ESTILOS DE LIDERANÇA E INFLUÊNCIA EXERCIDA NOS LIDERADOS
DAMAZZINI, Josiane Trindade – FACIAP/UNIPAN
FERREIRA, Josiane Peres – FACIAP/UNIPAN e PUCRS
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Resumo
O estudo parte do princípio de que a liderança é fundamental para o desenvolvimento dos diversos
tipos de grupos e que existem vários estilos de liderança como a autocrática, a permissiva e a
democrática. Cada um desses estilos exerce influências diferenciadas nos integrantes do grupo e
devem ser utilizados dependendo da situação encontrada. Verificar os estilos de liderança existentes
entre lideres escolares, empresariais e religiosos é o propósito deste artigo que baseia-se em
Minicucci e Lück para compreender os estilos de liderança e em quais situações devem ser
utilizados. Uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa e quantitativa foi realizada com seis
líderes de áreas diversas, sendo utilizado como instrumento de pesquisa um questionário que aponta
o estilo de liderança predominante em cada participante. Os resultados indicaram que cada líder
apresentou um percentual correspondente a cada um dos estilos – autocrático, permissivo e
democrático – embora havia a predominância de um deles. Uns apesar de serem autocráticos
demonstraram alguma parcela de líder permissivo ou democrático, ocorrendo um processo
semelhante naqueles que eram mais democráticos, mesmo tendo algum indicio de postura
autoritária. Na análise dos resultados se compara os dados obtidos por Kurt Lewin num estudo
realizado com crianças de 11 anos, onde ele mostra a reação dos alunos diante do estilo de liderança
exercido pelo professor. As conclusões obtidas com a realização deste trabalho é de que os líderes
escolares, empresariais e religiosos que foram pesquisados apresentaram predominância em um dos
estilos de liderança, mas tinham possibilidade de serem flexíveis dependo do contexto, exercendo
um estilo de liderança situacional.
Palavras-chave: liderança autocrática, liderança democrática, liderança permissiva.
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Se existe algo real em todos os grupos sociais é que sempre vai existir alguém que se
destaca como líder, cujas decisões vão direcionar as ações coletivas. Nem sempre o resultado do
trabalho do líder é positivo, já que está relacionado ao tipo de liderança predominante. Conhecer os
estilos de liderança e a influência que exercem sobre os liderados é importante a todos aqueles que
de alguma forma direciona as atividades de um grupo, como um professor numa sala de aula, por
exemplo. O objetivo deste artigo é fazer um estudo sobre os principais tipos de liderança,
enfatizando suas características e principais influências exercidas no grupo liderado. Para atender a
esta finalidade, além da pesquisa bibliográfica fundamentada em autores como Minicucci (1995),
Piletti (2001) e Lück (2002), foi realizada uma pesquisa de campo com líderes que atuam em áreas
diversas, como: educativa, empresarial e religiosa.
E para melhor compreender o assunto em questão, é importante refletir primeiramente
sobre a definição de alguns termos relacionados que são freqüentemente utilizados neste trabalho,
cuja fonte utilizada é o dicionário Aurélio XXI:
LÍDER: 1. Indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa
ou linha de idéias. 2. guia, chefe ou condutor que representa um grupo, uma corrente de
opinião, etc.
LIDERANÇA: 1. função de líder. 2. capacidade de liderar; espírito de chefia. 3. forma de
dominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos.
LIDERADO: 1. aquele que está sob a liderança de outrem, que obedece a um líder.
Nestas definições observa-se que o líder deve ser o condutor, chefiando e orientando seu
grupo nas atividades. É importante destacar que a maneira que este líder conduzirá o grupo é o que
fará diferença. Para Haggai (1990), liderança é o esforço de exercer conscientemente uma
influência especial dentro de um grupo no sentido de levá-lo a atingir metas de permanente
benefício que atendam as necessidades reais do grupo. O verdadeiro líder exerce uma influência
especial e essa influência não é forçada sobre os outros, causando medo. A força do verdadeiro
líder, deriva da confiança que seus seguidores depositam nele, estando convencidos de que, com ele
e por meio dele, podem alcançar os objetivos.
Um dos aspectos mais importantes no exercício da liderança é o tipo de relação
interpessoal estabelecida entre líder e liderado. A habilidade de se relacionar com pessoas
individualmente e em grupo, é elemento chave da liderança e trarão resultados eficazes na execução
de tarefas, administração de recursos materiais e financeiros, e eficiência para alcançar as metas.
Para Hampton (1990), a liderança refere-se ao processo interpessoal de influência através do qual os
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líderes comunicam com os subordinados sobre a realização do trabalho. As atividades dadas pelo
líder devem incluir a articulação e exemplificação dos valores e estilos distintos da organização.
Uma liderança eficiente, em constante interação, ajudará em seu sucesso pessoal e também de seus
liderados, pois estes trabalharão com maior satisfação e obterão melhores resultados.
De acordo com Maxwel (2002, p.71), “... os verdadeiros líderes sentem um impulso
interno para assumirem as suas posições. Eles sentem um senso de responsabilidade”. O verdadeiro
líder tem em si o desejo de fazer algo e este desejo faz que ele tenha o impulso de declarar algo, de
apontar para alguma direção, conduzir um grupo a uma atividade e o grupo o segue por reconhecer
sua liderança.
Outra característica importante a quem assume o papel de líder diz respeito a visão. Para
Haggai (1990), a visão é como uma missão do líder, e para se cumprir esta missão é necessário
seguir alguns passos, que podemos chamar de metas. É fundamental que não somente o líder tenha
visão e conheça suas metas, como seus seguidores, para que estes saibam onde seu líder os levará.
As metas devem ser revistas continuamente, sendo avaliadas e analisadas, quanto à conclusão e
medidas de correção. Se o líder tem visão clara, e nela se dedica totalmente, já deu o primeiro passo
rumo à liderança eficaz. O que diferenciará o verdadeiro líder de outros, é o fato de ele possuir uma
visão. Lück (2002, p.12), ao relacionar estas ideais aos líderes escolares, destaca que “Diretores
eficazes têm uma visão de suas escolas e têm noção clara de que seu papel é transformar esta visão
em realidade”. A visão é fundamental para todo e qualquer líder que queira ter sucesso, seja um
diretor, professor, ou empresário, ela é a chave para a boa liderança.
Mas, a visão em si não age sozinha, e para que o líder obtenha resultados naquilo que
almeja, ele precisa de colaboradores enquadrados na visão, e estes seguirão o comando do líder.
Para que isto ocorra da forma desejada, o líder terá que investir em comunicação. Para Haggai
(1990), a comunicação não é tão simples, ela não é simples repetição de palavras, “[...] a
comunicação é o modo pelo qual o líder unifica e dirige o grupo” (p.130). Este autor também
destaca que o bom líder é comunicativo, ele expõe suas idéias e desejos. Nota-se que não importa
onde este líder esteja inserido, a comunicação é fundamental, os membros e participantes do grupo
querem saber o que seus líderes esperam deles, e desejam ter o resultado sobre seu desempenho,
além de entender o papel que eles devem exercer ao fazer parte deste grupo e como podem
contribuir para o atendimento às metas e objetivos estabelecidos. Um bom líder pode fornecer estas
informações, mas isso requer tática específica e perfil adequado para a fluência da comunicação.
Esta não se trata somente de saber usar as palavras corretamente e na hora certa. Um excelente
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comunicador sabe ouvir e tem o senso de percepção altamente desenvolvido, ou seja, consegue
entender as mensagens por trás dos gestos faciais e corporais.
Além das características vistas acima, é importante entender que cada indivíduo tem sua
maneira de liderar, e esta maneira individual do líder, traz para o grupo benefícios e malefícios que
podem ser alterados conforme a pré-disposição do líder em aceitar as mudanças. Em um estudo
pioneiro sobre liderança, Minicucci (1995) faz uma pesquisa verificando o impacto causado por
diferentes estilos de liderança e os climas sociais resultantes. Para ele, existem três tipos básicos de
liderança: autocrática, permissiva ou laissez-faire e a democrática.
A liderança autocrática é caracterizada por líderes que decidem, e fixam as diretrizes sem
qualquer participação do grupo, determina as providências para a execução das tarefas uma por vez,
à medida que se tornam necessárias e de maneira imprevisível para o grupo. Também determina
qual a tarefa que cada um deverá executar e qual o companheiro de trabalho. Quanto a sua
participação nas atividades, é dominador e radical nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada
membro. Para Minicucci (1995) a liderança autocrática é vista geralmente em líderes militares, em
industriais que falam em “família empresarial”. O comportamento do grupo liderado por ele,
mostra-se com forte tensão, frustração e agressividade, com pouca espontaneidade, iniciativa, e
formação de grupos de amizade. Aparentemente o grupo gosta das tarefas, não demonstrando
satisfação com relação a situação o trabalho somente se desenvolve com a presença física do líder,
quando este sai ou se ausenta, as atividades param e os grupos expandem seus sentimentos
reprimidos, chegando a explosões de indisciplina e de agressividade. Mas esse tipo de liderança
agrada a liderados inseguros, que não agem sem voz do comando, ou àquele indivíduo que durante
sua infância nunca tomou decisões, sempre ficando a cargo dos pais. Lück (2002) chama esta
liderança de diretiva, e acrescenta que há situações que é necessário este tipo de liderança para se
atingir um objetivo. No caso da liderança escolar, é necessário aplicá-la quando o corpo docente é
inexperiente, visto que esta liderança proporciona orientações e segurança ao grupo.
Já a liderança permissiva ou laissez–faire, se caracteriza pela total liberdade dos liderado
para a tomada de decisões grupais ou individuais. A participação deste líder é mínima, apresentando
apenas alternativas variadas ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que
solicitada. A divisão de tarefas e escolha dos colegas fica totalmente por conta do grupo, há falta
absoluta da participação do líder. Ele não faz nenhuma tentativa de avaliar ou regular o curso das
coisas. Somente faz comentários irregulares sobre as atividades, quando perguntado. Para Minicucci
(1995), esta liderança produz resultados insatisfatórios, pois o grupo não promove socialização, e
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suas decisões tornam-se individualistas. As atividades de grupos desta liderança tornam-se
medíocre. As tarefas se desenvolvem ao acaso, com muita suscitações, perdendo-se muito tempo
com discussões mais voltadas para motivos pessoais do que relacionadas com o trabalho em si.
Na liderança democrática as diretrizes são debatidas e decidias pelo líder. O próprio grupo
esboça as providências e técnicas para atingir o alvo, com aconselhamento técnico do líder, quando
necessário. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates. A divisão de tarefas fica a
critério do próprio grupo e cada membro tem a liberdade de escolher seus colegas de trabalho. O
líder procura ser um membro do grupo, sem encarregar-se muito das tarefas. É objetivo e limita-se
aos fatos em seus elogios e críticas. É atuante, consultivo e orientador, em seus liderados há
formação de grupos de amizade e de relacionamentos cordiais. Líder e liderados desenvolvem
comunicações espontâneas, francas e cordiais. Nas atividades, o trabalho mostra um ritmo suave e
seguro, sem alterações, mesmo quando o líder se ausenta. Há responsabilidade e comprometimento
pessoal, além de integração grupal, dentro de um clima de satisfação. Lück (2002) afirma que o
final do século XX foi marcado pelo surgimento de uma nova estrutura organizacional, sendo elas
mais democráticas, criativas e produtivas, e isto ocorre em todos os meios, sejam eles, empresarial
ou escolar. Mas, temos que analisar que nem sempre a liderança democrática obterá sucesso, pois
existem pessoas diversificadas em cada grupo.
Minicucci (1995) também acrescenta a liderança paternalista, que pode ser incluída como
um tipo de liderança autocrática. Esta muito comum em governos, empresas e religiões. Este tipo de
líder é amável, paternal, cordial, mas na verdade é um autocrático “bom”, pois cuida de seus
liderados como filhos, mas na tomada de decisão a toma pelo grupo, pois pensa que outros não
saberão conduzir ou decidir com tanta eficiência e dedicação como ele. É respeitado pelo grupo, por
o considerarem sábio.
Observando estes tipos de liderança, percebe-se que todos podem contribuir para seus
meio, o importante é conhecer os liderados e se adaptar à realidade existente. Minicucci (1995)
ressalta que um bom líder tem habilidade de mudar a cada situação quando necessário, é preciso ter
variedade de comportamentos para se adaptar e adequar a cada situação.
É preciso saber ser autocrático, democrático ou permissivo de acordo com a situação é
preciso conhecer o subordinado para poder utilizar a liderança compreensivelmente. Nem
todas as pessoas expressam o mesmo tipo de comportamento e a cada tipo de
comportamento ou situação concomitantemente se exercerá determinado tipo de liderança.
(MINICUCCI, 1995, p. 298)
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Seja qual for a forma de liderança que o líder desenvolva, ele sempre deve estar certo que
seu dever é envolver os liderados e conduzi-los ao cumprimento da tarefa. O dever primordial do
líder é o cumprimento da tarefa que lhe foi atribuída. Lück confirma esta análise, destacando que
um líder eficaz pode em diferentes momentos e circunstâncias, usar diferentes estilos de liderança.
“O que deve ser evidente é que a seleção do estilo adequado depende da natureza do problema, da
situação, como também dos indivíduos.” (LÜCK, 2002, p.54). Lembrando que as condições do
grupo não são fixas, variando de momento em momento.
Quanto a liderança no âmbito escolar, neste caso entendida como a função exercida pelo
diretor, Lück (2002) destaca que acima de tudo o diretor deve unificar o grupo, compartilhando as
metas e propósitos da escola. O sucesso da escola depende de líderes com compromisso, tendo
características que incluam comunicação aberta com o grupo de professores, pais, funcionários e
alunos.
Para melhor entender os tipos de liderança e a influência que estes estilos exercem nos
relacionamentos com os liderados, foi desenvolvida uma pesquisa de campo com seis líderes das
áreas empresarial, religiosa e escolar. Foram entregues aos participantes um Teste de Liderança
proposto por Minicucci (1995, p.312). O teste era composto de dez questões com três opções de
respostas, onde o líder devia assinalar a alternativa que mais se identificava, revelando suas atitudes
frente ao grupo. O resultado foi obtido na somatória de respostas, àquela com maior freqüência
determinava o tipo de liderança. Neste teste foi acrescida uma questão aberta com o intuito de
verificar a visão dos líderes quanto a seus grupos de liderados. Tais instrumentos tiveram como
objetivo metodológico explorar o tema, sendo entregue em mãos aos seis líderes que tiveram um
prazo de cinco dias para preencherem. A escolha destes líderes foi por afinidade e por estarem
atuando em organizações diferentes, sendo eles: um líder religioso; um diretor técnico de unidade
de transmissão de energia; um empresário; uma secretária de educação e cultura de uma instituição
religiosa; uma diretora de escola municipal; uma professora de escola particular.
Nos resultados obtidos através do questionário, observou-se que: O líder A (líder
religioso), tem 40% de sua liderança liberal, 40% democrática e 20% autocrática. Este líder
destacou que seu grupo é “um grupo muito obediente, unido, cumpre suas tarefas, tem muito
respeito a minha liderança”. Com características elevadas em permissiva e democrática, este líder
de acordo com minicucci (1995) não gosta de ser coagido e nem de ver os outros sofrerem coações.
Para este tipo de liderança, os debates, reuniões de grupo, o consenso geral, são métodos dignos de
elogios. Seus liderados costumam trabalhar sozinhos, uma vez conhecendo a tarefa, a realizam sem
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a opinião do líder. Esta liderança se adapta bem a liderados que têm aversão a contatos pessoais,
que tendem a trabalhar mais adequadamente sozinho. A atmosfera permissiva dada pelo líder
contribui para paz de espírito e para que o seu esforço se torne mais eficiente e natural. Também
adaptam-se a esta liderança, pessoas colaboradoras, que têm desejo natural de colaborar, este tipo
de liderado seguirá a direção certa, com um mínimo apenas de controle.
O líder B (empresário), apresentou 50% de autocrático, 30% de democrático e 20% de
liberal. Este destacou que seu grupo é “um grupo bem acentuado, cada um com suas falhas, mas as
qualidade de cada um são bem maiores. Um grupo unido”. Este líder apresenta características fortes
de autocrático e com personalidade autoritária. Minicucci (1995) destaca que este líder acredita que
onde vive, o que tem e aonde vai, são o que existe de melhor. Tem maneira limitada de encarar as
coisas, é do tipo conservador, e na sua opinião, a liderança tem que ser forte e não pode ser
transigida. Em seu grupo de liderados adaptam-se melhor a pessoas hostis, que encaram a
autoridade com ressentimento. A hostilidade precisa de conforto com a autoridade para trabalhar
melhor, e o método autocrático focaliza sua agressividade, orientando suas energias para fins
construtivos. Também se adapta bem a esta liderança, pessoas dependentes, que sentem necessidade
de uma autoridade de pulso firme. Seu senso de dependência lhe dá uma sensação de insegurança,
de estar solto no ar. Uma orientação mais firme inspira-lhe confiança (MINICUCCI, 1995).
O teste do líder C (secretária estadual de educação e cultura de uma instituição religiosa),
apresentou 50% de democrática, 30% de permissiva e 20% de autocrática, em sua fala destacou que
seu grupo é: “Grupo heterogêneo no nível sócio-cultural e espiritual. Muitas pessoas que nem
conheço pessoalmente, só por internet ou telefone”. Apresentou sua principal característica do tipo
democrática, neste tipo de liderança os membros do grupo trabalham em conjunto. E reafirma que
sua fala quanto diz que seu grupo é heterogêneo no nível sócio-cultural e espiritual, pois lideres
democráticos, têm como característica principal, a importância que dá ao crescimento e ao
desenvolvimento de todos os seus liderados, e ela está buscando a consolidação de um grupo
homogêneo.
No teste do líder D (diretor técnico de unidade de transmissão de energia) destacou-se
40% democrático, 30% permissivo e 30% autocrático. Declarou sobre seu grupo:
O grupo que está sob minha liderança é constituído por seis pessoas, sendo apenas uma do
sexo feminino. Três possuem as características de proatividade, dois são reativos e um
apresenta uma mescla entre proatividade e reatividade. Temos certa dificuldade na
integração devido eu e três deles estarmos numa cidade e os outros três em cidade distante
a 230 km. Mesmo assim, quanto nos reunimos para deliberarmos sobre assuntos ligados a
nossa atividade percebe-se que a distancia é um obstáculo físico e age no emocional pois
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se observa em ambos, colocações como, vocês aí de Cascavel, ou vocês aí de Pato Branco,
parece que não se consegui enxergar que vocês aí, deveria ser nós. Como estamos “juntos”
a mais de cinco anos isto no início foi muito mais difícil, mas precisamos ainda caminhar
algumas milhas até conseguirmos a gestão participativa.
Observa-se que este líder já tem uma visão mais ampla sobre a liderança e o grupo de
liderados, possivelmente por ter passado por capacitação que possibilitaram o desenvolvimento
dessas habilidades.
O líder E (diretor de escola municipal), apresentou 70% democrática, 20 % autocrática e
10% permissiva. Destacou na questão aberta: “É um grupo bom, faz as atividades com dedicação e
iniciativa, participam com idéias e novas atividades para as reuniões e atividades com os alunos.
São amigos, dividem os trabalhos e cooperam para o bom trabalho da escola”. Esta líder mostrou
conduzir seu grupo na liderança democrática, permitindo que o grupo identifique os problemas e
concentre-se nas soluções. De acordo com Lück (2002) esta liderança direciona as atividades com
elogio e encorajamento, sempre motivando seus liderados, após observar e considerar o interesse do
grupo, toma a decisão. Na citação de Piletti ( 2001), observa-se, como em sala de aula este tipo de
liderança atua:
Líder democrático – Tudo o que for feito será objeto de discussão e de decisão da turma.
Todos são livres para trabalhar com os colegas que quiserem, cabendo a todos a
responsabilidade pela condução das atividades. O líder deve discutir com todos os
elementos os critério de avaliação e participar das atividades do grupo. (PILETTI, 2001, p.
251).
Esta liderança promove ao grupo crescimento quando o grupo se identifica com este tipo
de liderança, o que não ocorre em todos os lugares. É importante o diretor entender e conhecer o
grupo para então atuar sempre da mesma forma.
O líder F (professora de escola particular), apresentou em seu teste, 60% autocrático, 30%
democrático e 10% permissivo. Na colocação sobre como é o grupo destacou: “É uma boa classe, a
maioria faz as atividades com dedicação, mas devo me colocar com autoridade para não perderem o
respeito por mim e pela direção”. Este líder mostrou-se claramente ser autocrático, isto destacou-se
no teste e também na descrição do grupo. Piletti (2001) descreve assim este estilo de liderança:
Líder autoritário – Tudo o que deve ser feito é determinado pelo líder. Os grupos de
trabalho também são formados pelo líder, que determina o que cada um deve fazer. O líder
não diz aos liderados quais os critérios de avaliação e as notas não podem ser discutidas. O
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que o chefe diz é lei. O líder não participa das atividades da turma, apenas distribui as
tarefas e dá ordens. (PILETTI, 2001, p. 251).
Para melhor visualizar os estilos de liderança que predominaram nos seis líderes
pesquisados, apresenta-se na seqüência um gráfico que evidencia as diferenças detectadas.
ESTILOS DE LIDERANÇA
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Autocrático
Democrático
Permissivo
Lider Líder Lider Lider Lider Lider
A
B
C
D
E
F
Figura 1 – Estilos de Liderança
Fonte: Dados Primários, 2004.
Através do gráfico é possível perceber que existe uma distribuição de lideranças mais
equilibradas nos líderes A e D, e que os líderes B e C têm um dos estilos mais acentuado embora
contemplem também índices consideráveis dos outros tipos de liderança. A grande diferença
aparece no líder E e F, ambos da área da educação. Nestes dois casos o estilo permissivo é
insignificante predominando no diretor de escola pública o perfil democrático e no professor de
escola particular o perfil autoritário.
No caso desses profissionais da educação, qual será a influência que esses estilos podem
causar nos seus alunos que estão em processo de desenvolvimento e de aprendizagem? Um estudo
realizado por Kurt Lewin e citado por Piletti (2001), evidenciou que crianças de 11 anos tinham
comportamento diferenciado em sala de aula dependendo do estilo de liderança adotado pelo
professor. Ele percebeu que:
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Na liderança autocrática, as crianças manifestaram dois comportamentos típicos apatia e
agressividade. Quando o líder se afastava da sala, as crianças deixavam de lado as tarefas
propostas e passavam a ter comportamentos agressivos e destrutivos, manifestando muita
insatisfação com a situação. Já na liderança exercida democraticamente, os alunos
mostraram-se responsáveis e espontâneos no desenvolvimento de suas tarefas. Com a saída
do líder, o trabalho continuava praticamente no mesmo ritmo, como se nada tivesse
ocorrido. Sob a liderança democrática foram menos freqüentes os comportamentos
agressivos. Sob a liderança permissiva, observou-se que as crianças não chegavam a se
organizar como grupo e se dedicavam mais tempo às tarefas propostas na ausência do
líder. (PILETTI, 2001, p. 251-252).
Neste caso o estilo democrático foi o que exerceu influências mais positivas nos alunos
tanto na relação com os pares quanto no comprometimento com a tarefa. O estudo, porém não
apresenta detalhes do grupo de alunos quanto ao perfil, contexto em que atuavam, tipo de tarefa que
desempenhavam etc. Pode ser que se tratava de um grupo e de um contexto cuja liderança
democrática era de fato a mais indicada. De qualquer forma, é importante considerar que, conforme
Piletti (2001), o professor como líder é o grande responsável pelo bom relacionamento em sala de
aula, sua influência é muito grande e possibilita a criação de um clima psicológico que favoreça ou
desfavoreça a aprendizagem dos alunos. Também Haidt (1995) acrescenta que a autoridade do
professor em sala de aula deve ser incentivadora e orientadora. Incentivando o aluno a continuar
estudando e progredindo na aprendizagem, usando autoridade de quem orienta o esforço do aluno
no sentido de alcançar os objetivos desejados, que visa a construção do conhecimento.
Quanto a pesquisa realizada com os seis líderes das áreas religiosa, empresarial e
educacional, reconhece-se que a amostra não representa a totalidade dos profissionais da área e sim
atitudes particulares aplicadas ao seu campo de trabalho. O fato, porém, de os profissionais da
educação terem apresentado maior nível de diferenciação entre os estilos de liderança indica que é
preciso desenvolver essas habilidades nos educadores. Os processo de formação docente
normalmente se volta para a aquisição de conhecimentos teóricos, importantes para a atuação
profissional, mas o desenvolvimento de habilidades comportamentais também é necessário para que
o processo de aprendizagem ocorra com maior eficiência.
Sugere-se então, além de novas pesquisas na área, que os profissionais da educação e
demais líderes que pretendam desenvolver o seu trabalho com qualidade, busquem compreender
mais sobre os estilos de liderança, visando desenvolver essas habilidades e aplicar os estilos
autocrático, democrático ou permissivo, dependo do contexto em que encontram-se inserido.
No caso dos seis líderes entrevistados, mesmo tendo apresentado índices diferenciados
entre os estilos de liderança, eles demonstraram que tinham a possibilidade de ser flexíveis dependo
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do contexto, exercendo desta forma a liderança situacional que tem sido apontada como a mais
eficaz nos relacionamentos de grupo.
REFERÊNCIAS
HAGGAI, Jonh. Seja um líder de verdade. Belo Horizonte: Betânia, 1990.
HAIDTY, Regina C. Curso de Didática Geral. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1995.
HAMPSON, David R. Administração Contemporânea. 23ª ed. São Paulo: Makron Books, 1992.
LÜCK, Heloísa et al. A Escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. 6ª ed. Rio de Janeiro:
DP&A, 2002.
MAXWELL, John C. Seja o Líder Que Todos Querem Ter. 1ª ed. São Paulo: Sepal, 2002.
MINICUCCI, Agostinho. Psicologia Aplicada à Administração. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1995.
PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23ª ed. Sao Paulo: Ática, 2001.
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