Boletim 647/14 – Ano VI – 11/11/2014 Geração de emprego se concentra em vagas de baixo salário este ano O ritmo mais fraco de geração de emprego não é o único indicativo da perda de fôlego do mercado de trabalho neste ano. A expansão do setor de serviços e das vagas de jornada parcial, além da compressão na correção do salário mínimo estão contribuindo para concentrar as vagas que estão sendo criadas este ano nas faixas salariais mais baixas. Entre janeiro e setembro, a proporção de vagas com remuneração de até um salário mínimo abertas no mercado formal passou de 28% - levando em consideração a composição do saldo no mesmo período do ano passado - para 35,5%, como apontam os números disponíveis no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A faixa entre um e um salário e meio ainda concentra a maior parte dos postos com carteira assinada gerados neste ano, 62%, mas em proporção menor do que no ano passado, quando chegou a 66,6%. O estrato entre 1,5 e 2 salários mínimos, que chegou a responder por cerca de 15% do total da geração de emprego do país em 2007 e 2008, conta agora 2,5% do saldo total de vagas, de acordo com levantamento feito pelo Valor. Parte dessa compressão é efeito da política de valorização do salário mínimo, que cresceu 72,35% em termos reais de 2002 a 2014. "Mas o cenário deste ano é claramente de desaceleração", avalia João Saboia, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), referindo-se ao aumento real de 1,16% do piso neste ano, patamar bastante inferior ao dos anos anteriores. O economista chama atenção ainda para o perfil da geração de emprego formal no Brasil em 2007 e 2008, quando a economia avançou 6,1% e 5,2%, nessa ordem, e a faixa entre dois e três salários mínimos representou 0,9% e 2,3% do total de postos adicionados ao estoque - saldos positivos que não se repetiram no período posterior. Hélio Zylberstajn, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), considera o quadro condizente com o papel cada vez mais preponderante dos serviços na abertura de novas vagas. Até setembro, esse setor respondeu por 62,6% do saldo, contra 41,4% no mesmo intervalo do ano passado e 33,1% em 2008. Esse avanço, lembra o professor, acontece em detrimento do emprego industrial, que apurou saldo negativo no registro do Caged em cinco meses entre janeiro e setembro. "É uma troca ruim. O ideal era que tivéssemos os dois crescendo juntos. Estamos desqualificando o emprego", diz. O economista prefere olhar os dados pelos números absolutos de contratações enviados ao Ministério do Trabalho. Sob esse ângulo, o tipo de emprego que mais cresceu entre 2006 e 2014, sempre analisando o acumulado entre janeiro e setembro, foi aquele que paga até meio salário mínimo, 145%. Essas são vagas de jornada parcial, já que o salário mínimo é o piso legal e obrigatório instituído no país. Segundo os dados do próprio Caged, o total de admissões para vagas com carga horária de até 20 horas semanais cresceu 223% no intervalo. De volta à análise pelo saldo de geração de vagas, a faixa de até meio salário mínimo já é 4,6% do total dos empregos gerados no país, contra 1,5% em 2006. "Mas o número absoluto ainda é muito pequeno", ressalva Zylberstajn. Ele ressalta as contratações no intervalo entre 1 e 1,5 salários mínimos, patamar relativamente baixo de remuneração, mas que também avançou bem acima da média de 64% registrada entre 2006 a 2014 - 98%. Página 1 Para Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), são os saldos negativos que mostram de forma mais contundente os reflexos do baixo crescimento nos salários dos novos empregos criados no país. Entre janeiro e setembro a economia brasileira fechou pouco mais de 132 mil vagas formais com remuneração entre dois e três salários mínimos praticamente o dobro do resultado no mesmo período do ano passado. Sem as demissões, o saldo total de postos com carteira assinada deste ano seria 18,4% maior. Em 2013, no mesmo intervalo, os cortes teriam impacto de 6,8% sobre o total. Horas extras A C&A Modas Ltda foi condenada pela 8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) a pagar horas extras a uma ex-empregada pelo tempo gasto para se maquiar e trocar o uniforme. Contratada como assessora de cliente, ela informou que só podia marcar o ponto depois de colocar o uniforme, se maquiar e tratar dos cabelos. Na saída, tinha primeiro que marcar o ponto para depois tirar o uniforme e aguardar a revista feita pelo fiscal da loja. Em sua defesa, a C&A sustentou que a empregada não gastava mais do que cinco minutos para se trocar na entrada e na saída. Ressaltou que o uniforme consistia em uma calça e uma camiseta polo, e a maquiagem "era composta apenas de base, lápis de olho e batom, o que não levaria mais do que poucos minutos". A decisão da 8ª Turma reformou acórdão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio de Janeiro, que considerou indevidas as horas extras decorrentes dos minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho. Para o TRT, não houve extrapolação do limite de dez minutos fixado pela CLT. No entanto, para a desembargadora convocada Jane Granzoto Torres da Silva, relatora do recurso interposto pela trabalhadora no TST, ficou provado que ela despendia mais de dez minutos diários com as trocas de uniforme e uso de maquiagem. O acórdão do TRT registrou que testemunhas comprovaram o gasto diário de 30 minutos no início e 30 minutos no término da jornada. Adicional de insalubridade Um propagandista de produtos farmacêuticos que trabalhava dentro de hospitais convencendo médicos a prescrever medicamentos comercializados pela Dr. Reddy's Farmacêutica do Brasil não vai receber adicional de insalubridade. Para os ministros da 8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ele não tinha contato direto e permanente com pacientes nem com agentes biológicos infectocontagiosos que justificassem o adicional. O propagandista disse na reclamação trabalhista que frequentava hospitais e clínicas, e pediu insalubridade em grau máximo devido à exposição frequente a agentes insalubres conforme a Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em defesa, a empresa argumentou que as visitas eram realizadas apenas em áreas comerciais dos hospitais e clínicas, em salas de reunião, recepções e dentro dos consultórios, sem qualquer contato com pacientes ou pessoas doentes. (Fonte: Valor Econômico 10-11-2014). Página 2 (Fonte: Diário de São Paulo 11-11-2014). Página 3 Sindicato paralisa greve na Embraer Decisão foi tomada em assembleia unificada, reuniu cerca de 8 mil trabalhadores de todos os turnos Os metalúrgicos da Embraer suspenderam ontem (10) a maior greve desde a privatização da empresa, em 1994. O movimento foi iniciado na última quarta-feira (05) e parou 100% da produção da fábrica de São José dos Campos (SP). A decisão foi tomada em assembleia unificada, que reuniu cerca de 8 mil trabalhadores de todos os turnos. Um dos motivos foi a mobilização de diversos funcionários que queriam trabalhar, mas foram impedidos. Um movimento pelas redes sociais denunciou a truculência do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e mobilizou os que não concordavam com a greve. Os sindicalistas pretender entrar na Justiça com ação de dissídio coletivo. A intenção é conseguir o reajuste salarial de 10% e reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, além de pleitear a estabilidade no emprego e o não desconto dos dias parados durante a greve. Apesar disso, a Embraer comunicou, por meio da assessoria de imprensa, que não irá punir os metalúrgicos que ficaram afastados. "A Embraer reitera o seu apoio à proposta apresentada pela Fiesp aos sindicatos que ainda estão em negociação - em Gavião Peixoto, Taubaté e Sorocaba, bem como ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos na semana passada", afirma a empresa. Na última sexta-feira (7) a Embraer e Fiesp reapresentaram a proposta de 7,4% de reajuste salarial. Além do reajuste, o sindicato também reivindica o congelamento do desconto sobre o convênio médico. Em abril, a Embraer dobrou o valor descontado nos salários, de acordo com os metalúrgicos. Os sindicalistas contam que o nível de insatisfação na Embraer é grande, possibilitando alcançar o que está sendo chamado de a "greve histórica", pois parou 100% da produção na sede da Embraer. "Apesar de ainda não termos alcançado os 10% de reajuste, esta foi uma das maiores lutas dos metalúrgicos nos últimos anos. É importante deixar claro que a greve não acabou, apenas foi suspensa", afirmou o vice-presidente do Sindicato, Herbert Claros da Silva. (Fonte: DCI 11-11-2014). Caso não haja interesse em continuar [email protected], solicitando exclusão. recebendo Página 4 esse boletim, favor enviar e-mail para