UNIDADE I
UMA VISÃO HISTÓRICA DO
CONCEITO DE INFÂNCIA
Professor: Antonio Edson Martins de Oliveira
UMA VISÃO HISTÓRICA DO
CONCEITO DE INFÂNCIA I

As transformações histórico-culturais e econômicas
na passagem da Idade Média para a Idade Moderna
e a mudança no significado ser criança

Idéia de infância no período medieval, embora com
imprecisão do conceito: redescoberta na Idade
Moderna (Colin Heywood)

A infância como constructo histórico e não natural
(Philippe Ariès)
UMA VISÃO HISTÓRICA DO
CONCEITO DE INFÂNCIA II
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A Idade Moderna e os sentimentos de infância:
Paparicação (A criança como fonte de
graça/distração)
Exasperação (Necessidade de
disciplinar/Cuidados morais)
A descoberta da infância e o processo de
escolarização
A passagem século XIX – XX :contribuições de
teóricos da área de Psicologia, Epistemologia,
Psicanálise e Psiquiatria.
AS CONCEPÇÕES DE
CONHECIMENTO (I)

Compreender
como
o
desenvolvimento
psicológico da criança se processa implica visões
sobre o modo como a mesma conhece/aprende, o
que a move, e quais os fatores que influenciam
nesse desenvolvimento.

Concepções
de
conhecimento: Inatista,
Empirista,
Sócio-Interacionista
e
Construtivista/Interacionista.
AS CONCEPÇÕES DE
CONHECIMENTO (II) INATISTA
 - As possibilidades de conhecimento estão prédeterminadas no sujeito, explicadas em “(...) sua
existência pré-formada na mente humana(...). Ao
inatismo se vinculam as idéias de maturação”.
(Esther P. Grossi e Jussara Bordin)
 - Há a idéia de um caráter biologizante no
processo de desenvolvimento/Passividade da
criança diante do meio.
AS CONCEPÇÕES DE
CONHECIMENTO EMPIRISTA (III)
 Todo conhecimento
humano tem origem a
partir da experiência
 - Rejeita-se a idéia de
causalidade inata, o
indivíduo é efeito de suas
experiências/produto das
determinações externas
 - O indivíduo é passivo
diante do meio
 No ambientalismo
/Empirismo psicológico
(...) faz(se) uma profissão
de fé igualitária: todos são
iguais e todos podem
aprender. Isenta, ainda, o
indivíduo das
responsabilidades de uma
série de problemas que
passam a ser atribuídos ao
meio.” (Luís Cláudio
Figueiredo)
AS CONCEPÇÕES DE CONHECIMENTO
SÓCIO-INTERACIONISTA (IV)
 O desenvolvimento humano não é fruto apenas de
determinações biológicas
 A interação social é crucial no processo de
desenvolvimento/aprendizagem
 O sujeito é ativo diante do meio (sócio-cultural),
apropriando-se dos significados culturais de forma
singular
 O aprendizado é concebido como motor do
desenvolvimento
AS CONCEPÇÕES DE CONHECIMENTO (V)
 CONSTRUTIVISTA/INTERACIONISTA
 O desenvolvimento humano é um processo contínuo de
trocas (recíprocas) entre sujeito e meio (físico, social e
cultural)
 - O desenvolvimento não é inato
 - Há um tendência constante no sujeito de procurar
explicar/compreender o que ocorre em seu meio, sendo
essa ação desencadeada sempre por uma necessidade
 - O ser humano é ativo em seu meio, passando por um
processo de adaptação contínuo
DESENVOLVIMENTO: UMA VISÃO
PSICANALÍTICA
Breve contextualização histórica da Psicanálise de
Sigmund Freud (1856-1939)
-Dos estudos neurofisiológicos à clínica psicanalítica
-A sexualidade como fator constitutivo das diferentes
manifestações da conduta humana
O
funcionamento
psíquico
apresenta
manifestações (inconscientes) na vida cotidiana,
expressas por meio de atos, falas, esquecimentos,
processos de adoecimentos, das quais muitas vezes
não se tem “consciência” da intenção que as
determina, do sentido oculto que traz.
As ações humanas trazem conteúdos “internos”
que podem ter relação direta com acontecimentos da
vida atual. No entanto, ocorre um movimento
incessante de retorno de conteúdos que remontam a
momentos anteriores do desenvolvimento.
A constituição do humano é, portanto, histórica.
Não é um dado prévio, e sim constituída na relação
da criança com o outro e com a sociedade da qual faz
parte.
“ Desaparece na Psicanálise a separação entre, de um lado,
‘influências’ biológicas e, de outro, ‘influências’ sociais. O indivíduo
não existe como um dado prévio que possa vir a ser ‘influenciado’. Ele
se constitui exatamente no processo de luta – e encontro de soluções
de compromisso- entre natureza e sociedade.”
(Luís C. Figueiredo)
A sexualidade infantil é pensada numa lógica
diferente da sexualidade adulta
 Enfatiza-se o aspecto pré-genital, sendo a mesma
ligada ao universo do prazer, de uma energia sexual
(libido) que se constitui desde o início da vida na
relação da criança com seu ambiente (que implica
pessoas/ regras sociais).
 A energia sexual se organiza em torno do corpo, em
diferentes momentos do desenvolvimento psicossexual.
São as denominadas “fases” Oral, Anal, Fálica,
seguidas do período de latência, da puberdade e da
continuidade do desenvolvimento adulto.
Forma de organização oral: relacionada à ingestão de
alimento e a excitação da mucosa dos lábios e da boca. As
atividades sexuais ligam-se à necessidades biológicas
(somáticas) e, logo, passam a apoiar-se em necessidade de
conforto, satisfação, prazer corporal.
Forma de organização anal: à criança é solicitado um
início de convívio com regras sociais, como o controle dos
esfincteres, uso correto do toilette etc., sendo um momento em
que os resíduos fecais assumem um valor simbólico de
fornecimento (doação) e retenção.
Forma de organização fálica. A criança começa a
apresentar interesse pelos órgãos genitais, iniciando curiosidade
relacionada ao seu corpo e ao corpo do outro. Surge o que
Freud denomina o Complexo de Édipo/Complexo de castração.

Complexo de Édipo: a criança passa a
identificar-se (inconscientemente) com a
mãe (primeiro objeto de amor), sendo
possível identificar-se posteriormente
com o pai. Isto representa colocar a mãe
num lugar de desejo, daquela que suprirá
suas necessidade, que lhe possibilitará
satisfações (afeto, carinho, materiais, suas
vontades etc.)
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Uma vida em sociedade impõe limites com os quais
a criança terá que conviver, percebendo que não
poderá permanecer numa condição de “contínua
satisfação” junto as figuras parentais.
Terá que direcionar sua energia para outros objetos
do mundo externo. É um período que traz situações
de conflitos para a criança, ao mesmo tempo em que
funciona como um momento crucial de estruturação
do psiquismo.
As etapas iniciais da vida são fundamentais para
organização psicológica futura.
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