ENTREVISTA: Santana Lopes diz que Santa Casa não pode substituir o Estado de forma ilimitada Lisboa, 11 nov (Lusa) - O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes, defende que a instituição não pode substituir o Estado de "modo ilimitado", porque os seus recursos são finitos, além de poder desvirtuar a sua missão. Em entrevista à agência Lusa, por ocasião dos dois anos de mandato à frente da instituição, Pedro Santana Lopes adianta que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) vai tendo capacidade para atender e dar resposta a todos os pedidos de ajuda que lhe chegam, mas lembra que essa capacidade não é ilimitada. "A Santa Casa substitui-se ao Estado, mas não se pode substituir de um modo ilimitado, porque senão isso seria desvirtuar um pouco a missão ou atingir o trabalho da Santa Casa, porque nós não temos recursos ilimitados", defende o provedor. Exemplifica, a propósito, que se começar "a cair em cima [da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa] trabalho a mais", a solução terá de passar pela contratação de mais pessoal ou mesmo pela construção de mais equipamentos. "Mas tudo isto são milhões de euros por ano", salienta. A propósito do trabalho que a instituição faz em substituição do Estado, Santana Lopes dá como exemplo 35 equipamentos que o Estado passou para a gestão da SCML há três anos e que representam mais 22 milhões de euros por ano no orçamento da Santa Casa. Santana Lopes conta que estes equipamentos começaram a ser transferidos para a Santa Casa ainda "na fase final do Governo Sócrates". "Mas não há diferença entre o Governo Sócrates e este, porque este também pediu para a Santa Casa continuar com estes equipamentos e tivemos de resolver o problema. A instituição viu-se obrigada a clarificar com o Estado as condições dessas novas responsabilidades, depois de terem acontecidos algumas situações "caricatas". "Há um ano, funcionários e inspetores do Instituto de Segurança Social pediram para ver esses equipamentos, que tinham sido deles, e disseram que precisavam de obras que já deviam ter sido feitas há uma data de anos", conta. Esta é uma das muitas situações que para o provedor demonstram que continuam a existir níveis de responsabilidade entre o Estado e a SCML que, por vezes, "são um pouco imprecisos". "Nós tivemos de trabalhar para precisar (.) a situação desses equipamentos", definir níveis de intervenção, a fundamentação das responsabilidades financeiras, mas também o enquadramento das receitas dos jogos sociais, esclarece. Santana Lopes diz que foi um "trabalho silencioso" com o Estado, mas "importante para clarificar, de uma vez por todas", qual é o estatuto jurídico da Santa Casa. SV/HN // SO Lusa/Fim