UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE -UNESC CURSO DE MBA EM MARKETING COM FOCO NO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE ISAAC PAES SOBRINHO REPOSICIONAMENTO DE MARCA: ESTUDO BIBLIOGRAFICO ENTRE OS ANOS DE 2006 A 2012 CRICIÚMA 2013 ISAAC PAES SOBRINHO REPOSICIONAMENTO DE MARCA: ESTUDO BIBLIOGRAFICO ENTRE OS ANOS DE 2006 A 2012 Monografia apresentada ao setor de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para a obtenção do título de especialista em Marketing com foco no relacionamento com o cliente. Orientadora: Prof. Ma. Gisele Silveira Coelho Lopes CRICIÚMA 2013 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Os 4Ps. ..................................................................................................... 9 Quadro 2 - Uma comparação entre compradores organizacionais e consumidores . 12 Quadro 3 - Reposicionamento e gestão de marca. ................................................... 25 Quadro 4 - Representação visual do modelo conceitual de criação e reposicionamento de marcas. ................................................................................... 30 Quadro 5 - número de casos selecionados. .............................................................. 36 Quadro 6 - casos selecionados para amostra. .......................................................... 36 Quadro 7 - Características das empresas da amostra. ............................................. 39 Quadro 8 - características das empresas pesquisadas............................................. 48 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Como o brand equity gera valor. .............................................................. 18 Figura 2 - Matriz de orientação de reposicionamento. ............................................. 23 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5 1.1FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................... 5 1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 5 1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 5 1.2.2 Objetivo Específicos ........................................................................................... 5 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 6 2.1 MARKETING ......................................................................................................... 8 2.1.1 Composto de Marketing ..................................................................................... 9 2.2 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ....................................................................... 10 2.2.1 Segmentação e comportamento do consumidor industrial (B2B) ..................... 11 2.3 MARCAS ............................................................................................................. 13 2.3.1 Branding ........................................................................................................... 16 2.3.2 Brand Equity ..................................................................................................... 16 2.4 POSICIONAMENTO ........................................................................................... 19 2.5 REPOSICIONAMENTO....................................................................................... 21 2.6 MODELOS DE REPOSICIONAMENTO .............................................................. 22 2.6.1Modelo de Reposicionamento de Telles(2004) ................................................. 22 2.6.2 Modelo de Trout e Rivkin .................................................................................. 25 2.6.3 Modelo de Reposicionamento de Talarico (1998) ............................................ 29 3 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................... 35 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................... 35 3.2 DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA...................................................... 35 3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS ....................................................................... 36 3.4 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS ...................................................................... 37 4 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA................................................................. 39 4.1 ASPECTOS DAS EMPRESAS DA AMOSTRA ................................................... 39 4.2 CASO HAVAIANAS POR SERRALVO, PRADO E LEAL (2006) ........................ 40 4.3 CASO ATLANTICA HOTELS POR OLIVEIRA (2008) ......................................... 42 4.4 CASO DO HOTEL RENAISSANCE (2008) ......................................................... 44 4.5 CASO DA BULMERS ORIGINAL CIDER (2007) ................................................ 46 4.6 DISCUSSÃO DOS CASES DE REPOSICIONAMENTO DE MARCA ................. 48 5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 52 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55 5 1 INTRODUÇÃO Segundo Ries e Trout (1993) vivemos hoje em uma selva de comunicação onde somos bombardeados todos os dias por milhares de propagandas em todos os veículos, o que faz com que toda essa informação seja pulverizada e não traga o resultado desejado para as empresas. Isso remete a um posicionamento de uma marca, para poder se diferenciar nesta selva de comunicação. Mas de acordo com Telles (2004) nem sempre o posicionamento da marca é eficiente para seu setor de atuação. Às vezes a sua estratégia pode estar defasada ou pode não estar mais alinhada com a realidade atual dos negócios, que muda constantemente. Neste caso, a empresa deve estudar a possibilidade de reposicionar a sua marca no mercado para manter a eficiência esperada da mesma, bem como os resultados financeiros. Assim sendo, será uma revisão bibliográfica do tema para coletar informações necessárias a um parecer sobre a possibilidade de reposicionar uma marca. 1.1FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Quais as estratégias de reposicionamento de marcas realizadas por empresas brasileiras entre os anos de 2006 a 2012? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Conhecer as estratégias de reposicionamento de marcas realizadas por empresas brasileiras entre os anos de 2006 a 2012. 1.2.2 Objetivo Específicos a) Apresentar as características das empresas pesquisadas; b) Descrever as formas de reposicionamento de cada empresa participante da pesquisa; c) Comparar as estratégias de posicionamento adotadas pelas empresas participantes da pesquisa. 6 1.3 JUSTIFICATIVA Segundo Oliveira (2011) a competição entre empresas está extremamente alta na atualidade, e as premissas de marketing se tornaram de grande importância e passaram ser vistas como uma grande ferramenta para ganhar espaço no mercado. Entre essas ferramentas, tem-se o reposicionamento, tema o qual ainda tem enorme carência e precisa ser mais estudado e avaliado, Nesse sentido, Telles (2004) diz que o reposicionamento trata se de uma ação que pode significar o crescimento ou a sobrevivência de uma marca ou empresa, e mesma não pode ignorar este fato, ao menos monitorar constantemente o mercado e estudar as possibilidades de mudança se necessário. Tendo em vista que uma marca pensa em mudar o seu posicionamento futuramente, e aliado ao espírito empreendedor, tem-se como propósito neste trabalho o estudo em torno do tema reposicionamento de marcas para averiguar futuramente se é vantagem, ou possível, que esta marca possa fazer o seu reposicionamento para ganho de mercado, sem correr nenhum risco de perder mercado ou retornos financeiros. Por conseguinte, a realização deste trabalho é possível graças ao pesquisador, que é gerente de uma marca, e tem acesso a qualquer informação que seja necessária, e pelo fato de ser o mesmo o maior interessado sobre este estudo. Este trabalho é possível também pela grande disponibilidade e facilidade de encontrar praticamente quase todo o material a cerca do tema, sendo a internet e a biblioteca da Universidade suas maiores fontes, além de que o pesquisador realizou o trabalho de conclusão de curso na graduação em que já teve que pesquisar acercadeste tema. Não obstante, este trabalho é possível também graças ao apoio da orientadora que inquestionavelmente possui grande experiência e compreensão sobre este tema e mais especificamente sobre o trabalho como um todo. Pelo mesmo motivo, de ser gerente desta marca, é que este estudo se torna oportuno, pois com a necessidade de fazer o trabalho de conclusão do curso e junto com o desejo de saber sobre o problema deste projeto, o pesquisador pretende com este trabalho satisfazer tanto a necessidade quanto o desejo, não descartando também o fato de, como todo administrador e empreendedor, está sendo guiado pelo seu feeling e acredita que este trabalho terá um resultado positivo e satisfatório. Assim sendo, este trabalho é de relevância não somente para o 7 pesquisador, mas também para outros empreendedores e acadêmicos que necessitam de informações sobre este tema que ainda sofre de carência na literatura. O trabalho é importante também, alem da empresa à qual trabalha, para a família do pesquisador que o tem apoiado e acreditado nos seus estudos e no seu sucesso. 8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De acordo com Cervo e Bervian (2002, p.65) “A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental.” Basicamente, serão abordados os temas em torno do Marketing, como segmentação, marcas, posicionamento, reposicionamento, e seus respectivos temas. 2.1 MARKETING A palavra marketing deriva do latim mercare e tem origem na Roma antiga onde tudo o que era produzido era vendido sem qualquer esforço de vendas (COBRA, 2003). Para se entender marketing, Kotler e Keller (2006,p.4) afirmam que “O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Para defini-lo de maneira mais simples, podemos dizer que ele supre necessidades lucrativamente”. Já para Siqueira (2005) marketing tem o conceito que cabe às empresas produzirem aquilo que o mercado exige, portanto não sendo este papel das mesmas ou do governo. Essa idéia é conhecida como a soberania do consumidor e leva a uma maior satisfação dos clientes e maximização dos lucros da empresa. Para Magalhães e Sampaio (2007) marketing é um instrumento que serve também para prever a mudança do ambiente externo e reagir quando o mercado se comporta de modo inesperado. Segundo Giuliani (2006, p.2) “A essência do marketing é o processo de trocas, no qual uma ou mais partes ofereçam algo de valor para o outro satisfazer necessidades e desejos”. De acordo com Urdan e Urdan (2006) o marketing é formado por três principais ações, usadas de forma conjunta e por fases. A primeira fase é analisar o ambiente externo da empresa, como clientes e concorrentes, economia, política etc. A segunda fase é segmentar o mercado-alvo, selecionar e criar um posicionamento 9 para o mercado escolhido. A última fase trata-se de alinhar os 4P’s com as fases antecedentes para melhor obtenção dos resultados. Indo mais além, Kotler (1999) afirma que para obter sucesso no século XXI não basta somente atender as expectativas dos clientes, mas sim excedê-las. Para Baker (2005), apesar o marketing estar intimamente ligado à manufatura, ele pode ser considerado tanto uma orientação gerencial, uma filosofia de negócios, quanto uma função de negócios. Entrando mais a fundo no tema, chega-se ao tema central do marketing que baliza a grande maioria de seus sub-temas que é o composto de marketing. 2.1.1 Composto de Marketing De acordo com Siqueira (2005) a classificação de McCarthy ou os 4P’scomo é mais conhecida engloba: Produto, Preço, Praça e Promoção. Para Doyle (2005, p. 204) “Um mix de marketing eficaz é aquele que oferece um produto que resolve o problema com baixo custo para o cliente, que comunica eficazmente os benefícios e que pode ser comprado com extrema conveniência.” Quadro 1 - Os 4Ps. Produto Pesquisa do produto Qualidade do produto Tecnologia embutida Preço Lista de preços Descontos Subsídios Estilos Termos de crédito Pesquisa sobre determinaçao dos preços Tamanhos Embalagem Rotulagem Marcas Serviços ofertados Fonte: SIQUEIRA, 2005, p.54. Praça Canais de distribuição Transporte Armazenagem Processamento de pedidos Pesquisa sobre distribuição Promoção Propaganda Venda pessoal Promoção de vendas Relações publicas Merchandising Pesquisa sobre instrumentos de promoção Segundo McCarthy (1987 apud Giuliani 2006) para melhores resultados financeiros, é necessário que a empresa faça uma interação estratégica entre os 4P`s. É uma das melhores maneiras de atingir a missão da empresa.Para complementar o assunto, Kotler e Keller (2006, p.17) expõem sobre o composto de marketing como sendo uma das melhores maneiras de traduzir a essência do 10 marketing em sua forma mais pura, já que muitas atribuições podem ser dadas as atividades de marketing. Ainda sim, Sandhusen (2006) vai ao encontro do assunto dizendo que a implementação do composto de marketing leva a colocação do produto ou serviço certo no lugar, na forma, ao preço, para os clientes certos no momento certo.De acordo com Cobra (2003, p.17) “A compreensão das ferramentas de marketing pode ajudar a neutralizar as forças ambientais, canalizando recursos e obtendo resultados financeiros e de posicionamento de mercado compensador”. Portanto, com base em McCarthy (1987 apud Giuliani, 2006) para o alcance dos melhores resultados financeiros, é necessário que a empresa faça uma interação estratégica entre os 4P`s, como forma de atingir a missão da empresa. 2.2 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO Entende-se que segmentação de mercado é separar e classificar o mercado em grupos de potenciais compradores que tenham desejos e necessidades semelhantes, bem como comportamentos de compra parecidos. (CHURCHILL JR.;PETER 2003) Para entender melhor segmentação, Evans (2005) diz que já faz muito tempo que os mercados já não são mais homogêneos, e que é preciso segmentar para poder fazer ofertas ao público que comercialmente façam sentido. É possível identificar vários grupos com características diferentes de compra, ainda mais com o avanço da tecnologia. Para Sandhusen (2006, p. 239) “Segmentos de mercado são grupos com alto potencial para possíveis clientes com características e necessidades comuns que os distinguem de outros segmentos de mercado”. Ainda sim, Kotler e Keller (2006) afirmam que a decisão de segmentar e escolher um mercado para atuar requer análise cuidadosa, pois muitas empresa atuam em segmentos saturados e ignoram fatias do mercado pouco atendidas. É importante para a saúde da empresa atender um segmento com eficiência e eficácia, pois é difícil para qualquer organização atender à todos os clientes do mesmo mercado com preferências diferentes. Para Sandhusen (2006) uma forma mais simples de segmentação seria dividir os mercados por critérios geográficos, demográficos, psicográficos e 11 comportamentais. Essas formas de dividir o mercado podem ser aplicadas tanto no mercado consumidor quanto no mercado organizacional.No processo de segmentação, Gracioso (2007) comenta que é importante averiguar se o mercado alvo ainda pode ser segmentado de acordo com os atributos ainda não atendidos. Esse verificação pode ser feita estudando os diferentes estilos de vida ou por segmentação geográfica. De acordo com Evans (2005, p. 175) o processo de segmentação consiste na “[...] identificação dos requisitos e do comportamento dos segmentos e com a correspondente vibração dos mix de marketing para compatibilizar mais deliberadamente ofertas de marketing[...]”. Para Magalhães e Sampaio (2007) é possível segmentar os mercados como verticais e horizontais. A segmentação vertical consiste em relacionar o poder de compra com o valor do produto, ou seja, direcionar os produtos mais básicos para as classes com pouco poder aquisitivo e direcionar os produtos de maior valor agregado para as pessoas de maior poder aquisitivo. Já na segmentação horizontal, o preço não é o atributo que mais influencia para a diferenciação, mas sim uma série de atributos fundamentados na marca, como embalagem, propaganda, características do produto e família de produtos. Desse modo, pode-se concluir que a “[...]técnica de segmentação de mercado permite alocar recursos estratégicos de marketing para cada segmento e, dessa maneira, racionalizar custos e facilitar o acompanhamento dos resultados obtidos entre outros benefícios”. (COBRA, 2003, p. 134). 2.2.1 Segmentação e comportamento do consumidor industrial (B2B) Para Churchill Jr. e Peter (2003) as maiores movimentações financeiras ocorrem entre empresas e órgãos do governo.Segundo Kotler e Keller (2006, p. 208) “As organizações não se limitam a vender; elas também compram vastas quantidades de matérias-primas, componentes manufaturados, instalações e equipamentos, suprimentos e serviços”. De acordo com Churchill Jr. e Peter (2003) uma das principais características do comprador organizacional é em menor número e compram mais que o mercado de bens de consumo. Ainda sim, consomem muito mais serviços do tipo segurança, limpeza e telefone.Para Kotler e Armstrong (2000) os mercados 12 organizacionais têm demandas inelásticas e flutuantes, sendo a ultima mais comum. A demanda no mercado organizacional pode flutuar muito mais do que no mercado de consumo, um pequeno aumento de, por exemplo, 10% na demanda de consumo pode gerar um aumento de 20 vezes ou mais na demanda indutrial. Quadro 2 - Uma comparação entre compradores organizacionais e consumidores Característica Compradores organizacionais Número de compradores no Poucos mercado Tamanho das compras Grande (quantidade e valor unitário) Critérios de decisão Primariamente racionais Interdependência entre Forte comprador e vendedor Número de pessoas envolvidas Muitas nas decisões de compra Fonte: Churchill Jr. e Peter (2003, p. 174) Consumidores Muitos Pequeno Racionais e emocionais Fraca Poucas No mercado organizacional é possível identificar, de acordo com Kotler e Keller (2006), quatro tipos de cliente: a) Clientes orientados para o preço (venda por transação): somente o preço importa; b) Clientes orientados para solução (venda por consulta): preço baixo é importante, mas dão importância a outros serviços também; c) Clientes refinados (venda por qualidade): querem boa qualidade, desempenho, assistência, entrega e serviços confiáveis; d) Clientes de valor estratégico (venda organizacional): querem estabelecer um relacionamento duradouro com um único fornecedor. De acordo com Kotler e Armstrong (2000) o principal fator nas compras organizacionais é o fator econômico, por isso os vendedores se concentram em oferecer produtos com baixo preço ou com a melhor qualidade. Porém, as empresas compram através de pessoas, os compradores, e os fatores pessoais e sociais também são levados em conta, principalmente se todos os fornecedores têm condições semelhantes e atendem as necessidades da empresa. Neste caso, acabam levando em conta a relação com o vendedor para decidir a compra, a não ser que as condições dos fornecedores sejam muito diferentes, neste caso irá prezar pelos fatores econômicos. Assim, Kotler e Keller (2006) afirmam que nenhum empresa pode atender à todos os segmentos com a mesma eficiência, é necessário segmentar o mercado. 13 Dentro do mercado organizacional, deve-se lembrar que empresas e compradores buscam primordialmente o melhor pacote de vantagens no aspecto econômico e técnico, mas também há influencias pessoas, embora em menor grau do que no mercado B2C, como empatia, persuasão, autoridade, status, e não obstante, a influencia da marca. 2.3 MARCAS Para Gracioso (2007) a marca basicamente é um sinal que identifica uma propriedade. Uma impressão que fica sobre algo ou alguém, um diagnóstico coletivo sobre um produto, serviço ou pessoa. A marca é construída com base nas experiências das pessoas e principalmente com propaganda, mas depende da qualidade do produto e da adequação para o consumidor. Nesse sentido, Kotler e Keller (2006) dizem que uma marca bem sucedida só atinge o sucesso quando respaldada por um produto ou serviço de qualidade e uma estratégia de marketing inteligente, cuidadosa e com altos investimentos.De acordo com Aaker (2007) para uma marca ter sucesso, depende diretamente da qualidade percebida do produto, considerada a melhor e mais rentavel associação com a marca. Diversas empresas que investem pesado na marca adotaram programas de qualidade total. De acordo com Chernatony (2006, p.263) “Marcas são conglomerados de valores funcionais e emocionais que prometem experiências exclusivas aos stakeholders. Os valores funcionais sãomenos sustentáveis do que os emocionais.”Para Kotler e Keller (2006, p. 272) “Basicamente, uma marca é a promessa que uma empresa faz de que seu produto ou serviço oferecerá um desempenho previsível. A promessa de marca é a visão da empresa do que a marca deve ser e realizar para seus clientes.” Para Urdan e Urdan (2006) a marca faz uma conexão com o produto, facilitando o processo de compra. Se o consumidor encontrou na marca aquilo que procurava, provavelmente vai repetir a compra na próxima oportunidade. Da mesma forma caso tenha se decepcionado com a marca, ou escutado comentários ruins à respeito, provavelmente irá evitar de adquirir produtos da mesma. Para Kotler e Keller (2006) uma marca forte pode gerar fidelidade do cliente, e fidelidade pode garantir a empresa previsibilidade da demanda e permite a 14 cobrança de preços mais altos, além de dificultar a venda das empresas concorrentes. Estes podem copiar facilmente os produtos, porém é muito difícil de reproduzir toda a solidez de uma marca que gastou dinheiro e levou muito tempo para construir, e que já está na mente dos consumidores. De acordo com Aaker (2007) existem quatro perspectivas da identidade de marca, onde a empresa deverá identificar em qual delas a sua marca se encaixa para tornar a sua estratégia mais alinhada com a sua identidade. São elas: a) Marca como produto: nem sempre recomendado pelos especialistas de marcas, torna a marca um componente de identificação do produto, e estão diretamente vinculadas as decisões de escolha da mesma. Geralmente a marca é lembrada quando se cita a classe de seu produto; b) Marca como organização: concentram-se somente nos atributos da organização como, por exemplo, inovação, tecnologia, preocupação com o meio ambiente, cultura, valores etc. Atributos organizacionais são muito mais difíceis de copiar do que o produto, portanto mais duradores e de longo prazo, e podem ser aplicados também a todas as linhas de produtos, dando suporte aos mesmos; c) Marca como pessoa: sugere uma característica mais humana à marca, como bem humorada, casual, formal, jovem, confiável, divertida etc. A personalidade da marca pode se converter em um veiculo que pode ser expresso na personalidade do próprio cliente, criando uma base de relacionamento com o cliente. Ainda sim, esta personalidade pode refletir e passar os seus traços para o produto, como por exemplo, uma personalidade forte e energética sugere que o seu produto também se comportada da mesma maneira; d) Marca como um símbolo: um símbolo poderoso pode dar a marca status e alto grau de reconhecimento, assim como sua inexistência pode criar uma deficiência na marca. O símbolo pode ser uma imagem visual, metáforas ou tradição da marca. Basta um vislumbre para que a marca seja lembrada. De acordo com Aaker (2007, p.175) “A posição de uma marca é definida como a parcela de identidade e da proposta de valor da marca que deve ser ativamente comunicada ao publico alvo e demonstrar uma vantagem em relação as 15 marcas concorrentes”Para Urdan e Urdan (2006) exitem cinco estratégias básicas de marca: a) Extensão da linha: consiste em lançar versões de um produto existente com a mesma marca, como por exemplo um novo sabor ou uma nova cor. Tem como lado positivo proporcionar mais opções aos consumidores da marca, inibindo a concorrência, e torna a marca mais interessante e visível. Como lado negativo, trás baixo retorno financeiro no curto prazo e reduz o foco da marca; b) Múltiplas marcas: significa a empresa trabalhar com mais de uma marca para a mesma categoria de produtos. O ponto positivo desta estratégia é que fica mais fácil fazer a segmentação, tendo em base que uma marca só geralmente não atente a todas as requisições das demandas, podendo cobrir também faixas de preços diferentes. O ponto negativo é que o gerenciamento dessas marcas se torna complexo e exige um alto custo para promover todas as marcas; c) Extensão de marca: envolve aproveitar a marca para um nova categoria de produtos. Essa estratégia tem como pontos fortes o baixo investimento e custos de introdução no mercado, alem de ser um processo rápido. Em contrapartida, existe o risco que a marca não surtir efeito na nova linha de produtos, ou de ter êxito, porem enfraquecendo a linha original de produtos; d) Novas marcas em outras categorias: consiste em criar uma marca nova para uma nova categoria de produtos. A vantagem dessa estratégia é que pode-se conseguir uma marca totalmente ajustada ao consumidor, com maior lealdade dos consumidores. Por outro lado, essa estratégia é precisa ser muito bem ajustada para que funcione, e tem o custo mais elevado de todas. e) Marcas de produto do fabricante versus própria: essa modalidade, voltada à revendedores, consiste em vender produtos fabricados por outras empresas com as suas próprias marcas, estratégia fortemente utilizada por redes de supermercados. A vantagem é que pode-se cobrar menos pela marca, pode-se reduzir custos e disputar a preferência do consumidor na hora da venda. O lado negativo é que 16 precisa-se ter uma marca bem forte e conhecida caso contrario não surtirá efeito nenhum. Marca é, portanto, para Kotler e Keller (2006) algo que se instala na mente dos consumidores, de acordo com percepções reais, mas que muitas vezes podem ser entendidas por experiências, lembranças ou interpretações pessoais. É vital para a empresa o gerenciamento estratégico da marca para que esta possa obter agregação de valor e reconhecimento no mercado. 2.3.1 Branding Para Kotler e Keller (2006)branding está relacionado em criar diferença entre as marcas de um determinado segmento, dotando à produtos e serviços o valor da marca. Os autores destacam que branding reforça e alinha cada ação da empresa com a identidade da maca, ensinando e auxiliando o consumidor a organizar seu conhecimento sobre produtos e serviços, fazendo ele optar mais facilmente por produtos da marca e gerando valor para a empresa. De acordo com Gracioso (2007) o branding é tão importante em uma empresa que deve ser de responsabilidade principal do presidente da empresa, e não deve ser zelada apenas pelo departamento de marketing. Todas as formas de comunicação da empresa devem ser pensadas para refletir a imagem da marca, garantindo a sua integridade sempre. Toda a gestão da empresa deve ser feita em torno da marca. De acordo com Telles (2004) um exemplo de como uma marca pode ser valiosa para uma empresa é a Coca-Cola. Em 2011 o valor estimado da marca foi de 68 bilhões de dólares, o que representa na pratica 61% do valor da companhia. Ou seja, a marca desta empresa vale mais do que qualquer outro bem tangível que ela tenha, o que mostra a importância que uma gestão de marca pode ter. Portanto, para Kotler e Keller (2006, p.290) “A estratégia de branding de uma empresa reflete o numero e a natureza dos elementos de marca comuns e característicos que se aplicam aos diferentes produtos por ela comercializados.” 2.3.2 Brand Equity 17 Para Gracioso (2007) Brand Equitypode ser definido como o valor agregado de uma marca, um bem intangível de alto valor, que trás resultados para a empresa que não proveniente do produto em si, é um sub-produto das atividades de marketing realizadas. De acordo com Kotler e Keller (2006) representa o valor psicológico e financeiro para a empresa. É o valor adicional que se atribui a um produto ou serviço que pode influenciar no modo como os consumidores vêem a marca e agem em relação a ela. Influencia também na lucratividade da empresa. Para Aaker (2007) brand equity é um conjunto de ativos que criam valores de formas muito diferentes; cria valor para todos os stakeholders, para a própria empresa e seus produtos. Tudo isso está ligado à marca registrada da empresa e/ouo seu símbolo. Segundo Kotler e Keller (2006) do ponto de vista do brand equity,os gastos com marketing devem ser considerados investimento por parte dos clientes. Porém deve-se observar a qualidade da comunicação, e não a quantidade. Algumas marcas do setor norte americano de bebidas sofreram quedas nas vendas nos anos 1990, pois investiram excessivamente em campanhas mal divulgadas, em contra partida existem marcas que investiram quantias moderadas e conseguiram criar alto valor às suas marcas. 18 Figura 1 - Como o brand equity gera valor. Fonte: Aaker (2007, p.20) A fim de enriquecer o assunto, Kotler e Keller (2006) expõem que brand equity é o ativo intangível mais valioso da empresa, é através dele que se pode agregar valor adicional ao produtos para melhores resultados financeiros e diferenciação na posição da marca no mercado. 19 2.4 POSICIONAMENTO Para Ries e Trout (1999), vivi-se numa selva de comunicação onde as pessoas não conseguem absorver todas as informações transmitidas pelas empresas, e as mesmas gastam muito dinheiro sem conseguir resultados eficientes, portanto é necessário posicionar a marca. Segundo Kotler e Keller (2006) as empresas não podem ter plano sucesso se não são reconhecidas com exclusividade, ou ainda, se seus produtos são confundidos com os da concorrência. Um dos grandes focos estratégicos das empresas deve ser o processo de representar algo único e grandioso ao cliente, de modo a representar diferenciação relevante em sua mente. Posicionamento é definido, portanto, para Ries e Trout (1999) como a imagem do produto na mente do consumidor. Não é o que se faz com o produto, e sim o que se faz com a mente do cliente-alvo. Kotler e Keller (2006, p.305) complementam dizendo que “posicionamento é a ação de projetar o produto e a imagem da empresa para ocupar um lugar diferenciado na mente do público-alvo”. Para Evans (2005) posicionamento é enviar uma mensagem aos consumidores através da elaboração de uma imagem e valores únicos de modo que os consumidores daquele segmento consigam diferenciar a empresa dos concorrentes, gerando assim vantagem competitiva. Sobre o conceito de posicionamento, Lodish et al (2002) comentam que um dos maiores erros dos empreendedores é posicionar baseando-se nas características técnicas do produto comparadas com as da concorrência, quando na verdade o que os clientes têm que perceber são os benefícios que obterá quando adquirir o produto. A diferenciação de benefícios é que trás sucesso ao posicionamento. Existem algumas maneiras de posicionar o produto. Para Ries e Trout (1993) a maneira mais fácil para se chegar a mente do consumidor é sendo o primeiro. As primeiras experiências, as primeiras impressões, bem como as primeiras marcas de seus segmentos são hoje quase todas lideres de mercado. Se não puder ser o primeiro, então se deve posicionar ao contrário de quem chegou primeiro. Segundo Ries e Trout (1999) é comum ver as empresas cometer o erro de investir e direcionar seus recursos de marketing em propagandas para tentar 20 ocupar uma posição de um concorrente, já ocupada e estabelecida, quando o que esta empresa deveria fazer é encontrar uma posição que ainda esteja ocupada e investir nela. Na visão deEvans (2005), para a estratégia de posicionamento funcionar corretamente, ela precisa refletir a sua estratégia em todas as suas ações, ou seja, o mix de produtos, preço, propaganda, distribuição, pós venda, etc., devem ter a mesma consistência e estar alinhados caso contrário pode-se perder a credibilidade e o posicionamento. Segundo Kotler e Armstrong (2000) os consumidores costumam optar por empresas que entreguem maior valor, seja com preços mais baixos ou qualidade superior. Um posicionamento efetivo é se encaixar nesta proposta de maior valor, mas para fazer efeito a realmente deve entregar o prometido. Um posicionamento que não é verdadeiro fracassa rapidamente. Para Kotler e Keller (2006) um bom posicionamento depende da diferenciação da marca para o consumidor. Para os autores pode-se fazer essa diferenciação das seguintes formas: a) Diferenciação baseada no produto: está focada exclusivamente em mostrar que o produto possui qualidade superior que os similares. É feita de acordo com alguma característica do produto (formato, design, desempenho) e comunicada de forma sugestiva, como por exemplo, usar um motor mais barulhento em uma máquina porque os compradores pensam que motores mais barulhentos são mais potentes; b) Diferenciação baseada nos funcionários: pode-se obter uma forte vantagem competitiva quando o cliente percebe que o atendimento da empresa se destaca das demais. As características básicas que os funcionários bem treinados devem ter são competência, gentileza, credibilidade, confiabilidade, presteza e boa comunicação; c) Diferenciação baseada no canal: vender aonde os concorrentes não vendem faz bastante diferença para obter vantagem competitiva. É importante também que a equipe de vendas seja eficiente; d) Diferenciação baseada na imagem: a imagem em si, o slogan da empresa, tem forte impacto na mente do consumidor. A imagem do produto deve ter forte associação com a marca para estabelecer a 21 personalidade do mesmo e diferenciação da imagem da concorrência. A imagem deve também transmitir poder emocional ao público alvo. Nesse sentido, Lodish et al (2002, p.11) dizem que “o empreendedor não somente precisa desenvolver o melhor conjunto de benefícios em relação a concorrência; ele precisa também que os clientes de algum modo percebam esses benefícios”. 2.5 REPOSICIONAMENTO De acordo com Telles (2004) o reposicionamento é a redefinição das características da marca para o público-alvo, ou seja, posicionar a marca de uma forma diferente da anterior. Os motivos podem ser vários como novas vantagens competitivas, adaptação ao mercado, revitalização da imagem etc., mas o reposicionamento pode custar a consistência da marca.Para Gracioso (2007, p.48) “[...] um posicionamento sólido pode e deve ser mantido por muitos anos e nunca ser mudado abruptamente, sob pena de gerar desconfiança e descrédito.” De acordo com Ries e Trout (1991, apud Telles 2004) a mente humana trabalha geralmente de acordo com suas memórias e experiências. A mente depois de formada, cria estruturas sólidas e mesmo as propagandas mais caras podem não surtir o efeito esperado.Segundo Trout (1973, apud Oliveira 2011), há cinco questões que deve ser respondidas para a realização tanto do posicionamento quanto do reposicionamento: 1. Que posição, se alguma, é realmente ocupada? 2. Que posição se quer ocupar? 3. Quem deve ser deslocado para se ocupar essa posição? 4. Há poder de comunicação suficiente para ocupar e manter a posição pretendida? 5. A estratégia criativa suporta a estratégia de posicionamento? Nesse sentido, Lewis et all (1995, apud Oliveira 2011) dizem que, embora muito criticados, o processo de reposicionamento trás como elemento central a variável produto, mas o consideram como um processo de comunicação. Esse processo é composto por cinco etapas: 1. Determinar a posição atual; 2. Definir a posição pretendida; 22 3. Tornar o produto diferente para reposicionar; 4. Realizar uma campanha de reposicionamento; 5. Verificar a mudança na posição ocupada Dando continuidade ao raciocínio, Telles (2004) destaca que embora algumas vezes possa parecer que não seja a melhor opção, o posicionamento deve ser alvo constante de revisão. Há de se estar atento, no mínimo, nas mudanças constantes do mercado e do ambiente que circunda a marca como um todo. De preferência, é aconselhável sempre manter a consistência de uma marca, mas não de uma forma que não seja possível trocar ou ajustar caso necessário.Segundo Pride e Ferrel (2001, apud Oliveira 2011, p.3) “o reposicionamento pode ser efetivado por meio das alterações dos aspectos físicos do produto, do seu preço ou da sua distribuição, ou ainda, simplesmente, por meio de esforços de comunicação, assim como no caso do posicionamento.” 2.6 MODELOS DE REPOSICIONAMENTO 2.6.1Modelo de Reposicionamento de Telles(2004) O texto apresentado a seguir está sustentado no trabalho de Telles (2004), cuja temática tem o foco no posicionamento e reposicionamento de marcas. O autor destaca que o reposicionamento exige altos investimentos e carrega certo nível de incerteza. Por este motivo a estratégia de reposicionamento deve ser muito bem escolhida. A seguir é apresentado o modelo de reposicionamento de Telles (2004). Este modelo serve de parâmetro para orientação de umaproposta de reposicionar uma marca e está baseado na relação da marca com o mercado e da sua posição percebida pelo mesmo. 23 Figura 2 - Matriz de orientação de reposicionamento. Fonte: Telles (2004, p.125). Este modelo de referência está baseado em quatro estratégias que se encaixam em diferentes situações da marca: 1. Reposicionamento Reativo: é necessário quando os fatores externos, como economia, política, tecnologia etc. sofrem mudanças que enfraquecem o posicionamento da marca atual. Situação onde a marca geralmente está bem colocada no mercado, mas devido a mudanças externas começa a perder valor, ou deixa de ter-lo; 2. Reposicionamento propositivo: ações orientadas para melhorias ou aproveitamento de oportunidades que o posicionamento atual não pode abranger. Geralmente a marca é líder de mercado ou está muito bem posicionada e fixada, mas opta por ajustar-se a fim de ganhar mais valor; 3. Reposicionamento corretivo: decisão tomada quando o posicionamento atual é ineficiente, a marca não está surtindo efeito sobre os atuais consumidores. Identifica-se essa situação quando a marca não tem destaque no mercado, tão pouco efeito sobre os consumidores. 24 4. Reposicionamento adaptativo: baseado no composto promocional, feito quando o atual posicionamento não se encaixa em atributos altamente valorizados pelos consumidores. Encaixa-se quando a marca tem uma estratégia competitiva e relevante, porém não está posicionada no mercado. Estas quatro estratégias de reposicionamento basicamente são derivadas de quatro situações com relação à marca ao mercado: a atual posição está sem valor (corretivo); a marca está orientada para o aproveitamento de uma dada oportunidade de mercado (propositivo); reconhecimento da ineficácia mercadológica do atual posicionamento (reativo) e os atributos da marca são irrelevantes ou ausentes (adaptativo). Continuando o raciocínio, o autor expõe que não se pode administrar uma marca se não conhecer sua relação com o mercado.È necessário ter compreensão, informação e percepção sobre os atributos, por meio do composto promocional. É necessário, por exemplo, saber a força da comunicação da marca e o nível de aderência da mesma; a força do posicionamento, e não somente indicadores relacionados à organização como retorno sobre investimento, embora estes sirvam de apoio para tomadas de decisão sobre a marca. Neste sentido, o autorcompleta que algumas variáveis com forte vínculo com a marca podem ser determinantes em relação à posição e a sua eficácia. O autor elege, com base nesses quesitos, quatro variáveis que serviram como parâmetros para o modelo de reposicionamento: a) Aderência comunicação/percepção: mede o grau de percepção dos consumidores em relação ao posicionamento da marca de acordo com a comunicação feita pela empresa; b) Relevância dos atributos da marca: avalia o valor agregado da marca, o seu diferencial; c) Força do posicionamento: mede a intensidade de fixação do posicionamento através de algumas técnicas, testa a vinculação da marca na mente dos consumidores; d) Vantagem competitiva da marca: averigua a marca em termos de diferencial competitivo e fator gerador de resultado organizacional. O autor colocaque para o modelo de reposicionamento, duas dimensões são admitidas: 1) relação marca versusmercado - que tem como indicadores as variáveis de aderência comunicação/percepção e força do posicionamento. 2) 25 posição da marcaversus mercado - que tem como indicadores as variáveis Relevância dos atributos da marca e Vantagem competitiva da marca. Nesse sentido, o autor coloca no quadro a seguir a melhor condução da para cada uma das estratégias sugeridas: Quadro 3 - Reposicionamento e gestão de marca. Reposicionamento de marcas Reativo Condição da marca Decisão da marca Pouca importância Escolha de novo (percepçoes posicionamento fixadas e com para baixo valor sobrevivencia atribuido) Gestão da marca Transição com riscos inevitáveis Propositivo Muita importância Investimento por (percepçoes risco compensa Construção de fixadas e valor a opcao pelo novo paradigma atribuido processo relevante) Corretivo Pouca importância Seleção de (percepções Revisão, atributos para pouco relevantes, reconstrução de associaçao com baixo valor marca a marca relativo) Adaptativo Muita importancia Investimento em (percepçao não comunicaçao convergente a para adequaçao valor potencial do relevante) posicionamento Revisão de processo de comunicação Fonte: Telles (2004, p.118). 2.6.2 Modelo de Trout e Rivkin O texto apresentado a seguir está sustentado no trabalho de Trout e Rivkin (2011), cuja temática tem o foco no posicionamento e reposicionamento de marcas. Para os autores o mundo está muito diferente de 30 anos atrás, quando o modelo de posicionamento foi reconhecido como estratégia de marketing pelo mundo empresarial. Com o passar do tempo todas as empresas devem considerar o reposicionamento de suas marcas, por três motivos nas corporações: i) concorrência, ii) mudança e iii) crise. Sobre o reposicionamento em torno da concorrência os autores escrevem que é importante ser considerado uma vez que há um aumento natural da concorrência em todos os setores. Dada essa explosão da concorrência, é 26 necessário que a empresa se destaque, se posicione de uma maneira diferente na mente dos consumidores. Reposicionamento da concorrência nada mais é do que reposicionar a concorrência, atribuindo um aspecto negativo ao concorrente em forma de contrapor um aspecto positivo. É uma tática agressiva e perigosa, pois o concorrente pode contra atacar, tanto transformando este aspecto negativo em positivo, quanto atacando um ponto negativo de sua empresa, por isso deve-se ter cautela e criatividade ao reposicionar a concorrência. Uma forma comum de reposicionar a concorrência é encontrar uma fraqueza na força do concorrente e não somente uma fraqueza no concorrente. Um simples ponto fraco pode ser somente um ponto fraco que não aparece e é facilmente ignorado. Porém uma fraqueza em um ponto forte do concorrente, que é um aspecto em evidencia, tem muito mais impacto emocional. Ainda sim, é necessário salientar que quando se atribui um aspecto negativo ao concorrente, essa ideia deve fazer sentido ao cliente potencial. O cliente tem que entender de imediato, sem demais explicações. O cliente deve concordar instantaneamente sem fazer perguntas, caso contrário não é uma boa idéia. A chave de atacar é sempre estabelecer um ponto positivo, ou seja, ao atribuir um aspecto negativo ao concorrente, deve-se realçar algum ponto positivo da empresa. Ainda sim, os autores alertam que reposicionar a concorrência por preço geralmente não é uma boa estratégia, tendo em vista que baixar preços é relativamente fácil em uma guerra de concorrentes. “Não espere que qualquer empresa entenda esses conceitos rapidamente. Boas idéias de reposicionamento competitivo são extremamente difíceis de vender porque tem uma natureza negativa” (TROUT, RIVKIN 2011, p. 46). Para falar do reposicionamento em torno da mudança, os autores explanam que a mudança pode aniquilar uma empresa mais rápido do que qualquer outra coisa, muito mais do que a concorrência, graças à grande variedade de produtos substitutos e novas tecnologias no mercado, chamadas de tecnologias perturbadoras. Apesar das mudanças acontecerem com mais intensidade no setor tecnológico, praticamente nenhuma empresa em nenhum setor está imune a mudança, logo esse modelo de reposicionamento é fundamental ser revisado periodicamente. O conceito chave dessa estratégia de reposicionamento é acompanhar a mudança. Em outras palavras, evoluir. E evoluir exige repensar o posicionamento atual. Isto pode ser feito de algumas maneiras, vai depender muito 27 do grau da mudança e da posição atual da empresa. A maneira mais comum é atualizar a marca através de novas ideias, novos usos para seus produtos, ou acrescentando um serviço que agregue valor no produto, e vice-versa. Pode ser feito também evoluindo o nome. Mudar o nome para melhor significa criar um nome que retrate a real missão da organização, que lhe confira uma identidade mais adequada com sua realidade, que seja simples de ser reconhecido. Evoluir em relação à mudança não necessariamente significa ir no mesmo rumo que ela, mas se adaptar para não ser atropelado. Há meios e estratégias para escapar do avanço evolucional atual. Empresas tem se dado muito bem criando novas marcas e lançando novos produtos, especialmente de valor mais baixo que é mais fácil posicionar um atributo. Outras empresas têm visado novos setores, como por exemplo, construindo novas marcas para nichos ou consumidores finais. Novas formas de distribuição, embora mais complicado, também podem driblar a mudança. Ainda sim, a forma ideal de se reposicionar frente à mudança é criando um novo produto, mas que expresse uma função em especial, e não que seja um item que tente ser vários produtos ao mesmo tempo. Isso é difícil de posicionar e o mercado tem mostrado ao longo dos anos que o complicado é difícil de vender. Desse modo, há de se tomar cuidado com o pensamento interno da empresa. Muitas empresas sustentam crescimento durante um longo período de tempo e pressupõem que entendem muito bem do seu negócio e não há necessidade de repensar sobre mudanças. Porém o excesso de confiança os pode deixar cegos e se verem atropelados por mudanças vindas de todos os lugares. “Depois do surgimento da concorrência em décadas recentes, a aceleração da mudança será o grande problema que tem tornado a vida empresarial mais difícil. E o que está impulsionando essa mudança é a tecnologia.”(TROUT, RIVKIN, p. 62) Para falar sobre reposicionamento em torno de uma crise, os autorescolocam primeiramente que existem dois tipos de crise: micro e macro. A crise micro é quando a sobrevivência de uma empresa está em jogo, e a crise macro trata de um efeito em escala como, por exemplo, a crise global financeira que afeta a todos. Uma crise da variedade micro, quando a empresa está indo mal, pode ser atribuída a uma infinidade de fatores. O que a experiência tem mostrado é que geralmente crises internas são causadas ou por um péssimo planejamento estratégico, ou por não saber lidar com a concorrência. 28 Outro ponto digno de nota, é que há empresas que têm tentando fazer previsões tolas e sem sucesso acerca do futuro do setor e da economia como um todo. Investem seu dinheiro como se fosse um cassino. Neste caso, deve manter a flexibilidade e ir se ajustando aos poucos conforme o andar do mercado, investir é diferente de apostar. Quando se trata de alto poder da concorrência, necessariamente precisa-se realizar o reposicionamento em torno da concorrência. Novamente, se um concorrente é conhecido por alguma coisa, a empresa precisa ser reconhecida por outra. Explorar a fraqueza da concorrência continua sendo uma ótima estratégia de reposicionamento para sair de uma crise, mas nunca se deve basear-se unicamente nas falhas dos concorrentes, pois falhas podem ser corrigidas. O segredo é enaltecer algum ponto forte da empresa. Por outro lado, numa crise macro, a palavra chave torna-se oportunidade. Tem-se de prestar atenção no problema central da crise e tornar essa ameaça em uma forma de criar uma nova posição única. Geralmente quando uma crise assola um país ou um setor, as vendas em geral caem. A estratégia básica nesse cenário é adicionar valor a marca/produto para que o cliente tenha uma percepção maior do valor do produto a ser adquirido, sem que o fabricante precise reduzir suas margens. Esta agregação de valor pode ser feita via campanha publicitária ou no aumento da qualidade dos serviços prestados, bem como lançando novas marcas com propostas diferentes ao mercado na era da crise. “Os últimos tempos certamente tem nos ensinado que vivemos um período de crise ou incerteza. E essas crises assumem duas formas: macro e micro. Em ambos os casos, você acorda um dia e descobre que seu mundo mudou para pior.”(TROUT, RIVKIN, p. 114) Segundo os autores, se reposicionar não é uma tarefa fácil. Esse processo requer tempo, coragem, bastante dinheiro e um engajamento completo por parte da alta gerência e principalmente do CEO e do presidente. Os autores alertam para tomar cuidado com a publicidade. É mais aconselhável que o cargo de relações públicas na empresa plante a semente do reposicionamento e depois dar inicio a publicidade. Geralmente a propaganda causa um impacto muito forte e talvez não seja bem compreendida, então um trabalho de RP pode colher informações com o público interessado e adaptar a propaganda posteriormente. A mídia de massa também pode ser um erro, vai contra o principio do posicionamento. A propaganda deve ser direcionada aos canais onde o público alvo se encontra. Quando surge o momento de se reposicionar, o problema geralmente é 29 latente e a resposta também, mas há uma relutância natural, especialmente em grandes corporações, de enxergar e aceitar o óbvio. Muitas estratégias de reposicionamento não são eficazes, pois se tenta deixar as coisas complexas demais, quando na verdade deveria ser ao contrário. Grandes executivos não querem coisas simples, há um pouco de ego envolvido no meio, o que sempre complica as coisas no final. Por fim, reposicionamento se trata de adaptar percepções das pessoas, e não mudá-las. Há estudos no âmbito da psicologia, que uma ideia depois de instalada é quase impossível de mudar. A estratégia de reposicionamento obrigatoriamente tem que levar isso em conta. Os autores expõem que a mente das pessoas é quase imutável. Tentar mudar a mente de uma pessoa é um processo que vai contra aquilo que torna o reposicionamento efetivo, que nada mais é do que adaptar ou encaixar as percepções das pessoas. Mudar isso é muito complicado, não é da natureza humana. Não obstante, os autores fundamentam que as mentes podem perder o foco, principalmente quando a empresa usa a estratégia de extensão de linha para laçar novos produtos. Na contemporaneidade, as pessoas são bombardeadas com muitas informações, o que torna a necessidade de rever o posicionamento periodicamente obrigatório. 2.6.3 Modelo de Reposicionamento de Talarico (1998) O texto apresentado a seguir está sustentado no trabalho de Talarico (1998), cuja temática tem o foco no posicionamento e reposicionamento de marcas. Para a autora, os consumidores geralmente se baseiam mais na emoção e em elementos irracionais do que racionais, que às vezes podem ser até de ordem inconsciente, para tomar a decisão de compra. Isso acontece, pois não há o habito natural das pessoas de buscar conhecimento técnico e detalhado sobre o produto, isso torna a marca, e o seu posicionamento, um atributo de extrema valia para a empresa. Baseado no introduzido anteriormente, a autora desenvolveu um modelo teórico de reposicionamento de marcas, que também serve para construção de marcas, composto por três etapas principais que são: planejamento, identidade da marca e posicionamento, conforme quadro a seguir: 30 Quadro 4 - Representação reposicionamento de marcas. visual do modelo conceitual de criação e PLANEJAMENTO Análise interna e externa - Mercado - Competidores - Consumidores - Marca/Produto - Papel da marca Visão e Missão Conhecimento do consumidor - Identificação - Valores - Estilo de vida - Motivações - Personalidade Necessidades fundamentais Benefícios ao consumidor - Funcionais - Emocionais -Auto-expressão Como o produto atrái Atributos ao consumidor - Propriedades físicas perceptíveis Razões de credibilidade IDENTIDADE DA MARCA Produto - Categoria - Atributos - Benefícios - Qualidade Personalidade - Traços - Atitude - Imagem dos usuários Organização Elementos visuais - Papel - Nome - Missão - Logo - Visão - Personagens - Caracts. da organização - Slogan - Embalagem Relacionamento Marca-Consumidor Análise do Posicionamento dos Concorrentes Estratégia de preços POSICIONAMENTO Bases para Comunicação Fonte: Talarico (1998, p.15) A etapa planejamento tem como função estudar os principais elementos que interagem de maneira relevante com a marca, que possam fornecer uma avaliação clara de como os interessados a percebem, a fim de poder reunir o máximo possível de informações para dar início ao processo de reposicionamento. O profundo entendimento desta fase vai gerar as bases para o gerenciamento do reposicionamento. As informações aqui coletadas irão gerar um contexto tal qual permita também identificar se há algum plano de reposicionamento com poucas chances de sucesso, que possa assim ser interrompido ou alinhado com tais informações. No processo de planejamento existem quatro passos. No primeiro passo se faz um apanhado geral a nível macro do mercado em geral, averiguando os consumidores, competidos, o produto e a marca de uma maneira geral para poder delimitar a visão e a missão da marca, que vão nortear todo o processo de reposicionamento. O segundo passo é adentrar no conhecimento do consumidor e levantar aspectos qualitativos e subjetivos como de que forma ele vive, o que o motiva e quais os seus ideais, para traçar quais são as suas necessidades. O terceiro passo visa inferir nos benefícios que o consumidor deseja obter ao adquirir uma mercadoria, o que vai guiar a forma como o produto irá atrair o consumidor. O 31 ultimo passo caracteriza o produto ou serviço em si para que possa adequar e confirmar com aquilo que será proposto pela nova divulgação do reposicionamento. A segunda etapa do modelo de reposicionamento consiste na reconstrução ou adaptação da identidade da marca. Segundo a autora, esta fase irá definir as diretrizes, a essência da marca, que norteará a etapa de reposicionamento. Através de quatro passos, esta etapa proporciona o significado da marca, a sua identidade para os consumidores. É a partir deste ponto que se estabelece um relacionamento com o consumidor, por aquilo que a marca representa a eles. Um reposicionamento só é possível depois de ter claramente definido os sentido que se quer transmitir ao publico através da marca. O primeiro passo trabalha em torno do produto; define mais especificamente suas qualidades e atributos, já pré definidos na etapa anterior. A ligação do posicionamento da marca com a categoria de produtos é que quando o cliente pensar em adquirir um item de determinada categoria, venha a sua mente imediatamente a marca em questão, firmando a solidez do posicionamento. Por isto é de extrema importância que os aspectos do produto estejam bem definidos. O segundo passo é atribuir personalidade à marca, ponto chave deste modelo. As pessoas naturalmente simpatizam e se identificam com outras pessoas pelas suas personalidades, é uma característica do ser humano. Com as marcas não é diferente. Consumidores buscam marcas que refletem a sua imagem, o seu estilo. Neste passo, aplica-se as informações coletadas no segundo passo da primeira etapa, que é o estudo do estilo de vida e do comportamento do consumidor, e transfere-se esse conjunto de padrões para a marca, atribuindo assim uma simetria entre marca e consumidor, um espelhamento de comportamentos, uma afinidade. A ligação emocional é um ponto forte para uma posição forte, e difícil de ser copiada pelos concorrentes. Este passo demanda um estudo paralelo sobre outras dimensões do conhecimento, entrando inclusive em áreas como a psicologia e filosofia, como o comportamento e intensidade de relacionamentos, fidelidade, compromissos pessoais, amor e paixão, nostalgia pessoal, intimidade, auto-conceito etc. O terceiro passo é relação entre a organização e a marca. A imagem da organização exerce grande peso na marca. Algumas características da marca podem ser atribuídas ao produto, e outras à organização. Os colaboradores da empresa, a cultura e seus valores, bem como os programas que a empresa está 32 envolvida, expressam forte conexão com a marca e são passiveis de avaliação constante dos consumidores. É importante então, que haja harmonia das ações da empresa com a missão e a visão da marca. A percepção da marca com a empresa pode ser vista através de alguns pontos como a preocupação da empresa com o meio ambiente e a comunidade, o grau de inovação, a preocupação com o cliente, a qualidade percebida entre outros. O ultimo passo desta etapa são os elementos visuais da marca. Para que uma identidade de marca bem construída surta efeito, a comunicação visual deve transmitir toda a sua essência caso contrario todo o esforço é em vão. As funções principais dos elementos visuais são a rápida associação com a marca, a fixação da marca na lembrança e a diferenciação dos produtos concorrentes. Desde o nome da marca até a embalagem, símbolos, personagens e slogans constituem a gama de elementos que construirão a percepção visual da marca. Todos devem estar alinhados entre si para não haver confusão mental. Quanto mais itens visuais forem usados, mais forte será o reconhecimento. Os elementos visuais devem seguir alguns critérios como a fácil capacidade de reconhecimento e memorização, a exclusividade, a adaptabilidade, e a transmissão imediata do seu significado, em que o consumidor possa rapidamente assimilar com as suas necessidades e seu estilo de vida. Todos os elementos devem ser persuasivos também. Após todos os quatro passos da identidade da marca atendidos, cria-se um relacionamento entre o consumidor e a marca, que é o foco da construção de uma marca, ou de um reposicionamento. A terceira etapa é a definição do posicionamento, ou reposicionamento, em conjunto com as etapas anteriores. Para a autora, posicionar ou reposicionar uma marca é colocar-la em evidencia perante as marcas concorrentes, criar uma situação de destaque na mente do consumidor. E para reposicionar, é preciso primeiro saber onde os concorrentes estão posicionados, e quais são os preços que estão praticando. Para saber o posicionamento dos concorrentes, deve-se raciocinar como um consumidor, escolher um fornecedor pelas percepções disponíveis ao consumidor final. Conjuntamente a isso, é possível escolher os principais players do mercado e relacionar seus dados em uma matriz SWOT. Através do cruzamento destes dados dos concorrentes, é possível enxergar os seus principais atributos e vantagens, e identificar se há possíveis brechas para posicionar. Quando elegemos 33 os concorrentes à serem pesquisados, é importante saber se suas marcas tem forte conexão com seus preços. Normalmente o preço pode provar associações mentais no consumidor, levando à classificações como marca ruim, boa e excelente, por exemplo. Portanto, o fator preço deve ser analisado paralelamente ao posicionamento dos concorrentes, e estudado uma faixa de preço que possa ser adequada ao posicionamento ou reposicionamento pretendido, sempre de uma forma economicamente viável e lucrativa. Depois de analisado esses dois aspectos, devese definir de fato qual a posição a empresa quer assumir. Os consumidores devem saber diferenciar claramente a posição da marca em relação aos concorrentes. A partir dessa decisão, todo o enfoque e recursos empregados pela empresa devem estar em sintonia com o posicionamento alvo. É necessário, portanto, comunicar, de forma clara, positiva, estimulante, objetiva e apropriada a atual posição da marca. Para tanto, este modelo trás como ultimo passo as bases para comunicação, que vão assegurar e endossar as informações transmitidas ao longo do tempo para garantir a efetividade de todo o plano. Para a autora, a consistência de uma marca constitui um dos pilares para o seu sucesso à longo prazo. É importante frisar a importância de manter sempre a mesma direção ao longo dos anos. É comum a troca de gerentes e diretos, cada um com suas idéias próprias e vontades, porem isso pode afetar a imagem da posição dependendo das ações tomadas. É sugerido que seja elaborado um documento com as bases da marca, com a sua identidade, forma de comunicação, estratégia de preços, e o posicionamento, documento este que deve ser amplamente divulgado entre os integrantes da empresa. É importante também que se tenha um grande alinhamento da estratégia da empresa com departamento ou agencia de propaganda e publicidade. O novo reposicionamento deve estar perfeitamente sincronizado com as campanhas de divulgação da marca e promoção da imagem. Isso inclui também os esforços de marketing com toda a cadeia de distribuição e no relacionamento com os stakeholders. De acordo com a autora, o modelo proposto é uma ferramenta de apoio para o reposicionamento ou construção de uma marca. O pleno sucesso da posição parece estar na excelência de conectar uma marca com os consumidores, melhor do que o concorrente. Para isso, o profundo conhecimento do consumidor e do mercado, sustentado por um produto que corresponda com o comunicado, somado à 34 construção de um bom plano feito por uma equipe competente, eleva as chances da marca de reposicionar com sucesso. 35 3 METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA Estudo bibliográfico de caráter exploratório, em que foram estudados estudos de caso sobre reposicionamento, além de artigos, dissertações e teses sobre o tema para posteriormente realizar uma análise geral para compor as características do reposicionamento de marcas no mercado. 3.2 DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA Devido a escassez na literatura sobre reposicionamento de marcas, a população encontrada foi reduzida à poucos estudos casos encontrados, tanto que o autor teve que recorrer a literatura internacional. No site da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD) foram encontrados 11 casos pesquisando-se pela palavra chave reposicionamento. Fora estes, outros cases também foram encontrados em fontes diferentes conforme o quadro 06. Vale ressaltar antes, que pesquisando em motores de busca on-line se encontra várias menções com a palavra chave “reposicionamento”, apontando que empresas nacionais e internacionais já passaram por processos de reposicionamento de marcas, porém não cabe sequer incluir na tabela da pesquisa da população, pois há muita falta de informação. Existem também trabalhos com a palavra chave reposicionamento de marcas, porém se tratam de outros tipos de reposicionamento, como reposicionamento de pessoal, de equipe de vendas, etc. Sendo assim, ficou incluído na tabela apenas cases que se pode observar consistência e teor sobre todo o processo que a empresa passou, conforme a seguir: 36 Quadro 5 - número de casos selecionados. FONTE ANPAD Revista Exame Revista Supersul Empresa Várias Batavo; Minuano; União Bombrio Businescasesstudies.co.uk Philips international Irish Jornal of Management Bulmers Original Cider 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL 4 1 3 1 2 2 11 1 3 1 1 1 1 1 1 Total de casos 17 Fonte: Elaborado pelo pesquisador. Ao analisar todos os 17 casos encontrados, foi verificado que nem todos demonstravam de forma clara e concisa o processo de reposicionar a marca, explicando os passos e as fases deste processo, e portanto nem todos puderam se encaixar neste estudo. Sendo assim, foram escolhidos quatro casos que apresentavam detalhadamente e ordenadamente as características do processo, que se tornaram a amostra do estudo. De acordo com Castro (1977) geralmente não é possível medir todas as partes de uma população a ser pesquisada, e a amostra é uma parte aleatórea não tendenciosa que representa essa população na pesquisa, reproduzindo os parâmetros da mesma. Quadro 6 - casos selecionados para amostra. FONTE Empresa 2006 ANPAD Várias 1 Irish Jornal of Management Bulmers Original Cider Total de casos 2007 1 2008 TOTAL 2 3 1 4 Fonte: Elaborado pelo pesquisador. 3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS O estudo em questão coletou as informações por meio de dados secundários; bases cientificas de estudo, portais, pesquisas e afins, os quais já foram interpretados, filtrados e organizados de maneira a permitir o estudo do material. Para Castro (1977) os dados secundários são parte importante de uma pesquisa, pois é possível ter grande abrangência a baixo custo e com maior velocidade. Em alguns estudos os dados secundários são os únicos disponíveis. 37 No mesmo sentido, Cervo, Bervian e Silva (2007) citam que praticamente todo o conhecimento humano está disponível em bibliotecas na forma de livros, revistas, trabalhos, impressos e pela internet. Um estudo sempre requer que conste sobre aquilo que já foi escrito sobre o tema para ajudar a buscar respostas para o problema. A técnica de coleta de dados deste trabalho foi a análise de conteúdo, onde as conclusões da interpretação e análise dos casos da amostra serviram diretamente de resultado ao objeto foco do estudo. Para analisar o conteúdo da pesquisa, Cervo, Bervian e Silva (2007) escrevem que é necessário fazer uma pré leitura do conteúdo, seguida de uma leitura seletiva e por fim uma leitura critica ou reflexiva. Para a análise em si, é importante algumas atitudes como comparações, julgamento e diferenciações sempre se desapegando do culto da verdade e de preconceitos. Ainda sim, Brenner e Jesus (2007) expõem que esta técnica recorre na literatura materiais que não sofreram tratamento analítico e que podem ser reinterpretados conforme os objetivos da pesquisa. Tal técnica permitiu comparar a freqüência dos aspectos de cada processo de reposicionamento de marcas e discorrer sobre suas peculiaridades, bem como tentar encaixar tais processos nos modelos anteriormente propostos por seus autores. 3.4 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS No universo da ciência, existem três conhecidas abordagens de pesquisa as quais são: quantitativa, qualitativa e quanti-qualitativa. Dada a característica deste estudo, a abordagem usada e mais propícia foi a qualitativa. Para Brenner e Jesus (2007) o método qualitativo, assim como o quantitativo, estuda as relações entre as variáveis e envolve o nível de ciência dos fenômenos estudados, porem apenas não os quantifica por não serem possíveis de mensurar. Segundo Castro (1977) as pesquisas qualitativas, também conhecidas como nominais ou classificatórias, não tem uma correspondência direta com um numero para que possa ser justificado e traduzido. Não podem ser ordenadas e 38 organizadas por não terem números em escala, assim necessitam de interpretação e análise. É essencial citar que para atingir o objetivo deste trabalho, alem da leitura e interpretação dos casos de estudo, a opinião de seus autores foi importante para entender de forma mais clara os processos de reposicionamento da marca, sendo que a consulta a essas opiniões foram feitas inúmeras vezes. 39 4 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA As características das empresas selecionadas na amostra serão abordadas nesta seção, bem como o processo de reconhecimento de um posicionamento ineficiente das mesmas e o processo de mudança para um novo posicionamento. Por fim a explanação dos casos destas empresas serão confrontados com os autores sobre modelos de reposicionamento a fim de reconhecer padrões de similaridade e poder compreender o sucesso do reposcionamento, e poder chegar a uma conclusão para este estudo. 4.1 ASPECTOS DAS EMPRESAS DA AMOSTRA Nesta subseção é tracejado as características das quatro empresas que participaram da amostra desta através da leitura dos casos foi possível filtrar e transcrever as informações necessárias, como ramo de atividade, posição antiga da marca, posição após o reposicionamento. O Quadro a seguir faz a contextualização das empresas: Quadro 7 - Características das empresas da amostra. Empresa Autores Ramo de atividade Posição antiga da marca Posição após o reposicionamento Alpargatas S.A. (maca Havaianas) Serralvo, Prado, Leal (2006) Calçados Chinelo de dedos popular Sandália da moda, “As legítimas” Atlantica Hotels Oliveira (2008) Hotelaria Cada franquia atuava conforme sua área Usar a mesma marca em todos os hotéis da rede Hotel Renaissance Oliveira (2008) Hotelaria Hotel para homens de negócios Hotel para pessoas de alta classe que buscam experiências diferentes Cidras e espumantes Bebida barata para festeiros e adolescentes Bebida de pessoas cultas, naturais, finas e responsáveis Ryan, Moroney, Bulmers Cider Geochegan, Cunnighan (2007) Fonte: Elaborado pelo pesquisador. A motivação ou a ideia de se reposicionar a marca surge de alguma indagação, hipótese ou problema em torno da empresa, o qual pode ser explicado pelos modelos de reposicionamento já explanados neste trabalho. Para aplicar estes modelos, primeiro é necessário ir a fundo nos casos das empresas. 40 4.2 CASO HAVAIANAS POR SERRALVO, PRADO E LEAL (2006) O texto apresentado a seguir está sustentado no caso da marca Havaianas, dos autores Serralvo, Prado e Leal (2006). A empresa São Paulo Alpargatas S.A. foi fundada em 1907 na cidade de São Paulo. Começou comercializando um calçado feito de lona e materiais baratos que rapidamente fez sucesso no Brasil todo pela sua durabilidade e preço baixo. Nos anos 50, a empresa teve queda das vendas e começou a diversificar seus produtos até lançar as sandálias Havaianas em 1962, o qual também fez muito sucesso e alavancou as vendas da empresa novamente, pois os concorrentes não tiveram sucesso em imitar o produto com a mesma qualidade.O produto tinha pouca tecnologia, mas para aquela época foi uma grande inovação. As Havaianas foram lançadas focando na classe média/alta, e seu nome foi dado assim para fazer uma conexão entre descanso e riqueza, pois na década de 1960 as pessoas ricas dos Estados Unidos e da Europa passavam férias no Havaí, que era o local da moda. Porém na década de 1990, percebeu-se que as vendas não estavam evoluindo e que o principal fator disto era o posicionamento da marca Havaianas, que era vista como um produto sem elegância, sem status, e para classes econômicas mais baixas. Outro fator era que os concorrentes finalmente conseguiram copiar o produto com a mesma qualidade e entraram agressivamente neste mercado, diminuindo a sua participação, como por exemplo os chinelos Rider da empresa Grandene. Na mesma época, as vendas da Havaianas caíram 25% e foram obrigados a reduzir drasticamente as margens de lucro para compensar as vendas. Seu preço cada vez mais baixo foi o que manteve o produto vendendo por um certo tempo, mas isso levou a posição da marca cada vez mais para as classes econômicas menos favorecidas, o que atestava a sua falta de glamour. Em 1994, com uma nova agência de publicidade, a diretoria concluiu que estava na hora de mudar o posicionamento da sua marca e colocou em ação um plano, que era chamado de estratégia de revitalização da marca. O foco era direcionar a marca para a classe “A” para poder dar elegância à marca e elevar a margem de lucro. A intenção era tirar o status de chinelo do produto e colocar as havaianas como sandália, pois chinelo no dicionário significa calçado velho. O alvo da comunicação deixou de ser a qualidade do produto para ser quem usava o produto. As propagandas falavam menos das vantagens técnicas do produtos e 41 mostravam os atores e atrizes do momento usando as sandálias havaianas em belas praias, e os comerciais sempre usavam pitadas de humor, descontração e um pouco de sensualidade. A marca Havaianas começou a aparecer também pela primeira vez em impressos, e investiu pesado patrocinando eventos e formadores de opiniões. Neste sentido, o autor escreve que o produto, o preço, a distribuição e a comunicação foram trocados simultaneamente para dar agilidade máxima no processo. O produto em si, ficou mais confortável, ganhou tiras monocromáticas e a marca impressa nelas, e começou a seguir as cores da moda do momento. A embalagem deixou de ser um relés saco plástico para um cartucho descolado. A distribuição foi outro ponto importante, e o mais radical. A empresa, num ato audacioso, parou de vender para grandes distribuidores e começou a vender para lojas de shopping e lojas de esporte, juntamente com um display chamado de “havaianeiros”que deixava a marca exposta por cor e tamanho. Para aumentar a percepção do cliente, o preço foi reajustado para agregar valor. Para fechar o ciclo da estratégia de reposicionamento, a marca criou seu departamento de exportação e se lançou no exterior, começando com eventos de moda na França e Itália. A ideia era lançar de iniciou produto seguindo o padrão já adotado no Brasil: preço alto e direcionado para classe alta. Inicialmente deu certo esta estratégia e a marca conseguiu rapidamente colocar seu produto na mais renomada galeria de moda do mundo, a Galerie Lafayatte, em Paris. A empresa conseguiu ali, depois de muita negociação em 2002, que as havaianas fossem vendidas por 30 euros. Em seguida, a mídia espontânea foi intensae se tornou fácil entrar em outros mercados como Estados Unidos e Japão. Fez parte desta estratégia de mostrar o padrão elevado na marca no exterior, a não distribuição das havaianas como brinde, conforme foi solicitado pela Galerie Lafaytte, e a recusa de vender para a maior rede distribuidora do mundo, o Wall-Mart, conforme foi feito no Brasil também. Segundo o autor, a exportação direta da Alpargatas confidencia que vender no Wall-Mart iria arruinar totalmente a plano de manter o preço e a exclusividade do produto, visto que essa rede mundialmente espalhada iria comprar em grandes quantidades para vender à baixos preços. A internacionalização das Havaianas repercutiu no mercado Brasileiro, fato que já era esperado nos planos iniciais de se exportar o produto, o que contribuiu para dar suporte na estratégia do mercado domestico. Em 2006, as 42 havaianas detinham 85% do mercado nacional de sandálias de borracha, com viés de crescimento. 4.3 CASO ATLANTICA HOTELS POR OLIVEIRA (2008) O texto apresentado a seguir está sustentado no caso da marca Atlântica Hotels, do autor Oliveira (2008). Pela descrição do autor, o Atlantica Hotels é a maior administradora de hotéis da América do sul há mais de 50 anos, tendo sob seu controle mais de 60 hotéis superando o total de 9.000 apartamentos e passando de 6.000 investidores, tendo como principal bandeira a franquia do grupo Choice, entre outras 10 bandeiras divididas em quatro segmentos: econômico, classe média, superior e luxo. Além das suas bandeiras, a administradora detinha acordos com outros grupos hoteleiros, de outras bandeiras. Dentro deste espectro de marcas e segmentos, se notou que a marca Atlântica Hotels tinha pouca ou nenhuma evidência na mente dos consumidores, bem como a qualidade e o padrão dos serviços de cada bandeira era diferentes entre si, o que não fazia conexão com a marca da administradora. Isso foi apontado pela alta gerência como um ponto desfavorável, pois não exaltava toda a força e potencial que a marca tinha, estava tudo pulverizado nos diversos hotéis da cadeia. Outro ponto negativo da antiga posição era que, depois de instalado e implementado cada unidade, toda a responsabilidade e liberdade de operacionalização era deixada pelo próprio hotel, os quais não consideravam estar sob o apoio da Atlântica. Assim, não havia equiparação de preços, horários, tarifas e serviços. Cada um agia conforme melhor fosse. Isso no curto prazo era bom, pois desburocratizava o funcionamento e reduzia custos, porém no longo prazo poderia trazer prejuízos à marca Atlântica. Aliado ao caminho planejamento que estava longe do realizado, se percebeu que era hora de dar outro norte para a posição da marca. Para o autor, aumentar a força da marca foi, de fato, o ponto alvo da nova posição de marca desejada, pois com mais força demonstrada, mais fácil fica as negociações com todos os clientes do negócio: clientes, agências de turismo, coordenadores de viagem e fornecedores, que antes passavam a ver bandeiras como pequenos hotéis isolados e agora passarão a ver uma cadeia de hotéis solida e madura no mercado. 43 Para dar inicio na estratégia, a empresa decidiu que primeiro era preciso se auto compreender, além de avaliar melhor seus clientes e suas capacidades, incluindo as fichas de hospedagem de sugestão/reclamação que foram consideradas. Levando em conta que 90% dos clientes eram pessoas de negócios, a administradora levou em conta focalizar em um serviço rápido e ágil para bem aproveitar o tempo de uma pessoa de negócios, além de oferecer boa segurança, bom descanso e boa conectividade com seus negócios. Paralelamente foi decidido manter três classes das quatro: econômica, superior e luxo. Este é o primeiro passo do reposicionamento, oferecer sempre o mesmo serviço em todos os hotéis da rede, para que o cliente tenha sempre a mesma percepção, ou em outras palavras, saiba sempre a posição desta marca. O autor informa que a alta direção envolvida no processo teve receio de implantar todas as ações ao mesmo tempo, pois é difícil acertar de início. Assim, as ações foram tomadas com cautela e mensurando seus impactos. No operacional, as mudanças começaram na recepção, onde os atendentes receberam o mesmo treinamento em todas as unidades para padronização e modernização de atendimento, incluindo cursos e treinamentos personalizados online. Ainda na recepção, os processos de check-in e check-out foram personalizados também, bem como o atendimento à fornecedores, sempre privilegiando dar ênfase na marca. No quesito preço, para poder alinhar as estratégias da empresa, algumas bandeiras foram agrupadas por categoria (econômica, superior e luxo) para que o cliente possa assimilar o preço da diária quando visualizar a bandeira, embora ainda é possível que o cliente negocie o preço de acordo com o seu nível de relacionamento com aquela bandeira. Para dar sustentação a nova posição, o próximo passo é a nova comunicação na marca Atlântica Hotels, tendo como seu pilar a premissa de que não importaqual bandeira o cliente escolher, o mesmo deve saber que está respaldado pela grande e confiável Atlântica, o que futuramente se espera o fortalecimento desta marca. Na prática, os hotéis começaram a expor fortemente a marca junto com a bandeira, além de mostrar em tapetes, luminosos, bottons, fachada, textos etc., e criou também um programa de relacionamento com agências e operadores de viagem. Junto a isso, um trabalho interno semelhante foi feito com os investidores para mostrar as vantagens da nova posição, o que foi bem complexo dado a grande quantidade de investidores. 44 O autor escreve que no início a empresa passou algumas conturbações com o processo do reposicionamento porque são 1.700 funcionários ao total que já carregam uma forte cultura organizacional e é necessário que todos estejam engajados nesta tarefa, e para os funcionários mais leigos todo esse processo novo era difícil de fazer sentido. Os investidores também foram difíceis de serem convencidos pela característica comum deles que é de resultado no curto prazo, o que não é o tipo de resultado que este tipo de processo proporciona. Ao fim, é descrito que a empresa logo após ter iniciado suas ações já começa a sentir resultados em sua estrutura, mesmo apesar dos resultados poderem ser medidos à longo prazo, há indícios de que serão alcançados. 4.4 CASO DO HOTEL RENAISSANCE (2008) O texto apresentado a seguir está sustentado no caso da marca Hotel Renaissance, do autor Oliveira (2008). Localizado no bairro no nobre Jardins, São Paulo, o hotel criado em 1997 possui 25 andares que abrigam 452 apartamentos mais uma ampla área de 2.700m2 destinada para eventos e ainda tem em sua estrutura restaurantes, fitness Center, spa, sala de reuniões e escritórios.O hotel Renaissance foi planejado pensando-se em atingir o público de classe alta e ao alto executivo, maioria masculino.Em síntese, é essencialmente um hotel de luxo para diretores e executivos em viagem, ou como prega o posicionamento inicialmente pretendido, é um hotel de conforto voltado ao business man. Para o autor, com a chegada de dois novos concorrentes de mesmo posicionamento pretendido no bairro, as vendas do hotel despencaram rapidamente e se viu que os clientes não tinham mais o Renaissance como a primeira posição mental em relação a um hotel super confortável para negócios. Na realidade, já se indagava que o posicionamento do hotel não tinha sido bem assimilado pela clientela. Ambos estes motivos serviram de problema para que o hotel pensasse em como contornar esta situação, ou seja, criar maior aderência ao posicionamento pretendido. Nesse sentido, o hotel decide executar uma manobra diferenciada e destina seis andares do hotel para o club level, apelidado de “um hotel dentro do hotel”, que visa atender um público de socioeconômica ainda mais alta do que o 45 público já existente, na tentativa de encaixar os esforços no seu posicionamento desenhado. Esta oferta de altíssimo luxo além de mostrar a real posição da marca, almeja adquirir um novo público ainda não atendido pelo hotel, e principalmente por nenhum concorrente, o que se espera gerar como resultado um aumento das receitas. Primeiramente, a empresa começou analisando todas as dimensões inerentes ao negócio, com pesquisas focalizadas no mercado, na empresa e nos concorrentes. Sobre o mercado, foram feitas pesquisas com os potenciais clientes e os hóspedes. Neste ponto, descobriu-se que a interação e a integração entre os dois públicos se mostrou inviável e que era necessário a total separação de ambos, evitando ao máximo áreas de comum acesso. Pesquisando as potencialidades e fraquezas da empresa, se notou que embora esta nova oferta fosse enaltecer a bandeira da marca, poderia também causar uma temida confusão entre os clientes já que o hotel possui um posicionamento mesmo que indesejado. Para tanto os cuidados com comunicação foram redobrados se explorando diferenciais bem subjetivos, que são difíceis de serem confundidos e também difíceis de serem copiados pela concorrência. No quesito concorrência, a alta diretoria do hotel se hospedou com freqüência em todos os hotéis concorrentes para coletar toda a informação possível dos oponentes, onde pudesse ser ofertado algo totalmente diferente deles. Em vista de toda as pesquisas do hotel, ficou claro que para reposicionar a bandeira do conforto para o status, mudanças tangíveis e pontais eram obrigatórias, sendo que tudo o que fosse ser implementado era pensado para fornecer experiências emocionais que propusessem a constante sensação de status e importância. A estrutura física foi modificada adicionando mais requinte e luxo desde a recepção aos quartos, mas para realmente entregar a sensação de qualidade superior era claro que o atendimento personalizado seria o ponto de sucesso para a consistência do reposicionamento. O front-office foi todo remodelado com treinamento exclusivo de alto padrão, e também com base na experimentação da oferta, para que tivessem total conhecimento do processo. Não obstante, o serviço de hospedagem também recebeu um upgrade. O preço foi o fator que fixou a nova posição do hotel, pois é o principal elemento de percepção do cliente que faz relação com um produto diferenciado. O 46 preço também deve ser aumentado para que a operação seja financeiramente viável em detrimento do alto custo de manutenção. Como já era de se esperar, a comunicação teve forte papel no reposicionamento. O conteúdo, como já descrido, foi focado em valores subjetivos que miram no status, e os canais também foram focados no público desejado prometendo entregar o que o hotel tem de melhor para um publico tão exigente. 4.5 CASO DA BULMERS ORIGINAL CIDER (2007) O texto apresentado a seguir está sustentado no caso da marca Bulmers, do autor Ryan et al (2008). A Bulmers Ltdafoi fundada em 1935 e é líder na Irlanda em produção de Cidra, bebida alcoólica fermentada do suco de maçã, hoje controlada por um grande grupo internacional de bebidas e alimentos, o C&C group ltd. No final dos anos 1980, a empresa viu suas vendas caírem ano a ano. Somente de 1988 para 1989 a empresa encolheu 11%. Facilmente se percebeu que esse péssimo desempenho se devia a imagem negativa que o seu produto, a cidra Bulmers tinha adquirido ao longo do tempo perante os consumidores e a mídia. Até os distribuidores se recusavam a estocar o produto. A bebida era barata e possuía teor alcoólico muito alto e carregava fama de bebida de zoeira e orgia, especialmente consumida por adolescentes inconseqüentes. Era comum ver as deselegantes garrafas plásticas marrons de dois litros vazias esparramadas aos montes no dia seguintes em frente a festas e bebedeiras. A sua cidra também era acusada de ser um dos fatores que levava ao alto índice de alcoolismo na população naquela época. Diante deste cenário, onde a empresa não tinha mais perspectiva de crescimento, em 1989 o diretor de marketing decidiu iniciar um processo para reposicionar a marca e tentar salvar o seu único e principal produto. Num ato de desespero, rapidamente a empresa começa a fazer campanha de publicidade para tentar mostrar que cidra é melhor que cerveja. A nova campanha trazia a frase “todo o resto tem gosto de cerveja” na tentativa de comunicar que cidra era um produto superior. Os anúncios eram grosseiros e feitos sem muito planejamento e apesar de fazer sentido aos consumidores, a campanha não surtiu nenhum efeito na marca e somente foi desperdiçado dinheiro. 47 Em face da desastrosa campanha inicial, a alta diretoria da empresa decidiu se encarregar de fazer uma estratégia de reposicionamento mais eficiente e então começou fazendo uma ampla pesquisa de mercado para descobrir basicamente o que os consumidores pensavam a respeito da marca e do produto. Nesta pesquisa, foi evidenciado que o produto realmente era rejeitado por ter um grande volume de álcool o que levava a alguns apelidos populares como suco lunático ou limonada elétrica. Mesmo assim, ficou claro também que as pessoas possuíam certo apreço pela marca e que não gostariam que ela saísse das gôndolas. Em síntese, a empresa confirmou que realmente tinham um problema com sua imagem e produto, mas que também havia um grande prestigio pela marca em si, pois era muito antiga e conhecida. Percebendo que não seria possível fazer com que os consumidores de cerveja migrassem para a cidra, a empresa segmentou seus consumidores para melhor entendê-los: o tomador regular de cidra, que bebe quase todo dia porque gosta do gosto ou de consumir álcool; o tomador social que bebe socialmente em seu tempo de fazer, seja aos finais de semana ou no jogo de futebol; e o tomador ocasional que bebe raramente seja num dia muito quente ou um copo quando viaja. Essa classificação ajudou a empresa a segmentar a comunicação, pontos de venda e tamanhos de embalagem. Fazendo um benchmarking da famosa marca irlandesa de cervejas Guiness, que focou sua comunicação no tempo da marca e sua tradição, a Bulmers também embarcou neste conceito e aderiu sua nova estratégia de comunicação que virou seu slogan “Nada adicionado além de tempo”. Essa nova estratégia foi fortemente propagada nos veículos de mídia e começou lentamente a difusão da nova posição da marca, que foi simultaneamente implantada com a redução do teor alcoólico do produto e aprimoramento das embalagens. Para amenizar a opinião critica da população e da imprensa, a Bulmers organiza junto a outras empresas de cidra da Irlanda um fundo de combate à sua má fama e da fama da cidra. A Bulmers representava 95% deste fundo que tinha como meta encorajar o consumo de cidra para pessoas adultas e responsáveis; promover o uso da cidra junto à culinária e combater o consumo entre menores de idade. Aliadoa isso, o fundo também contra atacava os jornais que não pudessem provar que houve consumo excessivo de cidra em festas alcoólicas a pedirem desculpas 48 publicamente. O fundo tinha também o apoio da policia em campanhas de consciência sobre o consumo de álcool. A Bulmers elevou o seu preço para expor o valor Premium da marca e encerrou as mídias de incentivo a bebida dentro dos bares, e começou a patrocinar eventos da classe alta como campeonatos de golf e programas de esporte. A marca também começou a exportar o produto como uma bebida de alto valor agregado. Alguns anos após as mudanças implantadas pela marca era reconhecida a nova posição da marca perante consumidores e imprensa, e as vendas decolaram novamente. 4.6 DISCUSSÃO DOS CASES DE REPOSICIONAMENTO DE MARCA A partir dos cases transcritos sobre quatro empresas com suas necessidades específicas de reposicionar a marca, é importante discutir sobre todas as características destes processos, conforme apresentadas no Quadro 8. Quadro 8 - características das empresas pesquisadas Empresa Alpargatas S.A. (maca Havaianas) Bulmers Cider Atlantica Hotels Hotel Renaissance Posição antiga da marca Ramo de atividade Chinelo de dedos popular Calçados Posição após o reposicionamento Sandália da moda, “As legítimas” Cidras e espumantes Bebida barata para festeiros e adolescentes Hotelaria Cada franquia atuava conforme sua área Usar a mesma marca em todos os hotéis da rede Hotel para homens de negócios Hotel para pessoas de alta classe que buscam experiências diferentes Hotelaria Fonte:elaborado pelo autor. Bebida de pessoas cultas, naturais, finas e responsáveis Etapas do Reposicionamento 1ª: agregar valor 2ª: mudar o canal 3ª: elevar preço 4ª: comunicar 1ª: pesquisar atributos 2ª: melhorar o produto 3ª: segmentar comunicacao 4ª: elevar preço 1ª: pesquisar mercado 2ª: definiar nova posição 3ª: adaptar serviço 4ª: elevar preço 1ª: pesquisar atributos 2ª: segmentar categorias 3ª: padronizar a comunicação 4ª: ajustar preços Comportamento estratégico defendido pela literatura(autores) - Reposicionamento corretivo (TELLES, 2004). - Diferenciar do concorrente (TROUT; RIVKIN 2011). - Reposicionamento corretivo (TELLES, 2004). - Planejar, criar identidade da marca e posicionar (TALARICO, 1998) - Reposicionamento propositivo (TELLES 2004). - Diferenciar do concorrente (TROUT; RIVKIN 2011). - Reposicionamento reativo (TELLES, 2004). - Diferenciar do concorrente (TROUT; RIVKIN 2011). 49 As marcas Havaianas e Bulmers tiveram a necessidade de reposicionamento após ficar claro que seus atuais posicionamentos não surtiam efeito sobre os consumidores ou o faziam de forma negativa, o que consequentemente estava derrubando as vendas. Para Telles (2004) esses são casos típicos de reposicionamento corretivo, quando a marca não tem mais destaque no mercado e a atual posição precisa ser revista para poder surtir efeito e gerar valor nos consumidores. Neste caso, quando a percepção da marca tem baixa relevância, é necessário selecionar atributos para associação com a marca e iniciar um processo de reconstrução da mesma, e de fato foi o que aconteceu quando ambas as marcas Havainas e Bulmers tinham baixo valor percebido pelos consumidores, decidiram criar novos atributos e comunicá-los, o que depois do processo criou uma nova imagem da marca. Segundo Trout e Rivkin (2011) empresas que passam por crises comumente têm como fator de causa a gestão ineficiente ou descuido com os concorrentes. Interpretando os cases destas duas marcas, é notório que a gestão delas era arcaica e nada criativa, demonstrando até sinais de descaso com a marca, o que evidentemente levou naturalmente a uma crise interna. Ainda sim para os autores, o total envolvimento dos níveis hierárquicos mais altos da companhia são um dos fatores de sucesso para a eficiência da nova marca, o que também é notório nestes casos, onde presidentes e diretores estão profundamente engajados na totalidade do processo. No caso da marca Renaissance, após a entrada de fortes concorrentes próximos, o seu posicionamento até então único naquele mercado/região ficou dividido e confuso, o que acarretou na perda da primeira posição absoluta e ineficácia da marca. Nesse sentido, foi bem arquitetado pela alta gerência, a necessidade de uma nova posição para novamente se destacar da concorrência. Quando se fala em reposicionar em torno da concorrência, Trout e Rivkin (2011) afirmam que é obrigatório que a empresa sempre tenha uma posição diferente dos oponentes, para que na mente dos consumidores não haja confusão de escolha da marca, e foi exatamente o que a Renaissance fez quando saiu do luxo para negócios para propor experiências de conforto e exclusividade. Ao oferecer um novo serviço, a marca elevou o seu padrão e subiu um degrau na posição, voltando a fazer sentido e criando valor. Ainda sim, o autor destaca que novos produtos e novas ideias são a melhor maneira de obter o reposicionamento da marca pois permitem posicionar novos atributos. No cenário desfavorável que precede a nova 50 posição do Renaissance, Telles (2004) enquadra esta situação como sendo uma reação as adversidades do mercado, necessária para o bem estar da saúde da empresa em um ambiente em que a empresa tinha uma boa aderência na comunicação do seu posicionamento e o mesmo tinha força e fazia sentido, entretanto já não tinha mais vantagem competitiva e ficou fora de posição. Somente através de um novo significado é viável obter a diferenciação e buscar as primeiras posições. A administradora de hotéis Atlântica observou que tinha uma oportunidade de explorar um ponto que estava oculto que era a força de sua grande marca que ficava sempre as sombras de suas bandeiras administradas. A empresa não tinha nenhum problema grave de mercado ou marca, mas vislumbrou uma chance de fortalecer a marca e solidificar posição. Para Telles (2004) ações voltadas para adaptar e alinhar a competência estratégica da marca com os atributos valorizados pelo mercado exigem principalmente o foco e o investimento maciço em comunicação, pois num cenário em que a marca é estável, o risco é baixo e compensa a tarefa de atingir um alto grau de fixação da marca onde se percebe que esta tem potencial e necessita que seja percebida no mercado. Nas palavras do autor, é factível a semelhança com a realidade descrita no caso da marca Atlântica em que o alto investimento da comunicação detalhada da marca em todos os detalhes da convivência com o cliente e demais interessados com a marca possibilitou a tranqüila assimilação do seu alto valor. Seguindo esta concepção, Trout e Rivkin (2011) alegam ser importante a constante revisão da atual posição da marca, uma vez que o mundo atualmente evolui assustadoramente rápido e a evolução de uma marca se da como fator de sobrevivência.Mesmo que a marca esteja bem no mercado, uma nova mudança pode mudar a sua condição abruptamente, e um processo pela exposição e agregação de valor é muito bem vindo no sentido de estar sempre inovando e evoluindo. As marcas que permanecem por um longo período de tempo estagnadas ou estáticas são candidatas a serem engolidas por novas tendências e posteriormente ao fracasso, e aqui o acompanhando e revisão da posição da marca se faz constantemente necessários. Sobre todos os cases abordados destas quatro marcas que conseguiram se reposicionar, ficou evidente que todas passaram por etapas bem estudadas, desde o planejamento de todo o escopo do reposicionamento, passando pelos 51 estudos de mercado e acompanhamento do processo. Para Talarico (1998) a coleta e reunião do maximo possível de informações é que o vai gerar as bases para um reposicionamento de sucesso. O entendimento profundo, começando pela própria empresa, passando pelo mercado, papel da marca e desejos do consumidor vão fazer um bom planejamento para dar sustentação a todo o projeto, onde o próximo passo é elencar e arranjar os elementos ou novos elementos da marca que permitam fomentar a comunicação para o consumidor. A autora também coloca que a análise da concorrência e readequação dos preços fazem parte de um plano bem elaborado de posicionamento, o que fica claro em todos os cases estudados, onde o concorrente é avaliado e constatado sua posição para se posicionar em torno deste, e os preços modificados geralmente para cima para assumir valor. Outro ponto em comum com todos os casos que veio a tona e ficou nítido é que as marcas mexeram consideravelmente em um ou mais pontos do seu composto de marketing. Para poder oferecer uma nova proposta de valor, o produto teve que ser modificado e oferecido de forma diferente, o preço reajustado e a comunicação toda revista e adaptada. A reformulação dos 4 P’s da empresa serve de alicerce para o reposicionamento. Para Kotler e Keller (2006) o caminho para se reposicionar é estabelecer relação com uma categoria e encontrar meios de diferenciação. O meio mais fácil para se diferenciar é através do produto, onde o consumidor pode criar conexões diretas com a marca, mas pode-se também procurar a diferenciação pelos canais, comunicação e preço. A utilização de um ou mais elementos do composto em prol do reposicionamento garante maior aderência e visibilidade da nova imagem da marca. 52 5 CONCLUSÃO Por meio da pesquisa bibliográfica que buscou fundamentar este estudo, foram obtidas informações relevantes para atingir com êxito o seu principal objetivo que é compreender os fatores e processos para o reposicionamento de uma marca. Para tal compreensão foi necessário planejar este estudo desmembrando seu objetivo geral em objetivos específicos seqüenciais para dar lógica ao estudo. Assim, depois de feita a fundamentação teórica que serviu de sustentação ao trabalho, se iniciou a pesquisa apresentando as características e detalhes das empresas pesquisadas, momento o qual começou a ficarem claros alguns motivos que induziram as empresas a tomarem a decisão de reposicionar suas marcas. O que ficou evidente como um fator comum para tal decisão foi o fato de as empresas estarem com as vendas diminuindo e isso leva a repensar todo o seu negocio, o que não foi o caso do hotel Atlântica que vislumbrou uma oportunidade de fortalecer a sua marca sem estar passando por nenhum problema. O hotel Atlântica decidiu reposicionar a sua marca para fortalecer toda a sua rede e ter benefícios comerciais com isso, estratégia a qual se encaixa como o melhor exemplo de reposicionamento que são ações voltadas para adaptar e alinhar a competência da empresa com as exigências do mercado segundo Telles (2004) o que deixa claro que não necessariamente a decisão de reposicionar precisa ser em meio a uma crise para consertar um problema, embora essa característica seja mais comum nos casos apresentados, que também tem resultados positivos embora mais difíceis e lentos de serem alcançados, que é o caso da Havaianas e da Bulmers. Ambas as empresas estavam com a imagem de sua marca com pouco ou nenhum prestigio perante os consumidores, considerado o caso de posição mais grave segundo Telles (2004). Depois de verem suas vendas despencarem, foi necessário então buscar corrigir sua imagem através de um reposicionamento de marca. Segundo Trout e Rivkin (2011) o mercado nos dias de hoje é muito agressivo e qualquer descuido com a marca e a concorrência pode levar ao descrédito da marca. Para reverter essa situação, as empresas tiverem que buscar novos atributos que faziam sentido para o consumidores e gastar grandes quantias monetárias para poder comunicá-las. Basicamente, a Havaianas e a Bulmers elevaram o status de seus produtos a uma nova categoria mexendo, para isto, em todo o seu composto de marketing. Assim seus produtos adquiriram respeito por serem destinados a 53 classes sociais mais seletas e voltaram a vender mais, mesmo com preços mais caros. O caso no hotel Renaissance apresentou uma outra forma de reposicionamento, em que a entrada de mais concorrentes próximos com a mesma proposta acabou tirando a exclusividade que o hotel tinha e a sua comunicação embora fizesse sentido já não trazia mais os resultados esperados. Assim a alta gerencia viu que era hora de mudar e decidiu trocar o conceito do hotel, a comunicação e consequentemente a posição da sua marca, onde foram feitos vários testes e estudos de mercado, tudo foi planejado minuciosamente. Ao ofertar algo novo e único naquele mercado, o Renaissance conseguiu novamente obter resultados satisfatórios com sua comunicação e as vendas melhoraram. Para Talarico (1998) o planejamento meticuloso e bem pensado, aliado à reunião de todas as informações necessárias formam o alicerce para um bom reposicionamento. O que foi possível identificar é que conforme a literatura sugere, existem diferentes tipos de reposicionamento para diferentes situações que a marca se encontra, e sempre é possível contornar uma posição desfavorável por mais ruim que ela seja, embora isso possa demandar quantias significativas de dinheiro e bastante tempo. Um outro aprendizado que este estudo oferece é que as marcas precisam estar em constante revisão de todo o seu escopo, pois a quantidade de concorrentes é grande e isso gera competição assídua e os hábitos dos consumidores mudam e evoluem com frequência, assim como muda também a macro economia que pode ter influencia na marca, e um reposicionamento por necessidade é sempre mais caro e difícil do que um reposicionamento por manutenção ou oportunidade. Um trabalho deste porte geralmente enfrenta dificuldades que podem torná-lo limitado ou incompleto. O tema deste estudo embora seja de grande relevância para o mundo corporativo e para os estudantes de marketing, pouco se encontra subsidio na literatura acadêmica, o que demandou tempo demasiado para encontrar poucos casos que descreviam com clareza os processos de reposicionamento de marca, tornando a amostra assim relativamente pequena, e isso dificultou a analise e comparação dos dados. Por fim, como este assunto não é abundante em bibliotecas e acervos online, sugere-se que sejam coletadas mais informações e disponibilizadas à 54 comunidade pesquisadora sobre casos que contemplem outras empresas que pasaram por processos semelhantes de reposicionar suas marcas passando por todas as suas etapas. O conhecimento acerca deste tema se faz necessário às empresas que passam por crises ou que encontram oportunidades, mas não sabem como lidar. 55 REFERÊNCIAS AAKER, David A. Construindo marcas fortes. Porto Alegre: Bookman, 2007. BAKER, Michael J. Organização e planejamento para o Marketing. In: BAKER, Michael J. (org.) Administração de marketing: Um livro inovador e definitivo para profissionais de marketing. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. BRENNER, Eliana de Morais; JESUS, Dalena Maria Nascimento. Manual de planejamento e apresentação de trabalhos acadêmicos. 2ed. São Paulo: Atlas, 2007. CASTRO, Claudio de Moura. A prática da pesquisa. 1ed. 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