FACULDADE DE TECNOLOGIA DE POMPEIA CURSO TECNOLOGIA EM MECANIZAÇÃO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO Diego Wolfart Verificação do estado de conservação de pulverizadores de barra em propriedades no município de Lucas do Rio Verde - MT Pompeia - SP Dezembro/2013 1 FACULDADE DE TECNOLOGIA DE POMPEIA CURSO TECNOLOGIA EM MECANIZAÇÃO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO Verificação do estado de conservação de pulverizadores de barra em propriedades no município de Lucas do Rio Verde - MT Autor: Diego Wolfart Trabalho de graduação apresentado a Faculdade de tecnologia de Pompéia “Shunji Nishimura” – FATEC, com requisito parcial para a conclusão do curso de Mecanização em Agricutura de Precisão. Pompeia - SP Dezembro/2013 2 FACULDADE DE TECNOLOGIA DE POMPEIA CURSO TECNOLOGIA EM MECANIZAÇÃO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO Diego Wolfart Verificação do estado de conservação de pulverizadores de barra em propriedades no município de Lucas do Rio Verde - MT Trabalho de graduação apresentado a Faculdade de tecnologia de Pompéia “Shunji Nishimura” – FATEC, com requisito parcial para a conclusão do curso de Mecanização em Agricutura de Precisão Orientador: Prof°. Susi Meire Maximino Leite Pompeia- SP Dezembro/2013 3 Ficha Cartográfica WOLFART, Diego Verificação do estado de conservação de pulverizadores de barra em propriedades no municipio de Lucas do Rio Verde-MT – Pompeia, 2013 – 38 folhas. ; 30 cm Monografia - Trabalho de Graduação em Tecnologia em Mecanização em Agricultura de Precisão – Faculdade de Tecnologia “Shunji Nishimura – Pompéia”, 2013 Orientadora: Susi Meire Maximino Leite 1. Inspeção 2. IPP. I. LEITE, Susi Meire Maximino. II. Faculdade de tecnologia “Shunji Nishimura – Pompéia”, 2013. III . Titulo 4 Folha de aprovação Trabalho de Graduação de autoria de Diego Wolfart, intitulado “Inspeção de pulverizadores em propriedades no município de Lucas do Rio Verde-MT”, apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo em Mecanização em Agricultura de Precisão da Faculdade de Tecnologia “Shunji Nishimura” Pompeia em 06/12/13, defendida, e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ______________________________________ Profa. Dra. Susi Meire Maximino Leite _____________________________________ Prof. Rui Donizete Casarin ____________________________________ Profa. Tânia C. I. Marcheti ______________________________________ Profa Dra. Mirian Maya Sakuno Presidente da Comissão de Pesquisa Pompeia - SP Dezembro/ 2013 5 Dedico a toda minha família que sempre me apoiaram e incentivaram ao longo da minha vida, e principalmente ao longo dos tempos de faculdade para que tudo desse certo. 6 AGRADECIMENTOS Ao concluir este sonho, lembro-me de muitas pessoas que me apoiaram e incentivaram para que eu completasse mais essa etapa em minha vida. Primeiramente agradeço a Deus, que se não fosse por ele, nada disso teria acontecido e eu não estaria aqui. Aos meus pais e irmãos, que sempre insistiram para que eu não parasse meus estudos, e que cursasse um curso de ensino superior, pois tudo que os pais querem, é ver seus filhos formados. Aos meus amigos da 2° turma que conviveram comigo nesse período, e em especial ao Elizmar Coelho Junior, que sempre me ajudou e apoiou para a realização deste trabalho. A todos os produtores que contribuíram e disponibilizaram suas máquinas para que fossem realizadas as avaliações, para que pudesse completar minhas pesquisas, e principalmente ao Donaldo Conrado Machado, representante do Inquima Ltda. nos projetos de IPP (Inspeção Periódica de Pulverizadores), que me concedeu o empréstimo de seus equipamentos e me auxiliou e tirou todas a dúvidas, para a execução desse trabalho. Agradeço a Professora Susi Meire Maximino Leite, que teve paciência na orientação, e que tornou a execução e conclusão dessa monografia. Enfim, agradeço a todos que de uma forma ou outra me apoiaram para que eu chegasse onde estou hoje. 7 RESUMO WOLFART, Diego, 23/03/1991 – Inspeção de pulverizadores em propriedades no município de Lucas do Rio Verde-MT – Faculdade de tecnologia “Shunji Nishimura” – Curso de Mecanização em Agricultura de Precisão - 2013. Atualmente, o número de aplicações de produtos químicos no ciclo de cada cultura, vem aumentando gradativamente, pelo surgimento de novas pragas e doenças, e desse modo, os produtores tendem a realizar mais aplicações e entradas em suas lavoura. Visando a maior eficiência nesta operação agrícola, assim como a redução de impactos ambientais associados a ela, este trabalho teve como objetivo avaliar as reais condições de conservação e manutenção de pulverizadores agrícolas em propriedades no município de Lucas do Rio VerdeMT. Para isto foram inspecionados alguns dos itens necessários para realizar uma boa pulverização, tais como filtros, manômetro, pontas de pulverização, entre outros componentes da máquina. Palavras chave: Manutenção de máquinas; Pulverização; Mecanização; Tecnologia de Aplicação de Defensivos, IPP. 8 ABSTRACT Currently, the number of chemical applications in the cycle of every culture is increasing, the emergence of new pests and diseases, and thereby, producers tend to perform more applications and contributions in their fields. Aimed at greater efficiency in this farming operation, as well as the reduction of environmental impacts associated with it, this work aimed to evaluate the real conditions of preservation and maintenance of agricultural sprayers properties in the municipality of Lucas do Rio Verde-MT. To this were inspected some of the items needed to make a good spray, such as filters, pressure gauge, spray nozzles, and other machine components. Keywords: Maintenance of machines; Spraying; Mechanization; Pesticides Application Technology, IPP. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estado do MT com destaque na cidade de Lucas do Rio Verde..........20 Figura 2. Comparação entre manômetros em alta pressão...............................22 Figura 3. Coleta da vazão das pontas individuais.............................................23 Figura 4. Mangueiras mal posicionadas...........................................................24 Figura 5. Posicionamento da mesa de distribuição..........................................25 Figura 6. Filtros danificados.............................................................................28 Figura 7. Estado de conservação dos filtros de linha dos pulverizadores avaliados.........................................................................................29 Figura 8. Situação das máquinas quanto a vazamentos ou danos..................30 Figura 9. Análise do estado de conservação dos conjuntos de pontas............31 Figura 10. Mesa de distribuição com ponta JA-3..............................................33 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Propriedades com as respectivas informações de cada máquina utilizada...........................................................................................32 11 LISTA DE ANEXOS Anexo 1. Ficha de inspeção utilizada para avaliação de um pulverizador.......................................................................................................38 12 SUMÁRIO 1. Introdução .......................................................................................... 14 2. Revisão Bibliográfica ........................................................................ 17 2.1- Processo de pulverização ................................................................... 17 2.2- Historicos sobre inspeções tecnicas em pulverizadores agrícolas ...... 18 2.3- Inspeções de pulverizadores no Brasil ................................................ 19 3. Materiais e Métodos .......................................................................... 20 3.1- Área de cobertura da inspeção dos pulverizadores ............................ 20 3.2- Dados de identificação ........................................................................ 21 3.3- Inspeção dos pulverizadores – Componentes avaliados .................... 21 3.3.1- Manômetros e reguladores de pressão ............................................... 21 3.3.2- Filtros do circuito hidráulico ................................................................. 22 3.3.3- Inspeção das pontas ........................................................................... 23 3.3.4- Inspeção de vazamentos .................................................................... 24 3.3.5- Mangueiras mal posicionadas ............................................................. 24 3.3.6- Avaliação das pontas .......................................................................... 25 3.3.7- Avaliação dos dados ........................................................................... 26 4. Resultados e Discussão .................................................................. 27 4.1- Avaliação dos manômetros ................................................................. 27 4.2- Avaliação dos filtros ............................................................................ 28 4.3- Inspeção de mangueiras e tubulações com vazamentos .................... 29 4.4- Inspeção das pontas de pulverização ................................................. 30 4.5- Avaliação da qualidade de distribuição ao longo da barra .................. 33 5. Conclusão .......................................................................................... 34 6. Referências Bibliográficas ............................................................... 35 7. Anexos ............................................................................................... 38 13 1. Introdução Os primeiros registros de atividades relacionadas à mecanização datam do ano 3000 a.C. na Mesopotâmia onde se verifica uma mudança na utilização de ferramentas manuais que passam a ser substituídas por outras de tração animal, esta transição permaneceu praticamente inalterada até o início da Era Moderna (MIALHE, 1980). O avanço conseguido na mecanização agrícola, principalmente depois da segunda guerra mundial, tem sido espetacular. Praticamente 80% dos trabalhos agrícolas são realizados através de aparelhamentos mecânicos, nos países mais avançados (RIPOLI et al., 2006). O uso de agroquímicos ocupa um lugar de destaque entre as técnicas utilizadas para melhorar tanto o rendimento quanto a qualidade dos produtos oriundos de áreas agrícolas produtivas, principalmente no combate à doenças, plantas daninhas e pragas das plantas cultivadas (LIMONGELLI et al., 1991). A eficiência da aplicação destes produtos contra os agentes causadores de danos nas culturas agrícolas, associada à menor contaminação ambiental e menor custo, depende de diversos fatores, sendo que entre eles se poderia citar a escolha adequada do equipamento, o estado e funcionamento de seus componentes e sua calibração (OZKAN 1992). O primeiro passo para garantir o sucesso da aplicação de agroquímicos é a calibração adequada do pulverizador, visto que é uma tarefa que determinará as melhores condições operacionais da máquina (GANDOLFO; OLIVEIRA, 2006). Os pulverizadores hidráulicos de barras são as máquinas mais utilizadas na aplicação dos agrotóxicos e a escolha e forma de uso desses equipamentos são fundamentais para que se obtenha a ação eficaz dos defensivos. As aplicações até podem produzir o efeito desejado, porém, em muitos casos, isso ocorre de forma ineficiente porque não foi utilizada a correta calibração (DORNELLES et al., 2009). Esta calibração consiste em verificar se o desempenho do pulverizador está como o previsto pela regulagem, e fazer os ajustes finos na pressão para deixá-lo pronto. Na calibração, também é feito o diagnóstico do estado das 14 pontas, verificando seu desgaste e determinando o modelo ideal para o tipo de aplicação, sendo este dependente de variáveis como tipo de produto e alvo. O uso de pulverizadores agrícolas mal regulados, com pontas inadequadas ou desgastadas, e o uso de doses excessivas de defensivos são alguns fatores que contribuem para a ineficiência das aplicações e contaminação ambiental (DORNELLES et al, 2009). Para que os pulverizadores sempre estejam em boas condições de uso, uma adequada revisão dos equipamentos, que pode ser realizada por técnicos, pelo próprio agricultor ou ainda por instituições oficiais, no caso de ser necessária a emissão de certificados ou relatórios de inspeção, torna-se uma ferramenta para a obtenção de eficiência nas aplicações (DORNELLES et al., 2009). A inspeção de máquinas agrícolas foi uma medida adotada em alguns países da Europa para controlar a qualidade de uso dos pulverizadores, atribuindo a elas certificação e/ou orientação aos usuários para um melhor uso e manutenção, objetivando uma redução da quantidade de defensivos agrícolas utilizados e, consequentemente, redução do custo e da contaminação ambiental (LANGENAKENS; PIETERS, 1997; MATUO, 1998; DORNELLES, 2008). Conforme registros, as avaliações de componentes isolados sobre os pulverizadores são realizadas desde a década de 40, mas apenas nos anos 70 surgiram os programas de inspeção técnica (REICHARD et al., 1991). Ao longo do surgimento de novos princípios ativos sintéticos utilizados na fabricação industrial de agrotóxicos, se percebeu a importância do acompanhamento e da revisão dos equipamentos de aplicação com vistas a se conseguir maior eficácia nas aplicações. Dessa forma, não é coincidência o fato que justamente aqueles países pioneiros no desenvolvimento de ingredientes ativos são também os pioneiros na realização dos projetos de inspeção. (DORNELLES et al., 2009). Alguns exemplos de sucesso desta prática poderiam ser citados, como é o caso da Alemanha que por volta de 1960, iniciou a implantação dos primeiros Projetos de Inspeção dos Pulverizadores. Ao longo dos anos, outros países, como a Itália em 1969, começaram a realizar as inspeções e, a partir daí, percebeu-se a melhoria de qualidade e a diminuição dos impactos negativos obtida por meio das aplicações. Diversos países aderiram, então, à ideia. Atualmente, a realização das inspeções já abrange mais de 25 países, e a 15 Alemanha parece ser o país com maior número de equipamentos já inspecionados, totalizando em torno de 167.000, entre 1968 e 1998. Na Itália, foram inspecionados em torno de 130.000 pulverizadores desde 1985 até 1998 (GANZELMEIER; RIETZ, 1998) e na Noruega, Bjugstad (1998) relata que a inspeção de pulverizadores agrícolas ocorre desde 1991, e até 1998 cerca de 6.500 máquinas já haviam sido inspecionadas Na maior parte dos países, as inspeções periódicas têm sido realizadas utilizando-se unidades móveis e adotando-se visitas programadas aos usuários dos equipamentos. Ao final de cada inspeção, relatórios sobre as condições do pulverizador e de orientação são gerados. Em alguns países, a certificação inclui autorização ou não da continuidade do uso dos equipamentos. Segundo Val (2007), citado por Dornelles et al., (2009), em um projeto realizado na Espanha, região de Valência, os pulverizadores inspecionados são divididos em aptos ou não-aptos quanto à condição de uso. Na classe dos não-aptos, existem aqueles que apresentam desconformidades leves e, dessa forma, recebem um prazo para correção destas para que o equipamento torne-se apto para o uso em próximas inspeções. Porém, as máquinas com desconformidades graves são reprovadas. Nesses países, a exemplo do que ocorreu com os veículos automotores, a tendência é de que as inspeções se tornem compulsórias. Segundo Rikoon et al., (1996), os projetos de inspeção têm diversas funções, tais como agentes redutores de custos, agentes de prevenção da contaminação de alimentos e meio ambiente e agentes educativos de aplicadores. Sendo, portanto, tanto a calibração quanto a inspeção das condições do maquinário utilizado para pulverização, fatores essenciais para a qualidade da pulverização, este trabalho teve por objetivo levantar as condições operacionais e formas de calibração de pulverizadores utilizados em propriedades rurais do município de Lucas do Rio Verde-MT. 16 2. Revisão bibliográfica 2.1. Processo de pulverização Máquina de pulverização é todo equipamento capaz de produzir gotas, em função de uma determinada pressão exercida sobre a calda, sendo basicamente constituído por um tanque, registro, filtros, bomba, comando, barras e pontas (CHRISTOFOLETTI, 1992). Existem no mercado vários tipos de máquinas que podem ser utilizadas para realizar uma pulverização, seja ele um pulverizador de arrasto, montado ou autopropelido, porém todos tem a função de fornecer potência para o acionamento da bomba do circuito hidráulico e levar o defensivo agrícola até o alvo. Para uma boa eficiência na aplicação, o pulverizador deve ser bem regulado, e um dos componentes que deve receber uma maior atenção é a ponta, pois é ela que tem grande influência no tamanho das gotas, quantidade de área a ser atingida, controla a vazão e a forma do jato. Segundo Christofoletti (1992), existe no mercado uma grande diversidade de pontas hidráulicas de pulverização, o que dificulta um pouco para o produtor saber escolher a adequada para cada tipo de alvo a ser atingido. Para se obter uma boa uniformidade de distribuição, deve ser levado em conta o espaçamento entre bicos, altura da barra, ângulo de abertura das pontas e pressão de trabalho. Os agrotóxicos são uma categoria especial de insumos que promovem benefícios indiretos à produtividade das culturas, uma vez que o objetivo de sua utilização é o de evitar a perda nas safras, causada pelo ataque prejudicial de pragas e doenças e não promovendo, normalmente, benefícios diretos sobre as plantas, tais como, fertilizantes e corretivos (VICENTE et al., 1998). É possível reduzir em grande parte o uso de agrotóxicos nas lavouras, usando-se volume de água menor por hectare. Para isso o pulverizador deve ser bem regulado para que não tenha desperdício de produto químico que não tenha atingido o alvo. A quantidade de aplicações de agrotóxico na lavoura, cresce a cada ano que se passa, tendo em vista o aumento e surgimento de novas pragas nas lavouras, desde o começo do ciclo até o final. 17 Segundo o Jornal Valor Econômico, em meio às crescentes discussões sobre sustentabilidade e à adoção de legislações ambientais cada vez mais rígidas, as principais indústrias de defensivos agrícolas, preparam uma nova geração de produtos que devem agradar a produtores rurais e, ao mesmo tempo, receber menos críticas de ambientalistas. O objetivo dessas empresas é também o grande desafio do setor: o equilíbrio entre a proteção dos cultivos, o aumento da produtividade da lavoura e o menor impacto sobre o ambiente e as pessoas envolvidas no processo. Nesse contexto, os novos defensivos que já chegam ao mercado promovem avanços em três frentes: reduzem o volume de doses aplicadas, solucionam o problema da resistência e fazem combinações para proteção de lavouras contra duas pragas, usando apenas um produto. 2.2. Históricos sobre inspeções técnicas em pulverizadores agrícolas O sistema agrícola mais utilizado para aplicação de agrotóxicos são os pulverizadores hidráulicos. Estas máquinas têm a função de fracionar a calda e distribuí-la homogeneamente, sob a forma de gotículas ou gotas nas plantas ou sobre o solo. Com o objetivo de buscar melhores aplicações, são realizadas vistorias periódicas de pulverizadores agrícolas desde a década de 40 (REICHARD et al., 1991), mas somente em 1968 surgiram os primeiros programas para realizar as inspeções periódicas na Alemanha (GANZELMEIER; RIETZ, 1998). Com o passar do tempo, perceberam a importância de obter uma boa eficiência na aplicação, visto em reduzir os impactos negativos no meio ambiente e também para o ser humano (DORNELLES, 2008). Desta forma, como era de se esperar, justamente aqueles países onde mais se desenvolveram e se desenvolvem princípios ativos de agrotóxicos, ou seja, maiores conhecedores da ação contaminante e nociva dos agrotóxicos sobre o ambiente, foram também os países pioneiros na realização e regularização dos projetos de inspeção de pulverizadores agrícolas. Com o passar dos anos se percebe a melhoria de qualidade obtida nas aplicações de agrotóxicos e melhoria de máquinas em uso e, assim, observa-se diminuição dos impactos negativos dos agrotóxicos e logo diversos outros países aderem a estes projetos (DORNELLES, 2008). 18 2.3. Inspeções de pulverizadores no Brasil No Brasil, apenas no final da década de 90 é que se iniciou a implantação de avaliação das condições dos pulverizadores. Entre os primeiros trabalhos nacionais, Ramos (1997), foi constatado que muitos pulverizadores não possuíam manômetros, peneiras e filtros, ocasionando assim muito entupimentos das pontas, consequentemente uma má distribuição do produto sobre a planta ou solo. Fey (1998) em avaliação realizadas no estado do Paraná observou que em alguns casos o problema não era somente no pulverizador, mas também no trator, pois não possuíam acelerador manual, acarretando assim numa variação muito grande na rotação do motor, e resultando numa heterogeneidade nas gotas através da variação de pressão da bomba hidráulica. Com todos esses problemas encontrados nas regiões brasileiras, percebe-se a importância de realizar cursos para aperfeiçoamento dos aplicadores e produtores para obter uma maior atenção as condições das máquinas utilizadas no campo e no manuseio adequado no uso de produtos químicos. 19 3. Materiais e Métodos 3.1. Área de cobertura da Inspeção dos Pulverizadores A área de abrangência das avaliações situa-se no município de Lucas do Rio Verde, a 350 km distante da capital Cuiabá-MT, no centro oeste do Brasil, região médio norte do Mato Grosso (Figura 1). Apresenta aproximadamente 50.000 habitantes e extensão territorial de 3.645,23 km², apresentando altitude média de 400 metros e considerada a segunda maior produtora de soja no Brasil, atrás somente da cidade de Sorriso, com a qual faz divisa. Figura 1. Estado do MT com destaque na cidade de Lucas do Rio Verde Fonte: Google As inspeções foram realizadas a partir de solicitações feitas pelos produtores rurais. Neste momento lhe era recomendado deixar a máquina em reais condições de uso, mas, devido a seca causada pela estação de inverno do ano, as máquinas normalmente estavam guardadas nos barracões esperando a chegada da chuva, para que pudessem ser iniciados os trabalhos em campo. Também era solicitado ao produtor que, no momento da inspeção, o operador estivesse presente para que pudesse ser orientado sobre como deixar a máquina em bom estado para aplicação. No mês de julho de 2012, foram inspecionados 7 pulverizadores em 6 propriedades rurais, sendo 6 autopropelidos e 1 de arrasto, onde 85 % eram da marca Jacto e 15% da marca Metalfor. As culturas implantadas nessas propriedades são de soja, milho, feijão e arroz, porém as que predominam na região são soja e milho. 20 3.2. Dados de identificação Para cada pulverizador avaliado foi preenchida uma ficha (Anexo 1) com informações sobre a máquina (modelo, marca, ano de fabricação e número do pulverizador, caso tivesse mais de uma máquina por propriedade), e também dados a respeito da propriedade rural (nome do proprietário, nome da fazenda, e-mail para contato e responsável técnico na fazenda), assim como observações sobre a inspeção da máquina, descrita mais detalhadamente a seguir. 3.3. Inspeção dos Pulverizadores – Componentes avaliados 3.3.1. Manômetros e reguladores de pressão Por ser peça fundamental para uma boa calibração do pulverizador, o manômetro também deve receber cuidados e ser avaliado. Muitas vezes a pressão mostrada pelo manômetro no momento da pulverização não é a pressão real que está sendo aplicada, e muitas vezes isso acontece por falta de manutenção, nível baixo ou falta de glicerina ou água, dependendo do tipo do manômetro. Para minimizar o desgaste, recomenda-se abrir o registro do manômetro somente na hora da calibração, para evitar o uso desnecessário do mesmo sem estar em uso (Figuras 2 A e B). O manômetro de cada pulverizador foi testado em duas pressões diferentes, sendo uma de alta pressão com 100 lb pol-² e outra com baixa pressão de 50 lb pol-², além de verificar o posicionamento em relação a visibilidade para o operador. 21 Figura 2 .A- Manômetro de alta pressão de teste. B- Manômetro de alta pressão do pulverizador A B Fonte: Autor O regulador de pressão é outro componente que deve ser avaliado. Antes de começar a inspeção, as seções devem ser todas reguladas com a mesma pressão. Para a regulagem da pressão nas seções da barra, primeiramente todas as seções foram abertas e definida uma pressão e ajustado o manômetro. Em seguida uma das seções foi fechada e verificado a pressão indicada no manômetro; o ideal é que essa permaneça a mesma estabelecida anteriormente. Quando isto não ocorria, a pressão foi regulada até que chegasse naquela prédeterminada. Isso deve ser feito para todas as seções até que se chegue numa pressão homogênea ao longo da barra. 3.3.2. Filtros do circuito hidráulico Todo circuito hidráulico de pulverização é composto por quatro filtros de linha que retém todos os resíduos antes da calda ir para as pontas. Esses filtros devem ser limpos diariamente ou dependendo do produto usado, ele deve ser limpo mais que uma vez por dia, para não prejudicar a qualidade de pulverização. Outro conjunto de filtros que não deve ser esquecido, é o de filtros primários, que são responsáveis em reter os resíduos mais brutos. Toda a calda, assim que sair do tanque, passa por esse filtro. Nos filtros inspecionados, foi verificado a possível ocorrência de resíduos e se a malha filtrante estava em bom estado. O estado de conservação do filtro foi classificado na ficha de avaliação como bom, ruim ou ausente. 22 3.3.3. Inspeção das pontas A avaliação deste componente foi realizada de acordo com cada conjunto de pontas usado e de forma individual para determinar a vazão real de cada uma das pontas, analisando se tinha desgaste ou obstrução por algum resíduo. Para isto, cada seção foi regulada para verificar se a pressão era a mesma ao longo da barra. Em seguida, foi ligado a pulverização na barra inteira e com a pressão de trabalho para verificar a vazão de cada ponta durante o tempo de 1 minuto, com o uso de baldes com o mesmo tamanho e peso (Figura 3). Figura 3. Coleta da vazão das pontas individuais. Fonte: Autor Com o material coletado de cada uma das pontas, foi realizada a pesagem dos baldes, descontando a tara de cada um, e chegando ao volume exato aplicado de cada ponta de pulverização. Esses valores foram anotados na ficha de avaliação da máquina em teste. Foi estipulada uma margem de ± 7% em relação a vazão real da ponta e as que estivessem com valor acima, era pedido que fosse efetuado a troca, e aquelas com valores menores, certamente estavam com algum resíduo, sendo necessário realizar a limpeza. 23 3.3.4. Inspeção de vazamentos Outro item avaliado, foi a presença ou não de vazamentos. Além de causar um impacto negativo no meio ambiente, esses vazamentos de produto causam uma porcentagem a menos de calda para aplicação, ou até mesmo variação na pressão no final na ponta. No momento da inspeção, foi anotado a presença ou não de vazamentos na ficha de avaliação, sendo que no caso de presença de vazamentos foi quantificado o volume por minuto de cada um desses vazamentos. 3.3.5. Mangueiras mal posicionadas Um item que deve ser levado em consideração, é o mal posicionamento de mangueiras ao longo das barras. Além de obstruir a passagem da calda para as pontas e reduzir o volume aplicado, elas também podem interferir no jato da ponta, fazendo com que ocorram falhas na aplicação. Muitas vezes o tamanho não está adequado e consequentemente, acaba tocando em partes móveis da barra como mostra a Figura 4 A e B. Figura 4. A-Exemplos de mangueiras perto de partes móveis e B- mangueiras dobradas. A B Fonte: Autor 24 3.3.6. Avaliação das pontas Considerado o item mais importante numa aplicação de defensivos agrícolas, as pontas são um dos fatores responsáveis pela eficiência do produto sobre o alvo, além da formulação do produto químico usado. As pontas são responsáveis pela boa distribuição da calda sobre o alvo a ser atingido, o que envolve uma boa sobreposição do líquido e uma boa densidade de gotas por centímetro quadrado. Na ficha de inspeção, foi anotado o modelo das pontas e se estavam em ótimo, bom ou ruim estado de conservação. Foram avaliados todos os tipos de pontas que o produtor usava em suas aplicações, e caso tivesse alguma com variação de acima de 7%, o produtor era informado para que providenciasse a troca dessas pontas e quando havia redução da vazão nominal foi somente solicitado a limpeza destas. Para avaliar a sobreposição das pontas, foi utilizado a mesa de distribuição, que mostra a real condição de como elas estão. Essa mesa era posicionada num local da sessão que as pontas estavam num bom estado, sem desgaste ou obstrução, para que pudesse ser verificado se a altura da barra estava correta, ou se o espaçamento entre as pontas estava adequado. Na Figura 5 pode-se observar o procedimento utilizado. Figura 5. Posicionamento da mesa de distribuição Fonte: Autor 25 3.3.7 Avaliação dos dados Os dados quantitativos de cada pulverizador e de cada propriedade foram trabalhados no aplicativo Excel. 26 4. Resultados e Discussão Foi possível avaliar durante este trabalho, máquinas com características diferentes, quanto ao seu ano de fabricação e o tamanho do reservatório para calda do produto e tamanho da barra. O ano de fabricação se encontrava entre o ano de 2001 e 2008, e quanto ao tamanho do reservatório foi praticamente igual para todas máquinas, com 2000 L cada máquina, sendo exceção apenas um pulverizador, com tanque de capacidade de 2500 L. O tamanho das barras variou conforme as propriedades agrícolas, sendo que o pulverizador de arrasto avaliado apresentava barra de 18 metros, e quatro dos pulverizadores autopropelidos tinham a barra de 22 metros e um com 21 metros. Já a máquina com tanque de 2500 L tinha a barra de 25 metros. 4.1. Avaliação dos Manômetros Para a avalição dos manômetros, foi utilizada uma tolerância de ±10% de erro na leitura, como recomendado por Langenakens e Pieters (1998). Com isso observou-se que 64% dos manômetros estavam em bom estado de conservação e 36% estavam fora do recomendado da margem de erro tolerada, sendo que, apesar de alguns manômetros apresentarem diferenças, todos estavam com o nível máximo de glicerina. Segundo trabalhos realizados por Dornelles (2008) em Santa Maria RS, nas inspeções de manômetros, observou que 20,5%, dos pulverizadores inspecionados estavam sem este equipamento, 49,4% das máquinas apresentaram manômetros em operação e 30,1% apresentaram manômetros danificados, ou seja, inoperantes. Entre as avaliações realizadas sobre os manômetros, diâmetros externo operacionalidade, nível de glicerina e precisão na leitura, este último foi a avaliação de maior impacto negativo sobre avaliação final. Quanto ao nível de glicerina, foi considerado o nível mínimo de 3/4 do volume total do manômetro para aprovação para manômetros que exigem glicerina ao trabalho. Assim a aprovação final dos manômetros ficou em 19,05%, ou seja, de 84 pulverizadores, apenas 16 apresentaram leituras precisas de pressão. Considerando este quadro apresentado por Dornelles (2008), os 27 resultados obtidos neste trabalho revelam que os equipamentos avaliados estão em estado de conservação acima dos observados pelo referido autor. 4.2. Avaliação dos filtros Em grande parte dos pulverizadores, os filtros estavam em bom estado quanto a malha filtrante, apresentando-se com alguns resíduos somente. Em um dos pulverizadores avaliados, foi encontrado um filtro de linha que estava com defeito, não sendo possível retirar o mesmo somente com a mão ou chave. Para a remoção do filtro deste pulverizador foi necessário retirar o conjunto e leva-lo para uma bancada com morsa fixa onde a possível causa desse problema, era a ausência do anel de vedação entre a capa do filtro e a parte fixa, e com isso o produtor certamente apertou mais com a chave para evitar amenizar esse problema (Figura 6-A). Também foram encontrados vazamentos nesse mesmo conjunto, como mostra a Figura 6-B. Figura 6- A. Filtro com defeito sendo retirado apenas com o auxílio de uma morsa. B. Filtro com vazamento. A B Fonte: Autor Em relação aos filtros de linha, somente 29 % das máquinas apresentaram algum problema (Figura 7). Em relação aos filtros primários, todos estavam em bom estado de conservação quanto a sua malha filtrante, porém alguns apresentavam resíduos de algum produto químico. Esses resíduos afetam a qualidade da pulverização 28 quando obstruem o orifício da ponta, causando assim falhas na aplicação do defensivo. Figura 7. Estado de conservação dos filtros de linha dos pulverizadores avaliados. CONDIÇÕES DOS FILTROS 29% N° DE MÁQ. COM FILTROS DE LINHA DANIFICADOS N° DE MÁQ. COM FILTROS DE LINHA CORRETOS 71% Fonte: Autor Segundo Dornelles (2008), considerando aqueles pulverizadores que apresentaram todos os filtros em bom estado de conservação de malhas e sem a presença de resíduos que pudessem estar prejudicando o fluxo da calda pelo circuito hidráulico, determinou-se um total de apenas 11 máquinas (13%) aprovadas. Com a mistura de vários produtos no tanque, é bem provável que se encontre resíduos nos filtros, por haver reações entre os diferentes produtos usados no campo. Muitas vezes isso acontece por falta de informação dos agricultores ou até mesmo dos responsáveis técnicos quanto a mistura de diferentes produtos químicos utilizados na mistura em um único tanque. 4.3. Inspeção de mangueiras e tubulações com vazamentos Ao se levar em consideração os vazamentos em um pulverizador agrícola, onde muitas vezes o custo dessa manutenção e conserto seja baixo e fácil de se resolver, muitas vezes não é levado em conta pelo produtor. Embora possa ser um vazamento de proporção baixa, muitas vezes se torna um grande risco a contaminação do meio ambiente, e consequentemente ao ser humano também, 29 pois deixa resíduos por onde a máquina passa durante a aplicação e durante o processo de reabastecimento. Grande parte dos pulverizadores se encontravam sem nenhum vazamento (Figura 8), porem quase metade estava com mangueiras danificadas ou tubulações amassadas. Os vazamentos se encontravam em jogo de bico com problema na válvula antigotejo ou em mangueiras que foram danificas e que em alguns casos estavam em atrito com outras partes da barra e ocasionando ao desgaste da tubulação. Figura 8. Situação das máquinas quanto a vazamentos ou danos. 6 5 4 3 2 1 0 Pulverizadores corretos Vazamentos Pulverizadores errados Mangueiras e tubulações danificadas Fonte: Autor 4.4. Inspeção das Pontas de pulverização Como já observado por outros autores (ANTUNIASSI; GANDOLFO 2001; DORNELLES et al., 2009;) as pontas de pulverização são geralmente os componentes mais negligenciados na manutenção de um pulverizador. Dependendo do alvo a ser atingido, os produtores usam dois jogos de pontas, para aplicar gotas maiores ou menores. Quando a cultura necessita de uma entrada urgente, e as condições do vento não estão favoráveis, é usado pontas que apliquem gotas maiores, para atingir melhor o alvo. A vazão das pontas foi avaliada de maneira que fosse possível fazer o levantamento do valor exato que cada ponta estava aplicando, porém o percentual de jogos de pontas que apresentaram vazão até o limite de 7% acima da vazão nominal foi baixo (27%). A grande maioria dos jogos das pontas (73%) 30 apresentou desgaste, ou estava com vazão menor que a esperada e recomendado para aquele determinado modelo (figura 9). Para aquelas que apresentaram variação acima desta margem, foi solicitado a substituição da ponta, e aquelas com valores menores, certamente estavam com algum resíduo, sendo necessário realizar a limpeza. Figura 9. Análise do estado de conservação dos conjuntos de pontas. 27% CONJUNTO DE PONTAS EM BOM ESTADO CONJUNTO DE PONTAS COM DESGASTE OU OBSTRUÇÃO 73% Fonte: Autor O fator que contribui para uma vazão inadequada, é a presença de impurezas na calda, filtros com grande volume de resíduos, vazamentos que possam diminuir a pressão no circuito, tubulações amassadas ou dobradas e manômetros com defeito. Entre todos esses problemas, o mais comum foi a pressão inadequada no manômetro, e consequentemente influindo no resto do circuito hidráulico, e assim aplicando numa vazão diferente recomendada para determinado tipo de ponta. Para realizar um levantamento mais real da aplicação em campo, recomenda-se avaliar todas as pontas do pulverizador, embora seja um pouco mais trabalhoso, e não somente algumas de cada sessão, como grande maioria dos produtores realizam e algumas revendas recomendam. O erro no procedimento recomendado por alguns profissionais está em extrapolar os valores de vazões para pontas que não foram avaliadas. Na Tabela 1 pode ser observado a relação de pontas de cada pulverizador inspecionado, assim como dados sobre taxa de aplicação, área e culturas plantadas. Uma observação interessante é que, nas propriedades visitadas, se trabalha com taxa de aplicação fixa de 100 L ha-1, não sendo considerado fatores importantes na determinação desta taxa como o IAF (índice de área foliar), tipo 31 de produto e mesmo o alvo. A consideração destes fatores na determinação da taxa de aplicação pode proporcionar maior eficiência da pulverização, uma vez que pode aumentar a capacidade operacional da máquina quando a cultura está em estágio inicial (IAF menor) e maior economia de água, pois neste caso podese trabalhar com menor volume de calda, assim como quando se aplica produtos sistêmicos. Tabela 1- Propriedades com as respectivas informações de cada máquina utilizada. Propriedade Culturas Jogos de Pontas Taxa de Aplicação (L ha-1) Área de Propriedade (ha) 1 Soja, Milho JA-3, TTJ11003, VP110015 100 L ha-1 3.500 2 Soja, Milho AVI 110025 100 L ha-1 1.300 3 Soja, Milho JA-4, TWIN CAP, JA-3 100 L ha-1 900 4 Soja, Milho ADI 1102, 110BD J02 100 L ha-1 1.300 5 Soja, Milho XR 11003 100 L ha-1 1.450 6 Soja, Milho, Arroz e Feijão AVI 1103, TWIN 12005 100 L ha-1 1.200 Fonte: Autor Atualmente, ainda é comum encontrar produtores que apliquem grande volume de calda por hectare para combater as pragas e doenças, ao invés de utilizar produtos que possam ser usados em baixas doses e que continuem com o mesmo efeito, e visando assim, diminuir a quantidade de produtos químicos que possam eventualmente ser jogados no meio ambiente. Para esses produtores, a falta de informação e conhecimento ainda é o maior fator de não aderir a uma taxa menor de aplicação, pois acreditam que, o alvo não será atingido de forma eficiente. 32 4.5. Avaliação da Qualidade de Distribuição ao Longo da Barra Para se obter uma boa cobertura ao longo da barra, é necessário que todas as pontas estejam em bom estado quanto a sua vazão nominal. Entre os pulverizadores avaliados, (71%) estavam com desigualdades na distribuição (Figura 10), e (29%) apresentaram variação da vazão até os 7% de tolerância permitido. Estes percentuais são semelhantes aos encontrados para avaliação do estado de conservação das pontas. Esta semelhança ocorre devido a vazão de cada ponta interferir nos resultados na mesa de distribuição. Figura 10. Distribuição da calda por pontas JA-3 na barra com espaçamento de 0,50 m e à altura de barra de 1 m em mesa de distribuição. Fonte: Autor Na Figura 10, pode-se notar que a distribuição na mesa foi ruim, sendo constatado nesse caso como o efeito da obstrução e desgaste das pontas utilizadas, levando a um CV de 71%, quando o aceitável é de 10% (PERECIN et al., 1998). Com esta qualidade de distribuição, o produtor estará aplicando o defensivo de forma irregular, de maneira que terá faixas com excesso de produto e faixas com deficiência deste. 33 5. Conclusão Pode ser observado que pequena parte dos pulverizadores não estavam de acordo com as recomendações técnicas, o que, portanto, permite uma aplicação correta dos defensivos agrícolas quanto a sua distribuição da calda uniformemente ao longo da barra. Dentre os 7 pulverizadores avaliados, 27% apresentaram a vazão das pontas dentro de limites aceitáveis de variação de ±7% quanto a vazão nominal e (73%) apresentaram vazão fora dos limites acima citados, proporcionando erros de distribuição. Um dos itens que apresentou maior frequência de irregularidades foi as pontas de pulverização, seguida pelos manômetros. Irregularidades também puderam ser observadas em outros componentes, como por exemplo, mangueiras com vazamentos e tubulações amassadas, filtros quanto ao seu estado de uso, e verificação da sobreposição do produto químico aplicado através da mesa de distribuição. De modo geral, todas as máquinas avaliadas estavam com algum componente com problemas, necessitando realizar alguns ajustes ou trocar certos componentes. 34 6. Referências Bibliográficas BJUGSTAD, N. Controlo of crop sprayers in Norway. In: AGENG. 1998, Oslo. Eurageng: Oslo, 1998. Np. CHRISTOFOLETTI, J.C. Manual Shell de máquinas e técnicas de aplicação de defensivos agrícolas. São Paulo: Shell Brasil, 1992. 122p. DORNELLES M. 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