Silva e o ex-vereador Deucimar Silva, ambos do PP; além de Carlos Avalone Júnior (PSDB). Bancada - Ainda não há consenso entre os representantes da bancada sobre os principais pontos previstos na Reforma Política, nessa fase de debates. Existe previsão de votação sobre o financiamento público de campanha; fim das coligações proporcionais; voto em lista flexível, que é uma combinação do voto em lista aberta e fechada; unificação das eleições e facilitação de referendos e propostas populares. As análises tomam rumo mais certeiro em relação ao financiamento público de campanha e unificação das eleições. Mas sobram dúvidas a respeito do fim das coligações e voto em lista. Carlos Bezerra, um dos maiores defensores das mudanças, acredita na evolução das propostas e na chance de se chegar ao um denominador em comum, a respeito dos itens postos em pauta. Na avaliação dele, é necessária a implementação do fim das coligações “para o fortalecimento das instituições partidárias”. O líder do PMDB no Estado não poupa críticas sobre o quadro geral de partidos, 30 registrados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “É preciso aprovar essas medidas e acabar com essa questão de partidos pequenos que só servem para ficar negociando interesses”, disse ao lembrar que as agremiações, a partir da reforma, terão assegurado campo para melhor performance da atuação parlamentar. além de Bezerra. A matéria é bem vista, porque em tese, poderá garantir um universo mais igualitário sobre a disputa eleitoral, reduzindo o impacto do poder econômico. Minimiza ainda a avalanche provocada pela doação de campanha de empresas, que seguem a legalidade, mas que também deixam abertos questionamentos sobre os benefícios posteriores de tal ato. É quando ocorre abrese vertente para benefício às colaboradas de campanhas, para adesão a contratos com a gestão pública, numa espécie de “pagamento” pelo apoio no período eleitoral. Leia-se “CPI do Cachoeira/Empreiteira Delta”. Não há consenso na bancada sobre os vistos principais pontos pre na reforma política Consenso - A maioria dos representantes da Câmara dos Deputados é favorável ao financiamento público de campanha. São simpáticos à proposta o coordenador da bancada do Centro-Oeste, Wellington Fagundes (PR); Homero Pereira (PSD); Valtenir Pereira (PSB), Nilson Leitão (PSDB), Eliene Lima (PSD), Júlio Campos (DEM) Registro de partidos - O mais antigo partido é o PMDB, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A regulamentação da legenda ocorreu em junho de 1981. A sigla também é a maior do país em número de filiados, são mais de 2,3 milhões. O PT teve seu registro contabilizado no TSE em 1982. No bloco da oposição, tem destaque o PSDB e o DEM (ex-PFL), regulamentados na década de 80. Um dos últimos partidos a assegurar registro junto ao TSE é o PSD, em setembro de 2011. O partido idealizado pelo ex-prefeito de São Paulo, presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ostenta em Mato Grosso posição confortável. Sob comando do vicegovernador Chico Daltro e com líderes como o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva, a legenda conquistou 36 prefeituras nas eleições municipais de 2012, e a liderança sobre os adversários em termos de gestões públicas sob domínio do partido. Saldo ímpar diante do primeiro desafio eleitoral, e resultado promissor para alavancar os planos para o pleito de 2014. Ao avaliar o campo de possibilidades para o próximo embate, Carlos Bezerra resumiu: “se tiver o fim das coligações, vejo um cenário mais favorável, com segurança de vários eleitos, para o PMDB e o PSD”. Reforma Política - Prevê propostas de emendas constitucionais e revisões da lei eleitoral para melhorar o sistema eleitoral nacional. Prega-se maior correspondência entre a vontade do eleitor ao votar e o resultado das urnas. Mudanças devem obedecer o princípio da anualidade para vigência em eleições posteriores. Sistemas Eleitorais - No Brasil, é aplicado o sistema proporcional de lista aberta. Assim, é permitido o quadro de coligações para eleições de deputados estaduais, federais além dos vereadores. O sistema prevê, dessa forma, candidatos ligados à agremiação. O cenário permite coligações de várias siglas, ou, por um único partido caso opte por chapa pura. No atual modelo, o eleitor vota simultaneamente no candidato e na legenda a qual ele é registrado. Se preferir, pode votar somente na legenda. Assim, as vagas são distribuídas proporcionalmente, com contabilização de votos para cada partido por meio do denominado quociente eleitoral. Valdecir Pinho Calazans e os cálculos feitos com base nos resultados eleitorais de 2010 Quem seriam os eleitos Deputado estadual PP José Riva (hoje no PSD) Ezequiel Fonseca Airton Rondina Luiz (PSD) Walter Rabello (PSD) Antônio Azambuja Luiz Magalhães Silva (PSD) Deucimar Silva PR Sérgio Ricardo Sebastião Rezende Mauro Savi Wagner Ramos João Malheiros Hermínio J. Barreto Ondanir Bortolini PMDB Romoaldo Júnior José Joaquim de Souza Filho Walace Guimarães Nilson José dos Santos DEM José Domingos Fraga (PSD) Dilmar Dal’Bosco PSDB Guilherme Maluf Carlos Avalone Júnior PT Ademir Brunetto Alexandre César Deputado federal PR Wellington Fagundes Homero Pereira (PSD) Joana Darc Miranda Sousa PP Pedro Henry Eliene Lima (PSD) PSDB Nilson Leitão Thelma de Oliveira PT Ságuas Moraes