DIÁRIO DO GRANDE ABC
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DIARINHO
Ainda é possível ser
MUITO FELIZ
S
ofrer abuso sexual é
uma experiência que pode deixar traumas. Porém, com a ajuda de psicólogos
e profissionais especializados
e, principalmente, o apoio de
pessoas que a amam de verdade, a vítima consegue retomar
a vida e ser muito feliz. Maura
de Oliveira, 40 anos, tinha tudo para ser uma mulher traumatizada, mas conseguiu dar a
volta por cima, sozinha.
Ela era menina de rua que,
com 6 anos, foi adotada por
uma família, cujo homem da casa abusava dela. “Era um senhor que me mandava sentar
no colo dele e ficava se esfregando em mim”, conta. Depois, o genro de seu pai adotivo
passou a abusar da menina
também. “Só fiquei porque tinha medo que me tirassem da
escola”, conta.
Aos 16 anos, Maura procurou a Justiça e conseguiu sua li-
berdade. Fez faculdade de História e hoje dá palestras sobre
sua vida. “A partir de qualquer
idade, a criança já tem de ter noção do assunto e deve saber cuidar do próprio corpo. Ela entende bem o que eu falo, mais do
que o adulto pode imaginar.”
Também fundou a ONG Life, que cuida de jovens carentes do Rio de Janeiro. “Uma
criança violentada perde os sonhos, não acredita em mais nada. Mas não precisa ser assim.
Todo mundo pode ser feliz.”
A história de Maura está no
livro A Menina de Ontem, que
está sendo adaptada para o público infantil por seus filhos Gabriel, 11, e Lucas, 15, com o título Menininha de Ontem. O
texto é em forma de versinhos.
“Minha mãe teve uma vida
bem difícil, mas foi uma guerreira. Ela poderia ter escolhido
o lado ruim, mas conseguiu se
superar”, fala Gabriel. MM
Arquivo pessoal
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DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2009
Maura, o marido Robson, e os filhos Gabriel e Lucas garantem que o diálogo em família é importante para evitar abusos
NUNCA DEIXE DE DENUNCIAR
▼ É preciso denunciar para que o
abuso sexual acabe. “Está na lei.
Em qualquer suspeita de violência,
o adulto é obrigado a comunicá-la
ao Conselho Tutelar”, explica Vania Raminelli, coordenadora da Resavas. Nos últimos anos, as pessoas estão denunciando mais. “É
importante ouvir a criança. O que a
deixa mais triste é ninguém acreditar nela. Se isso acontecer, ela
nunca vai contar mais nada a ninguém”, alerta Maria Rosângela da
Silva, assistente social do Crami.
▼ A recomendação é procurar o
Conselho Tutelar ou ligar para 1O0.
Não precisa se identificar. Anote os
telefones dos conselhos:
Santo André: 4990-4358,
4994-0252 e 4971-6412
São Bernardo: 4126-4300
São Caetano: 4221-1130
Diadema: 4059-0569 e
4053-8005
Mauá: 4546-1444 e
4513-7555
Ribeirão Pires: 4828-6822
R. Grande da Serra: 4820-1973
Divulgação
É preciso ficar atento
▼ Apesar do cuidado que Maura
sempre teve, Gabriel já sofreu
três tentativas de abuso. A primeira aconteceu quando ele tinha 4 anos e o irmão, 8. A babá
mexeu no órgão sexual do menino e o irmão contou à mãe, que
pegou a mulher no flagra.
Da outra vez, aos 7 anos, Gabriel começou a bater-papo
com um ‘amiguinho’ na internet que, depois de conquistar
sua confiança, disse que ia mostrar um presente, pediu para ligar a webcam e ficou nu. O menino avisou a mãe, mas o agressor nunca foi encontrado. “Na
hora fiquei com medo, mas minha mãe já tinha me explicado
o que era pedofilia e que tinha
de ficar esperto. Nunca mais
adicionei quem não conhecia
pessoalmente e falo para meus
amigos fazerem isso também.
É perigoso.”
No ano passado, Gabriel foi
convidado a entrar no banheiro do colégio, por um rapaz
que dizia ter uma “surpresinha
para mostrar”. O menino gritou e saiu correndo. “Não pode
ter medo de denunciar, de contar o que está acontecendo. Os
pais precisam conversar com
os filhos sobre tudo. Foi por isso que consegui me defender.”
Quem quer saber mais sobre
a história de Maura ou tirar dúvidas com ela pode acessar o site www.mauradeoliveira.
com.br ou enviar e-mail para
[email protected]. ▲
MM
▼ Confira outros serviços que também podem ser procurados:
Crami: 4123-1751, 4051-1234
e 4992-1234
Recad (Diadema): 4053-8001 e
4053-8003
Centro Integrado de Apoio e
Defesa à Infância e Juventude:
4124-7718 e 4330-4374
Conselho dos Direitos da
Criança e do Adolescente:
4332-9111 e 4121-5471
Resavas (Santo André):
4427-6110
Não é fácil!
A nadadora Joanna Maranhão, 21 anos, foi molestada
pelo técnico quando tinha 9.
Na época, contou para a mãe,
que não acreditou. Hoje, a mãe
se arrepende de não ter feito
nada. O caso se tornou público
só 12 anos depois, em 2008,
quando a atleta contou que isso afetou toda a sua vida.
Procurada pelo Diarinho,
Joanna não aceitou falar sobre
o fato, por estar sendo processada pelo treinador por difamação (mentira). Mesmo assim, é
importante denunciar. “O
agressor tem de sofrer as consequências pelo que fez”, diz Ricardo Cabezon, presidente da
Comissão de Direitos da Criança da OAB.
MM
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Joanna foi vítima do seu treinador de natação
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Ainda é possível ser feliz