Atenção Farmacêutica Domiciliar em Pacientes Hipertensos Atendidos no Centro de Saúde do Bairro do Aeroporto Velho, Santarém - Pará Maria Aldilene Arruda Sampaio¹ Rosilânia da Silva Barros¹ Tiago Nogueira Tertulino¹ Juarez Souza² Régis Piloni Maestri2 Ana Camila Garcia Sena2 Jamille Saatkamp2 Cassiano Saatkamp3 RESUMO: A pressão arterial é o produto do débito cardíaco multiplicado pela resistência periférica. Na circulação normal, a pressão é exercida pelo uxo sanguíneo através do coração e dos vasos sanguíneos. O farmacêutico, em colaboração com o paciente e outros membros da equipe multiprofissional de saúde, busca melhorar os resultados da farmacoterapia. Objetivo: Identificar os benefícios da Atenção Farmacêutica nos pacientes hipertensos atendidos pelo Centro de Saúde do Bairro do Aeroporto Velho no Município de Santarém – Pará. Metodologia: O estudo tratou de um acompanhamento domiciliar dos pacientes cadastrados no Centro de Saúde do Bairro do Aeroporto Velho. Era realizado a atenção farmacêutica e orientações não farmacológicas, visando o controle ou a minimização dos níveis pressóricos elevados, no período compreendido entre janeiro a março de 2012, na cidade de Santarém-Pa. Resultado e Discussão: Pacientes, encontrando-se com a pressão sistólica na média inicial de 144,8, com margem de erro de ± 2,576; e a média final de 130,8, com margem de erro padrão da média de ± 1,964, P < 0.0001. Em Análise da pressão arterial diastólica demonstrou que a média inicial 83,83 com margem de erro padrão da média de ± 1,578; e a média final foi 81,17, com uma margem de erro de ± 0,7916. O valor de p foi de 0,1336. Houve significativa modificação dos níveis pressóricos dos participantes da pesquisa, confirmando que a Atenção Farmacêutica é relevante para a minimização dos riscos advindos da hipertensão arterial. Palavras-chave: Atenção Farmacêutica domiciliar, hipertensão arterial. ¹ Bacharel em Farmácia pelo Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES); ² Farmacêutico(a) docente do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES); ³ Farmacêutico docente do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES), orientador da pesquisa. e-mail: [email protected] 28 - Em Foco - Ano 11 • nº 21 • 2014 Face à nova realidade, as doenças crônicas surgem expondo um acréscimo significativo nos últimos anos, dentre elas destaca-se a hipertensão arterial sistêmica (HAS), conhecida popularmente como pressão alta, que vem tornando-se responsável por um elevado número de óbitos no mundo. A pressão arterial é o produto do débito cardíaco multiplicado pela resistência periférica. O débito cardíaco é o produto da frequência cardíaca multiplicada pelo volume sistólico. Na circulação normal, a pressão é exercida pelo uxo sanguíneo através do coração e dos vasos sanguíneos (Smeltzer, 2005). Com frequência a hipertensão acompanha os fatores de risco para cardiopatia aterosclerótica, como a dislipidemia (níveis lipídicos sanguíneos anormais) e diabetes mellitus. O principal propósito do controle da hipertensão é reduzir a frequência de doenças cardiovasculares (angina, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, AVC, insuficiência renal, retinopatia) (Clayton e Stock, 2006). A hipertensão arterial consiste em uma situação definida pela persistência de níveis de pressão arterial acima de valores que a longo prazo aumentam o risco de doença e morte. Baseando-se em estudos epidemiológicos, define-se a hipertensão arterial como o encontro de uma pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg, pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg. (Ribeiro e Lotufo, 2005) A Atenção Farmacêutica é considerada como a atividade prática essencial do trabalho farmacêutico, que se associa a um interesse amplo e crescente por desenvolver e adquirir habilidades para a implantação de serviços básicos de AF, como a dispensação, a indicação farmacêutica, o seguimento farmacoterapêutico, a farmacovigilância e a educação sanitária. (DADER, 2008) O presente estudo tem como objetivo demonstrar os benefícios da Atenção Farmacêutica nos pacientes hipertensos atendidos pelo Centro de Saúde do Bairro do Aeroporto Velho no Município de Santarém – Pará. 2 METODOLOGIA A pesquisa foi realizada com AF em nível domiciliar seguindo a metodologia de Dader (2008), com sessenta pacientes hipertensos, com pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, que são cadastrados no Centro de Saúde do Bairro do Aeroporto Velho, Santarém - Pará. Na visita domiciliar era aplicado um formulário para traçar o perfil com hábitos alimentares e outros hábitos dos pacientes. A monitorização da pressão arterial era aferida no braço esquerdo, utilizando o aparelho esfigmomanômetro, sendo um BIC®, produto nacional (adulto “G” 27 a 34 cm); o Solidor, produto nacional (Adulto 22 a 28 cm), e um estetoscópio Solidor®. Realizou-se também a verificação da circunferência abdominal, do quadril, do braço esquerdo através de fita métrica; além de pesagem e verificação da altura de cada participante da pesquisa. As analises estatísticas e criação dos gráficos foi realizada com auxiliodo do software GraphPad Prism 3.0. Esta pesquisa atende às normas da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O perfil dos pacientes atendidos no estudo era 62% do gênero feminino; 36% estão na faixa etária de 71 a 80 anos; 55% são pardos. Quanto ao IMC, analisando o gênero feminino, 11% estava com peso normal; 29% com sobrepeso; 11%, com obesidade grau 1; e 7%, com obesidade grau 2. Do gênero masculino, verificou-se que 21%, estava com sobrepeso; 9%, com obesidade grau 1; 8%, com peso normal; 2%, com obesidade grau 3; e 2%, abaixo do peso. Percebeu-se que há mais casos de sobrepeso entre as mulheres que são cadastradas no Centro de Saúde do bairro Aeroporto Velho. Esses achados são semelhantes aos encontrados em outros estudos, conforme relataram Bezerra et al. (2010), que verificou a inuência do Índice de Massa Corporal (IMC) na PA. Quanto aos hábitos alimentares, verificou-se que há um grande índice de uso de café e chá, com 12%, seguidos de 11% de gordura, legumes e verduras. Cotta et al. (2009) encontraram resultados em que esses alimentos são evitados pela maioria dos hipertensos que participam do programa Hiperdia em Teixeiras, Minas Gerais. Foram realizadas doze aferições de PA de cada paciente, no período de três meses, encontrando-se a média inicial de 144,8, com margem de erro de ± 2,576; e a média final de 130,8, com margem de erro padrão da média de ± 1,964, valores expressos nas figuras 1 e 2 O valor do p foi calculado demonstrando um nível de significância de p<0.0001. Fato este que vem comprovar a minimização dos níveis pressóricos sistólicos dos pacientes que estão inseridos nesta pesquisa e receberam orientação Farmacêutica em relação a utilização correta dos fármacos utilizados com a finalidade de controlar os níveis de pressão arterial, não foi mudada nenhuma medicação, nem concentrações e horários, mas foi feita uma orientação individual sobre o uso correto dos medicamentos, como obediência aos horários e orientando para que não interrompa o tratamento sem orientação médica. Pressão Arterial Sistólica 200 PA Sistólica 1 INTRODUÇÃO PA Sistólica (Ti) PA Sistólica (Tf) *** 100 0 Figura 1. Determinação da Pressão arterial Sistólica no grupo de pacientes estudados – PA Sistólica Ti (n = 60) e PA Sistólica Tf (n = 60). Cada barra apresenta a média ± e.p.m, ***p = 0,0001 em comparação a Pressão Arterial Sistólica no Tempo Inicial (Teste t de Student). Em Foco - Ano 11 • nº 21 • 2014 - 29 Pressão Arterial Sistólica Pressão Arterial Diastólica 95 PAS 150 PA Diastólica PA Sistólica 160 140 130 PAD 90 85 80 120 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 75 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Figura 2. Determinação da Pressão arterial Sistólica no grupo de pacientes estudados – PA Sistólica Ti (n = 60) e PA Sistólica Tf (n = 60). Cada linha apresenta a média ± e.p.m, ***p = 0,0001 em comparação a Pressão Arterial Sistólica no Tempo Inicial (Teste t de Student). Figura 4. Determinação da Pressão Arterial Diastólica no grupo de pacientes estudados – PA Diastólica Ti (n = 60) e PA Diastólica Tf (n = 60). Cada linha apresenta a média ± e.p.m, p = 0,1336 em comparação a Pressão Arterial Diastólica no Tempo Inicial (Teste t de Student). Avaliando as figuras 01 e 02, podemos observar uma diminuição significativa na Pressão arterial Sistólica, diminuição alcançada através de orientação quanto ao uso correto do fármaco que já vinha sendo utilizado pelo paciente. Estes dados são semelhantes aos encontrados por Hoepfner e Franco (2010), verificando que os hipertensos que realizaram controle em Unidades de Saúde de Joinvile/SC, propiciado pela Atenção Farmacêutica, apresentaram redução da pressão arterial sistólica. Na análise da pressão arterial diastólica demonstrou que a média inicial 83,83 com margem de erro padrão da média de ± 1,578 e a média final foi 81,17, com uma margem de erro de ± 0,7916. O valor de p foi de 0,1336. A diferença dos valores pressóricos avaliados não foi significativa porem quando observamos na figuras 3 e 4, podemos verificar uma redução gradativa dos valores pressóricos dos pacientes submetidos a AF, resultado alcançado somente através de orientações, não houve troca nem mudanças no horário recomendado pelos profissionais prescritores, somente reforço em relação a adesão correta a farmacoterapia. Em estudos realizados por De Souza e Bertoncin (2012), a pressão dos participantes da pesquisa alcançou maior estabilidade após a realização do estudo demonstrando a segurança propiciada aos participantes pelo acompanhamento farmacêutico, o que confirma os resultados alcançados na nossa pesquisa. Pressão Arterial Diastólica PA Diastólica 100 75 PA Diastólica (Ti) PA Diastólica (Tf) 50 25 0 Figura 3. Determinação da Pressão Arterial Diastólica no grupo de pacientes estudados – PA Diastólica Ti (n = 60) e PA Diastólica Tf (n = 60). Cada barra apresenta a média ± e.p.m, p = 0,1336 em comparação a Pressão Arterial Diastólica no Tempo Inicial (Teste t de Student). 30 - Em Foco - Ano 11 • nº 21 • 2014 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Desde que a hipertensão arterial foi considerada como um fator de risco a saúde, devido apresentar alguns fatores de risco como doenças cerebrovasculares, coronarianas e renais, buscam-se medicamentos que possam controlá-la. O conhecimento dado ao paciente sobre a importância da sua doença é crucial, para que ele possa aderir à medicação e usá-la de forma adequada (uso racional), pois a educação do paciente quanto à natureza da hipertensão é a chave para o sucesso do tratamento. Essa educação é, portanto, a primeira forma eficaz de terapêutica. Portanto, há resultados na atuação do profissional farmacêutico em consonância com os profissionais que atuam nas Unidades de Saúde, pois, houve significativa modificação dos níveis pressóricos dos participantes da pesquisa, confirmando que a Atenção Farmacêutica é relevante para a minimização dos riscos advindos da hipertensão arterial. Conforme as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2007), A equipe multiprofissional pode ser constituída por todos os profissionais que lidem com pacientes hipertensos, faz parte dessa equipe o profissional farmacêutico, profissional que tem sua formação voltada ao uso correto de fármacos. De acordo com Boing & Boing (2007), a criação de programas de avaliação da atenção básica quanto ao cuidado com os pacientes hipertensos e também entre aqueles sem o agravo, garantindo-se uma assistência farmacêutica de qualidade aos que necessitarem de medicamentos, são fundamentais para que as pessoas exercitem opções saudáveis de vida. Carter et al., (2003), reforça que a Atenção Farmacêutica é uma pratica indispensável, onde será aborda- do o atendimento das necessidades dos pacientes idosos e crônicos, com relação aos medicamentos. Nesse contexto, os farmacêuticos, podem colaborar com os demais profissionais de saúde e com o paciente, no planejamento, orientação e acompanhamento da farmacoterapia. Oliveira; Reis; Gatti (2013), afirmam que o acompanhamento farmacoterapêutico é importante para o paci- ente hipertenso, uma vez que o controle da HAS é dependente da aderência ao tratamento. e monitorar o paciente quanto ao uso racional do medicamento proporcionando segurança do mesmo (dose certa, paciente certo, horário certo, etc). Durante o estudo, não houve mudança na medicação e aumento e/ou diminuição das doses farmacêuticas e sim uma Atenção Farmacêutica intensa. Referências BEZERRA, Sara Taciana Firmino; SILVA, Lúcia de Fátima da; GUEDES, Maria Vilani Cavalcante; FREITAS Maria Célia de. Percepção de pessoas sobre a hipertensão arterial e conceitos de Imogene King. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2010 set;31(3):499-507. BOING, Alexandra Crispim; BOING, Antonio Fernando. Hipertensão arterial sistêmica: o que nos dizem os sistemas brasileiros de cadastramentos e informações em saúde. Rev Bras Hipertens, v. 14, n. 2, p. 84-8, 2007. Carter BL, Zillich AJ, Elliot WJ. How pharmacists canassist physicians with controlling blood pressure. J Clin Hypertens 2003 March; 1(5):31-7. CLAYTON Bruce D.; STOCK Yvonne N. Farmacologia na prática de enfermagem. Trad. Danielle Corbett. 13 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. COTTA, Rosângela Minardi Mitre; REIS, Roberta Sena; BATISTA, Kelly Cristina Siqueira; DIAS, Glauce; ALFENAS, Rita de Cássia Gonçalves; CASTRO, Fátima Aparecida Ferreira de. Hábitos e práticas alimentares de hipertensos e diabéticos: repensando o cuidado a partir da atenção primária. Rev. Nutr. 2009, vol.22, n.6, pp. 823-835. DADER, Maria José Faus; MUÑOZ, Pedro Amariles; MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, Fernando. Atenção Farmacêutica: conceitos, processos e casos práticos. Trad. Maria Denise Funchal Witzel. São Paulo: RCN Editora, 2008. DE SOUZA, Valdomiro Vagner; BERTONCIN, Ana Lúcia Francisco. Atenção farmacêutica para pacientes hipertensos–nova metodologia ea importância dessa prática no acompanhamento domiciliar10.5020/18061230.2008. p224.Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 21, n. 3, p. 224-230, 2012. HOEPFNER, Clóvis; FRANCO, Selma Cristina. Inércia clínica e controle da hipertensão arterial nas unidades de atenção primária à saúde. Arq Bras Cardiol. 2010; 95 (2): 223-9. OLIVEIRA, PRISCILA APARECIDA REIS; DE MENEZES, FABIANA GATTI. ATENÇÃO FARMACÊUTICA A PACIENTES HIPERTENSOS. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 10, n. 1, p. 18, 2013. PATROCINADORAS, SociedadeS. V Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. Arq Bras Cardiol, v. 89, n. 3, p. e24-e79, 2007. RIBEIRO, Robespierre C.; LOTUFO, Paulo A. 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