Satisfação do Consumidor, Rentabilidade e Valor ao Acionista Autoria: Roberto Otuzi, Graziela Fortunato Resumo Este estudo analisa a relação da satisfação do consumidor e o desempenho econômicofinanceiro das empresas partindo da ideia de que esta é parte importante da estratégia corporativa e propulsora da rentabilidade e valor de mercado, pois consumidores satisfeitos são mais fiéis, são induzidos à recompra e pagam preços mais altos. Para isso, utilizou-se o ACSI, índice da satisfação do consumidor americano e índices de rentabilidade e de mercado em modelos dinâmicos de regressão múltipla em dados de painel. Os resultados mostram que a satisfação do consumidor se reflete positivamente nos índices, evidenciando os esforços de marketing na gestão das empresas. 1. Introdução A satisfação do consumidor tornou-se uma preocupação vital para as organizações em seus esforços para melhorar a qualidade do serviço e produto, além de manter a fidelidade do consumidor num mercado altamente competitivo (Fornell, Rust, & Dekimpe, 2010, Rust & Zahorik, 1993). A satisfação do consumidor tem sido reconhecida como uma parte importante da estratégia corporativa (Fornell, Mithas, Morgeson, & Krisnan, 2006) e propulsora essencial para a rentabilidade e valor de mercado da empresa no longo prazo (Gruca & Rego, 2005, Srivastava, Shervani, & Fahey 1998). Discute-se muito se a satisfação do consumidor afeta positivamente os preços das ações e os índices de desempenho de uma empresa, como por exempo, retorno sobre patrimônio (ROE), o retorno sobre ativos (ROA), o Q de Tobin e as margens de resultado (Anderson, Fornell, & Mazvancheryl, 2004, Ittner & Larcker, 1998). Segundo Gruca e Rego (2005) e Srivastava et al. (1998), a satisfação do consumidor cria valor ao acionista através de seu efeito sobre direcionadores de valores ao aumentar o fluxo futuro de caixa e reduzir a sua variabilidade. Para Aksoy, Cooil, Groenung, Keiningham e Yalçin (2008), há ainda uma melhora na capacidade de prever fluxos de caixa, o desempenho das ações, as medidas financeiras de longo prazo e assim, o valor ao acionista. Fornell et al. (2006) mostraram que uma carteira de empresas com alta satisfação do consumidor gerou um retorno acumulado de 40% entre fevereiro de 1997 e maio de 2003, superando os principais índices de ações, tais como o Dow Jones Industrial Average e Standard & Poors (S&P 500). A fundamentação é evidente: consumidores satisfeitos tendem a ser mais fiéis (Bolton & Drew, 1991, Oliver, 1980;), são induzidos à recompra (Lam, Shankar, Erramilli, & Murthy, 2004, Mittal & Kamakura, 2001), a mais vendas cruzadas (cross-selling), à disposição em pagar preços mais altos (Homburg, Koschate, & Hoyer, 2005), a mais divulgação boca a boca positiva (Matos & Rossi, 2008, Szymanski & Henard, 2001) e ao efeito viral, recomendando a empresa a seus amigos e familiares (Reichheld, 2003). Questões relacionadas tornaram-se discussão frequente no mundo dos negócios envolvendo despesas em marketing, (Agrawal & Kamakura, 1995, Mathur & Mathur, 1995, Narayanan, Desiraju, & Chintagunta, 2004; Pauwels, Silva-Rosso, Srinivasan, & Hanssens 2004), receitas, lucros e, consequentemente valor de mercado (Gupta & Zeithaml, 2006). Os grandes executivos reconhecem que os consumidores são importantes, embora eles ainda dependam fortemente de indicadores financeiros, porque as métricas dos consumidores não estão claramente definidas (Ittner & Larcker, 1998). 1 Apesar da importância destes esforços, questões teóricas e operacionais das variáveis estudadas limitam a capacidade dos estudos para compreender como a satisfação do consumidor afeta o valor ao acionista (Gruca & Rego, 2005, Rust, Ambler, Carpenter, Kumar, & Srivastava, 2004, Srivastava et al., 1998). Com base no que foi descrito e, adotando Denizci & Xiang (2009) como referencial teórico, este estudo tem como objetivo analisar a relação entre a satisfação do consumidor e o desempenho da empresa, a fim de responder à seguinte pergunta: A satisfação do consumidor contribui para o desempenho econômico-financeiro da empresa e valor ao acionista? Para isso, foram aplicados modelos de regressão múltipla com e sem defasagens em dados painel entre índices de rentabilidade (ROE, ROA, Margem Ebitda e Líquida) e de performance de mercado (Rentabilidade das ações e Q de Tobin) e satisfação do consumidor de empresas norte-americanas da indústria de consumo discricionário no período de 2005 a 2011. Como proxy para a satisfação do consumidor foi utilizado o índice americano ACSI (American Customer Satisfaction Index). Vale destacar que no Brasil não há divulgação dos índices de satisfação do consumidor pelas empresas brasileiras. Por esse motivo este estudo não pôde ser realizado com enfoque na realidade brasileira, tal como as limitações encontradas em Fortunato, Ness, Teixeira e Motta (2010). O consumo discricionário pode ser definido como um consumo não planejado ou não necessário, normalmente associado a lazer ou luxo (Wood, 2005) sem frequência definida. Além disso, Chauvin e Hirschey (1993) verificam que o segmento de consumo discricionário possui uma intensidade maior de infidelidade dos consumidores em relação aos demais segmentos, pelas suas características, tornando melhor a análise deste estudo. O marco pela busca de mensurar a satisfação do consumidor foi facilitada pela criação do índice ACSI (American Customer Satisfaction Index) proposto por Fornell, Johnson, Anderson, Cha e Bryant (1996) e tem sido empregado em vários trabalhos sobre o impacto da satisfação do consumidor, incluindo a pesquisa de Gruca e Rego (2005) que relaciona a satisfação do consumidor à volatilidade do valor ao acionista. A relevância deste estudo, além de se concentrar na investigação da relação entre a satisfação do consumidor e os índices de desempenho das empresas, mostrando que esta é fator chave para a criação de valor, também tenta contribuir para o debate em torno da relação entre marketing e finanças, tal como Fortunato et al. (2010) e Oliveira, Trombetta, Silveira, Procianoy e Luce (2010). O artigo está organizado da seguinte forma: a parte dois apresenta o referencial teórico com os principais estudos de métricas em marketing, produtividade em marketing, satisfação do consumidor e sua medição. A parte três descreve a metodologia, com sub-ítens sobre a formação da amostra, variáveis e tratamento dos dados e apresentação dos modelos testados. A parte quatro analisa os resultados, seguida da conclusão na parte cinco. 2. Referencial Teórico A literatura que abrange o tema de avaliação das ações de marketing no desempenho econômico-financeiro das empresas é relativamente recente e teve início com o estudo de Srivastava et al., (1998), cuja contribuição é associação do efeito das ações de marketing no valor ao acionista. O foco do estudo foi essencialmente externo embora entendam que os processos internos também geram valor ao acionista (Srivastava et al., 1998). A análise considerou os ativos gerados da relação entre a empresa e os parceiros externos (clientes e fornecedores) como ativos baseados no mercado (market based assets). Srivastava, Shervani e 2 Fahey (1999) complementaram a pesquisa realizada em 1998, ratificando que o marketing é o responsável pela conquista e fidelização dos clientes que geram e garantem aceleração e aumento do fluxo de caixa, redução da sua volatilidade e vulnerabilidade, e, por fim, aumento do valor residual. Já a questão da produtividade em marketing também tem chamado atenção no meio acadêmico e de gestão (Morgan, Clark, & Gooner, 2002). A capacidade do marketing para adicionar valor resulta do sucesso em reter e ampliar a carteira de clientes, bem como conquistar novos clientes rentáveis, ou seja, trabalha com os conceitos de eficácia e eficiência. Sheth e Sisodia (2002) sugerem que a empresa deve inicialmente esforçar-se para desenvolver o mix de marketing "certo" para os segmentos que desejam atuar, e depois utilizar recursos de forma eficiente para alcançar a eficácia almejada. Este processo é chamado de busca de "eficiência efetiva". A ideia de produtividade em marketing levou Rust et al. (2004) a defenderem que em marketing não há despesas e sim investimentos, partindo do princípio que deve-se compreender como os ativos contribuem para o resultado da empresa no curto prazo e como produzem potencial para o crescimento sustentável a longo prazo. Apesar da atenção crescente nessa área, o consenso ainda não foi alcançado sobre a forma de como medir a produtividade em marketing e traduzir o sucesso em termos de desempenho financeiro (Morgan, Clark, & Gooner, 2002, Uncles, 2005). A discussão sobre a produtividade em marketing aborda apenas o aspecto conceitual e teórico sobre o tema, enquanto que as métricas a serem utilizadas permanecem em discussão. No entanto, de forma mais pragmática, Gronholdt e Martensen (2006), Lehmann (2004) e Rust et al. (2004) criaram cadeias de produtividade em marketing que conectam as ações de marketing com o valor ao acionista, na tentativa de avaliar os benefícios no valor da empresa. O uso de métricas em marketing foi resultado da necessidade das empresas em justificar despesas com marketing que vai desde os níveis de satisfação do consumidor a número de cliques únicos em sites específicos (Gupta & Zeithaml, 2006). As métricas do consumidor incluem uma variedade de constructos categorizados em medidas observáveis ou comportamentais e não observáveis ou perceptuais. As medidas observáveis envolvem comportamentos de consumidores que normalmente relacionam as decisões de quando, o quê, quanto e onde comprar um produto. Do ponto de vista de uma empresa, isso se traduz em decisões sobre a conquista de consumidores, retenção e lealdade. As medidas não observáveis incluem as percepções do consumidor quanto à qualidade do serviço; atitudes em relação à satisfação e intenções comportamentais de compra. Na terminologia dos economistas, constructos não observáveis indicam preferências, enquanto constructos observáveis revelam preferências (Gupta & Zeithaml, 2006). Tanto os constructos não observáveis quanto os observáveis levam a ganhos financeiros: a satisfação do consumidor induz ao comportamento de recompra e, consequentemente, ao aumento de vendas e lucros (Gupta & Zeithaml, 2006). De todas as medidas não observáveis, a satisfação do consumidor tem sido a mais estudada por pesquisadores e utilizada pelas empresas, pois o constructo é genérico e pode ser avaliado universalmente para todos os bens e serviços (incluindo empresas sem fins lucrativos e públicas). Além disso, satisfação do consumidor tem sido reconhecida como uma parte importante da estratégia corporativa (Fornell et al., 2006) e um propulsor essencial na rentabilidade e no valor de mercado da empresa em longo prazo (Gruca & Rego, 2005). A satisfação do consumidor é um conceito chave para o campo de marketing com inúmeras definições. Uma das mais aceitas define satisfação como sendo o julgamento avaliativo pós escolha referente a uma seleção específica de compra. Segundo Oliver (1980), 3 a satisfação do consumidor é definida como um estado afetivo gerado pela reação emocional em relação a sua experiência com um bem ou serviço. Existe a percepção de que a satisfação do cliente gera benefícios para a empresa em termos financeiros, concordando com Srivastava et al., (1998, 1999). Segundo Fornell et al. (2006, p. 4), "clientes satisfeitos podem ser vistos como bens econômicos que produzem fluxos de caixa futuros". A satisfação do consumidor proporciona resultados positivos, tais como: a retenção de clientes, a compra cruzada (cross-buying), boca a boca positiva e maior tolerância aos preços (Anderson et al., 2004, Fornell et al., 2006, Gruca & Rego, 2005, Luo & Homburg, 2008, Luo, Homburg, & Wieseke, 2010) que, por sua vez, amplia o tamanho e crescimento dos fluxos de caixa futuros. Os resultados negativos, como por exemplo, a perda de clientes e o boca a boca negativo, são menos propensos a altos níveis de satisfação do consumidor e como consequência fluxos de caixa negativos (Luo & Homburg, 2008, Luo et al., 2010). A satisfação do consumidor também diminui o risco e a volatilidade associada a fluxos de caixa futuros, pois os consumidores satisfeitos são menos receptivos às ações dos concorrentes. Fluxo de caixa menos volátil é um indicador para a sustentação do preço da ação e gera menor custo de capital (Fornell et al., 2006, Gruca & Rego, 2005). Uma consequência da importância na satisfação do consumidor foi o desenvolvimento de métodos para a sua mensuração. No final da década de 80, foi introduzido o índice geral de satisfação do consumidor na Suécia o SCSI (Swedish Customer Satisfaction Index), tendo como base os principais ramos de atividade econômica desse país. Fornell et al. (1996) propôs o ACSI (American Customer Satisfaction Index), que foi base para o desenvolvimento do ECSI (European Customer Satisfaction Index), lançado em 2001 na Europa. Ambos têm o fato de serem modelos econométricos de múltiplos itens, no qual as variáveis latentes se relacionam entre si por meio de uma estrutura dividida em antecedentes da satisfação – suas variáveis exógenas – e seus consequentes, que são as variáveis endógenas. Além desse aspecto, os dois modelos compartilham o objetivo de construírem índices gerais de satisfação do consumidor, permitindo a comparação entre setores e segmentos da economia de um país (Lopes, Pereira, & Vieira, 2009). O ACSI abrange indústrias, setores financeiros e economias mundiais. Inicialmente, o indicador continha informações sobre 30 indústrias e 180 empresas dos sete principais setores econômicos dos Estados Unidos. Em 2005, o ACSI expandiu sua mensuração para 10 setores econômicos no Sistema de Classificação de Indústria Norte Americana (NAICS). Também houve melhor especificação nesse novo grupo de setores econômicos, passando a incluir estocagem, informação e assistência social (Lopes et al., 2009). A metodologia aplicada no construto do ACSI é quantitativa, realizada através de questionário estruturado com 15 variáveis, dirigido ao consumidor final com mais de 50.000 respondentes. Essas variáveis são utilizadas para calcular seis constructos latentes, incluindo o índice geral de satisfação do consumidor. Na construção do ACSI, Fornell et al. (1996) definem a satisfação global como sendo composta por três elementos: i) a qualidade percebida; ii) o valor percebido; e iii) as expectativas do consumidor. 4 Figura 1. Modelo do índice de Satisfação do Cliente Norte-Americano (ACSI) Fonte: Adaptado de Fornell, C., Johnson, M., Anderson, E., Cha, J., & Bryant, B. (1996). The American Customer Satisfaction Index: nature, purpose and findings. Journal of Marketing, 60, 7-18. A qualidade percebida é a avaliação pelo consumidor do desempenho do bem ou serviço em uma experiência de consumo recente e espera-se que tenha um efeito positivo e direto na satisfação global. O valor percebido refere-se ao nível da qualidade relativa ao preço pago. Agregar valor percebido adiciona informação de preço ao modelo e permite comparar resultados através de empresas, setores e indústrias. Por fim, as expectativas do consumidor representam o que se espera no momento de consumo em relação à oferta tais como, propaganda e recomendações e uma expectativa futura da habilidade do fornecedor em entregar qualidade. Dessa forma, o conceito de satisfação global do modelo ACSI é um índice que capta experiências passadas e as preocupações futuras do consumidor (Fornell et al., 1996). 3. Metodologia Este artigo consiste em analisar a relação da satisfação do consumidor com o desempenho econômico-financeiro das empresas através de modelos de regressão múltipla com e sem defasagens em dados painel. A defasagem prevê que o impacto da satisfação do consumidor pode não ter efeito imediato e leva algum tempo para ter reflexo nos resultados da empresa (Anderson, Fornell, & Lehmann, 1994, Rostan & Rostan 2012). Frente a esse objetivo e a literatura apresentada, os modelos propostos visam oferecer suporte aos resultados esperados que a satisfação do consumidor tem impacto positivo nos indicadores de rentabilidade e de performance de mercado das empresas. 3.1 Amostra A população da pesquisa consiste no universo das empresas norte-americanas. Por sua vez, a amostra é não probabilística e definida pelo critério de acessibilidade ou disponibilidade de dados que apresente o índice ASCI. As empresas da amostra são de capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque (Nyse) ou na Nasdaq Capital Market e atuam no segmento de consumo discricionário (Consumer Discretionary). 5 Desta forma, a amostra totaliza 362 empresas. Deste total, foi possível manter aquelas com dados completos por 6 anos consecutivos, sem apresentar perda de dados (missing values). Com isso, mantiveram-se na amostra 43 empresas. Os dados da pesquisa foram coletados no período de 2005 a 2011 em frequência anual a partir de duas fontes: (i) o índice ACSI, que são dados secundários e foram obtidos na base de dados do American Customer Satisfaction Index; e (ii) as informações contábeis e financeiras também caracterizadas como dados secundários, em milhares de dólares, para o cálculo ds índices de desempenho. Estas foram obtidas no banco de dados do Capital IQ (divisão da Standard & Poor´s). 3.2 Variáveis e Tratamento dos Dados O ACSI foi adotado como proxy de satisfação do consumidor, tal como os trabalhos de Anderson et al. (2004), Denizci e Xiang (2009), Fornell et al. (2006), Gruca e Rego (2005), Mithas, Krishnan e Fornell (2005) e Mittal, Anderson, Sayrak e Tadikamalla (2005). Estes estudos buscam relação entre a satisfação do consumidor e desempenho da empresa que resultam em efeitos econômico-financeiros positivos (Aaker & Jacobson, 2001, Jacobson & Mizik, 2009, Rust et al., 2004, Srivastava & Reibstein, 2005, Wiesel, Skiera, & Villanueva 2008). Neste estudo, para ser utilizado como variável independente, o índice ACSI foi modificado para ACSIM – Índice de Satisfação do Consumidor Modificado, que consiste na razão do índice ACSI da empresa i pelo índice ACSI de maior valor entre as 43 empresas no período t. Isso permite a percepção e comparação dos índices ACSI entre as empresas a cada ano da amostra. As informações contábeis e financeiras, para o cálculos dos índices de desempenho, adotados como variáveis dos modelos propostos, foram identificadas em conformidade com os indicadores estabelecidos na literatura de finanças e marketing (Anderson et al., 1994, Anderson et al., 2004, Denizci & Xiang, 2009, Guo, Kumar, & Jirporn, 2004, Guo & Jirporn, 2005, Rostan & Rostan, 2012, Rust et al., 2004, Yeung & Ennew, 2000; 2001, Yeung; Ging & Ennew, 2002 ). São elas: (a) (b) (c) (d) (e) ROE - Return on Equity, razão entre o lucro líquidot+1 e o patrimônio líquidot; ROA- Return on Assets, razão entre lucro líquidot+1 e os ativos totaist; NM – Net Margin, Margem líquida, razão entre o lucro líquidot e a receita líquidat; EBITDA - Margem Ebitda, razão entre o Ebitdat e a receita líquidat; STO - Rentabilidade das ações, razão entre o preço de fechamento da açãot+1e preço de fechamento da açãot (ajustado por quaisquer dividendos distribuídos), ou Pt+1/Pt - 1; (f) Q de Tobin, razão entre valor de mercado da empresa pelo valor de reposição dos ativos; (g) ADV - Despesas de publicidade; (h) INT - Intensidade de capital, razão entre o ativo totalt e a receita líquidat; (i) GRR - Crescimento das vendas, razão entre receita líquidat+1 e a receita líquidat, ou Rect+1/Rect – 1. Dentre as variáveis dependentes do modelo, tem-se: (i) o ROE, indicador de rentabilidade que avalia o percentual de recursos gerados pela empresa sobre seus recursos próprios; (ii) o ROA, indicador da rentabilidade que avalia o percentual de recuros gerados pela empresa sobre os recursos investidos em ativos; (iii) NM, indicador de resultado líquido da empresa; e (iv) EBITDA, indicador de resultado operacional da empresa, excluindo a 6 depreciação; (v) o STO, indicador de performance das ações a cada período e consequentemente a rentabilidade pela perspectiva de mercado; (vi) o Q de Tobin, indicador de valor de mercado da empresa e o valor de reposição dos ativos físicos. O Q de Tobin tem sido frequentemente utilizado em diferentes estudos de marketing (Anderson et al., 2004, Denizci & Xiang, 2009, Grewal, Chandrashekaran, & Citrin, 2010, Lee & Grewal, 2004) e representa uma métrica de desempenho e valor ao acionista com várias vantagens sobre outras medidas de desempenho: primeiro, é derivado do preço das ações que reflete o desempenho futuro e, portanto, é uma medida prospectiva (Lee & Grewal, 2004); segundo, reflete a rentabilidade da empresa no longo prazo, uma vez que capta a relação entre o custo de reposição dos ativos tangíveis e o valor total de mercado da empresa (Bharadwaj, Bharadwaj, & Konsyki, 1999, Famá & Barros, 2000). Como resultado, Q de Tobin é muitas vezes visto como indicador de valor do intangível (Rao & Bharadwaj, 2008). As despesas de publicidade (ADV) e crescimento das vendas (GRR) foram empregadas como variáveis de controle conforme Denizci e Xiang (2009) tal como a intensidade de capital (INT), conforme Grewal et al. (2010) e Lee e Grewal, (2004). A margem líquida (NM) será variável de controle dos modelos de indicadores de rentabilidade de longo prazo (contas de balanço). Todas as variáveis contábeis e financeiras estão em valores reais ajustados pelo índice de preço ao consumidor norte-americano (Consumer Price Index - All Urban Consumer CPI), com base no ano de 2011. Esse índice foi obtido na base de dados Bureau of Labor Statistics (BLS). Para estimação de modelos de regressão múltipla com a técnica dados de painel com efeito fixo, utiliza-se o método de estimação dos mínimos quadrados ordinários agrupados (MQO) (Balestra & Nerlove, 1966, Pindyck & Rubinfeld, 2004). A estimação pelo método de MQO deve obedecer às premissas de aleatoriedade, linearidade e a normalidade e inexistência de multicolinearidade. Em relação aos resíduos, estes devem ser não correlacionados, homocedásticos e seguir uma distribuição normal (Wooldridge, 2003). Por fim, a decisão da utilização do modelo de efeito fixo foi definida pelo Teste de Hausman. 3.3 Modelos Propostos Este trabalho utiliza como referencial teórico o estudo de Denizci e Xiang (2009) que foi aplicado ao segmento de turismo e hotelaria com o objetivo de avaliar se a satisfação do consumidor tem efeito positivo no desempenho econômico-financeiro das empresas no curto e longo prazo. Portanto, seguindo Denizci e Xiang (2009), os modelos propostos adotam como variáveis dependentes o ROE, ROA, consideradas como indicadores de rentabilidade de longo prazo (contas de balanço patrimonial); Margem Líquida como indicador de resultado de curto prazo (contas de demonstrativos de resultado); e STO e Q de Tobin, consideradas como indicadores de performance de mercado. Adicionalmente, analisou-se também a Margem Ebitda como indicador de resultado de curto prazo. Além das variáveis de controle (INT e GRR), outro aspecto adicional em relação ao trabalho de Denizci e Xiang (2009) é a utilização de defasagem de tempo para variáveis independentes, principalmente no ACSIM. Conforme já foi dito, o impacto de satisfação do consumidor pode não ter efeito imediato nos resultados das empresas (Anderson et al., 1994, Guo et al., 2004, Guo & Jiraporn, 2005 ). Com isso, os modelo propostos para testar a relação de satisfação do consumidor e os indicadores de desempenho econômico-financeiro das empresas foram: Yit = α0+ α1ACSIMit-n+ α2ADVit-n + α3INTit + α4GRRit + α4NMit + εt (1) 7 onde: Yit - assume valores de ROEit, ROAit, STOit e Qit; ROEit - retorno sobre o patrimônio da empresa i no período t; ROAit - retorno sobre ativos da empresa i no período t; STOit - rentabilidade das ações da empresa i no período t; Qit - Q de Tobin da empresa i no período t; ACSIMit-n - índice de satisfação do consumidor modificado da empresa i no período t com n defasagens; ADVit-n - despesas de publicidade da empresa i no período t com n defasagens; INTit - intensidade do capital da empresa i no período t; GRRit - crescimento das vendas da empresa i no período t; NMit - margem líquida da empresa i no período t; εt - erro idiossincrático ou erro de variação temporal; n - assume valores de 0 a 2. Yit = α0+ α1ACSIMit-n + α2ADVit-n + α3INTit + α4GRRit + εt (2) onde: Yit - assume valores de NMIit e EBITDAit: NMit - margem líquida da empresa i no período t; EBITDAit - margem Ebitda da empresa i no período t. 4. Análise dos Resultados Os resultados encontrados, ao testar a relação entre a satisfação do consumidor e o desempenho econômico-financeiro das empresas, são apresentados e analisados a um nível de significância de 10%. ROEit = 25,273 -25,195 ACSIMit + 0,088 ADVit - 3,224 INTit - 1,366 GRRit + 3,087 NMit (3) (0,287) (0,291) (0,345) (0,321) (0,335) (0,00) Fstat =8,290; R2=0,173 Nesta análise, observa-se que o ACSIM não se apresenta estatisticamente significante (pvalue = 0,291), o que faz com que o sinal negativo de seu regressor não tenha a influência na variável ROE. O sinal negativo seria contrário ao esperado. Neste modelo, as defasagens -1 e -2 também foram testadas, sem encontrar resultados significativos, indicando que a satisfação do consumidor não chega a causar impacto neste indicador de rentabilidade econômica, mesmo sendo esse de longo prazo, tal como Denizci e Xiang (2009). Anderson et al., (1994) também já defendiam que o efeito da satisfação do consumidor não são captados por alguns indicadores de rentabilidade, corroborados mais tarde por Rostan e Rostan (2012). No entanto, esses resultados são controversos, pois Guo et al., (2004) e Guo e Jiraporn (2005) testaram a rentabilidade e a satisfação do consumidor e encontraram resultado negativo (ACSI) para o modelo sem defasagem e positivo para modelo com defasagem. Rostan e Rostan (2012) também encontraram resultado positivo com defasagem de 1 período e, dentre toda as análises, concluíram que a satisfação do consumidor impacta de forma positiva em períodos de instabilidade do mercado. Ainda em relação à rentabilidade, observa-se agora o índice ROA como variável dependente: 8 ROAit = -0,552 + 0,680 ACSIMit - 0,007 ADVit + 0,009 INTit - 0,092 GRRit + 0,553 NMit (4) (0,015) (0,002) (0,000) (0,787) (0,149) (0,000) Fstat =24,332; R2=0,858 Neste caso, observa-se que o ACSIM apresentou-se estatisticamente significante (pvalue=0,002) e com sinal positivo, indicando que a satisfação do consumidor, de fato, contribui para a rentabilidade da empresa (ROA), concordando com Denizci e Xiang (2009) e Yeung e Ennew (2000). A defasagem para um (-1) e para dois períodos (-2) também foram testadas, não apresentando resultados significantes, diferentemente de Guo et al. (2004) e Guo e Jiraporn (2005) que encontraram resultados negativos para o ACSI no modelo sem defasagem e positivo com defasagem. Note que as despesas de publicidade têm efeito negativo na rentabilidade, indicando que neste caso, estas podem ser avaliadas realmente como despesa, instigando o debate sobre a natureza desta conta (despesa versus investimento) (Rust et al., 2004). Nos próximos modelos, a análise se concentra nos indicadores de rentabilidade das contas de resultado, ou seja, margem líquida (NM) e margem operacional excluindo a depreciação (EBITDA). NMit = 0,314 - 0,524ACSIMit-1 + 0,009ADVit-1 + 0,180INTit +0,110GRRit (0,398) (0,330) (0,019) (0,424) (0,195) (5) Fstat =8,039; R2=0,186 A análise deste modelo foi realizada com e sem defasagem para as variáveis ACSIM e ADV. A variável ACSIM não apresentou significância estatística e esse resultado está coerente com o modelo cuja variável dependente é o ROE, pois ambos têm o lucro líquido como base de cálculo. Além disso, os resultados concordam com Denizci e Xiang (2009). No entanto, era esperado que o ACSIM, com defasagem, apresentasse impacto positivo na margem líquida da empresa. Isso não ocorrendo, é possível que outros efeitos não operacionais impactem na margem líquida, que não foram considerados pelo modelo e reduziram a relevância da satisfação do consumidor. Para perceber tal efeito, realiza-se a análise da relação da satisfação do consumidor com a margem operacional (excluindo a depreciação). EBITDAit = - 0,016 + 0,148ACSIMit-1 + 0,004ADVit-1 - 0,010INTit + 0,162GRRit (0,782) (0,081) (0,0189) (0,445) (0,000) (6) Fstat =48,463; R2=0,932 A análise do modelo apresenta o ACSIM, com defasagem de 1 período, estatisticamente significante e com efeito positivo na margem EBITDA (margem operacional excluindo a depreciação). Essa observação com a margem operacional não foi realizada por Denizci e Xiang (2009), no entanto, enriquece a análise de que a satisfaçao do consumidor tem impacto positivo nos resultados operacionais da empresa. O impacto não é imediato, conforme Anderson et al. (1994), Guo et al. (2004) e Guo e Jiraporn (2005), captados pela defasagem aplicada. Após as observações do desempenho nos resultados da empresa, as análises se concentram na relação da satisfação do consumidor na performance de mercado a um nível de significância de 10%. 9 STOit = - 4,555 + 5,542 ACSIMit - 0,044 ADVit – 0,037 INTit + 0,367 GRRit - 0,644 NMit (7) (0,000) (0,000) (0,308) (0,885) (0,006) (0,547) Fstat =5,111; R2=0,585 Os resultados obtidos nesta análise indicam que a variável ACSIM é estatisticamente significante (pvalue=0,000) com efeito positivo sobre a rentabilidade das ações (STO). Intuitivamente, esse resultado parece satisfatório, no entanto Denizci e Xiang (2009) não encontraram resultados significantes. Já Fornell et al. (2006) encontraram resultados positivos e defendem que a satisfação do consumidor, de fato, gera retornos superiores e ainda reduz o risco sistemático. Grande parte dos estudos avaliam a relação da satisfação do consumidor e o fluxo de caixa da empresa, o que impacta diretamente no retorno das ações, conforme Gruca e Rego (2005), gerando indicadores de mercado positivos, tais como Q de Tobin, P/B (preço das ações sobre seu valor contábil) e retorno das ações. Era esperado ainda que defasagens no ACSIM fossem igualmente significantes na variável STO, no entanto, esses resultados não foram confirmados. Ainda em relação ao impacto da satisfação do consumidor no indicador de performance de mercado, observa-se o Q de Tobin como variável dependente. Qit = -3,826+ 7,214 ACSIMit + 0,050 ADVit - 1,376 INTit + 1,091 GRRit +0,971 NMit (0,017) (0,000) (0,493) (0,000) (0,007) (0,000) (8) Fstat =13,554; R2=0,784 Em relação aos resultados obtidos, observa-se que o ACSIM é estatisticamente significante (pvalue=0,000) para Q de Tobin, levantando evidências de que a satisfação do consumidor contribui para o valor ao acionista. Esses resultados fortalecessem as observações do modelo anterior, que também avaliou o desempenho das ações das empresas no mercado, influenciadas pelo consumidor satisfeito e obviamente tendendo a comprar mais. Denizci e Xiang (2009) encontraram resultados semelhantes e nesta mesma linha Anderson et al. (2004) e Rostan e Rostan (2012). 5. Considerações Finais Baseada na literatura levantada de que a satisfação do consumidor contribui para os resultados da empresa, sejam eles contábeis ou financeiros, incluindo os resultados de mercado, o objetivo desse estudo é relacionar a variável observada, satisfação do consumidor com indicadores econômico-financeiros e de mercado das empresas. A amostra considerou empresas norte-americanas do setor discricionário, cujo consumo é não planejado e não necessário, associado a lazer e luxo. Essa característica de consumo, de maior infidelidade dos consumidores, faz com que os resultados desta análise reflitam melhor a influência da satisfação do consumidor, dado que os consumidores deste setor são mais sensíveis a reincidir na compra ou aceitar preços mais altos. Muitos estudos avaliaram essa relação encontrando resultados controversos. Denizci e Xiang (2009), adotado como referencial teórico desse trabalho, utilizou dados da indústria de turismo e hotelaria enquanto que Yeung e Ennew (2000) analisaram setores separadamente, 10 Anderson et al. (1994) analisaram empresas suecas e Guo et al. (2004) e Guo e Jirapron (2005) utilizaram defasagens em seus modelos. Em todos os estudos, o ACSI (American Customer Satisfaction Index) foi adotado como proxy para a satisfação do consumidor e os índices econômico-financeiros concentravam-se em ROE, ROA, Margens de Resultado, Rentabilidade das Ações e Q de Tobin. Para realizar a análise deste estudo, modelos dinâmicos de regressão múltipla em dados de painel foram aplicados, a variável observada ACSI foi ajustada (ACSIM) e foram adicionadas ainda algumas variáveis de controle, como as depesas de publicidade. Os resultados indicam que a satisfação do consumidor, dado pelo ACSIM tem impacto positivo nos indicadores de rentabilidade ROA e na Margem Ebitda e nos indicadores de performance de mercado, Rentabilidade das Ações (STO) e Q de Tobin. Vale destacar que para indicador ROE, o ACSIM não apresentou significância estatística, o mesmo ocorrendo com a variável Margem Líquida (NM), indicando que há outros fatores que interferem no resultado líquido da empresa, impedindo que o efeito da satisfação do consumidor seja captado. Denizci e Xiang (2009) também obtiveram a mesma observação. No entanto, o ACSIM apresentou significância estatística positiva para a Margem Ebitda, indicando que a satisfação do consumidor contribui, sim, para o resultado operacional da empresa. Interessante destacar que esse efeito na margem operacional (excluindo a depreciação) foi com um período defasado, sugerindo que o efeito da satisfação do consumidor no resultado não é imediato. O impacto positivo da satisfação do consumidor influencia também os indicadores de performance de mercado, tal como Anderson et al. (2004), Denizci e Xiang (2009), Fornell et al. (2006), Gruca e Rego (2005) e Rostan e Rostan (2012). Interessante observar que os efeitos de defasagem não foram significativos, mostrando que o impacto é imediato e o mercado já precifica antecipadamente a satisfação do consumidor. Com isso, esse estudo pôde reforçar as observações realizadas em estudos passados, adotando como amostra empresas do setor discricionário, ou seja, crítico quando se trata de satisfação do consumidor. Além disso, analisou-se o impacto na margem operacional, não observado por outros estudos, ajudando no entendimento da não significância da satisfação do consumidor no resultado líquido, pois esse impacto era esperado, dado que muito se discute sobre os efeitos no resultado final (bottom line). Por fim, um dos propósitos deste trabalho foi adicionar novas informações às discussões a respeito da relação entre os esforços de marketing e desempenho econômicofinanceiro nas empresas. Percebeu-se que há uma grande possibilidade de aprofundamento sobre o tema, devido à escassez de trabalhos nessa área, principalmente no Brasil, onde as pesquisas são incipientes e não há dados disponíveis. Espera-se que este estudo tenha estreitado ainda mais a distância entre marketing e finanças e que gestores possam beneficiar-se dos resultados apresentados. . 6. Referências ACSI - American Customer Satisfaction Index: indices. Recuperado em 10 setembro, 2011, de http://www.theacsi.org. Aaker, D. 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