Trabalho de PGS
Alunas: Patrícia Mendonça Ventura
Mariana de Souza Ferreira
Mariana Girão Tauffer
Jesireè Iglesias
Lorena Silva de Moura
Karly Lagreca
1. Reconhecimento do cenário:
IDENTIFICAR:
1.1. Tipo de unidade ou micro-unidade (serviço): PMF de Ititioca
1.2. Missão institucional: Prevenção e promoção da saúde da comunidade afim de que
casos que possam ser resolvidos no PMF não precisem ir para uma unidade de maior
complexidade, sobrecarregando-a.
1.3. Principais tipos de serviço que oferece: Cuidados básicos (vacinação, exame
físico, curativos, coleta de sangue), encaminhamento para unidades de maior
complexidade, orientação para promoção da saúde (grupo contra o tabaco, promoção da
saúde bucal), intervenção direto na comunidade (casas e escolas).
1.4. Clientela predominante: Moradores (de todas as faixas etárias) que residem na
área abrangida pelo PMF
1.5. Categorias profissionais (observando as práticas e os saberes envolvidos):
• Técnicos de enfermagem: orientação e promoção da saúde, coleta de sangue,
vacinação, curativo, pré-consulta, visitas domiciliares, organização dos serviços
do PMF – comunicação ao paciente sobre exames, encaminhamentos e
agendamento de consultas.
• Médicos: orientação e promoção da saúde, consultas, visitas domiciliares e
escolares.
• Supervisores de especialidades: orientação e promoção da saúde, atuação
principalmente na resolução de casos de difícil diagnóstico e/ou tratamento.
• Funcionária da limpeza: limpeza e higiene de todo o PMF.
• Dentista: consultas odontológicas e visitas escolares.
• Auxiliar do dentista: auxilia o dentista.
1.6. Funcionamento (fluxo, porta de entrada, protocolos...): O PMF faz um
encaminhamento que é analisado pelo centro regulador e este determina onde há vaga
para o paciente, realiza a marcação, avisa o PMF e este entra em contato com o paciente
(PMF > Centro Regulador > Unidade de maior complexidade).
Exemplos de unidades de maior complexidade:
•
Largo da Batalha: exames e encaminhamento para especialistas
•
Alzira Reis: partos sem complicações
•
Azevedo Lima: parto com ou sem complicações e cirurgias
•
Antônio Pedro: Cirurgias e pesquisa de diagnóstico
•
Carlos Tortelly: encaminhamento para especialistas
1.7. Relações interpessoais entre profissionais e usuários e entre os profissionais:
Estabele uma relação de respeito, cuidado, dedicação e confiança com o paciente. Entre
os profissionais existe uma relação de respeito mútuo e de parceria profissional.
2. Instituído e Instituinte:
Identificar no cenário de prática onde se desenvolve o TCS III as principais
instituições envolvidas, o(s) instituído(s) e instituinte(s) justificando as respostas
com base no conteúdo da análise institucional. Aqui podem ser observadas ações
instituintes isoladas e/ou movimentos instituintes organizados e bem articulados. A
não identificação também deverá ser justificada.
As práticas condizentes com o instituído, no PMF, são os diversos protocolos
averiguados. No que se refere ao instituínte da comunidade sobre o PMF, identificamos
a realocação de um técnico de enfermagem para outra unidade de saúde com base nas
reclamações da comunidade em relação às práticas deste profissional. Como exemplo da
prática instituínte dos profissionais do próprio PMF, identificamos a transferência de
outro técnico de enfermagem devido à relação profissional não harmoniosa deste com
um médico.
3. Ética e Moral:
Considerações do grupo sobre a Ética e a Moral do cenário e/ou de seus
profissionais com base nos conteúdos de ética e moral trabalhados nas aulas
teóricas e práticas e/ou já trazidos pelos alunos.
A ética e a moral são princípios respeitados pelos profissionais neste PMF. Um caso
onde estes princípios foram colocados à prova foi: uma paciente procurou auxílio no
PMF para resolver uma questão trabalhista;Ao tirar a licença maternidade a paciente
recebeu a notícia de que seria demitida assim que voltasse. Terminado o perído da
licença maternidade e no final de suas férias, a paciente foi comunicada de que deveria
voltar a trabalhar antes do planejado, com a finalidade de ela recusar o pedido e ser
demitida por justa causa. Tal paciente não podia retornar ao emprrego na data
determinada, pois não tinha com quem deixar seu bebê, além de já contar com o
dinheiro da demissão para construir sua moradia. Diante disso, a moça foi pedir atestado
médico de quinze dias, para que o seu período de férias fosse completado e por isso não
poderia ser demitida por justa causa. Na demissão receberia todo o dinheiro que ela
tivesse direito. Esse dinheiro seria usado para construir um cômodo na casa de sua
sogra, afim de ter onde morar e ter quem deixar o bebê enquanto trabalha. Após
conversar com a técnica, que confirmou a versão relatada pela paciente, o médico
concedeu-lhe o atestado.
4. Autonomia:
Identificar e avaliar processos geradores de autonomia do paciente. Tanto ações
profissionais isoladas como programas ou políticas institucionais mais abrangentes
podem ser relatados. Podem ser identificadas as situações ou práticas que
desrespeitem ou limitem a autonomia, sobretudo do paciente, cabendo
considerações sobre autonomia do profissional. As respostas devem ser justificadas
com base no conteúdo apreendido nas aulas teóricas e práticas sobre o tema.
Um processo gerador de autonomia do paciente corresponde à boa relação deste com o
médico, pois uma orientação médica eficaz permite o melhor entendimento do paciente
sobre o seu real estado de saúde e das possibilidades de tratamento. O médico deve
permitir que o paciente tenha autonomia de escolha do caminho terapeutico a ser
seguido. Um exemplo de autonomia do paciente: esclarecimento da paciente sobre
método anticoncepcional oral e injetável, expondo os efeitos colaterais e limitações de
cada um deles; diante disso a paciente optou pelo método oral, pois lhe transmitiu maior
segurança. Outro exemplo de autonomia do paciente: neste PMF há um grupo de
orientação e apoio aos fumantes que desejam abandonar este vício; o paciente tem total
autonomia para se inscrever, frequentar e abandonar o grupo. Um exemplo de limitação
da autonomia do paciente: num caso de encaminhamento para um especialista, a
paciente não pôde escolher a unidade que melhor lhe convia, pois esta foi selecionada
pelo centro regulador, que a realocou de acordo com as vagas disponíveis.
A falta de estrutura e/ou de instrumentos pode limitar a autonomia do profissional na
sua prática. Tivemos com exemplo a falta de agulhas infantis no posto impossibilitando
a aplicação da vacina da gripe nas crianças que procuraram este serviço neste dia. Um
outro exemplo: a paciente procurou atendimento médico para consulta de pré-natal;
durante o atendimento relatou o aparecimento de verruga genital, porém não deixou que
a médica inspecionasse de maneira adequada no exame físico. Neste caso, temos a
autonomia do paciente limitando a autonomia do profissional.
5. Auto-análise e Auto-gestão:
Identificar processos de auto-análise e auto-gestão pelos quais tenha passado ou
esteja passando a unidade onde é realizado o TCS III. Quando presente a autogestão ela deve preferencialmente ser classificada quanto à sua extensão, total ou
parcial, se parcial de quais setores/subunidades. As respostas devem ser
justificadas com base no conteúdo discutido nas aulas teóricas e práticas sobre o
assunto.
Na unidade acontecem reuniões mensais de equipe por iniciativa dos próprios
funcionários, não sendo imposta ou sofrendo interferência dos gestores, apesar destes
serem convidados e não comparecerem.
Um exemplo é quanto ao período de férias dos técnicos de enfermagem, durante as
quais haveria realização de consultas pelos médicos com prioridade pelas previamente
marcadas e as que surgissem em demanda de urgência no plantão. Esse esquema de
atendimento, como forma de auto-gestão, foi acertado entre os profissionais do posto
(médicos e técnicos de enfermagem) de forma a não sobrecarregar com remarcações no
período em que houvessem poucos plantonistas.
6. Conclusão:
O PMF cumpre o seu objetivo de prevenção, orientação, auxílio, encaminhamento,
acompanhamento e tratamento dos pacientes da comunidade por ele abrangida. O posto
conta com 3 técnicos de enfermagem, 3 médicos que cumprem 40 horas semanais, 1
dentista, 1 auxíliar de dentista, 1 funcionário responsável pela limpeza e surpevisores de
diferentes especialidades que alternam sua visita durante a semana. O posto apresenta
boa estrutura: são 2 consultórios médios e 1 odontológico, 1 sala de vacinação, 1 sala de
pré-consulta, 1 sala de curativos, 1 sala de coleta de sangue, recepção, cozinha,
farmácia, 2 banheiros e 1 sala de reuniões. Os profissionais de saúde mantêm uma
relação de afetividade, atenção e cuidado com todos os usuários, o que oferece ao posto
um ambiente acolhedor com grande resolutividade. Esta resolutividade do PMF é
importante para evitar a sobrecarga das unidades de maior complexidade.
Relato de um paciente: “ Gosto do atendimento daqui, mas gosto principalmente da
doutora do meu setor. A doutora é muito atenciosa e educada. O problema daqui é a
demora para o atendimento. Muitas vezes o meu horário tá marcado pras oito e meia, eu
chego aqui no horário e só sou atendida as 11.” R.S.S
.Estudo de Caso
R.S.S., 28 anos,negra, sexo feminino, ajundante de limpeza, multípara (GESTA 3)
GESTA 3 PARA 3 ABORTO 0
Paciente moradora de Ititioca desde criança, não costumava fazer uso dos serviços do
PMF. A primeira vez que procurou atendimento na unidade foi durante o pré-natal de
seu terceiro filho( hoje com dois anos). Fez o acompanhamento completo dessa
gestação no PMF. Depois disso só voltou a procurar esse serviço em maio desse ano. A
seguir relata-se o histórico das visitas que ocorreram.
Consulta do dia 17/05/11
Paciente procurou atendimento no PMF apresentando dor abdominal com início
súbido na região lombar esquerda com irradiação para hipocôndrio desse mesmo lado.
Dor constante há 2 semanas, com um episódio de piora ao esforço, associada a quadro
de febre ( não aferida) também neste período. Relata que o quadro da dor vem piorando
em intensidade desde então. Observou ainda perda ponderal de 10 kg nos últimos 3
meses.
Nega alterações de ciclo menstrual, hábito intestinal ou do trato genito-urinário. Afirma
ter uma alimentação balanceada (sic), apesar de ter percebido discreta hiporexia e
plenitude pós-prandial nas últimas 2 semanas.
Dados Antropométricos: Peso = 63,700 kg Altura= 1.67m
Ao exame físico avaliou-se que a paciente estava corada, hidratada e afebril;
apresentou cianose de extremidades (mãos) e presença de fenômeno de Raynaud, além
de esclerodermia, principalmente na face e membros superiores. O exame do sistema
cardiovascular demonstrou ritmo cardíaco regular em dois tempos com ausência de
sopros e com frequência cardíaca de 72 bpm. Os pulsos de membros superiores eram
palpáveis, amplos e simétricos.
O exame do sistema respiratório percebeu-se a paciente eupnéica em ar ambiente, com
preservação de murmúrio vesicular à ausculta e ausência de ruídos adventícios.
O abdome estava flácido com presença de estrias, ruídos hidroaéreos presentes. À
percussão abdominal avaliou-se espaço de Traube livre, ausência de massas ou qualquer
alteração digna de nota. Não demonstrou dor à palpação.
Hipótese diagnóstica: Esclerodermia ou outra doença reumática.
Foram solicitados os seguintes exames complementares: radiografia de tórax,
dosagem de glicose, hemograma completo com VHS, fator reumatóide, FAN, perfil
lipídico; EAS e ultrassom abdominal. Prescreveu-se analgésicos para a dor. Além disso,
a paciente foi encaminhada para o serviço de reumatologia para acompanhamento.
A paciente retornou em consulta no dia 31/05/11 para realizar exame preventivo
ginecológico, a pedido da médica do PMF. Afirma não ter relações sexuais há 3 anos e
não tem casos de câncer familiais.
Uma semana depois da última consulta com a médica do PMF, a persistência
da febre e agravamento da dor levaram a paciente a procurar a UPA mais próxima de
sua residência, já que nesse dia o PMF não estava funcionando. Foi realizado HMC, que
apresentou pequenas alterações. Estava com 65,5 kg e pressão arterial de 120x80
mmHg nessa ocasião.
No dia 14/06, foi feita outra consulta para apresentar o resultado dos exames
anteriormente pedidos. A única alteração evidenciada foi em relação a duas proteínas
hepáticas. Enquanto aguardava a marcação da consulta com o reumatologista (ação
dependente do órgão regulador), foi avaliada pelo médico supervisor de clínica médica
do PMF de Ititioca, que também manteve a suspeita de esclerodermia e tentou agilizar o
encaminhamento para o reumatologista, além de pedir exames mais específicos. A
consulata com o reumatologista ocorrerá no dia 27 de junho de 2011.
A médica do PMF ainda orientou a paciente a dar entrada no INSS para
conseguir afastamento remunerado do emprego, devido ao risco evidente dela perdê-lo
pelas inúmeras faltas e indisposição para o trabalho.
A paciente requereu o afastamento remunerado provisório do trabalho pelo
INSS, com intenção de retornar às suas atividades, sem ser prejudicada no período de
tratamento. Está sendo auxiliada quanto a atestados e licenças médicas por todos os
profissionais que a atenderam, com uma ação integrada da equipe multiprofissional que
a assiste.
Relato da médica do PMF: “O caso mexeu comigo. A paciente tem a minha
idade, tem três filhos pequenos. Não tem o apoio do companheiro para criá-los e nem de
ninguém mais, pois sua mãe é idosa e sua irmã tem HIV. Agora ela tem a suspeita de ter
uma doença crônica com um prognóstico lamentável e ela nem faz idéia disso. Não sabe
o quanto essa doença pode mexer com a sua vida. Eu me ponho no lugar dela.
Realmente , não tem como não se envolver emocionalmente nesses casos. Mas eu tô
aqui para ajudá-los.O encaminhamento dela aconteceu mais cedo do que eu esperava,
isso já é uma boa ajuda para esclarecer o seu diagnóstico.”
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Trabalho PGS II PMF Ititioca