16/04/2015 PROTEÍNAS PROTEÍNAS Plano de Aula -Características gerais, classificação e nomenclatura dos aminoácidos -Ligação peptídica -Características e funções de proteínas Profª Dra. Juliana Schmidt Medicina 2015 PROTEÍNAS Bibliografia BERG, Jeremy M.; TYMOCZKO, John L.; STRYER, Lubert. Bioquímica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 1059 p. : ISBN 8527708728 CHAMPE, Pamela C.; HARVEY, Richard A.; FERRIER, Denise R. Bioquímica ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 544 p. ISBN 8536305908 LEHNINGER, Albert Lester; NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 2007. 1202 p. ISBN 8573781661 VOET, Donald; VOET, Judith G.; PRATT, Charlotte W.. Fundamentos de bioquímica. Porto Alegre Artmed, 2003. 931p.+ CD-ROM ISBN 8773076771 Um breve histórico... O QUE SÃO PROTEÍNAS? Polímeros lineares formados pela ligação covalente entre aminoácidos Sec. XVIII -descoberta de que componentes do mundo vivo coagulavam em altas temperaturas e em meio ácido substancias albuminóides (clara de ovo, sangue, leite...) Termo proteínas (grego proteios primeiro, primitivo) -Jons Jacob Berzelius (1779-1848) sugeriu o nome a Gerardus Johannes Mulder (1802-1880), quem o usou pela 1ª vez 1902 • Substâncias orgânicas nitrogenadas, de elevado peso molecular (macromoléculas) • Compostas por C, H, O e N, podendo ainda conter S, P e Fe • Constituem 70% do material seco dos tecidos animais • Participam de todas as funções celulares conhecidas -Químico Franz Hofmeister (1850-1922) sugeriu que as proteínas seriam formadas por AAs encadeados Década de 1930 - definicao da natureza química das enzimas uma ou mais moléculas de proteínas 1 16/04/2015 ORIGEM COMPOSIÇÃO DAS PROTEÍNAS Polímeros lineares formados pela ligação covalente entre aminoácidos Ligação peptídica Cadeia polipeptídica São sintetizadas nos ribossomos CADEIAS PEPTÍDICAS podem conter desde 2 até milhares de aás LIGAÇÃO PEPTÍDICA • Ligação de condensação de um grupo α-carboxila de um aá e do grupo α-amino de outro aá, muito estável nas condições intracelulares • dipeptídio 2 aás • tripeptídio 3 aás • tetrapeptídio 4 aás • pentapeptídio 5 aás • Oligopeptídio até 30 aás • Polipeptídio mais que 30 aás (MM < 10.000 Daltons) • Proteína muitos aás (MM > 10.000 Daltons) LIGAÇÃO PEPTÍDICA LIGAÇÃO PEPTÍDICA • Ligação de condensação de um grupo α-carboxila de um aá e do grupo α-amino de outro aá, muito estável nas condições intracelulares. • A hidrólise da ligação peptídica é uma reação exoergônica, mas ocorre lentamente devido à sua alta energia de ativação. • Hidrólise não ocorre por condições que desnaturam as proteínas, como o aquecimento. • Pode ser rompida pela exposição prolongada a um ácido ou base fortes em temperatura elevada ou ação enzimática (proteases) 2 16/04/2015 LIGAÇÃO PEPTÍDICA 1) Falta de rotação em torno da ligação: tem caráter parcial de dupla ligação, ou seja, é mais curta que uma ligação simples e, portanto, é rígida e planar. AMINOÁCIDOS Possuem esse nome porque em sua estrutura contêm um grupo amina (NH3) e um grupo carboxila (COOH) exceção: prolina (grupo imino –NH-) 1806: descoberta do 1º AA asparagina 1938: último treonina Nome referente aos compostos dos quais foram 2) Configuração trans inicialmente isolados como: •Aspargos asparagina 3) Sem carga porém polar •queijo (tyros) tirosina •Glúten glutamato Na natureza existem mais de 300 aminoácidos, e destes, apenas 20 são necessários para a constituição das proteínas dos mamíferos NOMENCLATURA DOS AMINOÁCIDOS CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS Quanto a necessidade nutricional •maioria das bactérias e vegetais pode sintetizar todos os 20 aás •seres humanos podem sintetizar em velocidade adequada apenas 10 deles AAs NÃO ESSENCIAIS •aás que NÃO são sintetizados AAs ESSENCIAIS • • • • • Histidina* Lisina Metionina Arginina* Fenilalanina • • • • • Triptofano Treonina Valina Leucina Isoleucina (*) Essenciais somente no período de crescimento rápido dos tecidos. CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS Quanto aos destinos metabólicos Quanto aos destinos metabólicos Glicogênicos: participam da gliconeogênese Cetogênicos: geram corpos cetônicos Glicocetogênicos: formação de glicose e de corpos cetônicos 3 16/04/2015 CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS Quanto a carga e polaridade das cadeias laterais Apolares: alifáticos e aromáticos Polares: neutros, carga +, carga – Neutros: 1 COOH e 1 NH2 – Ácidos: 2 COOH e 1 NH2 – Básicos: 1 COOH e 2 NH2 CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS Ligações Dissulfeto Ligação covalente que ocorre entre 2 resíduos de cisteína CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS Ligações Dissulfeto Isomeria óptica Desempenha papel importante na estabilidade protéica C alfa C assimétrico glicina é exceção, pois seu carbono alfa possui 2 substituintes H opticamente inativa 4 16/04/2015 CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS Propriedades ácido-básicas Propriedades ácido-básicas • Em pH fisiológico (~7,4), o grupo carboxila é dissociado, gerando o íon carboxilato (COO-) carregado negativamente, e o grupo amino é protonado (NH3+). • Os aás, em solução aquosa, contêm grupos α-carboxila fracamente básicos. ácidos e grupos α-amino fracamente Anfótero. [do gr.amphóteros, “um e outro”.] Adj. 1. Que reúne em si duas qualidades opostas. 2. Quím. Que ora reage como ácido, ora como base. Ácido doador de prótons (H+) Base receptor de prótons (H+) Zwitterion: composto eletricamente neutro, mas que possui cargas opostas em atomos nao adjacentes Palavra em alemão: zwitter (híbrido) CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS Propriedades ácido-básicas Ponto Isoelétrico Carga elétrica do AA varia em função do pH do meio • pH no qual a molécula do COOH 2N - C - H R + H+ COOH +H N- C - H 3 R aá apresenta igual número de cargas positivas e negativas (carga líquida igual a zero) • Encontra-se eletricamente COOH +H N- C - H + OH3 R COOH 2N - C - H R QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? neutro (íon zwitterion) dipolar ou CURVA DE TITULAÇÃO DA ALANINA QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Estrutural (fibras de colágeno) Estrutural Interação e comunicação celular (proteínas e glicoproteínas) “cabos ou lâminas” proteção e resistência Mecanismos contráteis e movimentação (actina e miosina, dineína,...) Catálise de processos biológicos (enzimas do metabolismo) Regulação da expressão gênica (proteínas ativadoras e repressoras se ligam ao DNA) Regulação de processos biológicos (hormônios) Transporte de moléculas (proteínas de membrana, Hb) Armazenamento (ferritina) Fontes de energia (intermediários metabólicos glicogênicos e cetogênicos) Defesa (anticorpos) 5 16/04/2015 QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Estrutural QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Catálise de processos biológicos (enzimas do metabolismo) “cabos ou lâminas” proteção e resistência QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Catálise de processos biológicos (enzimas do metabolismo) Alfa-amilase QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Transporte de moléculas (proteínas de membrana, Hb) Lactato Desidrogenase QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Transporte de moléculas (proteínas de membrana, Hb) QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Armazenamento (ferritina) 6 16/04/2015 QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Mecanismos contráteis e movimentação (actina e miosina) QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Regulação de processos biológicos (hormônios) QUAIS AS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS? Defesa (Imunoglobulinas) CLASSIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS Conformação Globulares cadeias peptídicas enoveladas em forma esférica ou globular. São estruturas complexas. Exemplos: hemoglobina, enzimas,... Fibrosas cadeias peptídicas são arranjadas em longos filamentos. São insolúveis em água e soluções salinas diluídas. Exemplos: queratina, colágeno, elastina,... CLASSIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS CLASSIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS Número de cadeias peptídicas Produtos de hidrólise Monoméricas apresentam atividade funcional através de cadeias individuais. Ex: mioglobina Oligoméricas apresentam atividade funcional com duas ou mais cadeias peptídicas unidas entre si. Ex: insulina (2 cadeias), colágeno (3 cadeias), Hb (4 cadeias) Proteínas simples -contêm apenas aás e nenhum outro grupo químico em sua composição -Exemplos: colágeno, queratina, globulinas, quimotripsina,... Proteínas conjugadas -contêm grupos químicos em adição aos aás -parte não-aá de uma proteína conjugada grupo prostético 7 16/04/2015 CARACTERÍSTICAS DAS PROTEÍNAS CARACTERÍSTICAS DAS PROTEÍNAS Desnaturação Desnaturação • Calor • Solventes orgânicos • Agitação mecânica • Desdobramento e desorganização da estrutura da proteína, que não é acompanhada da hidrólise das ligações peptídicas • Raramente é reversível quando o agente desnaturante é removido a proteína pode se dobrar novamente em sua forma original ou não • Proteínas desnaturadas frequentemente assim, precipitam em solução são insolúveis • Ácidos e bases fortes (efeito do pH do meio) • Detergentes • Metais pesados (chumbo, mercúrio) e, CARACTERÍSTICAS DAS PROTEÍNAS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL Organização estrutural Cada proteína tem uma função e uma estrutura química específica, sugerindo que cada proteína tem uma estrutura tridimensional única proteína Estrutura primária: sequência de aás Estrutura secundária: como os aás dobram para formar 1. A estrutura tridimensional de uma determinada por sua sequência de aás. é 2. A função de uma proteína depende de sua estrutura tridimensional. 3. A estrutura tridimensional de uma proteína é única ou está muito próximo disto. 4. As forças mais importantes que estabilizam a estrutura tridimensional específica de uma dada proteína são as interações não covalentes. estruturas do tipo α-hélice e β-folha Estrutura terciária: interação ou dobramento entre as estruturas para formar uma proteína Estrutura quaternária: montagem de subunidades de diferentes polipeptídios para formar uma estrutura funcional NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL Estrutura Primária Estrutura Secundária Sequência de aminoácidos Disposição da sequência de aminoácidos e suas cadeias laterais no espaço Quais são? Alfa-Hélice Qual a ordem? Folha-Beta 8 16/04/2015 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL Estrutura Secundária Alfa-hélice Estrutura Secundária Folha-beta • Também chamadas de beta-lâminas e beta-dobraduras • Estrutura em espiral • Esqueleto peptídico agrupado e espiralado central • Cadeias laterais dos aás componentes estendem-se para fora do eixo central (para evitar interferência estérica entre si) • É estabilizada hidrogênio por pontes • Todos os componentes da ligação peptídica estão envolvidos nas pontes de hidrogênio • Nas ilustrações, as configurações beta são visualizadas como flechas largas de NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL Estrutura Terciária Arranjo das estruturas secundárias no espaço 3D NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL Estrutura Quaternária Estrutura quaternária da Hemoglobina 9 16/04/2015 E quando a estrutura das proteínas é o problema? PRÍONS E quando a estrutura das proteínas é o problema? PRÍONS Proteínas com estrutura tridimensional anormal que formam agregados capacidade de transformar proteínas normais em príons Existem 13 tipos de príons, dos quais 3 atacam fungos e 10 afetam mamíferos; dentre estes, 7 podem contaminar o ser humano •Responsáveis pelas encefalopatias espongiformes transmissíveis em uma variedade de mamíferos, incluindo os humanos •As doenças priônicas conhecidas afetam as estruturas cerebrais ou outros tecidos neurais, não possuem cura e são sempre fatais Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) •A maioria dos casos é esporádica, mas de 5 a 15% têm origem hereditária. Uma pequena parcela pode ser atribuída ao contato com tecidos contaminados, em transplantes e instrumentos cirúrgicos. •Os primeiros sintomas são lentidão do pensamento, dificuldade de concentração, déficit de raciocínio e perda de memória. Os doentes podem ter também alterações emocionais e visuais, com alucinações. Há também contrações musculares bruscas e breves, chamadas de mioclonias. •É uma doença incurável, mas medicamentos como a amantadina retardam sua evolução. 10