ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PRESTADA A VÍTIMA DE TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO EM JOVENS E ADULTOS Marli Ferreira1 Suseli de Fátima Machinievicz1 Margarete Fleiter2 Eunice Kyosen Nakamura3 RESUMO: O trauma está entre as principais causas de morte se avaliarmos a idade produtiva do individuo dos dezoito aos quarenta anos passa a ser principal causa de morte nesta faixa etária, através de estudos bibliográficos verificamos que a principal causa de traumatismo crânio-encefálico (TCE) são acidentes automobilísticos que na maioria das vezes estão associadas a intoxicações exógenas sendo a faixa etária mais atingida jovens e adultos, cerca de oitenta por cento são TCE leves,dez por cento moderado e dez por cento grave,onde de dez a vinte por cento evoluem do TCE leve para o grave. Conforme a forma de atendimento ou primeiros socorros prestados ás vítimas, assim será o prognóstico se conseguirmos prestar um atendimento eficiente evitando possíveis lesões secundárias que podem deixar com seqüelas ou dependência física permanente. Estas vítimas têm que ser assistidas pela equipe multidisciplinar, corretamente amenizando as seqüelas deixadas pelo TCE, conforme a escore da escala de glasgow, avaliando resposta ocular, resposta verbal, resposta motora e avaliação das pupilas, a equipe multidisciplinar estando preparada para o atendimento adequado tanto pré-hospitalar como hospitalar a estas vítimas com certeza amenizará as seqüelas primárias e evitará o aparecimento das lesões secundárias. ABSTRACT: The trauma is among the main death causes if we evaluate the individual's productive age of the eighteen to the forty years become main death cause in this age group, through bibliographical studies we verified that the main cause of TCE is automobile accidents that most of the time are associated to intoxications exógenas being the young and adult reached age group, about eighty percent they are TCE leves,dez moderate percent and ten percent grave,onde of ten to twenty percent they develop of light TCE for the serious. According to the attendance form or first helps rendered ace victims, it will be like this the prognostic if we get to render an efficient attendance avoiding possible secondary lesions that can leave with sequels or permanent physical dependence. These victims have to be attended by the team multidisciplinar, correctly livening up the sequels left by TCE, according to the score of the glasgow scale, evaluating ocular answer, verbal answer, motive answer and evaluation of the pupils, the team multidisciplinar being prepared for the appropriate attendance so much préhospitalar as hospitalar the these slay with certainty it will liven up the primary sequels and it will avoid the aparecimento of the secondary lesions. PALAVRAS - CHAVES:Traumatismo crânio-encefálico, enfermagem,cuidados. KEY WORDS:Craniocerebral,Nursing,care 1 Graduandas do Curso de Enfermagem, UNIANDRADE Enfermeira, especialista, docente UNIANDRADE 3 Enfermeira, doutora, docente UNIANDRADE 2 INTRODUÇÃO Traumatismo crânio-encefálico (TCE) é um problema de saúde pública na atualidade. Já se estima que cerca de quinhentas mil pessoas sofram de TCE por ano nos EUA, sendo que 20% das vitimas terá algumas incapacidades e deficiências (BRUNNER, 2006). Segundo Arruda (2002) no Brasil o aumento acidentes de trânsito se torna um grande problema a saúde, informou que cem mil brasileiros morrem vítimas de trauma a cada ano e cerca de um milhão e quinhentos mil são feridos em acidentes.Com o passar do tempo se chegou à conclusão que o planejamento das ações e a implantação do processo de enfermagem contribui para a qualidade da assistência a estas vítimas sendo essa a justificativa dessa pesquisa. O TCE é freqüente no Brasil e em sua maioria são causados pelos acidentes de trânsito, mergulho em águas rasas,agressões,quedas e projéteis de arma de fogo. De maneira geral a gravidade está relacionada com a intensidade do trauma. Fator relacionado com o prognóstico das vítimas de TCE, apontou que as alterações neuropsicológicas pós-traumáticas constituem um dos principais fatores que determinam no futuro o grau de independência funcional alcançado e retorno no trabalho,como também o estabelecimento de relações familiares e sociais satisfatórias (MUÑOZ, 2001). Este estudo tem como objetivo identificar e fundamentar os principais cuidados de enfermagem na assistência ao paciente vítima de TCE. Como metodologia foi utilizada a pesquisa bibliográfica mediante o método descritivo que segundo VERGARA (2003) expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno, podendo ainda estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Traumatismo crânio-encefálico é a principal causa de morte em uma população jovem,ocorre quando o paciente sofre impacto na cabeça, lesando suas estruturas internas e externas. Suas causas mais freqüentes são os acidentes automobilísticos, quedas e agressões interpessoais (OLIVEIRA, et al., 2004). TCE acompanha a humanidade desde os seus primórdios. A incidência desta afecção aumenta em relação direta com o desenvolvimento tecnológico e a modernização. Atualmente é a maior causa de morbidade e mortalidade nas comunidades; é a terceira causa mais comum de morte, excedido apenas por doenças cardiovasculares e câncer. A principal causa de morte em vítima de traumatismo crânioencefálico é pela obstrução das vias aéreas, principalmente a língua, ao acúmulo de secreções, sangue ou edema facial (OMAN, 2003). O manuseio pré-hospitalar foi muito aperfeiçoado nas últimas décadas, a triagem rápida e agilidade via ambulâncias e helicópteros equipados diminuíram a mortalidade dos pacientes com injúria cerebral. Colohan , et al mostraram num estudo em 2 centros hospitalares indianos que o atendimento pré-hospitalar por médicos e o rápido transporte do paciente para um hospital preparado são fundamentais para o aumento da sobrevivência dos pacientes com traumatismo moderado. Na sala de emergência devemos: (1) avaliar o estado de consciência; (2) determinar a severidade do trauma; (3) identificar o risco do paciente para deteriorização; (4) estabelecer um diagnóstico anatômico; (5) prevenir corrigir a hipóxia e/ou hipotensão. A Escala de Coma de Glasgow ( ECG ) é genericamente utilizada na graduação do trauma. Essa avalia e pontua a abertura ocular, a melhor resposta verbal e a melhor resposta motora; variando entre 3 e 15 pontos. Possuem traumatismo leve os pacientes com pontos entre 13 e 15, moderado os de 8 a 12 pontos; e, grave os de pontos menor que 8. De acordo com Linda (2003), existem dois tipos de lesões cranianas: lesão primária e secundária. A lesão primária é uma lesão mecânica ao cérebro que ocorre no momento do impacto, contusão ou concussão. Concussão é um distúrbio que se associa a uma lesão cerebral, que se caracteriza pela perda das funções neurológicas podendo apresentar confusão mental e até amnésia temporária ou prolongada sendo seguida de outras manifestações clinicas que geralmente são: cefaléia, náusea e vômito (OLIVEIRA, et al., 2004). A contusão pode resultar de uma lesão direta ao cérebro no local do impacto, por fragmentos ósseos com afundamento ou áreas remotas no pólo oposto ao contragolpe as lesões podem ser única ou múltiplas e o quadro depende dos déficits neurológicos (OLIVEIRA, et al., 2004). Já as lesões secundárias são hipoxemia, hipotensão sistêmica e aumento contínuo da Pressão Intracraniana (PIC). A importância da lesão secundária está no fato de ser freqüente e interferir no prognóstico e pode ser prevenida ou minimizada com o manejo intensivo do TCE grave (NASI, 2005). A monitorizacão da PIC, é o exame neurológico evolutivo, o estudo tomográfico e outras modalidades diagnósticas tornaram-se altamente reconhecidos como parte fundamental no tratamento dos pacientes com TCE, o valor da PIC normal é de 0 a 20 mmHG, sendo importante salientar que as elevações da PIC podem ocorrer perante estímulos tais como: tosse, espiro e durante aspirações de secreções e rotação excessiva da cabeça (MOZACHI, et al., 2005). As principais indicações são pacientes: -Com ausência de abertura ocular,resposta verbal e postura motora inadequada de Escala de Gasglow menor ou igual a 7. -Pacientes com estudo tomográfico de lesão expansiva e com resposta motora de descerebração -Pacientes com lesões difusas -Pacientes politraumatizados,com alteração do nível de consciência -Segmentos após procedimentos para tratamento de lesões expansivas intracranianas. Segundo Botelho (1999) a evolução do paciente deve ser acompanhada e registrada de forma sistemática e objetiva, geralmente através de uma ficha de avaliação neurológica. São observados os sinais de localização que dizem respeito ao diâmetro pupilar a presença de reflexo fotomotor, os sinais de hemiplegia, atitudes de descerebração e descorticação. Os exames de imagem devem ser providenciados assim que o paciente tenha condições de ser conduzido ao local. Dentre esses exames, a tomografia computadorizada do crânio é fundamental para o correto diagnóstico das lesões intracranianas produzidas pelo trauma. A avaliação do diâmetro pupilar é fundamental nos traumas crânio-encefálico. Pupilas de mesmo tamanho são ditas isocóricas, puntiformes ditas mióticas e dilatadas midriáticas. O atendimento a vitima de TCE inicia-se pelas Manobras de Suporte Básico a Vida (SVAT) este atendimento é preconizado pela ATLS e estas manobras são aplicadas mundialmente. A- Vias áreas com controle cervical; B- Respiração: Ver, ouvir e sentir; C- Circulação com controle de hemorragia; D- Avaliação Neurológica: conforme a pontuação da Escala de Glasgow ; E- Exposição da vitima com controle de hipotermia. O TCE é classificado da seguinte forma: leve, moderado e grave. TCE LEVE: Corresponde cerca de 80% dos pacientes com trauma craniano, realiza-se tomografia computadorizada (TC), os achados neste exame são freqüentemente fraturas lineares com ou sem afundamento, calcificação, níveis hidroaéreos nos seios, pneumoencéfalo e fratura de face, a escala de glasgow é de 12 a 15 segundo a revisão bibliográfica (NASI, 2005). TCE MODERADO: Os pacientes com esse tipo de trauma são capazes de obedecer a ordens simples, mas estão confusos ou sonolentos e podem apresentar certo déficit neurológico focal como hemiparesia. Esses pacientes devem ser melhor observados, pois 10-20% evoluem para coma, portanto devem ser tratados como potencial TCE graves. A primeira medida a ser tomada quando o paciente entra no hospital é garantir a estabilidade cardiopulmonar (BACCARINI,et al, 2002). TCE GRAVE: Quando o cliente se encontra neste caso eles não são capazes de obedecer ordens mesmo após estabilização, o diagnóstico deve ser rápido para que esta vítima possa ter um tratamento mais qualificado tendo assim um melhor prognóstico, a escala de Glasgow é de 3 a 8 ( NASI, 2005). As complicações dependerão do impacto sofrido podendo ocorrer uma série de lesões posteriores, sendo tais como o aumento gradativo da PIC, hematomas, afundamentos, hemorragias subracnóides,contusão,laceração, concussão. Neste caso a vitima já necessita de suporte de oxigênio contínuo. Segundo Pittela apud (Oliveira, et al., 2004) a etiologia do traumatismo crânioencefálico,varia de acordo com a idade, que ocorre mais comumente na faixa etária de jovens e adultos de 15 a 59 anos a principal causa é por acidentes de trânsito que na maioria das vezes é associada intoxicações exógenas. De acordo com Fisher apud (Mozachi, 2005) tem uma classificação para o coma. Sonolência: O paciente se mantém adormecido. Se estimulado, mantém diálogo e atividade motora apropriada, voltando a adormecer quando o estimulo cessar. Torpor: O paciente se mantém adormecido. Após estímulos fortes,responde monossilabicamente e apresenta atividades motoras simples, visando livrar-se do examinador. Coma leve: O paciente não tem contato verbal. Se estimulado dolorosamente,sua atividade motora restringe-se a defender o local afetado. Coma moderado: Situa-se entre o coma leve e profundo. Coma profundo: O paciente não mantém contato verbal. As atividades motoras, após estímulos intensos,constituem-se apenas de movimentos reflexos, como por exemplo,aumento da atividade respiratória e postura e decorticação ou descerebração. Coma irreversível: Também designado como morte cerebral ou coma dépasse. Segundo Nasi (2005) existem indicações de entubação endotraqueal em vítimas de TCE: Insuficiência Respiratória: 1.Freqüência respiratória>30 ou<10 movimentos respiratórios/min 2.PaO2<70 OU PaCO2>45 mmhg 3.Escore da Escala de Coma de Glasgow < 9 4.Convulsões 5.Pressão intracraniana elevada 6.Necessidade do uso de analgésicos 7.Trauma grave de outros órgãos CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM VÍTIMAS DE TCE Os momentos iniciais após o impacto,tanto no local do trauma quanto no hospital representa uma fase crítica na fisiopatologia da lesão cerebral,quando medidas de receptação apropriadas em um tempo adequado podem melhorar o prognóstico neurológico significantemente. Portanto, atraso ou falha na instituição dessas medidas pode resultar em insultos cerebrais secundários com conseqüências devastadoras na recuperação tardia das funções neurológicas. Os principais cuidados: Explicar ao paciente os procedimentos a serem realizados; controle de oxigenação e ventilação; controle rigoroso dos sinais vitais; verificar escore da escala de coma de Glasgow para avaliar nível de consciência; manter cabeceira do leito a um ângulo de 30° ou conforme prescrição médica ou de enfermagem; manter a cabeça do paciente alinhada; manter vias aéreas desobstruídas; balanço hídrico rigoroso; verificar pupilas (simetria,fotorreagência e diâmetro); observar agitação motora; puncionar acesso venoso calibroso; observar e relatar as evidências de choque hipovolêmico; observar presença de secreções no ouvido e nariz; avaliar integridade da pele; manuseio mínimo do paciente; manter ambiente o mais calmo possível; dar apoio emocional ao paciente e a família. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através de estudos bibliográficos observamos que os jovens e adultos são as principais vítimas de trauma crânio encefálico, que na maioria das vezes estão associadas a intoxicações exógenas. Foi constatado que acontecem um TCE a cada quinze segundos, um óbito a cada cinco minutos e uma seqüela a cada cinco minutos. Com isso se aplicarmos devidamente o atendimento as vitimas conforme o suporte básico de vida preconizado pela ATLS, que é utilizado mundialmente, estas vitimas terão um atendimento mais qualificado e evitando seqüelas subseqüentes. A medicina preventiva é de importância única e insubstituível. O traumatismo crânioencefálico, por ser a primeira causa de morbidade e mortalidade mundial, merece atenção especial nesse aspecto. Mais importante do que saber manusear esses pacientes, é reduzir a incidência dessa afecção. Fato que no Brasil poderia ser alcançado se as autoridades competentes melhor cuidassem da educação no trânsito. A atuação de uma equipe profissional especializada é muito importante,dando ênfase à equipe de enfermagem uma vez que atua constantemente junto com a recuperação do paciente. A assistência de enfermagem qualificada prestada é um fator determinante para a vítima de TCE em sua recuperação biopsicosocioespiritual do paciente. A prestação de cuidados ao paciente requer do enfermeiro multiplicidade de conhecimento e versatilidade na atuação. Neste contexto, onde estão reunidos pacientes graves complexidade tecnológica e necessidade de utilização de uma racionalidade que vise ao melhor atendimento,no tempo adequado,com eficiência e eficácia, o enfermeiro tem diante si uma grande responsabilidade. Os aspectos curativos serão mais eficazes quanto mais capacitados forem os profissionais de saúde que lidam com esses pacientes, dessa forma é necessário que os cursos profissionalizantes sejam de qualidade e que esses profissionais sejam constantemente atualizados. REFERÊNCIAS BACCARINI; S,E: Manual de Urgências em Pronto Socorro. 7ºed, MEDSI,2002. BRUNNER&SUDDARTH.Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico.10ª ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. DIEPENBROCK.H.N .Cuidados intensivos. 2ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. LINDA J. S. Segredos em Enfermagem de Emergência. Porto Alegre: Artmed,2003 MANTOVANI,M.Suporte Básico e Avançado de Vida no Trauma. São Paulo: Atheneu, 2005. MOORE,E.E. Manual do trauma.4ªed. Porto Alegre: Artmed, 2006. MOZACHI,N. O Hospital: Manual do ambiente hospitalar.1ªed.Curitiba.Os autores,2005. NASI.A.N. Rotinas em pronto socorro. 2ªed. Porto Alegre: Artmed, 2005. OMAN.S.K. Segredos em Enfermagem de Emergência. Porto Alegre: Artmed,2003 . OLIVEIRA.M.F.B. Trauma Atendimento Pré-hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2004. PARSONS.E.P. Segredos em Terapia Intensiva. 3ªed. Porto Alegre: Artmed, 2006. PERRY.P. Fundamentos de Enfermagem, Conceitos, processos e pratica.4ªed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan,1999. ROSALES.S. Manual de Primeiros socorros, e prevenção de grandes Catástrofes e Terremotos.Vergara, 2005. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2003. This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only. This page will not be added after purchasing Win2PDF.