ANAIS
XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
XXIV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
II SEMINÁRIO INTERNACIONAL SINDICAL – 2º NÚCLEO DO CPERS SINDICATO
II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA
“CONSTRUINDO CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE”.
Santa Maria/RS, 27 a 30 de maio de 2015.
ISSN-1984-9397
A FORMAÇÃO CONTINUADA NO COTIDIANO DA ESCOLA
Adriana Cristina Gomes 1
Resumo: O presente estudo trata de uma pesquisa para responder a seguinte
questão: Como a formação continuada é evidenciada em uma Escola Estadual de
Santa Maria/RS e como está destacada no Projeto Político Pedagógico e de que
maneira ela ocorre efetivamente no cotidiano escolar? Além disto, buscou analisar
as relações entre o Projeto Político Pedagógico desta instituição e o relato dos
educadores/gestores. Inicialmente está contemplado o referencial teórico que
embasou a pesquisa, além de uma breve explanação da formação continuada.
Finalmente, destacam-se as considerações finais em relação à formação continuada
na escola pública estadual, bem como as ações desenvolvidas para a realização da
mesma.
Palavras-chave: Formação Continuada; Saberes Docentes; Ambiente Escolar.
Início de um trajeto de formação continuada
Neste início de milênio, onde mais de uma década se passou, vivenciam-se
as mudanças tanto na área tecnológica quanto na das relações humanas. As
constatadas nas relações humanas são as que influenciam na educação, pois delas
em muito depende o andamento da sociedade.
Ao falar de formação continuada dos educadores acaba-se entrando nas
questões sociais e a reflexão se torna essencial, como afirma Freire (1996, p.43-44):
Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento
fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente
a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O
próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal
modo concreto que quase se confunda com a prática.
Quando se volta o olhar para a escola, instituição que está pedindo (e com
urgência) mudanças em sua organização, vem à tona a gestão escolar elemento
importante para a concretização das alterações necessárias no ambiente escolar.
Assim, percebemo-la como lócus que realiza acolhimento de diferentes educandos,
de diversas estruturas familiares, sendo relevante que se constitua lugar de convívio
social (re)inventado e (re)inovado2.
1
Pedagoga; Especialista em PROEJA E Gestão Educacional; Instituto Estadual de Educação Olavo
Bilac; e-mail: [email protected]; Orientador: Vantoir Roberto Branchter
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Quando foi constatado que existia a necessidade de verificar o que se fazia
na escola em relação à formação continuada, tentou-se a aproximação com o
ambiente escolar. Portanto, esta investigação buscou evidenciar como ocorria e era
implementada a formação continuada em uma Escola Estadual de Santa Maria/RS.
No entanto, a preocupação tanto com a formação inicial quanto com a
continuada do educador que é promovida e proporcionada pela própria escola é
necessária para possibilitar a produção de saberes no ambiente de trabalho. O
despertar do convívio e das trocas de conhecimentos e de experiências são
indispensáveis à constituição de um ambiente escolar onde se pretende trabalhar
com a educação e a gestão participativa faz-se necessário.
Este estudo teve como objetivo geral: conhecer as concepções da formação
continuada da equipe diretiva de uma Escola Estadual de Santa Maria/RS, na qual
os membros se dispuseram a participar deste trajeto de pesquisa.
Tendo como alicerce a formação continuada e os conceitos em relação a ela
circulantes em uma escola pública estadual este estudo buscou encontrar nos
trajetos dos educadores envolvidos com a pesquisa aquilo que eles pensam sobre a
sua formação continuada.
Com a conclusão desta pesquisa estão também às ações desenvolvidas para
a realização da mesma, o trajeto percorrido e como se encontra a formação
continuada neste local.
Aporte teórico- um breve passeio pela literatura
Basear um estudo em uma temática em que a escola dá o principal aporte
teórico relacionando-o diretamente com a prática produzida neste espaço demandou
inúmeras leituras sensíveis e sensibilizadoras carregadas de significado para esse
local e para quem colaborou com esta escrita.
Tenho percebido que o trajeto dos colaboradores da pesquisa foi de encontro
ao pensamento de Oliveira (2001) que ressalta o que é o cotidiano e as relações
daqueles que convivem no mesmo ambiente:
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Faço uso dessa forma de escrita por acreditar que em certos momentos do cotidiano escolar se
realiza atividades de maneira diferente e organizada de outras formas.
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[...] Nesse intenso processo de relações e de trocas de conhecimentos,
ouvimos histórias de vida que nos mostraram alguns dos fios da rede de
saberes que levou cada membro dessas equipes a pensar o que pense e a
agir como age, o que permitiu, identificando trajetórias comuns ou diferentes
de praticantes de currículo, nos reconhecermos como humanos, com
sentimentos múltiplos e complexos e com muitos interesses ora comuns,
ora divergentes ( p. 7-8).
Os lugares de zelo, de trocas de constituição constante de saberes, são
aqueles do reconhecimento do outro em si. A busca por este tecido em alguns
momentos não pareceu explicitada, mas aconteceu no convívio diário e nas palavras
ouvidas e silenciadas por aqueles que se envolveram no processo desta pesquisa.
Esta pesquisa passou por etapas distintas: observação participante, análise
documental e entrevistas, todo esse processo teve um ir e vir constante, pois a cada
momento se realizou novas interações com os colaboradores a fim de elucidar
dúvidas e proporcionar a compreensão do estudado. A observação participante é,
portanto um importante instrumento da pesquisa, pois usada na educação destaca o
cunho sócio-histórico-cultural fundamental fonte de tempos em que se busca a
compreensão do mundo.
Fiz uso de uma metodologia com abordagem qualitativa para conhecer as
concepções de formação continuada de educadores de uma Escola Estadual de
Santa Maria/RS, além da observação destes que são fazedores do processo
educativo e formativo na escola, desta maneira este estudo tornou-se uma pesquisa
de campo, pois surgiram elementos que contribuíram para isto, o que segundo
Minayo (2007, p. 61) o que pode ser identificado no:
[...] trabalho de campo permite a aproximação do pesquisador da realidade
sobre a qual formulou uma pergunta, mas também estabelecer uma
interação com os “atores” que conformam a realidade e, assim, constrói um
conhecimento empírico importantíssimo [...]
Esta aproximação com o objeto estudado permitiu um conhecimento daquilo
que se teve como fonte da pesquisa. Isto pode ser considerado como um recorte
previamente selecionado do objeto de estudo, base de uma pesquisa teoricamente
fundamentada.
Este cotidiano esteve permeado pelo outro, diverso, ao mesmo tempo plural e
singular fez das relações de trocas possibilidades de renovação do conhecimento.
Esta renovação ocorreu a partir da convivência e do aprendizado com outros
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educadores e do reconhecimento de si através do outro. As trocas a partir de
conversas longas e informais também aproximaram o (re)conhecimento da (re)união
como constituinte do processo de formação continuada e docente.
A sociedade une e reunindo, Maffesoli (2006) inspira esta ideia do demonstrar
e transpirar os mesmos sentimentos e sentidos que a permeiam, se torna sensível
tentando sensibilizar aqueles que dela vivem e fazem tanto o trabalho profissional
quanto as formas culturais de vida. Os seres humanos sensíveis são os que também
não se contentam com as respostas prontas, buscam diferentes fios e tecem suas
concepções a partir do vivenciado e do constituído.
Esta foi uma das questões analisadas neste movimento de pesquisa, onde se
buscou adentrar nas reflexões necessárias para a formação continuada com
referência no ambiente da escola. Ambiente este, permeado por (re)inovações e que
quer não mais que refletir o saber docente que nele circula, mas também aflorar
aquele que cotidianamente é compartilhado a partir de reuniões, momentos de
consagração e de pertença nos quais são promovidos os saberes produzidos por
todos os envolvidos no processo, os profissionais docentes.
Ao falar dos saberes docentes Tardif (2002, p.11) destaca que [...] “o saber
dos professores é o saber deles, com as suas experiências de vida com a pessoa e
a identidade deles, com as suas relações com os alunos” [...] e outros saberes
escolares são pertencentes ao grupo daqueles que ao refletirem estarão
capacitados a (re)organizar o espaço escolar e os saberes para que a formação
continuada tenha significado.
O arremate de um trajeto
A importância da formação continuada no processo de constituição do
educador é evidente, mas o que fica claro tanto nas falas dos educadores quanto na
observação do cotidiano do ambiente escolar é que o espaço para os estudos está
quase inexistente. Existe a falta de um tempo produtivo dedicado para esta
formação.
Um fato diagnosticado nesta pesquisa é que a organização atual da escola
está promovendo encontros semanais que servem apenas para as lamentações dos
educadores em relação às dificuldades apresentadas em seu trabalho na sala de
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aula e do desempenho dos alunos em relação à aprendizagem. As reflexões são
mínimas e o estudo teórico para dar aporte às práticas está quase inexistente.
Na maioria das vezes, o educador está presente na reunião, mas seu
pensamento reflexivo ausenta-se. Este se torna mais um tempo de descanso que
propriamente de estudo e a formação acaba ficando distante do seu ambiente de
origem.
A transformação deste momento de reunião deveria ocorrer a partir da
implantação via governantes da lei que garante um terço da jornada de trabalho para
estudos. Assim, o educador teria tempo disponível para a troca de experiências, a
reformulação de suas práticas e a intervenção pedagógica (re)inovada. A adequação
deste tempo depende muito de cada escola. Nesta que fez parte deste estudo o
tempo da reunião é semanal.
O resgate destes saberes docentes e seu significado para a constituição das
identificações neste cotidiano em estudo, pois realizar uma análise minuciosa do
local onde se dá o cotidiano escolar torna-se esvaziado. É essencial que os
professores na escola se conheçam, se contemplem e se vejam como iguais.
Sabedores de suas capacidades e habilidades desenvolvam possibilidades de
formação continuada no grupo do qual fazem parte.
Para um trabalho formativo efetivo, que respeite as individualidades e
necessidades, é essencial que os professores da escola se conheçam, se
contemplem, identifiquem suas semelhanças. Sabedores de suas capacidades e
habilidades, reconhecendo suas potencialidades, torna-se viável a construção de
possibilidades de formação continuada propostas pelo grupo do qual fazem parte.
Referências
MAFFESOLI, Michel. O tempo das tribos. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2006.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. (Org.) DESLANDES, Suely Ferreira. GOMES
Romeu. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Editora
Vozes, 2007.
OLIVEIRA, Inês Barbosa de. ALVES, Nilda. (Orgs.). Pesquisa no/do cotidiano das
escolas. Sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
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ISSN-1984-9397
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ.
Vozes, 2002.
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