UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
FERNANDA DIAS DE LIMA
O COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ALÇAS DE FECHAMENTO
DE ESPAÇOS E SUA CONFECÇÃO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
CURITIBA
2014
FERNANDA DIAS DE LIMA
O COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ALÇAS DE FECHAMENTO
DE ESPAÇOS E SUA CONFECÇÃO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada à Universidade Tuiuti do
Paraná como parte dos requisitos para obtenção
do título de Especialista em Ortodontia
Orientador: Profa. Dra. Ricarda Duarte da Silva
CURITIBA
2014
TERMO DE APROVAÇÃO
FERNANDA DIAS DE LIMA
O COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ALÇAS DE FECHAMENTO
DE ESPAÇOS E SUA CONFECÇÃO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Ortodontia no
Curso de Ortodontia da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 08 de agosto de 2014.
_____________________________________________________________
BANCA EXAMINADORA
1) Presidente da banca (Orientador): Profa. Ricarda Duarte da Silva
Doutora em Odontologia Legal – (USP/SP)
2) Prof. Roberto Hideo Shimizu
Doutor em Ortodontia – (UNESP/Araraquara)
3) Prof. Augusto Ricardo Andrighetto
Doutor em Ortodontia – (USP/SP)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por permitir que eu chegasse até aqui e pelo
Seu cuidado em todo o tempo.
Agradeço aos meus pais por me ajudarem sempre e mesmo morando em
outro
estado
se
fizeram
presentes
em
todas
as
etapas
deste
curso.
Agradeço aos amigos queridos que fiz nesses dois anos e meio.
Agradeço à minha orientadora Profa. Ricarda pela paciência e pelas palavras
de incentivo. Agradeço também à Profa. Ana Cláudia M. Melo pela ajuda com as
fotos deste trabalho. Obrigada a todos.
SUMÁRIO
Resumo
1. Introdução...............................................................................................................07
2. Revisão de literatura...............................................................................................08
3. Discussão...............................................................................................................17
4. Conclusão...............................................................................................................20
5. Referências............................................................................................................21
RESUMO
No tratamento ortodôntico, casos com extrações dentárias são frequentes,
necessitando assim que se utilize mecanismos para o fechamento dos espaços. É
importante que o profissional conheça os princípios biomecânicos envolvidos na
retração para que proporcione ao paciente um tratamento eficaz com o mínimo de
efeitos colaterais. Mecânicas com ou sem atrito podem ser utilizadas, no entanto as
mecânicas sem atrito, que utilizam alças em um arco contínuo ou segmentado,
permitem um melhor controle
do movimento
dentário. O comportamento
biomecânico das alças ortodônticas está relacionado a alguns aspectos como sua
configuração, secção transversal do fio, liga metálica, ativação, pré-ativação (gable)
e posicionamento anteroposterior, além de serem influenciados pelas variáveis:
proporção Momento/Força, Carga/Deflexão, magnitude da força e ponto de
aplicação
da
força.
Objetivou-se
com
este
trabalho,
portanto,
avaliar
o
comportamento biomecânico das alças de retração anterior, listar as vantagens de
sua utilização e descrever a confecção de cada alça, destacando a alça duplachave, a alça Bull modificada e a alça em T.
Palavras-chave: Biomecânica, Fechamento de espaço ortodôntico, Ortodontia.
ABSTRACT
In orthodontic treatment, dental extractions cases are frequent, necessitating
mechanisms for space closure. It's important that the professional knows the
biomechanical principles involved in retraction for providing the patient an effective
treatment with minimal side effects. Friction and frictionless mechanics can be used,
however frictionless mechanicals using loops in a continuous or segmented arch,
allow better control of the dental movement. The biomechanical behavior of
orthodontic loops is related to aspects such as its configuration, cross section of the
wire, alloy , activation, pre-activation (gable) and anteroposterior positioning, in
addition to being influenced by variables: Moment/Force rate, Load/Deflection rate,
force magnitude and point of force application. The aim of this study was then, to
evaluate the biomechanical behavior of anterior retraction loops, list the benefits of its
use and describe the making of each loop, highlighting the double key loop, the Bull
modified loop and T loop.
Keywords: Biomechanics, Orthodontic space closure, Orthodontics
7
INTRODUÇÃO
Uma vez que a decisão pela extração dentária foi tomada, o ortodontista deve
planejar como fechará os espaços remanescentes 1. O fechamento dos espaços
pode ser realizado de diferentes modos dependendo do diagnóstico e plano de
tratamento2.
É imperativo que o ortodontista conheça os princípios biomecânicos
envolvidos na retração anterior para que o movimento dentário ocorra com o máximo
de eficiência e o mínimo de efeitos colaterais 3. Para este tipo de movimento dois
sistemas podem ser usados: com ou sem atrito das partes que compõe o aparelho 1.
Na mecânica sem atrito, a movimentação dentária ocorre sem o deslizamento dos
braquetes sobre o fio, sendo a retração feita através de alças, que permitem um
melhor controle do movimento dentário1,2,3.
Um dos modelos mais comuns de alças para retração é a alça vertical, que
pode ser usada em arcos segmentados ou incorporadas a um arco contínuo 4,5,6. Três
propriedades básicas podem ser consideradas para caracterizar as alças de
fechamento de espaço: a proporção Momento/Força (M/F), que determina o centro
de rotação do dente, possibilitando o controle radicular durante a movimentação
dentária; a força horizontal que é produzida na ativação da mola e por último a
relação Carga/Deflexão (C/D) que define a quantidade de diminuição da força a
cada milímetro de desativação5,6,7,8,9,10.
Quando utilizadas de modo indevido, as alças de fechamento de espaços
podem provocar complicações como perda de ancoragem, verticalização excessiva
dos incisivos, aumento da sobremordida e reabsorções radiculares que, além de
aumentarem o tempo de tratamento, podem causar danos ao paciente 5,11,12.
Tendo em vista a relevância do assunto este trabalho tem como objetivo
realizar uma revisão na literatura buscando avaliar o comportamento biomecânico
das alças de fechamento de espaços, listar as vantagens e desvantagens de sua
utilização e descrever a confecção de cada alça, destacando a alça dupla-chave, a
alça Bull modificada e a alça em T.
8
REVISÃO DE LITERATURA
O sistema de forças gerado por uma alça ortodôntica está estritamente ligado
a aspectos como sua configuração, secção transversal do fio, liga metálica, ativação,
pré-ativação (efeito gable) e posicionamento anteroposterior10. As variáveis que
influenciam o sistema de forças são: a localização dos pontos de aplicação da força;
a proporção Momento/Força: a proporção Carga/Deflexão e a magnitude da
força6,7,8,10,13
A proporção Momento/Força é a relação entre as quantidades de momento
e de força aplicada ao dente considerando o centro de resistência e assim
determinando o centro de rotação. É uma das principais características da alça, pois
sendo ela determinante do centro de rotação é a responsável pelo tipo de
movimento do dente: inclinação descontrolada, inclinação controlada, translação ou
movimento radicular5,6,8,9.
A proporção Carga/Deflexão consiste na quantidade de força despendida
para produzir determinada ativação em um dispositivo ortodôntico. Alças com baixa
proporção C/D liberam forças mais constantes durante sua desativação, por isso
quanto mais próxima de zero essa proporção, mais leves e constantes são as forças
geradas8.
O sucesso do tratamento ortodôntico e a eficiência do movimento dentário
estão relacionados com o tipo e a quantidade de força utilizada. Recomenda-se a
utilização de forças leves e contínuas, sendo aceitável forças pesadas e
interrompidas e indesejável forças pesadas e contínuas 8,9,10.
ALÇA DUPLA-CHAVE
Idealizado por Parker, apud Rodrigues e Almeida 14, e utilizado na mecânica
Straight wire preconizada por Roth, o arco dupla-chave (Double Key Loop – DKL ou
Double Key Hole – DKH), pode ser usado com o objetivo de: permitir ao ortodontista
o completo fechamento dos espaços com apenas um par de arcos; permitir um
maior controle da inclinação dentária na mecânica de deslizamento e por último
permitir ao operador escolher como fechar os espaços remanescentes: com retração
anterior, protração posterior ou ambos15.
9
Características
Construído com fio de aço inoxidável nas espessuras .019''x.025'' ou .
021''x.025'', o arco dupla-chave possui quatro alças verticais com 4 mm de altura e 5
mm de largura em formato de buraco de fechadura, sendo duas alças em cada
hemiarco que quando instaladas ficam posicionadas na mesial e distal dos
caninos14,16. Geralmente são comercializados em conjuntos de diferentes tamanhos,
onde cada tamanho refere-se à distância entre os pares das alças 14 (Figura 1).
Figura 1. Alça dupla-chave
Ativação
Roth preconiza a ativação deste arco através do tracionamento distal e dobra
das extremidades atrás dos tubos dos segundos molares 16. No entanto, essa
ativação apresenta alguns inconvenientes como intrusão da região lateral da arcada
e extrusão dos incisivos e molares 14. Para evitar este problema, Suzuki e Lima
propõem que a ativação seja feita com um fio de amarrilho .025'' do gancho do
primeiro molar até a segunda alça do arco denominada de “Suzuki's Tie” 14,16,17
(Figura 2).
Figura 2. Ativação da alça dupla-chave
10
No caso de sobremordida profunda, ambas as alças devem ser amarradas
entre si para produzir um efeito semelhante ao gable com intuito de minimizar o
efeito de extrusão que ocorre no segmento anterior 15,16 (Figura 3).
Figura 3. Alças dupla-chave conjugadas
Quando se deseja realizar a retração com menor força intrusiva no segmento
anterior, ativa-se o arco dupla-chave através do tracionamento distal ao primeiro
molar e coloca-se um Gurin® neste mesmo local15.
Pode-se citar como vantagens do arco dupla-chave a facilidade das alças préfabricadas, não necessitando sua confecção; a ativação simples e um grande
número de ativações que o arco permite realizar 17.
Segundo Queiroz17, pode-se citar como desvantagens: a incapacidade de
precisão de mensuração da força de ativação; maior custo e necessidade de ajustes
na forma do arco17.
ALÇA BULL MODIFICADA
Em 1951, Harry L. Bull 18 apresentou uma alça que desenvolveu para o
tratamento de pacientes classe II, divisão 1 de Angle que necessitavam de extrações
dentárias para obterem equilíbrio na estética facial denominada Bull loop.
Constituía-se de uma alça fechada situada no meio do espaço originado da
extração18. Após os anos foi sendo aprimorada devido a alta magnitude de força
liberada sobre os dentes de suporte8,9.
Características
Preconizada por Tweed em 1966, as alças Bull modificadas são mais largas
na proximidade do ápice e fechadas na base, sendo sua forma semelhante a uma
11
lágrima invertida ou gota8,9. Sua forma arredondada diminui as tensões nessa área,
não concentrado-as num único ponto, como é o caso das alças verticais fechadas 19.
Construídas com fio de aço .019''x.025''ou .021''x.025'', apresentam 7 mm de altura
e 3 mm de diâmetro externo8,9 (Figura 4).
Figura 4. Alça Bull modificada
Ativação
A ativação é feita através da abertura da alça. O recomendado é que se ative
a mola em 1 mm, não devendo ultrapassar 1,25 mm, pois ativações superiores a
estas gerariam forças excessivas, além de poderem ocasionar deformação
permanente na alça 8,9,19,20,21.
A inserção de dobras de pré ativações nas alças Bull modificadas (efeito
gable) são feitas na base da alça e têm como objetivo o aumento da magnitude do
momento aumentando assim a proporção Momento/Força, para se obter melhor
controle vertical durante o movimento de retração, impedindo o colapso, ou seja, a
perda do torque e extrusão dos dentes anteriores 13,22,23 (Figura 5).
Figura 5. Ativação alça Bull modificada
12
No entanto, essas pré-ativações aumentam a magnitude da força horizontal
na ativação da alça22,24. Haverá um acúmulo de forças horizontais e momento
mesmo antes da ativação horizontal, que são denominados força residual e
momento residual e são indesejáveis no sistema de forças. Devido a magnitude das
forças gerada pela alça, ela estaria indicada para retração em massa dos caninos e
incisivos superiores ou inferiores5,8,9.
Apesar de a alça Bull ser uma das mais antigas e ainda amplamente utilizada,
apresenta algumas limitações em sua utilização devido a características do seu
sistema de forças, que gera uma alta proporção Carga/ Deflexão e baixa proporção
Momento/Força8,9,24. Entretanto, se mostra eficiente quando bem indicada, pois como
a ativação é de apenas 1 mm essa força se dissipa rapidamente produzindo então
uma força pesada e interrompida. Embora a alça gere uma proporção
Momento/Força baixa, ela possui alta rigidez, o que minimiza a perda do controle
vertical8.
ALÇA EM T
A técnica do arco segmentado (TAS), idealizada por Burstone, preconiza o
emprego de alças pré-calibradas para o fechamento dos espaços. A alça de escolha
é a alça em T de TMA 7,25. Por ter uma maior quantidade de fio localizada
apicalmente a mola tem sua proporção Momento/Força aumentada e ao mesmo
tempo a força liberada e a relação Carga/Deflexão diminuídas 5,6,7,26,27.
Características
Confeccionadas em TMA .017''x .025'' as alças em T possuem diversos
tamanhos descritos na literatura. Burstone em 1976 descreve-a com 7 mm de altura,
10 mm de comprimento e 2 mm entre as hastes horizontais do ''T'', com as hastes
verticais se tocando na base6 (Figura 6).
13
Figura 6. Alça em T
Ativação
Na retração em massa, a alça em T é confeccionada primeiramente de forma
passiva e a pré-ativação deve ser realizada de acordo com o grupo de dentes que
será retraído. Burstone classificou o sistema de fechamento de espaços em três
grupos (A, B e C), de acordo com o sistema de ancoragem requerido 7,28:
A – ancoragem máxima, em que se deseja somente retração anterior; B –
ancoragem moderada, onde há combinação de retração anterior e protração
posterior e C – ancoragem mínima, onde há somente protração posterior, mantendo
segmento anterior em posição3,5,26,27,28.
Antes de começar a retração, nos segmentos posteriores direito e esquerdo,
deve-se estabelecer um bloco rígido, para tanto se utiliza segmentos de fio de aço
inoxidável .019''x .025'' adaptados de forma passiva, procede-se da mesma forma
na região anterior, neste segmento coloca-se tubos cruzados soldados na mesial
dos caninos29,30.
Na retração em massa do grupo A como a ancoragem é máxima, se faz
necessário o uso de alguns dispositivos de ancoragem complementares como barra
palatina e AEB. Deve-se medir a distância intertubos e então dividir essa distância
em 3 partes iguais. Confeccionar a alça em T no terço mesial e marcar o terço distal.
A partir da marcação do terço distal, fazer uma dobra 5 mm para mesial de 45º para
cervical29 (Figura 7).
14
Figura 7. Pré-ativação da alça em T do grupo A
Posicionar a alça no tubo do molar e no tubo cruzado anterior e então realizar
a ativação da alça na distal do tubo do molar dobrando o fio para cervical e
afastando as pernas da alça em 7 mm29 (Figura 8).
Figura 8. Ativação da alça em T do grupo A
Para a retração em massa do grupo B confeccionar a alça no meio da
distância entre os dois tubos. Marcar a posição do tubo cruzado anterior e 3 mm
antes fazer a dobra que encaixará nele. Deve-se realizar então 6 dobras de préativação na alça (prescrição Marcotte): Abrir a posição 1 e 2 (Figura 6) em 45º; na
posição 3 e 4 dobrar a perna horizontal para cervical até que a mesma encoste o
canto da mola T; na posição 5 e 6 (2 mm distante da posição anterior) dobrar para
cervical tocando o canto do T da mola (Figura 9). Depois disso, simular a posição
neutra da alça, que é a simulação da instalação da alça nas canaletas dos braquetes
e/ou tubos antes da ativação horizontal. Nesta posição, as hastes verticais da alça
se cruzam 2 mm (Figura 10). Para a ativação, traciona-se a alça até que as hastes
verticais fiquem abertas em 5 mm, o que resulta na verdade em uma ativação de 7
15
mm, pois durante a posição neutra as hastes se cruzaram em 2 mm 28,29,30 (Figuras 11
e 12).
Figura 9. Pré-ativação da alça em T do grupo B
Figura 10. Posição neutra da alça em T
Figura 11. Alça em T antes da ativação
16
Figura 12. Ativação da alça em T do grupo B
A alça em T também está indicada para a retração parcial dos caninos quando
há apinhamento no segmento anterior e não se deseja vestibularização dos dentes
anteriores29,30.
As alças em T da Técnica do Arco Segmentado são escolhas interessantes
para o tratamento de casos mais complexos, pois são capazes de gerar proporções
C/D baixas, proporcionando assim magnitudes de força mais constantes durante sua
desativação, no entanto por serem mais elaboradas são de difícil construção e suas
alças podem machucar o paciente devido ao ângulo reto que possuem 31.
17
DISCUSSÃO
O tratamento ortodôntico rotineiramente requer exodontias, seja para casos
severos de falta de espaço nas arcadas ou por discrepância nas bases ósseas. Para
realizar o fechamento dos espaços remanescentes diversos dispositivos podem ser
utilizados11,26,28.
Devido ao grande número de opções, uma vez que as alças foram os
dispositivos escolhidos, deve-se pensar no modelo mais apropriado para cada caso.
Algumas variáveis devem ser consideradas como o desenho da alça, a espessura e
propriedades do fio utilizado. É importante conhecer o sistema de forças gerado pela
alça, como as proporções Momento/Força e Carga/Deflexão, pois elas determinarão
o tipo de movimento dentário e a constância da força, respectivamente 11,22.
As alças são dispositivos que agem sem fricção e uma das maiores
vantagens deste mecanismo é que não há dissipação da força entre o fio ortodôntico
e o slot do braquete1,2,6,7.
No tratamento ortodôntico, a retração deve ser realizada com forças que não
provoquem danos aos tecidos, nem desconforto ao paciente 7. Forças leves possuem
menos efeitos colaterais quando comparadas às pesadas. Não há um valor ideal
para a quantidade de força horizontal necessária, no entanto a magnitude de força
média para retração é de 150g para caninos superiores; 120g para os inferiores;
300g para os incisivos superiores; 240g para os incisivos inferiores; 600g para
retração em massa dos incisivos e caninos superiores e 480g para retração em
massa inferior8,9,10,22.
A inserção de dobras de pré-ativação nas alças têm como função aumentar o
momento e assim a proporção M/F, a fim de se obter um melhor controle vertical
durante a retração13,22. No entanto, essas dobras de pré-ativação têm como efeito
secundário o aumento da força horizontal na ativação. Durante a inserção das
extremidades da alça nos braquetes haverá um acúmulo de forças horizontais e
momento antes mesmo da ativação horizontal, que são denominados força residual
e momento residual, e são indesejáveis no sistema de forças 13,22.
Quando ativadas em 1,0 mm e sem dobras de pré-ativação, as alças Bull
modificadas estudadas por Shimizu et al geraram uma magnitude de força de 423g,
força compatível para retração em massa inferior. Com a inserção de 20º de préativação geraram 648g de força, compatível para retração em massa superior. Pré-
18
ativações de 30º e 40º geraram forças excessivas, 797g e 849g respectivamente 8,9.
Para Coimbra et al, as alças Bull modificadas ativadas em 1,0 mm com alturas de 7
e 8 mm geraram 350g e 282g de força respectivamente 21.
Alças Bull confeccionadas com 4 mm de largura e 8 mm de comprimento
segundo Thiesen et al quando ativadas em 1 mm e sem pré-ativação geraram 302g
de força e quando pré-ativadas em 40º 422g. Ativações superiores a 2 mm geraram
níveis de força elevados chegando a mais de 1kg quando ativada em 4mm 24.
A força horizontal liberada pela alça em T estudada por Souza et al foi de
297,7g com 7 mm de ativação 28. Valor semelhante encontrado para a alça em T préativada segundo o padrão Unesp que gerou 253,6g de força com 5 mm de
ativação26. A alça em T apresenta-se como uma opção interessante para casos de
retração total com ancoragem do grupo A, pois o baixo valor de força desfavorece o
movimento dos dentes posteriores 28. Apesar de a alça dupla-chave não possuir
estudos sobre o sistema de forças gerado, ela se mostra eficiente e versátil quando
bem empregada14,16,17.
A proporção Carga/Deflexão, que é a magnitude de força dissipada a cada
milímetro de desativação, constitui um fator importante na avaliação das
propriedades mecânicas das alças de fechamento de espaço 1,4,7,11,24. Uma baixa taxa
de Carga/Deflexão numa alça permite ao ortodontista aplicar forças leves e
contínuas enquanto alças com alta taxa Carga/Deflexão geram uma força horizontal
maior e dissipam a força rapidamente11,24. Apesar de o movimento dentário ser maior
com o uso de forças contínuas, este movimento torna o dente mais suscetível a
reabsorções radiculares quando comparado aos dentes movimentados com forças
contínuas interrompidas12.
As alças Bull modificadas possuem alta Carga/Deflexão, e liberam assim, uma
força pesada e interrompida, pois após desativarem 1mm a força é dissipada 8,9. Por
ter mais fio localizado apicalmente, a alça em T possui algumas características
biomecânicas diferentes em relação a alça Bull modificada e a dupla-chave como
baixa proporção Carga/Deflexão, pois a cada 1mm de desativação perde entre 38,5g
a 46,9g de força, gerando assim uma força mais constante, além disso, ainda tem as
propriedades melhoradas com o uso do TMA ao invés do aço inoxidável, o que lhe
permite uma maior ativação25,28.
O ponto de aplicação da força na maioria dos sistemas de retração é na coroa
dos dentes, o que faz com que a linha de ação de forças passe longe do centro de
19
resistência, gerando assim um momento e o dente se movimenta por inclinação
descontrolada onde não há controle do ápice radicular 7,26,28. A fim de evitar esse
efeito na retração, é necessária a inserção de um momento no sistema de forças
para que ocorra um controle radicular. Esse momento é conseguido através de
dobras de pré-ativação ou dobra “Gable”13,22,23. A ativação na alça distal do arco
dupla-chave (Suzuki's tie) funciona como uma dobra gable, gerando assim uma
força contrária à força extrusiva que ocorre no movimento de retração 15. No entanto,
essas dobras quando realizadas nas alças Bull modificadas aumentam o nível de
força horizontal na ativação da alça 22,24,26. As pré-ativações quando realizadas na
alça em T, entretanto, não aumentam muito o valor da força, e geram uma proporção
Momento/Força com valor suficiente para gerar um movimento dentário controlado 13.
Sendo a proporção Momento/Força (M/F) a relação entre a quantidade de
momento e de força aplicada ao dente considerando o centro de resistência, ela
determina então o centro de rotação dentária e assim, como o dente se
movimentará5,6,22. Alças que possuem uma proporção M/F=10 produzem um
movimento de translação; M/F < 8 inclinação descontrolada; M/F = 8 produzem
movimento inclinação controlada e M/F >12 movimento radicular 5,10,22,26,28. Com 0,5
mm de ativação e pré-ativação de 20º as alças Bull modificadas geram uma
proporção M/F máxima de 28,9. Quando ativadas em 1 mm e com 40º de préativação apresentam uma taxa M/F de 4,7922,24. Assim, essas alças geram apenas
movimento por inclinação descontrolada, mas por ter alta rigidez, há controle vertical
durante o movimento de retração8,9,22,24.
Já as alças em T pré ativadas segundo o padrão Marcotte geram uma
proporção M/F de 7,1 havendo assim movimento inicial de inclinação controlada.
Após 2 mm de desativação, a proporção M/F será de 9,3, e com mais meio milímetro
de desativação a proporção irá para 10, fazendo com que os dentes se movimentem
por translação. Quando a alça desativar 3,5 mm, a proporção M/F será de 12,4,
havendo assim movimento radicular e nesse estágio, a alça deve ser reativada 28.
20
CONCLUSÃO
Após a revisão da literatura podemos concluir que:
- A alça em T libera uma menor magnitude de força e tem uma maior
proporção Momento/Força quando comparada à alça Bull modificada;
- A liga metálica utilizada na confecção da alça influencia o comportamento da
alça
- As alças Bull modificadas e dupla-chave liberam forças que logo são
interrompidas enquanto a alça em T mostra constância da força liberada, fator que
está relacionado à liga metálica de cada alça, mostrando assim que alças
confeccionadas em TMA geram forças mais constantes do que as alças
confeccionadas em aço inoxidável;
- A ativação da alça em T é mais complexa quando comparada às outras
alças.
21
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