ANAIS
A MICROECONOMIA DA FIRMA COMO FIO CONDUTOR DA ENGENHARIA
DE PRODUÇÃO LUCRATIVA: UM ESTUDO DE CASO
MÁRCIO LAÊNIO MANOEL JÚNIOR ( [email protected] )
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
CHARLES VON GILSA ( [email protected] )
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
DIETER BRACKMANN GOLDMEYER ( [email protected] )
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi verificar a possibilidade de desenvolvimento de um
modelo de análise e gestão da Firma sob a ótica da Microeconomia da Firma e da Engenharia
de Produção Lucrativa, em uma Unidade Estratégica de Negócio – UEN, de uma empresa do
ramo Químico. A partir da análise teórica, utilizou-se uma abordagem chamada de
Microeconomia da Firma para indicar o modelo de produção adequado à realidade da UEN.
Como resultado, o conceito desenvolvido pelo artigo sobre Microeconomia da Firma
possibilitou uma análise mais sistêmica da UEN, remetendo à uma ótica de análise abrangente
que norteia possíveis avenidas e limitantes na construção de um modelo de gestão do negócio
e da produção, que por sua vez é ponto alavancador de resultados econômico-financeiros da
Firma. Foram propostas e verificadas 4 proposições, das quais 3 se mostraram parcialmente
existentes e 1 totalmente. Por fim, foram sugeridos trabalhos futuros.
Palavras-Chave: Microeconomia da Firma; Modelo de Gestão e Produção, Unidades
Estratégicas de Negócio – UEN, Produção Enxuta.
1. INTRODUÇÃO
A indústria química, que engloba, por exemplo, produtos farmacêuticos,
petroquímicos, polímeros e tintas e adesivos, e que tem origem na antiguidade, sempre teve
papel fundamental na economia. Na região do Vale dos Sinos o setor esteve
predominantemente ligado ao setor coureiro calçadista, no entanto, tal indústria teve seu
padrão de competitividade estagnado por um longo período de tempo. Esta estagnação foi
consequência da combinação de alguns fatores dentre os quais se destacam o alto nível de
protecionismo, decorrente de elevados subsídios diretos e indiretos e questões de câmbio,
como o baixo preço do dólar americano.
A partir desse contexto, observa-se que atualmente empresas que derivaram ou
surgiram deste mesmo cluster necessitam de um novo olhar sobre a gestão e, em especial, as
questões que tangem o campo da produção. Diversas empresas desse segmento começaram a
utilizar as técnicas e ferramentas da produção enxuta, conforme ficou observado no trabalho
de Nunes e Manoel Jr. (2010). Porém, o foco da mudança no gerenciamento do negócio não
abrange somente soluções isoladas, necessitando avançar o debate frente à construção de um
modelo que sirva de ponto de alavancagem ao sistema de negócio como um todo. É a partir da
construção de um modelo de produção baseado em questões internas a empresa, mas
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considerando o ambiente e contexto externo, que se acredita atingir essa alavancagem. Sendo
assim, focam-se as questões de impacto em todo o sistema de negócio conectando a
construção de modelos e sistemas de produção atrelados a uma visão microeconômica da
firma, que seja o fio condutor da lucratividade todo o sistema de negócio.
Com base nessas questões, se justifica o desenvolvimento deste trabalho, que tem
como objetivo investigar, a partir do fio condutor da Microeconomia da Firma, a lógica de
construção de um sistema e modelo produtivo que se mostre mais adequado ao contexto da
empresa pertencente a indústria química em estudo e alavanque o negócio.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A MICROECONOMIA DA FIRMA
Entende-se que é a partir da identificação das dimensões competitivas requeridas pelo
mercado, que se deve iniciar o desenvolvimento de uma estratégia de lucratividade para o
negócio.
O desenvolvimento de uma estratégia de lucratividade é imprescindível para a
construção de Sistemas de Negócios que objetivem resultados econômico-financeiros sólidos
e sustentados ao longo do tempo. Porém, observa-se que o desenvolvimento dos sistemas de
produção no âmbito da construção do negócio como um todo, não contemplam via de regra
como deveriam, a conexão sinérgica entre dois níveis de análise: i) as variáveis pertencentes
ao ambiente externo à empresa; e ii) a lógica economia e estratégica existente em nível
interno da empresa mas interligada e dependente do ambiente externo, o que chamamos de
Microeconomia da Firma.
i) O primeiro nível aborda o ambiente externo à empresa, compreendendo as
variáveis que influenciam nos custos referentes aos fatores de produção, como por
exemplo, variáveis econômicas, mão-de-obra, e as tecnologias disponíveis para o
ambiente. Isso se torna essencial para a concepção e o processo de construção do
Sistema de Produção;
ii) O segundo nível contempla a inexistência de um fio condutor econômico de nível
interno à empresa no desenvolvimento de soluções geradoras de lucro, que se
iniciam no entendimento e estruturação da estratégia do negócio e se desdobram
através da estratégia de produção e do desenvolvimento de um sistema de produção
alinhado com as áreas do negócio (marketing, custos, vendas, RH, etc.). Essa
microeconomia se bem entendida e desenvolvida, atua como elemento catalisador
para a alavancagem do sistema como um todo.
O que chamamos de Microeconomia da Firma, pode ser analisado como sendo a busca
de uma análise de lucratividade interna da empresa, mas atrelada aos aspectos externos do
mercado. Esses aspectos externos, identificados como fatores de produção, se bem
compreendidos tornam-se a o fio condutor para a criação de um Sistema de Produção
lucrativo e competitivo, que por sua vez terá capacidade de suportar a estratégia da Empresa
focando a alavancagem de resultados econômico-financeiros para o negócio como um todo.
Esta visão micro-econômica busca relatar a origem de desenvolvimento dos sistemas
de produção na abordagem da engenharia de produção oriunda de Taiichi Ohno. Para Ohno
(1997), os esforços em prol de soluções geradoras de lucro, no campo da ciência da
engenharia de produção, devem necessariamente, resultar em redução de custos e aumento de
lucros, pois do contrário não têm sentido algum.
O entendimento do âmbito de análise da Microeconomia da Firma e sua relação com o
ambiente externo e interno pode ser compreendido a partir da Figura 1, que apresenta o
tradicional fluxo de entrada, transformação e saída. O eixo de pelo qual pode ser entendido e
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gerido o negócio compreende três grandes focos de análise: i) Gestão de Materiais:
abordando toda a relação da empresa com os fornecedores, no que compete a entrada de
insumos a partir de uma prospecção, negociação e gestão das matérias-primas para o negócio;
ii) A gestão do negócio, tendo como foco a Microeconomia da Firma: contemplando a
conexão com os fornecedores, passando pelos processos da agregação de valor na
transformação das matérias-primas em produtos acabados. Isso com a sinergia entre todas as
áreas, tendo como ponto de alavancagem o desenvolvimento de um sistema de produção
capaz de aumentar o resultado econômico-financeiro e prover uma vantagem competitiva ao
negócio; iii) Gestão de vendas: que compreende toda a relação com o mercado e direciona,
através de uma gestão de vendas que contempla segmentação, identificação do público-alvo,
questões de portfólio, entre outros, a venda dos produtos aos clientes.
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