Golpe do bilhete - mais "up" que nunca Dr. Rogério Antonio Lopes Enganar as pessoas para ganhar dinheiro delas é crime, o artigo 171 do Código Penal Brasileiro prevê essa conduta, que provavelmente é uma da mais praticadas no mundo. O nome técnico é estelionato, uma “homenagem” ao lagarto de nome Stellio que muda de cor para enganar os insetos dos quais se alimenta. No Brasil, assim como nos demais países, abundam estelionatários de todas as matizes e espécies, desde aqueles mais medíocres que aplicam o golpe do troco, até os mais sofisticados, que montam verdadeiras empresas para pegarem as vítimas mais “graúdas”, estamos falando de golpes que vão desde dois ou cinco reais até milhões de dólares. Os golpes promovidos pelos estelionatários se assentam em duas premissas básicas: 1. a capacidade “artística” do meliante e 2. a “torpeza ingênua” da potencial vítima. Não é exagero dizer que o trabalho de alguns desses estelionatários tem um quê de arte, engendram verdadeiros teatros e através de suas atuações envolvem a vítima – algumas vezes várias vítimas – e tiram delas altos valores, carros, terras, enfim, a apetência desse povo não tem limites. Casos há em que a vítima dá todo seu dinheiro, quando este acaba empresta de parentes (sempre omite a verdade ao fazer a solicitação), faz empréstimos no banco, vende bens e em casos mais extremos, chega até a colocar em risco a vida de terceiros. A literatura nos mostra casos absolutamente “incríveis” como por exemplo o do empresário que comprou uma máquina de fazer dinheiro. A torpeza ingênua se fulcra em uma vontade quase que incontida da vítima, em acreditar naquilo que ela sabe não ser crível, ou seja, no fundo, toda vítima desconfia que algo não está certo mas aceita o risco, (...vai que...) é exatamente nessa zona nebulosa, que o estelionatário encontra o sucesso de sua empreitada. Confiar nas pessoas é uma tendência natural, e humana, porém, a vida nos mostra que essa inclinação merece algumas ponderações, confiança de fato é algo que se dá gratuitamente, isso não significa dizer que dispense critérios. Particularmente no Brasil o estelionatário já foi encarado como sendo o mais romântico dos bandidos, desde as décadas de 1950, filmes populares como os de Mazzaropi e outros, os retrataram como sujeitos espertos e “inteligentes”, todos achavam graça no golpe do bilhete e queriam ser o falso mendigo que na verdade morava em uma mansão, a cultura aborígine praticamente convalidava o perfil. Talvez o romantismo ainda persista, há pouco tempo o estelionatário que se passava pelo filho do dono da gol teve sua história relatada em filme, Amauri Junior foi vítima das suas peraltices, Jô Soares também foi vítima de um estelionatário que compareceu em seu programa duas vezes em menos de dois meses, o sujeito se dizia ser o : “homem mais inteligente do mundo”, afirmou ainda que transformava chumbo em ouro - foi aplaudido - , e o mais inacreditável, todos pareceram acreditar nele, uma expectadora que ousou arrostar o infeliz foi prontamente repelida pelo Jô. A receita para evitar ser vítima de qualquer tipo de estelionato, do golpe do troco até comprar a fazenda que não existe é simples, e vem de Minas: “quando a esmola é demais, até o santo desconfia”, só isso. Agora, policial que ri do cidadão quando esta notícia que foi vítima desse tipo de fato, não merece estar na instituição, não tem noção da importância da sua atividade e não sabe o significado da palavra respeito, é algo triste, lamentável e imperdoável.