Afinal, quem é o Líder voltado aos Princípios do Desenvolvimento Sustentável? Autoria: Vânia Maria Jorge Nassif, Darcy Mitiko Mori Hanashiro, Vânia Amorim Café de Carvalho, Maurício Henrique Benedetti Resumo: O balanceamento de ações voltadas ao desenvolvimento econômico aliado às esferas social e ambiental em direção ao desenvolvimento sustentável tem sido a tônica do momento. Esta pesquisa teve por objetivo conhecer, por meio de entrevista em profundidade, o conceito de desenvolvimento sustentável praticado pelas empresas, na ótica de seu principal líder e conhecer quem é o líder voltado a estes princípios. Foram entrevistados três presidentes e analisados os dados secundários de dois presidentes de empresas que declaram a abordagem do desenvolvimento sustentável nos negócios. Os dados foram tratados à luz da análise de conteúdo e os resultados evidenciam que, sob a ótica destes líderes, poucas são as empresas que atuam sob esta perspectiva. O desenvolvimento sustentável é entendido a partir do tripé, desenvolvimento econômico, social e ambiental, e a sua adoção, no sentido estrito, só se efetiva quando estes três pilares passam a ser o fio condutor das atividades empresariais. Há sinais evidentes de que, as ações que impulsionam as práticas do desenvolvimento sustentável, ainda são incipientes, exigindo esforço conjunto de três agentes, o governo, o setor empresarial e a sociedade civil organizada. Coordenar esses esforços seria o grande desafio de líderes para viabilizar as práticas de desenvolvimento sustentável. Introdução A sobrevivência das organizações em tempos de competição acirrada não é algo resultante apenas das suas atividades econômicas, mas sim do balanceamento de suas ações nas esferas econômica, social e ambiental na busca pelo desenvolvimento sustentável. Significa romper paradigmas, levando a construção de uma nova forma de fazer negócios. A competitividade das empresas norteada, sobremaneira, na geração de valor, mais especificamente, agregando riqueza aos acionistas, tem sido o foco privilegiado dos modelos de gestão em economias capitalistas. A ênfase no progresso econômico para atender as necessidades humanas é hoje insuficiente, exigindo das empresas uma atuação mais responsável no meio ambiente onde elas atuam e impactam a sociedade, consumidora final de seus bens. O comportamento extrativista praticado ao longo da era industrial já não é viável, tendo em vista a limitação dos recursos naturais. O modelo pelo qual, organizações ocupamse apenas em extrair recursos da natureza para depois transformá-los, comercializá-los e descartá-los não é compatível com a visão de desenvolvimento sustentável. Paralelamente à limitação dos recursos naturais, a grande mudança social verificada nas últimas décadas também tem provocado as organizações no sentido de reverem a forma como conduzem seus negócios. A melhoria do nível educacional da sociedade e o surgimento de um público consumidor mais informado e exigente têm feito aumentar a pressão da sociedade sobre as ações das organizações, o que as tem levado a mudarem sua postura, buscando uma forma de atuação mais responsável. Outro fator, a inclusão social, passa a ser especialmente importante neste momento. O mercado consumidor pode ser considerado hoje, tanto quanto os recursos naturais, como um bem escasso. Neste sentido, torna-se essencial para a sobrevivência das organizações a inclusão de um grande contingente populacional, hoje alijado do processo de consumo, no mercado consumidor. Todos estes fatores tornam claro o fato de que as organizações não podem operar independentemente dos sistemas sociais e naturais. Este fato demonstra a importância da integração dos sistemas a fim de gerar a sustentabilidade dos negócios e valor econômico aos acionistas. Para que haja integração são necessárias, a colaboração e a formação de parcerias 1 entre a empresa e seus stakeholders, de forma a engajar ambas as partes em um entendimento comum dos problemas ambientais e sociais. Isto implica em romper com estruturas tradicionais que concentram o poder, centralizam as decisões e privilegiam a manutenção do status quo. É fato que todas estas mudanças geram um forte impacto no processo de liderança dentro das organizações. Colaboração e integração tornam-se palavras fundamentais para a sobrevivência e sucesso organizacional e para alcançá-las a organização precisa investir cada vez mais no relacionamento com os seus diversos stakeholders. Não basta mais que ocorram investimentos apenas em novas tecnologias ou recursos econômicos. É fundamental que novos processos e estruturas sejam desenvolvidos, entre eles o processo de liderança, de tomada de decisão, justiça e gerenciamento dos relacionamentos. Considerando a liderança como um dos pontos chave para o sucesso organizacional, este novo contexto tem demandado um novo papel do líder. Este enfrenta hoje o desafio de, ao mesmo tempo, alcançar resultados para a organização e para a comunidade, tornando-se cada vez mais orientado à responsabilidade social. É neste contexto que este estudo visa trazer algumas respostas para as organizações e para os estudiosos da Administração de Empresas, evidenciando a necessidade de desenvolver líderes designados a assumir, dentro das organizações, a responsabilidade pelo sucesso dos negócios, da sociedade e da manutenção ambiental a longo prazo. Estas reflexões direcionaram o alcance do objetivo principal de compreender o conceito de desenvolvimento sustentável praticado pelas empresas na ótica de seu principal líder e dos objetivos secundários de: conhecer a atuação das empresas na prática do DS; levantar os condicionantes internos e externos que conduzem a adoção de um princípio de desenvolvimento sustentável; identificar os principais resultados advindos da prática do DS e, depreender os atributos requeridos dos líderes para promover e implantar ações efetivas de desenvolvimento sustentável. Doravante, a palavra desenvolvimento sustentável será mencionada como DS. Conceito de desenvolvimento sustentável A preocupação da comunidade internacional com os limites do desenvolvimento do planeta, data da década de 60, quando começaram as discussões sobre os riscos da degradação do meio ambiente. Tais discussões ganharam tanta intensidade que levaram a ONU a promover uma Conferência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo (1972). A noção de DS ainda não tinha surgido e estes movimentos estavam focados, exclusivamente, na preservação do ambiente (ALMEIDA, 2002). Foram os debates na década de 80 em torno do ecodesenvolvimento que abriram espaço ao conceito de DS ao enveredarem para o questionamento: como conciliar atividade econômica e conservação do meio ambiente? (CAVALCANTI, 1995; SATO, 1996; ALMEIDA, 2002). Foi o relatório da comissão Brundtland (1980) que pôs em circulação a expressão desenvolvimento sustentável, após sucessivas denúncias de tragédias ambientais no mundo (ALMEIDA, 2002). Mello (1996) enfatiza que qualquer processo de desenvolvimento só será válido se for baseado no princípio de sustentabilidade, pois a ausência desta consciência pode levar a sucessos imediatos, mas fatalmente comprometerá o futuro. Um país que provoque a exaustão de seus recursos naturais em nome da riqueza em curto prazo, causará dano à sua população. Se o recurso for fundamental e não reposto, quer pela impossibilidade física, quer pela falta de meios financeiros, é possível que a pobreza se instale, em regiões outrora prósperas, de forma irremediável. Segundo a Comissão Brundtland, para a manutenção do progresso e da satisfação das necessidades humanas, utilizaram-se, em quantidade e velocidade excessiva, os recursos 2 naturais do planeta. O resultado desta ação, a longo prazo, implicaria no esgotamento destes recursos, comprometendo a qualidade de vida das futuras gerações e demonstrando quão insustentável configurava-se este modelo (ALMEIDA, 2002). Neste contexto, o conceito de desenvolvimento sustentável estaria profundamente ligado à questão da sobrevivência. Tratase então, da forma como a sociedade atual satisfaz suas necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade das futuras gerações em satisfazer suas próprias necessidades (ALMEIDA, 2002). Grande ênfase é dada à questão ecológica como ponto central do conceito de DS. No entanto, a orientação ecológica, que inclui a eficiência na utilização dos recursos naturais, é importante e pertinente, mas não suficiente para garantir o DS (HARTMAN et al., 1999). Uma conferência realizada em 1999 (The Eighth Annual Greening of Industry Conference, Sustainability: Ways of Knowing / Ways of Acting), nos Estados Unidos salientou que o conceito de DS está se expandindo a partir da inclusão de questões sociais às discussões sobre o tema (Rossi et al., 2000). O conceito mais amplo de DS apóia-se na integração de questões sociais, ambientais e econômicas, constituindo o tripé conhecido como triple-bottom line. Segundo Dijk (2000), embora as organizações em um sistema capitalista sejam as responsáveis finais pela questão do DS, estas só terão sucesso em suas estratégias se discutirem seus impactos com os stakeholders (ALMEIDA, 2002). Sem a ênfase no crescimento e DS, as organizações e países não conseguirão se manter ao longo do tempo (ROSSI et al., 2000). O desenvolvimento sustentável no Brasil No Brasil, a preocupação com questões ambientais se faz presente desde 1913, por meio de discussões que visavam a criação de parques de preservação do meio ambiente e da terra, desencadeando na criação do primeiro parque nacional brasileiro de Itatiaia na divisa do Rio de Janeiro com Minas Gerais. Em 1915, outros dois importantes parques foram consolidados – Cataratas do Iguaçu (PR) e da Serra dos Órgãos(RJ). Pelo fato do Brasil ser um país de uma riqueza ambiental indiscutível, grupos de cientistas, jornalistas e políticos iniciaram fóruns de discussões com o intuito de sensibilizar a comunidade para o processo acelerado de destruição do meio ambiente (ALMEIDA, 2002). Dessa mistura de bandeiras conservacionistas e nacionalistas, nasceu, em 1958 no Rio de Janeiro, a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, considerada a primeira organização ambiental a conseguir criar e manter uma presença nacional. Esta Fundação, explica Almeida, que nasceu como uma reação ao desenvolvimentismo exacerbado da era JK, conseguiu vários intentos, pois contava com associados capazes de influir diretamente em medidas governamentais de proteção da natureza. Mas a intensa atividade industrial do país, com o conseqüente aumento da urbanização, associada à influência de eventos ocorridos no exterior, provocou a ampliação do foco de discussão, abrindo espaço para denúncias sobre degradação do meio ambiente, a exemplo da contaminação do ar e da água (Empresa Borregaard/Riocell – RS, em 1972), demonstrando a força da comunidade local e regional em dizer não às barbárias que a empresa depositava na terra (ALMEIDA, 2002). Três anos após a Rio-92 e a apresentação do relatório Mudando o rumo, foi criado na Suíça o World Business Council for Sustainable Development – (WBCSD) e teve como um dos primeiros resultados a criação do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) em1997, que conta com a participação de empresários brasileiros. Este objetiva, dentre várias atividades, fomentar programas e projetos destinados à disseminação do conhecimento e das práticas sustentáveis já adotadas pelas empresas brasileiras. Algumas, segundo Almeida (2002), estão experimentando ações em direção ao DS, por entenderem que a prática da sustentabilidade, no sentido tripolar – poderá 3 propiciar sua sobrevivência. O autor cita casos como a OPP Química em Maceió (AL), Amanco do Brasil, Aracruz Celulose, dentre outras. O desenvolvimento sustentável no contexto das organizações De acordo com Almeida (2002), a emergência do conceito do DS tem levado a uma mudança de paradigma. Neste cenário observa-se uma tímida participação das empresas em processos cuja dimensão ambiental torna-se um ponto importante. Até recentemente, e para muitas empresas hoje, esta dimensão era vista como “um mal necessário”. As empresas mais pressionadas pela opinião pública procuraram vestir a roupagem do “verde”. Embora Almeida enfatize que o processo de mudança do antigo paradigma para o novo – o da sustentabilidade, esteja em construção, sugere que todas as áreas do pensamento e da ação humana devam se comprometer com o combate dos desequilíbrios socioambientais, resultado de uma visão cartesiana e mecanicista e, portanto, fragmentada de mundo. A concepção da organização como um sistema aberto aflora uma abordagem de DS, este último requisito essencial para a sobrevivência da própria organização. O desafio que as organizações passam a ter é de desenvolver novas formas de operar em cooperação com seus fornecedores, clientes e outros stakeholders, incluindo os concorrentes (ELKINGTON, 1994). A visão organizacional de sustentabilidade proposta por Rodriguez et al. (2002) está apoiada em quatro pilares: (1) razões físicas: dentre as quais estão os recursos naturais e o meio ambiente; (2) razões sociais: que englobam ações efetivas da organização na sociedade, além do simples cumprimento das leis ou oferecimento de empregos; (3) razões éticas: que incluem a individualidade e os valores pessoais no trabalho, além de contribuir para a distribuição de oportunidades para a sociedade; e (4) razões de negócios: resultado da combinação dos três pilares anteriores. Welsh e Herremans (1998) destacam que empresas que devotam seu tempo de planejamento estratégico, especialmente antes do início de suas operações, à consideração de políticas ambientais e sociais, usufruem de benefícios não apenas imediatos, mas também no longo prazo. Ao planejar uma estratégia que contemple o DS, é necessário considerar os interesses dos diversos stakeholders, como o desenvolvimento da economia local, educação e participação da comunidade gerada pelo funcionamento do negócio e a criação de sistemas de controle ambiental que auto-regulem as operações da empresa. Os autores associam as características pessoais dos empreendedores ao desenvolvimento deste tipo de estratégia para seus negócios, os quais estão convictos em respeitar o meio ambiente e possuem uma forte visão de sustentabilidade. Baseiam-se em seus próprios valores e naquilo que acreditam que a empresa possa vir a ser. Embora exista o controle formal das operações do negócio, como regras, políticas e procedimentos, há o auto-controle que é informal e se baseia na ética e nas crenças. O auto-controle permite além do alcance dos objetivos da empresa, o alcance dos objetivos de seus stakeholders, como a comunidade local e o meio ambiente. O sucesso econômico dos negócios é apontado por Stead e Stead (2000), como dependente da melhoria da qualidade de vida dos países que são mercados potenciais para expansão dos negócios. Neste sentido, as organizações têm seu papel em contribuir com a educação, oferecimento de oportunidades e distribuição de renda. Nestas visões, está presente o envolvimento que as organizações têm com seus stakeholders, que vão desde o cumprimento do que são estabelecidos por leis, até o bom relacionamento com clientes, funcionários, fornecedores, acionistas, proprietários e com a comunidade local (CLARKSON, 1995). O desenvolvimento de novos recursos, capacidades e atividades (processos), embora específico para cada tipo de negócio, estabelecerá o desenvolvimento dos recursos sociais, o que será resultado do estabelecimento de novas relações da organização com seus stakeholders (RODRIGUEZ et al., 2002). Requisitos para a promoção do desenvolvimento sustentável 4 A atenção endereçada aos stakeholders e não apenas aos acionistas ou proprietários tem sido ampliada a partir de importantes estudos como os de Freeman (1984), Donaldson e Preston (1995) e Mitchell et al. (1997). Estes autores sustentam que a organização tem obrigações tanto para com ela mesma, quanto para os shareholders e os demais stakeholders. As operações devem incorporar princípios éticos, evitando prejudicar os outros, respeitando a autonomia dos indivíduos, evitando a mentira e honrando seus compromissos (GIBSON, 2000). O relacionamento da organização com seus stakeholders ocorre em três níveis: o consubstancial, o contratual e o contextual (RODRIGUEZ et al., 2002). Estes irão depender das especificidades das organizações. O nível consubstancial inclui os shareholders e investidores, os empregados e os parceiros estratégicos. Os autores dão especial atenção aos empregados. Destacam a necessidade de respeitar seus valores pessoais, mantê-los em constante processo de aprendizagem em uma sociedade de informação e substituir comportamentos vinculados ao controle dos empregados por práticas de confiança e de autocontrole. O nível contratual compreende os fornecedores e serviços terceirizados, as instituições financeiras e os clientes. Para os autores a parceria entre fornecedores e organização deve ser baseada na confiança, com participação ativa das partes. O nível contextual incorpora os líderes de opinião, como a mídia, comunidades locais, países e sociedade e a administração pública. Os autores dão atenção ao papel da empresa perante estes stakeholders, uma vez que os negócios são parte integrante do sistema natural e social. Hartman et al. (1999) enfatizam a necessidade do estabelecimento de parcerias para o alcance da sustentabilidade, o que implica em uma série de trocas (intercâmbios) entre os diversos setores da sociedade. As parcerias podem resultar em inovações industriais que contemplem os ciclos de vida de produtos e o gerenciamento ambiental, além do estabelecimento de novos valores sociais. A sustentabilidade requer colaboração em vários níveis, incluindo uma maior aproximação entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Os autores destacam que alianças entre a indústria, governo, ONGs e a sociedade são necessárias para gerar políticas e mercados compatíveis com a sustentabilidade, dentro de um novo modelo que inclui produção e consumo sustentáveis. A necessidade de alianças também é apontada por Rossi et al. (2000) como requisito para o DS. Os autores destacam a importância das ações em conjunto do governo com a sociedade civil. Os governos são responsáveis pela elaboração de leis que possibilitem garantias de preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social da comunidade, melhorando a distribuição de renda. Fundamentando-se nas interações que a organização mantém com seus stakeholders, Schneider (2002) criou um modelo organizacional denominado Radix Organization. Por este modelo a organização está sujeita à ação externa de um ambiente extra-institucional (globalização, avanços tecnológicos e gerenciamento lógico) e institucional (regulamentações, mercado de capitais e governança). A autora enfatiza que este tipo de organização não é compatível com os modelos burocráticos clássicos que predominaram os negócios durante a era industrial. Assim, como Schneider (2002) propõe um novo modelo de organização diante do incremento dos relacionamentos com stakeholders, Griffiths e Petrick (2001) propõem uma nova arquitetura organizacional para que seja possível alcançar a sustentabilidade. As estruturas tradicionais, onde prevalecem práticas gerenciais baseadas em um forte poder central privilegiando a autoridade e o controle, limitam ou prejudicam o acesso da organização a um número maior de stakeholders que são vitais para assuntos que tratam da sustentabilidade. Uma mudança organizacional desta ordem aponta para a necessidade de apoiar efetivos processos de aprendizagem organizacional, mudanças de atitudes e cultura, além de 5 responder às pressões externas, que incluem as demandas dos clientes, investidores e órgãos regulamentadores (ROSSI et al., 2000) Este novo desenho organizacional fundamenta-se em uma liderança cuja atuação difere substancialmente daquela exercida em modelos organizacionais burocráticos. As relações com os stakeholders e a liderança As teorias de liderança em organizações, em geral, assumem que os líderes exercem poder sobre aqueles que lideram, especificamente o poder institucionalizado ou autoridade (SCHNEIDER, 2002). O comprometimento de uma organização com o DS, amplamente fundamentado nas interações com múltiplos stakeholders aponta que o modelo de liderança baseado num processo de influência vertical em que líderes exercem sua liderança sobre liderados hierárquicos (FIEDLER, 1984; HOUSE, 1971) mostra-se limitado. No entanto, as mudanças substanciais decorrentes da dinâmica competitiva contemporânea, conduzindo a reformulações nas práticas de negócio e gerenciais, traz à tona algumas questões sobre a eficácia do líder destituído de autoridade formal e institucional sobre uma equipe, tais como em alianças estratégicas, em projetos ad hoc, serviços terceirizados. Neste tipo de organização no processo de trabalho, o domínio dos membros da organização, deixa de ser um público somente interno, sob autoridade formal, passando para um contexto de diferentes grupos de pessoas que possuem algum tipo de interesse na organização, e por isso, buscam resultados que atendam suas expectativas e necessidades. O exercício da liderança organizacional baseado no modelo de stakeholder, tal como preconizado por Schneider (2002), assume que líderes desempenham papéis de “transposição de fronteiras” (boundary-spanning role) ao lidar com stakeholders internos e externos e, ainda, sem assumpção de poder hierárquico. Neste caso, autoridade significa o poder para guiar cooperação para a realização de tarefas em vez de autoridade para direcionar as ações de um grupo predefinido de pessoas internas à organização. Esta é uma mudança de “poder sobre”, ou autoridade de comando, em direção do “poder para”, ou a habilidade para implementar (Schneider, 2002). Esta visão de liderança condiz com a perspectiva do DS em que a integração das dimensões econômica, ambiental e social implica numa liderança baseada no atendimento de interesses e expectativas dos stakeholders. A liderança é afetada substancialmente pela cultura organizacional existente. Da mesma forma, a cultura da organização se desenvolve, em larga escala, a partir dos valores e pressupostos que os líderes transmitem a um grupo. Se o grupo é bem sucedido e os pressupostos tornam-se inquestionáveis, a cultura definirá para as próximas gerações de membros o tipo de liderança aceitável (BASS e AVOLIO, 1993; SCHEIN, 1992). Este aporte de raciocínio aponta a importância do líder para que o princípio de DS efetivamente seja introjetado e compartilhado nos membros da organização e possa ser implementado por meio de práticas organizacionais integradas e com o comprometimento dos múltiplos stakeholders. Caso contrário, o conceito de DS poderá ser mais um dos discursos gerenciais adotados sem a mínima sustentação nos valores e crenças daqueles que serão os praticantes de sustentabilidade. A liderança baseada no modelo de stakeholders exige dos líderes um conjunto de atributos, papéis e relacionamentos para que sejam realmente efetivos. Incluem-se novos stakeholders em contato com os líderes, os quais não estão subordinados na estrutura formal da organização. Neste sentido, o uso da autoridade gerencial, elemento fundamental do modelo burocrático, não governa suas ações. Também nas relações com parceiros estratégicos e empresas terceirizadas, os líderes abandonam a autoridade institucional e assumem um papel de cooperadores em uma relação lateral com estes novos stakeholders. Segundo Schneider (2002), o líder dentro deste novo modelo de liderança não terá seguidores, mas sim pessoas com as quais ele caminhará juntamente. Líderes desempenham um papel fundamental 6 na criação da cultura organizacional voltada ao DS, implementação de mudanças nos sistemas, estratégias e estrutura organizacional compatível com esta abordagem e a criação de monitoração dos resultados provenientes das ações focadas no DS (BANSAL, 2002; RODRIGUEZ et al., 2002; JONES, 2000; HARTMAN et al., 1999). Além disso, requer-se dos líderes um foco de desenvolvimento no longo prazo. Isto porque as transformações a serem implantadas implicam em mudanças nos modelos mentais dos empregados e gestores, por meio da aprendizagem organizacional (MOLNAR e MULVIHILL, 2003), para incorporar as mudanças nos valores organizacionais e no modus operandi da corporação. Essas atribuições designadas ao líder condizem com uma sociedade que vem se tornando mais pluralista, dividida em uma infinidade de instituições (DRUCKER, 2002), requerendo dos líderes não apenas competência para dirigir suas próprias instituições, mas um aprendizado para criar a própria comunidade. Isto significa um líder capaz de trabalhar com novas parcerias, obtendo sucesso mediante uma rede de relacionamentos (HESSELBEIN, 2000; DRUCKER, 2000), assumindo não só o desempenho por suas instituições, mas também, sendo responsável pela comunidade como um todo. Esta atuação do líder implica em comprometimento, convicção e dedicação ao bem comum. Na Conferência sobre Sustainability ways of knowing/ways of acting (ROSSI et al., 2000) discutiu-se o fato de as estratégias de DS terem sido conduzidas especialmente por líderes visionários. Entretanto, Chrislip e Larson (apud ROSSI et al., 2000) argumentam a fragilidade do comprometimento da organização para com os objetivos da sustentabilidade quando está centrado em um único líder visionário. Os autores propõem um conceito de liderança colaborativa como elemento essencial quando se requer relacionamentos de parcerias: “um processo para iniciar, facilitar e sustentar iniciativas colaborativas entre stakeholders, visando direcionar questões de sustentabilidade ambiental”. Pode-se ampliar esta visão ambiental para o conceito de triple-bottom line, que requer de forma ainda mais acentuada a competência colaborativa dos líderes. Procedimentos Metodológicos Pesquisas científicas na temática DS encontram-se ainda em fase incipiente, particularmente na literatura brasileira. A escassez de estudos e o caráter inovador na esfera empresarial remetem à compreensão deste fenômeno à luz de uma frágil base de conhecimento. Tendo em vista o objetivo de entender mais profundamente o significado do conceito de DS, a partir da ótica do corpo diretivo das empresas envolvidas nessa visão, adotou-se uma abordagem qualitativa, a qual poderia proporcionar respostas de como este fenômeno é tratado pelas empresas participantes, focalizando os significados e procurando compreender o papel da liderança e o que está acontecendo, sem a preocupação de enumeração e/ou medição dos eventos estudados e nem a generalização dos resultados. Neste sentido a pesquisa pode ser classificada como exploratória. Procura obter dados descritivos e os resultados são narrados. O estudo adota, portanto, uma posição epistemológica interpretativa, procurando explicar o fenômeno em estudo, segundo o ponto de vista dos sujeitos pesquisados, não lhes impondo pontos de vista externos e formulados aprioristicamente. Ao pesquisador que adota este tipo de enfoque, de acordo com Bogdan e Taylor (2000), cabe captar o significado que as pessoas dão às coisas e ao seu entorno, ou seja, busca-se compreender os fenômenos que estão sendo estudados a partir da perspectiva dos participantes, neste caso, os presidentes de empresas envolvidos com a questão do DS. Em pesquisas qualitativas, em geral, adota-se um enfoque indutivo. Significa que os pesquisadores lançam mão de hipóteses geradas pelo próprio processo de pesquisa, e não as provenientes de um quadro referencial teórico previamente estabelecido (GLASER e STRAUSS, 1967; SILVERMAN, 2001). Por este motivo, este estudo não apresenta hipóteses, 7 mas emergirão dos dados e serão comentadas ao longo do processo de análise. Dentre as técnicas qualitativas, utilizou-se a entrevista semi-estruturada, por meio de roteiro flexível permitindo aos entrevistados relatar livremente suas idéias e experiências. Além disso, documentos secundários foram também pesquisados. Foram realizadas três entrevistas no primeiro semestre de 2004, sendo duas no ambiente de trabalho dos respondentes, com duração média de 45 minutos. A terceira entrevista foi feita por telefone, tendo em vista que o respondente está sediado no Rio de Janeiro, com duração de 40 minutos, tendo sido integralmente gravada por meio de equipamento especial. O uso de equipamentos para gravação “faz com que a documentação de dados torne-se independente das perspectivas do pesquisador e dos sujeitos dos estudos” (FLICK, 2004). Na pesquisa secundária, utilizaram-se documentos eletrônicos obtidos nos sites institucionais das empresas. O plano amostral em uma pesquisa qualitativa não obedece a critérios rígidos. A escolha da unidade de análise recai basicamente onde está localizada a informação e o fenômeno a ser pesquisado. Por isso, caracteriza-se por parâmetros de acessibilidade e de conveniência. Nesta pesquisa a unidade de análise foi a “organização” e o elemento respondente, seu principal líder, aquele envolvido em preocupações com a prática do DS. Obteve-se acesso a duas empresas nacionais de grande porte - Grupo Orsa e Brasken. A fim de confrontar com os dados dos empresários entrevistou-se o presidente Executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Além dessas fontes primárias, foram consideradas para análise mais duas empresas (Shell e Usiminas) cujos sites destacaram-se pela qualidade e profundidade de informações sobre suas atuações em DS, possibilitando responder plenamente o roteiro da pesquisa. Participaram da entrevista três respondentes, dos quais um acionista principal, um vice-presidente de pessoas e organizações e um presidente executivo. Os sites utilizados na pesquisa foram assinados pelos respectivos presidentes das empresas. Para a análise de dados recorreu-se principalmente à técnica denominada “análise de conteúdo” proposta por Bardin (1977). Consiste de uma técnica aplicável a discursos diversos e a todos os tipos de comunicação. Ela parte do pressuposto que, por trás do discurso aparente, simbólico e polissêmico, esconde-se um sentido a ser desvendado. A análise de conteúdo pode orientar-se, segundo uma perspectiva objetivista, recorrendo a um enfoque quantitativo, ou seguir uma tradição qualitativa por meio da qual o pesquisador busca compreender as características, estruturas e/ou modelos que permeiam as mensagens que são levadas em consideração. Nesse caso o esforço do analista é duplo. Entender o sentido da comunicação, como se fosse o receptor normal, e, principalmente, desviar o olhar buscando uma outra significação, uma outra mensagem possível de se enxergar através ou ao lado da primeira. Bardin (op.cit.) atribui a essa atividade o nome de inferência. A opção nesse estudo foi seguir a vertente qualitativa dada à natureza, o objetivo e especificidade dos dados coletados. Optou-se por uma análise temática cujo foco está na descoberta de “núcleos de sentido” que compõe a comunicação (BARDIN, op.cit.). Assim, não houve preocupação em enumerar os registros, mas compreender esses núcleos de sentido e as ligações entre si. A transcrição é uma etapa necessária no caminho para a interpretação dos dados. Existem diversos sistemas de transcrição disponíveis, que variam de grau de exatidão (FLICK, 2004). Nessa pesquisa optou-se pela transcrição literal. Análise dos Resultados A análise dos resultados será desenvolvida contrapondo a visão dos presidentes das empresas participantes. O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), criado em 1997, integra a rede de conselhos do World Business Council for Sustainable Development (WBCS), com a participação de 160 grupos, com 8 faturamento anual de US$ 4,5 trilhões; reúne 56 entidades sem fins lucrativos representando 450 unidades produtivas gerando 500 mil empregos diretos. O grupo Orsa, terceiro lugar no ranking dos maiores fabricantes de papel de embalagem e caixas de papelão ondulado no Brasil foi criado em 1981 e emprega cerca de 1750 colaboradores diretos e 1000 indiretos. A Braskem foi criada em agosto de 2002, é empresa brasileira de capital privado, líder da indústria Petroquímica da América-Latina e controlada pelo grupo Odebrecht - tem 2800 colaboradores. A Usiminas é uma das maiores siderúrgicas do país e a Shell atua no mercado de derivados de petróleo há mais de 90 anos no Brasil e contribui com 63 mil empregos. O desenvolvimento sustentável na prática Será o DS mais um modismo gerencial? Este questionamento despertou a necessidade de compreender a forma como o DS tem sido praticado em ações concretas pelas empresas e o quanto o compromisso com esta abordagem é ainda uma idealização, já que o mote do DS é algo que reverte para uma reputação positiva da empresa. Fundamentado na literatura pelo modelo triple-bottom line, sob a perspectiva das dimensões econômica, ambiental e social, à luz dos entrevistados, a dimensão econômica não foi o foco de atenção dos empresários, na medida em que, como empresas bem sucedidas e competitivas, vêm gerando emprego, renda e produtos que atendam às expectativas e necessidades de seus consumidores e riqueza para o acionista. Toda análise baseia-se nesta contribuição econômica efetiva, e a partir dela como equilibrar e integrar as demais dimensões. Então, seriam somente as empresas bem sucedidas a praticar o DS? O presidente da Usiminas declara que na dimensão econômico-financeira, é imperativo que se mantenha como objetivo dominante a geração de riqueza. Ainda que os propósitos a que esta geração deva corresponder estejam ampliados, atendendo, além dos acionistas, as outras partes interessadas, sem lucros operacionais, estrategicamente sustentados ao longo do tempo, nenhum compromisso exigido do mundo corporativo poderá ser atendido. Nesta mesma dimensão, estratégia empresarial está focada em processos de acumulação de capital e de expansão, sem os quais dificilmente se removerá a pobreza e uma de suas mais perversas conseqüências, a degradação ambiental. O presidente do grupo Orsa defende esta lógica de maneira mais branda, justificando que “as empresas que não estão bem, vão tentar se resolver. Não estão bem por uma série de razões, as quais não vão permitir que ela olhe além”. Para o presidente da Shell, uma performance financeira positiva é essencial para o futuro sustentável e contribui para a prosperidade da sociedade. Assegura que o propósito da empresa consiste em satisfazer as expectativas mais amplas de todos aqueles que podem ser afetados pelas atividades e que a empresa deseja manter a confiança dos grupos de interesses, mostrando que a sua abordagem de negócios não é a de “lucro a qualquer preço”. Em comparação com as demais empresas que participam do Índice Dow Jones Global (DJGI), aquelas que combinam seus resultados financeiros com ecoeficiência e responsabilidade social têm apresentado valorização superior de seus papéis. O DJGI possui credibilidade mundial e passou a ser referência para investidores e administradores de recursos estrangeiros. A criação deste índice, em 1999, se deu a partir da seleção de um grupo de empresas com programas de sustentabilidade com ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque. A seleção das empresas que compõem o DJGI é feita anualmente por meio do preenchimento de um questionário com 500 perguntas que envolvem as dimensões econômica, social e ambiental, ficando a responsabilidade pelo acompanhamento e auditoria a cargo da Pricewaterhouse Coopers (FOLHA DE SÃO PAULO, 2003). Almeida (2002), ressalta que dentre os motivos para se adotar o princípio de DS está a incontestável necessidade de sobrevivência das empresas. Isto pode ser sentido pelas empresas “quando elas olham para o lado da ecoeficiência” e percebem que podem produzir 9 mais e melhor com o mínimo impacto no meio ambiente e melhorando seus processos internos. A segunda dimensão – a social, parece ser a mais “acanhada” dentre as práticas desenvolvidas pelas empresas. Até porque ela é confundida com assistencialismo ou como ação filantrópica das empresas. Mas, o presidente da Shell é enfático ao declarar que a empresa não adota a “filantropia corporativa”, ou seja, dar dinheiro e nada mais. Ao invés disso, corroborando o princípio de contribuir para a sociedade no longo prazo sustenta uma abordagem mais estruturada do investimento social. Já o presidente da Usiminas comenta que na dimensão social, as respostas estão em ações estruturais, não apenas assistenciais. A capacidade estratégica do mundo corporativo é desafiada a desenvolver projetos permanentes e transformadores, que a um só tempo promovam a inclusão das populações marginalizadas dos mercados e ampliem as oportunidades de negócios socialmente sancionáveis. Diz que na ausência de uma assistência pública cabe à organização proporcionar esta assistência à comunidade, que sua empresa faz por meio da Fundação São Francisco Xavier. A Shell, o grupo Odebrecht e o grupo Orsa também mantêm fundações. O presidente do grupo Orsa declara que dedica 1% do faturamento bruto para a Fundação. Então “eu já não tenho tanta competitividade quanto os meus competidores. Porém, esse 1% do faturamento está trazendo uma energização que está ficando barato”. O respondente menciona que está trazendo outras respostas, como preservação e possibilidade de desenvolver negócios. Neste sentido, conclui: “[...] faz parte do coração da estratégia do desenvolvimento o DS”. A terceira dimensão do DS, a ambiental, seguramente é a mais compreendida no contexto empresarial, até porque existem órgãos oficiais, regulamentações que definem normas de desempenho para as tecnologias e produtos, padrões de emissão de efluentes e de utilização de recursos naturais. Ou seja, ou as empresas cumprem ou são punidas. Mas, como conciliar a atividade econômica com a conservação dos sistemas ambientais? Ou seja, como integrar estas duas dimensões do DS? O presidente da Usiminas remete para o conceito de sustentabilidade dizendo que a resposta do mundo corporativo está em harmonizar os processos de transformação e de preservação do capital natural das nações. E isto se alcança pelo gerenciamento eficaz dos 4 Rs do gerenciamento ambiental: retornar, reciclar, reprojetar e reduzir. O presidente da Shell declara que nesta empresa há mais progressos na abordagem dos impactos ambientais do que sociais. Em contrapartida, o presidente do grupo Orsa é imperativo ao mencionar que as questões ambientais estão claras – é obrigação preservar o ambiente. Mas isso não deveria ser o centro da discussão, pois, já deveria estar incorporado na cultura do país. O presidente da CEBDS argumenta que as empresas, de maneira geral, estão trabalhando basicamente em duas áreas fundamentais: ecoeficiência e responsabilidade social corporativa. Outra vertente analisada nesta pesquisa, ainda sob a ótica do DS na prática, trata-se das práticas internas e externas que influenciam e são influenciadas pela organização. Almeida (2002) pontua que a sustentabilidade exige uma postura preventiva que identifique tudo que um empreendimento pode fazer de positivo – para ser maximizado e, de negativo – para ser minimizado. Acredita que as práticas internas e externas devem buscar coerência e equilíbrio. E isso deve passar pela liderança do presidente, do CEO. Afirma que ele deve ficar pessoalmente envolvido com estas questões, pois este equilíbrio perpassa por toda a empresa, desde o presidente até o senhor de fábrica. O presidente da Shell declara que o princípio do DS está integrado nos processos da empresa e na mentalidade gerencial, tendo como grande desafio encontrar as melhores formas de traduzir este compromisso em práticas de negócios lucrativos. Para enfrentar este desafio o presidente faz um apelo aos funcionários: “eu peço a todos da Shell para aplicar o foco do DS na forma com que trabalham diariamente, identificando e aproveitando novas oportunidades que nos ajudarão a alcançar o futuro sustentável”. Por outro lado, observam-se ações mais 10 concretas pronunciadas pelo presidente do grupo Orsa, quando relata a criação de um voluntariado corporativo. Explica o presidente que os colaboradores são convidados para apresentar para a Fundação o que eles fazem nas suas comunidades, na sua igreja, no seu bairro, em trabalhos sociais. Os trabalhos são escolhidos pelo grupo, transformados em projetos e tecnicamente apoiados pela Fundação. Um dos projetos virou política pública que começou com um gerente de uma fabrica em Paulínia e está sendo aplicado nas escolas públicas como se fossem políticas. O vice-presidente da Braskem, relata que as condições internas que favorecem a evolução do princípio do DS na organização é o modo de ver o ser humano, que é a filosofia de vida do empreendedor Norberto Odebrecht. Trata-se de uma empresa revolucionária e que o negócio de DS, já vem sendo praticado pelo grupo há mais de 20 anos, quando o Presidente percebeu que se ele não tivesse a capacidade de formar seus empresários parceiros, não teria como crescer o desenvolvimento do negócio dele. E ele estava disposto a partilhar os resultados com seus colaboradores de um modo muito mais agressivo do que se faz hoje em dia. O próprio negócio da empresa – química exige atenção e treinamento muito intenso; e o assunto meio ambiente é pauta constante de discussões na empresa. “Há uma preocupação oficial no assunto. E tem sido muito interessante, porque é uma evolução para o ser humano”. Em relação às práticas externas, o presidente do CEBDS argumenta que “a licença que nos é dada pra operar não é mais dada pela CETESB ou pelo IBAMA. Não é mesmo. Ela é dada pela sociedade. Então não estou falando de licença de operação. Estou falando da licença pra operar. Tem outro sentido e tem uma relação com uma imagem minimamente aceitável pela sociedade. Senão, sabe o que eu faço? Eu boicoto”. De maneira genérica e não específica, observa-se que as empresas estão ainda pouco sensíveis com a questão do DS, e depreende-se destes dados, que as melhores práticas na busca do DS ainda estão por ser descobertas. Almeida (2002) afirma que as empresas estão no início do processo de sistematização de conceitos e estabelecimento de padrões, e a partir da experiência de cada um dos atores desse processo e da troca de informações entre todos, virão as respostas que nos faltam. Os condicionantes internos e externos que conduzem a adoção do princípio do DS Do ponto de vista dos condicionantes internos, os participantes da pesquisa são unânimes em apontar o principal líder da organização como o articulador deste princípio. O presidente do grupo Orsa é categórico ao afirmar que esta é uma questão pessoal, que vem da formação, da história de vida, dos sucessos e insucessos, do sofrimento, ou seja, da vida (WELSH e HERREMANS, 1998). O presidente da Shell foca a questão do engajamento do líder, como forma de pensar e agir, dialogando e ouvindo os grupos de interesses e avaliando como pode responder às expectativas e necessidades desses grupos. Ou seja, como implementar as estratégias voltadas ao stakeholders dialogues (SCHNEIDER, 2002). Este posicionamento do presidente da Shell é confirmado pelo presidente do CEBDS quando exemplifica que nesta empresa, na Shell, “se você não interiorizar a questão do DS, viver este princípio, você não tem chance de trabalhar lá nem como trainee. A porta não está aberta se você não tiver isso como valor fundamental do seu dia-a-dia. Então isso é o que a Shell aprendeu depois de muito tempo”. Acrescenta ainda que há várias empresas, como por exemplo, a ABB e a Usiminas que estão buscando este princípio, internamente, e a transformação é muito radical porque mudam as referências, mudam não só o caminho, mas aonde se pretende chegar. Outro ponto destacado pelos dois presidentes está em agregar o DS ao planejamento estratégico. Vinculá-lo na visão, na operação, no monitoramento e na avaliação. Esta seria a legitimação do compromisso com as três dimensões do DS, quais sejam, sociais e ambientais juntamente com a dimensão econômica. 11 Quanto aos condicionantes externos, Almeida (2002) menciona alguns pré-requisitos indispensáveis para o DS incorporar nas empresas. Pontua, a democracia e estabilidade política, a paz, o respeito à Lei e à propriedade, o respeito aos instrumentos de mercado, a ausência de corrupção, a transparência e previsibilidade de governos e a reversão do atual quadro de concentração de renda. O presidente da Usiminas aponta para a superação de desafios que não se concentram apenas na sustentabilidade e na rentabilidade, mas no processo de desfronteirização, nas retaliações à emergência dos novos competidores, nas pressões externas sem precedentes históricos e à gestão de pressões internas. Acrescenta ainda os altos investimentos requeridos para a produção com mínimo impacto ambiental e a geração sustentável de riqueza. A miséria é o condicionante externo eleito pelo presidente do grupo Orsa. Comenta que “tem que ter alguém sensível a essas questões... alguém extremamente sensível a ela”. Observa-se o entrevistado projetando suas próprias inquietações, e continua afirmando “e o incômodo de participar de uma sociedade que está cada vez mais concentrada a renda, e cada vez mais aumentando a distância”. O presidente do CEBDS compactua com esta posição, afirmando que a miséria é devastadora sob o enfoque ambiental, inaceitável sob o ângulo ético e social e limitadora do ponto de vista econômico, já que inibe o setor produtivo ao limitar renda, emprego e geração de impostos – “miséria só gera miséria, que polui, suja e degrada”. Resultados advindos da prática do desenvolvimento sustentável Nem todas as empresas compartilham a crença de que o DS faz muito sentido para o mundo dos negócios. Mas o presidente da Shell pergunta: “Então, por que faz para nós?” Em primeiro lugar, pesquisas feitas por organizações independentes mostram que funcionários, clientes, investidores e líderes de opinião cada vez mais esperam que as empresas considerem o impacto de suas ações sobre as pessoas e sobre o planeta. Assim, companhias como a Shell se mobilizam na busca de soluções para as expectativas da sociedade. “Nós acreditamos que isto é essencial para o futuro em longo prazo do negócio porque certamente afeta nossa ‘licença para operar’... e também há um grande estímulo para inovação... A abordagem do DS oferece aos indivíduos e às equipes a chance de testar sua criatividade, assumir responsabilidades e promover mudanças.” Como resultado? O presidente sustenta que há redução de custos, de riscos e maior retorno de capital, bem como estímulo à entrada em novos mercados, melhoria da reputação da corporação e da posição de mercado, aumento da fidelidade dos acionistas, do cliente e da marca, e diminuição da rotatividade dos funcionários. Como em todas as áreas da empresa, medir a sustentabilidade e levantar quais os resultados que ela proporcionou para informar o tomador de decisão, é essencial. Do ponto de vista mais prático, o presidente do grupo Orsa avalia como resultado advindo do DS de sua empresa, a geração e distribuição de renda e a capacitação: “eu vou ensinar a nadar e não apenas salvar de um afogamento”. No longo prazo, “contribuir” para a formulação de uma política pública. Sob este enfoque, o presidente da Shell diz que o DS faz muito sentido no mundo dos negócios. Por meio dele, as empresas têm como oferecer produtos e serviços que tragam maiores benefícios com o impacto ambiental reduzido. Isto, declara o presidente, pode incluir a revisão de todo o processo de como os produtos são manufaturados, distribuídos e utilizados. Sobre o papel dos empresários o presidente do grupo Orsa entende que eles devem assumir uma responsabilidade em fazer algo pelo país, declarando e, alertando: “Não é mole sobreviver, mas ele tem que ser participativo, ele tem que ir um pouquinho além para virar o jogo, senão, esse não é comigo, daqui a pouco vai ser comigo na marra. Então, esse não é comigo pode virar. Acorda...”. Segundo este presidente, o envolvimento com este princípio começa por convicção de querer fazer algo diferente para sociedade e passar por essa existência, deixar alguma coisa diferente, deixar valores, deixar uma serie de coisas. E quando 12 tudo começa, é possível encontrar outras ferramentas. [...] “uma das principais é a motivação das pessoas que estão ao seu redor. Elas se motivam, elas se encantam, elas começam a desenvolver coisas”. Afinal, quem é este líder para promover e implantar ações efetivas de DS? Se a implementação do princípio de DS recai, sobremaneira, no líder comprometido e defensor indelével desta causa, é de fundamental importância reconhecer alguns atributos deste profissional. Para o presidente do CEBDS, este líder não é de uma idade específica. Existem jovens e mais idosos. Tem elevado valor ético e moral. Dotado de profunda visão de futuro, “tem que ser um estadista privado, aquele que tem a visão muito clara de como é que será o mundo daqui a algum tempo e qual será o papel deles nisso”. São pessoas que “estão dispostas, de uma forma ou de outra, a sacrificar parte do que é chamado do seu lucro liquido em beneficio do lucro social”. Demonstra abertura ao diálogo, à crítica. Além disso, “passam por um conceito filosófico, [..] pessoas que acreditam nisso. Pessoas que, mais do que tudo, perceberam o “senso de urgência”. Algumas de suas reflexões: “deixar um legado: Mas qual legado eu vou deixar? Vai ser apenas o crescimento da minha empresa, ter gerado um pouquinho mais de emprego, impostos e aumentando o valor das ações? É só isso o legado? Enfim, são movimentados por um incômodo interno. Estas características encontram eco no próprio conceito de DS como sendo “aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. O presidente do grupo Orsa enfatiza que é preciso “ter a visão de DS, mas falta o gestor, falta o homem de visão, o empreendedor. Esse é um dos maiores problemas para se fazer o DS”. Ele tem que ser um visionário; enxergar as oportunidades; tem que ser um presidente de uma empresa em miniatura; ter responsabilidade com metas, prazos, atendimento, ser criativo. Mas, falta este tipo de gestor”. Já o vice-presidente da Braskem é enfático ao dizer que a característica fundamental deste líder é a sua capacidade empreendedora. “Ele é empreendedor por excelência”. Pontua que tem que saber contar com pessoas; exige coragem, capacidade analítica muito forte, exige uma compreensão do universo em que está envolvido. Diz que antes de ser o líder ele é educador. Faz parte do papel dele formar novas gerações. Argumenta que “eu até prefiro investir mais em alguém que tenha o valor, mas não tem o resultado num patamar desejado, do que um cara que tem um resultado superior ao desejado, mas destrói o valor, então há uma escolha e essa escolha exige que todo tempo esteja falando sobre ela, discutindo esse negócio, dialogando sobre o que é importante em uma organização e como fazer as coisas”. A partir deste perfil, o grande desafio que se coloca é: de onde vem este líder corporativo de sustentabilidade? Estarão as organizações preocupadas em desenvolvê-los? Estariam as universidades preparando jovens para assumir uma liderança do futuro? Poucas respostas ainda se configuram como um caminho a ser seguido. É um longo aprendizado. Entretanto, o presidente do grupo Orsa acredita que esse aprendizado começa pela universidade. “Mandar os jovens para lá (Amazonas) como parte da formação deles. Fazer uma tese sobre DS. Alguns vão conviver, se encantar e vão ficar. E aí você vai retendo os talentos para desenvolver a região”. Neste ponto observou-se um idealismo do presidente e uma forte crença de que os empresários têm um papel a assumir para desenvolver o Brasil. Conclui, “este gestor, portanto, tem também que se desenvolver na prática”. O conceito de desenvolvimento sustentável sob a ótica das empresas que declaram em seus princípios de negócio Embora ainda tenha uma longa jornada pela frente, o conceito de DS vem se firmando no mundo empresarial a passos lentos. Associados a este tripé encontram-se as ações 13 humanas, empresariais, da sociedade civil e do governo sob o pretexto de proteger o planeta e melhorar as condições de vida das pessoas. O presidente do grupo Orsa é imperativo ao afirmar que o DS é uma nova maneira de fazer negócios. Entende que o DS se dá complementado com responsabilidade social e que se aplica para novos negócios em que ainda não há uma estrutura estabelecida de padrão de negócio. A Shell, pela declaração de seu presidente afirma que o DS significa trabalhar dentro dos limites econômicos regulatórios estabelecidos pelos governos para fornecer os produtos e serviços que as pessoas querem e necessitam de forma que provoquem um impacto positivo nas comunidades e sociedades, sem um impacto negativo em longo prazo nos sistemas ecológicos do planeta. Para o presidente da Usiminas, a sustentabilidade corporativa é a resposta a esse conjunto insólito de desafios desdobrados nas três dimensões. Por outro lado, o vicepresidente da Braskem diz que ações da empresa para manter-se, sobreviver e perpetuar, crescem e desenvolvem pelas pessoas e com as pessoas, e não apenas pela sua direção, pelo seu mundo ou pelo seu produto.É uma ação integrada na estratégia da empresa que permite que ela tenha uma contínua expansão de renovação. Já o presidente do CEBDS pontua o DS como sendo um processo longo, que visa o equilíbrio, igualdade, consideração simultânea e equânime entre as três dimensões que formam o tripé da sustentabilidade. Continua sua fala dizendo que essas idéias em si não carecem de absoluta novidade. O que aparece diferente é o fato de essas dimensões não serem consideradas independentes, mas alvo de preocupação simultânea e integrada. Acredita que a palavra sustentabilidade é ainda obscura não apenas para as empresas, mas também para a população. Assim, procurando clarear este conceito tem usado “sobrevivência”, acreditando que esta palavra é mais acessível para as pessoas começarem a entender este conceito ainda em construção. Depreende-se então que o DS, sob a ótica dos entrevistados, não é um fim em si mesmo, mas um meio para a sobrevivência do próprio negócio a longo prazo. É uma nova forma de fazer negócios estabelecida a partir da resposta à um conjunto de desafios enfrentados pelas empresas para promover esta sobrevivência, gerando um impacto positivo no ambiente e nas comunidades que a circundam. É um processo longo, resultante da estratégia organizacional, que visa o desenvolvimento de ações equilibradas em torno do tripé ambiente, sociedade e economia. Conclusão O esforço analítico empreendido nessa pesquisa evidencia que o exercício da liderança organizacional, a partir de uma abordagem do DS, deve ser baseado no modelo de stakeholder, em que os líderes necessitam desempenhar papéis de “transposição de fronteiras (boundary-spanning role) ao lidar com stakeholders internos e externos e sem assumpção de poder hierárquico. Isto porque a visão de sustentabilidade requer uma nova ordem mundial, associada a uma profunda mudança de atitude no interior de cada nação, de cada instituição, de cada indivíduo. Isto significa também, à luz do pensamento dos entrevistados, uma profunda mudança de atitude empresarial, até porque vivemos num mundo em que várias empresas são mais ricas e mais poderosas do que muitos estados soberanos. Almeida (2002) pontua que à primeira vista, o reconhecimento de tal poder e riqueza nas mãos das corporações, contradiz a nova realidade do mundo tripolar, em que o poder é equilibrado entre empresas, governo e sociedade civil organizada, e a área de ação desses três elementos se dá nas dimensões econômica, ambiental e social. As contradições aparentes são uma característica do mundo contemporâneo e a sobrevivência será o prêmio para quem melhor souber lidar com elas. Esta pesquisa procurou compreender, em profundidade, o conceito de DS sob a ótica da principal liderança de empresas que declaram esta abordagem em seus negócios. Ficou 14 muito clara a importância do líder neste processo e obteve-se um consenso dos participantes da pesquisa, e dos textos analisados, que a peça fundamental desta abordagem no seio da organização é o seu principal líder. Ele deve ser capaz de articular todos os níveis da empresa no sentido de, não apenas sensibilizar seus integrantes, mas, sobretudo, viabilizar as ações. Sobre ele recai grande parte da responsabilidade por viabilizar e incorporar o conceito de DS na missão, nos valores, na cultura, na política e nas práticas da empresa. De acordo com o presidente do CEBDS, o líder, normalmente o CEO, desempenha papel central neste processo, ao colocar as questões de DS na agenda estratégica dos negócios. Ele sinaliza de forma clara aos acionistas, empregados e outros grupos de interesse sua compreensão e compromisso para com o tripé da sustentabilidade. Também transmite os novos valores e a cultura organizacional desejada. Assim, se o olhar do líder não focar estes princípios e, de forma direta seus stakeholders, a implementação desta proposta fica apenas no discurso. E conclui-se que o DS não é um discurso quando a empresa: é dirigida por um líder comprometido com a questão do DS, ou seja, é um defensor indelével desta causa (presidente do CEBDS); é dirigida por um líder motivado em prosperar por meio do DS (presidente da Usiminas); é dirigida por um líder que faz um apelo a todos os colaboradores para aplicar o foco do DS na forma com que trabalham diariamente (presidente da Shell) e não é um discurso quando a empresa tem um presidente convicto de que se trata de uma nova maneira de fazer negócio e que este é o caminho no qual uma empresa possa prosperar... não apenas para dar lucro mas como uma forma de colaborar com a sociedade (presidente do grupo Orsa) Encontrar empresas que desenvolvem seus negócios sob a ótica do DS não é tão comum, mas já se observa um crescimento e uma preocupação neste enfoque. Não obstante, se focar o sentido estrito da sustentabilidade, é preciso considerá-la como o fio condutor do negócio da organização, diferentemente do que se observa de modo mais efetivo na atualidade: o desenvolvimento econômico, as práticas sociais e/ou a preocupação com a preservação ambiental. E para isso, é esperado um líder com comportamento de estadista privado e, que a sociedade civil não deposite toda a responsabilidade no governo pelos desajustes ambientais e sociais, pois, caso contrário, viverá uma realidade insustentável. Portanto, o DS sob a ótica de um conceito mais amplo, visa a melhoria da sociedade e do país; de um conceito mais estreito, esta melhoria fica mais focada na sociedade e no ambiente. Este estudo é restrito às empresas pesquisadas, requerendo ampliação desta pesquisa dada à relevância organizacional, empresarial, social, ambiental e acadêmica. Referências Bibliográficas ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. BANSAL, P. 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