ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 7 de Janeiro de 2010 INTERVENÇÃO JOSÉ PEDRO AGUIAR-BRANCO Presidente do Grupo Parlamentar do PSD Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados O Orçamento de Estado 2010 está, definitivamente, na ordem do dia. Muito se tem falado, nos últimos dias na existência, entre o Partido Social Democrata e Partido Socialista, de negociações secretas, acordos prévios, conversações clandestinas, pactos ou o que mais a imaginação pode ditar, relativamente ao Orçamento de Estado 2010. Entendemos estas notícias como tentativa, frustrada, como se verá, de condicionar a avaliação e o sentido de voto do Grupo Parlamentar PSD e de colocar em causa a autonomia de decisão dos órgãos do Partido. Tenho dito e repetido em diversas ocasiões que o PSD toma, sempre, as suas decisões tendo em conta o interesse nacional. Move-nos o interesse nacional. Guia-nos o sentido de responsabilidade e só o sentido de responsabilidade. O Grupo Parlamentar do PSD não se deixará condicionar. Não deixaremos de tomar as decisões de acordo com o que consideramos ser o melhor para o País. Não estamos disponíveis para qualquer negociação secreta ou de contornos análogos. Que não restem quaisquer dúvidas sobre esta matéria. Da nossa parte e assumo este compromisso, este não será mais um orçamento limiano. 2 Essa não é a nossa forma de estar e fazer política. O PSD é uma alternativa ao Governo e não um encosto determinado por este ou aquele interesse partidário. Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados O Partido Social Democrata recebeu, de forma positiva, a carta de sobre a disponibilidade do Governo para conversações sobre o Orçamento de Estado de 2010. Interpretamos esta carta como uma aproximação do Governo a dois pontos que o Partido Social Democrata há muito tem defendido. As vantagens de uma política de cooperação com a Assembleia da República e a necessidade de sentido de Estado como guia da acção governativa. Nesse sentido enviei, no final desta manhã, a resposta à missiva do Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares manifestando a nossa disponibilidade para a realização de reuniões com o Governo, com vista à discussão do próximo Orçamento do Estado. O Partido Social Democrata reconhece que é ao Governo que compete a responsabilidade de definir as políticas que orientarão a acção governativa. Esperamos que o Governo reconheça, também, perante esta nova configuração parlamentar, que as iniciativas fundamentais para o futuro do País tenham, para poderem ser viabilizadas, de obter o consenso da Assembleia da República. O Orçamento do Estado tem implicações profundas para o futuro do País e exige, por isso, mais do que muitas outras iniciativas, o referido consenso. 3 É do conhecimento de todos a nossa profunda preocupação com a actual situação das finanças públicas. É do conhecimento de todos que o PSD defende uma política económica diferente da que o anterior Governo prosseguiu e que este Governo tem dado mostras querer continuar a prosseguir. O PSD considera prioritário que o próximo Orçamento do Estado defina com clareza uma trajectória de médio prazo. Uma trajectória assente em opções de política económica concretas e quantificadas que permita inverter a trajectória de crescimento do endividamento externo do País. Que permita corrigir a trajectória de desequilíbrio nas contas públicas, através de uma estratégia assente na redução do peso da despesa pública no PIB e não no aumento de impostos. Que permita conferir uma total transparência no que respeita às Contas Públicas, bem como às responsabilidades financeiras actuais e futuras que o Estado assumiu ou vai assumir. Que permita combater o desemprego. Um combate que só se pode fazer com a introdução de medidas de estímulo às pequenas e médias empresas, que são as verdadeiras criadores de postos de trabalho. Não abdicaremos desta matéria, nem de nenhuma das medidas que apresentámos no nosso plano anti-crise que consideramos fundamental para o País. 4 Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Esta posição corresponde ao interesse nacional, tal como o entendemos e deixa, obviamente, em aberto, o nosso sentido de voto relativamente ao Orçamento de Estado que só será definido depois deste ser conhecido. Os portugueses exigem que neste momento difícil do país esta Assembleia e os partidos estejam à altura do desafio. O PSD tudo fará para estar à altura do desafio. O PSD tudo fará para ser parte da solução. Disse 5