Núcleo Museológico do Sal F i g u e i r a d a F o z Salina Municipal do Corredor da Cobra. Armazéns de Lavos - Figueira da Foz. Núcleo Museológico do Sal Horários de Abertura: F i g u e i r a d a F o z Horário de Verão: 1 de Junho a 30 de Setembro Quarta-feira a Domingo / Feriados: 10h30 às 12h30 / 14h30 às 18h45m Encerrado às Segundas e Terças-feiras. Horário de Inverno: 1 de Outubro a 31 de Maio Quarta-feira, Sábado, Domingo / Feriados: 10h00 às 12h30 / 14h00 às 16h00 Encerrado às Segundas, Terças, Quintas e Sextas-feiras. Entradas: 2 Euros / pax; 25 Euros / grupo organizado mais de 15 pax. Gratuito: Domingos e Feriados; Crianças até 12 anos; Cartão Senior Figueira; Cartão Jovem e Estudante, outros. Desconto 50%: Jovens entre 13 e 25 anos; Adultos maiores de 65 anos; Professores. Mais informações ou marcação de visitas de grupo: Núcleo Museológico do Sal: 966 344 488. (Horário de atendimento) ou Museu Municipal Santos Rocha Rua Calouste Gulbenkian 3080-084 Figueira da Foz Tel: 233 402 840 - Fax: 233 402 857 [email protected] (um cristal de sal) … é um sopro do vento, é um pedaço do mar, é um átomo do sol, é uma lágrima, é uma gota de suor. É, por isso, Água, Terra, Fogo, Ar e também trabalho, muito trabalho; é tudo e é apenas um pequeno cristal de sal… A autarquia figueirense, envolvida desde 2000 em projectos comunitários com vista à Revitalização do Salgado Tradicional, persegue e defende, com verdadeiro sentido de missão, objectivos e estratégias que visam redespertar o interesse pela produção de sal marinho, actividade que desde meados do século passado decaiu em progressivo abandono por falta de incentivos económicos e de valorização do produto. Ao adquirir e activar a salina do Corredor da Cobra a autarquia devolve a toda a comunidade a possibilidade de interagir de perto com tudo o que a esta actividade respeita, recolhe e divulga testemunhos sobre o Salgado desta região, implementa uma rota das salinas a fim de despertar o interesse pela sua biodiversidade (ambiental, patrimonial e histórica), empenha-se a vários níveis na defesa dos interesses dos seus produtores, valorizando o “sal tal qual”, defendendo e promovendo o eco-turismo. A salina municipal isso, à escala de um vo multidisciplinar rede de valências forma integrada, à tante. Nesta rede de salina em si mesma armazém do sal, a núcleo museológico. reconfigura-se, por centro interpretaticonstituído por uma que se oferecem, de exploração do visivalências inclui-se a e o seu marnoto, o rota das salinas e o A concepção deste Núcleo Museológico do Sal, inaugurado em 2007, recai, a par de outra, sobre a informação e testemunhos transmitidos por quantos localmente se dedicaram e dedicam à actividade, sentindo o sal como ninguém. É a todos eles e ao seu sentir, que também fazemos nosso, que este núcleo é dedicado. Nos seus visitantes logramos conquistar a vontade de redescobrirem em cada visita o privilégio único do contacto com a beleza idílica destes nossos, cada vez mais reconhecidos, “jardins de sal”. O Presidente da Câmara Municipal António Duarte Silva Eng. Salgado da Figueira O termo “Salgado” designa o conjunto das salinas ou marinhas de uma determinada região. No caso da Figueira da Foz a exploração do sal aparece documentada desde os primórdios da nacionalidade. No seu apogeu, em meados do século XX, o Salgado figueirense contou com 229 marinhas em funcionamento. Posteriormente, e tal como aconteceu na generalidade dos salgados portugueses, ocorreram na Figueira grandes alterações na finalidade dada às marinhas da região. A fraca rentabilidade da salinicultura, a dureza do trabalho e a mão-de-obra dispendiosa, face à propagação e competitividade dos métodos industriais de produção, levaram gradualmente ao abandono da actividade à transformação das salinas em aquaculturas. O “Corredor da Cobra” Actualmente, a crescente retoma da consciencialização dos benefícios do sal marinho e da flor de sal obtidos de forma cem por cento natural, sobre a opção industrial, impulsiona produtores e consumidores a reverter aquela tendência e a reconduzir para a salinicultura tradicional renovadas esperanças e desafios de produção. Salinas activas Meados do século XX - Praticamente todas as salinas em actividade Início do séc. XXI - crepúsculo ou renascimento? Núcleo Museológico do Sal da Figueira da Foz Cais Armazém do sal Núcleo Museológico do Sal Edifício principal Percurso Planta da marinha O conceito geral deste espaço museológico baseia-se na ideia de que as salinas e o sal são uma actividade em que se cruzam múltiplos aspectos, históricos, etnográficos, paisagísticos, ambientais e económicos que devem ser abordados de uma forma integrada. Por outro lado, teve-se em consideração que este é um espaço vivo, em que a actividade salineira e a paisagem estão bem presentes, devendo o Núcleo Museológico ser também um instrumento para a valorização dessa mesma actividade e do produto nela obtido: o sal marinho tradicional da Figueira da Foz. A inserção do Núcleo na marinha Corredor da Cobra constitui uma mais valia notável, pois a água, o sal, a geometria dos talhos, o trabalho e o saber dos marnotos, entram pela exposição permanente, complementando o discurso expositivo. Por outro lado, a existência do armazém e os meios interpretativos nele existentes permitem, em conjunto com um percurso pedonal através das marinhas do grupo de Lavos, que a abordagem museológica se espraie pelos 3 espaços (marinhas, exposição permanente e armazém) que mutuamente se complementam. Armazém do sal Edifício principal O que é o sal? Salina tradicional O cloreto de sódio (ClNa) – vulgarmente designado por sal – é um recurso praticamente inesgotável na natureza já que cerca de 77% dos elementos dissolvidos na água do mar são ClNa. Para além da água do mar o sal surge na natureza de outras formas sendo a halite ou sal-gema uma das mais comuns. Do ponto de vista químico o cloreto de sódio é uma substância composta por um átomo de sódio (Na+) e um átomo de cloro (Cl-), cuja estrutura cristalina pertence ao sistema cúbico, isto é, os átomos do Cloro e do Sódio estão organizados na forma de um cubo formando uma célula unitária de NaCl. Tipos e modos de obtenção O sal foi, e é ainda, um recurso fundamental para a Humanidade, por isso é explorado das mais diversas formas, desde sistemas primitivos por ebulição da água salgada, à recolha directa em lagos salgados, aos sistemas tradicionais de evaporação solar de pequenas salinas marinhas e de interior, até aos sistemas industriais ou mineiros de salinas marinhas com milhares de hectares de extensão ou a extracção de sal gema a centenas de metros de profundidade. Recolha directa em depósitos salgados Ebulição de água salgada Armazéns do sal da Figueira da Foz 1 Kg Água do Mar Sódio Sais Sulfato Magnézio Cloreto Bicarbonato Cácio Potássio Outros Um quilograma de água do mar contém em média cerca de 965,6 gramas de água (H2O) e 34,4 gramas de outros componentes; destes o cloreto de sódio é o elemento dominante, o que significa que é necessário a evaporação de uma grande quantidade de água (por acção do vento e do calor do sol nas salinas de evaporação solar) para conseguir uma solução saturada de NaCl onde a cristalização do sal irá ocorrer. Percentualmente o sal marinho tradicional, tal como é produzido na Figueira da Foz, ou seja recolhido manualmente e sem lavagens ou tratamentos posteriores, tem um menor teor de cloreto de sódio (NaCl) que o sal produzido industrialmente (de origem marinha ou mineral), e uma presença mais expressiva de uma série de outros elementos considerados de maior valor do ponto de vista nutricional e gastronómico. Os armazéns de sal da Figueira da Foz são um dos elementos mais distintivos do salgado figueirense, sem paralelo em nenhuma das outras regiões salineiras da Europa Atlântica. Construídos em madeira de pinheiro, material leve, com alguma flexibilidade e muito abundante na região, a ausência de alicerces fazem dos armazéns estruturas quase flutuantes o que lhes permite responder ao desafio de construir grandes estruturas em meios argilosos, por definição instáveis, com capacidade para armazenar entre 100 a 250 toneladas de sal, além naturalmente de servirem de abrigo e cozinha para os marnotos. Armazém do sal Compartimentos e esquema de circulação Comporta (Entrada de água) A tecnologia do sal na Figueira da Foz As salinas tradicionais de evaporação solar correspondem a pequenas unidades (normalmente inferiores a 10 ha), em que a mecanização é praticamente inexistente; a sua tecnologia é milenar e compreende uma utilização perfeitamente optimizada e sustentável dos recursos naturais, como a água, o vento, o sol e a argila. Porém não se pense que é um processo simples, pois até à cristalização do sal, há que ir libertando a solução de outros sais e elementos indesejáveis, sendo para isso necessário realizar múltiplas manobras com a água, ora conduzindo-a por canais ora depositando-a por períodos de tempo determinados em sucessivos compartimentos, até à sua chegada aos talhos, que constituem o local de nascimento do sal. A tipologia das marinhas (salinas) da Figueira, conjuntamente com as de Aveiro, corresponde a um modelo particularmente elaborado, com uma hidráulica muito complexa e uma sucessão de ordens de compartimentos formando um reticulado que imprime um carácter muito particular a estas paisagens, transformando-as em verdadeiros jardins de sal. Compartimentos Viveiro Salinidade aproximada (graus Baumé) Viveiro 3/4 Sapal 5 Comedorias Vasa 5/6.5 Entrebanhos 6.5/9,5 Cabeceiras 13/19 Praias Sertões 19/21 Talhões 21/25 (24º início da cristalização de NaCl) Talhos 25,5/32 Canais A Malhadal B Entraval Alfaias Atentos às marés, aos ventos, à condução da água, os marnotos são simultaneamente marinheiros e agricultores, prolongando-se por norma os trabalhos do sal desde meados de Abril até meados de Setembro. A madeira é o material de eleição para as alfaias do salineiro que compreendem instrumentos variados (mais de duas dezenas) para as limpezas e consolidação de divisórias, fundos e canais, e diferentes tipos de rodos (ugalhos) para a colheita ou redura do sal. As gentes do sal A tradição e os conhecimentos relativos ao sal eram passados dos marnotos aos moços que muitas vezes se iniciavam nas salinas com a idade de 10/12 anos. Sendo uma ocupação com forte sazonalidade, as gentes do sal são polivalentes, repartindo-se fora da época do sal pela agricultura, pesca, construção e trabalhos fabris. Embora fora de uso as canastras de carrego do sal, e as respectivas rodilhas, são ainda um dos elementos identificadores do Salgado da Figueira. À cabeça, no andar ritmado e gracioso das mulheres, as canastras transportavam o sal das silhas até aos armazéns ou às barcas do sal e, muitas vezes, nas idas e regresso para casa, serviam de berço a alguns dos que se vinham a tornar marnotos e que acompanhavam as suas mães às marinhas praticamente desde que nasciam. 1 2 3 4 As salinas e a biodiversidade Com as suas diferenças de profundidades e teores de salinidade, as salinas oferecem diferentes ambientes que constituem habitats para comunidades com diferentes requisitos, transformando-as assim em lugares importantes para a biodiversidade. Nestas comunidades as aves são muito representativas em todas as épocas do ano, seja em passagem migratória, seja como invernantes, seja como nidificantes. 80 20 1 - Pato-real 2 - Pernilongo Profundidade da água (cms) 10 3 3 - Andorinha-do-mar-anã 4 - Borrelho - de-coleira-interrompida Espécies O perna-longa ou pernilongo, é uma ave que nidifica em praticamente todas as zonas de salinas do litoral atlântico e mediterrânico. Os seus gritos de alarme fazem parte integrante das paisagens das salinas. A sua época de nidificação coincide com os trabalhos das salinas, por Abril e Maio, quando os salineiros iniciam os trabalhos preparatórios para a safra, os pernilongos constroem os ninhos sobre os muros ou em plataformas de lama no interior dos tanques. As fêmeas depositam por norma quatro ovos que são incubados por ambos os sexos. Ninho de Pernilongo Pernilongo (Himantopus himantopus) no ninho