XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
INCIDÊNCIA DA AUTOMEDICAÇÃO E USO INDISCRIMINADO
DE MEDICAMENTOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
Antonio Barbalho Tavares Júnior1, Hilda Michelly Paiva dos Santos2, Ismaela Maria Ferreira de Melo3, Welma Emídio
da Silva4, Cíntia Giselle Martins Ferreira5, Yuri Mateus Lima de Albuquerque6, Vitor Caiaffo7.
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Introdução
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso inadequado de medicamentos é um dos principais
problemas apontados na área da saúde; o que gera a necessidade de elaborar propostas que permitam o enfrentamento
dessa situação por meio de ações de promoção, cujo foco de atuação seja o uso racional de medicamentos. A
automedicação é um problema de saúde pública que se encontra diretamente ligado ao desconhecimento por parte dos
cidadãos quanto à natureza química dos medicamentos, que são consumidos de forma inconsciente e passam a oferecer
riscos à saúde (Anvisa, 2001).
Diariamente podemos observar medicamentos sendo divulgados pela mídia, com a “promessa” de serem produtos
capazes de solucionar vários problemas de saúde que acometem a população. O avanço tecnológico dos produtos, a
crescente abrangência dos veículos de comunicação e a qualidade da informação veiculada são fatores que contribuem
na gravidade dessa situação. Nessa perspectiva, acredita-se ser a propaganda um dos fatores que estimulam o uso
inadequado de medicamentos.
Como em outros países, no Brasil a automedicação é uma prática amplamente difundida, e assim como prescrição
errônea, pode acarretar efeitos indesejáveis. Podendo ocasionar desde o mascaramento de sintomas e doenças, até o
surgimento de enfermidades iatrogênicas. (Souza; Marinho; Guilam, 2008).
Como resultado de um modelo educacional que raramente condiz com as necessidades do indivíduo, a falta de
informação da população em geral sobre as substâncias químicas que constituem os fármacos pode ter seu papel no
problema da automedicação. Assim, torna-se necessário um processo de educação científica que promova no indivíduo
uma compreensão do mundo à sua volta e resulte na capacidade de exercício pleno da cidadania. O presente trabalho
considera que a universidade pode desempenhar um papel importante com relação ao consumo consciente de
medicamentos (Arrais et al., 1997).
Assim, o objetivo geral do presente trabalho é refletir sobre a influência do sistema educacional no processo de
formação de indivíduos cientificamente capazes de exercer sua cidadania de forma consciente. Neste sentido, propõe-se
uma abordagem do tema da automedicação com o intuito de destacar a relação direta entre o conhecimento científico e
a participação dos alunos na sociedade, por meio da associação entre o conhecimento escolar e uma atividade tão
corriqueira como a ingestão de medicamentos.
Material e métodos
Este estudo foi realizado no período de junho a setembro de 2013, entre estudantes, com idade entre 18 a 35 anos, dos
diversos cursos da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Foi realizada uma abordagem quantitativa, segundo
Silva & Menezes (2000), a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno
ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados:
questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.
Foram entrevistados 100 estudantes, que foram submetidos a um questionário de investigação (composto por 10
questões de múltipla escolha) que versavam sobre uso irracional de medicamentos e seus efeitos adversos. O
questionário aplicado foi adaptado através de estudos realizados por Reis e Ojeda (2002) e com base nos fármacos mais
utilizados pela população em geral segundo levantamento bibliográfico. Para análise dos dados foi utilizado o pacote
1
Primeiro Autor é aluno do curso de Educação da Universidade Salgado de Oliveira. Av. Mascarenhas de Moraes, 2169, Imbiribeira, Recife, PE,
CEP 51170-000. E-mail: [email protected]
2
Segunda Autora é Mestre em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros , s/n, Recife, PE,
CEP 52171-900.
3
Terceira Autora é Doutoranda do programa de pós- graduação em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom
Manoel de Medeiros , s/n, Recife, PE, CEP 52171-900.
4
Quarta Autora é Doutoranda do programa de pós- graduação em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom
Manoel de Medeiros , s/n, Recife, PE, CEP 52171-900.
5
Quinta Autora é aluna do mestrado em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros , s/n,
Recife, PE, CEP 52171-900.
6
Sexto Autor é aluno do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Recife,
PE, CEP 52171-900.
7
Sétimo Autor é Docente do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de
Medeiros, s/n, Recife, PE, CEP 52171-900.
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estatístico do Excel da Microsoft, 2007 com a utilização de percentuais de ocorrências de respostas às questões
formuladas.
Resultados e Discussão
Na amostra estudada, a maior parte dos indivíduos era do gênero feminino (63%) e, faixa etária predominante
estava compreendida entre 20 e 25 anos de idade, equivalente a 70% do total da amostra.
Quando questionados sobre o que fazem quando ficam doentes, 82% dos entrevistados afirmaram tomar remédios
por conta própria, enquanto apenas 18% procuram médicos para tratar a enfermidade. Como podemos observar na
Figura 1, a maioria dos entrevistados afirma que se automedicam com frequência (55%), 23% às vezes e 22%
raramente.
Entre a classe de fármacos mais utilizada pelos estudantes, encontramos os analgésicos (36%), seguido dos
antigripais (20%), antitérmicos (11%), anti-inflamatórios (10%), antiespasmódicos (10%), antieméticos (10%) (Fig. 2).
Esses achados estão de acordo com os resultados encontrados por Tierling et al. (2004), comprovando maior utilização
de analgésicos quando comparados aos anti-inflamatórios. Quanto questionados se ao tomarem medicamentos sem
prescrição médica leem a bula do medicamento, 51% afirmam que sim, enquanto 49% não leem.
Na figura 3 verificam-se os efeitos colaterais mais observados pelos estudantes decorrentes do uso indiscriminado
de medicamentos, os mais citados foram: mal estar, cefaléia, sonolência e enjoo. É importante destacar que 28% dos
entrevistados afirmam não perceber qualquer efeito colateral ao se automedicar.
Segundo Clayton & Stock (2006), todos os medicamentos, apresentam potencial para afetar simultaneamente mais
de um sistema orgânico, ocasionando reações conhecidas como efeitos colaterais ou adversos. Os medicamentos são os
principais agentes causadores de intoxicações humanas no Brasil, caracterizando eventos decorrentes do uso
inadequado de medicamentos, como a ocorrência de reações adversas e efetividade de tratamentos devido à falta de
informação dos pacientes sobre os mesmos (Tierling et al., 2004). Esses dados demonstram o desconhecimento e até
mesmo o fato de não correlacionarem alguns sinais e sintomas apresentados com as reais causas dos efeitos adversos
dos medicamentos.
Em face do exposto, percebe-se uma problemática recorrente entre os universitários quanto ao uso indiscriminado
e a autoprescrição de medicamentos. Estes resultados podem fornecer subsídios para que sejam tomadas medidas
eficientes no sentido de mudar o perfil da automedicação na sociedade, seja pelo desenvolvimento de programas de
prevenção e educação dirigidos às populações específicas.
Agradecimentos
Aos estudantes que anonimamente, contribuíram para este levantamento, por meio do preenchimento do questionário.
Referências
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública nº 95, de 19 de novembro de 2001. D.O. de
21/11. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/ Acessado em: 03/06/2013.
Tierling, V.L. Nível de conhecimento sobre a composiçãode analgésicos com ácido acetilsalicílico. Revista de Saúde
Pública, v.38, n.2, p.223-227, 2004.
Souza, J.F.R; Marinho, C.L.C; Guilam, M.C.R. Consumo de medicamentos e internet: análise crítica de uma
comunidade virtual. Revista da Associação de Medicina Brasileira, v.54, n.3, p.225-231, 2008.
Arrais, P.S.D.; Coelho, H.L.L.; Batista, M.C.D.S.; Carvalho, M.L.; Righi, R.E.; Arnau, J.M. Perfil da automedicação no
Brasil. Revista de Saúde Pública, v.31, n.1, p.71-77, 1997.
Silva, E.L.; Menezes, E.M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3 ed. Rev. Atual. Florianópolis:
Laboratório de Ensino à Distância da UFSC, 2001
Reis, R.O; Ojeda, A.R. Uso indiscriminado de anti-inflamatórios e falta de conhecimento sobre suas aplicações. Revista
da Saúde: Centro de Ciências da Saúde, v.6, n.2, p.63-71, 2002.
Clayton, B. D.; Stock, Y. N. Farmacologia na prática de enfermagem. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
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COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ SE AUTOMEDICA?
55%
60%
50%
40%
23%
22%
30%
20%
10%
0%
Frequentemente
Ás vezes
Raramente
Figura 1.Questionário aplicados aos estudantes da UFRPE.
MEDICAMENTOS MAIS UTILIZADOS
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
36%
20%
11%
10%
10%
10%
3%
Figura 2. Questionário aplicados aos estudantes da UFRPE.
EFEITOS COLATERAIS
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
41%
28%
13%
9%
3%
Nenhum
Mal estar
Alergias
Figura 3. Questionário aplicados aos estudantes da UFRPE.
5%
1%
Reação
Respiratória
Enjoo e
Vômito
Cefaléia
Sonolência
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Trabalho