5ftu C P v ' 01 JUN 199S S«tof *• Documenlaçio Número 7 • Ano 2 • mar/abr 95 Paz e Amor Eu tinha uma nwnorada que vivia me É isso aí, moçada! O Boletim Transa Legal entra em seu segundo ano de vida. E vem cheio de entusiasmo e de propostas para tornar 95 um grande ano. De preferência, o melhor de nossas vidas. Já que não adianta ficar escondendo as coisas nem fingir de morto, vamos começar falando de um assunto pesadão: violência. Ouvimos falar desse tema o tempo todo, não é? É durante o telejornal, nas novelas, nos desenhos animados, nas revistas, no medo que os pais têm que aconteça algo com os filhos, na nossa própria vida e na de nossos amigos e amigas. A nossa proposta é que a gente entenda melhor outras faces da violência: a violência no relacionamento amoroso e a violência sexual. Acreditamos que ninguém quer passar pelas experiências relatadas neste boletim, e que a melhor forma de evitar isso é discutir sem medo e saber como se defender. É ou não é ?! P^ndoparabaixo.Eladiziaqueeuera brega, que nâo sabia de nada. que "unhas roupas eram ridículas, 2 ficava comtgo por pena e que se m lal mudasse me abandonaria. Opioréaue Z 80St™ **»/*» ***** e ficava o ^PotodotentmdoserdojeitíZefa 2e™*éfe,umdia,elamecZmZ\ ^unonafrentedosmeus-amigps.Dal 'ao "guentei mais, era muita ^f^o e tenninei onJZro Confesso que fiquei muito deprimido e Um dia eu estava andando numa ma Movimentada e, de ^%^^\ passou a mão em num. Fiquei super \ brava, ffitei com ele e escutei o seffunte: 'Mulerque sai na rua de perna de fora | está pedindo para ser estupradar Ana, 17 anos. Resi^T* rrOCUrá -1*Kesnti e hoje ^ tenho^uma outra q eu sou. E eu dela. %^^;^ c o* Rubinho, 16 anos: ^c asa ^ Vt «*> '"^ So 0 1 '4*S ■% A, ^'u*!**^ '^ k Quandoeuestavana "* to **<* *c 'tj, Zfl Vséncpreáseide Osé l<f «*Os. minha bocaepos a mão"°™JNão Um grande beijo. Sil \r £u èstudt ava n Pmtou um uma e boah que scola com ^^ minha has Zlas particulares porque * sabia tudo. u n ' dia na '*°%ZTtral <** enni ^igass.ll nou Se afastaram t "taiot ^redltouen, duna. **** m"í Quim, 18 anos. 0 ** l ">i. tr *, 15 anos. ^^? &nteyÇos, 9 *e^' °S/ <*c/ ^c l t diz ,0s t "o, * ^é Vtoô. ***??** ^W 4etiê 18 ^Oí. jr^ Leia o texto abaixo e depois procure" ^. as palavras destacadas no diagrama. VIOLÊNCIA Quando falamos em violência, geralmente pensamos em pessoas malvadas, que agridem, roubam e matam. Entretanto, se prestarmos bem atenção, veremos que existem outras formas de violência e que elas estão presentes o tempo todo nas relações entre a& PESSOAS. Alguns exemplos: • quando um pai ou uma mãe BATE num filho ou filha; • quando uma pessoa se UTILIZA da outra - através da AUTORIDADE, d&AMEAÇA, da diferença de idade - para obter prazer sexual; • quando uma pessoa trata a outra como COISA, IMPEDINDO que a vontade, o desejo e a atividade do outro seja concretizada; • quando as diferenças entre as pessoas se transformam em 'J< M DESIGUALDADE, ou seja, quando características como sexo cor, etnia e idade definem a superioridade de um sobre o outro. Nada justifica que uma pessoa maltrate ou ameace outra. Por isso o primeiro passo para acabar com a violência é sair fora assim que percebermos que a relação que estamos vivendo é ruim ou desigual. Agora, nem sempre essa atitude basta. Muitas vezes é necessário DENUNCIAR a violência para que ela deixe de acontecer. É importante conhecermos os crimes previstos em lei, os nossos direitos enquanto cidadãos e cidadãs e onde procurarmos ajuda. E lembrem-se, a pessoa que sofre uma violência é sempre uma vítima e nunca a culpada, como muita gente diz por aí. â L 0 K I J U P E S B N H B G V F V L s o s O A S F R D E S W A Q D L V I 0 L Ê N c I A A M F E A Ç A D K I C J E I D J E I S K T L O D K s J P J L K V N M R L O S K A C E U A U T M T L K D o s R I D A D E P L O K J I M D S S D E S I G U A L D A D E P P K I L S 0 K E I C J S H E I F J S A H D I K L D S L D O S C O I S A L K E J S N S M D I A M E A Ç A L O s K E J S C V H S K P V Z D S L C o S A J D H S U J D s D J S E A A S L D K J S I D F H S D F H L 0 S K A J X u s J D H D S H W J A G H D J A H I I S K A I S J A H S D J A H S D J A H S J N S K L I s z S D U I W K A H S J D H A J D D D L S K D E N u N C I A R L S 0 K D J 0 Você sabia que... • toda criança e todo adolescente têm direitos e deveres assegurados por lei? • em 1990 foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente assegurando que nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou agressão, dentro ou fora da família? • todos os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes têm o dever de comunicar aos Conselhos Tutelares situações de maus tratos físicos, psicológicos ou sexuais? • o aumento da criminalidade contra a mulher e a ação de denúncia dos grupos feministas levou os governos, em alguns estados e municípios, a criar Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher? • de cada dez vítimas de abuso sexual, sete tem menos de 18 anos? • que o fato de uma mulher usar roupas curtas ou decotadas não dá direito a nenhum homem de violentá-la? • é preconceito achar que a violência sexual é predominante nas camadas mais pobres? E que a incidência de abusos sexuais é igual em qualquer classe social? Para letras iguais, números iguais. No Diagrama 2, procure preencher o quadro de acordo com o número de letras e com a palavra correspondente à definição. Quando não souber, coloque nos espaços as letras já descobertas correspondentes aos números indicados. Ao final, você ficará sabendo de alguns dos mais freqüentes crimes contra as mulheres definidos pela Lei. 1. Se alguém, por palavras, gestos ou por escrito amedrontou você, prometendo fazer um mal injusto e grave ,você foi vítima de um crime de,.. 2. Se alguém a obrigou a ter contato íntimo contra a sua vontade, sem ter Diagrama 2 <• 3. Se alguém a acusou de um crime que você não cometeu, você foi vítima de... 4. Se alguém destruiu ou ocultou, em benefício próprio ou de outrém, documento público ou particular, prejudicando-a, você foi vítima de um crime de... 5. Se alguém falou contra a sua honra, na presença de uma ou mais pessoas, você foi vítima de um crime de... 6. Se alguém a obrigou a ter relações sexuais com penetração vaginal contra a sua vontade, você foi vítima de crime de... 7. Se alguém a induziu ou instigou a suicidar-se ou prontificou-se a auxiliá-la para que o fizesse, você foi vítima de um crime de... 8. Se alguém a ofendeu, mesmo que não seja na frente de outras pessoas, você foi vítima de crime de... 9. Se alguém lhe deu socos, bofetões e pontapés, ou bateu usando objetos que a machucaram ou prejudicaram a sua saúde, você foi vítima de um crime de... 10. Se alguém a ofendeu ou a impediu de entrar em qualquer edifício ou estabelecimento público ou privado, em função de sua raça ou origem étnica, você foi vítima de um crime de... 11. Se alguém matou alguém, cometeu um crime de... J2__ 5 10 4 5 24 5 5 17 4 9 17 5 7 14 9 3 5 3. 4. tido penetração vaginal, você foi vítima de um crime de... V 21 14 _T 17 2 6 2 P 13 12 Ú 1 D 6 4 11 17 12 1 3 24 5 3 F 16 5 10 5 24 5 2 2 5. 6 6. 4 11 3 9 8. 17 1 13 R 12 24 5 2 3 2 6 4 9 18 1 12 14 4 11 5 2 373632 4 12 13 12 12 5 7 3 11 10 2 2 10 3 7 3 6 3 ~ 9. _L 10. M 11. JH 19 Fonte: Violência contra a Mulher Conselho Estadual da Condição Feminina 10 111 5 7 1 52 J 3 7 2 5 14 4 9 17 2 11 Respostas Diagrama 1 Eu tinha 12 anos quando aconteceu a coisa mais horrível da minha vida: fui estuprada pelo meu padrasto. Como acontecia de vez em quando, ele foi me apanhar na escola e me pagou um picolé . Em casa, ele me disse que minha mãe ia fazer hora extra e que ia brincar de casinha comigo. Fiquei contente e corri para pegar a minha Barbie. Num dado momento, ele me jogou no chão, arrancou a minha roupa e aconteceu... Depois que terminou ele disse que, se eu falasse para a minha mãe, me matava. Fiquei com medo e me calei. Minha mãe percebeu que alguma coisa não ia bem comigo, mas eu não tinha coragem de falar nada para ela. Eu me sentia muito mal, como se a culpa fosse minha. Mas a coisa não ficou por aí. Comecei a me sentir meio esquisita . Minha mãe me levou numa médica e foi constatado que eu estava grávida. Minha mãe chorava muito e queria saber quem era pai da criança. Eu não tinha coragem de dizer para ela, abaixei a cabeça e chorei baixinho. A médica se aproximou de mim, me levou para outra sala , disse palavras carinhosas e que eu podia confiar nela. Aí eu contei tudo. Então a médica pediu para eu esperar um pouco e foi falar com minha mãe. Não sei o que elas conversaram. Só sei que quando saimos de lá minha mãe me disse que tudo ia acabar bem. Fomos em uma Delegacia da Mulher e denunciamos o meu padastro. Ficamos sabendo» que por lei, a mulher que fica grávida num estupro pode fazer um aborto. Fiz o aborto, minha mãe se separou mas, ainda hoje, tenho sonhos ruins sobre o que me aconteceu e um medo terrível de que aconteça de novo. E., 17 anos. LOKIJUPESSOASFRDESWAQ BNHBGVFVLODLVIOLÊNCIA AMJEAÇADKSICJEIDJEISK TLODKSJPJLKVNMRLOSKAC EUAUTORIDADEPLOKJIMDS MTLKDSSDESIGUALDADEPP HILSOKEICJSHEIFJSAHDI KLDSLDOSCOISALKEJSNSM DIAMEAÇALOSKEJSCVHSKP VZDSLCOSAJDHSUJDSDJSE AASLDKJSIDFHSDFHSJDHD LOSKAJXUSHWJAGHDJAHII SKAISJAHSDJAHSDJAHSJN SKLIZSDUIWKAHSJDHAJDD SDLSKDENUNCIARLSOKDJO Diagrama 2 1. Ameaça 2. Atentado Violento ao Pudor 3. Calúnia 4. Destruição de Documentos 5. Difamação 6. Estupro 7. Indução ao Suicídio 8. Injúria 9. Lesão Corporal 10. Racismo 11. Homicídio Onde Procurar Ajuda Conselho Estadual da Condição Feminina - SP 011-284%99 Clínicas Assessoría Especial das Delegacias de Polícia 011-230 3572 Cearas - Faculdade de Medicina USP de Defesa da Mulher Caism - UNICAMP Disque Adolescente 011-282 2811 ramal 4218 011-8539677 0192-398256 011-852 8133 Centro de Referência da Sáude da Mulher Hospital Pérola Byington Hospital do Jabaquara 011-5490335 Hospitais que têm o serviço de Aborto Legal 011-6060389 011-578 8809 Apoio médico e psicológico Outros serviços Casa Eliane de Grammont COJE - Centro de Orientação Jurídica e Encaminhamento à Mulher S.O.S. Criança Ginecologia da Adolescência - Hospital das CO/ ECOS é uma organização não governamental, apoiada pela Fundação MacArthur, que realiza estudos, desenvolve recursos humanos e produz material impresso e audiovisual nos assuntos relacionados à Sexualidade, Reprodução Humana e Relações de Gênero. Equipe Responsável Cecília Simonetti Margareth Arilha Osmar Leite Silvani Arruda Sylvia Cavasin Vera Simonetti Composição Nelson Francisco Brandão Boletim Transa Legal Coordenação Silvani Arruda OFFICINA IND. GRÁFICA Diagramação e Ilustração Racy Logotipo Marcus Tadeu Ribeiro/ Três Laranjas Comunicação Impressão Pedidos pelo Reembolso Postal 011-239 0200 011-278 4264 1407 CO/ Rua dos Tupinambás, 239 04104-080 - São Paulo - SP Tel: (011)5727359 Fax: (011) 5738340 As informações deste boletim podem ser reproduzidas total ou parcialmente. Pede-se, contudo, a citação da fonte.