ENTREVISTA: Pedidos de ajuda de trabalhadores da SCML quase quadruplicou em dois anos Lisboa, 11 nov (Lusa) - O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa revela que, entre 2011 e 2013, quase quadruplicou o número de funcionários que pediram ajuda à instituição, a maior parte dos quais em busca de apoio monetário. Numa entrevista à agência Lusa, a propósito dos dois anos de mandato à frente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Pedro Santana Lopes avança que entre os cerca de 5.700 funcionários têm aumentado os casos de pedidos de ajuda à instituição. "Os pedidos de apoio quase quadruplicaram, para não lhe dizer o número ao certo para não entrar nos segredos da própria casa, mas mais do que triplicaram em relação ao que acontecia há dois anos e a base era na casa das dezenas, portanto, não lhe estou a falar de dois para seis", adianta. Segundo o responsável, a maior parte dos funcionários que pedem ajuda, precisam de apoio monetário. Há "pedidos de ajuda para situações sociais, para apoios a familiares, mas que chegou muito a pedidos de apoios monetários chegou. A maior parte dos pedidos é de apoio monetário, sob a forma de empréstimo", revela. Explica, por outro lado, que a Santa Casa tem um gabinete de apoio social para os funcionários, cujo regulamento permite fazer face às situações de carência que vão surgindo. "Também disponibilizamos o apoio psicológico, no caso de ser necessário, para além do apoio de gestão financeira, se quiserem, portanto depende dos casos ou das carências", diz Santana Lopes. De acordo com o provedor da SCML, os pedidos de apoio por parte dos funcionários surgem "para acorrer a momentos mais complicados das suas vidas familiares". Como razões para esta situação aponta a redução dos ordenados, já que perto de mil funcionários da instituição são funcionários públicos, para o aumento do custo de vida, o desemprego de um dos cônjuges e, consequentemente, a dificuldade em continuar a assumir todos os compromissos, nomeadamente empréstimos. "Tudo isso levou a um pedido consideravelmente maior do número de apoios. Há um incremento, um aumento significativo e nós temos cerca de 5.700 funcionários", observa. Garante, por outro lado, que a instituição tem conseguido resolver todas as situações, por força de uma equipa cada vez maior dentro do gabinete de apoio social, constituída, entre outros profissionais, por psicólogos e economistas. Mas as dificuldades não são só internas e o provedor teme que os cortes nas reformas e nas pensões, previstos no próximo Orçamento do Estado, tenham reflexo na procura de cuidados de saúde ou pedidos de subsídio. Lembra que a realidade atual é feita de pessoas que ficam pobres de repente, outras em situação de carência sem estar à espera, muitas vezes porque têm novos familiares a seu cargo e não conseguem fazer face a todas as despesas do agregado, como despesas alimentares. "Batem-nos à porta em situação de puro desespero", revela, acrescentando que a maior parte pede refeições, subsídios ou mesmo ajuda para tomar conta dos familiares. Admite mesmo que o número de pessoas que têm procurado os centros sociais da Misericórdia de Lisboa, nomeadamente para refeições, aumentou no último ano cerca de 25%. Para responder a estes casos, o provedor diz que a instituição aumentou o trabalho junto destas pessoas, criou uma nova frente de trabalho dedicada aos sem-abrigo e multiplicou os seus efetivos, de modo a conseguir lidar com o "aumento desse flagelo". SV/HN // SO Lusa/Fim