Cabo Mondego (Figueira da Foz)
Idade: 158 Ma (Jurássico superior)
Tipos de fósseis: Pegadas (impressões e contramoldes)
Dinossáurios: Terópodes
Destacam-se:
•
Pegadas de terópodes com a marca do dedo I (polegar)
•
Pegada de terópode que pisou marcas de ondulação na areia
•
Carnívoros com cerca de 1,4 a 3 m do solo à anca
É no Cabo Mondego que se situa o icnótopo com pegadas de dinossáurios
que há mais anos se conhece em Portugal. Na sequência de camadas
sedimentares do Jurássico Superior que se observa desde a arriba litoral em
frente à fábrica de cimento e antigo Couto Mineiro do Cabo Mondego (Fig. 1) até à
Pedra da Nau, a N de Buarcos (Figueira da Foz), foram identificados oito níveis
(jazidas) com pegadas. As primeiras foram descobertas em 1884 pelos
trabalhadores da mina de carvão do Cabo Mondego. Um dos directores da mina
informou Jacinto Pedro Gomes, naturalista do Museu Mineralógico e Geológico da
Escola Politécnica (Lisboa), que na praia havia uns grandes fósseis, muito
curiosos, e este geólogo procedeu ao seu estudo.
Figura 1.
Vista geral da arriba litoral sob a cimenteira de Buarcos (e antigo
Couto Mineiro do Cabo Mondego) onde se realizou uma das
primeiras descobertas e escavações de pegadas de dinossáurios no
mundo (Jurássico superior, Cabo Mondego)
Após desenharem as pegadas, de tomarem nota de todas as suas medidas e
de elaborarem um mapa (Fig. 2), deram início aos trabalhos. Fragmentos da laje,
cada qual com um contramolde, foram arrancados e transportados para o Museu
Mineralógico e Geológico da Escola Politécnica, onde ficaram a fazer parte das
colecções (Fig. 3).
Figura 2.
Mapa do conjunto de pegadas de dinossáurio do nível 2 do
icnótopo do Cabo Mondego (Jurássico superior). In Gomes (1916),
uma publicação pioneira na icnologia dos dinossáurios.
Figura 3.
Contramolde de impressão de um pé
de terópode do nível 2 do icnótopo do
Cabo Mondego (Jurássico superior).
Colecção MNHN-MG.
Geólogos dos antigos Serviços Geológicos de Portugal descobriram na Pedra
da Nau (Cabo Mondego), em 1951, três estratos de calcário negro, igualmente do
Jurássico Superior, com pegadas de dinossáurio, separados do nível encontrado
em 1884 por cinquenta metros de sedimentos (Fig. 4). No Museu Geológico
encontram-se em exposição blocos com impressões tridáctilas provenientes
destas três camadas. In situ, actualmente, observam-se algumas pegadas
isoladas e duas em sequência (Fig. 5), com cerca de 47 cm de comprimento por
48 cm de largura, marcas de dedos finas e longas, e um valor de passo de 1,4 m.
No icnótopo do Cabo Mondego não se encontraram trilhos de dinossáurios
de médias a grandes dimensões porque a área dos afloramentos é pequena.
Assim, a informação disponível é a proveniente de pegadas isoladas e de duas em
sequência (Fig. 5). Algumas pegadas são tidas como pertencentes ao tipo
Megalosauripus. Segundo os estudos existentes sobre as relações de parentesco
entre estes dinossáurios, um pé com um dedo polegar longo é uma condição
primitiva em Theropoda, pelo que o dinossáurio que produziu os icnitos
tetradáctilos estaria próximo da condição primitiva presente em grupos basais.
Admite-se que terópodes semelhantes a Megalosaurus poderão ter produzido
estas pegadas. A altura da perna, do solo à anca, dos terópodes que produziram
estas pegadas variava entre 1,4 e 3 m.
Figura 4.
Afloramento da Pedra da Nau com os níveis 6, 7 e 8 do
icnótopo do Cabo Mondego (Jurássico superior) e
pormenor dos trabalhos de resgate dos blocos com
impressões tridáctilas actualmente em exposição no
Museu Geológico.
Figura 5.
Duas pegadas tridáctilas consecutivas in situ
no afloramento da Pedra da Nau do icnótopo
do Cabo Mondego (Jurássico Superior).
Existem outros níveis com pegadas isoladas e na base de uma camada estão
conservados contramoldes de fendas de retracção e de marcas de ondulação, bem
como um contramolde de impressão de pé tridáctilo com 55 cm de comprimento
por 51 cm de largura (Fig. 6).
Figura 6.
Na base do nível 4 do icnótopo do Cabo Mondego (Jurássico superior),
observam-se os contramoldes de uma impressão de pé tridáctilo e das marcas
de ondulação que o dinossáurio pisou e deformou.
Bibliografia
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Gomes, J. P. (1916) - Descoberta de rastos de sáurios gigantescos no Jurássico do Cabo Mondego. Comun.
Comis. Serv. Geol. Portugal, 11: 132-134 (in "Manuscritos de Jacinto Pedro Gomes"). Publicação póstuma.
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