EVOCAÇÕES DE LICENCIANDOS DA UFMT SOBRE DAR AULA: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES 1 BRAGA, A. R. C2 ANDRADE, D. B. S. F 3 PECORA, A. R.4 RESUMO Este estudo dá continuidade à pesquisa intitulada Representações sociais do trabalho do professor para alunos de cursos de licenciatura da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa em Educação e Psicologia. Fundamenta-se na Teoria das Representações Sociais (TRS) e nos estudos de Mizukami (1986) sobre concepções de Educação. Buscou-se realizar as primeiras aproximações das representações sociais de licenciados da UFMT sobre Dar aula, identificando a rede de significados a elas subjacente. Destaca-se a possível relação entre o conteúdo das representações sociais investigadas com as concepções de Educação tomadas como produto e processo. Para tanto, foram utilizados os dados relativos às evocações de 100 licenciandos para a questão indutora Dar aula. Estes dados foram analisados em duas etapas: (1) técnica de análise de conteúdo e (2) modelos estatísticos multivariados. Os resultados sugerem uma caracterização do modelo clássico de ensino. PALAVRAS-CHAVE: Educação. Representações Sociais. Dar Aula. 1. INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O presente estudo, embora denominado de primeiras aproximações, dá continuidade às pesquisas que articulam a Teoria das Representações Sociais (TRS) à Educação, que vem sendo realizados pelo Grupo de Pesquisa em Educação e Psicologia (GPEP), do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), desde o ano 2000. A partir de 2006, o GPEP em parceria com o Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade na área de Educação (CIERS-Ed) implantado pela Fundação Carlos Chagas (FCC) – juntamente com: PUCSP, UNESA, UNISANTOS, UNEB, UFRN, UNIVALE, UMESP e UNESP/PP, e com as universidades de Buenos Aires, na Argentina, de Aveiro, em Portugal, e a École dês 1 Resultados parciais da Pesquisa Representações sociais do trabalho de professor para alunos de cursos de licenciatura, financiado pela FAPEMAT 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGE/UFMT), membro do Grupo de Pesquisa em Educação e Psicologia (GPEP), bolsista CAPES. [email protected] 3 Professora Doutora Orientadora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFMT), orientadora da mestranda, e Professora do Departamento de Psicologia. [email protected] 4 Professora Doutora do Departamento de Psicologia da UFMT, pesquisadora do GPEP do PPGE. [email protected] Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris –, desenvolve uma série de investigações sobre o trabalho docente. Um dos projetos originários deste consórcio foi batizado de Representações sociais do trabalho do professor para alunos de cursos de licenciatura, abordando temas como Dar Aula, Professor e Aluno, para licenciandos de cursos de Pedagogia, História, Artes e Letras da UFMT, com procedimento de coleta de dados variados: questionário, Associação Livre de Palavras (ALP) e classificações múltiplas. Para o objetivo aqui definido – realizar as primeiras aproximações na compreensão das representações sociais de licenciados, do primeiro ano de graduação, sobre Dar aula –, somente será utilizado um dos temas da pesquisa norteadora, como um dos procedimentos de coleta – as evocações livres. A escolha pelo referencial teórico das Representações Sociais – teoria psicossocial proposta por Moscovici (1961/1978) – se justifica em detrimento do mesmo ter como objeto de investigação o saber popular ou do senso comum, permitindo, mediante a prática investigativa, a compreensão de uma tema/objeto a partir de sua elaboração grupal. Para Jodelet (2001), aliás, as representações sociais se constituem como uma série de opiniões, explicações e saberes que são produzidas a partir do cotidiano dos grupos, contribuindo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. As representações sociais, assim, tanto permitem a aquisição de conhecimentos, quanto à compreensão e explicação da realidade. Estes saberes, igualmente, orientam as práticas e justifica as tomadas de decisão. Além disso, situam os indivíduos e os grupos na elaboração de uma identidade grupal/social e a proteção de sua especificidade. Para Moscovici (1978) a representação tem, em sua estrutura, duas faces indissociáveis: a figurativa e a simbólica, denominada pelo autor, respectivamente, de objetivação e ancoragem. A objetivação é o processo pelo qual as palavras e conceitos são transformados em coisas, onde o abstrato torna-se concreto. A ancoragem, por sua vez, é a constituição de uma rede de significações em torno do objeto, relacionando-o a valores e práticas sociais, ou seja, a integração de novas idéias a algo pré-existente. A análise destes processos, segundo Alves-Mazzoti (2008), permite compreender a interinfluência entre o sistema cognitivo e o social. Nesse sentido, buscar-se-á compreender onde se ancora as representações construídas pelos licenciandos do primeiro ano da UFMT acerca do tema Dar aula, se na concepção de Educação como produto ou como processo, conforme apontado, mediante as considerações das abordagens do ensino, por Mizukami (1986). A concepção de Educação como produto, segundo Mizukami (1986), é característica da abordagem tradicional, já que os modelos a serem alcançados estão pré-estabelecidos, daí a ausência de ênfase no processo. Trata-se, pois, da transmissão de idéias selecionadas e organizadas logicamente, no qual o professor é o principal agente. A este lhe compete informar e conduzir seus alunos em direção a objetivos que lhes são externos, por serem escolhidos pela escola e/ou pela sociedade em que vive e não pelos sujeitos do processo. O aluno é visto como um ser passivo, um receptáculo a ser preenchido. Este tipo de concepção de educação é encontrado em vários momentos da história, permanecendo atualmente sob diferentes formas. A concepção de educação como processo, para a autora, está presente na abordagem sócio-cultural, na qual o educador e o educando são sujeitos desse processo. Esta abordagem interacionista tem ênfase no sujeito como elaborador e criador do conhecimento. Toda ação educativa deve ser caracterizada pela reflexão. Segundo Mizukami (1986) para que a reflexão crítica seja desenvolvida, é preciso que se faça da tomada de consciência, o objetivo primeiro de todo processo educativo. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os sujeitos da pesquisa compõem uma amostra aleatória formada por 100 licenciandos do primeiro ano de cursos de graduação da UFMT, dos cursos de Pedagogia, História, Letras e Artes. O perfil destes apresenta predominância do sexo feminino. O estado civil com maior índice foi solteiro. Quanto à faixa etária, o intervalo de 20-23 anos destacou-se. Para coleta dos dados, da pesquisa matriz referida anteriormente, foi utilizado instrumento misto composto por três partes: (1) Associação Livre de Palavras (ALP) para as questões indutoras Dar aula, Aluno e Professor; (2) a carta, composta por 20 questões fechadas e três abertas, todas tratando da futura profissão e de temas ligados ao cotidiano escolar, e (3) dados censitários. Este trabalho trata dos dados relativos à evocação da questão indutora Dar aula. Os dados foram analisados em duas etapas. Na primeira foi realizada análise de conteúdo (BARDIN, 1995) das evocações, mediante acordo entre juízes independentes. Na segunda foi aplicado um procedimento de decomposição por componentes principais para as variáveis: Ordem Média de Evocação (OME) e Ordem Média de Importância (OMI) atribuída à evocação. Este foi executado com o auxílio do software Statistics Package for Social Science (SPSS). No caso obteve-se um primeiro componente, F1, que explicou 63,50% das diferenças, ou variabilidade, do discurso. Ou seja, 13,50% a mais que uma variável “bruta”, ou sem a decomposição (este procedimento é denominado critério de Kaiser). Em paralelo foi conduzida uma classificação hierárquica coesitiva das presenças das categorias frente às evocações dos sujeitos. Este procedimento foi executado com o auxílio do software Classification Hiérarchique Implicative et Cohésitive (CHIC). As sínteses dos resultados obtidas nos modelos supracitados podem ser observadas no ordenamento das categorias presentes no gráfico de dispersão (Figura 2) entre freqüência absoluta e a média de F1 sobreposto pelo grafo coesitivo (Figura 1). 3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os dados, relacionados às evocações a partir da questão indutora Dar aula, serão apresentados em duas etapas. Na primeira serão discutidos os resultados referentes à análise de conteúdo, mediante a formação de categorias e seus atributos, considerando freqüência (f) e percentual (%), e na segunda fase, os resultados provenientes da análise coesiva, a partir da árvore coesiva e do gráfico de dispersão. 3.1 Análise de conteúdo Por meio da análise de conteúdo todas as evocações foram classificadas em categorias, como mostra a Tabela 1, a seguir: Tabela 1 Categorias e sub-categorias formadas a partir do termo indutor Dar aula S-C C Categorias (C) Sub-Categorias (S-C) f % f % Dimensão Intelectual (DI) 119 29,75 Papéis (P) 84 21,00 Características Pessoais (CP) 42 10,50 Dimensão Relacional (DR) 38 9,50 Metodologia 24 85,71 Características do Trabalho (CaT) 28 7,00 Adjetivos 4 14, 29 Lugar (L) 24 6,00 Recursos (R) 20 5,00 Bem-estar (BE) 15 3,75 Condições de Trabalho (CoT) 11 2,75 Mal-estar (ME) 10 2,50 Futuro (F) 5 1,25 Qualificação (Q) 4 1,00 Total 400 100 Conforme se pode notar, as categorias que apresentam maior freqüência são: Dimensão Intelectual (29,75%), seguida de Papéis (21%), Características Pessoais (10,5%) e Dimensão Relacional (9,5%). Somente estas serão analisadas nesta etapa, visto que as baixas freqüências não indicam consenso, e nos interessa aqui, analisar aquilo que é compartilhado pelo grupo. As demais categorias, entretanto, serão consideradas na segunda etapa, a partir das relações existente entre elas. A Tabela 2, seguinte, apresenta os atributos que compõem a categoria mais expressiva, a designada de Dimensão Intelectual. Tabela 2 Freqüências e porcentagens dos atributos referentes à categoria Dimensão Intelectual % CATEGORIA ATRIBUTOS F Dimensão Intelectual Total Ensinar Aprender Educar Estudar Compreender Construir Escrever *Demais atributos 47 25 22 9 3 3 2 8 119 39,50 21,01 18,49 7,56 2,52 2,52 1,68 6,72 100 *Atributos com freqüência 1 - Atuar, Comportamento, Investigar, Ler, Multiplicar, Questionar e Transformar Como é possível perceber, os atributos com maior representatividade são ensinar, aprender e educar. Esta tríade indica que os licenciados, ao evocarem termos que representem Dar aula, se foquem em práticas educacionais respaldadas no ensino e aprendizagem. Ao confrontar o atributo ensinar, com quase 40% das indicações, com construir, que apresenta uma porcentagem mínima (2,52%), suscita duas hipóteses. A primeira que o termo ensinar tanto se refere a uma prática processual, quanto a de cunho mais tradicional (MIZUKAMI, 1986), ou ainda, em razão da porcentagem mínima do termo construir, sugere que a representação do ensino esteja ancorada em práticas mais tradicionais, com ênfase no produto, ao invés do processo. A categoria Dimensão Relacional apresenta um componente de destaque, disciplina (23,68%), com, aproximadamente, um quarto dos atributos, conforme se pode notar ao recorrer a Tabela 3. Este fato nos leva a crer que, para os participantes da pesquisa, a disciplina seja um fator importante tanto na prática docente, quanto no processo de ensino-aprendizagem. Tabela 3 Freqüências e porcentagens dos atributos referentes à categoria Dimensão Relacional % CATEGORIA ATRIBUTOS f Disciplina Compartilhar Ajudar Contribuir Incentivar Falar Orientar *Demais Atributos 9 23,68 3 7,89 2 5,26 Dimensão 2 5,26 Relacional 2 5,26 2 5,26 2 5,26 16 42,08 Total 38 100 *Atributos com freqüência 1 Animar, Autoridade, Doar-se, Dominar, Explicar, Comunicar, Conduzir, Cuidar, Grupo, Interação, Intermédio, Ouvir, Opinião, Partilhar, Promover, Socialização Além da disciplina, os sujeitos também destacam a importância da coparticipação, ao terem evocado os atributos compartilhar, ajudar, contribuir, interação, intermédio, partilhar e socializar, que totalizam 11 indicações, aproximadamente 30%, do material verbal da categoria Dimensão Relacional. Apesar de expressivo nesta categoria, este conteúdo ainda fica minimizado se comparado a ensinar (f = 47) da categoria Dimensão Intelectual, anteriormente discutida. Provavelmente, conforme discutido acima, há um subgrupo, embora minimizado, que represente Dar aula como um processo, ao invés de produto. De forma geral, e ao sobrepor as duas categorias – Dimensão Intelectual e Relacional –, é notória a tendência dos licenciandos em associar Dar aula ao aspecto cognitivo do processo de ensino e aprendizagem, em detrimento dos aspectos relacionais envolvidos. Na seqüência, a Tabela 4 mostra os dados referentes à Papéis, que obteve a segunda maior porcentagem (21,00%) do total de evocações. Tabela 4 Freqüências e porcentagens dos atributos referentes à categoria Papéis % CATEGORIA ATRIBUTOS F Papéis Total Aluno Professor Criança Profissional Amigo 43 36 3 1 1 84 51,19 42,86 3,57 1,19 1,19 100 Coerente com a tendência da categoria Dimensão Intelectual, que destaca o ensinar e o aprender como características de Dar aula, a categoria Papéis apresenta os principais atores da ação culturalmente reconhecidos como emblemáticos: aluno e professor. Observa-se, embora com uma freqüência significativamente menor, a presença do atributo criança que também configura no rol das palavras desta categoria, indicando outra forma de nomear aluno. Abaixo, na Tabela 5, é possível verificar as Características Pessoais destes atores educacionais, mediante a prática escolar. Tabela 5 Freqüências e porcentagens dos atributos referentes à categoria Características Pessoais % CATEGORIA ATRIBUTOS F Sabedoria Conhecimento Atenção Dedicação Paciência Competência Inteligência Respeito Responsabilidade Vontade *Demais atributos 7 16,67 6 14,29 3 7,14 3 7,14 3 7,14 Características 2 4,76 Pessoais 2 4,76 2 4,76 2 4,76 2 4,76 10 23,8 Total 42 100 *Atributos com freqüência 1 - Aptidão, Compromisso, Confiança, Criatividade, Desenvolvimento, Disponibilidade, Equilíbrio, Garra, Habilidade, Presença A categoria Características Pessoais apresenta uma dispersão entre os atributos que, por sua vez, apresentam baixa freqüência. No seu interior destacam-se as palavras sabedoria e conhecimento. A análise dos significados dos atributos permite indicar que as Características Pessoais atribuídas se referem ao domínio do talento pessoal, concretizado nos atributos sabedoria, conhecimento, inteligência, juntamente com o domínio da motivação para dar aula, como se pode notar por meio das palavras atenção, dedicação e paciência. Mediante os resultados apresentados, a prática docente – Dar aula – parece ser representada pelo ato de ensinar e aprender. Tal ação educativa, no contexto escolar, e para os participantes da pesquisa, mais se atrelam as categoria Papéis e Dimensão Intelectual do que a Dimensão Relacional. Desta forma percebe-se uma caracterização do modelo clássico do Dar Aula. 3.2 Análise Coesitiva Neste tópico, a análise dos dados se pautará na associação existente entre o conjunto de categorias – Tabela 1 –, formadas mediante a análise de conteúdo do material verbal evocado. Para tanto, conforme descrito na metodologia, serão apresentados, seqüencialmente, a árvore coesiva – Figura 1 – e o gráfico de dispersão – Figura 2 –, ambos mostrando as mesmas associações, porém com apresentação espacial diversa. Figura 1 Árvore coesitiva das categorias da questão indutora Dar aula A leitura da Figura acima deve se pautar por meio das setas, visto que elas indicam maior associação entre as categorias – as setas em cor vermelha, por sua vez, simbolizam uma relação coesitiva mais intensa. Esta indicação também é válida para a compreensão da Figura 2 seguinte. A ela deve ser acrescida, ainda, a compreensão dos eixos – quanto mais próximo do eixo principal horizontal, maior a implicação entre as categorias representadas –, e da espessura das setas – quanto mais espessa, mais forte é a relação. Figura 2 Gráfico de Dispersão Analisaremos as duas figuras associadas, por meio dos arranjos que elas sugerem. O arranjo 1 caracteriza-se pela implicação das categorias Recursos, Lugar e Papéis. Na denominada Recursos, o atributo de maior destaque é livro (35,00%), anunciando os objetos utilizados pelos atores educacionais na prática escolar. Na nomeada de Lugar, tendo como atributo mais recorrente escola (66,67%), indica a localização física do objeto de representação investigado – Dar aula. A categoria Papéis, já analisada anteriormente, cujas palavras de maior destaque são aluno e professor, se configura com possível diferenciador do discurso, com alta freqüência e menor F1, ou seja, seus atributos foram prontamente evocados e com alto grau de importância. Essas categorias – Recursos, Lugar e Papéis –, em associação, apontam para a operacionalização da ação educativa por duas vias: física e simbólica, mediante os papéis que se definem no contexto educacional. O arranjo 2 formado pela associação entre as categorias Bem-estar, Dimensão Relacional e Dimensão Intelectual. A categoria Dimensão Intelectual, também analisada anteriormente, é outro diferenciador do discurso, visto que é o conjunto mais freqüente e com baixo F1. Nesta, conforme já apontado, os atributos mais expressivos são: ensinar, aprender e educar – elementos basilares do trabalho docente. A Dimensão Relacional traz, conforme visto, a palavra disciplina em destaque, e a categoria designada de Bem-estar, podem assinalar uma relação marcada pelo amor (21,43%) A associação entre estas categorias indicam que a prática educacional, que constitui a identidade do professor, pode ser mediada pela disciplina e pelo amor. O arranjo 3 configura-se na relação implicativa das categorias Qualificação, Características Pessoais e Condições de Trabalho. Na categoria Condições de Trabalho os atributos que se destacam são trabalho (55,00%) e salário (65,00%). A nomeada Características Pessoais, também abordada anteriormente, indica que o professor deve ser dotado de sabedoria e conhecimento o diferenciando de outras profissões e a aquisição destes começa na formação. Atributo este, que se destaca com um quarto de freqüência na categoria Qualificação, apresentando baixa freqüência e menor F1, configurando-se como outro diferenciador do discurso. A associação entre essas categorias – Características Pessoais, Qualificação e Condições de Trabalho – configura uma interdependência entre elas. O arranjo 4 caracteriza-se pela associação entre as categorias Mal-estar e Características do Trabalho. Em Mal-estar o atributo de maior destaque é cansativo (30,00%). A categoria Características do Trabalho é divida em Metodologia (85,71%) e Adjetivos (14,29%). Em Metodologia os atributos com maior ocorrência são: metodologia (25,00%), conteúdo (21,43%) e preparação (21,43%). Em adjetivos, importante (7,14%). Esta associação pode indicar que apesar dos licenciandos compreenderem o trabalho como importante, este é configurado pelo mal-estar deixando ver o significado culturalmente atribuído ao trabalho de forma geral, haja visto a sua aproximação com o sentido de sofrimento. A categoria Futuro, diferentemente das outras, caracteriza-se como um diferenciador do discurso apresentando menor freqüência e maior F1, ou seja, seus atributos, futuro (60%), opção (20%) e desafio (20%), foram os últimos evocados e atribuídos pouca importância. Esta é, aliás, a única categoria que não associa com nenhuma outra, podendo indicar falta de preocupação com o futuro. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS De modo geral pode-se dizer que os dados delineiam o perfil clássico da docência, sublinham ênfase no aprender e ensinar; na dimensão cognitiva do professor, seguida de motivacional e na disciplina, como elemento importante para a dimensão relacional. Sugerindo assim, uma aproximação com a concepção de educação como produto. O trabalho docente é entendido no contexto da escola que se caracteriza como o lócus privilegiado em que a educação se realiza. A prática docente é associada a um aspecto positivo e negativamente quanto aos procedimentos operacionais. Contudo, mediante o gráfico de dispersão, pode-se pensar que os atributos ensinar, aprender e educar da categoria Dimensão Intelectual, e aluno, professor da Papéis concorrem à centralidade da Representação Social. Esta proposição será verificada, numa etapa posterior, na qual estes dados serão processados pelo software Ensemble de Programmes Permettant l’Analyse des Évocations (EVOC) e analisados a partir da Teoria do Núcleo Central (ABRIC,1998). REFERÊNCIAS ABRIC, J. C. A Abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, A. S. P.; OLIVEIRA, D. C. de (Org.) Estudos interdisciplinares de representação social. Goiânia: AB, 1998. ALVES-MAZZOTTI, A. J. Representações Sociais: aspectos teóricos e aplicações à Educação. Múltiplas Leituras, v. 1, p. 1-23, 2008. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 1995. JODELET, D. Representações Sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (Org.). Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001, p. 17-44. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. MOSCOVICI, S. A Representação social da Psicanálise. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.