UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I PEDAGOGIA-EDUCAÇÃO INFANTIL Maria Izabel Oliveira da Silva de Azevedo Vergne AS DIMENSÕES DO BRINCAR NO AMBIENTE ESCOLAR Salvador – Bahia 2010 FICHA CATALOGRÁFICA – Biblioteca Prof. Edivaldo Machado Boaventura : Jacira Almeida Mendes – CRB : 5/592 Vergne, MariaBibliotecária Izabel Oliveira da Silva de Azevedo As dimensões do brincar no ambiente escolar / Maria Izabel Oliveira da Silva de Azevedo Vergne . – Salvador, 2010. 35f. Orientadora: Fátima Noleto. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2010. Contém referências. 1. Educação de crianças. 2. Brincadeiras - Aprendizagem. 3. Jogos educativos. Ludoterapia. 5. Ambiente escolar. I. Noleto, Fátima. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação. CDD: 370.153 MARIA IZABEL OLIVEIRA DA SILVA DE AZEVEDO VERGNE AS DIMENSÕES DO BRINCAR NO AMBIENTE ESCOLAR Monografia apresentada a Faculdade de Educação da UNEB como pré-requisito parcial para a obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Profª. Drª. Maria de Fátima Vieira Noleto Salvador,____ de ________________ de 2010. Profª Drª Maria de Fátima Vieira Noleto- Orientadora Universidade do Estado da Bahia Profª Msª Adelaide Rocha Badaró Universidade do Estado da Bahia Prof° Dr°Luciano Sérgio Ventim Bonfim Universidade do Estado da Bahia Ao meu amor Adriano, que luta para que as minhas lágrimas não caiam. Eu te amo. AGRADECIMENTOS Ao meu Deus que é a luz que guia a minha vida e me faz caminhar de forma segura mesmo pelos caminhos mais sinuosos, me fazendo alcançar todos os meus objetivos e realizar todos os meus ideais de vida. A minha família pelo amor, cuidado e carinho incessante. Ao meu marido Adriano que muitas vezes é pai, irmão e amigo, além de ser o amor da minha vida, e se faz presente sempre como um grande incentivador, e muitas vezes deixa de sonhar os seus sonhos para sonhar os meus, eu te amo! A minha orientadora, a professora, Dra. Fátima Noleto, pela dedicação e apoio na realização deste trabalho e por ter contribuído de forma marcante na minha formação como pedagoga. Aos meus colegas da faculdade, dos quais sentirei muita saudade, em especial à Déia por sempre ser minha amiga e parceira e por saber me estender à mão sempre. MARIA IZABEL OLIVEIRA DA SILVA DE AZEVEDO VERGNE AS DIMENSÕES DO BRINCAR NO AMBIENTE ESCOLAR Monografia apresentada a Faculdade de Educação da UNEB como pré-requisito parcial para a obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Profª. Drª. Maria de Fátima Vieira Noleto. Salvador – Bahia 2010 RESUMO O presente trabalho discute as dimensões do brincar e as suas implicações no ambiente escolar. As dimensões motora, social e afetiva, lúdica e cognitiva contribuem para o desenvolvimento da criança, sendo assim, conheceremos a ligação existente entre ambas e verificaremos como se processa a relação entre a criança, o brincar e a escola a partir do contexto histórico da criança do ontem até os dias atuais. Também serão vistos as diferenças existentes entre o brinquedo, o jogo e a brincadeira e finalmente conheceremos o espaço que o brincar tem na escola e suas contribuições no andamento da sua rotina. Palavras chave: Brincar; Brincadeira; Jogo; Criança; Escola; Lúdico; Aprendizagem. SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO.......................................................................................................07 2 - O BRINCAR E AS SUAS DIMENSÕES: MOTORA, SOCIAL E AFETIVA, LÚDICA E COGNITIVA..............................................................................................09 2.1 – DIMENSÃO MOTORA.......................................................................................11 2.2 – DIMENSÕES SOCIAL E AFETIVA...................................................................13 2.3 – DIMENSÃO LÚDICA.........................................................................................15 2.4 – DIMENSÃO COGNITIVA...................................................................................16 3 - A CRIANÇA O BRINCAR E A ESCOLA..............................................................21 3.1 – A CRIANÇA DE ONTEM E HOJE.....................................................................21 3.2 – BRINQUEDO, JOGO E BRINCADEIRA............................................................26 3.3 – O ESPAÇO DO BRINCAR NA ESCOLA...........................................................29 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................34 REFERÊNCIAS..........................................................................................................35 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é compreender as dimensões do brincar e as implicações do brincar no ambiente escolar. A preocupação com esta temática surgiu a partir de inquietações vivenciadas por mim durante a minha atuação em sala de aula, como professora do grupo de 3 anos durante o ano de 2009, quando tive a oportunidade de presenciar o funcionamento da dinâmica do brincar entre as crianças e pude observar as relações que podem ser estabelecidas e provocadas no ambiente do brincar. A partir deste momento, muitos questionamentos surgiram sobre o brincar: Será que as dimensões do brincar no ambiente escolar podem influenciar o processo de aprendizagem das crianças? Além disso, como seria o comportamento da escola diante do brincar como prática pedagógica dentro da sua rotina? Nestas divergências há um aprendizado envolvido com o processo de ludicidade? Questões históricas estariam influenciando este processo? Todos estes questionamentos e dificuldades me guiaram na realização deste trabalho Diante das relações tão díspares podemos encarar uma situação exclusivamente negativa, pois muitas construções poderão surgir a partir daí, quem sabe criar outras possibilidades ou até mesmo outras dimensões do brincar, propostas de estudo do presente trabalho. Pautadas na busca da compreensão do brincar e as suas implicações dentro do espaço escolar A criança começa a construir as suas relações sociais ainda muito cedo e, principalmente através do brincar, o que pode permiti-la ter uma compreensão do mundo e os acontecimentos a sua volta, e desta forma se integrar a este ambiente da forma mais natural possível, o que justifica esta pesquisa. A grande questão é que em muitas vezes este momento de construção da aprendizagem através do lúdico, não é interpretado como um momento sério, pois a partir dele, muitas vivências serão estabelecidas e serão muito significativas para a vida da criança. Por mais que saiba que o brincar por brincar seja de grande importância para a criança, sabe-se que por trás dele há muito aprendizado e significados que não devem ser menosprezado Sabendo-se que o brincar se projeta como forte elemento de influência no processo de aprendizagem da criança e no ambiente da escola, caberá neste trabalho uma pesquisa e estudo a este respeito, o que é de grande importância para compreender as suas implicações e desafios que poderão se fazer presentes, bem como as atribuições desta temática. Este trabalho teórico se fundamenta nos estudos realizados por mim a partir das leituras e pesquisas baseadas nos estudos de Negrine, Rolim, Guerra e Tassigny, Santos e Cruz, Piaget, Vygotsky, Kishimoto, Áries, Luckesi, Didonet, dentre outros. Organiza-se este trabalho em dois itens. O primeiro trata das dimensões do brincar e da influência dessas dimensões para a criança, e o segundo aponta as relações estabelecidas entre a criança o brincar e a escola, atrelado aos benefícios e dificuldades encontradas nessas relações. 2. O BRINCAR E AS SUAS DIMENSÕES: MOTORA, SOCIAL E AFETIVA, LÚDICA E COGNITIVA. O brincar tem sido objeto de pesquisa e estudos em diversas áreas. Isso se dá pela influência que a prática do brincar pode exercer no desenvolvimento infantil, nas dimensões: motora, social e afetiva, lúdica e cognitiva. Dimensões estas, que estão presentes na formação da criança, querem nas representações simbólicas, nos processos de elaboração das regras grupais e individuais além do espaço lúdico e afetivo. Acredita-se que através do brincar a criança aumenta sua independência, estimula o desenvolvimento das suas habilidades motoras, valoriza também a sua cultura através das relações sociais que podem ser desencadeadas quando brinca, equilibra as suas emoções, sem falar nas grandes contribuições que o brincar pode promover no que diz respeito à criatividade e ao processo de conhecer coisas novas e a partir daí inventar e reinventar novas coisas, construindo assim o seu conhecimento, como afirma Negrine (1994, p.19) que “as contribuições nas atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas”. Para Rolim, Guerra e Tassigny (2008, p.177) é através do brincar que “a criança constrói e recria um mundo onde seu espaço esteja garantido”, e é desta forma que ela tem a oportunidade de externar as suas emoções, tendo ainda a possibilidade de construir um mundo ao seu modo, e este mundo foge as regras impostas pelo universo de relações que o adulto costuma estabelecer. E assim, sem as pressões do cotidiano, e das regras impostas pelo mundo do adulto, as crianças terão a capacidade de se tornar mais criativas, pois terão a oportunidade de utilizar a imaginação de forma espontânea e sem tantas regras, o que poderá contribuir para a sua formação como criança e também como um futuro adulto. No processo de socialização o brincar desenvolve na criança várias habilidades de aprender a conviver, a ganhar e a perder, a esperar a sua vez, a conviver com suas frustrações conhecer e participar ativamente do mundo que a cerca. Muito embora o brincar tenha sua característica voltada para a infância, mas permanece presente na vida adulta. Melo e Valle (2005, p.43) chamam a atenção de que: [...] é por meio do brincar e de sua ação lúdica que a criança expressa sua realidade, ordenando e desordenando, construindo e desconstruindo um mundo que lhe seja significativo e que 0corresponda às necessidades intrínsecas para seu desenvolvimento global. O brincar estimula a criança em várias dimensões como a intelectual, a social, a física. A brincadeira a leva para novos espaços de compreensão que a encorajam a prosseguir a crescer e a aprender. Desta forma as vivências com as variadas dimensões do brincar, incluindo a possibilidade de socialização através desta prática, as relações com o objeto e o sujeito, criam possibilidades de construção cognitiva, afetiva e motora a partir da vivência que a criança tem quando está inserida no contexto da brincadeira e do brincar propriamente dito. A dinâmica do brincar poderá viabilizar e promover construções e conquistas no processo de aprendizagem Neste sentido o desenvolvimento da criança passa a ser visto como um processo complexo e integrado abrangendo os aspectos psicomotor, afetivo, cognitivo e social, a ponto de Santos e Cruz (1999, p.12) afirmarem que ”o desenvolvimento dos sentidos, da afetividade, da linguagem, da motricidade e da inteligência integram-se e completam-se num processo de interação dos diversos aspectos”. Esse desenvolvimento se dá pela união de características internas (da própria pessoa) e externas (do meio em que a pessoa está se envolvendo) e nesta perspectiva que Santos e Cruz (1999, p.12) afirmam que: [...] na formação da personalidade, no nosso entendimento, devem estar presentes ambos os fatores (internos e externos), funcionando de maneira inter-relacionada, e o produto desta relação vai depender de como a criança utiliza seu potencial hereditário em relação à condição que o ambiente lhe oferece. Neste sentido, há uma interação entre aspectos sociais e aspectos orgânicos, e existe a necessidade de respeitar este processo, pois de acordo com as autoras há uma ligação direta entre ambos e isso não pode ser desprezado, isso porque a forma como a criança pode reagir a determinados estímulos poderão apresentar uma variação, seja pela influência que pode ser sofrida em detrimento ao ambiente no qual está inserida ou ainda pela influência dos aspectos hereditários que estão presentes na sua vida. Um exemplo disso é o caso da criança que pode ter um ritmo definido como mais lento ou como mais rápido (característica hereditária), até podese auxiliar esta criança para que realize as suas atividades de forma mais eficaz, no entanto não significa que ela deva ser obrigatoriamente uma pessoa mais rápida. 2.1DIMENSÃO MOTORA A criança desde que nasce está em um constante movimento. Ainda bebê, ela mexe os braços e pernas, manipula os dedos, movimenta a cabeça e mais tarde começa a engatinhar e a andar, e é nesse sentido que Santos e Cruz (1999, p.19) afirmam que “os movimentos do bebê do acontecem primeiramente de forma reflexiva e desordenada, que aos poucos vai estruturando”. Portanto, ao passo em que cresce e vai se desenvolvendo a criança começa a ter um controle dos seus movimentos e por conseqüência, do ambiente que a cerca. Reforçando a idéia das autoras, Piaget (1990, p.93) afirma que “os bebês adquirem conhecimentos sobre objetos a partir do momento que passa a interagir com os mesmos”. Durante esse período a inteligência se manifesta em ações, a criança começa a se utilizar do seu próprio corpo para explorar o seu espaço, reconhecer os objetos e começa aí a estabelecer uma relação com os mesmos. E a partir deste momento que a criança começa a compreender os seus limites, sabendo que pode puxar algo para se aproximar dela, ou ainda chegar perto ou afastar, sempre se utilizando do próprio corpo como instrumento facilitador. Reafirmando esta idéia, Neto (2001, p.144) destaca que: [...] o brincar através dos movimentos, permite a criança um conjunto de relações (sujeito, as coisas, o espaço) necessárias ao seu desenvolvimento motor, aprendendo a perceber e a interacionar o vívido, o operatório e o mental. A riqueza de aquisições processa de forma continua e em plasticidade, permitindo mais tarde uma cultura motora fundamental a tarefas mais precisas e que solicitem maior exigência das diversas estruturas ou componentes da motricidade. Nesse sentido compreende-se que é pela dimensão motora que a criança tem acesso direto a construção da autonomia e da identidade, uma vez que contribui para o domínio das habilidades motoras, e isso se estende ao longo da infância, mas dará resultado ao longo da sua vida. Segundo Santos e Cruz (1999) o corpo é o primeiro brinquedo utilizado pela criança; a partir dele começa a conhecer os estímulos externos, provocando assim, a adaptação do seu corpo ao meio. Vygotsky (1984) destaca que o brincar é a imaginação da criança naquele momento, e isso poderá sofrer grandes mudanças de acordo com cada idade, um brinquedo que antes era de grande interesse para um bebê, poderá não ser interessante para uma criança maior. Daí a necessidade de compreender o desejo da criança e a sua satisfação em relação aquele brinquedo ou aquela brincadeira, pois assim será possível garantir o acesso aos mesmos de forma prazerosa e significativa. Já Bittencourt e Ferreira (2002), apontam que através do brincar a criança desenvolvem a coordenação motora, a atenção, o movimento ritmado, conhecimento quanto à posição do seu corpo, direção a seguir e outros, participando do desenvolvimento em seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais desenvolvendo livremente a expressão corporal que favorece a criatividade, e suas funções orgânicas físicas. Como benefício físico, o brincar satisfaz as necessidades de crescimento e de competitividade das crianças. Muitas vezes as brincadeiras se originam a partir do seu próprio corpo como, pular, correr, girar, dentre outros. Isso se dá segundo Santos e Cruz (1999, p.33), pois: O desenvolvimento motor é o resultado de muitas mudanças que ocorrem na criança, como altura, peso, músculos, ossos, sistema nervoso... Todas as mudanças atuam juntas para possibilitar que a criança possa usar seu corpo. Santos e Cruz (1999) dizem que muitos educadores acreditam que crianças muito pequenas não gostam de brincar, o que não é verdade. Simplesmente, elas se interessam pelas brincadeiras de forma sucessiva, mas por um curto espaço de tempo. Estas brincadeiras inicialmente envolvem o próprio corpo (os punhos, os dedos), posteriormente começam a se interessar por objetos próximos a eles, como pontas de cobertores, fraldas, etc. As autoras afirmam ainda que embora seja difícil precisar o momento de início das brincadeiras na vida da criança, sabe-se que durante os primeiros meses de vida essas sensações tendem a acontecer. Este processo inicialmente ocorre de forma desordenada e mais tarde começa a se estruturar e só mais tarde evoluem para os brinquedos propriamente ditos, como bichinhos de pelúcia, bolas, bonecas, apontando aí uma forma de brincar mais sistematizada, porém, não mais importante do que aquela que utiliza o próprio corpo como instrumento. 2.2 DIMENSÕES SOCIAIS E AFETIVAS Nas dimensões sociais e afetivas o brincar é apontado como forma de socialização, pois através dele a criança pode interagir com outras, é o que afirma Vygotsky (1998, p.103) quando diz que “o homem é um ser social e preciso do outro para desenvolver-se, embora a sua individualidade deva ser respeitada”. A criança utiliza o brincar para externar as suas emoções, permitindo assim, a construção e estruturação de um mundo exterior e interior ao seu modo, longe, muitas vezes, das regras e normas impostas e definidas pelos adultos. E durante o momento em que brincam, ocorre o processo contrário, pois, a criança acaba construindo um mundo onde as normas e regras têm que se encaixar em seu mundo, de acordo com o seu desejo e a sua necessidade naquele momento, construindo e reconstruindo o seu mundo imaginário e de fantasia. Kishimoto (2005) aponta que, a brincadeira estimula a criatividade, a imaginação, à inserção da criança no mundo, ampliando a sua cadeia de relacionamento social. Sendo assim vemos a criança como um ser que não pode ficar isolado, ele está totalmente inserido neste ambiente social e cultural, que é facilitado em muitos aspectos pela prática do brincar. Rolim, Guerra e Tassigny (2008, p.178), apontam que: [...] a brincadeira proporciona à criança um contato com sentimentos de alegria, sucesso, realizações de seus desejos, bem como o sentimento de frustração. Esse jogo de emoções ajuda a estruturar sua personalidade e a lidar com angústias. E nesse sentido não se pode conceber o brincar como uma forma de ter apenas prazer, pois a criança quando brinca experimenta sentimentos diversos e que em alguns casos contrariam os seus desejos, isso porque ao brincar, a criança está também sujeita as regras que o processo do brincar carrega. E esta relação vai auxiliar e orienta a criança na compreensão de situações diversas e que nem sempre correspondem aquilo que ela idealiza. Através da dimensão social e afetiva, a criança irá reproduzir o seu meio através do processo de imitação, isso se dá, principalmente, pela brincadeira do faz -de -conta, que é importante, pois possibilita o entendimento do mundo que a cerca. Com isso Piaget (1990, p.106) destaca que “no momento em que a criança brinca, ela representa o mundo à sua maneira, sem a necessidade de se guiar à risca pela realidade”, afinal a relação que ela estabelece com o objeto não depende da natureza que este objeto apresenta, mas da representatividade que a criança passa a lhe atribuir. Demonstrando assim, que o brincar se apresenta como uma forma de exprimir e externar as idéias e sentimentos que a criança carrega acerca do mundo no qual está inserida. E de acordo com Vygotsky (1984, p.74) “a brincadeira é entendida como uma atividade social da criança, e através dela a criança adquire elementos imprescindíveis para a construção de sua personalidade, e para compreender a realidade da qual faz parte”. O brincar pode ainda se tornar num espaço privilegiado de interações e confrontos de diferentes crianças com pontos de vista também diferentes. Ou seja, o brincar, constitui-se numa atividade em que a criança sozinha ou em grupo procura compreender o mundo e as ações cotidianas em que estão inseridas. O autor ainda atribui uma grande importância à interação social para o desenvolvimento do sujeito e de acordo com a abordagem de cunho históricocultural trazida por ele, a criança já nasce imersa no mundo sócio-cultural, o qual está organizado através de significados e idéias, obrigando-a a entendê-lo e internalizá-lo. E, é através de sua interação com esses significados, objetos e indivíduos que a criança ao longo do seu desenvolvimento, reconstrói individualmente as ações externas aprendendo a organizar os próprios processos mentais. Neste sentindo, a atividade simbólica, segundo ele, tem como função organizar o processo de uso de instrumentos produzindo formas novas de comportamento. 2.3 DIMENSÃO LÚDICA Compreender o brincar como lúdico atenta-se para o prazeroso, livre e espontâneo. Sempre que se tenta atrelar ao momento lúdico do brincar como voluntário também se volta para estabelecer limites é o que declara Brotto (2001, p.123) ao afirmar que o brincar é: [...] uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesma, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”. Desta forma, tratar o brincar como uma atividade voluntária e livre, sem que haja uma obrigatoriedade e pressão de desenvolvê-la como uma forma educativa, com certeza trará outros grandes benefícios como, a compreensão dos limites e espaços sem que seja obrigatório, o cumprimento de regras e normas que muitas vezes são impostas pelo ato de brincar muito direcionado. Reforçando esta mesma idéia Kishimoto (1999, p.33) aponta que: Nas manifestações livre e espontânea da cultura popular, a brincadeira tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver forma de convivência social e permitir o prazer de brincar, Por pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, a brincadeira infantil garante a presença do lúdico, na situação imaginária. Isso só afirma que a criança brinca não só para passar o tempo, ela sempre vem sendo motivada por processos íntimos, seus desejos e anseios, alguma dificuldade e até mesmo alguma frustração. E através do brincar, de forma espontânea e imaginária que a criança consegue reviver situações que sofreu de forma passiva, e que na vida real talvez, não fosse possível vivenciar. E este processo deve ser respeitado mesmo quando não damos conta de entendê-lo. Mas, embora o lúdico tenha estas características, não se deve isolar a sua contribuição para outros aspectos que permeiam o processo de desenvolvimento da criança mesmo quando apresentado também de forma mais direcionada. Dantas (1998, p.76) inclusive afirma que “o lúdico tende a abranger a atividade individual e livre, mas também coletiva e regrada.” A atividade lúdica, portanto, não é apenas uma forma de desafogo ou diversão para gastar a energia da criança, embora não deva ser encarada como um trabalho, carregado, inclusive, de obrigações e impedido de expressar a liberdade e a criatividade. Mas o brincar promove meios que contribuem para o enriquecimento e também o desenvolvimento infantil, seja nas questões emocionais e principalmente nas questões cognitivas, e isso não pode ser desprezado. Nessa perspectiva entende-se que não se pode isolar o processo lúdico dos mecanismos que viabilizam processo de aprendizagem, pois ambos estão intrinsecamente ligados. Como destaca Oliveira (1985, p. 33) ao afirmar que: [...] o brincar é um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural, Estimula a crítica, a criatividade e a sociabilização, sendo por tanto reconhecido como uma das atividades mais significativa – senão a mais sgnificatica pelo seu conteúdo pedagógico. 2.4 DIMENSÃO COGNITIVA Tratar da dimensão cognitiva é compreender que através dela a criança faz as suas conquistas, desencadeia uma relação com o ambiente e com as pessoas, estabelece relações e tira conclusões, o que irá viabilizar o aprendizado de coisas ainda não vivenciadas por ela. Sobre isso Piaget (1990, p.56) destaca sobre as influências e determinações da interação social no desenvolvimento da dimensão cognitiva, ao afirmar que “a inteligência da criança somente se desenvolve em função de interações sociais”. E este seu pensamento sustentava que a criança era um ser ativo, ou seja, não sofria passivamente a ação do seu ambiente e essas estratégias de interação com esse ambiente eram definidas como esquemas. Então ”esquemas” segundo Piaget (1990, p.57), seriam “padrões organizados de comportamento, que vão avançando de forma gradativa, na medida em que a criança se desenvolve”. Isto significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos estímulos aos esquemas que ela possui até aquele momento. Piaget (1997, p.59) aponta ainda que o desenvolvimento cognitivo se da a partir de processos de adaptação chamados de “assimilação” e “acomodação”. Que, segundo ele, funcionam da seguinte forma: As estruturas cognitivas mudam através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio. Sendo assim, desenvolvimento cognitivo consiste de um esforço constante para se adaptar ao meio em termos de assimilação e acomodação. Já, Vygotsky (1984, p.92) aponta que “o aprendizado e desenvolvimento mantém uma relação desde os primeiros dias de vida da criança, antes mesmo dela começar a frequentar a escola.” Ou seja, tudo aquilo que ela vivenciar na escola já carrega uma memória, uma história prévia. Ela pode relacionar uma situação com outra que ela já tenha presenciado, tirando a partir daí alguma experiência, demonstrando aí uma necessidade de se manter uma relação interpessoal, e mostrando que o desenvolvimento e amadurecimento da criança irão depender da relação que ela pode ter em seu ambiente social e também cultural. De acordo com Machado (1998, p.221): É no processo de brincar que são construídas as capacidades e as potencialidades das crianças, pois que ela é um ser que se constitui pela ação e pela compreensão de sua ação... A perspectiva lúdica é dinâmica e possibilita organizar, construir, entender, e ressignificar a realidade. E nessa perspectiva compreendemos que é no ato de brincar que as dimensões internas e externas do ser se relacionam, contudo, a criança aprende a lidar e conviver com essa relação, percebendo seus limites através da construção da consciência de si e aprendendo a lidar com o limite do outro. Brincando, a criança organiza suas capacidades e habilidades de se relacionar com o mundo, aprendendo aquilo que até agora não tenha aprendido e aperfeiçoando aquilo que já aprendeu. Por isso, ela é construtiva e restauradora. Para Vygotsky (1998, p.115), “a brincadeira é uma ponte para que a criança recrie a realidade usando sistemas simbólicos.” De fato o brincar é uma atividade criadora, onde a imaginação, a fantasia, e a realidade interagem para a produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação, além de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos. Ainda seguindo os estudos do autor, verificamos que quando a criança entra na fase da imitação, a imaginação aflora e esta passa a agir de acordo com o que cria, por exemplo, se optar por exercer o papel de pai na brincadeira, desempenhará as funções de pai conhecidos por ela. Percebem-se, com isso, regras implícitas de comportamento no seu brincar, mesmo que não existam regras estabelecidas à priori, o brincar está envolvido com regras da sociedade. Nas brincadeiras do período pré-escolar, as operações e ações das crianças são sempre reais e sociais. Nelas, a criança assimila a realidade, compreendendo o “mundo” em que está inserido, e será chamado a adaptar-se à cultura que sua sociedade propõe. Para o autor, o brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal, pois a criança, nesse momento, executa ações que estão além de seu comportamento diário. Segundo Vigotsky (1998, p.117) a criança se comporta como se ”No brinquedo é como se ela fosse maior do que na realidade é.” Esta afirmação do autor é plausível, pois quando me remeto á minha infância, percebo que isso, de fato, ocorre no cotidiano da criança. Quando pequena, imitava “o mundo dos adultos” que estavam ao meu redor, meus pais, a médica, enfim, os que estavam ligados a mim socialmente, e, nesse exato momento, eu satisfazia os meus desejos de fazer parte de um mundo que não era meu, mas que podia alcançar com um pouco de imaginação e fantasia. Sem saber ensaiava meus futuros papéis e valores perante a sociedade, como diz ele, adquirindo motivação, habilidades e atitudes para minha participação social. Com isso, junto aos seus estudos chega-se á conclusão de que estas atividades promovem condições para que a criança avance no seu desenvolvimento cognitivo, dentro da pré-escola Sendo assim, pode-se encontrar no brincar um auxílio durante o processo de aprendizagem da criança, pois irá promover situações imaginárias onde ocorrerá o desenvolvimento cognitivo. E isso justifica cada vez mais a necessidade e importância de utilizar o brincar como um elemento de apoio para garantir o andamento deste processo, como afirma Oliveira (1985, p.36) ao apontar que “o brincar e a aprendizagem têm uma relação muito estreita, contrariando o pensamento do passado que traziam estes termos numa esfera de dicotomia e contradição”. Com isso, o autor esclarece quer hoje brincar e aprender estão entrelaçados, pois nos dias atuais as exigências cognitivas são feitas cada vez mais cedo, de modo que a criança perde o espaço do brincar para o espaço da aprendizagem, e isso acaba interferindo cada vez mais na dinâmica natural do processo de desenvolvimento da criança. Desta forma, o brincar pode garantir muitos benefícios para o processo de desenvolvimento cognitivo da criança, como afirma Friedmann (2003, p.76) ao apontar que “quando brinca, a criança se desenvolve de forma integrada nos aspectos cognitivos, afetivos, físicos-motores, morais, lingüísticos e sociais”. Este processo de desenvolvimento se dá a partir da construção que a criança faz na sua interação com o meio físico e social. A criança vai conhecendo o mundo a partir da sua ação sobre ele. Nessa interação sujeito objeto (ou meio), a criança vai assimilando determinadas informações, de acordo com o seu período de desenvolvimento. Com isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança em seu processo de aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá o desenvolvimento cognitivo e irá proporcionar, também, fácil interação com pessoas, as quais contribuirão para um acréscimo de conhecimento. No entanto, Wajskop (1996, p.22) afirma que: [...] o que se tem observado com certa frequencia é que cada vez mais as instituições de ensino vêm restringindo as atividades das crianças aos exercícios de acesso ao brincar de forma repetida e exaustiva, limitando a organização de idéias independentes que a criança tende a fazer durante o seu momento de criação e liberdade enquanto brincam. Desta forma, a autora acredita que se as instituições tivessem uma preocupação em compreender e, portanto organizar as funções pedagógicas em torno do brincar infantil, elas com certeza estariam permitindo à criança uma educação com uma dinâmica mais criativa e consciente e conseqüentemente mais prazerosa e significativa. 3. A CRIANÇA, O BRINCAR E A ESCOLA. 3.1 A CRIANÇA DE ONTEM E DE HOJE. O dicionário Aurélio (1975, p.498) define criança como “[Do lat. Creantia.] 1. ser humano de pouca idade, menino ou menina, párvuro”. Para proporcionar e manter uma interação saudável com as crianças, seja no campo profissional ou no âmbito familiar, é preciso entendê-las e, mais do que isso, é preciso conhecê-las. Entretanto, isso varia de acordo com as percepções que temos sobre elas e o que vem a ser a infância. Estas percepções foram sendo construídas ao longo da nossa história, a partir do contexto sócio-cultural, no qual a criança está inserida. Nessa perspectiva, Castro (2009, p.11) afirma que: [...] ao se buscar uma resposta para a questão sobre a infância e a criança, é necessária uma contextualização sobre a época em que a resposta vai se embasar, e quais referências vão ser usadas para descrever tal conceito, incluindo a classe social e a raça. Porque ser criança na sociedade contemporânea é muito diferente de ser criança nos períodos históricos anteriores. Sendo assim, de acordo com esta afirmação é possível perceber que não há um conceito universal de criança, pois o ambiente social que cada uma vive é diferente e isto deve ser levado em consideração, pois é esta diferença que irá determinar as características necessárias para a formação de uma concepção e um entendimento sobre a criança e sua infância diante do período histórico que esteja vivenciando. Segundo Bedin (2008, p.16), na sociedade medieval a criança era vista como: [...] símbolo do mal, fruto do pecado original, corrompida por nascer nestas condições, pecadora a ser salva através de castigos, ameaças e supressão de seus desejos. O padrão de comportamento de uma criança era o mesmo exigido de um adulto não sendo reconhecida então a inocência e a peculiaridade da infância. Ela era considerada como um adulto em miniatura, uma representante da imperfeição que todos deveriam evitar. Considerando esses aspectos, pode-se analisar que a criança era associada a uma imagem negativa e trágica, tida como um fardo na vida dos pais, ou seja, o amor e a afetividade materna e paterna eram inexistentes, o que consequentemente resultava em rejeição. Nesse sentido, Rocha (2002, p.58) destaca que: [...] as crianças foram tratadas como adultos em miniatura: na sua maneira de vestir-se, na participação ativa em reuniões, festas e danças. Os adultos se relacionavam com as crianças sem discriminações, falavam vulgaridades, realizavam brincadeiras grosseiras, todos os tipos de assuntos eram discutidos na sua frente, inclusive a participação em jogos sexuais. Isto ocorria porque não acreditavam na possibilidade da existência de uma inocência pueril, ou na diferença de características entre adultos e crianças. Diante disso verifica-se que não havia uma distinção para o tratamento que era destinado a criança, de modo que as características peculiares das crianças eram totalmente excluídas, visto que, a infância era despercebida, não havendo a separação entre o mundo infantil e o mundo do adulto. A partir dessa afirmação, passamos a refletir sobre a infância e a criança da contemporaneidade. Se analisarmos, a criança como “adulto em miniatura” e a inexistência da infância, veremos que esses fatos ainda permanecem. Como afirmam Cordeiro e Coelho (2007, p.16) ao ressaltarem como agravante que: [...] Aprisionados pelas suas rotinas profissionais, os pais acabam enclausurando as crianças em casa, de modo a permanecerem sozinhas. A televisão, estruturada com seus poderosos apelos comerciais, acabam invadindo a vida das crianças e se agregando na própria constituição, ditando valores, regras, modismos, formas de encarar e atuar no mundo. Diante dessa afirmação, compreendemos o universo da criança ainda como dependente da rotina do adulto, com seus dias repletos de compromissos, o que geralmente possibilita o afastamento do convívio de seus pais. Portanto, estão amadurecendo antes do tempo, muitas vezes por serem obrigados pelos próprios familiares a executar várias tarefas no dia-a-dia ou por fatores sócio-econômicos. Numa entrevista para o diário do nordeste, Jardim (2002, p.22), nos alerta sobre esta questão social quando afirma que as crianças “estão assumindo responsabilidades cada vez mais cedo. Muitas crianças, aos dois anos, quando deveriam estar brincando, aprendem inglês e informática”. Podemos perceber que as crianças de hoje são precoces em tudo, como por exemplo, no desenvolvimento de múltiplos conhecimentos, na fala, na escrita, na facilidade para lidar com a tecnologia. Desta forma, essas crianças estão deixando de experimentar um momento da vida que não volta mais, onde o brincar se torna indispensável. Nessa perspectiva, Rocha (2002, p.57) afirma que: A fase da infância seria caracterizada pela ausência da fala e de comportamentos esperados, considerados como manifestações “irracionais”. (...) Nesse sentido, a infância se contrapõe à vida adulta, pois os comportamentos considerados “racionais”, ou providos da razão, seriam encontrados apenas no indivíduo adulto, identificando, assim, o adulto como o homem que pensa, raciocina e age, com capacidade para alterar o mundo que o cerca; tal capacidade não seria possível às crianças. O que se observa na concepção deste autor é que a criança é como um ser inferior, sendo desconsideradas suas potencialidades e individualidades, afirmando assim, que ela é um ser humano que não raciocina, e, portanto não pode ser considerado um individuo ativo, capaz de interagir no seu meio social. Diante dessa concepção, Castro (2009, p.33) afirma que: [...] a especificidade da criança ou aquilo que a diferencia do adulto teve seu início quando a posição da criança como ser relativamente considerado apareceu na história da arte e da iconografia dos séculos XV, no final do século XVI e em todo o século XVII, no contexto europeu (ainda que sob a influência do sentimento religioso, por meio de figuras de crianças representadas como anjos). Nota-se que a imagem da criança associada a um anjo despertou um sentimento de ternura nas pessoas, possibilitando assim, mudanças significativas na relação familiar, portanto, passou a existir a criação do mundo infantil, distinguindo-o essencialmente do mundo adulto. Esse momento, segundo Áries (1981, p.36) resgata do adulto em relação à criança: [...] um sentimento, que foi constituído por dois momentos, chamados por ele de paparicação e apego. A paparicação seria um sentimento despertado pela beleza, ingenuidade e graciosidade da criança (...). E isto fez com que os adultos se aproximassem cada vez mais dos filhos (...). O sentimento de apego surge a partir do século XVII, como uma manifestação da sociedade contra a paparicação da criança, e propõe separá-la do adulto para educá-la nos costumes e na disciplina, dentro de uma visão mais racional. A partir dessas considerações, pode-se perceber que a relação entre pais e filhos passou a ser mantida através dos cuidados, da preocupação e do amor, que possivelmente conseguiram compreender suas particularidades e perceber o verdadeiro significado e a importância da infância. Nesse sentido, Rocha (2002, p.58) afirma que: [...] com a evolução nas relações sociais que se estabelecem na Idade Moderna, a criança passa a ter um papel central nas preocupações da família e da sociedade. A nova percepção e organização social fizeram com que os laços entre adultos e crianças, pais e filhos, fossem fortalecidos. A partir deste momento, a criança começa a ser vista como indivíduo social, dentro da coletividade, e a família tem grande preocupação com sua saúde e sua educação. Tais elementos são fatores imprescindíveis para a mudança de toda a relação social. Com isso, tornou-se necessário analisar a criança não como um ser “limitado”, “irracional”, mas como um indivíduo que possui habilidades, conhecimentos, que ocupa um lugar na sociedade na qual está inserida e assim como qualquer outro individuo tem seus direitos que devem ser cumpridos respeitando suas especificidades. De acordo com Bedin (2008, p.69): [...] Em 1959 a Organização das Nações Unidas publicava a Declaração dos Direitos da Criança preconizando vários princípios de proteção à criança, como direito de alimentação, lazer, educação, saúde e prioridade de uma nação. Esses preceitos passaram a fazer parte da constituição do Brasil a partir de 1988 e em 1990 são mais profundamente articulados e previstos com a criação do Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente O Estatuto da Criança e do Adolescente (2005, p.13) no Art. 2º “considera criança para efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos (...)”. Essa lei estabelece uma elaboração e fiscalização de políticas públicas direcionadas para a criança, tentando impedir as violações dos seus direitos. Já, Angotti (1994, p.56), “define a criança como um ser em desenvolvimento, sendo determinado por fases que se efetivam ao longo do tempo, diante das oportunidades oferecidas, tendo em vista o seu potencial para tais realizações”. Desta forma, a autora reconhece que a criança está em constantes mudanças e descobertas, e sob essas condições, sua capacidade intelectual deve ser valorizada, sendo necessário e de extrema importância levar em consideração seu pensamento e sentimento, respeitando suas características e necessidade. Assim, a criança como qualquer outro individuo é influenciada pelo meio, e todos esses aspectos contribuem para o seu desenvolvimento integral, sendo necessário um ambiente que propicie a manifestação de seus interesses e a ampliação de seu conhecimento, com o objetivo de favorecer a descoberta do mundo físico e social, de maneira que proporcione um crescimento sadio. Nesse sentido, Rocha (2002, p.51) destaca que: [...] Há uma grande preocupação de estudiosos em desvendar os caminhos da infância na atualidade, com todas as suas implicações. Temos registros de meninos e meninas com suas histórias marcantes e presenciamos a infância de muitas dessas crianças que vivem à margem da sociedade, experimentando o abandono, os maus-tratos, a pobreza, sendo exploradas no trabalho infantil, na mídia, no abuso precoce da sua sexualidade e nas tentativas de “modelagem” à imagem e semelhança do adulto. Vemos crianças que já lutam pela sobrevivência, por uma vida digna e uma educação básica de qualidade. E também as crianças “presas em casteloscondomínios”, rodeadas por videogame, computadores, televisão, supervisionadas constantemente por babás e professoras interessadas em efetivar uma educação restrita aos seus padrões sociais. Desta forma, o que pode ser entendido é que a concepção de criança ao longo da história sofreu grandes transformações. A criança já foi vista através de diversas maneiras, dependendo do contexto histórico-social ao qual estava inserida, trazendo consigo a idéia de um ser incapacitado e por tanto um fardo para os pais, também como sendo um adulto em miniatura e até finalmente como um ser santificado, livre de características do mundo. Mas estas concepções sobre a infância foram sendo historicamente construídas sempre a partir do olhar do adulto diante da criança. Entretanto, nos deparamos com a atualidade, e percebemos que alguns vestígios do passado em relação a criança ainda se fazem presentes. Enfim, conhecer a existência da criança, juntamente com suas particularidades e necessidades, é um grande desafio para o adulto, porém devemos acreditar que em qualquer tempo histórico, a criança foi e sempre será propiciadora de mudanças, principalmente a sua relação com o brinquedo e a brincadeira 3.2 BRINQUEDO, JOGO E BRINCADEIRA. É comum tratarmos do brinquedo, do jogo e da brincadeira como se ambos fossem sinônimos, tendo o mesmo sentido e representassem a mesma coisa. No entanto é importante compreender a diferença existente entre o brinquedo, o jogo e a brincadeira, pois cada um tem um conceito próprio, carrega características específicas e tem as suas particularidades. Vejamos por exemplo como o dicionário Larousse (1982, p.191) trás estas definições: Jogo = Ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem alguns exemplos: jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de palavras; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de empurra Brinquedo = objeto destinado a divertir uma criança Brincadeira = ação de brincar, divertimento. / Gracejo, zombaria. / Festinha entre amigos ou parentes / Qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e que custa mais do que se esperava: aquela brincadeira custou-me caro. Considerando estas informações nota-se que a forma como os significados são apresentados se dá principalmente pela forma como as pessoas os compreendem. Sendo assim vemos a brincadeira basicamente como a ação de brincar e esta ação também é um espaço de socialização, pois é através dela que a relação com o outro acontece. Isso se dá através de um caráter livre espontâneo, pois, além de ser um resultado de uma atividade não estruturada, está sujeita as decisões da criança o que pode gerar um final incerto. Kishimoto (2001, p.233) afirma que ”a brincadeira, por exemplo, é uma atividade que criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar e continua com seus pares”. Inicialmente, ela não tem objetivo educativo ou de aprendizagem prédefinido. A maioria dos autores afirma que ela é desenvolvida pela criança para seu prazer e recreação, mas também permite a ela interagir com pais, adultos e coetâneos, bem como explorar o meio ambiente Já no caso do brinquedo, podemos enxergá-lo como objeto que serve de suporte para a realização da brincadeira. Na utilização do brinquedo não se atribui o uso de regras que determinem a forma de sua utilização, e seu uso estimula a representação, uma forma de expressão da realidade da criança que se utiliza dele para brincar. Desta forma pode-se entender que o brinquedo é, então, um objeto cultural como afirma Kishimoto (2001, p.235), pois, [...] o brinquedo se mostra como um objeto complexo que permite a compreensão do funcionamento da cultura que traz inúmeros significados o que servirá de veículo às brincadeiras e também demonstra uma forma de representação que uma dada sociedade tem da criança”. Assim, o brinquedo adquire um sentido especial para cada criança e em cada diferente circunstância e o seu valor simbólico ultrapassa sua função técnica. Em vista disso, a maioria dos brinquedos comercializados já faz parte de uma (pré) concepção imposta pela própria cultura da sociedade, dos papéis de ser-menino ou ser-menina. E isso acontece desde os tempos antigos como afirma Didonet (2001, p.73) que: [...] todas as culturas, desde as mais remotas eras, produziram e utilizaram brinquedos. A boneca e a bola são dos mais antigos que se tem notícia e mais difundidos em todas as culturas. Em túmulos egípcios de 4 a 5 mil anos atrás foram encontradas bonecas. Nas civilizações andinas, as crianças eram enterradas com elas. Esta afirmação só confirma que interesse pelo estudo do brinquedo também é muito antigo. E isso talvez decorra pelo fato de que o brinquedo e o jogo façam parte de forma profunda da vida da criança. De modo que entender seu significado é um caminho útil e também necessário, para conhecer a própria criança e seu processo de desenvolvimento. E Didonet (2001, p.73), também acrescenta que: [...] é uma verdade que o brinquedo é apenas o suporte do jogo, do brincar, e que é possível brincar com a imaginação. Mas é verdade, também, que sem brinquedo é muito mais difícil realizar a atividade lúdica, porque é ele que permite simular situações. (...) Se criança gosta de brincar, gosta também de brinquedo. Porque as duas coisas estão intrinsecamente ligadas. Sendo assim, é essencial que a importância de se utilizar o brinquedo seja vista como uma prática positiva, como de fato é. Pois o brinquedo caracterizado como objeto de suporte para a brincadeira pode apresentar uma vasta gama de possibilidades de criação e desenvolvimento da imaginação que a criança pode ter a partir deles. Já Kishimoto (2005, p.97) afirma que “o jogo pode ser visto como resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto social, um sistema de regras e um objeto”. E esta compreensão de jogo é de uma brincadeira que trás consigo o respeito ás regras. E é nesse sentido que Bertoldo e Ruschel (2010, p.9) explicam alguns conceitos de Piaget, pelo fato de tal autor ter estruturado o jogo em três categorias, ou seja, o jogo de exercício, cujo objetivo é exercitar a função em si, o jogo simbólico, cujo indivíduo se coloca independente das características do objeto, funcionando em esquema de assimilação, e o jogo de regra, no qual está implícita uma relação inter individual que exige a resignação por parte do sujeito. Piaget cita ainda uma quarta modalidade, que é o jogo de construção, em que a criança cria algo. Cada tipo de jogo irá se adequar a necessidade e a fase em que a criança se encontre, determinado pelo seu desenvolvimento, interesse e comportamento. Brougère (1998, p. 30) destaca ainda que o que diferencia a brincadeira do jogo é que “a brincadeira é simbólica e o jogo funcional”, ou seja, enquanto a brincadeira tem a característica de ser livre e ter um fim em si mesmo, o jogo inclui a presença de um objetivo final a ser alcançada, a vitória. O que afirma que o objetivo final pressupõe o aparecimento de regras pré-estabelecidas e essas regras vem formalizadas para as mãos da criança e elas têm uma relação direta com as regras sociais, morais e culturais da sociedade na qual está inserida. 3.3 O ESPAÇO DO BRINCAR NA ESCOLA A educação infantil é porta de entrada, caminho novo para a formação de um ser tão pequeno e indefeso, que necessita de sensibilidade, amor e atenção, pois é exatamente este meio um dos grandes impulsionadores para a constituição do caráter. E é por conta disso, que a cada dia novas formas de práticas pedagógicas vêm sendo pesquisadas e utilizadas para que o processo de desenvolvimento e aprendizado da criança ocorra de forma mais espontânea e natural e consequentemente, mais produtivas. E é por isso que será abordada aqui a relevância das atividades lúdicas, mais especificamente o brincar, esta nos faz repensar uma educação que dê espaço e oportunidade para que a criança possa extravasar seus sentidos e sentimentos mais íntimos, pois é através da percepção dos seus desejos e vontades que ela expande o conhecimento de si e do mundo. A importância de vivenciar o brincar como atividade lúdica está relacionada à sua essência, que é estar verdadeiramente entregue e pleno na atividade, se deixando envolver de “corpo e alma” nesse processo. Esta prática impulsionará a criatividade, o poder imaginativo, e a sensação de prazer, como aponta Luckesi (2000, p.32) ao afirmar que: [...] o que caracteriza uma atividade lúdica é a “plenitude da experiência” que ela propicia em quem a pratica. E uma atividade onde o sujeito entrega-se a experiência sem restrições, de qualquer tipo, especialmente as mentais, que, usualmente, tem por base juízos pré-concebidos sobre as coisas e práticas humanas. E nesse sentido que entendemos que a criança ao entregar-se numa atividade que te dê alegria, a criança vivencia momentos de extremo abandono de tudo que está à sua volta, detendo-se apenas a “representar” aquele mundo novo, o “mundo da criança”. Nesse momento a sua imaginação vai levá-la onde quiser, buscando satisfazer seus desejos e sonhos mais íntimos, tendo, contudo, o privilégio de se descobrir e vivenciar novas experiências. É evidente a relação que permeia os tema brincadeira e aprendizagem. Para confirmar esta idéia Spodek e Saracho (1998, p.29) afirmam que “a introdução do brincar no currículo escolar estimula o desenvolvimento físico, cognitivo, criativo, social e a linguagem da criança”. Entretanto, para que isto ocorra de forma eficiente é necessário que os professores estejam preparados, capacitados para utilizar o brincar como mais um mecanismo facilitador da aprendizagem De acordo com o Referencial para a Formação de Professores (1999, p. 77): [...] as instituições escolares devem possibilitar a criança o desenvolvimento integral da mesma, ou seja, não apenas intelectual, mas psicológico, físico e social, a fim de possibilitar a formação do cidadão por inteiro, para exercer tais finalidades, tal instituição precisa utilizar instrumentos norteadores que irão possibilitar resolver tal necessidade, para isto, o lúdico e a criatividade são elementos cruciais. De fato existe a necessidade das instituições terem uma estrutura para receber as criança e atendê-las em diversos aspectos, mas a falta de compromisso e seriedade com a causa acaba por dificultar este processo, e cada vez menos as crianças têm acesso há um espaço de aprendizagem que promova a sua formação de prazerosa e eficiente. Diante disso vemos que RCNEI (1997, p.118) aponta o professor como “guia” do processo de brincar, é imprescindível que ele disponibilize um ambiente agradável e favorável para que a fantasia e a imaginação da criança aflorem de forma plena e contínua. Sendo assim: É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Conseqüentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar. A partir dessa visão de que o professor deve favorecer caminhos para um aprendizado através do brincar, pode-se verificar que este meio ainda é favorável para que o professor possa observar os processos de desenvolvimento das crianças, em conjunto e em particular. Dentre os estudos realizados no Brasil, Wajskop (1996, p.54) pesquisou as concepções dos professores sobre o brincar e verificou que a brincadeira é vista como diversão e separada da educação. Isso nos faz entender que, embora os estudos discutam a importância do brincar, o que se nota de forma rotineira é a substituição da atividade lúdica, deste brincar propriamente dito por atividades mais sistematizadas, tidas como ”mais sérias”, demonstrando aí um desconhecimento sobre a importância desta prática. Contrariando o verdadeiro sentido do brincar. Esta problemática nos faz refletir sobre a necessidade de implantar uma formação docente mais especializada e a manutenção das condições para a existência da brincadeira na escola, como por exemplo, a construção de brinquedotecas dentre outros. Sobre o brincar na escola, foi realizada uma pesquisa por Kishimoto (1998, p.112), que aponta “que falta espaço, matéria, remanejamento dos horários e formação adequada para os professores”. De fato todas estas dificuldades são encontradas dentro da escola, as salas de aula não são estruturas, quase não existem áreas próprias para que a criança possa brincar. O professor não sabe como lidar com o brincar no ambiente escola pela falta de preparo e formação específica e, além disso, os horários determinados para o momento de brincar não são respeitados, quando em muitos casos são substituídos por outras atividades, o que mostra que ainda não há um compromisso e respeito com a prática do brincar Capistrano (2005, p.180) aponta ainda que: [...] as crianças pequenas permanecem muito tempo dedicadas às atividades de escrita e leitura, correm e se movimentam apenas durante o recreio e o horário do parque e desconhecem brincadeiras e brinquedos populares. Ou seja, as possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem através das brincadeiras e jogos ficam prejudicadas. . Com isso, verificam que processo de aprendizagem sistematizado (leitura e escrita) que é julgado pela escola como mais importante, vem suprimindo o momento de brincar, tornando-o cada vez mais curto, limitando-o quase sempre ao momento do recreio num curto espaço de tempo onde a criança também deve utilizar para lanchar, ir ao banheiro. Por conta disso a forma como o professor atua na intervenção durante a brincadeira irá definir o curso desta. Sobre isso Bomtempo, Hussein e Zamberlam (1986, p.67) colocam que “a intervenção do professor deve revitalizar, clarificar, explicar o brincar e não dirigir as atividades”, de fato quando a brincadeira é dirigida por um adulto com um determinado objetivo ela perde o seu significado. E não é isso que se deseja, já que desta forma o brincar estaria sendo direcionado, o que estaria evitando que a criança se utilizasse da sua criatividade. Como afirmam Spodek e Saracho (1998, p. 48) ao distinguirem dois modos de intervenção por parte do professor durante a brincadeira, “o participativo e o dirigido”. No modo participativo a interação do professores acontece, pois, ele é um membro a mais na brincadeira, pois junto com o grupo ele brinca, e desta forma ele pode estimular a imaginação criativa das crianças. Já no modo dirigido o professor aproveita a brincadeira para inserir a aprendizagem de conteúdos escolares e dirigir atividades, o que na maioria das vezes, causa uma desvalorização do brincar, que deixa de ser espontâneo, impedindo assim o desenvolvimento da sua criatividade. Desta forma o educador poderá desenvolver novas habilidades no repertório de seus alunos, sempre tendo o cuidado de não podar a imaginação criativa da criança e sim orientar para que a brincadeira espontânea surja durante situações de aprendizagem, e para que isso ocorra o professor deve estar atento para a sua prática como orientado, para que não venha a contribuir para a limitação da imaginação criativa da criança, ao contrário, o professor deve esteja apto a orientar uma brincadeira espontânea o que deverá promover a aprendizagem de forma significativa, eficaz e prazerosa Piaget (1990, p.87), afirma que através do brincar “a criança pode vivenciar uma mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e comportamentos adequados” e é através desta espontaneidade que o brincar proporciona que o aprender se intensifica, pois ato de brincar não possui, apenas, o sentido de deixar a criança livre e liberta (solta), mas de contribuir para a formação de valores imprescindíveis para sua constituição. Pois é através do brincar que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, aprendendo a competir, mas também aprendendo a cooperar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos estudos que foram realizados foi possível observar que fica evidenciando o forte vínculo que existe entre o brincar e o processo de aprendizagem, bem como a importância desta relação para o desenvolvimento da criança, e pelos aspectos relacionados às dimensões motora, social e afetiva, lúdica e cognitiva, presentes no brincar. O brincar permeia a vida da criança em diversos aspectos, como foi visto no decorrer do trabalho, e estes aspectos são orientados pelas dimensões do brincar. Sendo assim resgatar a prática do brincar na rotina escolar é significativo por conta da possibilidade da criança aprender de forma lúdica e consequentemente de forma prazerosa. Portanto a escola deve valorizar o brincar como mais uma forma de aprendizagem ou uma forma de viabilizar a aprendizagem. Para que isso ocorra de forma satisfatória e eficaz, os profissionais que atuam com as crianças devem obter uma formação adequada, serem devidamente capacitados estar cientes de como se utilizar o brincar como aliado na sua prática. E principalmente compreender a seriedade do brincar. Portanto cabe a escola colocar o brincar numa posição de um elemento que pode acrescentar vantagens e benefícios ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem da criança. Além disso, a escola deve destinar ao brincar um espaço digno, devidamente definido e elaborado e não apenas colocá-lo disponível em momentos que “sobram” dentro do seu planejamento, como forma apenas de ocupar o tempo ocioso ou exclusivamente para a distração das crianças. Sendo assim será possível enxergar que o brincar está presente em todas as dimensões e estas promovem também o processo de aprendizagem. REFERÊNCIAS ANGOTTI, Maristela. O trabalho docente na pré escola, revisitando teorias, descortinando práticas. São Paulo: Pioneira, 1994. ARIÉS, Philips. História social da criança e da família. [Rio de Janeiro: Zahar, 1981. BEDIN, Návia T. Pattussi. A história da criança e a invenção da infância. Rio Grande do Sul: 2008. Disponível em: http://www.movimentopsicanalitico.com.br/publicacoes.php?id=21. Acesso em 17/10/2009. BERTOLDO, J; RUSCHEL, M. A. M. Jogo, brinquedo e brincadeira: uma revisão conceitual. 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