FÁBIO COLAGROSSI PAES BARBOSA Análise dos resultados da anastomose biliar colédococolédoco término-terminal espatulada sem drenagem em transplante de fígado Tese apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo de Doutor em Pesquisa em Cirurgia. SÃO PAULO 2013 FÁBIO COLAGROSSI PAES BARBOSA Análise dos resultados da anastomose biliar colédococolédoco término-terminal espatulada sem drenagem em transplante de fígado Tese apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo de Doutor em Pesquisa em Cirurgia. Área de Concentração: Anormalidades da Proliferação e Morte Celular. Orientador: Prof. Dr. Luiz Arnaldo Szutan. Coorientador: Prof. Dr. Paulo Celso Bosco Massarollo. SÃO PAULO 2013 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Arnaldo Szutan, pela oportunidade, disponibilidade, confiança, ensinamentos, pelo prazer de sua convivência e amizade. Ao meu coorientador Prof. Dr. Paulo Celso Bosco Massarollo, pela amizade, pelo exemplo pessoal e profissional, pela oportunidade de divulgar uma inovação técnica de sucesso e por compartilhar seu conhecimento. Aos professores e amigos que compuseram a banca de qualificação (Dr. Rodrigo Altenfelder Silva, Dr. André Ibrahim David, Dr. Fábio Gonçalves Ferreira, Dr. Fabrício Ferreira Coelho), por terem colaborado com correções e sugestões que muito enriqueceram a tese. Aos amigos do Grupo de Cirurgia do Fígado e Hipertensão Portal, pela amizade, por terem prestigiado os momentos de sucesso e por terem sido companheiros. Aos colegas do Grupo de Transplante de Fígado, pelo apoio, compreensão, ensinamentos e agradável convivência. Às enfermeiras do Grupo de Transplante de Fígado Fabiana e Jicele, que muito colaboraram para a reunião dos dados que compuseram esta tese e que tornaram possível a realização do doutorado. Ao Departamento de Cirurgia da Santa Casa de São Paulo representado pelo Prof. Dr. Antônio José Gonçalves, pelo apoio. À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo por ter me acolhido e me dado a oportunidade de realizar a pós-graduação. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa concedida durante a realização desta tese. À Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela disponibilidade e agilidade na aquisição dos artigos solicitados. Aos funcionários da Pós-Graduação da FCMSCSP, por terem sido tão solícitos, gentis e por terem colaborado para o sucesso da pesquisa. E a todos que de alguma maneira colaboraram para a realização desta pesquisa. DEDICATÓRIA À minha esposa Mariana, amor da minha vida e minha eterna companheira e ao meu filho Miguel, minha maior alegria e motivação para ser uma pessoa melhor. Aos meus pais (Silas e Regina) e irmãos (Isabela, Renata e Eduardo) pelo apoio, incentivo, carinho e compreensão. Aos meus avós pelo exemplo de vida, apoio e privilégio de sua convivência. ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ARA Aumento do Risco Absoluto BRD Bilirrubinas diretas BRT Bilirrubinas totais CCLL Coledococoledocostomia látero-lateral CCLLcD Coledococoledocostomia látero-lateral com drenagem CCLLsD Coledococoledocostomia látero-lateral sem drenagem CCLT Coledococoledocostomia látero-terminal CCTL Coledococoledocostomia término-lateral CCTT Coledococoledocostomia término-terminal CCTTcD Coledococoledocostomia término-terminal com drenagem CCTTes Coledococoledocostomia término-terminal espatulada CCTTesD Coledococoledocostomia término-terminal espatulada com drenagem CCTTesSD Coledococoledocostomia término-terminal espatulada sem drenagem CCTTsD Coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem CDD Coledocoduodenostomia CVB Conduto da vesícula biliar dl Decilitro EECCwD End-to-end choledococholedocostomy without drainage EC Ensaio Clínico ECR Ensaio Clínico Randomizado et al. e outros FA Fosfatase alcalina FCPB Fábio Colagrossi Paes Barbosa Fig. Figura GGT Gama glutamil-transpeptidase HJYR Hepaticojejunostomia em “Y de Roux” HJYRcD Hepaticojejunostomia em “Y de Roux” com drenagem HJYRsD Hepaticojejunostomia em “Y de Roux” sem drenagem I2 Teste quantitativo de heterogeneidade IC Intervalo de confiança ITBL Isquemic type biliary lesion, Lesão biliar tipo isquêmica l Litro mg Miligramas n Número de pacientes NNH Number needed to harm, Número necessário para causar dano NNT Number needed to treat, Número necessário para tratar p p Valor Q Teste qualitativo de heterogeneidade RA Risco absoluto RAC Risco absoluto do controle RAI Risco absoluto da intervenção RRA Redução do risco absoluto SEECCwD Spatulated end-to-end choledococholedocostomy without drainage Tab. Tabela U Unidades UW Universidade de Wisconsin WMB Wanderley Marques Bernardo % Percentual ® Marca registrada ± Mais ou menos LISTA DE TABELAS E FIGURAS Figura 1. Preparação das bocas anastomóticas. Hemostasia dos 14 vasos pericoledocianos. Figura 2. Incisão longitudinal posterior na via biliar do receptor. 15 Figura 3. Aspecto da boca distal após secção da parede posterior. 16 Figura 4. Aplicação do primeiro de dois pontos de reparo da parede 17 posterior. Figura 5. Incisão longitudinal anterior da via biliar do doador. Figura 6. Aspecto da anastomose com pontos da parede posterior e 18 após incisão da parede anterior. Figura 7. Término da sutura contínua posterior. Figura 8. Aspecto final da anastomose com pontos separados 20 anteriormente. Figura 9. Artigos selecionados para revisão sistemática. 23 Figura 10. Curva de sobrevida atuarial de Kaplan-Meier. 28 Figura 11. Colangiorressonância magnética anastomótica (caso 1). Figura 12. Colangiografia endoscópica anastomótica (caso 1). Figura 13. Colangiorressonância magnética anastomótica (caso 2). mostrando estenose 31 Figura 14. Colangiorressonância magnética anastomótica (caso 3). mostrando estenose 32 Figura 15. Colangiografia endoscópica anastomótica (caso 3). Figura 16. CCTTesD descrita por Belli et al., 1991. 33 Figura 17. CCTTesD descrita por Buczkowski et al., 2007. 34 Figura 18. Técnicas de reconstrução biliar encontradas na revisão 35 sistemática. Figura 19. Gráfico de Metanálise (CCTTsD x CCTTcD) nos ensaios 37 clínicos. Desfecho: fístula não-anastomótica. mostrando mostrando mostrando 18 19 estenose 29 estenose 30 estenose 32 Figura 20. Gráfico de Metanálise (CCTTsD x CCTTcD) nos estudos 39 coorte. Desfecho: fístula não-anastomótica. Figura 21. Gráfico de Metanálise (CCTTsD x CCTTcD) nos estudos 39 coorte. Desfecho: complicações biliares. Figura 22. Comparação entre a casuística do estudo e os melhores 41 resultados encontrados na literatura. Figura 23. Comparação entre a casuística do estudo (CCTTesSD) e 42 os resultados encontrados na literatura para CCTTesD. Figura 24. Comparação entre a casuística do estudo (CCTTesSD) e 43 os resultados encontrados na literatura para metanálise (CCTTsD) dos ensaios clínicos e estudos coorte. Tabela 1. Complicações Biliares com a CCTTesSD Santa Casa – 28 SP 2012. Tabela 2. Complicações Biliares com a CCTTesD Belli et al. 1991. Tabela 3. Complicações Biliares com a CCTTesD Buczkowski et al. 34 2007. Tabela 4. Comparação entre CCTTsD e CCTTcD quanto ao risco de 36 complicações biliares para cálculo de metanálise nos ensaios clínicos. Tabela 5. Comparação entre CCTTsD e CCTTcD quanto ao risco de 38 complicações biliares para cálculo de metanálise nos estudos coorte. Tabela 6. Comparação entre a casuística do estudo e os melhores 40 resultados encontrados na literatura. 33 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 1 1.1 Técnicas de reconstrução biliar.................................................... 1 1.2 Drenagem da via biliar.................................................................. 5 1.3 Complicações biliares................................................................... 7 1.4 Justificativa................................................................................... 10 2. OBJETIVOS.......................................................................................... 11 3. CASUÍSTICA E MÉTODO..................................................................... 12 3.1 Planejamento do estudo................................................................ 12 3.2 Pacientes....................................................................................... 12 3.3 Critérios de inclusão...................................................................... 13 3.4 Critérios de exclusão..................................................................... 13 3.5 Descrição da técnica de reconstrução biliar.................................. 13 3.6 Método de comparação................................................................. 20 4. RESULTADOS...................................................................................... 26 4.1 Análise dos pacientes transplantados........................................... 26 4.2 Análise dos dados......................................................................... 28 5. DISCUSSÃO......................................................................................... 44 5.1 Do método..................................................................................... 44 5.2 Fatores que influenciam a anastomose biliar................................ 48 5.3 Técnica espatulada....................................................................... 50 5.4 Do resultado.................................................................................. 51 6. CONCLUSÕES..................................................................................... 54 7. ANEXOS................................................................................................ 55 8. REFERÊNCIAS..................................................................................... 58 FONTES CONSULTADAS........................................................................ 72 RESUMO................................................................................................... 73 ABSTRACT............................................................................................... 74 APÊNDICE................................................................................................ 75 1. INTRODUÇÃO O transplante hepático representa um dos maiores avanços da ciência médica moderna. Foi realizado pela primeira vez em humanos, com doador cadáver, pelo professor Thomas Starzl em 1963 em Denver(1,2). Apesar dos resultados iniciais serem desanimadores, os avanços nas áreas de imunossupressão, cuidados de terapia intensiva, anestesiologia e técnica operatória tornaram esse procedimento seguro e com altas taxas de sobrevivência atualmente(3). Entretanto, as complicações biliares permanecem uma importante causa de morbidade e mortalidade pós-transplante. Esse fato fez com que a reconstrução biliar fosse descrita por Calne em 1976 como o “calcanhar de Aquiles” do transplante de fígado(4,5). A prevalência de complicações biliares varia na literatura de 6% a 35%, com a maioria dos centros reportando aproximadamente 20% de complicações com uma queda nos últimos anos(6,7). 1.1 Técnicas de reconstrução biliar O tipo de anastomose biliar é um dos maiores determinantes no risco de desenvolvimento de complicações biliares. Essa escolha é determinada pela doença de base que levou ao transplante, o tamanho das vias biliares do doador e receptor, retransplantes ou cirurgias prévias sobre a via biliar e a preferência do cirurgião. Não há consenso sobre a melhor forma de reconstrução biliar(8). 2 A anastomose biliar ocorre após a reperfusão do órgão. Frequentemente ocorre sangramento dos vasos localizados as três e nove horas nas vias biliares do doador e receptor. A ausência desse sangramento traduz pior prognóstico, podendo a via biliar ser seccionada em busca de um local melhor vascularizado para anastomose segura. A ligadura desses vasos sangrantes as três e nove horas com fio delicado pode ser realizada(9). A anastomose deve ser realizada com fio absorvível, com os nós para fora da luz da via biliar para evitar precipitação de sais biliares com a formação de cálculos e reação de corpo estranho persistente (10). Como a via biliar possui vascularização predominantemente arterial, a trombose ou estenose da artéria hepática ou ainda lesão do plexo sanguíneo peribiliar, são fatores de risco para a falha na reconstrução biliar. Desse modo, a anastomose biliar é sensível à isquemia local(11). O dano tecidual devido à sutura pode causar isquemia local e estenose futura. O defeito na mucosa pela lesão perfurante da agulha de sutura, permitindo o contato da bile com o material de colágeno da parede da via biliar, pode estimular a fibrogênese, especialmente em áreas de isquemia. O contato circunferencial total da mucosa é uma das condições para o sucesso a longo prazo da anastomose, assim como a eversão de suas margens(12). Várias formas de reconstrução da via biliar são descritas: o conduto da vesícula biliar (CVB), coledocoduodenostomia (CDD), coledococoledocostomia término-terminal (CCTT), coledococoledocostomia látero-lateral (CCLL) e a hepaticojejunostomia em “Y de Roux” (HJYR), associadas ao uso ou não de prótese e do tubo T (dreno de Kehr)(13). Duas formas de reconstrução são as mais utilizadas, a anastomose colédoco-colédoco (término-terminal ou látero-lateral) que é rápida, 3 simples e fisiológica e a hepaticojejunostomia, utilizada quando a anterior não é possível por motivos anatômicos ou por doenças da via biliar(14). Colecistoduodenostomia, colecistojejunostomia e o conduto da vesícula biliar foram técnicas de reconstrução biliar utilizadas no início do desenvolvimento do transplante de fígado(15). A técnica que utiliza a vesícula biliar como um ducto entre as vias biliares do doador e do receptor foi abandonada devido à estase biliar associada à formação de cálculo e episódios frequentes de colangite, levando a piores resultados. Muitas vesículas desfuncionalizadas foram removidas por obstrução do ducto cístico(5). A reconstrução biliar término-terminal é a mais utilizada em pacientes com via biliar saudável e calibres simétricos, podendo ser realizada com um dreno em T, prótese ou sem a utilização de drenagem. A vantagem dessa reconstrução é a preservação do mecanismo de esfíncter natural funcionando como uma barreira contra secreção intestinal e bactérias e a possibilidade de terapia endoscópica caso necessário(6,16). A CCTT pode ser realizada com pontos separados ou contínuos. A sutura contínua é mais rápida e econômica, entretanto, devido a um suposto risco de estenose, alguns grupos continuam utilizando a sutura em pontos separados. Castaldo et al., em 2007, não encontraram diferença entre o tipo de sutura, contínua ou separada, no transplante de fígado (13). Ocasionalmente, a HJYR pode ser utilizada. Indica-se este procedimento em casos de doença específica da via biliar como a colangite esclerosante primária e a atresia de vias biliares, dificuldades técnicas devido à diferença de diâmetro dos ductos, via biliar curta e insuficiente para anastomose sem tensão e retransplantes(17). A HJYR tem algumas desvantagens como o potencial de contaminação pela abertura da alça jejunal, demora no retorno da função 4 gastrointestinal, maior tempo operatório, perda da proteção exercida pelo esfíncter de Oddi contra o refluxo entérico e infecção ascendente(18). Esse procedimento não é isento de complicações, podendo ocorrer sangramento gastrointestinal, colangite e biliomas infectados(19). Complicações biliares de HJYR são relacionadas à maior mortalidade quando comparadas a colédoco-colédoco anastomoses(20). O principal argumento contra a HJYR permanece a dificuldade de diagnóstico e tratamento endoscópico em caso de complicações, necessitando de um procedimento mais invasivo (percutâneo ou cirúrgico)(6). No transplante de fígado pediátrico, seja doador cadáver ou doador vivo, a anastomose da via biliar mais utilizada é a HJYR devido à alta prevalência de atresia biliar como causa desses transplantes. Em casos de hepatite fulminante ou doenças metabólicas, a via biliar é saudável e pode ser utilizada para realização de anastomoses término-terminais(21). O uso da CCLL com tubo T tem apresentado baixas taxas de complicações biliares. Sua vantagem seria realizar uma anastomose em vias biliares muito finas, com menor risco de estenoses e também preservando-se o esfíncter de Oddi. Traumas mecânicos por tração na linha de sutura com necrose e fístula são mais comuns nas CCTT que nas CCLL(22,23). A anastomose da via biliar diretamente no duodeno (CDD) é uma técnica utilizada para reparo de lesões biliares há mais de um século. A experiência com a CDD para este fim mostra que a técnica fornece longo período de patência da via biliar com poucas complicações. Esse tipo de anastomose pode ser benéfico para doentes de transplante de fígado, garantindo uma via de acesso endoscópico no pós-operatório. Foi utilizada em transplantes de fígado inicialmente, mas, 5 abandonada devido a relatos de deiscência da anastomose e sepse em alguns pacientes(19). Entretanto, há pouca informação para avaliar-se a gravidade das complicações relacionadas à técnica no transplante de fígado devido à experiência limitada. Uma vantagem da CDD é a possibilidade de tratamento endoscópico em caso de complicações. Além disso, evita-se o edema na alça de jejuno que pode estar presente após a ligadura da veia porta, que dificultam a anastomose e possibilitam complicações na HJYR(24). Em 1991, Belli et al. propuseram uma modificação na CCTT, “espatulando” a via biliar com excelentes resultados. Utilizam tubo T para drenagem da via biliar rotineiramente(25). Buczkowski et al., em 2007, mostraram uma redução da incidência de complicações biliares utilizando a mesma coledococoledocostomia término-terminal espatulada com drenagem por tubo T (CCTTesD). Realizam uma incisão longitudinal anterior na via biliar do doador e uma incisão longitudinal posterior na via biliar do receptor, ambas entre os vasos sanguíneos pericoledocianos. As vantagens deste método seriam uma linha de sutura mais ampla e uma técnica de anastomose contínua. Esses aspectos ampliam as bocas, facilitando a confecção da anastomose e permitindo melhor coaptação entre vias biliares de diferentes calibres(16). 1.2 Drenagem da via biliar Não há consenso sobre a necessidade de drenagem da via biliar no transplante de fígado(26). A forma de drenagem mais utilizada é através do tubo T. Inserido no colédoco do receptor, cerca de 1 cm distal à anastomose, o tubo T teria 6 a vantagem de monitorar a quantidade e qualidade de bile e consequentemente a função do enxerto, ter um fácil acesso à colangiografia, sustentar a anastomose diminuindo a chance de estenoses ou fístulas e descomprimir o colédoco, cuja pressão é aumentada após o transplante(6). Entretanto, o uso do tubo T tem sido questionado. Argumenta-se que a presença do tubo T aumenta o tempo operatório, causa desconforto ao paciente, mantém o risco de fístula no orifício de entrada do dreno, possibilidade de colangite após colangiografia, deslocamento do tubo T com obstrução biliar e peritonite após a sua remoção. A imunossupressão é responsável pelo atraso na formação de um trajeto fibroso que permita sua remoção segura (27). Para evitar esse problema, foi proposto o uso de tubos de borracha ao invés dos tubos de silicone ou retirar o dreno mais tardiamente (quatro a seis meses)(22). O argumento de acesso diagnóstico rápido para uso do tubo T não é mais justificável, para alguns autores, após o advento da colangiorressonância magnética (23,28). Outras alternativas de drenagem da via biliar têm sido descritas além do tubo T. Haberal et al. (2006) apresentam nova técnica de drenagem anastomótica no transplante de fígado, com inserção de dreno biliar transhepático, com baixas taxas de complicações(18). Recentemente, o uso de prótese na via biliar, moldando a anastomose, foi investigado. As vantagens teóricas seriam manter os benefícios da drenagem sem as suas complicações como a fístula pós retirada e infecção (29). A utilização de próteses de material sintético pode trazer problemas como o acúmulo de biofilme e infecção, além da obstrução com icterícia recorrente e colangite, necessitando de troca da prótese. Uma alternativa seria o uso de prótese biodegradável, que pode fornecer um suporte temporário à via biliar e ser absorvido posteriormente, não apresentando esses inconvenientes(30). 7 Existem publicações divergentes na literatura sobre qual a melhor técnica de reconstrução biliar e sobre a necessidade de drenagem(31,32). Porém, revisões sistemáticas com metanálises recentes apontam a CCTT sem drenagem como a que apresenta menor taxa de complicações biliares, ainda que esses índices permaneçam entre 15 e 20%(7,33,34). 1.3 Complicações biliares As complicações biliares podem ser divididas em dois grandes grupos: fístulas e estenoses, sendo as fístulas mais comuns no pós-operatório recente e as estenoses no pós-operatório tardio(6,35). As fístulas biliares geralmente aparecem no primeiro mês após o transplante e frequentemente possuem uma causa técnica(36). A isquemia e tensão na linha de sutura são as causas mais comuns. Na presença de trombose da artéria hepática, pode ocorrer necrose extensa da via biliar e deiscência da anastomose(37). As fístulas podem ocorrer no local da anastomose, no ponto de inserção do tubo T, no ducto cístico remanescente do doador ou do receptor (38). Raramente ocorrem após biópsia hepática ou dano iatrogênico à via biliar(17). Em casos de divisão do fígado para dois receptores “split” ou fígado reduzido, a fístula pode ocorrer na superfície cruenta do órgão. Cerca de 80% dos casos de fístula ocorrem ao nível da anastomose ou na inserção do tubo T (38). A fístula biliar relacionada ao tubo T pode ser precoce ou no momento de sua retirada. A qualquer momento pode haver um deslocamento acidental. Um trajeto fistuloso insuficiente é a causa da necessidade de intervenção nas fístulas 8 após retirada de tubo T. Provavelmente devido às drogas imunossupressoras, o trajeto fistuloso não é formado(6,35). A pressão aumentada na via biliar por denervação ou disfunção do esfíncter de Oddi, com dificuldade no escoamento da bile, pode contribuir para formação das fístulas biliares (39). As fístulas resolvem-se em sua maioria após esfincterotomia e colocação de prótese endoscópica ou por via percutânea ou drenagem nasobiliar, porém, é um fator de risco para o desenvolvimento de estenoses futuras(40). Nova abordagem cirúrgica deve ser realizada na presença de peritonite ou falha do tratamento endoscópico. A presença de coleções pode ser tratada com punção guiada por ultrassonografia(41). Grandes fístulas associadas a hepaticojejunostomia em “Y de Roux” (HJYR) são menos passíveis de tratamento não operatório, podendo ser submetidas a revisão cirúrgica precocemente(42). Estenoses anastomóticas precoces são mais relacionadas a erros técnicos e as tardias relacionam-se à isquemia e fibrose cicatricial, muitas vezes as estenoses são consequências de fístulas prévias(17). As estenoses não anastomóticas são multifatoriais, sendo consideradas as complicações biliares mais problemáticas. Estão envolvidas causas isquêmicas (tempo de isquemia prolongado, lesão da microvascularização biliar, soluções de preservação altamente viscosas), imunológicas (incompatibilidade ABO, hepatite autoimune, rejeição crônica e colangite esclerosante primária) ou lesão induzida por sais biliares(43). Esse tipo de estenose foi inicialmente associado à trombose da artéria hepática, quando a árvore biliar se torna isquêmica e por vezes necrótica, resultando em estenoses e dilatações. Contudo, pode ocorrer em pacientes sem trombose de artéria hepática, assim, surgiu o termo Isquemic Type Biliary Lesion (ITBL), ou lesão 9 biliar induzida por isquemia, estando presente de 5% a 15% dos transplantes ortotópicos de fígado(44,45). A maioria dos pacientes com ITBL apresenta a síndrome nos primeiros seis meses do transplante, podendo referir dor abdominal, febre ou apenas aumento das enzimas hepáticas. O diagnóstico é colangiográfico com imagens de estreitamentos e dilatações dentro e fora do fígado(46). A colangiorressonância magnética é a modalidade de escolha não invasiva para diagnóstico de estenoses biliares, com sensibilidade e especificidade acima de 90%(47). É recomendável o tratamento na presença de dor, colangite ou alteração bioquímica. A maioria das séries mostra boa resposta à terapia endoscópica em cerca de 75% dos pacientes(6). Na presença de estenose em HJYR ou na impossibilidade de cateterização por via endoscópica, prefere-se a terapêutica por colangiografia transparieto-hepática (CTPH) com resultados similares ou pouco piores(48). Um programa de dilatação com balão com uso de próteses apresenta os melhores resultados(48). A falta de resposta ao tratamento endoscópico ou percutâneo é indicação de tratamento cirúrgico com confecção ou revisão de HJYR(49). As fístulas e estenoses são as complicações biliares mais comuns, porém, também se observam a disfunção do esfíncter de Oddi, hemobilia, obstrução biliar por mucocele do ducto cístico, cálculos, lama biliar e rolhas (6,50,51,52). 10 1.4 Justificativa Apesar da grande evolução técnica no transplante de fígado, as complicações biliares ainda persistem como causa importante de morbidade e mortalidade. Inúmeras técnicas de reconstrução biliar são citadas na literatura e mesmo as melhores séries apresentadas ainda trazem um número de complicações significativo. Desse modo, julga-se interessante a descrição de uma técnica de reconstrução biliar, inédita na literatura mundial, por coledococoledocostomia término-terminal espatulada sem a drenagem da via biliar com tubo T (CCTTesSD), utilizada com sucesso pelo grupo de transplante hepático da Santa Casa de São Paulo desde dezembro de 2004, e avaliação dos seus resultados. 11 2. OBJETIVOS O objetivo do presente estudo é avaliar os resultados da anastomose biliar colédoco-colédoco término-terminal espatulada sem uso de dreno em T, em doentes submetidos a transplante de fígado, em relação às complicações biliares e comparar com os melhores resultados apresentados na literatura até o momento. 12 3. CASUÍSTICA E MÉTODO 3.1 Planejamento do estudo Foram analisados retrospectivamente os prontuários de todos os transplantes de fígado realizados na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo de 1º de dezembro de 2004 a 31 de agosto de 2012. Os dados coletados dos prontuários foram analisados quanto ao sexo, idade, pontuação MELD(53) (model for end-stage liver disease), diagnóstico dos pacientes transplantados, tempo de isquemia total e tempo de isquemia quente, forma de revascularização arterial e portal, tipo de enxerto, solução de preservação, método de reconstrução biliar, pesquisa de complicações biliares (fístulas e estenoses) e mortalidade. 3.2 Pacientes Os pacientes foram classificados conforme a técnica de reconstrução biliar. A incidência de complicações biliares foi analisada nos pacientes submetidos a CCTTesSD. Esse resultado foi comparado com os únicos artigos(16,25) da literatura que utilizaram essa anastomose (porém ambos com tubo T). O resultado também foi comparado com a melhor técnica de anastomose biliar descrita em revisão sistemática e metanálise recentes (33), realizada previamente para este fim, a 13 coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem por tubo T (CCTTsD), segundo o melhor nível de evidência da literatura atual. 3.3 Critérios de inclusão Foram incluídos os pacientes submetidos à transplante ortotópico do fígado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo de 1º de dezembro de 2004 a 31 de agosto de 2012 que realizaram anastomose biliar por CCTTesSD. 3.4 Critérios de exclusão Foram excluídos os pacientes transplantados que apresentaram trombose da artéria hepática, os pacientes que morreram nas primeiras 48 horas de pósoperatório, embora nenhum deles tivesse complicações biliares, e os pacientes que tiveram outra forma de reconstrução biliar diferente da CCTTesSD. 3.5 Descrição da técnica de reconstrução biliar A coledococoledocostomia término-terminal espatulada sem tubo T consiste em uma variação técnica para adaptação de calibres de vias biliares diferentes, com ampliação da linha de anastomose, sem a necessidade de drenagem. A preocupação com a via biliar começa desde a captação, quando realiza-se a secção do colédoco o mais próximo possível do pâncreas e lava-se a via biliar com 14 soro fisiológico através de uma abertura na vesícula biliar. Além disso, procura-se não dissecar as estruturas do hilo hepático a fim de evitar a desvascularização da via biliar. A via biliar do receptor é canulada e lavada com soro fisiológico para remoção de eventuais cálculos ou bile espessa. Essa cânula é introduzida até o duodeno, confirmando-se a perviedade da papila duodenal. A reconstrução biliar é realizada após anastomose da veia cava, artéria hepática e veia porta, com o fígado já revascularizado e o doente estabilizado. É realizada inicialmente a hemostasia dos vasos sangrantes peribiliares com fio de polipropileno 7.0 nas vias biliares do doador e do receptor (Fig. 1). Avalia-se também se a vascularização é adequada para realização de anastomose término-terminal. FIGURA 1. Preparação das bocas anastomóticas. Hemostasia dos vasos pericoledocianos. 15 Os diâmetros das vias biliares são rotineiramente comparados, avaliando-se possíveis discrepâncias. Posteriormente, realiza-se uma incisão longitudinal posterior na via biliar do receptor, entre os vasos sanguíneos pericoledocianos (Fig. 2 e 3). FIGURA 2. Incisão longitudinal posterior na via biliar do receptor. 16 FIGURA 3. Aspecto da boca distal após secção da parede posterior. Confeccionam-se dois pontos de polidioxanona 6.0 entre o ápice da incisão posterior da via biliar do receptor e o meio da parede posterior da via biliar do doador com os nós para fora (Fig. 4). 17 FIGURA 4. Aplicação do primeiro de dois pontos de reparo da parede posterior. Posteriormente, realiza-se uma incisão longitudinal anterior na via biliar do doador também entre os vasos sanguíneos pericoledocianos (Fig. 5 e 6). O tamanho dessas incisões varia de acordo com as diferenças entre os diâmetros das vias biliares, podendo-se adequar o tamanho da incisão conforme os calibres dos colédocos do doador e receptor, aumentando-se a linha de anastomose. 18 FIGURA 5. Incisão longitudinal anterior da via biliar do doador. FIGURA 6. Aspecto da anastomose com pontos da parede posterior e após incisão da parede anterior. 19 Prossegue-se a sutura da parede posterior, de forma contínua, do centro para as laterais de ambos os lados em direção ângulos (Fig. 7). FIGURA 7. Término da sutura contínua posterior. A parede anterior da via biliar é então suturada em pontos separados, com o mesmo fio e com os nós para fora (Fig. 8). Uma sonda de pequeno calibre é constantemente introduzida nas vias biliares do doador e do receptor para certificarse de que as luzes permanecem pérvias. Não se utiliza tubo T para drenagem da via biliar. 20 FIGURA 8. Aspecto final da anastomose com pontos separados anteriormente. 3.6 Método de comparação Os resultados encontrados foram comparados com os melhores resultados encontrados na literatura até o momento. Inicialmente realizou-se uma comparação com os resultados individuais de duas publicações com técnica de reconstrução semelhante e baixos índices de complicações biliares(16,26). Os dados também foram comparados com os melhores resultados da literatura encontrados em revisão sistemática e metanálise realizadas previamente sobre as melhores técnicas de reconstrução biliar no transplante de fígado em relação às complicações biliares(33). Nas comparações dos resultados com as melhores técnicas de reconstrução biliar, foi utilizado o teste qui-quadrado para análise estatística(54). Foi utilizado o 21 programa GraphPad Prism versão 5.01 para realização dos cálculos e considerado p<0,05 como estatisticamente significante. A revisão sistemática realizada previamente acessou todas as publicações em inglês, espanhol, francês, alemão, italiano e português, nos bancos de dados Medline-PubMed, EMBASE, Scielo-LILACS e Cochrane Database. A primeira fase consistiu em uma busca ampla na base de dados MedlinePubMed, utilizando-se os descritores “Liver Transplantation” e “Biliary Tract”. Os artigos recuperados com esta busca foram analisados para a obtenção de descritores (através do item “citation” de cada artigo) apropriados para elaboração de uma busca mais completa. Para que a dúvida pudesse ser organizada e convertida em uma estratégia de busca efetiva, estruturou-se a segunda fase da busca através da definição dos seguintes componentes: P (paciente ou população), I (indicador ou intervenção), C (comparação ou controle) e O (outcome - desfecho), cujas iniciais formam o acrônimo PICO(55). Os componentes “P” e “I” foram os descritores resultantes da 1ª fase e determinaram os artigos recuperados da literatura. Os componentes “C” e “O” foram escolhidos posteriormente, após a leitura dos artigos selecionados e identificação dos termos mais utilizados pelas publicações, para evitar perda de artigos. Também foram selecionados descritores compatíveis com os critérios de exclusão, denominados “Descritores de Exclusão”. Os descritores foram combinados através das palavras (operadores Booleanos) “OR” (refere-se a presença de um ou mais termos associados ou isolados identificando um mesmo artigo), “AND” (refere-se a associação obrigatória dos termos em um mesmo artigo), e “NOT” (exclui artigos que contenham determinado termo), conferindo à busca sensibilidade e especificidade(56). 22 O resultado da busca dos descritores que formaram o “P” foi combinado com o resultado da busca dos descritores que formam o “I” com o termo “AND” e posteriormente com os “Descritores de Exclusão” com o termo “NOT”. Foram selecionados estudos clínicos com população alvo formada por pacientes adultos e pediátricos submetidos a transplante ortotópico de fígado, que tiveram a reconstrução da via biliar finalizada, independente da doença que levou à sua indicação. Foram excluídos os artigos que utilizaram modelos animais e estudos clínicos sobre transplantes com doador vivo, que compararam grupos de pacientes transplantados com uma doença específica, que se referiam a detalhes técnicos como tipo de fio utilizado e formas de retirada de drenos e estudos com dados incompletos. Quanto à metodologia dos trabalhos, foram incluídos ensaios comparando diferentes técnicas de reconstrução biliar no transplante de fígado, desde que duplocegos, randomizados e controlados, com resultados primários claramente definidos. Na ausência de artigos com esse desenho, foram incluídos ensaios clínicos não randomizados e estudos tipo coorte na busca da melhor evidência disponível sobre o assunto até o momento. Foram excluídas as séries de casos (estudos observacionais descritivos), revisões, cartas ao editor e os comentários. Cada estudo foi classificado em ensaio clínico (EC), ensaio clínico randomizado (ECR) e estudo tipo coorte segundo os critérios de classificação de Oxford(57), para avaliar a força da evidência a partir do desenho do estudo utilizado. A figura 9 traz um resumo da busca dos artigos na literatura. 23 FIGURA 9. Artigos selecionados para revisão sistemática (33) . Quando artigos com o mesmo desenho de estudo realizaram as mesmas comparações, seus dados foram agrupados e realizou-se o cálculo de metanálise para cada desfecho avaliado e para o total de complicações (desfechos combinados), dentro dos três níveis de evidências: ECR, EC e Coorte. Os desfechos foram agrupados em cinco grupos para posterior comparação: fístula anastomótica, estenose anastomótica, fístula não anastomótica, estenose não anastomótica e outras complicações. Foram consideradas fístulas não anastomóticas aquelas relacionadas com a forma de drenagem da via biliar, pelo parênquima cruento, em casos de fígados reduzidos, ou pelo ducto cístico. 24 Consideraram-se estenoses não anastomóticas aquelas intra ou extra-hepáticas fora da linha de anastomose, relacionadas a lesões isquêmicas ou estreitamentos da via biliar ocasionados pelo próprio sistema de drenagem. As colangites, mucoceles, cálculos e lama biliar, disfunção do esfíncter de Oddi e compressões extrínsecas, foram classificadas como outras complicações. Foi considerado como drenagem da via biliar qualquer forma de descompressão da mesma como um tubo T, drenagem transcística, transhepática ou presença de prótese na anastomose biliar. As medidas de efeito(58) utilizadas na expressão do resultado metanalítico (combinado) foram: 1. Risco absoluto (RA): proporção de eventos nos grupos das diferentes formas de reconstrução biliar. Foi calculado o risco absoluto da intervenção (RAI) e o risco absoluto do controle (RAC). 2. Redução do risco absoluto (RRA): quantifica o quanto foi reduzido o risco de acontecer determinado desfecho ao se utilizar uma determinada intervenção em relação a um controle (RAC - RAI). 3. Aumento do risco absoluto (ARA): quantifica o quanto aumenta o risco de acontecer determinado desfecho ao se utilizar uma determinada intervenção em relação a um controle (RAI - RAC). 4. (Number needed to treat) ou número necessário para tratar (NNT): representa o número de doentes que é preciso tratar com determinada intervenção para se evitar um desfecho negativo em estudo em relação a um controle (1/RRA). 25 5. (Number needed to harm) ou número necessário para causar danos (NNH): representa o número de doentes que é preciso tratar com determinada intervenção para que um desfecho negativo em estudo ocorra em relação a um controle (1/ARA). 6. Intervalo de confiança de 95% (IC95%). As análises estatísticas foram realizadas através do programa “Comprehensive Meta-Analysis v.2.2.050 (10/11/2009)”. Os estudos agregados foram ponderados pela variância (tamanho da amostra e precisão), bem como foi aplicado teste quantitativo (I2) e qualitativo (Q Cochran’s) de heterogeneidade (nível de significância: p<0,05). 26 4. RESULTADOS 4.1 Análise dos pacientes transplantados Foram realizados 114 transplantes ortotópicos de fígado na Santa Casa de São Paulo entre dezembro de 2004 e agosto de 2012. A CCTTesSD foi utilizada em 93 casos, a CCTTsD em 3 casos, a HJYR em 17 casos e a anastomose colédoco-duodenal em 1 caso. Foram excluídos da análise 9 transplantes por óbito em até 48 horas do pós-operatório (8 com CCTTesSD e 1 com HJYR) e 3 transplantes por trombose da artéria hepática (todos com CCTTesSD), restando 82 casos de CCTTesSD para análise dos resultados. Entre os 82 transplantes incluídos, 40 eram do sexo feminino (48,8%) e 42 masculino (51,2%). A idade variou de 1 a 73 anos com média de 39,7, sendo 13 pacientes de até 12 anos e 69 pacientes acima de 12 anos. O MELD médio foi de 38 incluindo-se os 13 transplantes pediátricos com PELD ajustado. Quando utilizam-se os valores do PELD puro para o cálculo, obtémse uma média de 28 na pontuação de gravidade utilizada para os transplantados. Entre os diagnósticos que levaram os pacientes ao transplante de fígado, houve 19 doentes com cirrose por hepatites C, sendo 8 portadores de carcinoma hepatocelular (CHC), 13 com cirrose por ingesta de álcool (2 com CHC), 11 com cirrose criptogênica (4 com CHC), 11 doentes com hepatite fulminante, 9 casos de hepatite autoimune, 5 com esteatohepatite não alcoólica, 3 com doença de Wilson, 2 com cirrose biliar primária, 2 com doença de Niemann-Pick, 1 com cirrose por 27 hepatite B, 1 com hemangioendotelioma, 1 com disfunção primária do enxerto, 1 com síndrome de Allagile, 1 com hepatoblastoma, 1 com síndrome de Budd-Chiari e 1 com tumor neuroendócrino. A revascularização do enxerto foi simultânea em todos os transplantes analisados, realizando-se inicialmente a anastomose da veia cava do enxerto com as veias hepáticas do receptor, posteriormente a anastomose da artéria hepática e em seguida a anastomose da veia porta. Somente após as três anastomoses o enxerto era revascularizado, conforme relatado por Massarollo et al. (1998) (59). Para preservação do órgão, foi utilizada solução Histidine-TryptophanKetoglutarate (HTK) em 35 casos, Celsior® em 26 e solução da Universidade de Wisconsin (UW) em 21 transplantes. A opção da solução de preservação deveu-se à disponibilidade do serviço no momento dos transplantes. Quanto ao órgão doado, 68 pacientes receberam fígados inteiros, 2 crianças receberam fígado reduzido, 7 pacientes receberam produtos de splits e 5 pacientes receberam órgãos provenientes de doadores com Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF). O tempo de isquemia total foi de 12 horas e 2 minutos e o tempo de isquemia quente foi de 68 minutos em média. Dezessete pacientes morreram no período de acompanhamento com sobrevida atuarial de 80,5 meses em 1 ano e 79 meses em 3 e 5 anos com um tempo de seguimento médio de 74,8 meses (Fig. 10). 28 Figura 10. Curva de sobrevida atuarial de Kaplan-Meier. 4.2 Análise dos dados Dos 82 transplantes incluídos na pesquisa em que realizaram-se a anastomose CCTTesSD houve 3 casos de complicações biliares, todos com estenose anastomótica (Tab. 1). Entre os 3 casos excluídos por trombose da artéria hepática houve um caso de fístula e um caso de estenose anastomótica. TABELA 1. Complicações Biliares com a CCTTesSD Santa Casa – SP 2012. Desfecho (complicações biliares) Santa Casa SP 2012 Total Estenose anastomótica Intervenção CCTTesSD (n:82) 3 3/82 (3,66%) CCTTesSD: Coledococoledocostomia término-terminal espatulada sem drenagem. 29 O primeiro caso de complicação foi transplantado em janeiro de 2011 por cirrose por hepatite C associada a carcinoma hepatocelular. O paciente apresentou icterícia com bilirrubinas totais (BRT) de 21,5 mg/dl, bilirrubinas diretas (BRD) de 13,7 mg/dl, fosfatase alcalina (FA) de 1075 U/l e gama glutamil-transpeptidase (GGT) de 1107 U/l dois meses após o transplante. Realizou-se colangiorressonância magnética (Fig. 11) que confirmou estenose anastomótica, sendo realizado colangiografia endoscópica (Fig. 12) para dilatação e colocação de prótese com melhora do quadro. Já realizou troca de prótese com nova dilatação, posterior retirada da prótese e permanece assintomático em seguimento ambulatorial. FIGURA 11. Colangiorressonância magnética mostrando estenose anastomótica (caso 1). 30 FIGURA 12. Colangiografia endoscópica mostrando estenose anastomótica (caso 1). O segundo caso de complicação foi transplantado em junho de 2012 por cirrose alcoólica. O paciente apresentou icterícia leve com BRT de 4,6 mg/dl, BRD de 2,7 mg/dl, FA de 3256 U/l e GGT de 2517 U/l dois meses após o transplante. Realizou colangiorressonância magnética (Fig. 13) que confirmou estenose anastomótica. Houve melhora da icterícia com diminuição das enzimas canaliculares posteriormente. O paciente permanece assintomático, em acompanhamento ambulatorial com possibilidade de colangiografia endoscópica para passagem de prótese caso apresente sintomas. 31 FIGURA 13. Colangiorressonância magnética mostrando estenose anastomótica (caso 2). O terceiro caso de complicação foi transplantado em agosto de 2012 por hepatite fulminante. O paciente apresentou discreta icterícia com BRT de 3,0 mg/dl, BRD de 2,1 mg/dl, FA de 617 U/l e GGT de 345 U/l no 10° dia de pós-operatório do transplante. Realizou colangiorressonância magnética (Fig. 14) que confirmou estenose anastomótica. Houve tentativa de dilatação por CPRE (Fig. 15) e passagem de prótese biliar sem sucesso, sendo necessária nova cirurgia com conversão da CCTTesSD para HJYR. O paciente encontra-se assintomático no pósoperatório, sem sinais de complicações biliares. 32 FIGURA 14. Colangiorressonância magnética mostrando estenose anastomótica (caso 3). FIGURA 15. Colangiografia endoscópica mostrando estenose anastomótica (caso 3). 33 Em revisão sistemática realizada previamente(33), foram encontradas duas publicações que utilizaram a reconstrução biliar por coledococoledocostomia término-terminal espatulada no transplante de fígado. Inicialmente descrita por Belli et al. (1991)(25) e posteriormente relatada por Buczkowski et al. (2007)(16), ambas utilizaram drenagem da via biliar por tubo T (CCTTesD). Belli et al. (1991)(25) publicaram uma série de casos com 100 transplantes de fígado utilizando a CCTTesD (Fig. 16) com 4% de complicações, sendo um caso de colangite com abscesso e três casos de complicações relacionadas ao tubo T, um deslocamento do dreno com fístula, uma obstrução da via biliar pelo ramo longo do dreno e uma fístula após retirada do dreno (Tab. 2). TABELA 2. Complicações Biliares com a CCTTesD Belli et al. 1991(25). Desfecho (complicações biliares) Belli et al. 199140 Total Fístula não anastomótica Outras complicações Intervenção CCTTesD (n:100) 2 2 4/100 (4%) CCTTesD: Coledococoledocostomia término-terminal espatulada com drenagem. 25 FIGURA 16. CCTTesD descrita por Belli et al., 1991 . 34 Buczkowski et al. (2007)(16) publicaram um ensaio clínico comparando a CCTTesD com a CCTTcD, mostrando superioridade da CCTTesD em relação ao índice de complicações biliares (Fig. 17). A CCTTesD foi utilizada em 38 transplantes com um caso de estenose anastomótica, representando 2,63% de complicações biliares (Tab. 3). TABELA 3. Complicações Biliares com a CCTTesD Buczkowski et al. 200716. Desfecho (complicações biliares) Buczkowski et al. 200733 Total Estenose anastomótica Intervenção CCTTesD (n:38) 1 1/38 (2,63%) CCTTesD: Coledococoledocostomia término-terminal espatulada com drenagem. 16 FIGURA 17. CCTTesD descrita por Buczkowski et al., 2007 . A revisão sistemática com metanálise(33) realizada previamente ao estudo sobre as técnicas de reconstrução biliar no transplante de fígado, selecionou 57 35 estudos comparativos para análise dos dados, sendo 3 ensaios clínicos randomizados (ECR)(14,60,61), 6 ensaios clínicos (EC)(16,62-66) e 48 estudos tipo coorte(4,67,10,19,20,27,68-109) (Fig. 9). Foram encontradas 11 técnicas de reconstrução biliar diferentes (Fig. 18). As técnicas de reconstrução biliar mais utilizadas foram a CCTT, HJYR e a CCLL com e sem drenagem. As demais técnicas foram citadas por alguns autores, algumas com caráter histórico como o conduto da vesícula biliar, outras foram utilizadas em número reduzido de casos, não correspondendo à realidade da maioria dos grupos transplantadores. Técnicas de reconstrução biliar Coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem Coledococoledocostomia término-terminal com drenagem Coledococoledocostomia término-terminal espatulada drenagem Coledococoledocostomia látero-lateral sem drenagem Coledococoledocostomia látero-lateral com drenagem Hepaticojejunostomia em “Y de Roux” sem drenagem Hepaticojejunostomia em “Y de Roux” com drenagem Coledocoduodenostomia Coledococoledocostomia término-lateral Coledococoledocostomia latero-terminal Conduto da vesícula biliar Sigla CCTTsD CCTTcD com CCTTesD CCLLsD CCLLcD HJYRsD HJYRcD CDD CCTL CCLT CVB 45 FIGURA 18. Técnicas de reconstrução biliar encontradas na revisão sistemática . Foi possível realizar cálculo de metanálise apenas para a comparação CCTTsD x CCTTcD, entre os ensaios clínico(62-66) (Anexo 1) e entre os estudos coorte(4,27,68-71,73,75,76,78,80,81-86,89-91,93,94,99,104) (Anexo 2), que realizaram essa comparação originalmente. Entre os ensaios clínicos, na análise por desfecho, observou-se que a CCTTcD obteve melhores resultados que a CCTTsD no que se refere a estenose 36 anastomótica e piores resultados quando analisou-se o desfecho fístula não anastomótica. Ao analisar-se o conjunto de complicações biliares, encontrou-se diferença significante, 16,9% de complicações para CCTTsD e 28% de complicações para CCTTcD. No geral, evitou-se uma complicação biliar para cada nove pacientes que recebem a CCTTsD em relação à CCTTcD segundo os ensaios clínicos analisados (Tab. 4). TABELA 4. Comparação entre CCTTsD e CCTTcD quanto ao risco de complicações biliares para cálculo de metanálise nos ensaios clínicos. Desfecho Intervenção Controle CCTTsD CCTTcD Fístula anastomótica 12/213 19/236 Estenose anastomótica 20/213 Fístula não anastomótica 0/194 Estenose não anastomótica 1/49 Outras 3/165 RAI RAC ARA/RRA NNH/NNT IC95% 5,6% 8,1% 2,5% NS (-0,022 a 0,072) 6/236 9,4% 2,5% -6,9% -14 (-0,113 a -0,025) 26/218 0 11,9% 11,9% 8 (0,076 a 0,162) 5/48 2,0% 10,4% 8,4% NS (-0,011 a 0,179) 10/186 1,8% 5,4% 3,6% NS (-0,002 a 0,074) Total de Complicações Biliares 36/213 66/236 16,9% 28,0% 11,1% 9 (0,035 a 0,187) CCTTsD: Coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem; CCTTcD: Coledococoledocostomia término-terminal com drenagem; RAI: risco absoluto da intervenção; RAC: risco absoluto do controle; ARA: aumento do risco absoluto (números negativos); RRA: redução do risco absoluto (números positivos); IC: intervalo de confiança; NNT: “number needed to treat” (números positivos); NNH: “number needed to harm” (números negativos); NS: não significante. 37 Porém, quando realizou-se a ponderação pelo tamanho dos estudos incluídos e calculou-se a heterogeneidade da amostra para obter-se a metanálise, apenas o desfecho fístula não anastomótica (relacionado à drenagem da via biliar) permaneceu com diferença significante, com uma redução do risco de ocorrência de 12,3% (IC95% -0,235 a -0,011) quando realiza-se a CCTTsD em relação à CCTTcD (Fig. 19). Esse desfecho pode ser analisado em 4 ensaios clínicos(62,64,65,66). Desfecho: Fístula Não Anastomótica Study name Statistics for each study Risk Low er difference limit Upper limit Risk difference and 95% CI Relativ e w eight Z-Value p-Value Amador 2005 -0,500 -0,688 -0,312 -5,200 0,000 16,51 Nuno 1997 -0,020 -0,074 0,034 -0,723 0,470 28,83 Ferraz-Neto 1996 -0,091 -0,147 -0,034 -3,150 0,002 28,66 Vougas 1996 -0,033 -0,121 0,054 -0,746 0,456 26,01 -0,123 -0,235 -0,011 -2,150 0,032 -1,00 -0,50 0,00 Intervenção (CCTTsD) 0,50 1,00 Controle (CCTTcD) Meta Analysis FIGURA 19. Gráfico de Metanálise (CCTTsD x CCTTcD) nos ensaios clínicos. Modelo de efeito randômico -0,123 [IC95% -0,235 a -0,011] p=0,032 Quantificação da heterogeneidade: I^2 = 87,71% Teste de heterogeneidade: p<0,001 CCTTsD: coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem; CCTTcD: coledococoledocostomia término-terminal com drenagem. Entre os estudos tipo Coorte, observou-se melhor resultado para CCTTcD apenas para o desfecho fístula anastomótica. Não houve diferença quanto às estenoses e a CCTTsD foi melhor para fístulas não anastomóticas e outras complicações. Quanto ao total de complicações biliares, a diferença foi significante, com 18,8% para CCTTsD e de 23,4% para CCTTcD. Evitou-se uma complicação biliar para cada 22 pacientes que receberam CCTTsD em relação a CCTTcD (Tab. 5). 38 TABELA 5. Comparação entre CCTTsD e CCTTcD quanto ao risco de complicações biliares para cálculo de metanálise nos estudos coorte. Desfecho Intervenção Controle CCTTsD CCTTcD Fístula anastomótica 63/1237 36/1082 Estenose anastomótica 117/1237 Fístula não anastomótica 10/1237 Estenose não anastomótica 5/1237 Outras 8/1237 RAI RAC ARA/RRA NNH/NNT IC95% 5,1% 3,3% -1,8% -56 (-0,034 a -0,002) 90/1082 9,5% 8,3% -1,2% NS (-0,035 a 0,011) 127/1082 0,8% 11,7% 10,9% 9 (0,089 a 0,129) 6/1082 0,4% 0,6% 0,2% NS (-0,004 a 0,008) 18/1082 0,6% 1,7% 1,1% 91 (0,002 a 0,020) Total de Complicações Biliares 340/1811 380/1627 18,8% 23,4% 4,6% 22 (0,019 a 0,073) CCTTsD: Coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem; CCTTcD: Coledococoledocostomia término-terminal com drenagem; RAI: risco absoluto da intervenção; RAC: risco absoluto do controle; ARA: aumento do risco absoluto (números negativos); RRA: redução do risco absoluto (números positivos); IC: intervalo de confiança; NNT: “number needed to treat” (números positivos); NNH: “number needed to harm” (números negativos); NS: não significante. Ao realizar-se a ponderação dos estudos e teste de heterogeneidade, manteve-se a diferença estatística entre as intervenções com uma redução do risco de complicações biliares de 7,9% com uso da CCTTsD em relação à CCTTcD. Porém, entre os desfechos isolados, apenas a fístula não anastomótica(4,27,6870,73,75,78,81,82,84-86,90,91,93,94,104) (Fig. 20 e 21). manteve-se com diferença estatisticamente significativa 39 Desfecho: Fístula Não-Anastomótica Study name Statistics for each study Risk Low er difference limit Tang Li 2009 Wojcicki 2009 Lin 2007 Wojcicki 2006 Kusano 2005 Thomsom 2004 Leonardi 2002 Shimoda 2001 Pekolj 2001 Leonardi 2000 Jef frey 1999 Hernandez 1999 Rabkin 1998 Kizilisik 1997 Verran 1997 Koivusalo 1996 Randall 1996 Rouch 1990 -0,091 -0,151 0,000 0,038 -0,095 -0,107 -0,227 -0,184 -0,019 -0,250 -0,176 -0,072 -0,266 -0,400 -0,071 -0,160 -0,017 -0,200 -0,109 -0,196 -0,282 -0,037 -0,167 -0,174 -0,190 -0,454 -0,274 -0,055 -0,461 -0,391 -0,119 -0,350 -0,620 -0,108 -0,307 -0,065 -0,361 -0,149 Upper limit 0,015 -0,020 0,037 0,244 -0,017 -0,024 0,000 -0,095 0,017 -0,039 0,038 -0,025 -0,183 -0,180 -0,034 -0,013 0,031 -0,039 -0,070 Risk difference and 95% CI Relativ e w eight Z-Value p-Value -1,688 -2,260 0,000 0,367 -2,379 -2,540 -1,957 -4,038 -1,047 -2,317 -1,609 -2,974 -6,249 -3,566 -3,746 -2,130 -0,698 -2,436 -5,411 0,091 0,024 1,000 0,714 0,017 0,011 0,050 0,000 0,295 0,020 0,108 0,003 0,000 0,000 0,000 0,033 0,485 0,015 0,000 5,65 4,64 8,74 2,66 6,89 6,69 2,30 6,38 8,78 2,55 2,49 8,33 6,65 2,41 8,73 4,09 8,32 3,69 -1,00 -0,50 0,00 Intervenção (CCTTsD) 0,50 1,00 Controle (CCTTcD) Meta Analysis FIGURA 20. Gráfico de Metanálise (CCTTsD x CCTTcD) nos estudos coorte. Modelo de efeito randômico -0,109 [-0,149; -0,070] p <0,001 Quantificação da heterogeneidade: I^2 = 77,34% Teste de heterogeneidade: p<0,001 CCTTsD: coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem; CCTTcD: coledococoledocostomia término-terminal com drenagem. Desfecho: Complicações Biliares Studyname Statistics for each study Risk difference Tang Li 2009 Wojcicki 2009 Lin 2007 Wojcicki 2006 Abdullah 2005 Kusano 2005 Thomsom2004 Barkun 2003 Leonardi 2002 Shimoda 2001 Nemec 2001 Pekolj 2001 Freitas 2000 Leonardi 2000 Jeffrey 1999 Hernandez 1999 Rabkin 1998 Kizilisik 1997 Dunham1997 Verran 1997 Koivusalo 1996 Randall 1996 Rasmussen 1994 Rouch 1990 -0,185 0,007 0,072 0,231 -0,059 -0,169 -0,344 0,275 -0,093 -0,148 -0,365 -0,100 0,001 -0,118 0,075 -0,045 -0,097 -0,350 -0,200 -0,002 -0,121 -0,083 -0,037 -0,176 -0,079 Lower limit -0,365 -0,105 -0,058 -0,002 -0,179 -0,333 -0,480 0,168 -0,346 -0,281 -0,555 -0,192 -0,139 -0,393 -0,303 -0,136 -0,250 -0,585 -0,459 -0,088 -0,308 -0,225 -0,142 -0,401 -0,139 Upper limit -0,005 0,119 0,202 0,464 0,061 -0,006 -0,207 0,383 0,159 -0,014 -0,175 -0,009 0,142 0,158 0,453 0,047 0,056 -0,115 0,060 0,083 0,065 0,059 0,067 0,049 -0,018 Risk difference and 95% CI Z-Value p-Value -2,018 0,116 1,083 1,943 -0,961 -2,032 -4,937 5,008 -0,724 -2,173 -3,772 -2,149 0,018 -0,836 0,388 -0,956 -1,240 -2,919 -1,509 -0,051 -1,274 -1,148 -0,696 -1,532 -2,553 0,044 0,907 0,279 0,052 0,336 0,042 0,000 0,000 0,469 0,030 0,000 0,032 0,986 0,403 0,698 0,339 0,215 0,004 0,131 0,959 0,203 0,251 0,486 0,126 0,011 Relative weight 3,96 5,05 4,76 3,21 4,92 4,22 4,66 5,12 2,96 4,71 3,81 5,36 4,60 2,70 1,81 5,36 4,39 3,18 2,88 5,44 3,86 4,57 5,16 3,31 -1,00 -0,50 0,00 Intervenção (CCTTsD) 0,50 1,00 Controle (CCTTcD) Meta Analysis FIGURA 21. Gráfico de Metanálise (CCTTsD x CCTTcD) nos estudos coorte. Modelo de efeito randômico -0,079 [IC95% -0,139; -0,018] p=0.011 Quantificação da heterogeneidade: I^2 = 75.30% Teste de heterogeneidade: p<0,001 CCTTsD: coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem; CCTTcD: coledococoledocostomia término-terminal com drenagem. 40 A tabela 6 mostra a comparação entre o número de complicações biliares com a CCTTesSD relatada no estudo e a melhor evidência apresentada na literatura. TABELA 6. Comparação entre a casuística do estudo e os melhores resultados encontrados na literatura. Autor do estudo Santa Casa SP 2012 Belli 199140 Buczkowski 200733 Paes-Barbosa 201145 (Metanálise Ensaios Clínicos) Paes-Barbosa 201145 (Metanálise estudos Coorte) Técnica cirúrgica efetuada Número de pacientes (n) Incidência de complicações biliares (%) CCTTesSD 82 3/82 (3,66%) CCTTesD CCTTesD CCTTsD 100 38 213 4/100 (4%) 1/38 (2,63%) 36/213 (16,9%) CCTTsD 1811 340/1811 (18,77%) CCTTesSD: Coledococoledocostomia término-terminal espatulada sem drenagem; CCTTesD: Coledococoledocostomia término-terminal espatulada com drenagem; CCTTsD: Coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem. Os estudos foram comparados conjuntamente e os resultados foram submetidos ao teste qui-quadrado, que acusou diferença estatística significante entre os estudos (p<0,0001) (Fig.22). 41 FIGURA 22. Comparação entre a casuística do estudo e os melhores resultados encontrados na literatura. A fim de diferenciar os resultados entre as técnicas de reconstrução biliar, foram efetuadas comparações adicionais. O resultado da CCTTesSD foi comparado com os resultados dos artigos que apresentam a CCTTesD(16,25) (Fig. 23). 42 FIGURA 23. Comparação entre a casuística do estudo (CCTTesSD) e os resultados encontrados na literatura para CCTTesD. A análise estatística (teste qui-quadrado) comparando o estudo realizado com a CCTTesSD e os resultados encontrados na literatura para técnica cirúrgica semelhante com a CCTTesD, revelou não haver diferenças significantes entre os grupos (p=0,9290). Adicionalmente, os resultados da CCTTesSD do presente estudo foram comparados com os melhores resultados encontrados na literatura (CCTTsD) em metanálise de ensaios clínicos e estudos coorte(33) (Fig.24). 43 FIGURA 24. Comparação entre a casuística do estudo (CCTTesSD) e os resultados encontrados na literatura para metanálise (CCTTsD) dos ensaios clínicos e estudos coorte. A análise estatística (teste qui-quadrado) comparando o estudo realizado e os resultados encontrados na literatura para os ensaios clínicos e estudos de coorte, revelou diferenças significantes entre os grupos (p=0,0021), com grande superioridade a favor da CCTTesSD. 44 5. DISCUSSÃO 5.1 Do método Foram excluídos os transplantes em que houve óbito em até 48 horas, pois o curto seguimento impede uma conclusão sobre o desenvolvimento de complicações biliares. Também foram excluídos os casos com trombose de artéria hepática no pós-operatório por se tratar de um fator de risco independente para complicações biliares devido à vascularização predominantemente arterial da via biliar. Houve dificuldade em se formar um grupo controle para comparação entre diferentes técnicas de reconstrução biliar. Primeiramente, devido aos bons resultados com a CCTTesSD, julgou-se antiético propor a criação de um grupo controle para estudo dentro do serviço. Quanto à comparação com um grupo controle de outro serviço, há muitas diferenças entre os grupos transplantadores em relação a técnica cirúrgica, tipos diferentes de reperfusão do órgão, soluções de preservação, tempo de isquemia, cuidados pós-operatórios e muitos cirurgiões diferentes executando o procedimento, tornando os grupos muito heterogêneos, interferindo na correta interpretação dos resultados. Diante da impossibilidade em se formar um grupo controle para comparação dos dados, optou-se por realizar uma comparação com os resultados individuais das duas publicações com técnica de reconstrução espatulada(16,25) presentes na literatura, porém, com drenagem da via biliar. Posteriormente, os dados foram comparados com os melhores resultados da literatura encontrados em revisão 45 sistemática e metanálise realizadas previamente sobre as melhores técnicas de reconstrução biliar no transplante de fígado em relação às complicações biliares(33). Uma metodologia sistemática deve ser utilizada na realização da revisão da literatura para evitar viés e possibilitar uma análise mais objetiva dos resultados, facilitando uma síntese conclusiva sobre determinada intervenção. Nesse sentido, revisões sistemáticas e metanálises são os métodos mais adequados e atuais para resumir e sintetizar evidências sobre os efeitos de intervenções(110). Idealmente, busca-se realizar uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados para obter-se o maior nível de evidência possível. No caso específico das complicações biliares no transplante de fígado, a produção de ensaios clínicos randomizados possui alguns obstáculos. Primeiramente, as causas de complicações biliares podem ser multifatoriais, sendo a técnica de reconstrução uma das causas envolvidas. Além disso, os cirurgiões, quando se habituam a desenvolver determinada técnica cirúrgica com resultados aceitáveis, dificilmente tendem a testar novos métodos, principalmente em uma cirurgia de alta complexidade como o transplante de fígado em que qualquer complicação em uma das etapas da cirurgia pode ser a causa de um mal resultado. Outra característica dos cirurgiões é a tendência em manter os mesmos passos técnicos cirúrgicos da forma como aprenderam em sua formação, muitas vezes não sendo baseado na melhor evidência disponível no momento, provavelmente pela segurança transmitida por um grupo ou escola mais experiente durante a aprendizagem. 46 Alguns grupos especializados na elaboração de revisões sistemáticas e metanálises consideram a existência de ECR como condição para existência da própria revisão(111). É consenso que o ECR é o desenho de estudo que traz resultados mais confiáveis, e por consequência, uma revisão sistemática da literatura que inclua somente ECR também possui um maior nível de evidência. Entretanto, determinados temas possuem dificuldades intrínsecas para produção de ECR, como nas técnicas de reconstrução biliar no transplante de fígado. Além disso, são inúmeras as técnicas passíveis de emprego e existe uma dificuldade na randomização de muitos grupos diferentes. Desse modo, a ausência de ECR sobre um determinado tema não pode ser o motivo da não existência de uma revisão sistemática sobre o tema. Para resolver esta questão, podemos realizar revisões sistemáticas e até mesmo metanálises com ensaios clínicos não randomizados ou estudos tipo coorte, desde que estas sejam as melhores evidências disponíveis na literatura. Essa prática informa os profissionais que lidam com a dúvida clínica sobre qual a melhor evidência disponível (mesmo que não seja a melhor evidência possível) e pode inclusive incentivar a realização de ensaios clínicos randomizados sobre esses assuntos. Diversas entidades orientam caminhos diferentes na elaboração da revisão(111,112). As formas apresentadas não são discordantes, mas enfatizam pontos de vista complementares. Desse modo, inicia-se uma revisão com a formulação de uma pergunta. Posteriormente, identificam-se os artigos existentes e os revisores selecionam os estudos que serão incluídos. Os dados são coletados, analisados e interpretados, levando ou não à produção de metanálises. 47 Rotineiramente, profissionais de biblioteca realizam a localização e seleção dos estudos. Porém, o conhecimento sobre a situação clínica que originou a dúvida permite ao revisor identificar criticamente variações nas populações estudadas, bem como nas intervenções consideradas e nos desfechos, diferindo de revisores “de bancada”(113). Estes profissionais dominam metodologias de pesquisa, porém, não têm discernimento clínico para analisar um artigo sobre um tema por vezes complexo e estabelecer, por exemplo, qual desfecho possui maior importância clínica na prática. Para evitar este problema, na presente pesquisa, todas as etapas foram realizadas pelo revisor principal (FCPB), sendo auxiliado por um segundo revisor (WMB) na seleção e avaliação dos estudos. Nesse caso, a comparação da casuística apresentada com os resultados de uma revisão sistemática realizada previamente para este fim foi uma alternativa encontrada para a impossibilidade de realização de um grupo controle. A grande casuística possibilitada pela revisão sistemática aumenta o poder estatístico da amostra, trazendo mais um benefício em relação a um grupo controle limitado. Nas revisões sistemáticas, considera-se que os artigos são suficientemente semelhantes em suas metodologias para que suas casuísticas possam ser agrupadas na confecção da metanálise. Desse modo, entende-se a própria metanálise (com as casuísticas agrupadas) como um estudo individual, que pode ser comparado com os resultados de outro estudo individual. Métodos de comparação entre casuísticas individuais e revisões da literatura já foram realizados recentemente(114). Entretanto, entende-se como necessário a abordagem de uma revisão sistemática para garantir a semelhança metodológica e para que não haja perda de artigos publicados, podendo alterar as conclusões estabelecidas. 48 5.2 Fatores que influenciam a anastomose biliar Apesar de elevados, os índices de complicações biliares são subestimados devido ao curto seguimento da maioria das publicações e porque incluem todos os pacientes transplantados, inclusive óbitos precoces que não tiveram tempo de desenvolver complicações como as estenoses (10). Alguns autores acreditam que 90% dos pacientes que desenvolverão complicações biliares necessitam de um seguimento de 7 a 10 anos para avaliação satisfatória(12). As complicações biliares no transplante de fígado possuem origem multifatorial. Fatores isquêmicos, imunes e técnicos podem estar envolvidos. Neste estudo, foi avaliada a técnica de reconstrução biliar, um importante fator na gênese da complicação, entretanto, não é o único. O uso de doadores após parada cardíaca e o aumento do tempo de isquemia podem aumentar o número de complicações biliares (115), já que o epitélio biliar é mais sensível à isquemia que o parênquima hepático (6). Soluções de preservação mais viscosas (como a UW) podem não perfundir pequenos vasos que irrigam a via biliar. Uma preservação inadequada pode colaborar com maior número de complicações biliares(13,116). O desnudamento da via biliar durante a captação ou durante a hepatectomia do receptor com lesão de seu plexo vascular pode acarretar lesão biliar por má perfusão local(9). Outro fator que contribui para ocorrência de complicações biliares é a forma de revascularização do enxerto. No grupo de cirurgia do fígado da Universidade de 49 São Paulo, as complicações biliares foram de 34,6% na revascularização portal inicial e de 2% na revascularização simultânea(59). Os defensores da revascularização portal inicial, alegam que a revascularização simultânea aumenta o tempo de isquemia quente do enxerto. Pirenne et al. encontraram baixa taxa de estenose biliar com revascularização portal inicial(116). Entretanto, um ensaio clínico randomizado recente mostrou vantagens com a revascularização simultânea, com redução na incidência de estenoses biliares intra-hepáticas(117). Apesar de um menor tempo de isquemia quente com a revascularização portal inicial, o enxerto é perfundido, mas somente é “arterializado” após a confecção da anastomose da artéria hepática, que pode durar até mais tempo devido ao sangramento e intercorrências que podem ocorrer após a revascularização. Como a via biliar possui uma irrigação predominantemente arterial, ela continua isquêmica, apesar do fígado estar reperfundido, podendo acarretar aumento das complicações biliares(116). Outros fatores podem aumentar o número de complicações biliares como trombose da artéria hepática, rejeição, recorrência da doença de base, incompatibilidade ABO e infecção por citomegalovírus(13,118). O risco específico de complicação também é dependente da técnica de reconstrução biliar, uso de drenagem e o tipo de transplante. O transplante reduzido, split e o uso de doadores vivos, têm mostrado uma maior chance de complicações biliares com uma incidência de 10% a 60%(119). Broelsch et al. (2003) obtiveram menores taxas de complicações biliares em transplantes ortotópicos do fígado de doadores cadáveres (15%) que em transplantes de doadores vivos (30% a 60%) (120). Pode ser resultado da desvascularização da via biliar ao se dissecar o hilo hepático, 50 falha em reconhecer anomalias biliares e reconstruções desafiadoras pelo pequeno calibre ou multiplicidade dos ductos, além da possibilidade de fístula na área cruenta do fígado(52). As razões técnicas de complicações biliares podem incluir imperfeições na confecção da anastomose, excesso de tensão na linha de sutura, não reconhecimento de uma via biliar pouco vascularizada ou complicações relacionadas ao tubo T. Esses fatores podem comprometer o aporte sanguíneo e resultar em isquemia ou injúria mecânica à via biliar(14). Sotiropoulus et al. (2009), realizaram uma revisão sistemática com metanálise sobre uso ou não de tubo T em CCTT em transplante de fígado e concluíram que o uso do tubo T deve ser abandonado (34). Deve-se ter cautela ao analisar resultados de alguns estudos que pesquisam apenas uma variável. A revisão sistemática(33) realizada previamente compara as técnicas de reconstrução biliar no transplante de fígado, buscando identificar qual a melhor técnica de reconstrução biliar, entretanto, outras variáveis devem ser levadas em consideração na etiologia dessas complicações, como exposto acima. 5.3 Técnica espatulada O desenvolvimento de uma técnica de reconstrução biliar com melhores resultados que os encontrados na literatura merece destaque e divulgação. Desse modo, outros grupos de transplante podem ter uma opção técnica, caso julguem necessário, que pode contribuir com a melhora nos resultados do procedimento. Apesar de técnica similar ser citada por Belli et al. (1991)(25) e Buczkowski et al. (2007)(16), a forma de anastomose descrita nesse trabalho desenvolveu-se de 51 forma independente, após anos de observações e analogias com as anastomoses ureterais e coronarianas. Inicialmente, foi usada em casos com discrepância entre os calibres das vias biliares do doador e receptor, como alternativa para uma melhor coaptação das bordas da anastomose. Posteriormente, verificou-se a eficácia da técnica e foi sistematicamente empregada em todos os casos em que uma anastomose términoterminal fosse possível. Esta forma de anastomose, espatulando-se a via biliar, pode ser adaptada de acordo com o seu calibre, realizando-se incisões maiores em vias biliares menos calibrosas e pequenas incisões em vias biliares mais calibrosas. O uso da anastomose espatulada tem as vantagem da anastomose láterolateral, sem o risco de ocorrerem “fundos cegos” como descrito por Neuhaus et al.(121) que poderiam ser causa de complicações, além de ser tecnicamente mais fácil de ser realizada(16). Além da técnica de espatular a via biliar, deve-se ter em mente a grande importância em não lesar os vasos pericoledocianos, pois a irrigação da via biliar extra-hepática é sensível a isquemia e não tolera manipulação e dissecção excessivas. 5.4 Do resultado Sempre que possível, preferiu-se realizar a CCTTesSD, sendo utilizada HJYR apenas quando a via biliar principal não pode ser utilizada por problemas técnicos ou doença primária da via biliar como indicação do transplante. 52 As complicações biliares com a anastomose término-terminal espatulada sem drenagem, descritas nesse estudo, foram inferiores às encontradas na literatura com a anastomose término-terminal não-espatulada e semelhantes à anastomose espatulada com drenagem. Os baixos índices de complicações biliares descritos na literatura com a CCTTesD foram repetidos utilizando-se a mesma anastomose, porém, sem drenagem por tubo T. Belli et al. (1991)(25) obtiveram 4% de complicações, sendo um caso de colangite com abscesso e três casos de complicações relacionadas ao tubo T, um deslocamento do dreno com fístula, uma obstrução da via biliar pelo ramo longo do dreno e uma fístula após retirada do dreno. Buczkowski et al. (2007)(16) apresentaram apenas um caso de estenose na anastomose biliar, correspondendo a 2,63% de complicações com a CCTTesD. Na casuística apresentada da CCTTesSD, foram encontrados 3,66% de complicações, representando 3 casos de estenose anastomótica com tratamentos definidos por dilatação endoscópica e colocação de prótese na via biliar ou confecção de HJYR. Essa análise mostra equivalência entre as técnicas, sendo que não houve diferença estatística entre elas. Na avaliação da metanálise dos ensaios clínicos (33) que compararam a CCTTsD x CCTTcD, inicialmente observamos maior risco de complicações biliares com o uso da anastomose com drenagem. Porém, ao se ponderar a amostra, dando maior peso aos maiores estudos e aplicar o teste de heterogeneidade, observamos que apenas o desfecho fístula não anastomótica foi significativo. Esse desfecho reflete as complicações relacionadas ao ponto de inserção do tubo T. 53 Na avaliação da metanálise dos estudos coorte(33) entre os artigos que traziam a comparação entre CCTTsD e CCTTcD, também houve mudanças nos resultados após a ponderação do mesmo modo que nos ensaios clínicos. O cálculo inicial mostrava melhor resultado para CCTTcD com diferença estatística para o desfecho fístula anastomótica e melhores resultados para CCTTsD para os desfechos fístula não-anastomótica e outras complicações. Com a ponderação, apenas o desfecho fístula não anastomótica continuou significativo, com benefício para CCTTsD. Quanto ao total de complicações biliares, manteve-se a diferença estatística com a ponderação, com a CCTTsD apresentando melhores resultados. Esse resultado coincide com a metanálise dos ensaios clínicos(33), mostrando que a ausência de drenagem diminui o número de complicações biliares nas CCTT por não existirem as complicações relacionadas à própria drenagem, tornando essa diferença significativa. Quando comparamos a CCTTesSD da casuística apresentada com a CCTTsD (melhor técnica das metanálises(33)) mantém-se a superioridade da técnica espatulada, com índices de complicações biliares muito menores que os apresentados na literatura com diferença estatística significativa. Os resultados apresentados mostram que a anastomose CCTTsD é a que possui menor taxa de complicações biliares após revisão sistemática e metanálise(33). Entretanto, a CCTTesD apresentada em dois estudos individuais (16,25) demonstrou melhores resultados que a própria CCTTsD (melhor técnica da metanálise). Além disso, conseguimos resultados semelhantes (sem diferença estatística) sem a utilização de drenagem por tubo T, diminuindo o tempo cirúrgico, proporcionando mais conforto ao paciente e evitando as complicações relacionadas à drenagem, conforme apresentado neste trabalho com a CCTTesSD. 54 6. CONCLUSÃO A técnica descrita de reconstrução biliar por coledococoledocostomia término-terminal espatulada sem uso de dreno em T no transplante ortotópico de fígado é factível e apresenta menor número de complicações biliares quando comparada às melhores técnicas de reconstrução biliar publicadas na literatura até o momento. Não houve diferença estatística em relação ao uso de dreno na anastomose espatulada. 55 7. ANEXOS Anexo 1. Dados dos ensaios clínicos utilizados no cálculo da metanálise (CCTTsD x CCTTcD) em relação às complicações biliares. Artigos I/C FA (d/n*) EA FnA EnA Outras Total de complicações Amador 2005(55) sD 1/27 2/27 0/27 - 0/27 3/27 cD 6/28 0/28 14/28 - 1/28 21/28 sD 0/19 0/19 - 0/19 1/19 1/19 cD 2/18 1/18 - 4/18 2/18 9/18 sD 8/48 8/48 0/48 - - 16/48 cD 3/50 1/50 1/50 - - 5/50 sD 3/89 5/89 0/89 - 2/89 10/89 cD 8/110 3/110 10/110 - 5/110 26/110 sD 0/30 5/30 0/30 1/30 0/30 6/30 cD 0/30 1/30 1/30 1/30 2/30 5/30 sD 12/213 (5,63%) 20/213 (9,39%) 0/194 (0%) 1/49 (2,04%) 3/165 (1,82%) 36/213 (16,90%) cD 19/236 6/236 26/218 5/48 10/186 66/236 (8,05%) (2,54%) (11,93%) (10,42%) (5,58%) (27,97%) Bawa 1998(56) Nuno 1997(57) Ferraz-Neto 1996(58) Vougas 1996(59) Total CCTTsD: Coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem; CCTTcD: Coledococoledocostomia término-terminal com drenagem; I/C: intervenção/controle; sD: sem drenagem; cD: com drenagem; FA: fístula anastomótica; EA: estenose anastomótica; FnA: fístula não anastomótica; EnA: estenose não anastomótica. (d/n*) = incidência de desfecho/total. 56 Anexo 2. Dados dos estudos coorte utilizados no cálculo da metanálise (CCTTsD x CCTTcD) em relação às complicações biliares. Artigos Wojcicki 2009 (4) (61) Li 2007 Lin 2007 (62) Wojcicki 2006 Abdullah 2005 Kusano 2005 Thethy 2004 (63) (64) (66) (68) Barkun 2003 (69) Leonardi 2002 Nemec 2001 Pekolj 2001 (71) (73) (74) Shimoda 2001 Freitas 2000 (75) (76) I/C FA (d/n*) EA FnA EnA Outras Total sD 1/49 2/49 1/49 0/49 2/49 6/49 cD 0/35 3/35 6/35 0/35 2/35 11/35 sD 1/51 3/51 0/51 1/51 1/51 6/51 cD 1/33 5/33 3/33 0/33 1/33 10/33 sD 2/53 5/53 0/53 2/53 0/53 9/53 cD 0/51 2/51 0/51 2/51 1/51 5/51 sD 2/26 3/26 5/26 0/26 0/26 10/26 cD 0/26 0/26 4/26 0/26 0/26 4/26 sD - - - - - 18/115 cD - - - - - 14/65 sD 4/52 7/52 0/52 0/52 0/52 11/52 cD 2/63 16/63 6/63 0/63 0/63 24/63 sD 12/265 18/265 0/265 1/265 1/265 32/265 cD 4/56 9/56 6/56 1/56 6/56 26/56 sD - - - - - 82/254 cD - - - - - 1/21 sD 6/100 14/100 4/100 0/100 0/100 24/100 cD 0/15 1/15 4/15 0/15 0/15 5/15 sD - - - - - 11/67 cD - - - - - 18/34 sD 1/65 2/65 0/65 0/65 1/65 4/65 cD 4/105 10/105 2/105 0/105 1/105 17/105 sD 5/71 6/71 0/71 0/71 0/71 11/71 cD 4/76 5/76 14/76 0/76 0/76 23/76 sD - - - - - 10/51 cD - - - - - 15/77 57 Leonardi 2000 (77) Hernandez 1999 Jeffrey 1999 (79) Rabkin 1998 (41) Dunham 1997 Kizilisik 1997 Verran 1997 (78) (82) (83) (84) Koivusalo 1996 Randall 1996 (86) (87) Rasmussen 1994 Rouch 1990 Total (97) (92) sD 6/50 8/50 0/50 0/50 2/50 16/50 cD 1/16 1/16 4/16 0/16 1/16 7/16 sD 11/122 6/122 0/122 0/122 0/122 17/122 cD 9/125 3/125 9/125 2/125 0/125 23/125 sD 2/11 3/11 0/11 1/11 0/11 6/11 cD 2/17 2/17 3/17 1/17 0/17 8/17 sD 1/44 10/44 0/44 0/44 0/44 11/44 cD 3/124 7/124 33/124 0/124 0/124 43/124 sD - - - - - 12/49 cD - - - - - 8/18 sD 1/20 0/20 0/20 0/20 0/20 1/20 cD 0/20 0/20 8/20 0/20 0/20 8/20 sD 5/110 12/110 0/110 0/110 1/110 18/110 cD 1/211 15/211 15/211 0/211 4/211 35/211 sD 2/59 5/59 0/59 0/59 0/59 7/59 cD 1/25 1/25 4/25 0/25 0/25 6/25 sD 0/51 7/51 0/51 0/51 0/51 7/51 cD 4/59 8/59 1/59 0/59 0/59 13/59 sD - - - - - 4/38 cD - - - - - 47/330 sD 1/38 6/38 0/38 0/38 0/25 7/38 cD 0/25 2/25 5/25 0/25 2/25 9/25 sD 63/1237 (5,09%) 117/1237 (9,46%) 10/1237 (0,81%) 5/1237 (0,40%) 8/1237 (0,65%) 340/1811 (18,77%) cD 36/1082 (3,33%) 90/1082 (8,32%) 127/1082 (11,74%) 6/1082 (0,56%) 18/1082 (1,66%) 380/1627 (23,36%) CCTTsD: Coledococoledocostomia término-terminal sem drenagem; CCTTcD: Coledococoledocostomia término-terminal com drenagem; I/C: intervenção/controle; sD: sem drenagem; cD: com drenagem; FA: fístula anastomótica; EA: estenose anastomótica; FnA: fístula não anastomótica; EnA: estenose não anastomótica. (d/n*) = incidência de desfecho/total. 58 8. REFERÊNCIAS 1. Groth C, Brent L, Calne R, Dausset J, Good R, Murray J, et al. Historic landmarks in clinical transplantation: conclusions from the consensus conference at the University of California, Los Angeles. World J Surg. 2000 Jul;24(7):834-43. 2. Abbasoglu O. Liver transplantation: yesterday, today and tomorrow. World J Gastroenterol. 2008 May;14(20):3117-22. 3. Sundaram V, Jones DT, Shah NH, Vera ME, Fontes P, et al. Posttransplant Biliary Complications in the Pre- and Post-Model for End-Stage Liver Disease Era. Liver Transplantation. 2011;17:428-435. 4. Wojcicki M, Lubikowski J, Klek R, Post M, Jarosz K, Białek A, et al. Reduction of biliary complication rate using continuous suture and no biliary drainage for duct-to-duct anastomosis in whole-organ liver transplantation. Transplant Proc. 2009 Oct;41(8):3126-30. 5. Calne R. 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Uma modificação técnica, “espatulando” a via biliar foi relatada com melhores resultados, porém, utilizando-se um tubo T para drenagem rotineiramente. O objetivo do estudo é avaliar os resultados da anastomose CCTTesSD (inédita na literatura), em relação às complicações biliares e comparar com os melhores resultados publicados. Foram analisados os dados dos pacientes transplantados na Santa Casa de São Paulo de 1º de dezembro de 2004 a 31 de agosto de 2012. A incidência de complicações biliares foi analisada nos pacientes submetidos a CCTTesSD. Esse resultado foi comparado com os únicos artigos da literatura que utilizaram a anastomose espatulada (porém ambos com tubo T). O resultado também foi comparado com a melhor técnica de anastomose biliar descrita em metanálise realizada previamente para este fim, a CCTTsD. Foram incluídos 82 casos de CCTTesSD. A taxa de complicações biliares foi de 3,66%, não havendo diferença estatística com a técnica espatulada com drenagem (p=0,9290). Ao comparar-se os resultados com a melhor técnica de reconstrução biliar da metanálise (CCTTsD), houve diferença significativa, com melhores resultados para CCTTesSD (p=0,0021). A técnica descrita de CCTTesSD no transplante de fígado é factível e apresenta menor número de complicações biliares quando comparada com as melhores técnicas de reconstrução biliar publicadas na literatura até o momento, não havendo diferença estatística em relação ao uso de dreno na anastomose espatulada. Palavras-chave: transplante de fígado; anastomose cirúrgica; procedimento cirúrgico do sistema biliar; complicações pós-operatórias. 74 ABSTRACT Paes Barbosa, Fábio Colagrossi. Analysis of spatulated end-to-end choledococholedocostomy without drainage in liver transplantation. Thesis (Ph.D.), 2012. Biliary complications remain an important cause of morbidity and mortality in liver transplantation. End-to-end biliary reconstruction is the most used technique according to the literature, with almost 20% complication in best rates described. A technical modification, “espatulated” biliary duct, was described with better results, using T tube for drainage routinely. The aim of the study was to evaluate the results of spatulated end-to-end choledococholedocostomy without drainage (SEECCwD) related to biliary complications, and to compare with the best published results. Data of the patients submitted to liver transplantation at Santa Casa de São Paulo from December 1st 2004 to August 31st 2012 were analyzed. The incidence of biliary complications was analyzed in patients submitted to the SEECCwD. The results were compared with two articles in the literature that used the spatulated anastomosis (both with T tube). The results were also compared to the best biliary anastomosis technique described in a meta-analysis previously performed for this purpose, the end-to-end choledococholedocostomy without drainage (EECCwD). Eighty two cases of SEECCwD were included. The complication rate was 3.66% and there was no statistical difference with the spatulated drainage technique (p=0.9290). Comparing the results with the best biliary reconstruction technique of the meta-analysis (EECCwD), there was a significant difference with better results to SEECCwD (p=0.0021). The described SEECCwD technique for liver transplantation is feasible and presents fewer biliary complications when compared to the best techniques for biliary reconstruction published in the literature until the present time, with no statistical difference compared to the use of the drainage in spatulated anastomosis. Keywords: liver transplantation; anastomosis, procedures; postoperative complications. surgical; biliary tract surgical 75 APÊNDICE