Curso de Enfermagem Artigo de Revisão GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA TEENAGE PREGNANCY: PROBLEN IN PUBLIC HEALTH Naiana Lobato Aguiar1, Soraia Beserra da Silva Teixeira². 1 Aluna do Curso de Enfermagem 2 Professor Especialista Resumo Introdução: a gravidez na adolescência pode trazer muitas complicações ás mães imaturas, complicações estas psicológicos e a sua saúde, tornando assim a enfermagem responsável em partes na atenção básica e assistência a esse público, utilizando do diálogo como fator principal na implementação das suas ações e estratégias para o cuidar, nos serviços de saúde. Objetivo: discorrer sobre a problemática da gravidez na adolescência, visando o papel do enfermeiro como orientador á esse público alvo. Métodos: Revisão de literatura descritiva com abordagem qualitativa, a pesquisa de dados foi realizada através da revisão de artigos científicos em sítios da internet, e revistas eletrônicas. Considerações finais: diante da imaturidade das mães, é papel do enfermeiro torna se necessário na atenção básica á esses, alertando a família sobre o fator psicológico que tem grande força de influencia na gestação, focar na orientação à mãe sobre os cuidados com seu corpo, e com seu bebê como formas de aleitamento banho, os riscos que podem vir a acometer a criança caso o seu aleitamento não tenha sido durante o período adequado, as formas de prevenções á doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos farmacológicos e naturais. Palavras-chave: Gravidez na adolescência; Enfermagem - saúde publica. Abstract Introduction: Teenage pregnancy can bring many risks ace immature mothers, these psychological risks or risks to their health, thus making the nursing responsibility in parts in primary care and assistance to this audience, using dialogue as the main factor in the implementation of their actions and strategies for care in health services. Objective: To discuss the issue of teenage pregnancy, seeking the nurse's role as advisor to this target audience. Methods: This study is descriptive in nature with a qualitative approach, the research data was performed by reviewing scientific articles in websites, and electronic journals. Conclusion: on the immaturity of the target mothers nurse's role becomes necessary in primary care will these, warning the family about the psychological factor that has great influence on the strength of gestation, the orientation will focus on mommy caring for your body and your baby shower as forms of feeding, the risks that may affect the child if your breastfeeding has not been for the appropriate period, ways of prevention will sexually transmitted diseases and drug and natural contraceptives. Keywords: Pregnancy in adolescence; Nursing care for pregnant women. Contato: [email protected] Introdução A Organização Mundial de Saúde (OMS) define adolescência como sendo o período da vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos completos. Para a OMS, a adolescência é dividida em três fases: Pré-adolescência – dos 10 aos 14 anos; Adolescência – dos 15 aos 19 anos completos; Juventude – dos 15 aos 24 anos. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera a adolescência, a faixa etária dos 12 até os 18 anos de idade completos, sendo referência, desde 1990, para criação de leis e programas que asseguram os direitos desta população. Justamente nessa etapa da vida os casos de gravidez na adolescência passaram a ser maioria dentro dos casos de atendimentos prestados pelo (SUS) Sistema Único de Saúde, tornando-se um grave problema de saúde publica. Neste contexto a faixa etária mais acometida segundo dados fornecidos pelo IBGE é de 10 a 14 anos. Na análise dos autores Almeida et al, (2012) esta fase na vida das mulheres é representada por conflitos com as mudanças do próprio corpo, dificuldades de construir sua própria identidade bem como assumir responsabilidades, deixando- as vulneráveis a gestações indesejadas e a doenças sexualmente transmissíveis. Este período pode trazer às gestantes adolescentes conflitos gerando ansiedade, depressão, baixa autoestima, e ainda evasão escolar, falta de emprego, contribuindo para dificuldades socioeconômicas. Figueiredo (2000), tais fatores podem ainda mais contribuir para uma inadequada adaptação da adolescente. Para Souza (2012) o contexto familiar pode contribuir para a construção dos valores e das crenças dos adolescentes, o papel da família ajuda a construir diretamente as respostas emocionais, a percepção do futuro e de bem estar promovendo a socialização, sendo assim neste período conflitante em que envolve a adolescência e suas perturbações faz se necessário à presença e o apoio familiar, já na percepção familiar os mesmos temem a imaturidade deste período, a falta de perspectiva do futuro, o abandono precoce dos estudos quando se deparam com a gestação prematura. HOGA et al, (2009) discorre sobre a incapacidade que alguns pais apresentam quando se trata de assuntos relacionados à sexualidade, referindo que os mesmos delegam suas responsabilidades a respeito da sexualidade de seus filhos ás instituições de ensino, negligenciam por vezes a necessidade do dialogo sobe esta temática. Segundo Oliveira (2011) ocorre ainda nos dias atuais uma grande dificuldade de inserir a consulta ginecologia para o grupo considerado de risco para gestações indesejadas e DSTs que são os adolescentes, a consulta ginecológica contribuiria para uma abordagem primaria desta problemática trabalhando diretamente a prevenção, mas esbarra na dificuldade de esclarecimento sobre, por exemplo, o sigilo durante a consulta, e que neste momento o profissional deverá atentamente escutar e esclarecer as dúvidas desta paciente, favorecendo um vínculo seguro. Por vezes esta consulta é vinculada a procedimentos de diagnósticos ginecológicos, levando a insegurança dos pais de que adolescentes que não iniciaram suas relações sexuais poderiam passar por procedimentos realizados com mulheres que já iniciaram sua vida sexual, a exemplo o exame Papanicolau. O objetivo geral deste estudo é abordar a problemática da gravidez na adolescência visando o papel do enfermeiro como orientador ás este público alvo. Apesar de todas as complicações que são geradas neste período, a resolução é simples ela passa pela prevenção e informação. Este estudo pretende esclarecer o porquê o numero de gestantes adolescentes aumenta consideravelmente a cada dia, qual a abordagem e conhecimento dos profissionais sobre o tema. O presente estudo justifica-se por se tratar de um problema de saúde publica que este, diretamente ligado ao aumento do índice de morbimortalidade materna e neonatal, conflitos sócias, evasão escolar, depressão e outras intercorrências evitáveis deste período. De acordo com Cabral e Beleza Filho, em relação á patologias, seguem-se de maior para menor ocorrência, a infecção urinária, as infecções vaginais, a ameaça de parto prematuro e as anemias, patologias estas com maior incidência no grupo de gestantes adolescentes, o que confirma achados de outros autores. A assistência pré-natal serve, também, para pesquisar patologias (infecções vaginais e anemias) que poderiam ser tratadas em nível de controle de saúde da mulher nos períodos préconcepcional ou no decorrer da gestação. Chama a atenção o fato de não se ter registro de outras patologias próprias ou associadas com a gestação, tais como: ameaça de aborto, hemorragias do terceiro trimestre; diabetes mellitus e sífilis, doenças estas de prevalência importante na população. Diante do exposto qual seriam o conhecimento e abordagem dos profissionais de enfermagem para coibir este problema de saúde publica que são as gestações prematuras na adolescência? Metodologia Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, de cunho descritivo e qualitativo. Para realização deste estudo foram utilizados os bancos de dados eletrônicos Lilacs, Scielo e Bireme. Do período de 2000 a 2013, Foram utilizados como descritores na busca de artigos: gravidez na adolescência, enfermagem; assistência à mulher; Foram critérios de inclusão: artigos originais que abordem a atuação da enfermagem no tema da gravidez na adolescência. Sendo critérios de exclusão os artigos que tratem de gestação de modo geral, ou que não abordem diretamente esta temática. O enfermeiro deve se comprometer com a atualização sobre o tema, estar disposto a uma abordagem humanizada e de proximidade com os grupos de risco, favorecendo a educação continuada viabilizando assim a prevenção. Este estudo seguiu as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa (NIP), da Faculdade PROMOVE. Referencial Teórico A adolescência constitui um processo de mudança de fase, ou seja, da infância para a fase adulta, a qual abrange cronologicamente a fase dos 10 aos 19 anos de idade. Este período é marcado por transformações de nível físico, psíquico, social e familiar (MOREIRA et al; 2007). Já Silva et al (2012), salienta que a adolescência, é um período da vida que necessita de uma extrema atenção, pois neste momento de transição, da infância para a vida adulta, o adolescente pode ou não desenvolver problemas futuros. E esse momento é marcado pelo o desenvolvimento da personalidade, onde a mesma será responsável pela caracterização da sua identidade. Com isso advém a puberdade, a qual trás modificações de um processo complexo, levando ao surgimento da sexualidade, que se traduzem em um universo de descobertas, experiências e vivencia de liberdade, fato denominado autonomia juvenil. Teixeira e Taguette (2010) referem em seu estudo que a primeira relação sexual feminina tem ocorrido em idade precoce, sendo que a idade média da primeira relação sexual é inferior a 15 anos, com isso percebe-se a maior prevalência de DST e gestação não esperada. Moreira et al (2007) descreve em seu estudo que a gravidez faz parte do desenvolvimento humano, mas que em relação à adolescente leva a um vendaval de emoções e acontecimentos. Essa condição de gravidez na adolescência é uma transição rápida da situação de filha pra mãe, gerando assim situações conflituosas e penosas muitas vezes, por conta do seu despreparo físico, psicológico, social e econômico. A maioria sofre repressão familiar, levando - as a fugir de casa e a evasão escolar, lembrando ainda que muitas vezes são abandonadas pelos os parceiros. Estudos demonstram que a incidência de gravidez na adolescência vem crescendo significativamente no Brasil, e que tem se tornado um grave problema de saúde pública, tendo em vista que podem acarretar complicações obstétricas com repercussões psicossociais e econômicas para a mãe e recém – nascido (SILVA et al; 2012). Destaca-se ainda que para a organização mundial de saúde a gravidez na adolescência estaria diretamente relacionada à ocorrência de partos com nascimentos pré- termos e recémnascidos com peso abaixo do esperado para sua idade gestacional, porem alguns autores rebatem tal afirmação e relatam que essas intercorrências estariam presentes em qualquer idade feminina, mas consideram a imaturidade biológica da adolescente, pois as adolescentes grávidas merecem um cuidado específico em relação ao pré-natal, pois a incidência de fatores que afetam a saúde de mãe e filho é bem maior neste período. Segundo Schimidt (2012) dados do DATASUS 68,19% das internações do sistema único de saúde as internações ocorridas no período de 2005 de mulheres foram associadas à gravidez sendo que 27,78% dos nascimentos eram de gestantes adolescentes com idade entre 10 a 19 anos. De acordo com Bohry e Leite (2012) o apoio familiar é necessário na gravidez da adolescente, no entanto essa situação pode gerar muitas vezes um impacto familiar, alguns núcleos familiares forçam essas adolescentes a casarem, independentes das condições sociais, emocionais, outras chegam até a expulsarem suas filhas de casa e outras podem induzir as jovens ao aborto. Moreira et al (2007) descreve em seu estudo que lidar com esse público de adolescentes grávidas, implica em um desafio, pois os profissionais devem ter uma visão mais apurada, detalhada e sensível, para melhor aplicar os programas existentes e elaborar outros viáveis a uma solução do quadro que cresce há todos os dias. Pode-se dizer que a adolescência é um momento de redescoberta, por que acreditamos que a sexualidade é construída ao longo da vida, da história pessoal de cada indivíduo, desde sua infância, na teia de relações interpessoais que se estabelecem entre o indivíduo e o ambiente no qual vive, sendo permeado por ideologias e visões de mundo diferenciadas. Neste sentido, Foucault refere que a sexualidade se constrói não apenas no biológico, mas principalmente no imaginário: a sexualidade se coloca não apenas no palpável, mas sim no discurso que sustenta o palpável, na ideologia subjacente aos padrões de “normalidade” impostos na convivência social. Os profissionais de saúde devem tratar a adolescente com respeito, dignidade, livre de preconceito, com uma postura humana diante de uma situação tão delicada que é a gravidez na adolescência. Silva et al (2011) relata que os profissionais de saúde devem desenvolver formas de atuarem com a adolescente e seus familiares, com o objetivo de identificar as situações e motivos que as levam a engravidar, dando a elas a melhor orientação. Corroborando com autor acima, Guimarães et al, 2003, afirmam que os profissionais de saúde devem favorecer o acesso á métodos contraceptivos, que a resolutividade desta assistência fundamenta-se principalmente na informação clara livre de preconceitos, ou constrangimentos sobre assuntos relacionados à sexualidade. E esta abordagem precisa ainda da assistência da família e dos educadores dos adolescentes, que por muitas vezes não são conscientes sobre seu papel neste processo. Discussão Devido à falta de oportunidades em casa, os adolescentes buscam em revistas, livros, jornais, grupos de amigos e televisão, entre outras fontes de informação, procurando conhecer melhor sobre sexualidade e contracepção, e tentando esclarecer duvidas existentes sobre o tema. Vários estudos revelam que o fato da existência de uma boa comunicação sobre sexo entre pais e filhos pode ser fator contribuinte para que a primeira relação sexual ocorra mais tardiamente. A prevenção norteia o cuidado de enfermagem em todas as especialidades, e no que se refere à saúde da mulher a prevenção da gravidez na adolescência ainda é um desafio, pois esbarram nos núcleos familiares suas crenças e concepções, nos fatores socioeconômicos, nas mudanças biopsiquícas desta fase. Ainda há muito que se discutir sobre esta problemática e se avaliar quais os fatores mais determinantes e condicionantes para o aumento desta intercorrências no Brasil, há muitas questões a esclarecer, para contribuir e adicionar ferramentas para o cuidado de enfermagem para estas pacientes. Considerações Finais O enfermeiro deve se comprometer com a atualização sobre o tema, estar disposto a uma abordagem humanizada e de proximidade com os grupos de risco, favorecendo a educação continuada viabilizando assim a prevenção. O enfermeiro professor deve compreender o interesse e a necessidade sexual do adolescente, sendo que isso não significa libertinagem, mas facilitar o contato sadio e protegido entre os adolescentes de ambos os sexos. A sexualidade, quando compreendida e adequadamente canalizada, se traduz em amor, criatividade, potência geradora de progresso e de desenvolvimento. É de fundamental importância que a família seja incorporada ao processo de formação dos adolescentes, pois, muitas vezes, possui informações distorcidas sobre o tema, além de apresentar dificuldades em lidar com sua própria sexualidade, devendo a escola e serviços de saúde encontrar estratégias para atrai-las. Referências: 1. FARIAS Rejane de; OJEDA, Carmen. O. M. Repercussões da gravidez em adolescentes de 10 a 14 anos em contexto de vulnerabilidade social. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 25, n. 3, p. 596604, 2012. 2. FERREIRA, Terezinha; ALMEIDA, Maria I; SILVEIRA Lia C.; A experiência da gravidez precoce na percepção das adolescentes da comunidade da manga. Rev. RENE. Fortaleza, v. 7, n. 2, p. 8997, 2006. 3. GUIMARÃES, Ângela T. N.; Considerações jurídicas sobre a gravidez na adolescência. ISSN 18073956, 2012. 4. GUIMARÃS, Alzira M. d. N.; VIEIRA, Maria J; PALMEIRA, José A. Informações dos adolescentes sobre métodos anticoncepcionais. Rev. 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